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Ciclo do Carbono




                                                                    Esq
uema do Ciclo do Carbono.

O Carbono (C) é o quarto elemento mais abundante no Universo,
depois do Hidrogénio (H), Hélio (He) e o Oxigénio (O), e é o pilar da
vida como a conhecemos.

Existem basicamente duas formas de carbono, uma orgânica, presente
nos organismos vivos e mortos, não decompostos, e outra inorgânica,
presente nas rochas.

No planeta Terra o carbono circula através dos oceanos, da atmosfera,
da terra e do seu interior, num grande ciclo biogeoquímico. Este ciclo
pode ser dividido em dois tipos: o ciclo “lento” ou geológico, e o ciclo
“rápido” ou biológico.



Ciclo Geológico
Este ciclo que opera a uma escala de milhões de anos é       integrado a
própria estrutura do planeta e iniciou-se há cerca de 4,55   milhares de
milhões de anos, quando na formação do Sistema Solar         e da Terra,
tendo origem nos planetesimais (pequenos corpos que se       formaram a
partir da nebulosa solar) e nos meteoritos portadores de carbono que
colidiram com a Terra. Nesse sentido, mais de 99% do carbono
terrestre está contido na litosfera, sendo a maioria carbono inorgânico,
armazenado em rochas sedimentares como as rochas calcárias. O
carbono orgânico contido na litosfera está armazenado em depósitos
de combustíveis fósseis.

Numa escala geológica, existe um ciclo entre a crosta terrestre
(litosfera), os oceanos (hidrosfera) e a atmosfera. O Dióxido de
Carbono (CO2) da atmosfera, combinado com a água, forma o ácido
carbónico, o qual reage lentamente com o cálcio e com o magnésio da
crosta terrestre, formando carbonatos. Através dos processos de
erosão (chuva), estes carbonatos são arrastados para os oceanos,
onde se acumulam no seu leito em camadas, ou são assimilados por
organismos marinhos que eventualmente, depois de morrerem,
também se depositam no fundo do mar. Estes sedimentos vão-se
acumulando ao longo de milhares de anos, formando rochas
sedimentares como as rochas calcárias.

O ciclo continua quando as rochas sedimentares do leito marinho são
arrastadas para o manto da Terra, por um processo de subducção
(processo pelo qual uma placa tectónica descende por baixo de outra).
Desta forma, as rochas sedimentares são sujeitas a grandes pressões e
temperaturas debaixo da superfície da Terra, derretendo e reagindo
com outros minerais, libertando CO2. O CO2 é devolvido a atmosfera
através das erupções vulcânicas e outro tipos de actividades
vulcânicas, completando-se assim o ciclo.

Os balanços entre os diversos processos do ciclo do carbono geológico
controlaram a concentração de CO2 presente na atmosfera ao longo de
centenas de milhares de anos. Os mais antigos sedimentos geológicos,
datados de épocas anteriores ao desenvolvimento da vida na Terra,
apontam para concentrações de CO2 atmosférico 100 vezes superiores
aos actuais, proporcionando um forte efeito de estufa. Por outro lado,
medições dos núcleos de gelo retirados na Antártida e na Groenlândia,
permitem estimar as concentrações do CO2 que, durante a última era
glaciar, eram cerca de metade das actuais (em 2005: 379,1 ppmv de
CO2).

Para o carbono orgânico, com origem na matéria orgânica
incompletamente decomposta na ausência de oxigênio, a qual deu
origem ao carvão, petróleo e gás natural, qualquer troca significativa
entre os diversos depósitos efectua-se também a uma escala
geológica. Isto foi correcto até cerca de 200 anos atrás, com o início da
Revolução Industrial e a exploração e utilização (combustão) em
grande escala dos combustíveis fósseis, acções que passaram a libertar
para a atmosfera o carbono destes reservatórios em forma de CO2.
Ciclo Biológico
O ciclo biológico do Carbono é relativamente rápido: estima-se que a
renovação do carbono atmosférico ocorre a cada 20 anos.

Na ausência da influência antropogénica (causada pelo homem), no
ciclo biológico existem três reservatórios ou “stocks”: terrestre (20.000
Gt), atmosfera (750 Gt), oceanos (40.000 Gt). Este ciclo desempenha
um papel importante nos fluxos de carbono entre os diversos stocks,
através dos processos da fotossíntese e da respiração.

Através do processo da fotossíntese, as plantas absorvem a energia
solar e CO2 da atmosfera, produzindo oxigénio e hidratos de carbono
(açucares como a glicose), que servem de base para o crescimento das
plantas. Os animais e as plantas utilizam os hidratos de carbono pelo
processo de respiração, utilizando a energia contida nos hidratos de
carbono e emitindo CO2. Juntamente com a decomposição orgânica
(forma de respiração das bactérias e fungos), a respiração devolve o
carbono, biologicamente fixado nos stocks terrestres (nos tecidos da
biota, na camada de solo e na turfa), para a atmosfera.

As equações químicas que regem estes dois processos são:

Fotossíntese
6CO2 + 6H2O + energía (luz solar) -> C6H12O6 + 6O2

Respiração
C6H12O6 (matéria orgânica) + 6O2 -> 6CO2 + 6 H2O + energia

É possível verificar que a maior troca entre o stock terrestre e stock
atmosférico resulta dos processos da fotossíntese e da respiração. Nos
dias de Primavera e Verão as plantas absorvem a luz solar e o CO2 da
atmosfera e, paralelamente, os animais, plantas e micróbios, através
da respiração devolvem o CO2. Quando a temperatura ou humidade é
muito baixa, por exemplo no Inverno ou em desertos, a fotossíntese e
a respiração reduz-se ou cessa, assim como o fluxo de carbono entre a
superfície terrestre e a atmosfera. Devido à declinação da Terra e à
desigual distribuição de vegetação dos hemisférios, existe uma
flutuação ao longo do ano a qual é visível nos diversos gráficos da
variação da concentração anual do CO2, como por exemplo na curva
de Keeling. Em 1958 o cientista Charles David Keeling (oceanógrafo do
Scripps Institute of Oceanography),iniciou uma série de experiências
no monte Mauna Loa, Havai, que lhe permitiram medir, com bastante
precisão, a concentração de CO2 na atmosfera.

Apesar do stock atmosférico de carbono ser o menor dos três (com
cerca de 750 Gt de carbono), este stock determina a concentração de
CO2 na atmosfera, cuja concentração pode influenciar o clima
terrestre. Ainda mais, os fluxos anuais entre o stock atmosférico e os
outros dois stocks (oceanos e terrestre) são cerca de um quarto da
dimensão do stock atmosférico, o que representa uma grande
sensibilidade às mudanças nos fluxos.

Os oceanos representam o maior stock dos três, cinquenta vezes maior
que o stock atmosférico. Existem transferências entre estes dois stocks
através de processos químicos que estabelecem um equilíbrio entre as
camadas superficiais dos oceanos e as concentrações no ar acima da
superfície. A quantidade de CO2 que o oceano absorve depende da
temperatura do mesmo e da concentração já presente. Temperaturas
baixas da superfície do oceano potenciam uma maior absorção do CO2
atmosférico, enquanto temperaturas mais quentes podem causar a
emissão de CO2.

Os fluxos, sem interferências antropogénicas, são aproximadamente
equivalentes, variando lentamente, i.e., a uma escala geológica. As
diferenças, do ciclo rápido, são também explicadas pelos processos de
fotossíntese e respiração: a vida nos oceanos consome grandes
quantidades de CO2, no entanto o ciclo entre a fotossíntese e a
respiração desenvolve-se muito rapidamente. O fitoplâncton é
consumido pelo zooplâncton em apenas alguns dias, e apenas
pequenas quantidades de carbono são acumuladas no fundo do mar,
quando as conchas do zooplâncton, compostas por carbonato de cálcio
(CaCO3), se depositam no fundo, após a sua morte. Depois de um
longo período de tempo, este efeito representa uma significativa
remoção de carbono da atmosfera.

