SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 16
Baixar para ler offline
Mapeando o ambiente para planejar seu uso e ocupação
Prof. Ícaro Maia
“O SÍTIO”
Objetivos:
Apresentar princípios de zoneamento, justificando o local em que
será implantada a construção. Apresentar princípios de
sustentabilidade ambiental,- água, solo, insolação etc. Aptidão do
solo: agrícola, preservação, construção etc.
CARTOGRAFANDO COM A PERMACULTURA
O planejamento permacultural de um terreno é baseado em SETORES E ZONAS!
SETORES
Os setores tratam das energias não controláveis, os elementos do sol, luz,
vento, chuva, fogo e fuxo de água (incluindo enchentes) que em verdade
não fazem parte do sistema mas passam por ele.
Na análise dos setores o principal local de atvidades do empreendimento é
posicionado no centro de um círculo que representa os 360° das possíveis
infuências externas.
O processo de observação/interação com os Padrões Naturais locais deve
ser constante, pois isso vai aproximando o homem dos movimentos e ciclos
naturais do local proporcionando uma relação mais íntma,
consequentemente mais precisa e simbiótca.
SETORES
Aspectos que dizem respeito ao
planejamento das energias externas
do sistema:
Terreno
ACESSOS
PAISAGEM
SOMBRA
BARULHO
VIZINHO
VENTO
FORTE
BRISA
SOL
ZONAS
Ao contrário dos setores, as zonas dizem respeito às ENERGIAS INTERNAS DO SISTEMA. De acordo
com Molisson (1998) um dos principais objetvos do planejamento permacultural é a economia de
energia.
Um projeto de zoneamento permacultural é realizado de modo a efetuar economia máxima de
trabalho e recursos, criando pontos de utlização que estejam ligados onde esses recursos estão
sendo produzidos e, em especial, dando atenção ao trabalho humano e à movimentação de água e
nutrientes.
Assim quanto mais detalhado for dados, maior será a análise e a compreensão das energias externas
que infuenciam o espaço a ser planejado, mais ferramentas tem-se para elaborar a implantação do
empreendimento desejado.
Após análise dos efeitos causados por cada elemento de externo do sistema, elabora-se um plano
para direcionar ou bloquear essas energias, de acordo com as partcularidades de cada projeto.
ZONAS
Zona 0 – (Centro da energia) É o centro da atvidade, normalmente é o local onde a casa está.
Seu planejamento deve ser feito de forma que a utlização de espaço seja efciente,
ajustando-se a necessidade de seus ocupantes e que tenha recurso paracontrole de
temperatura, se adequando assim a região.
Zona 1 – Será a região próxima a casa. Nela pode se colacar os elementos que sejam de mais
utlidade e, ou necessitem de maior cuidado e controle. Exemplos de elementos que podem
fcar nessa área, pequenos animais, área para secagem de grãos, varal para roupas, pequenos
arbustos, além do jardim, estufa e viveiro e canteiros.
Zona 2 – Mesmo que um pouco distante da casa, esta é uma região mantda com certa
intensidade. Pode apresentar um planto denso, isto é, pomar, arbustos maiores e quebra-
ventos. A zona dois pode ainda abrigar tanque ou açudes, animais de pequeno e médio porte.
ZONAS
Zona 3 - Distante da casa, essa zona pode apresentar criação de animais de médio e grande
porte, pomar que não necessite de poda, pastagens para animais ou para forragem. Pode
contar espécies de árvores natvas.
Zona 4 – Esta é uma zona semi-manejada, de pouca visitação. Nela fcam as árvores de grande
porte, que podem se manejadas. Aqui é possível a implantação de sistemas agroforestais –
produção consorciada de plantas (policultvo).
Zona 5 - Nessa parte do terreno não haverá nenhuma interferência. A única coisa a ser feita é
observar e aprender como o ecossistema funciona por si só.
O zoneamento pode variar de acordo com as necessidades de cada permacultor. David
Holmgren afrma que, para se conseguir um bom planejamento em propriedades maiores, é
necessário criar uma “rede de análise”.
ZONAS ENERGÉTICAS
ZONA1
ZONA2
ZONA3
ZONA4
O CASO “WARU”, NO SERTÃO BAIANO
Neste trabalho a meta consiste em localizar as áreas mais favoráveis à implantação de novas
construções previstas pelo projeto da Associação Waru do Vale do Cercado.
Assim, para o planejamento das zonas foram coletados os seguintes dados locais: a) Limites
territoriais, b) Áreas planas, c) Estradas e trilhas, d) Construções existentes, e) Áreas
arborizadas, f) Áreas de inclinação Suave, g) Clareiras, h) Áreas de inclinação acentuada, i)
Área pedregosa, j) Área de acesso à água por gravidade, k) Áreas de proteção ambiental.
Para locar as construções foram utlizados os seguintes critérios: 1) Estar na área de
distribuição de água por gravidade; 2) Estar a uma distância mínima de 15m das
construções existentes e de 5m dos limites, trilhas e estradas; 3) Estar fora da área de
proteção ambiental; 4) Estar em áreas planas ou de inclinação suave; 5) Estar
preferencialmente em clareiras; e 6) Estar numa distância máxima de 100m da zona 0.
O CRUZAMENTO DOS DADOS
O cruzamento desses dados resultou em diferentes mapas que objetvam auxiliar no
planejamento das zonas e partcularidades do empreendimento.
Com base nos mapas criados são posicionadas as construções e verifcadas no terreno se os
locais escolhidos são adequados à realidade local levando em conta outros fatores como
acessibilidade, vista, beleza do local, entre outros.
Após os ajustes necessários são sobrepostos o diagrama de setores e inicia-se o estudo das
técnicas permaculturais que serão aplicadas em cada zona e ao redor de cada construção.
O CASO “WARU”, NO SERTÃO BAIANO
VAMOS ESTUDAR SUA APLICAÇÃO NO SEMIÁRIDO...

