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do Alto!
Pe. Léo
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Não te detenhas
A primeira ordem de Deus para Lot e para nós é “não olhes para traz”. “Salva-te, se queres conservar tua vida.
Não te detenhas em parte alguma da planície”. Essa é a segunda ordem de Deus para nós hoje. O que essa
ordem significa para nós hoje? O que é descer nas planícies? É ir se agarrando nas pequenas coisas. Água
parada é a maior fonte de pernilongo, de mosquito de dengue, e muitas vezes ficamos na planície parados nos
agarrando em pequenas coisas. Se deter na planície significa cada um de nós quando não perseveramos,
quando não caminhamos, quando não progredimos na vida porque vamos ficando presos nas coisinhas
pequenas do dia-a-dia. No cultivo de pequenas mágoas, de pequenos ressentimentos. Se o primeiro passo é não
olhar para trás, o segundo passo é não parar. Nunca na vida vamos receber diploma de ser cristão. Vocês
sabem o que leva uma empresa a falência? É o êxito. A empresa começa falir quando ela publica nos jornais
que é a melhor. Por que um casamento vai se acabando? Porque as pessoas se acomodam. Descer na planície
significa se acomodar, esse espírito de preguiça, de falta de luta, de falta garra. Significa também deixar-se
levar pela água como uma folha seca, a água a leva aonde quer. É aquela pessoa que só sabe reclamar da vida.
Está sempre amarga e azeda. A vida espiritual é igual andar de bicicleta, se parar cai, porque o que dá o
equilíbrio é ficar pedalando e andando.
Antigamente, aprender andar de bicicleta era muito difícil. Hoje tem essas rodinhas no lado. Você montava em
cima da bicicleta, ela caia para um lado, juntava, ia de novo, ela caia para o outro lado. E quando pegava
equilíbrio, lá na frente tinha uma cerca de arame farpado, ali você chamava tudo quanto é santo, não aparecia
nenhum deles, eu acho que não tem santo protetor de bicicletas. A vida cristã é assim também. Por isso que a
bicicleta tem duas rodas, é a fé e a vida, e tem o guidão que você direciona. Você tem que saber a direção que
você vai, e firmar essa direção. Mas é preciso pedalar, se parar de pedalar, cai. Na vida cristã e na vida em
geral, quando paramos de pedalar, caímos. Quando eu acho que o meu namoro está muito bom, quando eu falo
que minha vida espiritual está muito bem, eu estou acomodado. E Jesus chega a dizer que o reino dos céus é
dos violentos. Deter-se na planície significa as pessoas que olham para as pequenas coisas com lente de
aumento. Jesus também deu essa ordem para os apóstolos: “não fiquem parados pelo caminho”. Talvez a sua
vida esteja uma água parada.
Você tem que ter uma meta na vida, porque a pessoa que não tem meta vai a qualquer lugar, desiste diante do
primeiro obstáculo. Quem não sabe para onde vai, não vai a lugar nenhum. Se alguém chegar pra você e falar:
“Eu preciso ir lá no centro, na cidade vamos comigo?”. “Ah, eu não vou não, está calor, pode ser que chove”.
Mas se você tiver um filho doente, você põe ele nas costas e vai, faça sol ou faça chuva. Porque tem uma meta.
E a falta dessa meta está destruindo nossos jovens e nossas famílias, é o vício de querer viverem acomodados.
Eu quero é que ninguém me incomode, por isso existem tantas pessoas vivendo a solidão. Ela não vive em
comunidade, ela vive na comodidade. Aquela família que vive na comodidade, cada um em seu cômodo. Em
meu cômodo ninguém entra. Eu não falo o seu defeito, você não fala o meu, fica quieto que eu também fico,
um protege o erro do outro, ninguém têm meta na vida, ficam parados na planície.
Quantos jovens de dezoito a vinte anos acomodados, já estão mais velhos do que pensam, se deixam levar por
qualquer droga, têm medo da vida, são uma raça de gente fraca. A vida moderna é a coisa mais fácil que tem
de se viver, hoje tem tudo, o conforto que existe. Imagine há vinte anos, para fazer um café, tinha que apanhar
o café, pôr ele no terreiro para secar, mexer e virar ele, torrar, moer, buscar água, buscar lenha e graveto para
fazer o fogo. Levava duas horas para fazer o café. E hoje põe o pó em uma máquina aperta um botão, o café já
está pronto. Tem pessoas que já compram o vidro de café, só esquentam água no micro ondas, joga água em
cima e já está pronto. Mais também aquilo não tem gosto nenhum de café. É assim que vamos criando uma
raça de gente preguiçosa. Têm cozinhas que são um espetáculo, o forno acende sozinho, tudo automático.
Então as pessoas deviam ter mais tempo para viver melhor a vida. Tem mais tempo para ficar a toa ou para
falar mal da vida dos outros, tem tempo sobrando, e não faz nada. Aí diz: “Ah padre, eu estou pedindo a Deus
para me curar, por que Deus não cura”. Curar para que? Pra atazanar a vida dos outros.
Eu acho que foi essa a mágoa de Pedro com Jesus, por que Pedro pediu para Jesus dar a extrema unção em sua
sogra, mas Jesus o curou, dizem que foi por isso que Pedro negou Jesus três vezes. Sabem como se diz sogra
em russo? “Strossa” Mas a mulher quando ficou curada se colocou a serviço, isso tem que ser dinâmico, só se
aprende a fazer fazendo. E nós queremos uma vida fácil, uma vida light.
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Não se detenhas na planície. A pessoa que se detém na planície se enrosca em qualquer coisinha, qualquer
probleminha vira um problema enorme, porque não têm por que lutar. “Padre, eu não consigo dormir?” Eu
queria ver se tivesse que levantar cedo todos os dias. Como eu e muitos outros que levantávamos antes das
cinco da manhã, trabalhávamos até as quatro e quinze da tarde e estudava até meia noite. Eu queria ver se
precisava de remédio para dormir, eu dormia no guidão da bicicleta, quantas vezes eu estava indo para a
fábrica, esbarrava no barranco porque estava dormindo. Eu sou igual mamãe, que dormia em pé no circular. Só
não dorme quem não está cansado. “Estou há três noites sem dormir” É porque dormiu a noite inteira, uma
pessoa que trabalha e luta, dorme.
Mas o encardido é terrível, ele quer colocar em nossa cabeça que somos gente fraca, gente pequena. Não é isso
que fizeram com a família? Primeiro os meios de comunicação social vêm e dizem que têm que ter poucos
filhos, um ou dois filhos, e hoje as pessoas não têm tempo para dois filhos. “Ah, eu quero deixar a melhor
herança para meu filho, eu estou trabalhando para ele”. Ele precisa é de você, não de seu trabalho.
Qual é o melhor que você vai deixar para seu filho? A melhor roupa? O melhor sapato? Uma herança? Ele
perde tudo. Se não deixar o essencial, ele perde tudo. É o que está acontecendo hoje, uma família parada na
planície, que não vai para frente, não no sentido financeiro, porque nunca nós vamos ter dinheiro para comprar
tudo que inventam que a gente precisa para ser feliz. É o consumismo que consome a pessoa e você fica
estagnado na vida. O ser humano tem uma ordem de Deus: “Crescei e multiplicai”. E não é crescer em
tamanho, porque Adão não era anão. Esse crescer é em todos os sentidos e multiplicar os seus dons.
É a parábola dos talentos. O sujeito ganhou um talento e enterrou. Depois veio com aquela desculpa que teve
medo. Você tem que frutificar os seus dons, frutificar os seus talentos, você não pode se acomodar nunca. Não
interessa a idade que você tem, se deter na planície é cruzar os braços. Se deixar uma casa durante uma semana
fechada, ela enche de teias de aranhas, e nós fazemos isso com o coração. Vamos à missa aos domingos,
abrimos nosso coração a Deus, deixamos ele entrar, terminou a missa, fechamos novamente até no próximo
domingo com o coração já todo cheio de teias de aranha. Por isso, se torna uma pessoa grossa, desanimada,
uma pessoa que não luta, porque está se acostumando com as coisas fáceis da vida e a vida não é fácil, o ser
humano não nasceu para ser fácil, se fosse assim, tínhamos nascido uma ameba. O ser humano nasceu para
crescer, e crescer muito, frutificar e partilhar os seus dons. Quem não partilha os seus dons acaba morrendo de
fome na miséria.
Não se deter na planície é não pede tempo com coisas pequenas. Uma vez lá no colégio veio um menininho
chorando:
_ Meu amiguinho me mandou ir a merda.
_ E você foi?
_ Não!
_ Então não precisa ficar triste. É só não ir.
Mas a pessoa passa o resto do dia comentando com um e com o outro. Será que você não está sendo essa
pessoa. O ser humano tem que ter uma meta na vida e tem que lutar, e os pais precisam ensinar as crianças a
lutarem. E eu tenho certeza que foi isso que o Papa quis dizer na beatificação do Francisco e da Jacinta, no dia
treze de maio, dia de Nossa Senhora, quando ele revelou o terceiro segredo de Fátima. Ali tinha uma visão
profética, aquilo que o papa falou do terceiro segredo, que o encardido estava com a arma na mão apontando
para o rebanho e o pastor do rebanho. O papa está alertando principalmente a família cristã, porque as nossas
crianças estão sendo criadas para viverem rolando e deitando na planície do pecado, na planície da
acomodação.
Primeiro diminuem o número de filhos e os pais não sabem o que fazer com um, dois ou os três filhos. Porque
não põe limites, no põe respeito, a criança faz o que bem entende nas igrejas na missa. Tem missa que fica
difícil fazer uma oração porque a criança corre na igreja, chora, come bolacha e a mãe não está nem aí. Dá um
beliscão igual minha mãe fazia pra ver se não da certo. Deter-se na planície é perder tempo com coisas
pequenas.
Imagine a seguinte cena: Você sentado no sofá e no mesmo plano uma televisão, você senta ali às cinco horas
da tarde até as dez da noite. Você fica cinco horas por dia se detendo na planície em frente aquela novela, ali
parada sem sair para atender telefone, sem ter tempo para um filho. Quantas novelas você assiste? Não
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responda para não mentir. Você está se alimentando com o quê? Com as porcarias do mundo, desse encardido
que quer nos fazer pessoas fracas, frágeis, acomodadas, medrosas. Como é que você cria resistência?
Vocês vejam hoje o absurdo que o ser humano está chegando. O homem quer ficar forte, mas em vez de fazer
ginástica, ele toma anabolizantes. A mulher quer ter um corpo bonito, ao invés de renunciar refrigerantes,
doces e trabalhar para ficar com os músculos firmes, põe silicone. Mas não tem jeito de fazer implante de
silicone no coração, por isso que está com o coração murcho, caído. E esse ser humano novo tem que vir de
fora para dentro. Mas Deus já prometeu através de Ezequiel: “Dar-vos-ei um coração novo. Um novo ânimo,
um novo entusiasmo“. Não olhes para trás, não te detenhas na planície”. Por que a pessoa se perde na floresta?
Porque está no mesmo nível, olha para todos os lados e não enxerga. A família está acomodada em uma
planície, o seu grupo de oração está acomodado em uma planície. É por isso que os grupos de oração estão
morrendo. Hoje a coisa que menos se faz nos grupos de orações é rezar. Primeiro cantam duas horas em uma
bandinha que precisa ir lá na frente, que treinam umas duas horas com os instrumentos numa altura que é
impossível alguém rezar, depois vem o líder que já tem o diploma de Pedro Apóstolo, ali ele sabe tudo, mas
não se reza mais. A Renovação Carismática do novo milênio tem que ser uma renovação que não se detém não
planície com briguinhas, com divisões, a renovação não precisa de lideres. Quem precisa de lideres é o PT, o
PMDB a CUTI.
Eu fiz uma pesquisa para escrever meu livro Servir no Espírito, e achei muito interessante porque a palavra
líder não se encontra na bíblia. Como que a Renovação Carismática que procura tanto conhecer a Palavra de
Deus, usa pessoas com denominação de líder. Na bíblia, sempre que se aparece sinônimo de líder, é para falar
do encardido. Pega definição de líder no Aurélio, líder é o melhor, é o que está na frente, é o que está acima
dos outros, é o que se destaca mais. A renovação Carismática precisa de servos como Maria, como Jesus. É
Jesus que diz: “Eu estou no meio de vós como aquele que serve”. Mas se tem líder, está acomodado, a pessoa
chega senta, é uma planície, todo mundo sentado ajeitadinho, interessa que eu seja atendido. Mas não rezam
mais uns pelos outros, não tem mais orações espontâneas.
Eu não acredito que alguém fale de Deus que não tenha calo nos joelhos. Está falando lorota, está fazendo
palestra. A coisa mais fácil que tem é fazer palestra. Eu posso fazer uma palestra sobre um microfone. Mas o
que tem a ver microfone com a minha vida? Eu posso fazer uma palestra sobre uma planta, eu posso fazer uma
palestra sobre a importância da camada de ozônio. Os nossos grupos precisam de pregações, e a pregação é
fruto da oração, é fruto da unção. Em quantas planícies nós estamos nos detendo? “Ah padre, mas o padre da
minha paróquia não deixa rezar em línguas”. Então reza em línguas em voz baixa.
Há algum tempo, eu cheguei em um lugar, uma mulher me falou: “Olha padre, aqui não pode rezar em
língua”. Eu falei: “Então corta a língua”. Quando eu estou lá em meu banheiro, eu rezo do jeito que eu quero.
Dentro de meu carro, eu vou cantando em língua, rezando em língua, é por isso que eu gosto de andar sozinho.
Agora se a sua oração em língua for para você se mostrar na frente dos outros, aí aquele padre está certo. “Ah,
eu não vou naquela igreja porque o padre não é carismático”. Talvez ele não seja carismático porque você não
deu ainda um bom exemplo. Você, depois que fez experiência de oração, piorou muito. Tornou-se uma pessoa
briguenta, parece que engoliu o Espírito Santo com pena e tudo. É preciso ser servo como Maria, que
trabalhou de empregada doméstica na casa de Isabel. Em um encontro de cristão, cada um deveria cuidar do
banheiro e limpar o seu lixo. Santa Terezinha, se ela via no pátio do convento um palito de fósforo e não
ajuntava, ela ia se confessar, por causa do orgulho ela dizia: “Eu fui orgulhosa, pois não me achei digna catar,
para deixar para um irmão ou irmã fazer isso.
Eduque seu filho assim em casa, não ensine ele a arrumar a cama dele, a empregada arruma. Deixe ele deixar
tudo jogado, no banheiro se ele deixar papel jogado, a empregada ajunta, ela está sendo paga para isso. Depois
você vai visitar ele em uma clínica de recuperação, na cadeia ou no cemitério.
O carro sem combustível só anda de morro abaixo ou sendo puxado. Assim é o cristão sem oração, ele pára na
planície porque falta fibra, falta garra. Eu preciso ter motivos. E qual é o meu motivo? A quem estou servindo?
Será que Josué não vai nos reunir nessa assembléia de Siquén hoje também e perguntar: A quem você quer
servir? “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”. Se você quer salvar sua vida, não olhe para trás, não te
detenhas na planície, não perca tempo com bobagens. “Se não for bem recebido em uma cidade bate o pé para
deixar até mesmo o pó”. Com isso, Jesus está nos querendo dizer para não levar mágoa de ninguém. Limpa
esse pó que está em seu coração. “Sacode a poeira e dá a volta por cima”.
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Não fique preso ao passado, não te detenhas nas coisas pequenas. Não desista por pouco. As crianças hoje em
dia estão se acostumando assim, têm um monte de brinquedos e não estão contentes. Chega no natal, os pais
compram aquele brinquedo com controle remoto, tudo automático. Aí eles já abrem, tiram as pilhas, jogam
fora, arrancam a antena, e não querem mais. “Agora eu quero outro”. E a mãe vai lá e compra outro. “Agora
eu quero outro”. Os jovens e adolescentes são iguais, qualquer coisinha estão emburrados. “Ah padre, o que eu
faço, meu filho é muito difícil?”. É, enfia a mão na orelha dele, manda trabalhar. Mas se eu crio uma raça de
gente fraca, acomodada. “Ah, ele vai ficar traumatizado se eu não emprestar o carro pra ele”. Empresta, depois
você vai lá no hospital buscar ele e ainda mente porque deu o carro para o filho de menor.
Me dá tristeza quando vejo uma obra de Deus que não vai para frente por causa de brigas, se detém com coisas
pequenas. Se faz alguma coisa, já quer receber elogios, recompensas. Tem encontros que o sujeito antes de
fazer a palestra, fica meia hora falando quem ele é. Como aqueles movimentos antigos de igreja que faziam
um encontro de casais e convertiam trinta casais, aí não tinham o que fazer com esses casais, por isso
colocavam esses trinta no próximo encontro de casais, e no próximo encontro de vinte casais já tinham
sessenta casais na equipe, e no próximo já tinha oitenta casais, e precisavam arranjar serviço para eles. Equipe
de apoio, equipe de recepção, equipe de alavanca, equipe pra levar água e pra trazer água, e fazem um monte
de reuniões. E no final do encontro, começam a apresentar todos eles, quem cozinhou, quem arrumou. Onde
estão os frutos? Cristão tem que dar frutos. Se não der frutos, seca, se ficar parado na planície, seca.
E Jesus é firme nessas coisas quando ele passou em frente à figueira e viu que não tinha figo, ele só estendeu a
mão para ela, no outro dia ela estava seca. Assim têm também carismáticos secos, e nem foi Jesus que secou,
foi a própria pessoa que se secou sozinha mesmo. Por quê? Porque não rezam, não fazem jejum, nem
penitência, quer tudo do bom e do melhor, e ainda quer ser louvado e aplaudido. Os líderes que gostam de se
deter na planície. Você deve ver de vez em quando na televisão, se reúnem os líderes mundiais para discutirem
a fome. Mas nunca fazem isso em um país que está passando fome. Ou nós somos de Jesus Cristo, ou nós
somos um bando de samambaia, que tem que ser cortados e por fogo, porque não vale pra nada.
Deter-se na planície é querer tudo sem buscar e sem conseqüências. É querer comer de tudo e não engordar,
tem remédios pra tudo. Se morre alguém querido, eu não quero chorar nem sofrer, tomo um calmante e depois
fico me descabelando.
O povo de Deus não se acomoda. É interessante a dinamicidade da bíblia, toda história do povo de Deus
mostra caminhando. É Moisés caminhando, atravessando o deserto, vencendo obstáculos, atravessando o mar.
É Abraão e Lot caminhando e Jesus também não parava nunca. A igreja é dinâmica, e Espírito Santo em grego
é dínamos, força do alto. E dínamos é aquele motorzinho que quando vem a água, a força da água gira a
turbina e ela gera eletricidade. O cristão tem que ser esse dínamos que recebe a água viva do Espírito Santo
pela Palavra, por uma pregação, pela oração dos irmãos que transforma isso em frutos para o mundo. O cristão
não pode parar, tem que caminhar, e descansar de uma coisa fazendo outra. Como o mundo moderno é um
mundo cansado que cansa fácil. Quantas pessoas que precisam descansar e vivem sempre cansadas,
angustiadas, vivem tomando remédios.
Ache um sentido para sua vida, vai servir em uma comunidade, vai lá na APAE, ajude uma criança daquela.
Quando você vê uma criança que não consegue andar mais, vai quase nadando para pegar um brinquedo, e
você tem as duas pernas, olha para elas pensa que não vale para nada. Como é bom quando convivemos com
essas pessoas que têm certas limitações, que não enxergam direito.
Nas olimpíadas, a nossa frota olímpica foi lá e gastaram bilhões de reais e não trouxeram nenhuma medalha de
ouro. Depois foram lá os paraolímpicos. A Rosinha, aquela menina sem uma perna. A primeira mulher na
história do Brasil que ganhou duas medalhas de ouro na mesma olimpíada. A outra atleta cega que ganhou
uma medalha de ouro. Tenta correr com os olhos fechados pra ver. E você, enxerga pra quê? Só sabe enxergar
o que não presta, enxerga defeito na vida dos outros. É isso que Deus fala pra cada um de nós, não podemos
nos acomodar, e é por isso que o mundo está desse jeito, a família está destruída, o jovem está na droga e a
prostituição toma conta. O casamento vai de mal a pior porque na hora que dá um problema qualquer, larga,
arruma outra, ou outro. E vai largando, e deixando filhos revoltados. E o coração da pessoa vai ficando como
água parada e o que é mais triste, às vezes, por uma coisinha de nada.
Qual é o grande fruto do seu grupo de oração? Da sua comunidade? O Deus de muitos católicos não faz
milagres porque ele é mendigo, eu dou a moedinha na oferta, eu dou o resto de meu tempo para Deus. E o
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melhor para o mundo e para o encardido, e ainda reclamo de Deus. Falta essa coragem de lançar-se em Deus,
mas sem a força do Espírito Santo não é possível. Por isso, é muito fácil descobrir qual é o jovem sem o
Espírito Santo, um casal sem o Espírito Santo.
Quando um casal vai à igreja marcar o casamento, está mandando um convite para Deus. E Deus vai, e dá na
bênção nupcial o maior de todos os presentes, que é o Espírito Santo, mas têm casais que já estão há vinte anos
casados e não abriram até hoje o pacote, por isso estão produzindo os frutos do encardido. O casamento que
está estagnado na planície está produzindo o fruto do ódio, da briga, das discussões. Sabe o que mais faz a
pessoa se deter nessa planície? Pensar só em si mesmo.
Um menino chegou para o mestre chinês e perguntou:
_ Mestre, qual é a grande diferença do céu e do inferno?
_ Nenhuma.
_ Mas como nenhuma? Então para que lutar para ir para céu? E pra que lutar para não ir para o
inferno?
_ Vamos fazer uma comparação. Para você qual é a coisa mais importante do mundo?
A China é o país mais populoso da terra por isso o maior problema da China é a fome, os chineses têm muito
medo de morrer de fome, e a coisa que chinês mais gosta é arroz. Por isso, quando na China morre uma
pessoa, em vez de pôr flores em cima do túmulo, eles põe arroz. Uma vez até um cara achou esquisito quando
foi levar flores no túmulo da mulher e estava lá o chinesinho com um prato de arroz. Aí o cara começou a rir e
perguntou:
_ Escuta, que horas a sua mulher vai sair para comer o arroz?
_ Na mesma hora que a sua sair para cheirar as flores.
A coisa mais importante para eles é o arroz, aí ele falou para mim:
_ Se o céu fosse uma panela de arroz que nunca acabasse?
E o mestre disse ainda:
_ O céu e a terra são os lugares que têm essas duas panelas de arroz.
_ Então qual é a diferença?
_ Filho, quando a gente morre a medida do nosso caixão é usado como modelo para fazer o cabo da
colher eterna.
_ Cabo da colher eterna?
_ Conforme o tamanho da pessoa se faz o cabo da colher, e esse cabo é grudado em sua mão com super
bonder especial e nunca mais sai. E o inferno é essa a tristeza, porque tem aquele panelão de arroz, e a pessoa
tenta comer o arroz com uma colher com dois metros de cabo. Aí eles tentam comer, mas não conseguem, por
isso começam a brigar:
_ De que adianta ter arroz, de que adianta ter colher, se tem um braço desse tamanho?
E o arroz não acaba, mas eles estão morrendo de fome. Isso é o inferno.
_ E o céu mestre?
_ Mesma coisa.
_ Qual é a diferença então?
_ Já sei, no céu o cabo é mais curto.
_ É do mesmo tamanho, e às vezes chega a ser maior, porque acrescenta todas as boas obras que você
fez.
_ Aí é pior então, não entendo mestre. Qual é a diferença?
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_ A diferença é que no céu estão aqueles que aprenderam a encher a colher e tratar o outro, e o outro,
que está satisfeito trata o outro, e o outro trata o outro.
Essa é a visão do mundo, as pessoas que se detém na planície são aquelas que transformaram a panela de arroz
em inferno. Aonde todo mundo tem dons e cada um recebeu muitos dons, mas está querendo os dons para si, e
todos aqueles dons que queremos para nós mesmos acabam morrendo. É preciso aprender a partilhar, um
precisa tratar o outro.
Marido, você precisa esticar o seu braço nessa panela do amor de Deus e levar amor, misericórdia, ternura para
sua esposa. Esposa, você precisa esticar essa mão e o seu coração, e quando a gente ama o coração alonga os
braços para ir ao encontro do outro. É preciso partilhar os dons, é preciso dinamizar. Aí a gente cresce. Mas
quem só pensa em si, vai se estagnando.
Dois rapazes moravam na mesma fazenda quando o pai morreu, um era casado e morava na casa ao lado. E
aquele que era solteiro ficou morando na casa que o pai morava. Eles tinham uma plantação imensa de arroz e
um seleiro em comum, e eles combinaram em trabalhar juntos e dividir tudo. Colheram dez sacos de arroz,
cinco para um e cinco para o outro, e assim fizeram dois seleiros. Fizeram uma boa colheita, estavam com o
depósito cheio. No final da tarde, aquele irmão solteiro começou a pensar que aquela divisão não estava certa.