Outro processo intermédio do ciclo biológico, o qual representa
remoção de carbono da atmosfera, ocorre quando a fotossíntese
excede a respiração e, lentamente, a matéria orgânica forma depósitos
sedimentares que, na ausência de oxigénio e ao longo de milhões de
anos, se transformam em combustíveis fósseis.

Os incêndios (naturais) são um outro elemento do ciclo rápido que
adicionam CO2 para a atmosfera ao consumir a biomassa e matéria
orgânica e ao provocar a morte de plantas que acabam por se
decompor e formar também CO2.

Influências Humanas
O armazenamento de carbono em depósitos fósseis supõe, na prática,
uma diminuição dos níveis atmosféricos de dióxido de carbono. Estes
depósitos estão estimados entre 4.000 e 10.000 Gt, e não figuram no
ciclo rápido do carbono. No entanto as actividades antropogénicas
(humanas), principalmente a queima de combustíveis fósseis e a
desflorestação, têm vindo a incorporar fluxos de carbono novos no
ciclo biológico provenientes destes depósitos, com significativa
influência no ciclo global do carbono.

Estas actividades transferem mais CO2 para a atmosfera do que aquela
que é possível remover naturalmente através da sedimentação do
carbono, causando assim um aumento das concentrações atmosféricas
de CO2 num curto período de tempo (centenas de anos). Esta
influência humana, iniciada principalmente há 200 anos, quando a
concentração de CO2 atmosférico se situava nos 280 ppmv (0,028%
da composição global da atmosfera), provocou, um aumento
significativo da concentração de CO2, tendo actualmente ultrapassado
os 380 ppmv (mais de 30% em apenas 200 anos).

Estes valores situam a concentração presente como a mais elevada dos
últimos 650.000 anos e talvez superior à registada há 20 milhões de
anos atrás.

Nem todo o CO2 emitido antropogenicamente fica retido na atmosfera.
A taxa anual de emissões antropogénicas durante a década de 90
situou-se, em média, nos 6,3 Gt. No entanto, no mesmo período, a
concentração de CO2 atmosférico aumentou, em média, 3,2 Gt por
ano. Isto deve-se, em parte, ao aumento da difusão do CO2 nos
oceanos, que passaram a absorver cerca de 1,7 Gt por ano dos 6,3 Gt
emitidos. As restantes 1,4 Gt por ano estimam-se que estejam
relacionadas com processos na superfície da terra. Esta última parcela
tem duas componentes: a alteração da utilização dos solos,
principalmente desflorestação, que reduz a taxa de absorção de CO2
dos solos e outra parcela, ainda em estudo, que pode ter diferentes
origens, entre as quais o aumento da taxa de absorção das plantas
correspondente a um aumento da concentração atmosférica de CO2.
Outro cenário possível é o recrescimento das florestas no Hemisfério
Norte (em especial da floresta Boreal), que sofreu desflorestação no
século passado. No entanto para esta parcela ainda está por
determinar concretamente, sendo necessária investigação científica
para obter novos dados que expliquem melhor este fenómeno. Mesmo
o ciclo global de carbono é composto por diversas variáveis, as quais
continuam a ser estudadas de forma a poder obter mais precisão nos
modelos que determinam as influências antropogénicas neste ciclo.

Apesar das incertezas, pode ser obtida uma conclusão importante e
quantificável: as actividades humanas influenciam o ciclo global do
carbono. Ao retirar carbono armazenado nos depósitos de combustíveis
fósseis a uma taxa muito superior à da absorção do carbono pelo ciclo,
as actividades humanas estão a potenciar o aumento das
concentrações de CO2 na atmosfera e, muito provavelmente,
influenciando o sistema climático global.
V
ariação de temperatura na Terra de 1860 até 2004

Segundo o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas
das Nações Unidas (IPCC), existem diversos cenários de aumento da
temperatura do ar da superfície terrestre até 2090-2099, em relação
1990-1999, apontando para um cenário baixo de 1,8°C e um cenário
alto de 4,0°C.

Uma outra conclusão significativa que pode ser retirada da análise do
ciclo global do carbono é a do elevado potencial de algumas florestas
para capturarem o carbono atmosférico, tanto no manto vegetal como
na matéria orgânica do solo, o que aumenta a importância da
manutenção de ecossistemas com grandes quantidades de biomassa e
solos estáveis, com os objectivos de certas florestas se tornarem
sumidouros de carbono a médio/longo prazo e outras não se tornarem
quot;fontesquot; de carbono.

As consequências da queima dos combustíveis fósseis como mudanças
climáticas, efeito estufa e desertificação foram objecto de um convénio
aprovado em Nova York em 9 de maio de 1992 , e subscrito no Rio de
Janeiro, por diversos países, na data de 11 de Junho de 1992, durante
a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento) e que culminou no Protocolo de Quioto.
Serviços Ambientais Associados
Serviço ambiental     Referências
                      A Biosfera captura mais de 4 mil milhões de
                      toneladas de Carbono por ano (Prentice e tal
                      2001), divididas por:
                         • Os oceanos: principal serviço da captura de
Captura de carbono
                            C(.
                         • As florestas (biomassa) funcionam como
                            sumidoro de carbono (total através da
                            fotosintese (-3.8 a 0.3) .
                      Regulação da composição química da atmosfera
Regulação do ar
                      através do balanço CO 2/O 2.
                      O CO 2 é o elemento principal do efeito de
                      estufa,   que   permite    a   manutenção    da
                      temperatura média da superfície terra perto dos
                      15°C. Sem o efeito de estufa a Terra seria um
                      local bem “menos agradável” para viver, com
Regulação do clima
                      temperatura a rondar os –18°C. Por outro lado,
                      um aumento “descontrolado” dos GEE, originaria
                      um aumento da temperatura da superfície
                      terrestre para níveis insuportáveis para muitas
                      espécies.
                       O carbono orgânico contido na litosfera está
                       armazenado em depósitos de combustíveis
                       fósseis. O processo de origem está integrado no
Fornecimento        de ciclo geológico do carbono.
combustíveis fósseis Na actualidade os combustíveis fósseis são
                       explorados intensivamente, fazem parte dos
                       recursos não renováveis, e são a principal origem
                       das emissões antropogénicas de CO 2.
                     Com origem nos sedimentos (rochas calcárias),
                     que foram formadas no ciclo geológico pela
Fornecimento      de
                     deposição de sedimentos e organismos marinhos
cimento    e  outros
                     mortos, depositados no leito do mar.
materiais         de
                     A utilização de pedra calcária, seja no cimento ou
construção   (pedras
                     em outros processos de construção, também
calcárias)
                     aporta para as emissões antropogénicas de CO
                     2.
                      O CO 2 faz parte essencial do processo de
                      crescimento das plantas e árvores (fotossíntese)
Turismo
                      e dos corais proporciona o desenvolvimento de
                      áreas para o lazer e para o turismo.
Produção piscícola    Associado    ao   desenvolvimento     das   zonas
coralíferas, onde prolifera a vida aquática,
                        contribuído para os stocks de pesca e para a
                        biodiversidade.
                        Sendo um dos elementos principais da
Produção de madeira
                        fotossíntese o CO 2 pode ter um efeito positivo
(efeito “fertilizante”)
                        no crescimento das plantas.
                        Produção de alimentos, directamente consumidos
Produção de alimentos
                        pelos humanos, ou indirectamente, através dos




Captura do Carbono
Capital natural

Um dos serviços mais importantes do ecossistema, relacionado com o
ciclo do Carbono, é a captura do CO2 por diferentes elementos que
compõe a Biosfera. O aumento das emissões antropogénicas de CO2
tem vindo a ser absorvidas pela atmosfera, pelos oceanos e pelas
florestas e outras espécies vegetais. O aumento do CO2 na atmosfera
trás como consequência a o aumento do efeito de estufa, originando as
alterações climáticas. Com o aumento do CO2 atmosférico, também
aumenta a absorção dos oceanos tendo como consequência a
acidificação dos oceanos, e eventuais efeitos nos ecossistemas
marítimos (corais, peixes, etc.). A última parcela é absorvida pelas
florestas (biomassa), as quais podem ser utilizadas como sumidoro de
carbono (através da fotossíntese).