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Cartilha Permacultural O sítio.pdf

Elaborar um projeto de recuperação de área degradada de uma área de mineração...
Elaborar um projeto de recuperação de área degradada de uma área de mineração...Elaborar um projeto de recuperação de área degradada de uma área de mineração...
Elaborar um projeto de recuperação de área degradada de uma área de mineração...HELENO FAVACHO
 
Rede de Sensores Ambientais: Histórico e Perspectivas
Rede de Sensores Ambientais: Histórico e PerspectivasRede de Sensores Ambientais: Histórico e Perspectivas
Rede de Sensores Ambientais: Histórico e PerspectivasSérgio Espinola
 
Tecnicas construtivas
Tecnicas construtivasTecnicas construtivas
Tecnicas construtivasZelia Lucena
 
Técnicas construtivas, Etapas de uma Obra
Técnicas construtivas, Etapas de uma ObraTécnicas construtivas, Etapas de uma Obra
Técnicas construtivas, Etapas de uma ObraPedro Mallet
 
Tecnicas construtivas
Tecnicas construtivasTecnicas construtivas
Tecnicas construtivas孝志 石田
 
Parque EóLico De Mendoiro Bustavade
Parque EóLico De Mendoiro BustavadeParque EóLico De Mendoiro Bustavade
Parque EóLico De Mendoiro Bustavadeandreiavanessa
 
Ilha Pura, conheça e agende uma visita ao melhor bairro da América Latina
Ilha Pura, conheça e agende uma visita ao melhor bairro da América LatinaIlha Pura, conheça e agende uma visita ao melhor bairro da América Latina
Ilha Pura, conheça e agende uma visita ao melhor bairro da América LatinaMarcelo Maia
 
Ilha Pura Vila Olimpica
Ilha Pura Vila Olimpica Ilha Pura Vila Olimpica
Ilha Pura Vila Olimpica Aristides Alves
 
Dos dados climáticos aos elementos de projeto
Dos dados climáticos aos elementos de projetoDos dados climáticos aos elementos de projeto
Dos dados climáticos aos elementos de projetochicorasia
 
Aplicação de geologia na elaboração de barragens
Aplicação de geologia na elaboração de barragensAplicação de geologia na elaboração de barragens
Aplicação de geologia na elaboração de barragensDouglas Gozzo
 

Semelhante a Cartilha Permacultural O sítio.pdf (20)

Teorico
TeoricoTeorico
Teorico
 
Elaborar um projeto de recuperação de área degradada de uma área de mineração...
Elaborar um projeto de recuperação de área degradada de uma área de mineração...Elaborar um projeto de recuperação de área degradada de uma área de mineração...
Elaborar um projeto de recuperação de área degradada de uma área de mineração...
 