Pensava ele: “Eu sou solteiro e meu irmão é casado, tem a mulher e filhos, ele precisa de mais arroz do que eu,
pois eu sou sozinho”. À noite, ele se levantou, foi lá no seleiro dele, pegou um saco de arroz escondido, levou
e colocou lá no seleiro do irmão.
O irmão acordou na manhã seguinte e começou a pensar: “Essa divisão não está justa, pois eu sou casado,
tenho a minha mulher e meus filhos. E eles vão crescer e vão poder me ajudar. Mas meu irmão, coitado, ele é
sozinho. E se ele não casar. ele não vai ter ninguém por ele. O certo é ele ganhar uma parte a mais que eu”.
Levantou, foi lá em seu seleiro, pegou um saco de arroz e colocou no seleiro do irmão. E assim foram vivendo,
e a cada colheita, um levava para o outro. Eles só não entendiam como é que eles davam e sempre ficava a
mesma quantidade.
Uma bela noite, o relógio biológico confundiu. Horário de verão, os dois levantaram na mesma hora e foram
indo devagarzinho e se encontraram no meio do caminho. Um olhou para o outro, colocaram o arroz no chão,
se abraçaram, começaram a chorar e à partir daquele dia fizeram um único seleiro.
Peça ao Senhor essa graça de fazer a experiência do seu amor infinito, que cura, que restaura e transforma
minha história. Eu não quero olhar mais para trás, nesse momento eu tomo a decisão de não ficar mais parado
na planície. Senhor, eu tenho sido essa pessoa amarga porque eu só penso em mim mesmo, me ensina a
partilhar Senhor. Me ensina a frutificar os dons que o Senhor mesmo me deu, eu não quero mais ficar atolado
na planície do pecado, da televisão, do boteco. Eu te suplico Senhor, transforma e restaura meu coração e
liberta-me de todo comodismo, de todo egoísmo, de todo espírito de líder, e a exemplo de sua Mãe, dai-me a
graça de ser servo. Eu preciso aprender a colocar o arroz na boca do outro, e mais que esse arroz, Jesus nos
deixou a Eucaristia, que precisamos aprender a colocar um na boca do outro, dai-me Senhor, a graça de
aprender a partilhar, eu quero amar, mas sozinho eu não posso mais, vem Espírito de Deus, e me ensina a
partilhar aquilo que eu sou e aquilo que eu tenho, estica ainda mais os meus braços Senhor. Oxalá eu pudesse
ter o cabo dessa colher que pudesse atingir a fome desse mundo inteiro. Mas sozinho eu sou fraco Senhor.
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Sinais dos dias de hoje
Mateus 12, 38-42:
Então alguns escribas e fariseus tomaram a palavra: “Mestre, quiséramos ver-te fazer um milagre.”
Respondeu-lhes Jesus: “Esta geração adúltera e perversa pede um sinal, mas não lhe será dado outro sinal do
que aquele do profeta Jonas: do mesmo modo em que Jonas esteve tre dias e três noites no ventre do peixe,
assim o Filho do homem ficará três dias e três noites no seio da terra. No dia do juízo, os ninivitas se
levantarão com esta raça e a condenarão, porque fizeram penitência à voz de Jonas. No dia do juízo, a rainha
do Sul se levantará com esta raça e a condenará, porque veio das extremidades da terra para ouvir a sabedoria
de Salomão. Ora, aqui está quem é mais do que Salomão”
A Palavra de Deus, tanto no livro de Miquéias quanto no livro de Mateus, traz para nós alguns pontos muito
concretos, em cima dos quais precisamos olhar a nossa vida. Quando lemos o livro de Miquéias e começamos
a ver as profecias de destruição, as tristezas, até parece que estamos diante de um filme de terror, porque fala
dessa destruição completa e total, de todas as cidades vizinhas e circunvizinhas onde o profeta, que deve ter
sido contemporâneo ao profeta Isaías, anunciava o evangelho.
No entanto, o próprio profeta compreende que existe uma saída, e é ele que vai anunciar que o Salvador vem
de Belém. Belém que não era nada. E tu Belém, terra de Judá, um lugarejo que não vale porcaria nenhuma. É
daí que virá o Salvador.
Nesse trecho da palavra de hoje, o Senhor nos questiona: O que ele fez de errado para que nós vivamos tão
longe dele, e ao mesmo tempo nos mostra que quando nós perdemos de vista a história da nossa salvação,
então nos afastamos de Deus. Por exemplo, quando falamos nos mandamentos, no sentido negativo, aquilo que
não pode, e esquecemos de falar o que fundamenta os mandamentos. É como se os mandamentos estivessem
num grande quadro, já que estava numa pedra, pois Deus precisou gravar na pedra, já que no coração do
homem não parava, pois o homem estava enchendo o coração com muitas outras coisas. É como se eu tivesse
o quadro dos mandamentos, mas esquecesse o prego que segura esse quadro. Então eu ponho na parede e ele
não pára.
Assim que ensinamos de Deus para as crianças, ensinamos tudo que não pode, parece que os mandamentos de
Deus são só “não”. Não pecar, não fazer isso, não fazer aquilo, não... E se fizer Deus manda desgraça na hora.
Mas tanto Êxoto capítulo 20 como Deuteronômio capítulo 5, antes de falar dos mandamentos, se apresenta.
E o profeta Miquéias hoje, na primeira parte desse capítulo seis, ele também apresenta: “Eu sou o Senhor teu
Deus, eu te fiz sair da escravidão do Egito”.
Enquanto o povo estiver presente essa experiência de libertação, desse Deus que entra em nossa vida através
de fatos e através de pessoas. Veja Miquéias, 700 a.C., já tinha tão presente que a ação de Deus na vida
humana se dá através de fatos, de acontecimentos e de pessoas. Pessoas que nos são enviadas, pessoas que
anunciam Deus. Mas quando nós cerramos os ouvidos e os olhos, para não vermos os fatos e não ouvirmos a
Palavra, nós nos distanciamos de Deus. E o salário do pecado é a morte. Longe de Deus, nós começamos a
colher os frutos do nosso afastamento.
Há na bíblia uma grande certeza, na vida colhemos o que plantamos. Não tem na bíblia a história de “eu não
sei por que isso aconteceu”. E no evangelho, quando os fariseus, os doutores da lei, os homens que sabiam a
bíblia de cor, pagavam o dízimo até do hortelã. E até hoje eles sabem a bíblia de cor, por exemplo, de sexta-
feira, seis horas da tarde, até sábado, seis horas da tarde, o shabat, guardar o sábado. O judeu ortodoxo, como a
bíblia não permite, ele não pode apertar o botão do elevador.
E os doutores da lei, chegam para Jesus e dizem: “Nós queríamos que o Senhor fizesse algum milagre”. E
Jesus olha para eles e vai na raiz, e diz: “Eu não vou fazer outro milagre. Vocês estão me pedindo sinais? Vai
ter um único sinal, o que foi dado pelo profeta Jonas”. E qual foi o sinal do profeta Jonas?
A história de Jonas é muito bonita, Porque Jonas era o profeta fujão. Quando Deus mandou ele pregar em
Nínive, ele não quis ir, porque achou que o povo não iria se converter. Foi para a praia, sentou no barco e foi
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embora. Começou a tempestade, e ele lá tranqüilo. Foi preciso jogar ele para fora do barco para parar a
tempestade, viram que ele era um peso morto. Quando não fazemos a vontade de Deus, viramos esse peso
morto. Às vezes o barco da sua família, igual aquele que estava afundando por causa de Jonas, porque você é
esse peso morto.
Jogaram ele fora, foi engolido por um peixe, e lá na barriga desse peixe, ele resolveu rezar. E o peixe enjoou e
vomitou ele depois de três dias e três noites. Parece que não teve jeito. E ele foi pregar: “Dentro de quarenta
dias Nínive será destruída”. E o povo acreditou nele. E a começar pelo rei, todos se vestiram de saco de estopa
e começaram a fazer penitência, se converteram, e Nínive não foi destruída.
E Jonas entrou em deprê: “Agora não prego mais, o Senhor mandou pregar que iria ser destruída, e não foi”. O
grande sinal de Jonas: a conversão. E não foi esse o grande sinal de Jesus? Não foi essa a grande palavra de
Jesus? “Convertei-vos ao evangelho”. Mas nós ainda estamos pensando que essa conversão quem sabe seja
para esses judeus, para os pagãos.
Foi a cena de abertura do Concílio Vaticano II. Imaginem, na Basílica de São Pedro, mais de três mil padres e
bispos, vestidos à caráter como um bispo se vestia quarenta anos atrás. E entra o Papa João XXIII rindo, e
disse: “Meus irmão do episcopado do mundo inteiro, peçamos a Deus, a graça da nossa conversão”. Quando
ele falou isso, teve bispo que desmaiou, teve bispo que se levantou e saiu. Pensaram: Esse papa está é doido.
Conversão nós? Nós somos sucessores dos apóstolos, quem precisa se converter são os judeus, os pagãos”.
Viraram as costas para o papa. Fundaram religiões paralelas.
Porque quando falamos em conversão, achamos que é problemas dos outros. E esse sinal de Jonas e de Jesus é
para nós. Ou nós mudamos a nossa vida, ou nós vamos colher a destruição que nós estamos plantando. E o
encardido está adubando o quanto pode. E eu vejo isso como algo muito sério.
E é uma pena que não estamos prestando atenção a esses sinais, que o papa deixou muito claro. Quando no dia
treze de maio, em Fátima, na beatificação de duas crianças, o papa mandou que se comunicasse o terceiro
segredo de Fátima. E teve gente que achou pouco. Há quanto tempo João Paulo veio preparando a igreja e o
mundo para essa revelação? Ou vocês acham que o terceiro segredo é que pura e simplesmente o papa ter
levado um tiro? Se fosse isso o papa tinha avisado no dia seguinte, pois ele não morreu. Mas o papa viu algo
muito mais sério, e ele está falando isso com dificuldade na sua voz, com dificuldades físicas, mas está
percorrendo o mundo inteiro para gritar isso, mas parece que o mundo está com os olhos e os ouvidos fechados
para perceber a seriedade da mensagem que Deus está nos dando, dos sinais de Jonas que nós estamos tendo
hoje, para a igreja e para o mundo. A começar quando o papa, dois meses antes, do dia doze de março, vestido
de papa, se apresenta diante do mundo inteiro, assumindo a sua missão de chefe da nossa igreja, e pede perdão,
se humilha, por erros que ele não cometeu, mas erros de toda a igreja. Ele teve a coragem, de enquanto o
mundo vive acusando os outros de fazerem coisas erradas, se apresentar ao mundo, em nome da igreja, pedir
perdão.
Em seguida, ele vai à Terra Santa, vai peregrinar na terra de Jesus, e ali ele faz gestos. Que coisa
impressionante o que João Paulo II foi fazer em Jerusalém, foi dizer para os judeus que eles são nossos irmãos
maiores, que a nossa fé vem deles, e pediu perdão por todo erro que em nome do catolicismo foi feito ou dito
contra os senhores. E o papa foi até o Muro das Lamentações, e a única coisa que sobrou do tempo de Salomão
é esse muro onde os judeus vão para chorar e lamentar, e diante dele estão seis grandes estrelas de Davi, para
lembrar os seis milhões de judeus que morreram sem ver aquele muro, e o papa vai até o muro e coloca um
pedacinho de papel, onde estava escrito na língua deles: shalom, paz. Não vai existir nenhum gesto desse
tamanho.
E o papa celebrou uma missa no Monte das Bem Aventuranças, para o maior número de pessoas, e contou
uma história:
Eu era um padre novo, e um dia chegou até mim uma senhora, trazendo-me um menino, para que o batizasse.
E eu perguntei:
_ Por que o batizar se ele já está crescido?
_ Esse menino não é meu filho, ele é filho de um casal de judeus que foi condenado ao campo de
concentração. E a mãe dele me entregou o menino e me pediu que eu o educasse na fé.
_ Nós não podemos batizar esse menino.
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_ Mas por que esse preconceito? Só porque ele é judeu?
_ Não filha, não é preconceito, ele deve ser educado na fé judaica e a senhora na fé católica.
E a encaminhei para que o entregasse ao rabino.
Talvez aquela senhora pensou que por eu ser um padre novo, não quisesse trabalhar, mas eu digo a vocês, eu
sentia já ali, naquela idade, a necessidade de respeitarmos um a religião do outro.
E o povo judeu ficou impressionado com aquela fala, o aplaudiram demoradamente.
Aquele menino cresceu, é um senhor respeitado em Israel, e estava assistindo pela televisão. Entrou em
contato com o governo de Israel, e no dia seguinte, antes do papa ter o seu encontro público, esse senhor
beijou emocionadamente as mãos de João Paulo II.
João Paulo volta de Israel para Roma, ano santo, ano de conversão, no Domingo da oitava da Páscoa, um
grande sinal para o mundo, o papa decreta o dia da Divina Misericórdia. Ensinando ao mundo que nós
precisamos experimentar essa misericórdia de Deus com urgência. E apresenta para o mundo, a primeira santa
do ano da redenção, uma menina, que com vinte anos de idade, largou tudo, e se consagrou, para ir trabalhar
numa congregação religiosa que cuidava de moças prostituídas. E essa menina, que fez a linda experiência, da
misericórdia de Deus no coração de Jesus, que flui dois grandes rios, azul e vermelho, água e sangue, que
jorram do coração de Jesus. Essa menina morre aos trinta e três anos de idade, a mesma idade de Jesus,
anunciando ao mundo, a divina misericórdia. Ganha a igreja, o grande modelo de santidade, Irmã Maria
Faustina Covalsca.
O papa estava preparando o terreno, para no dia 13 de maio, revelar esse terceiro segredo. Eu vejo aqui um
grande sinal, esse grande convite de conversão não é acidental, essa caminhada feita pelo papa e convidando o
povo para fazer, e lutar por uma sociedade nova, por uma igreja nova.
Se lermos esses sinais, João Paulo está nos dizendo algo muito: quem está com essa arma de fogo é o demônio.
A arma de fogo simboliza o demônio porque assim como a serpente fica escondida no meio do mato, pronta
para dar o bote, a pessoa com aquela arma de fogo podia estar escondida numa árvore, lá de longe, e atirar em
mim, e eu não veria. A simbologia de levar o tiro da arma de fogo, de levar o tiro de onde você não sabe, é que
o demônio está nos olhando, o demônio está nos observando, tentando descobrir onde é o nosso ponto fraco,
para nos derrubar.
E depois de ter beatificado duas crianças, ele disse: “É hora de educarmos nossas crianças, nossos jovens,
nossas, mulheres, a família pra Deus. Ou isso acontece, ou todos nós seremos destruídos”.
E esse é um grande sinal que podemos ver hoje. O encardido tem armas apontadas o tempo todo, contra a
família, e de modo especial contra as famílias. Veja os filmes e programas de televisão, os desenhos animados.
Por que hoje estamos criando essa raça de crianças rebeldes, que não obedecem seus pais? Jovens que vão se
rebelando, porque quando crianças foram criados soltos. Para impor obediência, ordem, tem que estar
presente, tem que ter amor, e infelizmente a maioria dos pais nõ tem mais tempo para isso, pois estão tão
ocupados em deixar herança para o filho, em dar o melhor sapato, a melhor roupa, que esquecem de dar amor,
que é a única herança que o encardido não pode tirar. O resto ele tira tudo.
O papa está nos mostrando que há uma arma apontada contra os sacerdotes, e ele mostrou isso nesse grande
jubileu dos padres. Que nós precisamos viver a unidade da igreja, que não existe padre melhor ou pior, cada
um tem o seu jeito de ser, mas todos precisam ser homens cheios do amor de Deus, revestidos da misericórdia
de Deus. É a igreja que precisa dessa nova evangelização, dessa restauração. E isso é difícil!
No Brasil tem quinze mil padres, sete mil ex-padres. Começar uma coisa é muito fácil, difícil é perseverar.
Mas só quem perseverar será salvo. É difícil viver a santidade do matrimônio? E fácil viver como um jovem
que tem coragem de dizer não a toda esta prostituição, pornografia, drogas violências. Não é fácil, e sem essa
força do Espírito Santo nós vamos cair. Quando o papa disse que foi Nossa Senhora que puxou a bala, e por
isso ele pegou aquela bala e entregou para o bispo de Fátima. E o bispo mandou colocar a bala que atingiu o
papa na coroa de Nossa Senhora. Na mesma hora eu lembrei daquele texto de apocalipse 12, da mulher
revestida de sol. O encardido está nos enganando, e você está deixando ele entrar dentro da sua casa através
dessas novelas prostituidoras, desses filmes que destroem, programas de televisão que precisam mostrar
sempre a mulher pelada. Ou fazem o povo rir mostrando a desgraça dos outros, humilhando pessoas. Como é
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gostoso rir do tombo que o outro caiu. Porque não é seu pai, sua mãe, seu filho, pois se fosse você correria
para levantar. Vai criando uma insensibilidade, e quem ri com isso está participando essa premonição
demoníaca que está por trás de tudo isso. Alguma vez você que é carismático rezou por aquela pessoa que
passou por uma humilhação? E depois não sabem por que as coisas não vão bem na sua vida. Eu sei. Nós
precisamos desse sinal.
O demônio quer que você fique olhando para suas qualidades defeituosas. Se cada um de nós tivermos a
coragem de investir naquilo que é de Deus. Aquilo que não é dele desaparece, aquilo que não é dele vai cair
por terra. Mas é preciso perceber quais os sinais que Deus está dando na sua vida.
Quais os sinais que nós estamos deixando entrar dentro da nossa casa?
Eu vivo com jovens dependentes de droga, de álcool, de maconha, mas o mais triste é ver famílias dependentes
de novela. Porque é muito pior do que a cocaína, muito pior do que a Aids, que podem matar meu corpo, vai
morrer mesmo. Mas uma novela dessa mata o espírito, e mata o espírito de muita gente. Porque vai semeando
a discórdia, a imoralidade.
Vai precisar de muita Bethânia para nos desintoxicar dessas prostituições que entram em nossa casa através da
televisão.
O grande sinal de Jesus para nós é esse: se nós nos convertermos, se nós mudarmos de vida, Nínive não será
destruída.
Pode ser que você esteja no fundo do poço, mas o amor de Deus vai muito mais profundo do que o seu pecado,
a sua miséria. A sua família não será destruída se você ouvir esse sinal de Deus.
Estava tudo certo quando o rapaz pegou aquela arma e atirou no papa, mas como o papa disse, Nossa Senhora
estava lá, e eu tenho certeza que Nossa Senhora está também com a mão em frente a porta da sua casa. Muitas
vezes ela está com a mão no controle remoto a sua televisão, mas você tira o controle da mão dela, porque está
viciado no pecado. Porque você não tem coragem de renunciar tudo que o encardido oferece.
Mas você precisa dizer: “Eu não quero mais deixar-me contaminar pelas artimanhas do encardido”. O que
você precisa jogar fora da sua vida? A hora é agora, essa é a hora da graça.
A necessidade da cura interior
Pedro tomou a Palavra e disse: “Explica-nos essa parábola?” Jesus respondeu: “Também vós ainda não
entendeis, não compreendeis que tudo que entra pela boca, vai ao estômago e depois é evacuado na fossa. Mas
o que sai da boca vêm do coração, e isso é que o torna impuro. È do coração que saem as más intenções:
homicídios, adultérios, imoralidade sexual, roubos falsos testemunhos, calúnias. Isso é que torna alguém
impuro.” (Mt 15,20a
).
Veja que maravilha a tradução da bíblia da CNBB, sem dúvida é uma das melhores traduções que nós
católicos, temos a graça de ter em mãos. Até porque foi assumida pelas sete editoras católicas. O contexto
dessa passagem nos ensina muito a respeito da cura interior, de modo especial a cura das mágoas e dos
ressentimentos. O evangelho nos diz que Jesus fez um chicote. Foi intencional, ele fez o chicote, e ele entrou
no templo com aquele chicote que tinha feito, derrubou as mesas dos cambistas, gritou com os vendedores e
expulsou, porque o zelo pela casa do Pai devora o seu coração. E por que será que Jesus agiu dessa forma, de
modo tão violento. Por que será que a imagem de Jesus que aparece no capítulo 2 de São João, é de um Jesus
tão diferente daquele que muitas vezes nós estamos acostumados a enxergar? Ora, se aquilo não foi um
descontrole emocional, porque se Jesus tivesse pego uma vara que estivesse ali perto, alguém poderia dizer
que foi um momento de fraqueza, ou um descontrole. Mas São João, o homem que levou sessenta anos para
escrever o evangelho e que pensou e repensou em cada detalhe do evangelho. Cada texto do evangelho de São
João tem uma riqueza profunda nos detalhes, ele não quis pura e simplesmente reproduzir o que os outros
evangelistas tinham escrito. Ao dizer para nós que Jesus fez com suas próprias mãos o chicote, ele quis nos
dizer que Jesus estava muito consciente daquilo que fez. E se com tamanha consciência, Jesus, o filho de Deus,
no lugar mais importante para o seu povo, que era o templo, é capaz de ter uma atitude dessa, é porque tem
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que ter uma causa muito séria. E qual é essa causa? A cura interior. É fabuloso quando nós entendemos que
nem diante de doenças gravíssimas o Senhor teve atitudes tão sérias. E por que ele teve essa atitude tão séria?
O capítulo 15 de Mateus nos ensina porque ele está no mesmo contexto de João capítulo 2. Assim como
Marcos capítulo 7, Lucas capítulo 6, são textos que se comparam o contexto é o mesmo. E nesse capítulo de
Mateus a partir do capítulo 15, quando Pedro pede a Jesus para explicar essa parábola. E essa parábola era
quando Jesus estava dizendo que o que torna o ser humano impuro não é aquilo que ele come. Jesus falou isso
porque os fariseus viviam de aparências. O capítulo 15,2-3 começa dizendo que os fariseus e os escribas
dirigiram-se a Jesus perguntando: “Por que os seus discípulos desobedecem às tradições dos antigos? Por que
não lavam as mãos antes de comer?”. Eles estavam preocupados com normas aparentes. Mas Jesus disse: “Isso
não tem importância, porque o que você come entra pela boca vai ao estômago, e depois é evacuado na fossa”.
E é essa mesma a tradução da bíblia CNBB. Quer tradução mais explícita?
Mas o que contamina o ser humano não é aquilo que está na aparência, mas sim aquilo que vem do coração. E
é interessante, que no capítulo 12, quando os discípulos chegaram para Jesus e perguntaram: “Soubesse que os
fariseus ficaram indignados quando ouviram tuas palavras?” Jesus respondeu: “Toda planta que não foi
plantada pelo meu pai será arrancada, deixai-os, são cegos guiando cegos”. Hora se um cego guia outro cego,
os dois caem no buraco. E foi aí que Pedro falou: “Senhor, se a coisa é tão séria assim, então nos explica essa
parábola?”. Aí nos entendemos porque Jesus foi tão violento e com atitudes tão determinadas como fazer o
chicote, derrubar as mesas, brigar, e espalhar pelo chão as coisas. Porque trata de salvar o ser humano. A cura
interior não é um momento de emocionalismo barato. A cura interior é uma oração de rebeldia e recusa às
ciladas do encardido. Porque ele é o pai da mentira, ele é o senhor da inveja, ele é o autor do pecado e é o
derrotado dos derrotados, porque pela inveja que ele tem do ser humano ele quer jogar o ser humano no
buraco. Então ele quer contaminar o ser humano, mas nós não nos contaminamos pelas coisas exteriores. Jesus
diz que nós nos contaminamos a partir de um coração ferido, um coração machucado, um coração que não
ama, e que isso é fonte de desgraça, de sofrimento e de morte. A razão pela qual o mundo está vivendo tudo
que está vivendo. A razão pela qual nós sofremos é que nós temos corações feridos e machucados. E o Senhor
quer curar nosso coração.
O ministério da cura interior em Jesus é tão fundamental, que é o único ministério que ele realiza antes de
nascer, no nascimento, depois de nascer, na infância e adolescência, na juventude, na idade adulta, na morte e
depois da morte. Jesus tinha tanta pressa de curar o coração da humanidade que antes de nascer ele já exerce o
seu ministério. Quando Maria vai visitar Isabel, Jesus estava na barriga de Maria, e nessa visita Jesus cura o
coração de Isabel e cura João Batista na barriga da mãe dele. Pois aquela criança não podia herdar da mãe os
ressentimentos. Porque Isabel era uma senhora estéril e carregou durante muitos anos mágoas e ressentimentos
até mesmo contra Deus, porque não podia ter um filho. Isso que a psicologia moderna descobriu há quarenta
ou cinqüenta anos, a bíblia fala já há mais de dois mil anos, e ainda não faz só um diagnóstico do problema.