Numa visão de Sustentabilidade Forte, através de estratégias de
reflorestação seria possível diminuir as actuais concentrações de CO2
na atmosfera, que já ultrapassaram os 370 ppmv, até níveis pré-
Revolução Industrial, i.e., perto dos 280 ppmv . No entanto, mesmo
maximizando a actividade de reflorestação nos próximos 50 anos,
apenas seria possível reduzir cerca de 15-30 ppm (IPCC 2000). Desta
forma a redução das concentrações de CO2 atmosférico devem ser
complementadas também por um serviço de capital humano: sistemas
de captura e armazenamento de CO2 (CCAC). Este tipo de serviços
podem ser considerados como uma solução de sustentabilidade forte,
quando estiverem a anular efeitos de emissões de CO2 de todos os
sectores antropogénicos, menos da “mudança da uso dos solos”,. Só
no caso de estarem a substituir os efeitos causados pela redução do
capital natural (desflorestação, incêndios, eliminação de prados, etc.),
por acção humana é que poderá ser considerado como sustentabilidade
fraca.
Capital Humana:    Sistemas                       de   Captura     e
Armazenamento de CO2 (CAC)

O CAC consiste na separação do CO2 emitido pelas indústrias, no seu
transporte para o local de armazenamento e no seu sequestro a longo
prazo.
As centrais elétricas e outros processos industriais de grande escala
são os principais candidatos para este sistema.
Atualmente não existe uma solução tecnológica única para este tipo de
sistemas, estando prevista uma carteira de opções tecnológicas que se
adaptarão dependendo das situações.
A tecnologia atual permitiria capturar entre 80-90% do CO2 produzido
numa central eléctrica, mas tem como conseqüência um aumento da
produção de CO2 devido à redução da eficiência (existe um aumento
da energia necessária, entre 10 a 40%, para poder implementar o
processo de CAC).
O processo de CAC é constituído pelas seguintes fases:
    • Captura
    • Transporte
    • Armazenamento (sequestro)



Captura
Existem três tecnologias principais de captura:

Pós-combustão

Consiste na remoção do CO2 depois da queima de combustíveis
fósseis, sistema ideal para a aplicação em centrais termoeléctricas.
Esta tecnologia é o primeiro passo para a captura de CO2 a grande
escala, sendo já economicamente viável em alguns casos específicos.

Normalmente, estes sistemas utilizam um solvente líquido para captar
a pequena fracção de CO2 (entre 3 e 15% do volume) presente nos
gases de combustão, cujo componente principal é o Nitrogénio. Numa
central eléctrica moderna de pulverização de carvão ou de ciclo
combinado de Gás Natural, os sistemas de captação utilizariam
geralmente um solvente orgânico como a monoetanolamina. Esse
processo é designado como quot;lavagemquot;. A solução química resultante é,
mais tarde, aquecida e a pressão reduzida, liberando CO2 concentrado,
o qual será posteriormente armazenado.

Pré-combustão
Consiste em retirar o CO2 dos combustíveis antes da queima. Esta
tecnologia já é aplicada de forma generalizando na fabricação de
fertilizantes e na produção de hidrogénio (H2). Apesar do processo
inicial de retirar o carbono antes da combustão ser mais complexo e
caro, as concentrações mais altas de CO2 e a pressão mais elevada
facilitam a separação.

No caso do gás natural, essencialmente metano (CH4), se extrairmos o
carbono antes da combustão, ficaremos com hidrogénio, que produz
apenas água quando queimado. Isto envolve reagir o combustível com
oxigénio e/ou vapor para produzir monóxido de carbono (CO) e H2. Em
seguida, o CO reage com mais vapor, para produzir CO2 e mais
hidrogénio. Finalmente, o CO2 é separado e o hidrogénio é usado como
combustível, emitindo só Nitrogénio e água.

Oxigénio-gás

Estes sistemas utilizam o oxigénio em vez do ar, que é
maioritariamente composto por Nitrogénio (78%), para a combustão
do combustível primário, com o objectivo de produzir um gás de
combustão composto principalmente por água e CO2. Isto dá origem a
um gás de combustão com altas concentrações de CO2 (superior a
80% do volume) uma vez que não existe Nitrogénio neste processo.
Posteriormente, o vapor de água é retirado por arrefecimento e
aumento da pressão.

Este processo requer uma separação prévia do oxigénio do ar, para
obter um gás com uma pureza de 95 a 99%. O desafio é como separar
o oxigénio do resto do ar. As estratégias são semelhantes às usadas
para separar CO2. O ar pode ser arrefecido, para que o oxigénio se
liquefaça. Membranas onde passa oxigénio e nitrogénio a diferentes
taxas podem provocar a separação. Há também, materiais que
absorvem o nitrogénio, separando-o, do oxigénio.

A aplicação destes sistemas em caldeiras está actualmente em fase de
demonstração e a sua aplicação em sistemas de turbinas à gás ainda
estão em fase de investigação.




Transporte
Para o transporte do CO2 capturado, entre o local de captura e o de
armazenamento, apresenta-se actualmente uma tecnologia bastante
desenvolvida e testada: os gasodutos. Em geral, o CO2 gasoso é
comprimido a uma pressão superior aos 8 MPa, como o objectivo de
evitar regimes de fluxo de duas fases e aumentar a densidade,
reduzindo assim custos de transporte.

Em alguns casos o CO2 também poderá ser transportado em forma
líquida em navios ou camiões cisterna a baixas temperaturas e
pressões mais altas.

Ambos métodos já são usados para o transporte de CO2 em outras
aplicações industriais.



Armazenamento (Sequestro)
Armazenamento Geológico

O armazenamento geológico consiste na injecção, após captura do
CO2, na sua forma condensada numa formação rochosa subterrânea.

As principais opções são:

       Jazidas de petróleo e gás: as formações rochosas que retêm ou
   •
       que já retiveram fluidos (como ao jazidas de petróleo e gás) são
       candidatos potenciais para o armazenamento. A injecção de CO2
       nas formações geológicas profundas integra muitas das
       tecnologias desenvolvidas na indústria de prospecção de petróleo
       e gás, pelo que a tecnologia de injecção, simulação, controlo e
       vigilância do armazenamento existe e continua a ser
       aperfeiçoada.
       Formações salinas: à semelhança das jazidas de petróleo e gás é
   •
       possível também injectar CO2 em jazidas salmoura.
       Camadas de carvão inexploradas: é possível a injecção em
   •
       camadas de carvão que não venham a ser exploradas,
       dependendo sempre da sua permeabilidade. Estes mecanismos
       ainda estão em fase de demonstração.
   •


Armazenamento Oceânico

O armazenamento oceânico pode ser realizado de duas formas:
   • Através da injecção e dissolução do CO2 no oceano (a
     profundidade de mais de 1000 metros), através de gasodutos
     fixos ou de navios.
   • A outra opção passa pela deposição do CO2 no fundo do oceano
     através de um gasoduto fixo ou de uma plataforma marítima (a
     mais de 3000 metros de profundidade), onde a água é mais
     densa e se espera que o CO2 forme um lago.
O armazenamento oceânico e o seu impacto ecológico estão por
analisar, podendo existir problemas de acidificação dos oceanos, sendo
uma das alternativas possíveis mas que levanta ainda muitas questões
técnicas e de viabilidade ambiental.