Rede de Sensores Ambientais: Histórico e Perspectivas
Rede de Sensores Ambientais: Histórico e PerspectivasRede de Sensores Ambientais: Histórico e Perspectivas
Rede de Sensores Ambientais: Histórico e Perspectivas
 
Aula 9
Aula 9Aula 9
Aula 9
 
Relatorio apa de massambaba
Relatorio apa de massambabaRelatorio apa de massambaba
Relatorio apa de massambaba
 
Af jardins de-chuva-print-digital
Af jardins de-chuva-print-digitalAf jardins de-chuva-print-digital
Af jardins de-chuva-print-digital
 
Tecnicas construtivas
Tecnicas construtivasTecnicas construtivas
Tecnicas construtivas
 
Tecnicas construtivas
Tecnicas construtivasTecnicas construtivas
Tecnicas construtivas
 
Técnicas construtivas, Etapas de uma Obra
Técnicas construtivas, Etapas de uma ObraTécnicas construtivas, Etapas de uma Obra
Técnicas construtivas, Etapas de uma Obra
 
Tecnicas construtivas
Tecnicas construtivasTecnicas construtivas
Tecnicas construtivas
 
Estradas_Rurais.pdf
Estradas_Rurais.pdfEstradas_Rurais.pdf
Estradas_Rurais.pdf
 
Desertificacao
DesertificacaoDesertificacao
Desertificacao
 
Parque EóLico De Mendoiro Bustavade
Parque EóLico De Mendoiro BustavadeParque EóLico De Mendoiro Bustavade
Parque EóLico De Mendoiro Bustavade
 
Ilha Pura, conheça e agende uma visita ao melhor bairro da América Latina
Ilha Pura, conheça e agende uma visita ao melhor bairro da América LatinaIlha Pura, conheça e agende uma visita ao melhor bairro da América Latina
Ilha Pura, conheça e agende uma visita ao melhor bairro da América Latina
 
Ilha Pura Vila Olimpica
Ilha Pura Vila Olimpica Ilha Pura Vila Olimpica
Ilha Pura Vila Olimpica
 
Porque comprar noroeste.
Porque comprar noroeste.Porque comprar noroeste.
Porque comprar noroeste.
 
Dos dados climáticos aos elementos de projeto
Dos dados climáticos aos elementos de projetoDos dados climáticos aos elementos de projeto
Dos dados climáticos aos elementos de projeto
 
Aplicação de geologia na elaboração de barragens
Aplicação de geologia na elaboração de barragensAplicação de geologia na elaboração de barragens
Aplicação de geologia na elaboração de barragens
 