Porque a psicologia pode nos ajudar muito, mas somente nos ajuda a fazer um bom diagnóstico do problema,
pode até nos ajudar a compreender o problema, mas não passa disso, porque não cura. Jesus é o único que
pode ir à raiz do problema, porque ele é a expiação de Deus, ele é o perdão de Deus, e ele é também o nosso
Salvador. Isso é muito importante.
Quando o Vaticano fez uma séria advertência à teologia da libertação, ele o fez porque muitas vezes os
chamados teólogos da libertação estavam apresentando um Jesus Cristo puramente libertador social. E a igreja
foi severa e disse: “Isso está errado!”. Jesus não é aquele que vem só ajudar-nos a se organizar socialmente.
Pois hoje eu diria que está na hora da igreja mandar uma carta a muitos católicos que pregam um Cristo
intimista, como se fosse o meu terapeuta, o cristo da Nova Era. A Nova Era não vai contra Jesus no sentido
histórico de falar mal dela. A Nova Era quer mostrar um Jesus da era de aquários. E quem é esse Jesus da era
de aquários? O Jesus da era de aquários é um profeta poético, é um cara que ensina parábolas bonitas, é um
precursor do Paulo Coelho ou coisa que se valha. É alguém que sabe falar palavras bonitas e leva você a
momentos emocionais. Esse não é o nosso Jesus Cristo apresentado no evangelho, esse não é o Jesus Cristo da
cura interior. O Jesus Cristo da cura interior não é o Jesus Cristo da auto-ajuda. É o Jesus Cristo da rebelião, é
o Jesus Cristo que arma um chicote para nos dizer que o primeiro passo para que possamos expulsar do
coração a raiz disso que está nos contaminando é fazer também um chicote.
Como era dolorido quando mamãe nos mandava ir no mato arrumar um galho de pitangueira para depois com
ele apanhar. E se trouxesse um muito pequeno apanhava com aquele, depois tinha que buscar outro.
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Tinha um rapazinho que saiu da escola correndo muito. Então um senhor perguntou:
_ Menino, por que você está correndo tanto?
_ É porque saiu o boletim, eu vou mostrar para minha mãe.
_ Que beleza! Nota boa não é?
_ Boa nada, tudo vermelho em meu boletim .
_ Mas você está correndo para mostrar para sua mãe? Ela não vai ficar aborrecida?
_ Minha mãe vai me dar uma surra.
_ Menino vem aqui que eu vou levar você para o nosso grupo de oração, para fazer para você uma oração de
cura para você. Você deve ter algum problema mental. Você sabe que sua mãe vai bater em você. E mesmo
assim você está indo para casa correndo?
_ Estou sim.
_ Você não deve estar muito bom da cabeça. Onde já se viu, você querer chegar logo em casa para poder
apanhar?
_ Não! Eu só quero chegar antes do meu pai, porque se eu estiver em casa, é ele quem vai me dar a surra.
Então é duro você ter que ir buscar o chicote. Mas Jesus disse que tem que fazer um chicote. E o que significa
fazer esse chicote? E um chicote de cordas é um monte de coisinhas que você tem que ir juntando, amarrando,
e trançando. Isso quer dizer que eu tenho que fazer um exame da minha consciência, eu tenho que amar esse
chicote e descobrir onde estão as minhas áreas fracas. Aonde que eu sou limitado, e em que áreas eu percebo a
minha fraqueza.
Muitas vezes, quando ouvimos falar em santidade, logo pensamos que para ser santo é preciso morar em um
mosteiro, ou em um carmelo, ou para ser santo é preciso se afastar do mundo. Por que sempre escutamos a
expressão ”quando eu estava no mundo, é preciso sair do mundo”. Porque no dia-a-dia, nós já descobrimos
que é muito fácil ser santo sozinho. Mas, ser santo convivendo com determinadas pessoas, ser santo em nossa
casa, ser santo morando ao lado daquele vizinho, ser santo tendo a sogra que tenho. “Ah padre, você fala
bonito, padre Jonas fala bonito, eu queria ver se vocês tivessem uma sogra igual a minha”. E a sogra deve estar
dizendo lá em outro padre: “Eu queria ver se você tivesse uma nora igual a minha”.
É preciso fazer um diagnóstico para saber quais as áreas da minha vida que sou fraco, e isso é duro demais.
Por que os fariseus ficaram bravos com Jesus? Porque tinham que tirar a máscara e reconhecer. E o
arrependimento, que é o primeiro passo da cura interior é muito doloroso, e não é fácil. Eu me preocupo desde
que o Senhor me chamou no ministério de cura interior e tenho medo das pessoas confundirem cura interior
com auto-ajuda, com coisas mágicas.
Como uma moça que entrou em uma livraria e lá viu: “Seção de auto-ajuda”. Imediatamente aquilo chamou
sua atenção, e lá tinha um livro que logo pegou com as quatro mãos na hora, de tão impressionada que ficou,
pois o título do livro era: “Resolva todos os seus problemas”. Ela já estava com o livro na mão para pagar e
perguntou para o vendedor:
_ Escuta, você já leu esse livro?
_ Já, eu li sim.
_ É verdade que ele resolve todos os meus problemas?
_ Eu vou ser honesto com você, eu não diria que ele resolve todos os seus problemas, mas eu diria que ele
resolve pelo menos a metade dos seus problemas.
_ Então me dê dois por favor!
Eu tenho medo das pessoas confundirem cura interior com preguiça espiritual, ou cura interior com
uma vida muito fácil. “Ah Senhor, eu estou tão bem, que paz eu estou sentindo”.
Outro dia eu recebi uma família amiga que tinham perdido um filho de dezenove anos, e eles foram até lá em
casa pedir que eu fizesse uma oração por eles porque eles estavam sofrendo muito. Ficamos muito tempo
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conversando, eu tentando mostrar a eles que se eu fosse fazer uma oração, eu ia pedir a Deus para que eles
sofressem mais. Um pai e uma mãe que perdem um filho de dezenove anos de idade, e não querem sentir
nada!
Hoje nós não aprendemos a trabalhar os sentimentos, e isso é um problema muito sério. Sabe por quê? A única
coisa que revela quem você de fato é, são os seus sentimentos. As minhas idéias não refletem quem eu sou. Eu
posso estar falando convictamente sobre algumas idéias que eu li em um livro. Não têm esses políticos que
têm assessoria de imprensa, eles têm pessoas que preparam o texto, eles dão uma olhada no texto e se tiver
facilidade de memorizar, pronto! Eu posso fazer um longo e bonito discurso, mas eu não estou mostrando
quem eu sou. Pode ser idéias de outras pessoas que eu li e decorei. Quando eu tenho a graça de revelar os meus
sentimentos, eu estou mostrando quem eu sou.
Não é ouvindo uma música de uma pessoa que você o conhece, pois ele pode ter ido a um estúdio e gravado
cada palavra, depois eles colocaram um aparelho chamado Prótus, aquilo acertou a voz dele e ficou uma
beleza. Pode ser até alguém com voz parecida que canta no lugar dele. Muitos artistas famosos fazem isso.
“Ah, eu conheço fulano, eu li um livro dele”. Talvez o livro não seja dele, porque se você copiar o livro de
alguém, você pode ir preso por crime aos direitos autorais, mas se você copiar de diversos autores, você ganha
diploma de Doutor, porque você fez uma ampla pesquisa. Sabe quando eu conheço a pessoa? Quando eu tenho
a graça de partilhar os seus sentimentos, porque nos sentimentos, nós não temos como fingir. É por isso que a
mulher diz: “Padre, meu marido é terrível, lá no serviço, precisa ver padre, ele é alegre com todos, está sempre
rindo, mas quando ele chega em casa, ele entra já dando coices, e com aquela cara emburrada”. Talvez seja o
único lugar que ele pode tirar a máscara.
Por que o encardido faz através da televisão principalmente através das novelas, uma campanha contra a
família? É porque a família é o único lugar que você pode ser você mesmo. E a coisa mais gostosa do mundo é
quando vamos à nossa casa. Eu, quando fiquei padre, pedi para não ser chamado de padre dentro da minha
casa. Antes de eu ser padre, eu sou filho do Quinzinho e da Nazaré, eu tenho que tomar a bênção de meu pai e
de minha mãe, lá eu posso andar sem clesma, lá eu sou filho. A comunidade Bethânia também é a minha casa,
e lá também é a mesma coisa. A minha alegria é quando um filho me chama de Léo ou de pai. Porque nós
precisamos de um lugar aonde possamos tirar nossas máscaras, inclusive as máscaras boas onde podemos ser
nós mesmos. E esse lugar privilegiado é a família, e a comunidade, por isso o encardido luta contra a família, e
tenta criar fami-ilhas, onde cada um fica em seu cômodo para não deixar vir à tona os seus sentimentos.
Você já percebeu quantos remédios existem para mudar os sentimentos? Se você quer alegria, tome prosac,
pode acontecer qualquer coisa, você continua alegre. Não estou falando de pessoas que estão doentes e
precisam fazer tratamento. Estou falando do uso desses remédios em qualquer situação. Quando morre uma
pessoa, para dar a notícia, primeiro dão um comprimido para as pessoas da família.
No velório é o melhor lugar para ver quando a pessoa ama de verdade, se a pessoa estiver se descabelando,
fazendo escândalos, pode ter certeza, é peso de consciência. A pessoa do coração curado sofre, mas é
diferente.
Quando meu irmão mais velho morreu, uma morte absurda e estúpida, morreu de besta, porque bebia
muito e não quis parar de beber. Dodô morreu com 44 anos de idade, e como dizia papai, mãe nenhuma cria
filho para morrer. A morte dói, e muitos de nós pensávamos: Como será que mamãe vai reagir? Porque ela
sempre foi muito amorosa conosco, e nossa família sempre foi muito unida. Como a capela fica ao lado da
Santa Casa, se for preciso, chamamos um médico, porque dona Nazaré não vai agüentar. Levamos o corpo,
quatro e meia da manhã cheguei em Itajubá, telefonei, trouxeram mamãe. Eu fui buscar ela, e papai na porta da
capela, mamãe segurou em meu braço chorando, e mamãe chegou no lado do caixão, deu um beijo na testa do
Dodô, e em silêncio Dona Nazaré enfiou a mão no bolso, tirou o terço, e começou: “Creio em Deus Pai todo
poderoso, Criador do céu e da terra...”. Entende o que é coração curado? Ali eu entendi melhor ainda a mãe
que eu tenho. A fé é sentimento, é emoção, mas não é aquela emoção descabelada desse povo que em vida não
escreve nem um bilhete um para o outro, e depois que morre vai atrás dessas antas que têm por aí, para ver se
manda alguma carta psicografada para a pessoa. É burro! Porque vejam, se o sujeito não sabe nem o endereço
da casa dele para mandar a carta. O sujeito em vida nunca foi naquele lugar, depois de morto como é que ele
acha aquele endereço. Têm pessoas que são bestas, e têm pessoas que parecem que gostam de ser bestas.
Como é que você viveu sua vida?
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O encardido quer destruir nossos relacionamentos, e aqui está a seriedade do problema. Jesus não ia pegar o
chicote só por isso, Jesus não é só um psicologozinho não. Jesus não veio ensinar uma terapia de auto-ajuda.
Jesus é Salvador, e quando ele fala da necessidade da cura interior ele está falando. E ele está nascendo e
morrendo por isso por quê? Porque a pessoa que não permitiu que o Espírito Santo fizesse a cura de seu
coração, essa pessoa já comprou um ingresso carimbado de primeira classe para o inferno, e isso é muito
grave. E foi Jesus que falou isso em todas as listas de pecados como essa de Mateus 15, Marcos capítulo 7,
Lucas capítulo 6, Gálatas capítulo 5, Efésios capítulo 4, I Coríntios capítulo 3 e tantos outros textos.
A Carta de Tito inteira, I de São João inteira, em todas elas há uma certeza: Quem não ama vai para o inferno.
Quem não ama não pode ir para o céu, e já começa a criar o inferno e vivê-lo aqui. Olha o que Jesus falou:
João capítulo 13, 34-35, e isso está em meu livro Cura interior. “Isto saberá o mundo que vocês são meus, se
viverem o amor”. Qual é a carteira de identidade do cristão? O amor. E amar quem? A Deus sobre todas as
coisas, com toda a tua força, com todo teu pensamento, e com todas as tuas emoções, com todo teus
sentimentos e com todo o teu corpo, e ao próximo como a ti mesmo. Você consegue fazer isso?
Talvez precisamos fazer igual aquele aluno quando o professor chegou com uma pilha de provas corrigidas
somente com notas: zero, um e dois. Ele falou: “Eu fiquei impressionado ao ver uma turma de alunos burros
na minha classe, o que adianta eu falar e explicar, se vocês são burros, o pior é que vocês não assumem que
são burros, e eu estou falando para o bem de vocês, deixem de ser burros, ao menos pelo amor de Deus
assumem que são burros. Mas eu quero ver se vocês têm essa coragem de assumir. O aluno que reconhecer
que é burro fique de pé”. Todos continuaram sentadinhos. “O aluno que reconhecer que é burro, por favor,
fique de pé, Vocês são burros e não aceitam que são burros?”. Genésio se levantou. O professor falou: “Muito
bem Genésio, ao menos você reconheceu que é burro. Genésio meu filho, o que levou você reconhecer que é
burro?” Genésio falou: “Professor, eu não acho que eu sou burro não, mas eu fiquei com dó de ver o senhor
sozinho em pé aí, por isso eu levantei”.
Por isso nunca devemos apontar para o outro com o dedo, porque quando você faz isso, você aponta um dedo
para a pessoa, um para Deus e três para você. Honestamente, você vive esse amor que Jesus está nos falando?
Eu não vivo, luto muito, mas não consigo, têm dias que é difícil para mim amar a mim mesmo. Têm dias que
eu levanto, lavo a minha cara e me dá vontade de xingar a mim mesmo. Por isso eu entendo vocês,
principalmente que são casados. Imagine se eu tenho dificuldade de viver comigo, e digo a vocês, se eu não
tivesse calos em meus joelhos, eu não agüentaria viver comigo. Se não é Deus com sua misericórdia, um dia
ter olhado para mim, o mundo ia me conhecer sim, mas por outras coisas. Eu sei que é muito difícil para nós
reconhecermos isso.
Em meu livro corações curados está escrito isso. A única coisa que nos impede de chegar em Deus não são os
nossos pecados. Pelos nossos pecados Jesus morreu na cruz. A única coisa que nos impede de chegar em Deus
é a máscara que nós colocamos, a casca que nós colocamos. Jesus disse: “Nisto o mundo saberá que vocês me
pertencem”. Você é católico? Você é cristão? Você sabia que noventa e sete por cento de todos os fumantes
são católicos? Tem um padre do Brasil que faz tese de doutorado de comunicação na Alemanha, e o tema dele
é cinema. E ele foi estudar através dos filmes de todos os gêneros possíveis, como é que o cinema fala de
Deus. Ele foi obrigado pelo estudo dele a assistir uma série de filmes pornográficos, e uma das coisas que mais
deixou ele triste, foi ver em quase todos os filmes pornográficos, um crucifixo em uma das paredes. Isso não é
um absurdo, isso é um retrato do nosso cristianismo fajuta, do nosso cristianismo que não nos compromete. O
mundo tem muitos heróis, mas o maior herói que existe no mundo, e o único que entra no céu, é aquele que
pela força do Espírito Santo aprende a dominar a si mesmo. É muito fácil dominar os outros, é muito fácil eu
mandar os outros. Difícil é mandar a si mesmo, e o único exemplo é Maria de Nazaré. Ela conseguiu mandar
em si mesma, quando ela disse: “Eis aqui a serva do Senhor”. E por isso, o encontro de Deus com Maria, e o
encontro de Deus com Eva é completamente diferente. O encontro de Deus com Eva foi num paraíso, em um
lugar maravilhoso. O encontro de Deus com Maria foi em uma casinha simples e pobre de Nazaré, de uma
menina que estava fazendo os preparativos para o seu casamento. Eva tinha cometido o pecado, e quando Deus
dá a chance de Eva voltar do pecado, ela inventa uma desculpa. Maria não tinha pecado, mas falou para Deus
que ela era fraca. “Como vai ser isso, pois eu não conheço nenhum homem”. Foi aí que Deus achou a porta
aberta para mudar a história da humanidade, porque achou um coração que era exatamente o contrário de Adão
e Eva, embora os três tenham sido concebidos sem pecado. Adão e Eva também foram concebidos sem
pecados. Maria na obediência: ”Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a sua Palavra”. Não
segundo a palavra da serpente, porque serpente não fala, não segundo as desculpas que o mundo me ensinou.
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Se você quer ser feliz do jeito de Maria você tem que obedecer do jeito de Maria, não tem outro jeito. Mas isso
não é fácil, cura interior não é fácil, cura interior é muito difícil, porque cura interior é um processo de uma
vida inteira, cura interior é cair e levantar, mas é preciso saber para onde vai. Para chegar a graça da cura
interior é preciso em primeiro lugar querer, e em segundo lugar revestir-se dessa força de Deus. Pó isso, por si
só, você não consegue. “Padre, eu queria perdoar, mas não consigo”. E não consegue mesmo, e às vezes que
conseguimos perdoar, não é perdão, é desculpa. Porque eu só consigo perdoar se a pessoa reconheceu seus
erros, se a pessoa pediu muitas desculpas. Então eu, num excesso de bondade, desculpo, mas deixo bem claro:
“que isso não se repita!”. Isso não é perdão. Perdoar é dar-se a quem não merece. É fácil isso? Mais do que
isso, perdoar é dar-se a quem não merece, acha que merece e ainda me ofende. É fácil? Pois perdoar é mais do
que isso. É dar-se a quem não merece, acha que merece, me ofende e ainda fala mal de mim para os outros. É
fácil? Só tem um jeito de perdoar, é deixando seu coração ser revestido pela ternura e pela misericórdia do
coração de Jesus. Esse é o segredo da cura interior, é o primeiro passo para a cura interior. Mas para que isso
aconteça é preciso saber onde eu quero chegar.
Você já deve ter visto na televisão quando eles mostram aqueles peixes que começam a nadar rio acima para
se reproduzirem. Peixe fraco não se reproduz. Para se reproduzir, e reproduzir muito, porque cada peixe
consegue reproduzir milhares de outros peixes, para isso é preciso ter coragem de nadar contra a corrente.
Você devia assistir um especial sobre a reprodução dos salmões. O salmão é um peixe que vive no mar, mas
ele nasce na água gelada do rio, e quando ele cresce ele começa descer pelo rio, pirambeiras, cachoeiras até
chegar no mar e ali ele vive três a quatro anos em média. Com essa idade está chegando o fim da vida dele, e o
final da vida dele é a hora da reprodução. Aí ele precisa sair do mar, achar o mesmo riacho, e começar nadar
riacho acima. E ele vai subindo, vencendo as resistências, vencendo os pescadores, até chegar lá em cima, e
isso é um longo processo.
A cura interior é esse processo, se você não estiver disposto a iniciar esse processo, é bobagem, não vai
conseguir. Para iniciar esse processo, a primeira coisa, é saber onde eu quero chegar. Se você quer chegar no
céu, se você quer herdar o reino, se você quer viver a felicidade, o primeiro passo é querer chegar lá. Segundo
passo, absolutamente fundamental: você não pode dar ouvidos aqueles que estão em sua volta.
Era o aniversário do rei, e quando o rei fazia aniversário fazia uma grande festa para ser homenageado.
Gostava de ser aplaudido, gostava que o povo lhe trouxesse presentes. Por isso, organizava uma festa linda. O
principal dia da festa, que era no sábado, a festa era na praça principal da cidade que ficava em frente ao
palácio. E naquele ano, o rei fez uma brincadeira diferente. O rei mandou colocar um poste de cinqüenta
metros de altura. E nesse poste mandou colocar muita resina. Como nas festas juninas que tem o pau de sebo.
Aquele poste enorme ficou tão liso, que até um mosquito que batia nele escorregava, não grudava nada. E lá
em cima ele colocou uma caixa toda decorada com retratos de frutas, pedaços de carne, frango assado,
churrasco, e dentro da caixa dois vales brindes. Um valia alimentação para a família durante um ano no
supermercado. O outro vale brinde, era um pote de ouro no valor de um milhão de reais. Imagine quando
aquele povo começou a olhar aquela caixa com aqueles retratos de comidas lá em cima daquele poste. Quem
conseguisse subir no poste até na caixa, ganharia o prêmio. Então começou a luta para subir, a pessoa
começava subir, escorregava, caía, e o povo começava a gritar: “sobe, sobe, sobe...” Cada um que tentava
subir, caia, e vinha outro, caia também. Teve um, que pegou o celular e chamou o maior alpinista daquele país.
O homem que já tinha subido a torre do World Trad Center, antes de ter acontecido aquele probleminha. O
homem que já tinha escalado o Everest, e ainda tinha o título de alpinista urbano. Ele subia até paredes
daqueles prédios. A chegada dele foi solene. Aquela fortaleza de músculos em cima do carro de bombeiros,
com roupas especiais, sendo aplaudido. Ele chegou, pediu um momento de silêncio para se concentrar, se
concentrou, olhou o poste, e disse:
_ Difícil, mas não impossível.
Abraçou o poste e se firmou.
_ Sobe, sobe, sobe.
Ele começou a subir, foi uns dez metros, de repente... TUM.
_ É, é mais difícil do que eu pensava, mas na vida precisamos levantar quando caímos. Vou me concentrar
melhor.
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Ele conseguiu uns quinze metros, ali começou a deslizar, parecia aqueles carros em estrada de terra, quanto
mais gira, mais afunda. Ele caiu e aí se sentiu humilhado, pois todo mundo que cai é humilhado, o derrotado
sempre quer alguém junto lá no fundo. Ele subiu em cima de um caixotezinho e falou:
_ Com toda experiência que eu tenho, todos os meus títulos em jogo, eu digo a vocês, a aerodinâmica desse
poste, já que o seu diâmetro, na sua área, a hipotenusa não corresponde a altura do cateto ao quadrado, a força
é igual a mx2, 37 tirando o pi, digo a vocês, ninguém sobe, e digo mais, não como esportista, mas como
cidadão, que me senti ofendido, porque não foi só eu que caí, porque eu já caí muitas vezes. Mas o que eu vejo
aqui é uma afronta de sua majestade a cada um dos senhores e senhoras. Esse rei está é tirando um pêlo da
nossa cara. Ele mandou fazer esse poste, e deve ter usado uma resina especial, porque ele é financiado pela
empresa da Petrobrás, e garanto a vocês, ele deve estar lá no palácio de binóculo para cá, e rachando o bico de
dar risadas de nós. Vocês acham que o rei ia dar de mão beijada um milhão de dólares? Vocês acham que o rei
ia dar de mão beijada toda essa comida? Eu tenho uma saída: Abaixar o poste. Se esse poste não for abaixado
dezessete metros, ninguém sobe. Vamos fazer uma manifestação ou uma passeata, vamos todos juntos gritar:
Abaixe o poste.
E no meio daquela baderna chegou um mineirinho, magrinho, sem camisa, dava pra ver o raio xis completo,
descalço, com unhas sem cortar. O rapazinho olhou no poste, trançou as pernas, parecia uma lagartixa, e
começou subir. E o povo gritava:
_ Desce, desce, ninguém consegue, desce, abaixe o poste.
E ele foi subindo. Subiu uns quinze metros, caiu também, mas ele caiu de bruços naquela areia, esfolou e
grudou a areia, no que ele foi passar a mão para tirar a areia, percebeu que estava áspero, abaixou de novo, se
sujou bem na areia, passou também as mãos na areia, fez um bife à milanesa. E de novo começou a subir,
carcando aquelas unhas no poste e o povo gritando:
_ Abaixa, desce, não consegue, não consegue.
E o menino foi subindo, subindo, o povo silenciou quando viu o menino segurando aquela caixa. Ele nem
conseguiu segurar, a caixa caiu, mas ele chegou no chão primeiro que a caixa. Pegou aquela caixa cheia de
comidas, colocou nas costas e foi embora.
_ Eu preciso conhecer esse menino, porque ele tem técnicas, que eu em todos os meus anos de estudo e
aprofundamento não tenho, o alpinismo mundial não descobriu.
Embarcou dentro de um carro chique e foi atrás do menino. O menino morava em uma favela, chegou
lá, já tinha uma festa. Já tinham chego os tios, os vizinhos, estavam comendo, bebendo. Chegando lá ele disse:
_ Eu queria falar com o pai do garoto prodígio.
_ Não é prodígio não, é Valdemar o nome dele.
_ Eu queria falar com o pai do senhor Valdemar.
_ Ah, sou eu o pai de Valdemar.
_ Eu sou alpinista.
_ É, eu já vi o senhor na televisão, você sobe lá umas ladeiras, parabéns.
_ Eu fiquei impressionado com a técnica do seu filho, eu vim aqui porque eu quero pagar uma bolsa de
estudos, e gostaria de patrocinar o menino, e eu quero descobrir qual foi o segredo que levou esse menino a
subir daquele jeito naquele poste.