Carbonatação Mineral e Utilizações Industriais

Carbonatação mineral: a reacção do CO2 com óxidos metálicos, que
abundam em minerais silicatos (como o óxido de magnésio (MgO) ou
óxido de cálcio (CaO)) ou de detritos industriais (como escoria e cinzas
de aço inoxidável), produz através de reacções químicas carbonatos
inorgânicos estáveis. A reacção natural é muito lenta é deverá ser
melhorada através de tratamentos prévios dos minerais, que são
altamente intensivos em energia. Esta tecnologia está em fase de
investigação, mas em certas aplicações, como a dos detritos
industriais, já se encontra em fase de demonstração.
Utilizações industriais: esta opção consiste no consumo de CO2 de
forma directa como matéria-prima para a produção de diversas
substâncias químicas que contêm carbono. No entanto, devido a baixa
taxa de retenção da maior parte dos produtos e a inexistência de
dados que permitam concluir se o balanço final de muitas aplicações
industrias é negativo ou positivo, este mecanismo encontra-se em fase
de estudo e prevê-se que a sua contribuição não seja muito elevada.



Custos do CAC
Várias das tecnologias de CAC estão actualmente em fases
desenvolvidamente e demonstração e mesmo algumas em
investigação, pelo que os seus custos, ainda são relativamente altos,
mas que, com a evolução tecnológica, com tendência a diminuir. Em
quase todos os sistemas de CAC, os custos da captura (incluindo a
compressão) representam a maior fatia dos custos (cerca de ¾).

A seguir apresenta-se uma tabela com o custo de varias componentes
do sistema CAC:

Componente do CAC                           Custos
Captura do CO 2 emitido numa central 15-75     US$/t            CO     2
eléctrica a gás                      capturado
Captura do CO 2 emitido na produção de H
                                         5-55 US$/t CO 2 capturado
2 (do GN)
Captura do CO 2 emitido por outras fontes
                                          25-115 US$/t CO 2 captado
industriais
1-8     US$/t      CO       2
Transporte
                                             transportado
Armazenamento geológico                      0,5-8 US$/t CO 2 injectado
Armazenamento     geológico:   vigilância   e 0,1-0,3   US$/t    CO      2
verificação                                   injectado
Armazenamento oceânico                       5-30 US$/t CO 2 injectado
                                             50-100     US$/t    CO      2
Carbonatação mineral
                                             mineralizado

Tabela 1. Custos das várias componentes dos sistemas CAC - Fonte:
IPCC

Numa central com um sistema CAC, a necessidade de aumento do
consumo energético (cerca de 11-22% maior) implica um aumento da
produção de CO2 e nos custos do kWh produzido na central.
Comparando uma central convencional de gás natural de ciclo
combinado com um sistema de captura e recuperação de petróleo os
custos variam entre 19 e 63%.

                                         Ciclo combinado        de    gás
Sistema de central eléctrica
                                         natural
Sem captura (referência)                 0,03 - 0,05 US$/k Wh
Com     captura   e    armazenamento
                                         0,04 - 0,08 US$/k Wh
geológico
Com captura       e   recuperação   de
                                         0,04 - 0,07 US$/k Wh
petróleo

Tabela 2. Custos por kWh numa central com e sem sistemas CAC -
Fonte: IPCC


Os custos por tonelada de CO2 evitado variam substancialmente tanto
com o tipo de instalação de produção como com o tipo de sistema CAC
implementado, no entanto, tomando com referência uma central de
ciclo combinado de gás natural estes situam-se entre os 40-90 $/t CO2
evitado, mas em alguns casos podem actualmente ultrapassar os 200
$/t CO2 evitado.

                                                    CE de ciclo
                                        CE de ciclo combinado
                           CE de carvão
                                        combinado gasificação de
                           pulverizado
                                        de GN       carvão
                                                    integrada
Custo   da    mitigação
(US$/tCO2 evitado) em
central eléctrica com
                        30-71           38-91         14-53
captura               e
armazenamento
geológico
Custo   da   mitigação
(US$/tCO2      evitado)
                        9-44            19-68         0
Com      captura      e
recuperação de petróleo

Tabela 3. Custo da mitigação (US$/tCO2 evitado)



Capacidades de Armazenamento
As capacidades indicadas na tabela 4 estão são valores apenas
teóricos, com um possível menor erro para as jazidas de petróleo, mas
em geral ainda não existem estudos científicos suficientes para ter
números mais reais, e as probabilidades e os níveis de confiança
associados.

                 Estimativa inferior da Estimativa superior da
Tipo        de
                 capacidade          de capacidade          de
depósito
                 armazenamento (GtCO2) armazenamento (GtCO2)
Jazidas      de
                675*                      900*
petróleo e gás
Filões de hulha
não             3-15                      200
exploráveis
Formações
salinas          1000                     10000
profundas

Tabela 4. Estimativas teóricas de capacidade de armazenamento para
vários depósitos

       Estes dados podem aumentar em 25% se for incluído as jazidas
   •
       de petróleo ainda não descobertas.

Em termos de potencial técnico, estima-se que a capacidade mínima
de armazenamento geológico do CO2 ronde os 2000 Gt de CO2 (545
Gt de C). Outras opções de armazenamento como os oceanos, que
podem representar vários milhares de Gt, poderão ser tidas em conta,
caso as eventuais implicações ambientais sejam significativamente
reduzidas, para o que hoje não existem dados suficientes que o
demonstrem.
Na maior parte dos cenários de estabilização das concentrações
atmosféricas de GEE entre 450 e os 750 ppmv de CO2, o potencial
económico do CAC (quantidade de reduções de GEE que alcançável de
forma rentável em comparação com uma opção especifica e tendo em
conta as circunstâncias actuais) ascenderia progressivamente dos 220
até aos 2200 Gt de CO2 (entre 60 e 600 Gt de C), o que significa uma
contribuição dentre 15 e 55% do esforço mundial de mitigação
acumulativa até 2100.
Para que os sistemas CAC possa alcançar este potencial económico
serão necessários alguns milhares de instalações equipadas com estes
sistemas e cada um deles teria de capturar entre 1 a 5 Mt de CO2 por
ano.



Consumo     Energético                        e        Impactos
Ambientais dos CAC
A implementação deste tipo de soluções implica um aumento da
produção de CO2. Isto é derivado da perda de eficiência da central
devido ao aumento do consumo energético necessário para as fases de
captação, transporte e armazenamento do CO2.
Os valores de aumento de consumo de combustível por kWh produzido
para instalações existentes que capturem cerca de 90% do CO2
produzido, variam entre os 11 e os 40% (conforme a tecnologia). No
entanto estes valores são essencialmente para instalações já
existentes. Para instalações de captura piloto, estima-se que a energia
térmica adicional por cada tonelada de CO2 capturado ronde os 2 GJ.
(representando uma redução na eficiência entre 15-25%) (Projecto
CASTOR).

Riscos Ambientais e Humanos na Captura

       Aumento das emissões de alguns poluentes, como CO e NOx,
   •
       que não são capturados no processo.
       Riscos eventuais para a saúde humana pela presença de CO2 em
   •
       grandes concentrações, ou em estado sólido (baixas
       temperaturas: possíveis queimaduras em derrames acidentais).

Riscos Ambientais e Humanos no Transporte

       O transporte por gasoduto não apresenta problemas superiores
   •
       aos já defrontados pelo transporte de gases como Gás Natural.
Existe sempre um eventual risco de fuga ou rebentamento, mas
      sem o problema da inflamação.
      Para o transporte via terrestre ou marítima a situação é
  •
      semelhante ao transporte de outro tipo de gases industriais,
      havendo sempre uma possibilidade relativamente pequena de
      risco de acidentes e eventuais derramamentos de CO2, cujas
      consequências    estão   por   estudar,   mas    que  podem
      eventualmente causar asfixia.

Riscos Ambientais e Humanos no Armazenamento

Existem duas categorias destes tipos de riscos: Riscos Mundiais: se
houver uma fuga considerável num depósito de CO2 esta pode
contribuir significativamente para as alterações climáticas. Riscos
locais: fugas por falhas nos poços que podem afectarem os
trabalhadores locais e as equipas de reparação das fugas, ou fugas por
falhas geológicas não detectadas, criando eventual contaminação de
aquíferos e acidificação dos solos.
Para o caso do armazenamento oceânico, o risco apresenta-se
bastante mais elevado, tendo em conta a falta de informação
disponível quanto aos efeitos do aumento da concentração de CO2
(acidificação) nos ecossistemas marítimos.



