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Portugal, 2013
por que tanto precisamos hoje das Bibliotecas Itinerantes
Hola a todos!
Sou uma bibliotecária de leitura pública sénior e trabalho no apoio
às Bibliotecas Públicas, a partir da administração central. Sou
portuguesa, tenho 57 anos e tive a sorte de poder dedicar a maior
parte da minha vida profissional a um trabalho que amo.
Não «tenho», como vocês, nenhuma biblioteca pública, nem fixa, nem
itinerante. Mas sou uma bibliotecária pública por vocação e considero,
também enquanto cidadã, um pouco minhas todas as Bibliotecas Públicas.
Nelas sinto-me em casa. E, como a maioria dos bibliotecários portugueses,
tenho as Bibliotecas Itinerantes no coração.
Em Portugal, não deverá haver muitos portugueses maiores
de trinta e cinco anos que não saibam o que é uma Biblioteca
itinerante. Tivemos essa sorte. Num dos países mais pobres e
analfabetos da Europa da época, uma fundação, a Fundação
Calouste Gulbenkian (FCG), investiu numa Rede de
Bibliotecas Itinerantes (e depois também fixas) que cobriu
todo o território nacional entre 1960 e 1990.
Na aldeia do Douro onde nascera e onde
em adolescente ia passar férias, «uma das
coisas que tínhamos era a carrinha da
Gulbenkian, algo mítica para minha
geração. O senhor Sousa deixava-nos
levar da carrinha três livros por pessoa.
Eu levava a minha tia, porque assim
trazíamos seis. E foi nessa altura, em
1975, 1976 que li Cem anos de solidão
pela primeira vez. À minha volta mudou o
interesse pelos livros, e o facto de ler com
disponibilidade marcou-me bastante.»

Um exemplo: o ex-Secretário de Estado da Cultura, o
jornalista e escritor Francisco Viegas, 51 anos
Bibliotecas FCG 1958 - 1982

Bibliotecas Itinerantes da FCG:
1958 – 15
1961 – 47
1984 – 59 + 166 Bibliotecas fixas
Livros requisitados:
1958 -1962: 8 675 774
1968-1972: 27 191 250
1978-1982: 22 573 900
TOTAL 1958-1982: 106 033 684
Leitores atendidos:
1958-1962: 2 571 212
1968-1972: 7 890 879
1978-1982: 7 346 573
TOTAL 1958-1982: 31 977 700
Os livros adquiridos foram na ordem de milhões. Em 1965, a FCB
tinha já então comprado mais de 1 700 000 livros para todas as suas
bibliotecas.
A acrescentar a esta dádiva, o trabalho da FCG em Portugal «ligou»
as Bibliotecas Itinerantes às Bibliotecas Públicas Municipais, o que
no futuro facilitaria a gestão do pessoal e da documentação. Ao ser
iniciada a construção da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas
(1987), estas novas e modernas Bibliotecas procuraram integrar as
da FCG, tanto as fixas como as itinerantes.
Na transição deste milénio, a reivindicação e a construção em vasta
escala de novas bibliotecas públicas declaradamente abertas a
todos os cidadãos, em Portugal e na Europa novo milénio foiI,
acompanhada de uma inequívoca mudança em relação à
tradicional missão cultural e de ensino, de matriz anglo-saxónica.
AS NOVAS MUDANÇAS
Local de múltiplos eventos e encontros os mais diversos, a
polivalência cultural e cívica é agora a marca indelével das
bibliotecas públicas, cada vez mais versáteis e disponíveis para
acolher todo o tipo de públicos e apoiar a sua comunidade.
Esta nova biblioteca pública, para além de lugar de
aprendizagem, tornou-se também um lugar para se estar e para
se (con)viver. Distante das grandes bibliotecas centradas no
empréstimo massivo, sem espaços de estudo e sem utilizadores
durante as horas de trabalho, encontramos agora edifícios
abertos, desenhado com preocupações estéticas e de
acolhimento dos utilizadores para as mais diversas atividades.
Dois exemplos:
A Biblioteca de São Brás de Alportel, Portugal

Fachada exterior e reunião do clube de leitura

Pátio interior da Biblioteca:
Foto do grupo coral SB que ensaia na Biblioteca e Festa do 1º. aniversário do Projeto Aventura
A Biblioteca Pública Provincial de Guadalajara, Espanha

Palácio de Dávalos (exterior) e grande sala de estudo do último piso (300) lugares).