_ Existem dois segredos, primeiro é a fome. Essa é a primeira refeição que nós temos aqui em casa hoje.
Quando esse menino viu que tinha comida lá dentro, ninguém segurou mais ele.
_ Mas aquela pressão popular? Eram muitas pessoas gritando para que ele desistisse. O que levou esse menino
a ser firme e não dar ouvidos a multidão?
_ Aí é o segundo segredo, esse rapazinho teve a graça de Deus de ter nascido surdo.
A cura interior exige duas coisas. Primeiro a fome, no dia em que a sua fome de Deus for maior do que
qualquer outra fome, como fome de comida, fome de dinheiro, de aplausos, fome de sucessos. E no dia em que
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você tiver a graça de Deus de tornar-se uma pessoa surda como Maria, que guardava as coisas em seu coração.
Surdos a todos burburinhos que o mundo nos faz, surdos a essas novelas, a essas músicas. Surdos aos
discursos da Nova Era, que prega uma felicidade fácil. É preciso fechar os ouvidos a esses barulhos que há no
mundo. E é preciso ter uma fome esganada de encontrar-se com Deus. E quando nós conseguimos isso, é certo
que demos o primeiro passo para que Deus realiza em nós aquilo que ele quer realizar, porque Deus nos criou
para que sejamos felizes e curados. Mas não é fácil. Fácil é ir para o inferno, porque o caminho do inferno é
largo, e é descida. O caminho do céu é estreito, e é subida, mas é possível chegar lá. E a grande definição de
cura interior, é seguir Jesus, ser uma pessoa do coração curado é ter a coragem de segui-lo.
Não se perturbe o vosso coração
Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos! Seja a vossa amabilidade conhecida de todos os
homens. O Senhor está próximo. Não vos preocupeis com coisa alguma! Mas em toda ocasião apresentai a
Deus os vossos pedidos, em orações e súplicas, acompanhadas de ações de graça. E a paz de Deus, que supera
todo entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos no Cristo Jesus. Quanto aos meus
irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, digno de respeito ou justo, puro, amável, honroso com tudo o
que é virtude ou louvável, praticai o que de mim aprendestes e recebestes e ouvistes, ou em mim observastes, e
o Deus da paz estará convosco (Fil 4,4-9).
Esse texto é fabuloso demais, quando lemos Filipenses capítulo 4-4 dá-nos a impressão de que alguém
que nos escreveu, porque estava vivendo um momento espetacular de sua vida. Que situação você acha que
alguém escreveria isso que Paulo acabou de escrever para nós? “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito:
Alegrai-vos! Em todas as circunstâncias daí graças”. A primeira impressão é de alguém que esteja vivendo um
momento fantástico de sua vida. De alguém que esteja muito bem de saúde, de alguém que tem solução para
todos os problemas. E é aí que nós vemos o sentido dessa paz que se repete no início e no final do texto acima.
O Deus da paz que vai estar em sua vida e a paz de Deus que supera tudo vai estar na sua vida.
Essa Carta, não chega a ser uma carta, é quase um e-mail de tão pequeno que é. Qual é a palavra que mais se
repete nesses quatro capítulos? Quantas vezes? Nesses quatro capítulos Paulo fala dezesseis vezes na paz, ou
seja, ele repete e dobra a repetição em cada capítulo. Alguém que escreveu quatro capítulos curtinhos, repetir
dezesseis vezes essa ordem da alegria, só podia estar em que situação? Ele estava preso injustamente. Paulo
escreveu essa carta na cadeia, e uma cadeia injusta. Quando logo no inicio ele diz: A vós paz e graça da parte
de Deus. Dou graças a meu Deus cada vez que me lembro de vós em minhas orações, é com alegria que faço a
minha oração. Irmãos, faço questão de que saibais o seguinte: o que me aconteceu tem contribuído para o
progresso do evangelho. Com efeito, em todo o pretório e por toda a parte se ficou sabendo que eu estou na
prisão, mas estou na prisão por causa de Cristo. E a maioria dos irmãos encorajados no Senhor pela minha
prisão redobra a audácia proclamando sem medo a Palavra (Fil l,3-4;12-14). Aí nós entendemos de onde vem
essa força. E aí também nós entendemos o que é a paz. Quando ele diz: “Alegrai-vos sempre no Senhor.
Repito: Alegrai-vos. Seja a vossa amabilidade conhecida de todos”, e em todo o texto Paulo está afirmando
uma coisa pura e simples para cada um de nós. A paz tem nome, a paz é uma pessoa, e eu só chego a essa paz
a partir do momento que eu experimento uma pessoa, e jamais ela poderá vir de fora para dentro. Nada nem
ninguém que estejam fora de nós pode nos fazer felizes ou infelizes. Nada nem ninguém que esteja fora de nós
pode colocar ou tirar a nossa paz, porque a nossa paz tem que brotar de dentro, ela é fruto de uma experiência.
Paulo está vivendo aqui, aquilo que ele viveu nos Atos dos Apóstolos capítulo 16,16, quando ele está pelado,
todo machucado, meia-noite jogado lá no porão de uma prisão injusta. O que ele começa a fazer? Louvar o
Senhor, e ele cantava tão alto e tão forte que as grades da cadeia caíram. E ainda diz para o carcereiro: “Eu
estou aqui”, como quem diz o que me prende não são as grades. O carcereiro fica tão impressionado que pede
um pouco daquela alegria. E Paulo reza por ele ali na prisão. E se você ler com atenção, vai perceber que só no
final ele soube cuidar das feridas de Paulo, e põe a roupa em Paulo. Com dor, ferido e machucado. Nós
precisamos experimentar o que Paulo experimentou. É aquilo que Jesus disse no evangelho de São João no
capítulo 14 a partir do versículo 1: “Não se perturbe o vosso coração, credes em Deus, crede também em
mim”. “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não como o mundo dá. Mas tendes coragem. No mundo tereis
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preocupações. Não se perturbe vosso coração, nem tenhas medo! (Jô 14,l;27). E São João vai encerrar, logo
antes da oração sacerdotal de Jesus. “Eu vos disse essas coisas para que em mim tenhais a paz. No mundo
tereis aflições. Mas tendes coragem! Eu venci o mundo.” (Jo 16,33)
Se nós queremos ser semeadores da paz, precisamos ter essa convicção. Nada que nos aconteça de bom ou de
ruim pode tirar a nossa paz, quando sabemos aonde vamos. Quando passamos a olhar fatos isolados da nossa
vida, quando nos detemos nesses fatos e ficamos ali cavucando aquele fato e comentando a cada um que
chega. E você quer passar para o outro a emoção que você sentiu, mas como isso é impossível, você começa a
aumentar o fato. É daí que vem a história de que quem conta um ponto aumenta um ponto. E enquanto você
está contando a sua desgraça, a outra pessoa está tentando lembrar-se de uma dela pior para lhe contar. Se você
isola o problema na vida, você não vê a vida.
Havia um rei que era ateu. A maior raiva desse rei era um empregado carismático que ele tinha. Tudo que
acontecia o empregado dizia:
_ Deus seja louvado, Deus sabe o que faz e Deus é bom e maravilhoso.
_ Aquilo irritava o rei, mas ele era um bom empregado que defendia o rei. Era o segurança pessoal do rei.
Tudo que acontecia podia ser coisa boa ou ruim, ele sempre falava:
_ Muito obrigado Senhor, louvado seja Deus, aleluia, glória.
Um dia eles foram caçar. Estavam lá no meio do mato caçando, de repente uma fera atacou o rei.
_ Deus seja louvado, aleluia, Senhor!
_ Foi tocando a onça, mas não conseguiu impedir que a onça comece a ponta do dedo do rei. O rei ficou
furioso, e quando voltava para o palácio ainda teve que escutar ele:
_ Graças a Deus, louvado seja Deus que a onça foi embora.
_ Louvado seja Deus, porque o dedo não é seu. Queria ver se o dedo fosse seu.
O rei ficou muito nervoso, quando chegou em casa chamou os guardas e falou:
_ Pode prender esse homem, ele não me defendeu.
Mas todo dia lá na prisão ele estava louvando a Deus. O rei estava sossegado e tranqüilo, pois tinha tirado
aquele traste de sua vida. Passado o susto, alguns dias depois ele foi caçar de novo. Estava lá na selva um
bando de índios antropófagos, pegaram o rei.
_ Eu sou o rei, não podem fazer mal a mim.
Levaram o rei, apesar dos seus argumentos, puseram um caldeirão no fogo, começaram a dançar e gritar:
UUUU, UUUU. O rei já estava começando a rezar. Quando estava tudo pronto para o sacrifício chamaram um
sacerdote para examinar a oferenda, quando o sacerdote viu a falta do dedo.
_ Não serve para oferenda, falta dedo, carne de segunda, deus não aceita.
O rei foi para casa e começou pensar:
_O meu empregado tinha razão, como podia imaginar, se eu tivesse todos os dedos estava morto essa hora.
Bem que ele falou que Deus pode tirar muitas coisas boas a partir de uma coisa ruim. Eu fui injusto com
aquele homem.
O rei foi pessoalmente e com lágrimas nos olhos libertar aquele homem.
_ Eu queria pedir perdão ao senhor, eu fui injusto, o senhor tinha razão, vou falar uma verdade, quando eu
estava lá amarrado para ser sacrificado eu pensei nesse seu Deus, e pensei no jeito que o senhor rezava e
louvava, e aquilo mexeu muito comigo, e me arrependi. O senhor me perdoa?
_ O que é isso majestade! Deus seja louvado, que bom que o senhor está vivo, louvado seja Deus, Deus é bom.
_ Tem uma coisa que eu não entendo? Deus é injusto.
_ Que é isso seu rei! Você não pode falar um negócio desse de Deus. Deus é bom demais, Deus sabe o que faz,
e tudo concorre para o bem daqueles que amam Deus.
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_ Se Deus é tão bom, e o senhor acredita tanto nele, por que então esse Deus permitiu que o senhor ficasse
preso e injustamente?
_ Oh seu rei, eu queria muito louvar e agradecer a Deus, esse tempo de prisão foi muito bom para mim. Glória
a Deus, louvado seja Deus. Foi o tempo que eu precisei para me arrepender dos meus pecados, eu pude ler a
Palavra, eu tive sossego para rezar, eu fiz uma reflexão de toda minha vida e percebi quantas coisas eu preciso
mudar, eu vi o quanto Deus é maravilhoso e o quanto ele tem cuidado de minha vida.
_ Mas como o senhor me explica essa injustiça de Deus?
_ Olha seu rei, eu inclusive louvo muito a Deus, porque se não fosse a cadeia eu estava morto agora.
_ Morto!
_ Claro seu rei, meus dedos são perfeitos e se eu não estivesse preso, eu estava com o senhor, e se eles não
comeram o senhor eles comeriam a mim.
E é assim a vida, aquela prisão salvou a vida daquele homem. E Paulo está na prisão para ajudar salvar a vida
dele, a minha e a sua. Não foi a vontade dele. O próprio rei disse: Você esteve jogado em uma prisão
injustamente. Mas se você coloca sua vida nas mãos de Deus, mesmo que você seja aprisionado injustamente,
o nosso Deus é poderoso o suficiente para transformar até prisão injusta em uma fonte de vida e salvação para
você e para toda a sua família. Deus não permite o mal, o mal acontece pelo egoísmo humano, o mal é
provocado pela calúnia humana, o mal nós mesmos provocamos, com o nosso jeito de comer, de beber, o
nosso jeito de dormir.
A nossa ânsia de querer ganhar mais e mais, nos leva ao egoísmo humano, a vaidade e a prepotência. Quantos
absurdos se fazem no mundo? Quantas pessoas ricas que são infelizes? E muitas pessoas com tão pouco, mas
quando se unem conseguem realizar coisas maravilhosas. Ah, se cada um partilhasse um pouco mais do seu
dinheiro, do seu tempo, da sua inteligência. Viver da providência de Deus, não é viver na preguiça, é fazer a
sua parte e confiar em Deus.
Eu, muitas vezes falo para meus filhos em Bethânia que o que mata o pasto, não é o mata pasto, é a preguiça
de arranca-lo. Essa é a nossa parte, Deus faz a parte dele e eu preciso fazer a minha. Se eu quero ser semeador
de paz, a grande Palavra é: “Não se perturbe o vosso coração”. E esse “vosso” é para o meu sentido e o do
outro. E quem está me falando isso? Paulo? Não! Jesus. É Jesus que olha para mim e para você e diz: “Não se
perturbe o vosso coração”. Aconteceu uma desgraça? “Não se perturbe o vosso coração”. Primeira condição
para não se perturbar o coração: Pegue o seu passado e entregue nas mão de Deus, tudo que você já fez ou
deixou de fazer no passado, não volta mais.
O Rio Iguaçu vai pequenininho acolhendo as águas, porque a meta dela é chegar ao mar, ele não volta, se ele
voltar faz um estrago medonho. Se você quer ser semeador da paz, e se você quer fazer essa linda experiência
de não perturbar o coração. Perturbar é turbar por todo. “Ah padre, eu já fiz tantas coisas erradas, será que
Deus me perdoa?” Se você quer mesmo fazer a linda experiência de não perturbar seu coração, entregue seu
passado a Deus, mesmo que tenha experiências difíceis do passado. A grande ordem de Jesus é também para
os piores dos pecadores. É não olhe para trás. Não é por acaso que Jesus jamais, em nenhuma circunstância,
fez nenhuma pergunta sobre o passado de nenhuma pessoa, por pior que ela foi. Essa foi a experiência que
mais tocou meu coração de jovem e continua tocando meu coração de padre. Jesus nunca fez nenhuma
pergunta sobre o passado de ninguém, e olha que ele teve contato com pessoas muito pecadoras.
Imaginem o tamanho do pecado de Pedro. Pedro era papa, Jesus havia dito: “Tudo aquilo que você ligar na
terra será ligado no céu, e tudo o que você desligar na terra, será desligado também no céu”. Ao negar Jesus, o
que Pedro fez? Desligou Jesus da salvação. E para mostrar a gravidade do pecado, ele negou Jesus três vezes.
E por que Pedro negou Jesus três vezes? Porque ele negou o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O absurdo dos
absurdos da negação de Pedro está a condenação da Santíssima Trindade ao inferno, e Jesus foi. Nós rezamos
no credo que Jesus foi ao inferno. Só que ele foi lá para salvar. Aonde chega o amor de nosso Deus! Em toda
história da humanidade, ninguém nunca cometeu um pecado maior do que o de Pedro, nem mesmo na época
em que a igreja cometeu pecados, em que papas cometeram pecados morais. Mas nesses dois mil anos de
cristianismo, nunca tivemos nenhum papa que tenha cometido um erro teológico, nenhum papa que tenha
cometido um erro de fé. É a assistência do Espírito Santo a essa igreja, porque Jesus disse: “As portas do
inferno não prevaleceram contra ela”.
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Mesmo diante de Pedro. o homem que cometeu o maior pecado da face da terra, Jesus não fez nenhuma
pergunta sobre o seu passado. Jesus apenas falou: “Pedro, tu me amas?”. Eu sou apaixonado por esse capítulo
21 de São João, cada vez que vou à Terra Santa, sinto a mesma emoção quando vou lá na beira daquela praia.
Pedro tinha desistido de tudo e foi pescar, e os outros foram juntos. Voltou a vida antiga, voltou a ser o
pescador de antes, mas tinha esquecido tudo de pescaria. Trabalharam a noite inteira e não pescaram nada.
Sem Jesus, nada dá certo mesmo. Jesus chegou de manhã na praia, Pedro não reconheceu Jesus. Quando
estamos em pecado nunca conseguimos reconhecer Jesus. Quando estamos olhando demais para nós mesmos,
não conseguimos ver Jesus, mesmo que ele esteja ali ao nosso lado. Como quando ele caminhou um dia inteiro
com os dois discípulos de Emaús, mas eles estavam com o coração tão fechado no pecado, tão perturbado, que
eles não conseguiram enxergar Jesus que caminhava com eles. Eles não conseguiram sentir o cheiro de Jesus.
Assim Pedro também não conseguiu perceber que era Jesus. E Jesus vai pedir comida, Jesus vai ao pecador
como que se precisasse do pecador.
Do mesmo jeito que Jesus falou para a Samaritana: “dai-me de beber”. Ele, a fonte da Água Viva, pede a uma
mulher prostituída da Samaria que lhe dê de beber. Ele o Pão da vida pede de comer a um pescador da Galiléia
que o havia negado três vezes. Ah! Que Deus é esse? Que Deus se faz pequenininho para ficar do nosso
tamanho para nos levantar? Aquele homem que acompanhou Jesus a vida inteira, aquele homem que
participou dos grandes milagres de Jesus e que viu todos os principais milagres de Jesus. E que esteve com
Jesus sozinho rezando no monte. Mas quando Jesus lhe pede um pãozinho e um peixe ele diz: “Eu não tenho
nada”. Esse Pedro sou eu e é você, depois de tantas vezes que Deus nos dá graças em cima de graças, nos
continuamos dizendo: “eu não tenho nada Senhor”. Eu não dou nada para Deus, eu estou fechado em meu
egoísmo, eu estou fechado no meu comodismo, fechado na minha miséria, e não saio de mim para o encontro
com o outro. Jesus mais uma vez, diante da miséria do fechamento de Pedro, manda que ele jogue a rede no
lado direito, como querendo dizer: “joga direito essa rede”. Ainda bem que Pedro obedeceu. Se apesar de tudo
ainda sobrar essa obediência a Palavra é suficiente. Aí acontece uma coisa maravilhosa. A quantidade de
peixes que eles pegaram foi tão grande que eles não conseguiam trazer sozinhos. É aí que João diz: “É o
Senhor”. Pedro não teve dúvidas, vestiu rapidamente a roupa, pulou na água e foii nadando ao encontro de
Jesus. Quando ele chega na praia, Jesus tinha feito uma surpresa, já tinha brasas preparadas. O que significa
brasas preparadas? Significa que Jesus tinha feito uma fogueira. E por que Jesus tinha feito uma fogueira?
Jesus preparou a fogueira para curar Pedro. Porque Pedro negou Jesus em torno de uma fogueira. Jesus sempre
faz uma fogueirinha para esquentar nosso coração com seu amor. Quando Pedro viu a fogueira, ele lembrou-
se: “É, na festa de São João do ano passado, eu andei fazendo umas bobagens”.
Três vezes fala da rede. Na primeira, diz que eles pegaram tantos peixes que nem todos eles juntos
conseguiram puxa-la. Aí Jesus chegou, Pedro chegou perto e quando Pedro estava perto de Jesus, os outros
conseguiram arrastar as redes. Juntos eles não conseguiam trazer uma rede, aí Pedro largou eles e foi ficar
perto de Jesus. Quando Pedro estava perto de Jesus eles tiveram forças suficientes para trazer as redes. Pedro
perto de Jesus, a igreja tem força. Se você quer estar com a força da igreja, esteja na igreja que tem Pedro
perto de Jesus. Quando estamos longe de Jesus somos fracos, não conseguimos nem puxar uma redinha de
nada. Um probleminha de nada, uma dificuldade de nada. Mas se um de nós se coloca perto de Jesus na igreja
de Pedro, os outros conseguem trazer as redes. E se a igreja está perto de Jesus, qualquer um de nós é Pedro
para ir buscar essa rede, porque o que age em nós é a força do Espírito Santo e é essa força que o Senhor
prometeu. A força do alto. A transformação já estava acontecendo. Mas por que será que Jesus foi lá na
praia? Para dizer a Pedro: “Não se perturbe o vosso coração, pois o coração de Pedro estava perturbado
demais. Tão perturbado que São João diz que Pedro logo depois que negou já começou a chorar. Tão
perturbado que ele voltou para a pescaria. Pedro tinha perdido a paz e Jesus precisava devolvê-la. Então ele
chama Pedro de lado e retoma tudo o que Pedro fez? Não! Jesus nunca fez nenhuma pergunta sobre o passado
de ninguém. Para curá-lo, Jesus olha para Pedro e pergunta: “Pedro, filho de Jonas, tu me amas?” E Pedro diz:
“Sim senhor, tu sabes que eu te gosto”. O grego tem três termos para falar amor. O amor divino é Ágape, o
amor sexual é eros e o amor de irmão ou de amido é filos. E na tradução grega usa-se os dois termos. Jesus
usou o termo grego ágape, e a resposta de Pedro foi fabulosa, Pedro não respondeu em ágape, Pedro falou
filos, ele usou uma palavra mais fraca. Jesus olha de novo e pergunta pela segunda vez: “Pedro tu me amas?’ E
Pedro é honesto: “Sim Senhor, tu sabes que eu te gosto”. Jesus queria queimar todos os pecados de Pedro na
fogueira, e pergunta pela terceira vez: “Simão, Filho de Jonas, tu gostas mesmo de mim?”. Ai Pedro abre o
coração e a resposta de Pedro é: “Senhor, sabes tudo, sabes que eu te gosto?”. Ah como é fabuloso nosso
21
Deus. Jesus não força Pedro a fazer aquela proclamação de amor tenebrosa, fingida. Jesus abaixa o nível, e
Pedro abre e escancara o coração: “Senhor, sabes tudo, sabes o monte de bosta que eu sou, sabes a miséria que
eu sou, sabes os meus pecados, tu sabes tudo Senhor. E sabes que eu gosto barbaridade do Senhor, e sabes que
eu quero um dia amar pra valer o Senhor a ponto de dar a minha vida se preciso for, e por isso está aqui o que
eu sou, toma senhor”.
Hoje, Jesus está marcando um encontro conosco na nossa praia. Não se perturbe o vosso coração, entregue seu
passado ao Senhor, por pior que tenha sido. “Será que Deus perdoa aquele pecado tão grave padre?” É muito
fácil de saber, é só colocar a mão no coração, se estiver batendo... Quem deu corda nele? Quem fez sua unha
crescer, seu cabelo? Cada vez que nosso coração bate, é Deus dizendo: “Eu te amo, eu te amo” Ou é Deus
dizendo: “Eu acredito em você, eu acredito em você”. “Ah padre, tantas coisas aconteceram de errado em
minha vida”. Na minha também, mas estou vivo.
Tinha um bêbado em um ônibus olhando para uma moça. A moça desajeitada e ele olhando, não tirava os
olhos dela. Ela foi se irritando e perguntou:
_ O que está olhando.
_ Meu Deus! Eu estou observando aí, mas você é feia! Tá louco, Deus o livre, você é muito feia.
_ Muito engraçado mesmo, você bêbado desse jeito falar de mim.
_ Amanhã eu estou bom.
Os problemas vêm e vão. “Ah padre, mas eu sofri muito na infância”. Sofreu, acabou. “Falaram mal de mim”.
Sabe quando é que ficamos tristes quando falam mal de nós? Quando aquilo que falaram é uma coisa que
estamos tentando esconder. Se não for verdade não dói. Se eu tiver com dor de dente e tomar um gole de água,
a água vai doer meu dente. Mas não é a água que dói meu dente, é a carie ou a sensibilidade. Está com seu
coração cariado? Se você está com seu coração ferido, cure seu coração. Por isso eu escrevi muitos livros de
cura interior e cada dia Deus vai me mostrando aspectos importantes. Cure seu coração, a necessidade de
deixar Deus ir curando toda a minha história. Cura interior, o coração de Cristo derrama sobre mim a graça da
cura. Corações curados, pessoas que viveram a experiência de pecados e conseguiram sair. Rezando a vida, eu
preciso colocar toda a minha vida na ótica de Deus.
Em Bethânia, todo mês fazemos retiros de cura interior, e cada mês eu vou aprendendo como Deus vai me
curando através daquilo que eu falo para as pessoas. Como Deus vai me curando através do meu
relacionamento com as pessoas. Cada dia eu posso dizer que estou sendo uma pessoa curada. Eu amo celebrar
a missa, é uma das coisas que eu mais gosto de fazer como padre. Mas as missas que eu mais gosto de celebrar
não é com multidões, porque eu não consigo celebrar uma missa com pessoas falando, crianças chorando e
andando pra lá e pra cá. Aquilo vai doendo meu coração. As missas que eu mais gosto de celebrar é na minha
casa, na minha capelinha. Tanto que, todo dia para celebrar a missa, eu tomo banho antes, faço a barba,
preparo o sermão, sublinho direitinho na bíblia como se fosse para uma multidão de pessoas. Mas não é só por
isso que eu gosto de celebrar, além do silêncio. O que eu mais gosto é quando colocamos diante de Deus a
nossa fraqueza e pedir perdão.
As orações que meus filhos, fazem me jogam no chão, porque eles vão se desmascarando. É muito bom viver
como eu vivo, numa comunidade de pessoas que tiveram experiências terríveis de drogas de prostituição.
Porque ninguém precisa ter máscaras, todos que estão lá sabem que estão lá porque tiveram problemas sérios
na vida. É por isso que ninguém fica julgando.