Caso de Estudo Projecto CASTOR
O Projecto CASTOR integra três componentes de I&D, Captura de
Carbono, Redução nas emissões europeias de 10%, e análise da
performance e riscos do armazenamento.
Captura
   • Sistema de captura: post-combustão em instalação de produção
      de energia eléctrica a carvão em Esbjerg (Dinamarca).
   • Energia térmica consumida no processo: 2,0 GJ/ton CO2, a uma
      taxa de 90% de captura.
   • Custo por tonelada de CO2 capturada: 20 a 30 €.
   • Redução da eficiência da instalação: entre 15 a 25%
   • Aumento nos custos da energia: cerca de 50%.
   • Capacidade de captura: 1 ton CO2/h

A área da instalação não aumentou significativamente devido ao
sistema de captura.
Bibliografia:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_carbono

http://indoafundo.com

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Ciclo Do Carbono

  • 1. Ciclo do Carbono Esq uema do Ciclo do Carbono. O Carbono (C) é o quarto elemento mais abundante no Universo, depois do Hidrogénio (H), Hélio (He) e o Oxigénio (O), e é o pilar da vida como a conhecemos. Existem basicamente duas formas de carbono, uma orgânica, presente nos organismos vivos e mortos, não decompostos, e outra inorgânica, presente nas rochas. No planeta Terra o carbono circula através dos oceanos, da atmosfera, da terra e do seu interior, num grande ciclo biogeoquímico. Este ciclo pode ser dividido em dois tipos: o ciclo “lento” ou geológico, e o ciclo “rápido” ou biológico. Ciclo Geológico Este ciclo que opera a uma escala de milhões de anos é integrado a própria estrutura do planeta e iniciou-se há cerca de 4,55 milhares de milhões de anos, quando na formação do Sistema Solar e da Terra, tendo origem nos planetesimais (pequenos corpos que se formaram a
  • 2. partir da nebulosa solar) e nos meteoritos portadores de carbono que colidiram com a Terra. Nesse sentido, mais de 99% do carbono terrestre está contido na litosfera, sendo a maioria carbono inorgânico, armazenado em rochas sedimentares como as rochas calcárias. O carbono orgânico contido na litosfera está armazenado em depósitos de combustíveis fósseis. Numa escala geológica, existe um ciclo entre a crosta terrestre (litosfera), os oceanos (hidrosfera) e a atmosfera. O Dióxido de Carbono (CO2) da atmosfera, combinado com a água, forma o ácido carbónico, o qual reage lentamente com o cálcio e com o magnésio da crosta terrestre, formando carbonatos. Através dos processos de erosão (chuva), estes carbonatos são arrastados para os oceanos, onde se acumulam no seu leito em camadas, ou são assimilados por organismos marinhos que eventualmente, depois de morrerem, também se depositam no fundo do mar. Estes sedimentos vão-se acumulando ao longo de milhares de anos, formando rochas sedimentares como as rochas calcárias. O ciclo continua quando as rochas sedimentares do leito marinho são arrastadas para o manto da Terra, por um processo de subducção (processo pelo qual uma placa tectónica descende por baixo de outra). Desta forma, as rochas sedimentares são sujeitas a grandes pressões e temperaturas debaixo da superfície da Terra, derretendo e reagindo com outros minerais, libertando CO2. O CO2 é devolvido a atmosfera através das erupções vulcânicas e outro tipos de actividades vulcânicas, completando-se assim o ciclo. Os balanços entre os diversos processos do ciclo do carbono geológico controlaram a concentração de CO2 presente na atmosfera ao longo de centenas de milhares de anos. Os mais antigos sedimentos geológicos, datados de épocas anteriores ao desenvolvimento da vida na Terra, apontam para concentrações de CO2 atmosférico 100 vezes superiores aos actuais, proporcionando um forte efeito de estufa. Por outro lado, medições dos núcleos de gelo retirados na Antártida e na Groenlândia, permitem estimar as concentrações do CO2 que, durante a última era glaciar, eram cerca de metade das actuais (em 2005: 379,1 ppmv de CO2). Para o carbono orgânico, com origem na matéria orgânica incompletamente decomposta na ausência de oxigênio, a qual deu origem ao carvão, petróleo e gás natural, qualquer troca significativa entre os diversos depósitos efectua-se também a uma escala geológica. Isto foi correcto até cerca de 200 anos atrás, com o início da Revolução Industrial e a exploração e utilização (combustão) em grande escala dos combustíveis fósseis, acções que passaram a libertar para a atmosfera o carbono destes reservatórios em forma de CO2.
  • 3. Ciclo Biológico O ciclo biológico do Carbono é relativamente rápido: estima-se que a renovação do carbono atmosférico ocorre a cada 20 anos. Na ausência da influência antropogénica (causada pelo homem), no ciclo biológico existem três reservatórios ou “stocks”: terrestre (20.000 Gt), atmosfera (750 Gt), oceanos (40.000 Gt). Este ciclo desempenha um papel importante nos fluxos de carbono entre os diversos stocks, através dos processos da fotossíntese e da respiração. Através do processo da fotossíntese, as plantas absorvem a energia solar e CO2 da atmosfera, produzindo oxigénio e hidratos de carbono (açucares como a glicose), que servem de base para o crescimento das plantas. Os animais e as plantas utilizam os hidratos de carbono pelo processo de respiração, utilizando a energia contida nos hidratos de carbono e emitindo CO2. Juntamente com a decomposição orgânica (forma de respiração das bactérias e fungos), a respiração devolve o carbono, biologicamente fixado nos stocks terrestres (nos tecidos da biota, na camada de solo e na turfa), para a atmosfera. As equações químicas que regem estes dois processos são: Fotossíntese 6CO2 + 6H2O + energía (luz solar) -> C6H12O6 + 6O2 Respiração C6H12O6 (matéria orgânica) + 6O2 -> 6CO2 + 6 H2O + energia É possível verificar que a maior troca entre o stock terrestre e stock atmosférico resulta dos processos da fotossíntese e da respiração. Nos dias de Primavera e Verão as plantas absorvem a luz solar e o CO2 da atmosfera e, paralelamente, os animais, plantas e micróbios, através da respiração devolvem o CO2. Quando a temperatura ou humidade é muito baixa, por exemplo no Inverno ou em desertos, a fotossíntese e a respiração reduz-se ou cessa, assim como o fluxo de carbono entre a superfície terrestre e a atmosfera. Devido à declinação da Terra e à desigual distribuição de vegetação dos hemisférios, existe uma flutuação ao longo do ano a qual é visível nos diversos gráficos da variação da concentração anual do CO2, como por exemplo na curva de Keeling. Em 1958 o cientista Charles David Keeling (oceanógrafo do Scripps Institute of Oceanography),iniciou uma série de experiências no monte Mauna Loa, Havai, que lhe permitiram medir, com bastante precisão, a concentração de CO2 na atmosfera. Apesar do stock atmosférico de carbono ser o menor dos três (com cerca de 750 Gt de carbono), este stock determina a concentração de