Jantar anual dos clubes de leitura (na sala de estudo) e baile no pátio interior.
As Bibliotecas Públicas têm vindo a tornar-se, por toda a Europa, um
verdadeiro centro cívico que oferece atividades culturais, sociais e
educacionais. Intensamente focada nos utilizadores, entrecruza e
reforça serviços físicos e virtuais. Aqui , as pessoas leem trabalham,
acedem à Internet, frequentam cursos, presenciais ou a distância,
encontram-se, veem exposições, assistem a conferências e debates
e participam em eventos culturais os mais diversos.
Tudo isto que acabo de referir se aplica mais do que nunca às
Bibliotecas Itinerantes, a melhor extensão cultural da Bibliotecas
Públicas. E, se cada vez mais, se fala na importância das Bibliotecas
Públicas e nas suas itinerantes para a revitalização do meio rural,
elas são igualmente importantes na humanização dos grandes
concentrações suburbanas em torno das grandes cidades, onde o
desregulamento do parque habitacional, a pobreza e a violência
constituem a matriz da vida quotidiana.
Em Portugal, mais de 60% do território nacional encontra-se sob ameaça da
desertificação humana (dados de Junho de 2013), tendo a área suscetível de
desertificação do território continental português crescido em 75% ao longo dos
últimos dez anos (2011) . Sem os seus guardiões, os agricultores e a população
rural, este abandono do território traduz-se na desestruturação das famílias
como unidades produtivas e na diminuição da qualidade de vida. O abandono do
cuidado dos campos e da floresta conduz, por sua vez, ao aumento das
possibilidades de erosão, à diminuição da produtividade dos solos e à redução
drástica da biodiversidade.

Ex.: Colmeal, Figueira de Castelo Rodrigo,
aldeia abandonada há mais de 50 anos.
Por seu turno, o correspondente crescimento da pobreza urbana devido à
permanente migração para as grandes cidades potencia o crescimento
suburbano descontrolado, o aumento da poluição e os problemas
ambientais urbanos, para além da miséria e da violência sociais.
A análise comparada dos objetivos da Rede de Bibliotecas Itinerantes Gulbenkian
(anos 1960-1990), dos objetivos para as Bibliotecas Itinerantes da IFLA mostra-nos a
assunção progressiva deste salto qualitativo na missão das Bibliotecas Itinerantes.
Em 1960, a Rede de Bibliotecas Gulbenkian tinha por objetivo «cobrir todo o
território nacional, dirigindo-se ao:
1. público de menor acesso à educação e cultura que habitava
2. as regiões mais desfavorecidas, e procurava
3.chegar a todas as faixas etárias.

Eram objetivos da Rede de Bibliotecas Móveis da Fundação Calouste Gulbenkian:
1. promover e desenvolver o gosto pela leitura
2. elevar o nível cultural dos cidadãos,