As nossas orações são tão lindas, tão lindas que aquilo mexe no meu coração e me dá forças. Quando falamos:
“agora vamos fazer os pedidos ao Senhor”, tem que cortar, porque senão vai uma hora só de pedidos. Eles
colocam a vida, eles confessam pecado mortal na frente dos irmãos. É essa honestidade que falta, infelizmente
na maioria dos cristãos católicos hipócritas que põem uma máscara de cristão, que se dizem muito santos e
renovados, que se acham melhor do que os outros a ponto de poder julgar e condenar as pessoas. Tem pessoas
que perdem tempo na vida falando mal da vida dos outros, julgando e condenando. Oh, meu Deus que bom
que Jesus desce ao nosso nível, e fica do nosso tamanho igual ele fez com a Samaritana, ele sentou ao lado do
poço. A prostituída que trouxeram até ele: “Essa mulher foi pega em flagrante adultério, pela lei tem que ser
apedrejada”. E o que ele fez? Se agachou, ficou do tamanho dela, e disse: “Quem não têm pecado, joga a
primeira pedra.”
22
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Não se deter na planície

  • 1. Buscar as coisas do Alto! Pe. Léo 1
  • 2. Não te detenhas A primeira ordem de Deus para Lot e para nós é “não olhes para traz”. “Salva-te, se queres conservar tua vida. Não te detenhas em parte alguma da planície”. Essa é a segunda ordem de Deus para nós hoje. O que essa ordem significa para nós hoje? O que é descer nas planícies? É ir se agarrando nas pequenas coisas. Água parada é a maior fonte de pernilongo, de mosquito de dengue, e muitas vezes ficamos na planície parados nos agarrando em pequenas coisas. Se deter na planície significa cada um de nós quando não perseveramos, quando não caminhamos, quando não progredimos na vida porque vamos ficando presos nas coisinhas pequenas do dia-a-dia. No cultivo de pequenas mágoas, de pequenos ressentimentos. Se o primeiro passo é não olhar para trás, o segundo passo é não parar. Nunca na vida vamos receber diploma de ser cristão. Vocês sabem o que leva uma empresa a falência? É o êxito. A empresa começa falir quando ela publica nos jornais que é a melhor. Por que um casamento vai se acabando? Porque as pessoas se acomodam. Descer na planície significa se acomodar, esse espírito de preguiça, de falta de luta, de falta garra. Significa também deixar-se levar pela água como uma folha seca, a água a leva aonde quer. É aquela pessoa que só sabe reclamar da vida. Está sempre amarga e azeda. A vida espiritual é igual andar de bicicleta, se parar cai, porque o que dá o equilíbrio é ficar pedalando e andando. Antigamente, aprender andar de bicicleta era muito difícil. Hoje tem essas rodinhas no lado. Você montava em cima da bicicleta, ela caia para um lado, juntava, ia de novo, ela caia para o outro lado. E quando pegava equilíbrio, lá na frente tinha uma cerca de arame farpado, ali você chamava tudo quanto é santo, não aparecia nenhum deles, eu acho que não tem santo protetor de bicicletas. A vida cristã é assim também. Por isso que a bicicleta tem duas rodas, é a fé e a vida, e tem o guidão que você direciona. Você tem que saber a direção que você vai, e firmar essa direção. Mas é preciso pedalar, se parar de pedalar, cai. Na vida cristã e na vida em geral, quando paramos de pedalar, caímos. Quando eu acho que o meu namoro está muito bom, quando eu falo que minha vida espiritual está muito bem, eu estou acomodado. E Jesus chega a dizer que o reino dos céus é dos violentos. Deter-se na planície significa as pessoas que olham para as pequenas coisas com lente de aumento. Jesus também deu essa ordem para os apóstolos: “não fiquem parados pelo caminho”. Talvez a sua vida esteja uma água parada. Você tem que ter uma meta na vida, porque a pessoa que não tem meta vai a qualquer lugar, desiste diante do primeiro obstáculo. Quem não sabe para onde vai, não vai a lugar nenhum. Se alguém chegar pra você e falar: “Eu preciso ir lá no centro, na cidade vamos comigo?”. “Ah, eu não vou não, está calor, pode ser que chove”. Mas se você tiver um filho doente, você põe ele nas costas e vai, faça sol ou faça chuva. Porque tem uma meta. E a falta dessa meta está destruindo nossos jovens e nossas famílias, é o vício de querer viverem acomodados. Eu quero é que ninguém me incomode, por isso existem tantas pessoas vivendo a solidão. Ela não vive em comunidade, ela vive na comodidade. Aquela família que vive na comodidade, cada um em seu cômodo. Em meu cômodo ninguém entra. Eu não falo o seu defeito, você não fala o meu, fica quieto que eu também fico, um protege o erro do outro, ninguém têm meta na vida, ficam parados na planície. Quantos jovens de dezoito a vinte anos acomodados, já estão mais velhos do que pensam, se deixam levar por qualquer droga, têm medo da vida, são uma raça de gente fraca. A vida moderna é a coisa mais fácil que tem de se viver, hoje tem tudo, o conforto que existe. Imagine há vinte anos, para fazer um café, tinha que apanhar o café, pôr ele no terreiro para secar, mexer e virar ele, torrar, moer, buscar água, buscar lenha e graveto para fazer o fogo. Levava duas horas para fazer o café. E hoje põe o pó em uma máquina aperta um botão, o café já está pronto. Tem pessoas que já compram o vidro de café, só esquentam água no micro ondas, joga água em cima e já está pronto. Mais também aquilo não tem gosto nenhum de café. É assim que vamos criando uma raça de gente preguiçosa. Têm cozinhas que são um espetáculo, o forno acende sozinho, tudo automático. Então as pessoas deviam ter mais tempo para viver melhor a vida. Tem mais tempo para ficar a toa ou para falar mal da vida dos outros, tem tempo sobrando, e não faz nada. Aí diz: “Ah padre, eu estou pedindo a Deus para me curar, por que Deus não cura”. Curar para que? Pra atazanar a vida dos outros. Eu acho que foi essa a mágoa de Pedro com Jesus, por que Pedro pediu para Jesus dar a extrema unção em sua sogra, mas Jesus o curou, dizem que foi por isso que Pedro negou Jesus três vezes. Sabem como se diz sogra em russo? “Strossa” Mas a mulher quando ficou curada se colocou a serviço, isso tem que ser dinâmico, só se aprende a fazer fazendo. E nós queremos uma vida fácil, uma vida light. 2
  • 3. Não se detenhas na planície. A pessoa que se detém na planície se enrosca em qualquer coisinha, qualquer probleminha vira um problema enorme, porque não têm por que lutar. “Padre, eu não consigo dormir?” Eu queria ver se tivesse que levantar cedo todos os dias. Como eu e muitos outros que levantávamos antes das cinco da manhã, trabalhávamos até as quatro e quinze da tarde e estudava até meia noite. Eu queria ver se precisava de remédio para dormir, eu dormia no guidão da bicicleta, quantas vezes eu estava indo para a fábrica, esbarrava no barranco porque estava dormindo. Eu sou igual mamãe, que dormia em pé no circular. Só não dorme quem não está cansado. “Estou há três noites sem dormir” É porque dormiu a noite inteira, uma pessoa que trabalha e luta, dorme. Mas o encardido é terrível, ele quer colocar em nossa cabeça que somos gente fraca, gente pequena. Não é isso que fizeram com a família? Primeiro os meios de comunicação social vêm e dizem que têm que ter poucos filhos, um ou dois filhos, e hoje as pessoas não têm tempo para dois filhos. “Ah, eu quero deixar a melhor herança para meu filho, eu estou trabalhando para ele”. Ele precisa é de você, não de seu trabalho. Qual é o melhor que você vai deixar para seu filho? A melhor roupa? O melhor sapato? Uma herança? Ele perde tudo. Se não deixar o essencial, ele perde tudo. É o que está acontecendo hoje, uma família parada na planície, que não vai para frente, não no sentido financeiro, porque nunca nós vamos ter dinheiro para comprar tudo que inventam que a gente precisa para ser feliz. É o consumismo que consome a pessoa e você fica estagnado na vida. O ser humano tem uma ordem de Deus: “Crescei e multiplicai”. E não é crescer em tamanho, porque Adão não era anão. Esse crescer é em todos os sentidos e multiplicar os seus dons. É a parábola dos talentos. O sujeito ganhou um talento e enterrou. Depois veio com aquela desculpa que teve medo. Você tem que frutificar os seus dons, frutificar os seus talentos, você não pode se acomodar nunca. Não interessa a idade que você tem, se deter na planície é cruzar os braços. Se deixar uma casa durante uma semana fechada, ela enche de teias de aranhas, e nós fazemos isso com o coração. Vamos à missa aos domingos, abrimos nosso coração a Deus, deixamos ele entrar, terminou a missa, fechamos novamente até no próximo domingo com o coração já todo cheio de teias de aranha. Por isso, se torna uma pessoa grossa, desanimada, uma pessoa que não luta, porque está se acostumando com as coisas fáceis da vida e a vida não é fácil, o ser humano não nasceu para ser fácil, se fosse assim, tínhamos nascido uma ameba. O ser humano nasceu para crescer, e crescer muito, frutificar e partilhar os seus dons. Quem não partilha os seus dons acaba morrendo de fome na miséria. Não se deter na planície é não pede tempo com coisas pequenas. Uma vez lá no colégio veio um menininho chorando: _ Meu amiguinho me mandou ir a merda. _ E você foi? _ Não! _ Então não precisa ficar triste. É só não ir. Mas a pessoa passa o resto do dia comentando com um e com o outro. Será que você não está sendo essa pessoa. O ser humano tem que ter uma meta na vida e tem que lutar, e os pais precisam ensinar as crianças a lutarem. E eu tenho certeza que foi isso que o Papa quis dizer na beatificação do Francisco e da Jacinta, no dia treze de maio, dia de Nossa Senhora, quando ele revelou o terceiro segredo de Fátima. Ali tinha uma visão profética, aquilo que o papa falou do terceiro segredo, que o encardido estava com a arma na mão apontando para o rebanho e o pastor do rebanho. O papa está alertando principalmente a família cristã, porque as nossas crianças estão sendo criadas para viverem rolando e deitando na planície do pecado, na planície da acomodação. Primeiro diminuem o número de filhos e os pais não sabem o que fazer com um, dois ou os três filhos. Porque não põe limites, no põe respeito, a criança faz o que bem entende nas igrejas na missa. Tem missa que fica difícil fazer uma oração porque a criança corre na igreja, chora, come bolacha e a mãe não está nem aí. Dá um beliscão igual minha mãe fazia pra ver se não da certo. Deter-se na planície é perder tempo com coisas pequenas. Imagine a seguinte cena: Você sentado no sofá e no mesmo plano uma televisão, você senta ali às cinco horas da tarde até as dez da noite. Você fica cinco horas por dia se detendo na planície em frente aquela novela, ali parada sem sair para atender telefone, sem ter tempo para um filho. Quantas novelas você assiste? Não 3
  • 4. responda para não mentir. Você está se alimentando com o quê? Com as porcarias do mundo, desse encardido que quer nos fazer pessoas fracas, frágeis, acomodadas, medrosas. Como é que você cria resistência? Vocês vejam hoje o absurdo que o ser humano está chegando. O homem quer ficar forte, mas em vez de fazer ginástica, ele toma anabolizantes. A mulher quer ter um corpo bonito, ao invés de renunciar refrigerantes, doces e trabalhar para ficar com os músculos firmes, põe silicone. Mas não tem jeito de fazer implante de silicone no coração, por isso que está com o coração murcho, caído. E esse ser humano novo tem que vir de fora para dentro. Mas Deus já prometeu através de Ezequiel: “Dar-vos-ei um coração novo. Um novo ânimo, um novo entusiasmo“. Não olhes para trás, não te detenhas na planície”. Por que a pessoa se perde na floresta? Porque está no mesmo nível, olha para todos os lados e não enxerga. A família está acomodada em uma planície, o seu grupo de oração está acomodado em uma planície. É por isso que os grupos de oração estão morrendo. Hoje a coisa que menos se faz nos grupos de orações é rezar. Primeiro cantam duas horas em uma bandinha que precisa ir lá na frente, que treinam umas duas horas com os instrumentos numa altura que é impossível alguém rezar, depois vem o líder que já tem o diploma de Pedro Apóstolo, ali ele sabe tudo, mas não se reza mais. A Renovação Carismática do novo milênio tem que ser uma renovação que não se detém não planície com briguinhas, com divisões, a renovação não precisa de lideres. Quem precisa de lideres é o PT, o PMDB a CUTI. Eu fiz uma pesquisa para escrever meu livro Servir no Espírito, e achei muito interessante porque a palavra líder não se encontra na bíblia. Como que a Renovação Carismática que procura tanto conhecer a Palavra de Deus, usa pessoas com denominação de líder. Na bíblia, sempre que se aparece sinônimo de líder, é para falar do encardido. Pega definição de líder no Aurélio, líder é o melhor, é o que está na frente, é o que está acima dos outros, é o que se destaca mais. A renovação Carismática precisa de servos como Maria, como Jesus. É Jesus que diz: “Eu estou no meio de vós como aquele que serve”. Mas se tem líder, está acomodado, a pessoa chega senta, é uma planície, todo mundo sentado ajeitadinho, interessa que eu seja atendido. Mas não rezam mais uns pelos outros, não tem mais orações espontâneas. Eu não acredito que alguém fale de Deus que não tenha calo nos joelhos. Está falando lorota, está fazendo palestra. A coisa mais fácil que tem é fazer palestra. Eu posso fazer uma palestra sobre um microfone. Mas o que tem a ver microfone com a minha vida? Eu posso fazer uma palestra sobre uma planta, eu posso fazer uma palestra sobre a importância da camada de ozônio. Os nossos grupos precisam de pregações, e a pregação é fruto da oração, é fruto da unção. Em quantas planícies nós estamos nos detendo? “Ah padre, mas o padre da minha paróquia não deixa rezar em línguas”. Então reza em línguas em voz baixa. Há algum tempo, eu cheguei em um lugar, uma mulher me falou: “Olha padre, aqui não pode rezar em língua”. Eu falei: “Então corta a língua”. Quando eu estou lá em meu banheiro, eu rezo do jeito que eu quero. Dentro de meu carro, eu vou cantando em língua, rezando em língua, é por isso que eu gosto de andar sozinho. Agora se a sua oração em língua for para você se mostrar na frente dos outros, aí aquele padre está certo. “Ah, eu não vou naquela igreja porque o padre não é carismático”. Talvez ele não seja carismático porque você não deu ainda um bom exemplo. Você, depois que fez experiência de oração, piorou muito. Tornou-se uma pessoa briguenta, parece que engoliu o Espírito Santo com pena e tudo. É preciso ser servo como Maria, que trabalhou de empregada doméstica na casa de Isabel. Em um encontro de cristão, cada um deveria cuidar do banheiro e limpar o seu lixo. Santa Terezinha, se ela via no pátio do convento um palito de fósforo e não ajuntava, ela ia se confessar, por causa do orgulho ela dizia: “Eu fui orgulhosa, pois não me achei digna catar, para deixar para um irmão ou irmã fazer isso. Eduque seu filho assim em casa, não ensine ele a arrumar a cama dele, a empregada arruma. Deixe ele deixar tudo jogado, no banheiro se ele deixar papel jogado, a empregada ajunta, ela está sendo paga para isso. Depois você vai visitar ele em uma clínica de recuperação, na cadeia ou no cemitério. O carro sem combustível só anda de morro abaixo ou sendo puxado. Assim é o cristão sem oração, ele pára na planície porque falta fibra, falta garra. Eu preciso ter motivos. E qual é o meu motivo? A quem estou servindo? Será que Josué não vai nos reunir nessa assembléia de Siquén hoje também e perguntar: A quem você quer servir? “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”. Se você quer salvar sua vida, não olhe para trás, não te detenhas na planície, não perca tempo com bobagens. “Se não for bem recebido em uma cidade bate o pé para deixar até mesmo o pó”. Com isso, Jesus está nos querendo dizer para não levar mágoa de ninguém. Limpa esse pó que está em seu coração. “Sacode a poeira e dá a volta por cima”. 4
  • 5. Não fique preso ao passado, não te detenhas nas coisas pequenas. Não desista por pouco. As crianças hoje em dia estão se acostumando assim, têm um monte de brinquedos e não estão contentes. Chega no natal, os pais compram aquele brinquedo com controle remoto, tudo automático. Aí eles já abrem, tiram as pilhas, jogam fora, arrancam a antena, e não querem mais. “Agora eu quero outro”. E a mãe vai lá e compra outro. “Agora eu quero outro”. Os jovens e adolescentes são iguais, qualquer coisinha estão emburrados. “Ah padre, o que eu faço, meu filho é muito difícil?”. É, enfia a mão na orelha dele, manda trabalhar. Mas se eu crio uma raça de gente fraca, acomodada. “Ah, ele vai ficar traumatizado se eu não emprestar o carro pra ele”. Empresta, depois você vai lá no hospital buscar ele e ainda mente porque deu o carro para o filho de menor. Me dá tristeza quando vejo uma obra de Deus que não vai para frente por causa de brigas, se detém com coisas pequenas. Se faz alguma coisa, já quer receber elogios, recompensas. Tem encontros que o sujeito antes de fazer a palestra, fica meia hora falando quem ele é. Como aqueles movimentos antigos de igreja que faziam um encontro de casais e convertiam trinta casais, aí não tinham o que fazer com esses casais, por isso colocavam esses trinta no próximo encontro de casais, e no próximo encontro de vinte casais já tinham sessenta casais na equipe, e no próximo já tinha oitenta casais, e precisavam arranjar serviço para eles. Equipe de apoio, equipe de recepção, equipe de alavanca, equipe pra levar água e pra trazer água, e fazem um monte de reuniões. E no final do encontro, começam a apresentar todos eles, quem cozinhou, quem arrumou. Onde estão os frutos? Cristão tem que dar frutos. Se não der frutos, seca, se ficar parado na planície, seca. E Jesus é firme nessas coisas quando ele passou em frente à figueira e viu que não tinha figo, ele só estendeu a mão para ela, no outro dia ela estava seca. Assim têm também carismáticos secos, e nem foi Jesus que secou, foi a própria pessoa que se secou sozinha mesmo. Por quê? Porque não rezam, não fazem jejum, nem penitência, quer tudo do bom e do melhor, e ainda quer ser louvado e aplaudido. Os líderes que gostam de se deter na planície. Você deve ver de vez em quando na televisão, se reúnem os líderes mundiais para discutirem a fome. Mas nunca fazem isso em um país que está passando fome. Ou nós somos de Jesus Cristo, ou nós somos um bando de samambaia, que tem que ser cortados e por fogo, porque não vale pra nada. Deter-se na planície é querer tudo sem buscar e sem conseqüências. É querer comer de tudo e não engordar, tem remédios pra tudo. Se morre alguém querido, eu não quero chorar nem sofrer, tomo um calmante e depois fico me descabelando. O povo de Deus não se acomoda. É interessante a dinamicidade da bíblia, toda história do povo de Deus mostra caminhando. É Moisés caminhando, atravessando o deserto, vencendo obstáculos, atravessando o mar. É Abraão e Lot caminhando e Jesus também não parava nunca. A igreja é dinâmica, e Espírito Santo em grego é dínamos, força do alto. E dínamos é aquele motorzinho que quando vem a água, a força da água gira a turbina e ela gera eletricidade. O cristão tem que ser esse dínamos que recebe a água viva do Espírito Santo pela Palavra, por uma pregação, pela oração dos irmãos que transforma isso em frutos para o mundo. O cristão não pode parar, tem que caminhar, e descansar de uma coisa fazendo outra. Como o mundo moderno é um mundo cansado que cansa fácil. Quantas pessoas que precisam descansar e vivem sempre cansadas, angustiadas, vivem tomando remédios. Ache um sentido para sua vida, vai servir em uma comunidade, vai lá na APAE, ajude uma criança daquela. Quando você vê uma criança que não consegue andar mais, vai quase nadando para pegar um brinquedo, e você tem as duas pernas, olha para elas pensa que não vale para nada. Como é bom quando convivemos com essas pessoas que têm certas limitações, que não enxergam direito. Nas olimpíadas, a nossa frota olímpica foi lá e gastaram bilhões de reais e não trouxeram nenhuma medalha de ouro. Depois foram lá os paraolímpicos. A Rosinha, aquela menina sem uma perna. A primeira mulher na história do Brasil que ganhou duas medalhas de ouro na mesma olimpíada. A outra atleta cega que ganhou uma medalha de ouro. Tenta correr com os olhos fechados pra ver. E você, enxerga pra quê? Só sabe enxergar o que não presta, enxerga defeito na vida dos outros. É isso que Deus fala pra cada um de nós, não podemos nos acomodar, e é por isso que o mundo está desse jeito, a família está destruída, o jovem está na droga e a prostituição toma conta. O casamento vai de mal a pior porque na hora que dá um problema qualquer, larga, arruma outra, ou outro. E vai largando, e deixando filhos revoltados. E o coração da pessoa vai ficando como água parada e o que é mais triste, às vezes, por uma coisinha de nada. Qual é o grande fruto do seu grupo de oração? Da sua comunidade? O Deus de muitos católicos não faz milagres porque ele é mendigo, eu dou a moedinha na oferta, eu dou o resto de meu tempo para Deus. E o 5
  • 6. melhor para o mundo e para o encardido, e ainda reclamo de Deus. Falta essa coragem de lançar-se em Deus, mas sem a força do Espírito Santo não é possível. Por isso, é muito fácil descobrir qual é o jovem sem o Espírito Santo, um casal sem o Espírito Santo. Quando um casal vai à igreja marcar o casamento, está mandando um convite para Deus. E Deus vai, e dá na bênção nupcial o maior de todos os presentes, que é o Espírito Santo, mas têm casais que já estão há vinte anos casados e não abriram até hoje o pacote, por isso estão produzindo os frutos do encardido. O casamento que está estagnado na planície está produzindo o fruto do ódio, da briga, das discussões. Sabe o que mais faz a pessoa se deter nessa planície? Pensar só em si mesmo. Um menino chegou para o mestre chinês e perguntou: _ Mestre, qual é a grande diferença do céu e do inferno? _ Nenhuma. _ Mas como nenhuma? Então para que lutar para ir para céu? E pra que lutar para não ir para o inferno? _ Vamos fazer uma comparação. Para você qual é a coisa mais importante do mundo? A China é o país mais populoso da terra por isso o maior problema da China é a fome, os chineses têm muito medo de morrer de fome, e a coisa que chinês mais gosta é arroz. Por isso, quando na China morre uma pessoa, em vez de pôr flores em cima do túmulo, eles põe arroz. Uma vez até um cara achou esquisito quando foi levar flores no túmulo da mulher e estava lá o chinesinho com um prato de arroz. Aí o cara começou a rir e perguntou: _ Escuta, que horas a sua mulher vai sair para comer o arroz? _ Na mesma hora que a sua sair para cheirar as flores. A coisa mais importante para eles é o arroz, aí ele falou para mim: _ Se o céu fosse uma panela de arroz que nunca acabasse? E o mestre disse ainda: _ O céu e a terra são os lugares que têm essas duas panelas de arroz. _ Então qual é a diferença? _ Filho, quando a gente morre a medida do nosso caixão é usado como modelo para fazer o cabo da colher eterna. _ Cabo da colher eterna? _ Conforme o tamanho da pessoa se faz o cabo da colher, e esse cabo é grudado em sua mão com super bonder especial e nunca mais sai. E o inferno é essa a tristeza, porque tem aquele panelão de arroz, e a pessoa tenta comer o arroz com uma colher com dois metros de cabo. Aí eles tentam comer, mas não conseguem, por isso começam a brigar: _ De que adianta ter arroz, de que adianta ter colher, se tem um braço desse tamanho? E o arroz não acaba, mas eles estão morrendo de fome. Isso é o inferno. _ E o céu mestre? _ Mesma coisa. _ Qual é a diferença então? _ Já sei, no céu o cabo é mais curto. _ É do mesmo tamanho, e às vezes chega a ser maior, porque acrescenta todas as boas obras que você fez. _ Aí é pior então, não entendo mestre. Qual é a diferença? 6