  • 4. CO2 na atmosfera, cuja concentração pode influenciar o clima terrestre. Ainda mais, os fluxos anuais entre o stock atmosférico e os outros dois stocks (oceanos e terrestre) são cerca de um quarto da dimensão do stock atmosférico, o que representa uma grande sensibilidade às mudanças nos fluxos. Os oceanos representam o maior stock dos três, cinquenta vezes maior que o stock atmosférico. Existem transferências entre estes dois stocks através de processos químicos que estabelecem um equilíbrio entre as camadas superficiais dos oceanos e as concentrações no ar acima da superfície. A quantidade de CO2 que o oceano absorve depende da temperatura do mesmo e da concentração já presente. Temperaturas baixas da superfície do oceano potenciam uma maior absorção do CO2 atmosférico, enquanto temperaturas mais quentes podem causar a emissão de CO2. Os fluxos, sem interferências antropogénicas, são aproximadamente equivalentes, variando lentamente, i.e., a uma escala geológica. As diferenças, do ciclo rápido, são também explicadas pelos processos de fotossíntese e respiração: a vida nos oceanos consome grandes quantidades de CO2, no entanto o ciclo entre a fotossíntese e a respiração desenvolve-se muito rapidamente. O fitoplâncton é consumido pelo zooplâncton em apenas alguns dias, e apenas pequenas quantidades de carbono são acumuladas no fundo do mar, quando as conchas do zooplâncton, compostas por carbonato de cálcio (CaCO3), se depositam no fundo, após a sua morte. Depois de um longo período de tempo, este efeito representa uma significativa remoção de carbono da atmosfera. Outro processo intermédio do ciclo biológico, o qual representa remoção de carbono da atmosfera, ocorre quando a fotossíntese excede a respiração e, lentamente, a matéria orgânica forma depósitos sedimentares que, na ausência de oxigénio e ao longo de milhões de anos, se transformam em combustíveis fósseis. Os incêndios (naturais) são um outro elemento do ciclo rápido que adicionam CO2 para a atmosfera ao consumir a biomassa e matéria orgânica e ao provocar a morte de plantas que acabam por se decompor e formar também CO2. Influências Humanas O armazenamento de carbono em depósitos fósseis supõe, na prática, uma diminuição dos níveis atmosféricos de dióxido de carbono. Estes depósitos estão estimados entre 4.000 e 10.000 Gt, e não figuram no ciclo rápido do carbono. No entanto as actividades antropogénicas (humanas), principalmente a queima de combustíveis fósseis e a
  • 5. desflorestação, têm vindo a incorporar fluxos de carbono novos no ciclo biológico provenientes destes depósitos, com significativa influência no ciclo global do carbono. Estas actividades transferem mais CO2 para a atmosfera do que aquela que é possível remover naturalmente através da sedimentação do carbono, causando assim um aumento das concentrações atmosféricas de CO2 num curto período de tempo (centenas de anos). Esta influência humana, iniciada principalmente há 200 anos, quando a concentração de CO2 atmosférico se situava nos 280 ppmv (0,028% da composição global da atmosfera), provocou, um aumento significativo da concentração de CO2, tendo actualmente ultrapassado os 380 ppmv (mais de 30% em apenas 200 anos). Estes valores situam a concentração presente como a mais elevada dos últimos 650.000 anos e talvez superior à registada há 20 milhões de anos atrás. Nem todo o CO2 emitido antropogenicamente fica retido na atmosfera. A taxa anual de emissões antropogénicas durante a década de 90 situou-se, em média, nos 6,3 Gt. No entanto, no mesmo período, a concentração de CO2 atmosférico aumentou, em média, 3,2 Gt por ano. Isto deve-se, em parte, ao aumento da difusão do CO2 nos oceanos, que passaram a absorver cerca de 1,7 Gt por ano dos 6,3 Gt emitidos. As restantes 1,4 Gt por ano estimam-se que estejam relacionadas com processos na superfície da terra. Esta última parcela tem duas componentes: a alteração da utilização dos solos, principalmente desflorestação, que reduz a taxa de absorção de CO2 dos solos e outra parcela, ainda em estudo, que pode ter diferentes origens, entre as quais o aumento da taxa de absorção das plantas correspondente a um aumento da concentração atmosférica de CO2. Outro cenário possível é o recrescimento das florestas no Hemisfério Norte (em especial da floresta Boreal), que sofreu desflorestação no século passado. No entanto para esta parcela ainda está por determinar concretamente, sendo necessária investigação científica para obter novos dados que expliquem melhor este fenómeno. Mesmo o ciclo global de carbono é composto por diversas variáveis, as quais continuam a ser estudadas de forma a poder obter mais precisão nos modelos que determinam as influências antropogénicas neste ciclo. Apesar das incertezas, pode ser obtida uma conclusão importante e quantificável: as actividades humanas influenciam o ciclo global do carbono. Ao retirar carbono armazenado nos depósitos de combustíveis fósseis a uma taxa muito superior à da absorção do carbono pelo ciclo, as actividades humanas estão a potenciar o aumento das concentrações de CO2 na atmosfera e, muito provavelmente, influenciando o sistema climático global.
  • 6. V ariação de temperatura na Terra de 1860 até 2004 Segundo o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas (IPCC), existem diversos cenários de aumento da temperatura do ar da superfície terrestre até 2090-2099, em relação 1990-1999, apontando para um cenário baixo de 1,8°C e um cenário alto de 4,0°C. Uma outra conclusão significativa que pode ser retirada da análise do ciclo global do carbono é a do elevado potencial de algumas florestas para capturarem o carbono atmosférico, tanto no manto vegetal como na matéria orgânica do solo, o que aumenta a importância da manutenção de ecossistemas com grandes quantidades de biomassa e solos estáveis, com os objectivos de certas florestas se tornarem sumidouros de carbono a médio/longo prazo e outras não se tornarem quot;fontesquot; de carbono. As consequências da queima dos combustíveis fósseis como mudanças climáticas, efeito estufa e desertificação foram objecto de um convénio aprovado em Nova York em 9 de maio de 1992 , e subscrito no Rio de Janeiro, por diversos países, na data de 11 de Junho de 1992, durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento) e que culminou no Protocolo de Quioto.
  • 7. Serviços Ambientais Associados Serviço ambiental Referências A Biosfera captura mais de 4 mil milhões de toneladas de Carbono por ano (Prentice e tal 2001), divididas por: • Os oceanos: principal serviço da captura de Captura de carbono C(. • As florestas (biomassa) funcionam como sumidoro de carbono (total através da fotosintese (-3.8 a 0.3) . Regulação da composição química da atmosfera Regulação do ar através do balanço CO 2/O 2. O CO 2 é o elemento principal do efeito de estufa, que permite a manutenção da temperatura média da superfície terra perto dos 15°C. Sem o efeito de estufa a Terra seria um local bem “menos agradável” para viver, com Regulação do clima temperatura a rondar os –18°C. Por outro lado, um aumento “descontrolado” dos GEE, originaria um aumento da temperatura da superfície terrestre para níveis insuportáveis para muitas espécies. O carbono orgânico contido na litosfera está armazenado em depósitos de combustíveis fósseis. O processo de origem está integrado no Fornecimento de ciclo geológico do carbono. combustíveis fósseis Na actualidade os combustíveis fósseis são explorados intensivamente, fazem parte dos recursos não renováveis, e são a principal origem das emissões antropogénicas de CO 2. Com origem nos sedimentos (rochas calcárias), que foram formadas no ciclo geológico pela Fornecimento de deposição de sedimentos e organismos marinhos cimento e outros mortos, depositados no leito do mar. materiais de A utilização de pedra calcária, seja no cimento ou construção (pedras em outros processos de construção, também calcárias) aporta para as emissões antropogénicas de CO 2. O CO 2 faz parte essencial do processo de crescimento das plantas e árvores (fotossíntese) Turismo e dos corais proporciona o desenvolvimento de áreas para o lazer e para o turismo. Produção piscícola Associado ao desenvolvimento das zonas