Haras Patente/Rima
Haras Patente/Rima Haras Patente/Rima
Haras Patente/Rima
 
Comprando o terreno
Comprando o terrenoComprando o terreno
Comprando o terreno
 

Cartilha Permacultural O sítio.pdf

  • 1. Mapeando o ambiente para planejar seu uso e ocupação Prof. Ícaro Maia “O SÍTIO”
  • 2. Objetivos: Apresentar princípios de zoneamento, justificando o local em que será implantada a construção. Apresentar princípios de sustentabilidade ambiental,- água, solo, insolação etc. Aptidão do solo: agrícola, preservação, construção etc.
  • 3. CARTOGRAFANDO COM A PERMACULTURA O planejamento permacultural de um terreno é baseado em SETORES E ZONAS!
  • 4. SETORES Os setores tratam das energias não controláveis, os elementos do sol, luz, vento, chuva, fogo e fuxo de água (incluindo enchentes) que em verdade não fazem parte do sistema mas passam por ele. Na análise dos setores o principal local de atvidades do empreendimento é posicionado no centro de um círculo que representa os 360° das possíveis infuências externas. O processo de observação/interação com os Padrões Naturais locais deve ser constante, pois isso vai aproximando o homem dos movimentos e ciclos naturais do local proporcionando uma relação mais íntma, consequentemente mais precisa e simbiótca.
  • 5. SETORES Aspectos que dizem respeito ao planejamento das energias externas do sistema: Terreno ACESSOS PAISAGEM SOMBRA BARULHO VIZINHO VENTO FORTE BRISA SOL
  • 6.
  • 7.
  • 8.
  • 9. ZONAS Ao contrário dos setores, as zonas dizem respeito às ENERGIAS INTERNAS DO SISTEMA. De acordo com Molisson (1998) um dos principais objetvos do planejamento permacultural é a economia de energia. Um projeto de zoneamento permacultural é realizado de modo a efetuar economia máxima de trabalho e recursos, criando pontos de utlização que estejam ligados onde esses recursos estão sendo produzidos e, em especial, dando atenção ao trabalho humano e à movimentação de água e nutrientes. Assim quanto mais detalhado for dados, maior será a análise e a compreensão das energias externas que infuenciam o espaço a ser planejado, mais ferramentas tem-se para elaborar a implantação do empreendimento desejado. Após análise dos efeitos causados por cada elemento de externo do sistema, elabora-se um plano para direcionar ou bloquear essas energias, de acordo com as partcularidades de cada projeto.
  • 10. ZONAS Zona 0 – (Centro da energia) É o centro da atvidade, normalmente é o local onde a casa está. Seu planejamento deve ser feito de forma que a utlização de espaço seja efciente, ajustando-se a necessidade de seus ocupantes e que tenha recurso paracontrole de temperatura, se adequando assim a região. Zona 1 – Será a região próxima a casa. Nela pode se colacar os elementos que sejam de mais utlidade e, ou necessitem de maior cuidado e controle. Exemplos de elementos que podem fcar nessa área, pequenos animais, área para secagem de grãos, varal para roupas, pequenos arbustos, além do jardim, estufa e viveiro e canteiros. Zona 2 – Mesmo que um pouco distante da casa, esta é uma região mantda com certa intensidade. Pode apresentar um planto denso, isto é, pomar, arbustos maiores e quebra- ventos. A zona dois pode ainda abrigar tanque ou açudes, animais de pequeno e médio porte.
  • 11. ZONAS Zona 3 - Distante da casa, essa zona pode apresentar criação de animais de médio e grande porte, pomar que não necessite de poda, pastagens para animais ou para forragem. Pode contar espécies de árvores natvas. Zona 4 – Esta é uma zona semi-manejada, de pouca visitação. Nela fcam as árvores de grande porte, que podem se manejadas. Aqui é possível a implantação de sistemas agroforestais – produção consorciada de plantas (policultvo). Zona 5 - Nessa parte do terreno não haverá nenhuma interferência. A única coisa a ser feita é observar e aprender como o ecossistema funciona por si só. O zoneamento pode variar de acordo com as necessidades de cada permacultor. David Holmgren afrma que, para se conseguir um bom planejamento em propriedades maiores, é necessário criar uma “rede de análise”.
  • 13. O CASO “WARU”, NO SERTÃO BAIANO Neste trabalho a meta consiste em localizar as áreas mais favoráveis à implantação de novas construções previstas pelo projeto da Associação Waru do Vale do Cercado. Assim, para o planejamento das zonas foram coletados os seguintes dados locais: a) Limites territoriais, b) Áreas planas, c) Estradas e trilhas, d) Construções existentes, e) Áreas arborizadas, f) Áreas de inclinação Suave, g) Clareiras, h) Áreas de inclinação acentuada, i) Área pedregosa, j) Área de acesso à água por gravidade, k) Áreas de proteção ambiental. Para locar as construções foram utlizados os seguintes critérios: 1) Estar na área de distribuição de água por gravidade; 2) Estar a uma distância mínima de 15m das construções existentes e de 5m dos limites, trilhas e estradas; 3) Estar fora da área de proteção ambiental; 4) Estar em áreas planas ou de inclinação suave; 5) Estar preferencialmente em clareiras; e 6) Estar numa distância máxima de 100m da zona 0.
  • 14. O CRUZAMENTO DOS DADOS O cruzamento desses dados resultou em diferentes mapas que objetvam auxiliar no planejamento das zonas e partcularidades do empreendimento. Com base nos mapas criados são posicionadas as construções e verifcadas no terreno se os locais escolhidos são adequados à realidade local levando em conta outros fatores como acessibilidade, vista, beleza do local, entre outros. Após os ajustes necessários são sobrepostos o diagrama de setores e inicia-se o estudo das técnicas permaculturais que serão aplicadas em cada zona e ao redor de cada construção. O CASO “WARU”, NO SERTÃO BAIANO
  • 15.
  • 16. VAMOS ESTUDAR SUA APLICAÇÃO NO SEMIÁRIDO...