  • 7. _ A diferença é que no céu estão aqueles que aprenderam a encher a colher e tratar o outro, e o outro, que está satisfeito trata o outro, e o outro trata o outro. Essa é a visão do mundo, as pessoas que se detém na planície são aquelas que transformaram a panela de arroz em inferno. Aonde todo mundo tem dons e cada um recebeu muitos dons, mas está querendo os dons para si, e todos aqueles dons que queremos para nós mesmos acabam morrendo. É preciso aprender a partilhar, um precisa tratar o outro. Marido, você precisa esticar o seu braço nessa panela do amor de Deus e levar amor, misericórdia, ternura para sua esposa. Esposa, você precisa esticar essa mão e o seu coração, e quando a gente ama o coração alonga os braços para ir ao encontro do outro. É preciso partilhar os dons, é preciso dinamizar. Aí a gente cresce. Mas quem só pensa em si, vai se estagnando. Dois rapazes moravam na mesma fazenda quando o pai morreu, um era casado e morava na casa ao lado. E aquele que era solteiro ficou morando na casa que o pai morava. Eles tinham uma plantação imensa de arroz e um seleiro em comum, e eles combinaram em trabalhar juntos e dividir tudo. Colheram dez sacos de arroz, cinco para um e cinco para o outro, e assim fizeram dois seleiros. Fizeram uma boa colheita, estavam com o depósito cheio. No final da tarde, aquele irmão solteiro começou a pensar que aquela divisão não estava certa. Pensava ele: “Eu sou solteiro e meu irmão é casado, tem a mulher e filhos, ele precisa de mais arroz do que eu, pois eu sou sozinho”. À noite, ele se levantou, foi lá no seleiro dele, pegou um saco de arroz escondido, levou e colocou lá no seleiro do irmão. O irmão acordou na manhã seguinte e começou a pensar: “Essa divisão não está justa, pois eu sou casado, tenho a minha mulher e meus filhos. E eles vão crescer e vão poder me ajudar. Mas meu irmão, coitado, ele é sozinho. E se ele não casar. ele não vai ter ninguém por ele. O certo é ele ganhar uma parte a mais que eu”. Levantou, foi lá em seu seleiro, pegou um saco de arroz e colocou no seleiro do irmão. E assim foram vivendo, e a cada colheita, um levava para o outro. Eles só não entendiam como é que eles davam e sempre ficava a mesma quantidade. Uma bela noite, o relógio biológico confundiu. Horário de verão, os dois levantaram na mesma hora e foram indo devagarzinho e se encontraram no meio do caminho. Um olhou para o outro, colocaram o arroz no chão, se abraçaram, começaram a chorar e à partir daquele dia fizeram um único seleiro. Peça ao Senhor essa graça de fazer a experiência do seu amor infinito, que cura, que restaura e transforma minha história. Eu não quero olhar mais para trás, nesse momento eu tomo a decisão de não ficar mais parado na planície. Senhor, eu tenho sido essa pessoa amarga porque eu só penso em mim mesmo, me ensina a partilhar Senhor. Me ensina a frutificar os dons que o Senhor mesmo me deu, eu não quero mais ficar atolado na planície do pecado, da televisão, do boteco. Eu te suplico Senhor, transforma e restaura meu coração e liberta-me de todo comodismo, de todo egoísmo, de todo espírito de líder, e a exemplo de sua Mãe, dai-me a graça de ser servo. Eu preciso aprender a colocar o arroz na boca do outro, e mais que esse arroz, Jesus nos deixou a Eucaristia, que precisamos aprender a colocar um na boca do outro, dai-me Senhor, a graça de aprender a partilhar, eu quero amar, mas sozinho eu não posso mais, vem Espírito de Deus, e me ensina a partilhar aquilo que eu sou e aquilo que eu tenho, estica ainda mais os meus braços Senhor. Oxalá eu pudesse ter o cabo dessa colher que pudesse atingir a fome desse mundo inteiro. Mas sozinho eu sou fraco Senhor. 7
  • 8. Sinais dos dias de hoje Mateus 12, 38-42: Então alguns escribas e fariseus tomaram a palavra: “Mestre, quiséramos ver-te fazer um milagre.” Respondeu-lhes Jesus: “Esta geração adúltera e perversa pede um sinal, mas não lhe será dado outro sinal do que aquele do profeta Jonas: do mesmo modo em que Jonas esteve tre dias e três noites no ventre do peixe, assim o Filho do homem ficará três dias e três noites no seio da terra. No dia do juízo, os ninivitas se levantarão com esta raça e a condenarão, porque fizeram penitência à voz de Jonas. No dia do juízo, a rainha do Sul se levantará com esta raça e a condenará, porque veio das extremidades da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Ora, aqui está quem é mais do que Salomão” A Palavra de Deus, tanto no livro de Miquéias quanto no livro de Mateus, traz para nós alguns pontos muito concretos, em cima dos quais precisamos olhar a nossa vida. Quando lemos o livro de Miquéias e começamos a ver as profecias de destruição, as tristezas, até parece que estamos diante de um filme de terror, porque fala dessa destruição completa e total, de todas as cidades vizinhas e circunvizinhas onde o profeta, que deve ter sido contemporâneo ao profeta Isaías, anunciava o evangelho. No entanto, o próprio profeta compreende que existe uma saída, e é ele que vai anunciar que o Salvador vem de Belém. Belém que não era nada. E tu Belém, terra de Judá, um lugarejo que não vale porcaria nenhuma. É daí que virá o Salvador. Nesse trecho da palavra de hoje, o Senhor nos questiona: O que ele fez de errado para que nós vivamos tão longe dele, e ao mesmo tempo nos mostra que quando nós perdemos de vista a história da nossa salvação, então nos afastamos de Deus. Por exemplo, quando falamos nos mandamentos, no sentido negativo, aquilo que não pode, e esquecemos de falar o que fundamenta os mandamentos. É como se os mandamentos estivessem num grande quadro, já que estava numa pedra, pois Deus precisou gravar na pedra, já que no coração do homem não parava, pois o homem estava enchendo o coração com muitas outras coisas. É como se eu tivesse o quadro dos mandamentos, mas esquecesse o prego que segura esse quadro. Então eu ponho na parede e ele não pára. Assim que ensinamos de Deus para as crianças, ensinamos tudo que não pode, parece que os mandamentos de Deus são só “não”. Não pecar, não fazer isso, não fazer aquilo, não... E se fizer Deus manda desgraça na hora. Mas tanto Êxoto capítulo 20 como Deuteronômio capítulo 5, antes de falar dos mandamentos, se apresenta. E o profeta Miquéias hoje, na primeira parte desse capítulo seis, ele também apresenta: “Eu sou o Senhor teu Deus, eu te fiz sair da escravidão do Egito”. Enquanto o povo estiver presente essa experiência de libertação, desse Deus que entra em nossa vida através de fatos e através de pessoas. Veja Miquéias, 700 a.C., já tinha tão presente que a ação de Deus na vida humana se dá através de fatos, de acontecimentos e de pessoas. Pessoas que nos são enviadas, pessoas que anunciam Deus. Mas quando nós cerramos os ouvidos e os olhos, para não vermos os fatos e não ouvirmos a Palavra, nós nos distanciamos de Deus. E o salário do pecado é a morte. Longe de Deus, nós começamos a colher os frutos do nosso afastamento. Há na bíblia uma grande certeza, na vida colhemos o que plantamos. Não tem na bíblia a história de “eu não sei por que isso aconteceu”. E no evangelho, quando os fariseus, os doutores da lei, os homens que sabiam a bíblia de cor, pagavam o dízimo até do hortelã. E até hoje eles sabem a bíblia de cor, por exemplo, de sexta- feira, seis horas da tarde, até sábado, seis horas da tarde, o shabat, guardar o sábado. O judeu ortodoxo, como a bíblia não permite, ele não pode apertar o botão do elevador. E os doutores da lei, chegam para Jesus e dizem: “Nós queríamos que o Senhor fizesse algum milagre”. E Jesus olha para eles e vai na raiz, e diz: “Eu não vou fazer outro milagre. Vocês estão me pedindo sinais? Vai ter um único sinal, o que foi dado pelo profeta Jonas”. E qual foi o sinal do profeta Jonas? A história de Jonas é muito bonita, Porque Jonas era o profeta fujão. Quando Deus mandou ele pregar em Nínive, ele não quis ir, porque achou que o povo não iria se converter. Foi para a praia, sentou no barco e foi 8
  • 9. embora. Começou a tempestade, e ele lá tranqüilo. Foi preciso jogar ele para fora do barco para parar a tempestade, viram que ele era um peso morto. Quando não fazemos a vontade de Deus, viramos esse peso morto. Às vezes o barco da sua família, igual aquele que estava afundando por causa de Jonas, porque você é esse peso morto. Jogaram ele fora, foi engolido por um peixe, e lá na barriga desse peixe, ele resolveu rezar. E o peixe enjoou e vomitou ele depois de três dias e três noites. Parece que não teve jeito. E ele foi pregar: “Dentro de quarenta dias Nínive será destruída”. E o povo acreditou nele. E a começar pelo rei, todos se vestiram de saco de estopa e começaram a fazer penitência, se converteram, e Nínive não foi destruída. E Jonas entrou em deprê: “Agora não prego mais, o Senhor mandou pregar que iria ser destruída, e não foi”. O grande sinal de Jonas: a conversão. E não foi esse o grande sinal de Jesus? Não foi essa a grande palavra de Jesus? “Convertei-vos ao evangelho”. Mas nós ainda estamos pensando que essa conversão quem sabe seja para esses judeus, para os pagãos. Foi a cena de abertura do Concílio Vaticano II. Imaginem, na Basílica de São Pedro, mais de três mil padres e bispos, vestidos à caráter como um bispo se vestia quarenta anos atrás. E entra o Papa João XXIII rindo, e disse: “Meus irmão do episcopado do mundo inteiro, peçamos a Deus, a graça da nossa conversão”. Quando ele falou isso, teve bispo que desmaiou, teve bispo que se levantou e saiu. Pensaram: Esse papa está é doido. Conversão nós? Nós somos sucessores dos apóstolos, quem precisa se converter são os judeus, os pagãos”. Viraram as costas para o papa. Fundaram religiões paralelas. Porque quando falamos em conversão, achamos que é problemas dos outros. E esse sinal de Jonas e de Jesus é para nós. Ou nós mudamos a nossa vida, ou nós vamos colher a destruição que nós estamos plantando. E o encardido está adubando o quanto pode. E eu vejo isso como algo muito sério. E é uma pena que não estamos prestando atenção a esses sinais, que o papa deixou muito claro. Quando no dia treze de maio, em Fátima, na beatificação de duas crianças, o papa mandou que se comunicasse o terceiro segredo de Fátima. E teve gente que achou pouco. Há quanto tempo João Paulo veio preparando a igreja e o mundo para essa revelação? Ou vocês acham que o terceiro segredo é que pura e simplesmente o papa ter levado um tiro? Se fosse isso o papa tinha avisado no dia seguinte, pois ele não morreu. Mas o papa viu algo muito mais sério, e ele está falando isso com dificuldade na sua voz, com dificuldades físicas, mas está percorrendo o mundo inteiro para gritar isso, mas parece que o mundo está com os olhos e os ouvidos fechados para perceber a seriedade da mensagem que Deus está nos dando, dos sinais de Jonas que nós estamos tendo hoje, para a igreja e para o mundo. A começar quando o papa, dois meses antes, do dia doze de março, vestido de papa, se apresenta diante do mundo inteiro, assumindo a sua missão de chefe da nossa igreja, e pede perdão, se humilha, por erros que ele não cometeu, mas erros de toda a igreja. Ele teve a coragem, de enquanto o mundo vive acusando os outros de fazerem coisas erradas, se apresentar ao mundo, em nome da igreja, pedir perdão. Em seguida, ele vai à Terra Santa, vai peregrinar na terra de Jesus, e ali ele faz gestos. Que coisa impressionante o que João Paulo II foi fazer em Jerusalém, foi dizer para os judeus que eles são nossos irmãos maiores, que a nossa fé vem deles, e pediu perdão por todo erro que em nome do catolicismo foi feito ou dito contra os senhores. E o papa foi até o Muro das Lamentações, e a única coisa que sobrou do tempo de Salomão é esse muro onde os judeus vão para chorar e lamentar, e diante dele estão seis grandes estrelas de Davi, para lembrar os seis milhões de judeus que morreram sem ver aquele muro, e o papa vai até o muro e coloca um pedacinho de papel, onde estava escrito na língua deles: shalom, paz. Não vai existir nenhum gesto desse tamanho. E o papa celebrou uma missa no Monte das Bem Aventuranças, para o maior número de pessoas, e contou uma história: Eu era um padre novo, e um dia chegou até mim uma senhora, trazendo-me um menino, para que o batizasse. E eu perguntei: _ Por que o batizar se ele já está crescido? _ Esse menino não é meu filho, ele é filho de um casal de judeus que foi condenado ao campo de concentração. E a mãe dele me entregou o menino e me pediu que eu o educasse na fé. _ Nós não podemos batizar esse menino. 9
  • 10. _ Mas por que esse preconceito? Só porque ele é judeu? _ Não filha, não é preconceito, ele deve ser educado na fé judaica e a senhora na fé católica. E a encaminhei para que o entregasse ao rabino. Talvez aquela senhora pensou que por eu ser um padre novo, não quisesse trabalhar, mas eu digo a vocês, eu sentia já ali, naquela idade, a necessidade de respeitarmos um a religião do outro. E o povo judeu ficou impressionado com aquela fala, o aplaudiram demoradamente. Aquele menino cresceu, é um senhor respeitado em Israel, e estava assistindo pela televisão. Entrou em contato com o governo de Israel, e no dia seguinte, antes do papa ter o seu encontro público, esse senhor beijou emocionadamente as mãos de João Paulo II. João Paulo volta de Israel para Roma, ano santo, ano de conversão, no Domingo da oitava da Páscoa, um grande sinal para o mundo, o papa decreta o dia da Divina Misericórdia. Ensinando ao mundo que nós precisamos experimentar essa misericórdia de Deus com urgência. E apresenta para o mundo, a primeira santa do ano da redenção, uma menina, que com vinte anos de idade, largou tudo, e se consagrou, para ir trabalhar numa congregação religiosa que cuidava de moças prostituídas. E essa menina, que fez a linda experiência, da misericórdia de Deus no coração de Jesus, que flui dois grandes rios, azul e vermelho, água e sangue, que jorram do coração de Jesus. Essa menina morre aos trinta e três anos de idade, a mesma idade de Jesus, anunciando ao mundo, a divina misericórdia. Ganha a igreja, o grande modelo de santidade, Irmã Maria Faustina Covalsca. O papa estava preparando o terreno, para no dia 13 de maio, revelar esse terceiro segredo. Eu vejo aqui um grande sinal, esse grande convite de conversão não é acidental, essa caminhada feita pelo papa e convidando o povo para fazer, e lutar por uma sociedade nova, por uma igreja nova. Se lermos esses sinais, João Paulo está nos dizendo algo muito: quem está com essa arma de fogo é o demônio. A arma de fogo simboliza o demônio porque assim como a serpente fica escondida no meio do mato, pronta para dar o bote, a pessoa com aquela arma de fogo podia estar escondida numa árvore, lá de longe, e atirar em mim, e eu não veria. A simbologia de levar o tiro da arma de fogo, de levar o tiro de onde você não sabe, é que o demônio está nos olhando, o demônio está nos observando, tentando descobrir onde é o nosso ponto fraco, para nos derrubar. E depois de ter beatificado duas crianças, ele disse: “É hora de educarmos nossas crianças, nossos jovens, nossas, mulheres, a família pra Deus. Ou isso acontece, ou todos nós seremos destruídos”. E esse é um grande sinal que podemos ver hoje. O encardido tem armas apontadas o tempo todo, contra a família, e de modo especial contra as famílias. Veja os filmes e programas de televisão, os desenhos animados. Por que hoje estamos criando essa raça de crianças rebeldes, que não obedecem seus pais? Jovens que vão se rebelando, porque quando crianças foram criados soltos. Para impor obediência, ordem, tem que estar presente, tem que ter amor, e infelizmente a maioria dos pais nõ tem mais tempo para isso, pois estão tão ocupados em deixar herança para o filho, em dar o melhor sapato, a melhor roupa, que esquecem de dar amor, que é a única herança que o encardido não pode tirar. O resto ele tira tudo. O papa está nos mostrando que há uma arma apontada contra os sacerdotes, e ele mostrou isso nesse grande jubileu dos padres. Que nós precisamos viver a unidade da igreja, que não existe padre melhor ou pior, cada um tem o seu jeito de ser, mas todos precisam ser homens cheios do amor de Deus, revestidos da misericórdia de Deus. É a igreja que precisa dessa nova evangelização, dessa restauração. E isso é difícil! No Brasil tem quinze mil padres, sete mil ex-padres. Começar uma coisa é muito fácil, difícil é perseverar. Mas só quem perseverar será salvo. É difícil viver a santidade do matrimônio? E fácil viver como um jovem que tem coragem de dizer não a toda esta prostituição, pornografia, drogas violências. Não é fácil, e sem essa força do Espírito Santo nós vamos cair. Quando o papa disse que foi Nossa Senhora que puxou a bala, e por isso ele pegou aquela bala e entregou para o bispo de Fátima. E o bispo mandou colocar a bala que atingiu o papa na coroa de Nossa Senhora. Na mesma hora eu lembrei daquele texto de apocalipse 12, da mulher revestida de sol. O encardido está nos enganando, e você está deixando ele entrar dentro da sua casa através dessas novelas prostituidoras, desses filmes que destroem, programas de televisão que precisam mostrar sempre a mulher pelada. Ou fazem o povo rir mostrando a desgraça dos outros, humilhando pessoas. Como é 10
  • 11. gostoso rir do tombo que o outro caiu. Porque não é seu pai, sua mãe, seu filho, pois se fosse você correria para levantar. Vai criando uma insensibilidade, e quem ri com isso está participando essa premonição demoníaca que está por trás de tudo isso. Alguma vez você que é carismático rezou por aquela pessoa que passou por uma humilhação? E depois não sabem por que as coisas não vão bem na sua vida. Eu sei. Nós precisamos desse sinal. O demônio quer que você fique olhando para suas qualidades defeituosas. Se cada um de nós tivermos a coragem de investir naquilo que é de Deus. Aquilo que não é dele desaparece, aquilo que não é dele vai cair por terra. Mas é preciso perceber quais os sinais que Deus está dando na sua vida. Quais os sinais que nós estamos deixando entrar dentro da nossa casa? Eu vivo com jovens dependentes de droga, de álcool, de maconha, mas o mais triste é ver famílias dependentes de novela. Porque é muito pior do que a cocaína, muito pior do que a Aids, que podem matar meu corpo, vai morrer mesmo. Mas uma novela dessa mata o espírito, e mata o espírito de muita gente. Porque vai semeando a discórdia, a imoralidade. Vai precisar de muita Bethânia para nos desintoxicar dessas prostituições que entram em nossa casa através da televisão. O grande sinal de Jesus para nós é esse: se nós nos convertermos, se nós mudarmos de vida, Nínive não será destruída. Pode ser que você esteja no fundo do poço, mas o amor de Deus vai muito mais profundo do que o seu pecado, a sua miséria. A sua família não será destruída se você ouvir esse sinal de Deus. Estava tudo certo quando o rapaz pegou aquela arma e atirou no papa, mas como o papa disse, Nossa Senhora estava lá, e eu tenho certeza que Nossa Senhora está também com a mão em frente a porta da sua casa. Muitas vezes ela está com a mão no controle remoto a sua televisão, mas você tira o controle da mão dela, porque está viciado no pecado. Porque você não tem coragem de renunciar tudo que o encardido oferece. Mas você precisa dizer: “Eu não quero mais deixar-me contaminar pelas artimanhas do encardido”. O que você precisa jogar fora da sua vida? A hora é agora, essa é a hora da graça. A necessidade da cura interior Pedro tomou a Palavra e disse: “Explica-nos essa parábola?” Jesus respondeu: “Também vós ainda não entendeis, não compreendeis que tudo que entra pela boca, vai ao estômago e depois é evacuado na fossa. Mas o que sai da boca vêm do coração, e isso é que o torna impuro. È do coração que saem as más intenções: homicídios, adultérios, imoralidade sexual, roubos falsos testemunhos, calúnias. Isso é que torna alguém impuro.” (Mt 15,20a ). Veja que maravilha a tradução da bíblia da CNBB, sem dúvida é uma das melhores traduções que nós católicos, temos a graça de ter em mãos. Até porque foi assumida pelas sete editoras católicas. O contexto dessa passagem nos ensina muito a respeito da cura interior, de modo especial a cura das mágoas e dos ressentimentos. O evangelho nos diz que Jesus fez um chicote. Foi intencional, ele fez o chicote, e ele entrou no templo com aquele chicote que tinha feito, derrubou as mesas dos cambistas, gritou com os vendedores e expulsou, porque o zelo pela casa do Pai devora o seu coração. E por que será que Jesus agiu dessa forma, de modo tão violento. Por que será que a imagem de Jesus que aparece no capítulo 2 de São João, é de um Jesus tão diferente daquele que muitas vezes nós estamos acostumados a enxergar? Ora, se aquilo não foi um descontrole emocional, porque se Jesus tivesse pego uma vara que estivesse ali perto, alguém poderia dizer que foi um momento de fraqueza, ou um descontrole. Mas São João, o homem que levou sessenta anos para escrever o evangelho e que pensou e repensou em cada detalhe do evangelho. Cada texto do evangelho de São João tem uma riqueza profunda nos detalhes, ele não quis pura e simplesmente reproduzir o que os outros evangelistas tinham escrito. Ao dizer para nós que Jesus fez com suas próprias mãos o chicote, ele quis nos dizer que Jesus estava muito consciente daquilo que fez. E se com tamanha consciência, Jesus, o filho de Deus, no lugar mais importante para o seu povo, que era o templo, é capaz de ter uma atitude dessa, é porque tem 11
  • 12. que ter uma causa muito séria. E qual é essa causa? A cura interior. É fabuloso quando nós entendemos que nem diante de doenças gravíssimas o Senhor teve atitudes tão sérias. E por que ele teve essa atitude tão séria? O capítulo 15 de Mateus nos ensina porque ele está no mesmo contexto de João capítulo 2. Assim como Marcos capítulo 7, Lucas capítulo 6, são textos que se comparam o contexto é o mesmo. E nesse capítulo de Mateus a partir do capítulo 15, quando Pedro pede a Jesus para explicar essa parábola. E essa parábola era quando Jesus estava dizendo que o que torna o ser humano impuro não é aquilo que ele come. Jesus falou isso porque os fariseus viviam de aparências. O capítulo 15,2-3 começa dizendo que os fariseus e os escribas dirigiram-se a Jesus perguntando: “Por que os seus discípulos desobedecem às tradições dos antigos? Por que não lavam as mãos antes de comer?”. Eles estavam preocupados com normas aparentes. Mas Jesus disse: “Isso não tem importância, porque o que você come entra pela boca vai ao estômago, e depois é evacuado na fossa”. E é essa mesma a tradução da bíblia CNBB. Quer tradução mais explícita? Mas o que contamina o ser humano não é aquilo que está na aparência, mas sim aquilo que vem do coração. E é interessante, que no capítulo 12, quando os discípulos chegaram para Jesus e perguntaram: “Soubesse que os fariseus ficaram indignados quando ouviram tuas palavras?” Jesus respondeu: “Toda planta que não foi plantada pelo meu pai será arrancada, deixai-os, são cegos guiando cegos”. Hora se um cego guia outro cego, os dois caem no buraco. E foi aí que Pedro falou: “Senhor, se a coisa é tão séria assim, então nos explica essa parábola?”. Aí nos entendemos porque Jesus foi tão violento e com atitudes tão determinadas como fazer o chicote, derrubar as mesas, brigar, e espalhar pelo chão as coisas. Porque trata de salvar o ser humano. A cura interior não é um momento de emocionalismo barato. A cura interior é uma oração de rebeldia e recusa às ciladas do encardido. Porque ele é o pai da mentira, ele é o senhor da inveja, ele é o autor do pecado e é o derrotado dos derrotados, porque pela inveja que ele tem do ser humano ele quer jogar o ser humano no buraco. Então ele quer contaminar o ser humano, mas nós não nos contaminamos pelas coisas exteriores. Jesus diz que nós nos contaminamos a partir de um coração ferido, um coração machucado, um coração que não ama, e que isso é fonte de desgraça, de sofrimento e de morte. A razão pela qual o mundo está vivendo tudo que está vivendo. A razão pela qual nós sofremos é que nós temos corações feridos e machucados. E o Senhor quer curar nosso coração. O ministério da cura interior em Jesus é tão fundamental, que é o único ministério que ele realiza antes de nascer, no nascimento, depois de nascer, na infância e adolescência, na juventude, na idade adulta, na morte e depois da morte. Jesus tinha tanta pressa de curar o coração da humanidade que antes de nascer ele já exerce o seu ministério. Quando Maria vai visitar Isabel, Jesus estava na barriga de Maria, e nessa visita Jesus cura o coração de Isabel e cura João Batista na barriga da mãe dele. Pois aquela criança não podia herdar da mãe os ressentimentos. Porque Isabel era uma senhora estéril e carregou durante muitos anos mágoas e ressentimentos até mesmo contra Deus, porque não podia ter um filho. Isso que a psicologia moderna descobriu há quarenta ou cinqüenta anos, a bíblia fala já há mais de dois mil anos, e ainda não faz só um diagnóstico do problema. Porque a psicologia pode nos ajudar muito, mas somente nos ajuda a fazer um bom diagnóstico do problema, pode até nos ajudar a compreender o problema, mas não passa disso, porque não cura. Jesus é o único que pode ir à raiz do problema, porque ele é a expiação de Deus, ele é o perdão de Deus, e ele é também o nosso Salvador. Isso é muito importante. Quando o Vaticano fez uma séria advertência à teologia da libertação, ele o fez porque muitas vezes os chamados teólogos da libertação estavam apresentando um Jesus Cristo puramente libertador social. E a igreja foi severa e disse: “Isso está errado!”. Jesus não é aquele que vem só ajudar-nos a se organizar socialmente. Pois hoje eu diria que está na hora da igreja mandar uma carta a muitos católicos que pregam um Cristo intimista, como se fosse o meu terapeuta, o cristo da Nova Era. A Nova Era não vai contra Jesus no sentido histórico de falar mal dela. A Nova Era quer mostrar um Jesus da era de aquários. E quem é esse Jesus da era de aquários? O Jesus da era de aquários é um profeta poético, é um cara que ensina parábolas bonitas, é um precursor do Paulo Coelho ou coisa que se valha. É alguém que sabe falar palavras bonitas e leva você a momentos emocionais. Esse não é o nosso Jesus Cristo apresentado no evangelho, esse não é o Jesus Cristo da cura interior. O Jesus Cristo da cura interior não é o Jesus Cristo da auto-ajuda. É o Jesus Cristo da rebelião, é o Jesus Cristo que arma um chicote para nos dizer que o primeiro passo para que possamos expulsar do coração a raiz disso que está nos contaminando é fazer também um chicote. Como era dolorido quando mamãe nos mandava ir no mato arrumar um galho de pitangueira para depois com ele apanhar. E se trouxesse um muito pequeno apanhava com aquele, depois tinha que buscar outro. 12