  • 8. coralíferas, onde prolifera a vida aquática, contribuído para os stocks de pesca e para a biodiversidade. Sendo um dos elementos principais da Produção de madeira fotossíntese o CO 2 pode ter um efeito positivo (efeito “fertilizante”) no crescimento das plantas. Produção de alimentos, directamente consumidos Produção de alimentos pelos humanos, ou indirectamente, através dos Captura do Carbono Capital natural Um dos serviços mais importantes do ecossistema, relacionado com o ciclo do Carbono, é a captura do CO2 por diferentes elementos que compõe a Biosfera. O aumento das emissões antropogénicas de CO2 tem vindo a ser absorvidas pela atmosfera, pelos oceanos e pelas florestas e outras espécies vegetais. O aumento do CO2 na atmosfera trás como consequência a o aumento do efeito de estufa, originando as alterações climáticas. Com o aumento do CO2 atmosférico, também aumenta a absorção dos oceanos tendo como consequência a acidificação dos oceanos, e eventuais efeitos nos ecossistemas marítimos (corais, peixes, etc.). A última parcela é absorvida pelas florestas (biomassa), as quais podem ser utilizadas como sumidoro de carbono (através da fotossíntese). Numa visão de Sustentabilidade Forte, através de estratégias de reflorestação seria possível diminuir as actuais concentrações de CO2 na atmosfera, que já ultrapassaram os 370 ppmv, até níveis pré- Revolução Industrial, i.e., perto dos 280 ppmv . No entanto, mesmo maximizando a actividade de reflorestação nos próximos 50 anos, apenas seria possível reduzir cerca de 15-30 ppm (IPCC 2000). Desta forma a redução das concentrações de CO2 atmosférico devem ser complementadas também por um serviço de capital humano: sistemas de captura e armazenamento de CO2 (CCAC). Este tipo de serviços podem ser considerados como uma solução de sustentabilidade forte, quando estiverem a anular efeitos de emissões de CO2 de todos os sectores antropogénicos, menos da “mudança da uso dos solos”,. Só no caso de estarem a substituir os efeitos causados pela redução do capital natural (desflorestação, incêndios, eliminação de prados, etc.), por acção humana é que poderá ser considerado como sustentabilidade fraca.
  • 9. Capital Humana: Sistemas de Captura e Armazenamento de CO2 (CAC) O CAC consiste na separação do CO2 emitido pelas indústrias, no seu transporte para o local de armazenamento e no seu sequestro a longo prazo. As centrais elétricas e outros processos industriais de grande escala são os principais candidatos para este sistema. Atualmente não existe uma solução tecnológica única para este tipo de sistemas, estando prevista uma carteira de opções tecnológicas que se adaptarão dependendo das situações. A tecnologia atual permitiria capturar entre 80-90% do CO2 produzido numa central eléctrica, mas tem como conseqüência um aumento da produção de CO2 devido à redução da eficiência (existe um aumento da energia necessária, entre 10 a 40%, para poder implementar o processo de CAC). O processo de CAC é constituído pelas seguintes fases: • Captura • Transporte • Armazenamento (sequestro) Captura Existem três tecnologias principais de captura: Pós-combustão Consiste na remoção do CO2 depois da queima de combustíveis fósseis, sistema ideal para a aplicação em centrais termoeléctricas. Esta tecnologia é o primeiro passo para a captura de CO2 a grande escala, sendo já economicamente viável em alguns casos específicos. Normalmente, estes sistemas utilizam um solvente líquido para captar a pequena fracção de CO2 (entre 3 e 15% do volume) presente nos gases de combustão, cujo componente principal é o Nitrogénio. Numa central eléctrica moderna de pulverização de carvão ou de ciclo combinado de Gás Natural, os sistemas de captação utilizariam geralmente um solvente orgânico como a monoetanolamina. Esse processo é designado como quot;lavagemquot;. A solução química resultante é, mais tarde, aquecida e a pressão reduzida, liberando CO2 concentrado, o qual será posteriormente armazenado. Pré-combustão
  • 10. Consiste em retirar o CO2 dos combustíveis antes da queima. Esta tecnologia já é aplicada de forma generalizando na fabricação de fertilizantes e na produção de hidrogénio (H2). Apesar do processo inicial de retirar o carbono antes da combustão ser mais complexo e caro, as concentrações mais altas de CO2 e a pressão mais elevada facilitam a separação. No caso do gás natural, essencialmente metano (CH4), se extrairmos o carbono antes da combustão, ficaremos com hidrogénio, que produz apenas água quando queimado. Isto envolve reagir o combustível com oxigénio e/ou vapor para produzir monóxido de carbono (CO) e H2. Em seguida, o CO reage com mais vapor, para produzir CO2 e mais hidrogénio. Finalmente, o CO2 é separado e o hidrogénio é usado como combustível, emitindo só Nitrogénio e água. Oxigénio-gás Estes sistemas utilizam o oxigénio em vez do ar, que é maioritariamente composto por Nitrogénio (78%), para a combustão do combustível primário, com o objectivo de produzir um gás de combustão composto principalmente por água e CO2. Isto dá origem a um gás de combustão com altas concentrações de CO2 (superior a 80% do volume) uma vez que não existe Nitrogénio neste processo. Posteriormente, o vapor de água é retirado por arrefecimento e aumento da pressão. Este processo requer uma separação prévia do oxigénio do ar, para obter um gás com uma pureza de 95 a 99%. O desafio é como separar o oxigénio do resto do ar. As estratégias são semelhantes às usadas para separar CO2. O ar pode ser arrefecido, para que o oxigénio se liquefaça. Membranas onde passa oxigénio e nitrogénio a diferentes taxas podem provocar a separação. Há também, materiais que absorvem o nitrogénio, separando-o, do oxigénio. A aplicação destes sistemas em caldeiras está actualmente em fase de demonstração e a sua aplicação em sistemas de turbinas à gás ainda estão em fase de investigação. Transporte Para o transporte do CO2 capturado, entre o local de captura e o de armazenamento, apresenta-se actualmente uma tecnologia bastante desenvolvida e testada: os gasodutos. Em geral, o CO2 gasoso é comprimido a uma pressão superior aos 8 MPa, como o objectivo de
  • 11. evitar regimes de fluxo de duas fases e aumentar a densidade, reduzindo assim custos de transporte. Em alguns casos o CO2 também poderá ser transportado em forma líquida em navios ou camiões cisterna a baixas temperaturas e pressões mais altas. Ambos métodos já são usados para o transporte de CO2 em outras aplicações industriais. Armazenamento (Sequestro) Armazenamento Geológico O armazenamento geológico consiste na injecção, após captura do CO2, na sua forma condensada numa formação rochosa subterrânea. As principais opções são: Jazidas de petróleo e gás: as formações rochosas que retêm ou • que já retiveram fluidos (como ao jazidas de petróleo e gás) são candidatos potenciais para o armazenamento. A injecção de CO2 nas formações geológicas profundas integra muitas das tecnologias desenvolvidas na indústria de prospecção de petróleo e gás, pelo que a tecnologia de injecção, simulação, controlo e vigilância do armazenamento existe e continua a ser aperfeiçoada. Formações salinas: à semelhança das jazidas de petróleo e gás é • possível também injectar CO2 em jazidas salmoura. Camadas de carvão inexploradas: é possível a injecção em • camadas de carvão que não venham a ser exploradas, dependendo sempre da sua permeabilidade. Estes mecanismos ainda estão em fase de demonstração. • Armazenamento Oceânico O armazenamento oceânico pode ser realizado de duas formas: • Através da injecção e dissolução do CO2 no oceano (a profundidade de mais de 1000 metros), através de gasodutos fixos ou de navios. • A outra opção passa pela deposição do CO2 no fundo do oceano através de um gasoduto fixo ou de uma plataforma marítima (a mais de 3000 metros de profundidade), onde a água é mais densa e se espera que o CO2 forme um lago.