  • 13. Tinha um rapazinho que saiu da escola correndo muito. Então um senhor perguntou: _ Menino, por que você está correndo tanto? _ É porque saiu o boletim, eu vou mostrar para minha mãe. _ Que beleza! Nota boa não é? _ Boa nada, tudo vermelho em meu boletim . _ Mas você está correndo para mostrar para sua mãe? Ela não vai ficar aborrecida? _ Minha mãe vai me dar uma surra. _ Menino vem aqui que eu vou levar você para o nosso grupo de oração, para fazer para você uma oração de cura para você. Você deve ter algum problema mental. Você sabe que sua mãe vai bater em você. E mesmo assim você está indo para casa correndo? _ Estou sim. _ Você não deve estar muito bom da cabeça. Onde já se viu, você querer chegar logo em casa para poder apanhar? _ Não! Eu só quero chegar antes do meu pai, porque se eu estiver em casa, é ele quem vai me dar a surra. Então é duro você ter que ir buscar o chicote. Mas Jesus disse que tem que fazer um chicote. E o que significa fazer esse chicote? E um chicote de cordas é um monte de coisinhas que você tem que ir juntando, amarrando, e trançando. Isso quer dizer que eu tenho que fazer um exame da minha consciência, eu tenho que amar esse chicote e descobrir onde estão as minhas áreas fracas. Aonde que eu sou limitado, e em que áreas eu percebo a minha fraqueza. Muitas vezes, quando ouvimos falar em santidade, logo pensamos que para ser santo é preciso morar em um mosteiro, ou em um carmelo, ou para ser santo é preciso se afastar do mundo. Por que sempre escutamos a expressão ”quando eu estava no mundo, é preciso sair do mundo”. Porque no dia-a-dia, nós já descobrimos que é muito fácil ser santo sozinho. Mas, ser santo convivendo com determinadas pessoas, ser santo em nossa casa, ser santo morando ao lado daquele vizinho, ser santo tendo a sogra que tenho. “Ah padre, você fala bonito, padre Jonas fala bonito, eu queria ver se vocês tivessem uma sogra igual a minha”. E a sogra deve estar dizendo lá em outro padre: “Eu queria ver se você tivesse uma nora igual a minha”. É preciso fazer um diagnóstico para saber quais as áreas da minha vida que sou fraco, e isso é duro demais. Por que os fariseus ficaram bravos com Jesus? Porque tinham que tirar a máscara e reconhecer. E o arrependimento, que é o primeiro passo da cura interior é muito doloroso, e não é fácil. Eu me preocupo desde que o Senhor me chamou no ministério de cura interior e tenho medo das pessoas confundirem cura interior com auto-ajuda, com coisas mágicas. Como uma moça que entrou em uma livraria e lá viu: “Seção de auto-ajuda”. Imediatamente aquilo chamou sua atenção, e lá tinha um livro que logo pegou com as quatro mãos na hora, de tão impressionada que ficou, pois o título do livro era: “Resolva todos os seus problemas”. Ela já estava com o livro na mão para pagar e perguntou para o vendedor: _ Escuta, você já leu esse livro? _ Já, eu li sim. _ É verdade que ele resolve todos os meus problemas? _ Eu vou ser honesto com você, eu não diria que ele resolve todos os seus problemas, mas eu diria que ele resolve pelo menos a metade dos seus problemas. _ Então me dê dois por favor! Eu tenho medo das pessoas confundirem cura interior com preguiça espiritual, ou cura interior com uma vida muito fácil. “Ah Senhor, eu estou tão bem, que paz eu estou sentindo”. Outro dia eu recebi uma família amiga que tinham perdido um filho de dezenove anos, e eles foram até lá em casa pedir que eu fizesse uma oração por eles porque eles estavam sofrendo muito. Ficamos muito tempo 13
  • 14. conversando, eu tentando mostrar a eles que se eu fosse fazer uma oração, eu ia pedir a Deus para que eles sofressem mais. Um pai e uma mãe que perdem um filho de dezenove anos de idade, e não querem sentir nada! Hoje nós não aprendemos a trabalhar os sentimentos, e isso é um problema muito sério. Sabe por quê? A única coisa que revela quem você de fato é, são os seus sentimentos. As minhas idéias não refletem quem eu sou. Eu posso estar falando convictamente sobre algumas idéias que eu li em um livro. Não têm esses políticos que têm assessoria de imprensa, eles têm pessoas que preparam o texto, eles dão uma olhada no texto e se tiver facilidade de memorizar, pronto! Eu posso fazer um longo e bonito discurso, mas eu não estou mostrando quem eu sou. Pode ser idéias de outras pessoas que eu li e decorei. Quando eu tenho a graça de revelar os meus sentimentos, eu estou mostrando quem eu sou. Não é ouvindo uma música de uma pessoa que você o conhece, pois ele pode ter ido a um estúdio e gravado cada palavra, depois eles colocaram um aparelho chamado Prótus, aquilo acertou a voz dele e ficou uma beleza. Pode ser até alguém com voz parecida que canta no lugar dele. Muitos artistas famosos fazem isso. “Ah, eu conheço fulano, eu li um livro dele”. Talvez o livro não seja dele, porque se você copiar o livro de alguém, você pode ir preso por crime aos direitos autorais, mas se você copiar de diversos autores, você ganha diploma de Doutor, porque você fez uma ampla pesquisa. Sabe quando eu conheço a pessoa? Quando eu tenho a graça de partilhar os seus sentimentos, porque nos sentimentos, nós não temos como fingir. É por isso que a mulher diz: “Padre, meu marido é terrível, lá no serviço, precisa ver padre, ele é alegre com todos, está sempre rindo, mas quando ele chega em casa, ele entra já dando coices, e com aquela cara emburrada”. Talvez seja o único lugar que ele pode tirar a máscara. Por que o encardido faz através da televisão principalmente através das novelas, uma campanha contra a família? É porque a família é o único lugar que você pode ser você mesmo. E a coisa mais gostosa do mundo é quando vamos à nossa casa. Eu, quando fiquei padre, pedi para não ser chamado de padre dentro da minha casa. Antes de eu ser padre, eu sou filho do Quinzinho e da Nazaré, eu tenho que tomar a bênção de meu pai e de minha mãe, lá eu posso andar sem clesma, lá eu sou filho. A comunidade Bethânia também é a minha casa, e lá também é a mesma coisa. A minha alegria é quando um filho me chama de Léo ou de pai. Porque nós precisamos de um lugar aonde possamos tirar nossas máscaras, inclusive as máscaras boas onde podemos ser nós mesmos. E esse lugar privilegiado é a família, e a comunidade, por isso o encardido luta contra a família, e tenta criar fami-ilhas, onde cada um fica em seu cômodo para não deixar vir à tona os seus sentimentos. Você já percebeu quantos remédios existem para mudar os sentimentos? Se você quer alegria, tome prosac, pode acontecer qualquer coisa, você continua alegre. Não estou falando de pessoas que estão doentes e precisam fazer tratamento. Estou falando do uso desses remédios em qualquer situação. Quando morre uma pessoa, para dar a notícia, primeiro dão um comprimido para as pessoas da família. No velório é o melhor lugar para ver quando a pessoa ama de verdade, se a pessoa estiver se descabelando, fazendo escândalos, pode ter certeza, é peso de consciência. A pessoa do coração curado sofre, mas é diferente. Quando meu irmão mais velho morreu, uma morte absurda e estúpida, morreu de besta, porque bebia muito e não quis parar de beber. Dodô morreu com 44 anos de idade, e como dizia papai, mãe nenhuma cria filho para morrer. A morte dói, e muitos de nós pensávamos: Como será que mamãe vai reagir? Porque ela sempre foi muito amorosa conosco, e nossa família sempre foi muito unida. Como a capela fica ao lado da Santa Casa, se for preciso, chamamos um médico, porque dona Nazaré não vai agüentar. Levamos o corpo, quatro e meia da manhã cheguei em Itajubá, telefonei, trouxeram mamãe. Eu fui buscar ela, e papai na porta da capela, mamãe segurou em meu braço chorando, e mamãe chegou no lado do caixão, deu um beijo na testa do Dodô, e em silêncio Dona Nazaré enfiou a mão no bolso, tirou o terço, e começou: “Creio em Deus Pai todo poderoso, Criador do céu e da terra...”. Entende o que é coração curado? Ali eu entendi melhor ainda a mãe que eu tenho. A fé é sentimento, é emoção, mas não é aquela emoção descabelada desse povo que em vida não escreve nem um bilhete um para o outro, e depois que morre vai atrás dessas antas que têm por aí, para ver se manda alguma carta psicografada para a pessoa. É burro! Porque vejam, se o sujeito não sabe nem o endereço da casa dele para mandar a carta. O sujeito em vida nunca foi naquele lugar, depois de morto como é que ele acha aquele endereço. Têm pessoas que são bestas, e têm pessoas que parecem que gostam de ser bestas. Como é que você viveu sua vida? 14
  • 15. O encardido quer destruir nossos relacionamentos, e aqui está a seriedade do problema. Jesus não ia pegar o chicote só por isso, Jesus não é só um psicologozinho não. Jesus não veio ensinar uma terapia de auto-ajuda. Jesus é Salvador, e quando ele fala da necessidade da cura interior ele está falando. E ele está nascendo e morrendo por isso por quê? Porque a pessoa que não permitiu que o Espírito Santo fizesse a cura de seu coração, essa pessoa já comprou um ingresso carimbado de primeira classe para o inferno, e isso é muito grave. E foi Jesus que falou isso em todas as listas de pecados como essa de Mateus 15, Marcos capítulo 7, Lucas capítulo 6, Gálatas capítulo 5, Efésios capítulo 4, I Coríntios capítulo 3 e tantos outros textos. A Carta de Tito inteira, I de São João inteira, em todas elas há uma certeza: Quem não ama vai para o inferno. Quem não ama não pode ir para o céu, e já começa a criar o inferno e vivê-lo aqui. Olha o que Jesus falou: João capítulo 13, 34-35, e isso está em meu livro Cura interior. “Isto saberá o mundo que vocês são meus, se viverem o amor”. Qual é a carteira de identidade do cristão? O amor. E amar quem? A Deus sobre todas as coisas, com toda a tua força, com todo teu pensamento, e com todas as tuas emoções, com todo teus sentimentos e com todo o teu corpo, e ao próximo como a ti mesmo. Você consegue fazer isso? Talvez precisamos fazer igual aquele aluno quando o professor chegou com uma pilha de provas corrigidas somente com notas: zero, um e dois. Ele falou: “Eu fiquei impressionado ao ver uma turma de alunos burros na minha classe, o que adianta eu falar e explicar, se vocês são burros, o pior é que vocês não assumem que são burros, e eu estou falando para o bem de vocês, deixem de ser burros, ao menos pelo amor de Deus assumem que são burros. Mas eu quero ver se vocês têm essa coragem de assumir. O aluno que reconhecer que é burro fique de pé”. Todos continuaram sentadinhos. “O aluno que reconhecer que é burro, por favor, fique de pé, Vocês são burros e não aceitam que são burros?”. Genésio se levantou. O professor falou: “Muito bem Genésio, ao menos você reconheceu que é burro. Genésio meu filho, o que levou você reconhecer que é burro?” Genésio falou: “Professor, eu não acho que eu sou burro não, mas eu fiquei com dó de ver o senhor sozinho em pé aí, por isso eu levantei”. Por isso nunca devemos apontar para o outro com o dedo, porque quando você faz isso, você aponta um dedo para a pessoa, um para Deus e três para você. Honestamente, você vive esse amor que Jesus está nos falando? Eu não vivo, luto muito, mas não consigo, têm dias que é difícil para mim amar a mim mesmo. Têm dias que eu levanto, lavo a minha cara e me dá vontade de xingar a mim mesmo. Por isso eu entendo vocês, principalmente que são casados. Imagine se eu tenho dificuldade de viver comigo, e digo a vocês, se eu não tivesse calos em meus joelhos, eu não agüentaria viver comigo. Se não é Deus com sua misericórdia, um dia ter olhado para mim, o mundo ia me conhecer sim, mas por outras coisas. Eu sei que é muito difícil para nós reconhecermos isso. Em meu livro corações curados está escrito isso. A única coisa que nos impede de chegar em Deus não são os nossos pecados. Pelos nossos pecados Jesus morreu na cruz. A única coisa que nos impede de chegar em Deus é a máscara que nós colocamos, a casca que nós colocamos. Jesus disse: “Nisto o mundo saberá que vocês me pertencem”. Você é católico? Você é cristão? Você sabia que noventa e sete por cento de todos os fumantes são católicos? Tem um padre do Brasil que faz tese de doutorado de comunicação na Alemanha, e o tema dele é cinema. E ele foi estudar através dos filmes de todos os gêneros possíveis, como é que o cinema fala de Deus. Ele foi obrigado pelo estudo dele a assistir uma série de filmes pornográficos, e uma das coisas que mais deixou ele triste, foi ver em quase todos os filmes pornográficos, um crucifixo em uma das paredes. Isso não é um absurdo, isso é um retrato do nosso cristianismo fajuta, do nosso cristianismo que não nos compromete. O mundo tem muitos heróis, mas o maior herói que existe no mundo, e o único que entra no céu, é aquele que pela força do Espírito Santo aprende a dominar a si mesmo. É muito fácil dominar os outros, é muito fácil eu mandar os outros. Difícil é mandar a si mesmo, e o único exemplo é Maria de Nazaré. Ela conseguiu mandar em si mesma, quando ela disse: “Eis aqui a serva do Senhor”. E por isso, o encontro de Deus com Maria, e o encontro de Deus com Eva é completamente diferente. O encontro de Deus com Eva foi num paraíso, em um lugar maravilhoso. O encontro de Deus com Maria foi em uma casinha simples e pobre de Nazaré, de uma menina que estava fazendo os preparativos para o seu casamento. Eva tinha cometido o pecado, e quando Deus dá a chance de Eva voltar do pecado, ela inventa uma desculpa. Maria não tinha pecado, mas falou para Deus que ela era fraca. “Como vai ser isso, pois eu não conheço nenhum homem”. Foi aí que Deus achou a porta aberta para mudar a história da humanidade, porque achou um coração que era exatamente o contrário de Adão e Eva, embora os três tenham sido concebidos sem pecado. Adão e Eva também foram concebidos sem pecados. Maria na obediência: ”Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a sua Palavra”. Não segundo a palavra da serpente, porque serpente não fala, não segundo as desculpas que o mundo me ensinou. 15
  • 16. Se você quer ser feliz do jeito de Maria você tem que obedecer do jeito de Maria, não tem outro jeito. Mas isso não é fácil, cura interior não é fácil, cura interior é muito difícil, porque cura interior é um processo de uma vida inteira, cura interior é cair e levantar, mas é preciso saber para onde vai. Para chegar a graça da cura interior é preciso em primeiro lugar querer, e em segundo lugar revestir-se dessa força de Deus. Pó isso, por si só, você não consegue. “Padre, eu queria perdoar, mas não consigo”. E não consegue mesmo, e às vezes que conseguimos perdoar, não é perdão, é desculpa. Porque eu só consigo perdoar se a pessoa reconheceu seus erros, se a pessoa pediu muitas desculpas. Então eu, num excesso de bondade, desculpo, mas deixo bem claro: “que isso não se repita!”. Isso não é perdão. Perdoar é dar-se a quem não merece. É fácil isso? Mais do que isso, perdoar é dar-se a quem não merece, acha que merece e ainda me ofende. É fácil? Pois perdoar é mais do que isso. É dar-se a quem não merece, acha que merece, me ofende e ainda fala mal de mim para os outros. É fácil? Só tem um jeito de perdoar, é deixando seu coração ser revestido pela ternura e pela misericórdia do coração de Jesus. Esse é o segredo da cura interior, é o primeiro passo para a cura interior. Mas para que isso aconteça é preciso saber onde eu quero chegar. Você já deve ter visto na televisão quando eles mostram aqueles peixes que começam a nadar rio acima para se reproduzirem. Peixe fraco não se reproduz. Para se reproduzir, e reproduzir muito, porque cada peixe consegue reproduzir milhares de outros peixes, para isso é preciso ter coragem de nadar contra a corrente. Você devia assistir um especial sobre a reprodução dos salmões. O salmão é um peixe que vive no mar, mas ele nasce na água gelada do rio, e quando ele cresce ele começa descer pelo rio, pirambeiras, cachoeiras até chegar no mar e ali ele vive três a quatro anos em média. Com essa idade está chegando o fim da vida dele, e o final da vida dele é a hora da reprodução. Aí ele precisa sair do mar, achar o mesmo riacho, e começar nadar riacho acima. E ele vai subindo, vencendo as resistências, vencendo os pescadores, até chegar lá em cima, e isso é um longo processo. A cura interior é esse processo, se você não estiver disposto a iniciar esse processo, é bobagem, não vai conseguir. Para iniciar esse processo, a primeira coisa, é saber onde eu quero chegar. Se você quer chegar no céu, se você quer herdar o reino, se você quer viver a felicidade, o primeiro passo é querer chegar lá. Segundo passo, absolutamente fundamental: você não pode dar ouvidos aqueles que estão em sua volta. Era o aniversário do rei, e quando o rei fazia aniversário fazia uma grande festa para ser homenageado. Gostava de ser aplaudido, gostava que o povo lhe trouxesse presentes. Por isso, organizava uma festa linda. O principal dia da festa, que era no sábado, a festa era na praça principal da cidade que ficava em frente ao palácio. E naquele ano, o rei fez uma brincadeira diferente. O rei mandou colocar um poste de cinqüenta metros de altura. E nesse poste mandou colocar muita resina. Como nas festas juninas que tem o pau de sebo. Aquele poste enorme ficou tão liso, que até um mosquito que batia nele escorregava, não grudava nada. E lá em cima ele colocou uma caixa toda decorada com retratos de frutas, pedaços de carne, frango assado, churrasco, e dentro da caixa dois vales brindes. Um valia alimentação para a família durante um ano no supermercado. O outro vale brinde, era um pote de ouro no valor de um milhão de reais. Imagine quando aquele povo começou a olhar aquela caixa com aqueles retratos de comidas lá em cima daquele poste. Quem conseguisse subir no poste até na caixa, ganharia o prêmio. Então começou a luta para subir, a pessoa começava subir, escorregava, caía, e o povo começava a gritar: “sobe, sobe, sobe...” Cada um que tentava subir, caia, e vinha outro, caia também. Teve um, que pegou o celular e chamou o maior alpinista daquele país. O homem que já tinha subido a torre do World Trad Center, antes de ter acontecido aquele probleminha. O homem que já tinha escalado o Everest, e ainda tinha o título de alpinista urbano. Ele subia até paredes daqueles prédios. A chegada dele foi solene. Aquela fortaleza de músculos em cima do carro de bombeiros, com roupas especiais, sendo aplaudido. Ele chegou, pediu um momento de silêncio para se concentrar, se concentrou, olhou o poste, e disse: _ Difícil, mas não impossível. Abraçou o poste e se firmou. _ Sobe, sobe, sobe. Ele começou a subir, foi uns dez metros, de repente... TUM. _ É, é mais difícil do que eu pensava, mas na vida precisamos levantar quando caímos. Vou me concentrar melhor. 16
  • 17. Ele conseguiu uns quinze metros, ali começou a deslizar, parecia aqueles carros em estrada de terra, quanto mais gira, mais afunda. Ele caiu e aí se sentiu humilhado, pois todo mundo que cai é humilhado, o derrotado sempre quer alguém junto lá no fundo. Ele subiu em cima de um caixotezinho e falou: _ Com toda experiência que eu tenho, todos os meus títulos em jogo, eu digo a vocês, a aerodinâmica desse poste, já que o seu diâmetro, na sua área, a hipotenusa não corresponde a altura do cateto ao quadrado, a força é igual a mx2, 37 tirando o pi, digo a vocês, ninguém sobe, e digo mais, não como esportista, mas como cidadão, que me senti ofendido, porque não foi só eu que caí, porque eu já caí muitas vezes. Mas o que eu vejo aqui é uma afronta de sua majestade a cada um dos senhores e senhoras. Esse rei está é tirando um pêlo da nossa cara. Ele mandou fazer esse poste, e deve ter usado uma resina especial, porque ele é financiado pela empresa da Petrobrás, e garanto a vocês, ele deve estar lá no palácio de binóculo para cá, e rachando o bico de dar risadas de nós. Vocês acham que o rei ia dar de mão beijada um milhão de dólares? Vocês acham que o rei ia dar de mão beijada toda essa comida? Eu tenho uma saída: Abaixar o poste. Se esse poste não for abaixado dezessete metros, ninguém sobe. Vamos fazer uma manifestação ou uma passeata, vamos todos juntos gritar: Abaixe o poste. E no meio daquela baderna chegou um mineirinho, magrinho, sem camisa, dava pra ver o raio xis completo, descalço, com unhas sem cortar. O rapazinho olhou no poste, trançou as pernas, parecia uma lagartixa, e começou subir. E o povo gritava: _ Desce, desce, ninguém consegue, desce, abaixe o poste. E ele foi subindo. Subiu uns quinze metros, caiu também, mas ele caiu de bruços naquela areia, esfolou e grudou a areia, no que ele foi passar a mão para tirar a areia, percebeu que estava áspero, abaixou de novo, se sujou bem na areia, passou também as mãos na areia, fez um bife à milanesa. E de novo começou a subir, carcando aquelas unhas no poste e o povo gritando: _ Abaixa, desce, não consegue, não consegue. E o menino foi subindo, subindo, o povo silenciou quando viu o menino segurando aquela caixa. Ele nem conseguiu segurar, a caixa caiu, mas ele chegou no chão primeiro que a caixa. Pegou aquela caixa cheia de comidas, colocou nas costas e foi embora. _ Eu preciso conhecer esse menino, porque ele tem técnicas, que eu em todos os meus anos de estudo e aprofundamento não tenho, o alpinismo mundial não descobriu. Embarcou dentro de um carro chique e foi atrás do menino. O menino morava em uma favela, chegou lá, já tinha uma festa. Já tinham chego os tios, os vizinhos, estavam comendo, bebendo. Chegando lá ele disse: _ Eu queria falar com o pai do garoto prodígio. _ Não é prodígio não, é Valdemar o nome dele. _ Eu queria falar com o pai do senhor Valdemar. _ Ah, sou eu o pai de Valdemar. _ Eu sou alpinista. _ É, eu já vi o senhor na televisão, você sobe lá umas ladeiras, parabéns. _ Eu fiquei impressionado com a técnica do seu filho, eu vim aqui porque eu quero pagar uma bolsa de estudos, e gostaria de patrocinar o menino, e eu quero descobrir qual foi o segredo que levou esse menino a subir daquele jeito naquele poste. _ Existem dois segredos, primeiro é a fome. Essa é a primeira refeição que nós temos aqui em casa hoje. Quando esse menino viu que tinha comida lá dentro, ninguém segurou mais ele. _ Mas aquela pressão popular? Eram muitas pessoas gritando para que ele desistisse. O que levou esse menino a ser firme e não dar ouvidos a multidão? _ Aí é o segundo segredo, esse rapazinho teve a graça de Deus de ter nascido surdo. A cura interior exige duas coisas. Primeiro a fome, no dia em que a sua fome de Deus for maior do que qualquer outra fome, como fome de comida, fome de dinheiro, de aplausos, fome de sucessos. E no dia em que 17