  • 12. O armazenamento oceânico e o seu impacto ecológico estão por analisar, podendo existir problemas de acidificação dos oceanos, sendo uma das alternativas possíveis mas que levanta ainda muitas questões técnicas e de viabilidade ambiental. Carbonatação Mineral e Utilizações Industriais Carbonatação mineral: a reacção do CO2 com óxidos metálicos, que abundam em minerais silicatos (como o óxido de magnésio (MgO) ou óxido de cálcio (CaO)) ou de detritos industriais (como escoria e cinzas de aço inoxidável), produz através de reacções químicas carbonatos inorgânicos estáveis. A reacção natural é muito lenta é deverá ser melhorada através de tratamentos prévios dos minerais, que são altamente intensivos em energia. Esta tecnologia está em fase de investigação, mas em certas aplicações, como a dos detritos industriais, já se encontra em fase de demonstração. Utilizações industriais: esta opção consiste no consumo de CO2 de forma directa como matéria-prima para a produção de diversas substâncias químicas que contêm carbono. No entanto, devido a baixa taxa de retenção da maior parte dos produtos e a inexistência de dados que permitam concluir se o balanço final de muitas aplicações industrias é negativo ou positivo, este mecanismo encontra-se em fase de estudo e prevê-se que a sua contribuição não seja muito elevada. Custos do CAC Várias das tecnologias de CAC estão actualmente em fases desenvolvidamente e demonstração e mesmo algumas em investigação, pelo que os seus custos, ainda são relativamente altos, mas que, com a evolução tecnológica, com tendência a diminuir. Em quase todos os sistemas de CAC, os custos da captura (incluindo a compressão) representam a maior fatia dos custos (cerca de ¾). A seguir apresenta-se uma tabela com o custo de varias componentes do sistema CAC: Componente do CAC Custos Captura do CO 2 emitido numa central 15-75 US$/t CO 2 eléctrica a gás capturado Captura do CO 2 emitido na produção de H 5-55 US$/t CO 2 capturado 2 (do GN) Captura do CO 2 emitido por outras fontes 25-115 US$/t CO 2 captado industriais
  • 13. 1-8 US$/t CO 2 Transporte transportado Armazenamento geológico 0,5-8 US$/t CO 2 injectado Armazenamento geológico: vigilância e 0,1-0,3 US$/t CO 2 verificação injectado Armazenamento oceânico 5-30 US$/t CO 2 injectado 50-100 US$/t CO 2 Carbonatação mineral mineralizado Tabela 1. Custos das várias componentes dos sistemas CAC - Fonte: IPCC Numa central com um sistema CAC, a necessidade de aumento do consumo energético (cerca de 11-22% maior) implica um aumento da produção de CO2 e nos custos do kWh produzido na central. Comparando uma central convencional de gás natural de ciclo combinado com um sistema de captura e recuperação de petróleo os custos variam entre 19 e 63%. Ciclo combinado de gás Sistema de central eléctrica natural Sem captura (referência) 0,03 - 0,05 US$/k Wh Com captura e armazenamento 0,04 - 0,08 US$/k Wh geológico Com captura e recuperação de 0,04 - 0,07 US$/k Wh petróleo Tabela 2. Custos por kWh numa central com e sem sistemas CAC - Fonte: IPCC Os custos por tonelada de CO2 evitado variam substancialmente tanto com o tipo de instalação de produção como com o tipo de sistema CAC implementado, no entanto, tomando com referência uma central de ciclo combinado de gás natural estes situam-se entre os 40-90 $/t CO2 evitado, mas em alguns casos podem actualmente ultrapassar os 200 $/t CO2 evitado. CE de ciclo CE de ciclo combinado CE de carvão combinado gasificação de pulverizado de GN carvão integrada
  • 14. Custo da mitigação (US$/tCO2 evitado) em central eléctrica com 30-71 38-91 14-53 captura e armazenamento geológico Custo da mitigação (US$/tCO2 evitado) 9-44 19-68 0 Com captura e recuperação de petróleo Tabela 3. Custo da mitigação (US$/tCO2 evitado) Capacidades de Armazenamento As capacidades indicadas na tabela 4 estão são valores apenas teóricos, com um possível menor erro para as jazidas de petróleo, mas em geral ainda não existem estudos científicos suficientes para ter números mais reais, e as probabilidades e os níveis de confiança associados. Estimativa inferior da Estimativa superior da Tipo de capacidade de capacidade de depósito armazenamento (GtCO2) armazenamento (GtCO2) Jazidas de 675* 900* petróleo e gás Filões de hulha não 3-15 200 exploráveis Formações salinas 1000 10000 profundas Tabela 4. Estimativas teóricas de capacidade de armazenamento para vários depósitos Estes dados podem aumentar em 25% se for incluído as jazidas • de petróleo ainda não descobertas. Em termos de potencial técnico, estima-se que a capacidade mínima de armazenamento geológico do CO2 ronde os 2000 Gt de CO2 (545 Gt de C). Outras opções de armazenamento como os oceanos, que podem representar vários milhares de Gt, poderão ser tidas em conta,
  • 15. caso as eventuais implicações ambientais sejam significativamente reduzidas, para o que hoje não existem dados suficientes que o demonstrem. Na maior parte dos cenários de estabilização das concentrações atmosféricas de GEE entre 450 e os 750 ppmv de CO2, o potencial económico do CAC (quantidade de reduções de GEE que alcançável de forma rentável em comparação com uma opção especifica e tendo em conta as circunstâncias actuais) ascenderia progressivamente dos 220 até aos 2200 Gt de CO2 (entre 60 e 600 Gt de C), o que significa uma contribuição dentre 15 e 55% do esforço mundial de mitigação acumulativa até 2100. Para que os sistemas CAC possa alcançar este potencial económico serão necessários alguns milhares de instalações equipadas com estes sistemas e cada um deles teria de capturar entre 1 a 5 Mt de CO2 por ano. Consumo Energético e Impactos Ambientais dos CAC A implementação deste tipo de soluções implica um aumento da produção de CO2. Isto é derivado da perda de eficiência da central devido ao aumento do consumo energético necessário para as fases de captação, transporte e armazenamento do CO2. Os valores de aumento de consumo de combustível por kWh produzido para instalações existentes que capturem cerca de 90% do CO2 produzido, variam entre os 11 e os 40% (conforme a tecnologia). No entanto estes valores são essencialmente para instalações já existentes. Para instalações de captura piloto, estima-se que a energia térmica adicional por cada tonelada de CO2 capturado ronde os 2 GJ. (representando uma redução na eficiência entre 15-25%) (Projecto CASTOR). Riscos Ambientais e Humanos na Captura Aumento das emissões de alguns poluentes, como CO e NOx, • que não são capturados no processo. Riscos eventuais para a saúde humana pela presença de CO2 em • grandes concentrações, ou em estado sólido (baixas temperaturas: possíveis queimaduras em derrames acidentais). Riscos Ambientais e Humanos no Transporte O transporte por gasoduto não apresenta problemas superiores • aos já defrontados pelo transporte de gases como Gás Natural.
  • 16. Existe sempre um eventual risco de fuga ou rebentamento, mas sem o problema da inflamação. Para o transporte via terrestre ou marítima a situação é • semelhante ao transporte de outro tipo de gases industriais, havendo sempre uma possibilidade relativamente pequena de risco de acidentes e eventuais derramamentos de CO2, cujas consequências estão por estudar, mas que podem eventualmente causar asfixia. Riscos Ambientais e Humanos no Armazenamento Existem duas categorias destes tipos de riscos: Riscos Mundiais: se houver uma fuga considerável num depósito de CO2 esta pode contribuir significativamente para as alterações climáticas. Riscos locais: fugas por falhas nos poços que podem afectarem os trabalhadores locais e as equipas de reparação das fugas, ou fugas por falhas geológicas não detectadas, criando eventual contaminação de aquíferos e acidificação dos solos. Para o caso do armazenamento oceânico, o risco apresenta-se bastante mais elevado, tendo em conta a falta de informação disponível quanto aos efeitos do aumento da concentração de CO2 (acidificação) nos ecossistemas marítimos. Caso de Estudo Projecto CASTOR O Projecto CASTOR integra três componentes de I&D, Captura de Carbono, Redução nas emissões europeias de 10%, e análise da performance e riscos do armazenamento. Captura • Sistema de captura: post-combustão em instalação de produção de energia eléctrica a carvão em Esbjerg (Dinamarca). • Energia térmica consumida no processo: 2,0 GJ/ton CO2, a uma taxa de 90% de captura. • Custo por tonelada de CO2 capturada: 20 a 30 €. • Redução da eficiência da instalação: entre 15 a 25% • Aumento nos custos da energia: cerca de 50%. • Capacidade de captura: 1 ton CO2/h A área da instalação não aumentou significativamente devido ao sistema de captura.