  • 18. você tiver a graça de Deus de tornar-se uma pessoa surda como Maria, que guardava as coisas em seu coração. Surdos a todos burburinhos que o mundo nos faz, surdos a essas novelas, a essas músicas. Surdos aos discursos da Nova Era, que prega uma felicidade fácil. É preciso fechar os ouvidos a esses barulhos que há no mundo. E é preciso ter uma fome esganada de encontrar-se com Deus. E quando nós conseguimos isso, é certo que demos o primeiro passo para que Deus realiza em nós aquilo que ele quer realizar, porque Deus nos criou para que sejamos felizes e curados. Mas não é fácil. Fácil é ir para o inferno, porque o caminho do inferno é largo, e é descida. O caminho do céu é estreito, e é subida, mas é possível chegar lá. E a grande definição de cura interior, é seguir Jesus, ser uma pessoa do coração curado é ter a coragem de segui-lo. Não se perturbe o vosso coração Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos! Seja a vossa amabilidade conhecida de todos os homens. O Senhor está próximo. Não vos preocupeis com coisa alguma! Mas em toda ocasião apresentai a Deus os vossos pedidos, em orações e súplicas, acompanhadas de ações de graça. E a paz de Deus, que supera todo entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos no Cristo Jesus. Quanto aos meus irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, digno de respeito ou justo, puro, amável, honroso com tudo o que é virtude ou louvável, praticai o que de mim aprendestes e recebestes e ouvistes, ou em mim observastes, e o Deus da paz estará convosco (Fil 4,4-9). Esse texto é fabuloso demais, quando lemos Filipenses capítulo 4-4 dá-nos a impressão de que alguém que nos escreveu, porque estava vivendo um momento espetacular de sua vida. Que situação você acha que alguém escreveria isso que Paulo acabou de escrever para nós? “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: Alegrai-vos! Em todas as circunstâncias daí graças”. A primeira impressão é de alguém que esteja vivendo um momento fantástico de sua vida. De alguém que esteja muito bem de saúde, de alguém que tem solução para todos os problemas. E é aí que nós vemos o sentido dessa paz que se repete no início e no final do texto acima. O Deus da paz que vai estar em sua vida e a paz de Deus que supera tudo vai estar na sua vida. Essa Carta, não chega a ser uma carta, é quase um e-mail de tão pequeno que é. Qual é a palavra que mais se repete nesses quatro capítulos? Quantas vezes? Nesses quatro capítulos Paulo fala dezesseis vezes na paz, ou seja, ele repete e dobra a repetição em cada capítulo. Alguém que escreveu quatro capítulos curtinhos, repetir dezesseis vezes essa ordem da alegria, só podia estar em que situação? Ele estava preso injustamente. Paulo escreveu essa carta na cadeia, e uma cadeia injusta. Quando logo no inicio ele diz: A vós paz e graça da parte de Deus. Dou graças a meu Deus cada vez que me lembro de vós em minhas orações, é com alegria que faço a minha oração. Irmãos, faço questão de que saibais o seguinte: o que me aconteceu tem contribuído para o progresso do evangelho. Com efeito, em todo o pretório e por toda a parte se ficou sabendo que eu estou na prisão, mas estou na prisão por causa de Cristo. E a maioria dos irmãos encorajados no Senhor pela minha prisão redobra a audácia proclamando sem medo a Palavra (Fil l,3-4;12-14). Aí nós entendemos de onde vem essa força. E aí também nós entendemos o que é a paz. Quando ele diz: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: Alegrai-vos. Seja a vossa amabilidade conhecida de todos”, e em todo o texto Paulo está afirmando uma coisa pura e simples para cada um de nós. A paz tem nome, a paz é uma pessoa, e eu só chego a essa paz a partir do momento que eu experimento uma pessoa, e jamais ela poderá vir de fora para dentro. Nada nem ninguém que estejam fora de nós pode nos fazer felizes ou infelizes. Nada nem ninguém que esteja fora de nós pode colocar ou tirar a nossa paz, porque a nossa paz tem que brotar de dentro, ela é fruto de uma experiência. Paulo está vivendo aqui, aquilo que ele viveu nos Atos dos Apóstolos capítulo 16,16, quando ele está pelado, todo machucado, meia-noite jogado lá no porão de uma prisão injusta. O que ele começa a fazer? Louvar o Senhor, e ele cantava tão alto e tão forte que as grades da cadeia caíram. E ainda diz para o carcereiro: “Eu estou aqui”, como quem diz o que me prende não são as grades. O carcereiro fica tão impressionado que pede um pouco daquela alegria. E Paulo reza por ele ali na prisão. E se você ler com atenção, vai perceber que só no final ele soube cuidar das feridas de Paulo, e põe a roupa em Paulo. Com dor, ferido e machucado. Nós precisamos experimentar o que Paulo experimentou. É aquilo que Jesus disse no evangelho de São João no capítulo 14 a partir do versículo 1: “Não se perturbe o vosso coração, credes em Deus, crede também em mim”. “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não como o mundo dá. Mas tendes coragem. No mundo tereis 18
  • 19. preocupações. Não se perturbe vosso coração, nem tenhas medo! (Jô 14,l;27). E São João vai encerrar, logo antes da oração sacerdotal de Jesus. “Eu vos disse essas coisas para que em mim tenhais a paz. No mundo tereis aflições. Mas tendes coragem! Eu venci o mundo.” (Jo 16,33) Se nós queremos ser semeadores da paz, precisamos ter essa convicção. Nada que nos aconteça de bom ou de ruim pode tirar a nossa paz, quando sabemos aonde vamos. Quando passamos a olhar fatos isolados da nossa vida, quando nos detemos nesses fatos e ficamos ali cavucando aquele fato e comentando a cada um que chega. E você quer passar para o outro a emoção que você sentiu, mas como isso é impossível, você começa a aumentar o fato. É daí que vem a história de que quem conta um ponto aumenta um ponto. E enquanto você está contando a sua desgraça, a outra pessoa está tentando lembrar-se de uma dela pior para lhe contar. Se você isola o problema na vida, você não vê a vida. Havia um rei que era ateu. A maior raiva desse rei era um empregado carismático que ele tinha. Tudo que acontecia o empregado dizia: _ Deus seja louvado, Deus sabe o que faz e Deus é bom e maravilhoso. _ Aquilo irritava o rei, mas ele era um bom empregado que defendia o rei. Era o segurança pessoal do rei. Tudo que acontecia podia ser coisa boa ou ruim, ele sempre falava: _ Muito obrigado Senhor, louvado seja Deus, aleluia, glória. Um dia eles foram caçar. Estavam lá no meio do mato caçando, de repente uma fera atacou o rei. _ Deus seja louvado, aleluia, Senhor! _ Foi tocando a onça, mas não conseguiu impedir que a onça comece a ponta do dedo do rei. O rei ficou furioso, e quando voltava para o palácio ainda teve que escutar ele: _ Graças a Deus, louvado seja Deus que a onça foi embora. _ Louvado seja Deus, porque o dedo não é seu. Queria ver se o dedo fosse seu. O rei ficou muito nervoso, quando chegou em casa chamou os guardas e falou: _ Pode prender esse homem, ele não me defendeu. Mas todo dia lá na prisão ele estava louvando a Deus. O rei estava sossegado e tranqüilo, pois tinha tirado aquele traste de sua vida. Passado o susto, alguns dias depois ele foi caçar de novo. Estava lá na selva um bando de índios antropófagos, pegaram o rei. _ Eu sou o rei, não podem fazer mal a mim. Levaram o rei, apesar dos seus argumentos, puseram um caldeirão no fogo, começaram a dançar e gritar: UUUU, UUUU. O rei já estava começando a rezar. Quando estava tudo pronto para o sacrifício chamaram um sacerdote para examinar a oferenda, quando o sacerdote viu a falta do dedo. _ Não serve para oferenda, falta dedo, carne de segunda, deus não aceita. O rei foi para casa e começou pensar: _O meu empregado tinha razão, como podia imaginar, se eu tivesse todos os dedos estava morto essa hora. Bem que ele falou que Deus pode tirar muitas coisas boas a partir de uma coisa ruim. Eu fui injusto com aquele homem. O rei foi pessoalmente e com lágrimas nos olhos libertar aquele homem. _ Eu queria pedir perdão ao senhor, eu fui injusto, o senhor tinha razão, vou falar uma verdade, quando eu estava lá amarrado para ser sacrificado eu pensei nesse seu Deus, e pensei no jeito que o senhor rezava e louvava, e aquilo mexeu muito comigo, e me arrependi. O senhor me perdoa? _ O que é isso majestade! Deus seja louvado, que bom que o senhor está vivo, louvado seja Deus, Deus é bom. _ Tem uma coisa que eu não entendo? Deus é injusto. _ Que é isso seu rei! Você não pode falar um negócio desse de Deus. Deus é bom demais, Deus sabe o que faz, e tudo concorre para o bem daqueles que amam Deus. 19
  • 20. _ Se Deus é tão bom, e o senhor acredita tanto nele, por que então esse Deus permitiu que o senhor ficasse preso e injustamente? _ Oh seu rei, eu queria muito louvar e agradecer a Deus, esse tempo de prisão foi muito bom para mim. Glória a Deus, louvado seja Deus. Foi o tempo que eu precisei para me arrepender dos meus pecados, eu pude ler a Palavra, eu tive sossego para rezar, eu fiz uma reflexão de toda minha vida e percebi quantas coisas eu preciso mudar, eu vi o quanto Deus é maravilhoso e o quanto ele tem cuidado de minha vida. _ Mas como o senhor me explica essa injustiça de Deus? _ Olha seu rei, eu inclusive louvo muito a Deus, porque se não fosse a cadeia eu estava morto agora. _ Morto! _ Claro seu rei, meus dedos são perfeitos e se eu não estivesse preso, eu estava com o senhor, e se eles não comeram o senhor eles comeriam a mim. E é assim a vida, aquela prisão salvou a vida daquele homem. E Paulo está na prisão para ajudar salvar a vida dele, a minha e a sua. Não foi a vontade dele. O próprio rei disse: Você esteve jogado em uma prisão injustamente. Mas se você coloca sua vida nas mãos de Deus, mesmo que você seja aprisionado injustamente, o nosso Deus é poderoso o suficiente para transformar até prisão injusta em uma fonte de vida e salvação para você e para toda a sua família. Deus não permite o mal, o mal acontece pelo egoísmo humano, o mal é provocado pela calúnia humana, o mal nós mesmos provocamos, com o nosso jeito de comer, de beber, o nosso jeito de dormir. A nossa ânsia de querer ganhar mais e mais, nos leva ao egoísmo humano, a vaidade e a prepotência. Quantos absurdos se fazem no mundo? Quantas pessoas ricas que são infelizes? E muitas pessoas com tão pouco, mas quando se unem conseguem realizar coisas maravilhosas. Ah, se cada um partilhasse um pouco mais do seu dinheiro, do seu tempo, da sua inteligência. Viver da providência de Deus, não é viver na preguiça, é fazer a sua parte e confiar em Deus. Eu, muitas vezes falo para meus filhos em Bethânia que o que mata o pasto, não é o mata pasto, é a preguiça de arranca-lo. Essa é a nossa parte, Deus faz a parte dele e eu preciso fazer a minha. Se eu quero ser semeador de paz, a grande Palavra é: “Não se perturbe o vosso coração”. E esse “vosso” é para o meu sentido e o do outro. E quem está me falando isso? Paulo? Não! Jesus. É Jesus que olha para mim e para você e diz: “Não se perturbe o vosso coração”. Aconteceu uma desgraça? “Não se perturbe o vosso coração”. Primeira condição para não se perturbar o coração: Pegue o seu passado e entregue nas mão de Deus, tudo que você já fez ou deixou de fazer no passado, não volta mais. O Rio Iguaçu vai pequenininho acolhendo as águas, porque a meta dela é chegar ao mar, ele não volta, se ele voltar faz um estrago medonho. Se você quer ser semeador da paz, e se você quer fazer essa linda experiência de não perturbar o coração. Perturbar é turbar por todo. “Ah padre, eu já fiz tantas coisas erradas, será que Deus me perdoa?” Se você quer mesmo fazer a linda experiência de não perturbar seu coração, entregue seu passado a Deus, mesmo que tenha experiências difíceis do passado. A grande ordem de Jesus é também para os piores dos pecadores. É não olhe para trás. Não é por acaso que Jesus jamais, em nenhuma circunstância, fez nenhuma pergunta sobre o passado de nenhuma pessoa, por pior que ela foi. Essa foi a experiência que mais tocou meu coração de jovem e continua tocando meu coração de padre. Jesus nunca fez nenhuma pergunta sobre o passado de ninguém, e olha que ele teve contato com pessoas muito pecadoras. Imaginem o tamanho do pecado de Pedro. Pedro era papa, Jesus havia dito: “Tudo aquilo que você ligar na terra será ligado no céu, e tudo o que você desligar na terra, será desligado também no céu”. Ao negar Jesus, o que Pedro fez? Desligou Jesus da salvação. E para mostrar a gravidade do pecado, ele negou Jesus três vezes. E por que Pedro negou Jesus três vezes? Porque ele negou o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O absurdo dos absurdos da negação de Pedro está a condenação da Santíssima Trindade ao inferno, e Jesus foi. Nós rezamos no credo que Jesus foi ao inferno. Só que ele foi lá para salvar. Aonde chega o amor de nosso Deus! Em toda história da humanidade, ninguém nunca cometeu um pecado maior do que o de Pedro, nem mesmo na época em que a igreja cometeu pecados, em que papas cometeram pecados morais. Mas nesses dois mil anos de cristianismo, nunca tivemos nenhum papa que tenha cometido um erro teológico, nenhum papa que tenha cometido um erro de fé. É a assistência do Espírito Santo a essa igreja, porque Jesus disse: “As portas do inferno não prevaleceram contra ela”. 20
  • 21. Mesmo diante de Pedro. o homem que cometeu o maior pecado da face da terra, Jesus não fez nenhuma pergunta sobre o seu passado. Jesus apenas falou: “Pedro, tu me amas?”. Eu sou apaixonado por esse capítulo 21 de São João, cada vez que vou à Terra Santa, sinto a mesma emoção quando vou lá na beira daquela praia. Pedro tinha desistido de tudo e foi pescar, e os outros foram juntos. Voltou a vida antiga, voltou a ser o pescador de antes, mas tinha esquecido tudo de pescaria. Trabalharam a noite inteira e não pescaram nada. Sem Jesus, nada dá certo mesmo. Jesus chegou de manhã na praia, Pedro não reconheceu Jesus. Quando estamos em pecado nunca conseguimos reconhecer Jesus. Quando estamos olhando demais para nós mesmos, não conseguimos ver Jesus, mesmo que ele esteja ali ao nosso lado. Como quando ele caminhou um dia inteiro com os dois discípulos de Emaús, mas eles estavam com o coração tão fechado no pecado, tão perturbado, que eles não conseguiram enxergar Jesus que caminhava com eles. Eles não conseguiram sentir o cheiro de Jesus. Assim Pedro também não conseguiu perceber que era Jesus. E Jesus vai pedir comida, Jesus vai ao pecador como que se precisasse do pecador. Do mesmo jeito que Jesus falou para a Samaritana: “dai-me de beber”. Ele, a fonte da Água Viva, pede a uma mulher prostituída da Samaria que lhe dê de beber. Ele o Pão da vida pede de comer a um pescador da Galiléia que o havia negado três vezes. Ah! Que Deus é esse? Que Deus se faz pequenininho para ficar do nosso tamanho para nos levantar? Aquele homem que acompanhou Jesus a vida inteira, aquele homem que participou dos grandes milagres de Jesus e que viu todos os principais milagres de Jesus. E que esteve com Jesus sozinho rezando no monte. Mas quando Jesus lhe pede um pãozinho e um peixe ele diz: “Eu não tenho nada”. Esse Pedro sou eu e é você, depois de tantas vezes que Deus nos dá graças em cima de graças, nos continuamos dizendo: “eu não tenho nada Senhor”. Eu não dou nada para Deus, eu estou fechado em meu egoísmo, eu estou fechado no meu comodismo, fechado na minha miséria, e não saio de mim para o encontro com o outro. Jesus mais uma vez, diante da miséria do fechamento de Pedro, manda que ele jogue a rede no lado direito, como querendo dizer: “joga direito essa rede”. Ainda bem que Pedro obedeceu. Se apesar de tudo ainda sobrar essa obediência a Palavra é suficiente. Aí acontece uma coisa maravilhosa. A quantidade de peixes que eles pegaram foi tão grande que eles não conseguiam trazer sozinhos. É aí que João diz: “É o Senhor”. Pedro não teve dúvidas, vestiu rapidamente a roupa, pulou na água e foii nadando ao encontro de Jesus. Quando ele chega na praia, Jesus tinha feito uma surpresa, já tinha brasas preparadas. O que significa brasas preparadas? Significa que Jesus tinha feito uma fogueira. E por que Jesus tinha feito uma fogueira? Jesus preparou a fogueira para curar Pedro. Porque Pedro negou Jesus em torno de uma fogueira. Jesus sempre faz uma fogueirinha para esquentar nosso coração com seu amor. Quando Pedro viu a fogueira, ele lembrou- se: “É, na festa de São João do ano passado, eu andei fazendo umas bobagens”. Três vezes fala da rede. Na primeira, diz que eles pegaram tantos peixes que nem todos eles juntos conseguiram puxa-la. Aí Jesus chegou, Pedro chegou perto e quando Pedro estava perto de Jesus, os outros conseguiram arrastar as redes. Juntos eles não conseguiam trazer uma rede, aí Pedro largou eles e foi ficar perto de Jesus. Quando Pedro estava perto de Jesus eles tiveram forças suficientes para trazer as redes. Pedro perto de Jesus, a igreja tem força. Se você quer estar com a força da igreja, esteja na igreja que tem Pedro perto de Jesus. Quando estamos longe de Jesus somos fracos, não conseguimos nem puxar uma redinha de nada. Um probleminha de nada, uma dificuldade de nada. Mas se um de nós se coloca perto de Jesus na igreja de Pedro, os outros conseguem trazer as redes. E se a igreja está perto de Jesus, qualquer um de nós é Pedro para ir buscar essa rede, porque o que age em nós é a força do Espírito Santo e é essa força que o Senhor prometeu. A força do alto. A transformação já estava acontecendo. Mas por que será que Jesus foi lá na praia? Para dizer a Pedro: “Não se perturbe o vosso coração, pois o coração de Pedro estava perturbado demais. Tão perturbado que São João diz que Pedro logo depois que negou já começou a chorar. Tão perturbado que ele voltou para a pescaria. Pedro tinha perdido a paz e Jesus precisava devolvê-la. Então ele chama Pedro de lado e retoma tudo o que Pedro fez? Não! Jesus nunca fez nenhuma pergunta sobre o passado de ninguém. Para curá-lo, Jesus olha para Pedro e pergunta: “Pedro, filho de Jonas, tu me amas?” E Pedro diz: “Sim senhor, tu sabes que eu te gosto”. O grego tem três termos para falar amor. O amor divino é Ágape, o amor sexual é eros e o amor de irmão ou de amido é filos. E na tradução grega usa-se os dois termos. Jesus usou o termo grego ágape, e a resposta de Pedro foi fabulosa, Pedro não respondeu em ágape, Pedro falou filos, ele usou uma palavra mais fraca. Jesus olha de novo e pergunta pela segunda vez: “Pedro tu me amas?’ E Pedro é honesto: “Sim Senhor, tu sabes que eu te gosto”. Jesus queria queimar todos os pecados de Pedro na fogueira, e pergunta pela terceira vez: “Simão, Filho de Jonas, tu gostas mesmo de mim?”. Ai Pedro abre o coração e a resposta de Pedro é: “Senhor, sabes tudo, sabes que eu te gosto?”. Ah como é fabuloso nosso 21
  • 22. Deus. Jesus não força Pedro a fazer aquela proclamação de amor tenebrosa, fingida. Jesus abaixa o nível, e Pedro abre e escancara o coração: “Senhor, sabes tudo, sabes o monte de bosta que eu sou, sabes a miséria que eu sou, sabes os meus pecados, tu sabes tudo Senhor. E sabes que eu gosto barbaridade do Senhor, e sabes que eu quero um dia amar pra valer o Senhor a ponto de dar a minha vida se preciso for, e por isso está aqui o que eu sou, toma senhor”. Hoje, Jesus está marcando um encontro conosco na nossa praia. Não se perturbe o vosso coração, entregue seu passado ao Senhor, por pior que tenha sido. “Será que Deus perdoa aquele pecado tão grave padre?” É muito fácil de saber, é só colocar a mão no coração, se estiver batendo... Quem deu corda nele? Quem fez sua unha crescer, seu cabelo? Cada vez que nosso coração bate, é Deus dizendo: “Eu te amo, eu te amo” Ou é Deus dizendo: “Eu acredito em você, eu acredito em você”. “Ah padre, tantas coisas aconteceram de errado em minha vida”. Na minha também, mas estou vivo. Tinha um bêbado em um ônibus olhando para uma moça. A moça desajeitada e ele olhando, não tirava os olhos dela. Ela foi se irritando e perguntou: _ O que está olhando. _ Meu Deus! Eu estou observando aí, mas você é feia! Tá louco, Deus o livre, você é muito feia. _ Muito engraçado mesmo, você bêbado desse jeito falar de mim. _ Amanhã eu estou bom. Os problemas vêm e vão. “Ah padre, mas eu sofri muito na infância”. Sofreu, acabou. “Falaram mal de mim”. Sabe quando é que ficamos tristes quando falam mal de nós? Quando aquilo que falaram é uma coisa que estamos tentando esconder. Se não for verdade não dói. Se eu tiver com dor de dente e tomar um gole de água, a água vai doer meu dente. Mas não é a água que dói meu dente, é a carie ou a sensibilidade. Está com seu coração cariado? Se você está com seu coração ferido, cure seu coração. Por isso eu escrevi muitos livros de cura interior e cada dia Deus vai me mostrando aspectos importantes. Cure seu coração, a necessidade de deixar Deus ir curando toda a minha história. Cura interior, o coração de Cristo derrama sobre mim a graça da cura. Corações curados, pessoas que viveram a experiência de pecados e conseguiram sair. Rezando a vida, eu preciso colocar toda a minha vida na ótica de Deus. Em Bethânia, todo mês fazemos retiros de cura interior, e cada mês eu vou aprendendo como Deus vai me curando através daquilo que eu falo para as pessoas. Como Deus vai me curando através do meu relacionamento com as pessoas. Cada dia eu posso dizer que estou sendo uma pessoa curada. Eu amo celebrar a missa, é uma das coisas que eu mais gosto de fazer como padre. Mas as missas que eu mais gosto de celebrar não é com multidões, porque eu não consigo celebrar uma missa com pessoas falando, crianças chorando e andando pra lá e pra cá. Aquilo vai doendo meu coração. As missas que eu mais gosto de celebrar é na minha casa, na minha capelinha. Tanto que, todo dia para celebrar a missa, eu tomo banho antes, faço a barba, preparo o sermão, sublinho direitinho na bíblia como se fosse para uma multidão de pessoas. Mas não é só por isso que eu gosto de celebrar, além do silêncio. O que eu mais gosto é quando colocamos diante de Deus a nossa fraqueza e pedir perdão. As orações que meus filhos, fazem me jogam no chão, porque eles vão se desmascarando. É muito bom viver como eu vivo, numa comunidade de pessoas que tiveram experiências terríveis de drogas de prostituição. Porque ninguém precisa ter máscaras, todos que estão lá sabem que estão lá porque tiveram problemas sérios na vida. É por isso que ninguém fica julgando. As nossas orações são tão lindas, tão lindas que aquilo mexe no meu coração e me dá forças. Quando falamos: “agora vamos fazer os pedidos ao Senhor”, tem que cortar, porque senão vai uma hora só de pedidos. Eles colocam a vida, eles confessam pecado mortal na frente dos irmãos. É essa honestidade que falta, infelizmente na maioria dos cristãos católicos hipócritas que põem uma máscara de cristão, que se dizem muito santos e renovados, que se acham melhor do que os outros a ponto de poder julgar e condenar as pessoas. Tem pessoas que perdem tempo na vida falando mal da vida dos outros, julgando e condenando. Oh, meu Deus que bom que Jesus desce ao nosso nível, e fica do nosso tamanho igual ele fez com a Samaritana, ele sentou ao lado do poço. A prostituída que trouxeram até ele: “Essa mulher foi pega em flagrante adultério, pela lei tem que ser apedrejada”. E o que ele fez? Se agachou, ficou do tamanho dela, e disse: “Quem não têm pecado, joga a primeira pedra.” 22