Como ? Através de …
1. livre acesso às estantes,
2. empréstimo domiciliário e
3. gratuitidade do serviço.»
Os objetivos da IFLA para as Bibliotecas Itinerantes são os mesmos dos das
Bibliotecas Públicas e encontram-se enunciados no Manifesto da Unesco que
todos conhecemos. A evolução é EVIDENTE:
1. Criar e fortalecer os hábitos de leitura nas crianças, desde a primeira infância;
2. Apoiar a educação individual e a autoformação, assim como a educação formal a
todos os níveis;
3. Assegurar a cada pessoa os meios para evoluir de forma criativa;
4. Estimular a imaginação e criatividade das crianças e dos jovens;
5. Promover o conhecimento sobre a herança cultural, o apreço pelas artes e pelas
realizações e inovações científicas;
6. Possibilitar o acesso a todas as formas de expressão cultural das artes do
espetáculo;
7. Fomentar o diálogo intercultural e a diversidade cultural;
8. Apoiar a tradição oral;
9. Assegurar o acesso dos cidadãos a todos os tipos de informação da comunidade
local;
10. Proporcionar serviços de informação adequados às empresas locais, associações e
grupos de interesse;
11. Facilitar o desenvolvimento da capacidade de utilizar a informação e a
informática;
12. Apoiar, participar e, se necessário, criar programas e atividades de alfabetização
para os diferentes grupos etários.
Há, todavia, outros objetivos não explícitos que os bibliotecários móveis, talvez
mais do que todos os outros bibliotecários, conhecem bem:
• Cuidar dos outros;
• Abrir horizontes;
• Humanizar o território, seja no incentivo e no apoio ao regresso ao
mundo rural , seja na intervenção em bairros urbanos degradados;
• Construir uma rede de afetos: humanizar o quotidiano;
• (Re)construir uma identidade local transgeracional;
Assim, em 2013, os novos serviços da Bibliotecas Itinerantes, dando já como
adquiridas a ligação à Internet e a educação informal, devem abranger:
• A agilização de toda a informação e comunicação entre a população e a
autarquia, incluindo pagamento de serviços, licenças...
• A integração de atividades diversificadas de extensão cultural: os projetos
«ciência viva», a narração oral, a música, etc.
• A recolha da tradição popular concelhia em todas as suas valências: literatura
oral, usos e costumes, gastronomia… através da recolha de relatos dos mais
velhos e com base em princípios e critérios de investigação a partir de ligação
às universidades.
Algumas bibliotecas itinerantes, como a de Nuno Marçal, já o fazem!

Ir onde ninguém vai!
Mostrar / ensinar
o que nunca se viu!
Levar, com os livros, a possibilidade
de pagamento de taxas
municipais, Internet…. música a uma
aldeia perdida na serranias do
interior!
Animar a ler, mesmo quem é analfabeto!
Recolher as tradições culturais, valorizá-las e promovê-las!
Há, contudo, uma outra valência que deveria ser urgentemente
experimentada, pelo menos em Portugal: a «fusão» entre
bibliomóveis e unidades móveis saúde que existem em Portugal.
Em Portugal, os fundos comunitários financiaram os municípios
rurais, tanto para aquisição e funcionamento de bibliotecas móveis e de
unidades móveis de saúde. A estas compete a prestação de cuidados
de saúde primários, na área clínica e de enfermagem, apoio
domiciliário, saúde escolar, vacinação e vigilância do estado de saúde de
comunidades que vivem isoladas.
Com o aprofundar da crise, muitas destas carrinhas como das
bibliomóveis, foram desativadas, alegadamente pelos custos
envolvidos, sobretudo no pagamento dos técnicos de saúde. Incentivar
a reunião destas duas valências numa única carrinha deveria ter por
base a noção de cuidado a prestar à comunidade e ser realizada a partir
de uma reflexão conjunta entre os profissionais envolvidos que
estudassem a fusão das duas valências numa única unidade móvel.
Mens sana in corpore sano e a noção de «cuidado»
Este dois em um seria aceite pelas populações como uma benção e potenciaria as
valências dos dois tipos de carrinhas.
A noção de «cuidado» é uma noção que só agora começa a ser estudada e avaliada
em termos económicos e sociais. Abrange as intervenções que têm por objeto
manter, atender, reequilibrar ou cuidar da família e da comunidade. Na prática são os
trabalhos invisíveis e as tarefas obscuras (dos quais as mulheres têm sido as grande
protagonistas) que têm garantido a sobrevivência das sociedades humanas e da
própria vida: os trabalhos de crianza, de manutenção da capacidade produtiva de um
terreno, de regeneração de um território devastado, de transmissão de saberes sobre
a saúde ou sobre alimentos….
Estes trabalhos de cuidados… constituem esteios (puntales) da vida e são chaves
para a sustentabilidade.… realizados sem horários, em permanente e incessante luta
contra a corrente da desordem, da sujidade, da falta de alimentos e do abandono
afetivo e efetivo .

Uma nova noção bem conhecida dos bibliotecários itinerantes!
Unidades móveis de saúde, muitas das quais agora desativadas!
Em Portugal, desde 1960,as Bibliomóveis também cuidaram das
populações: com os livros levavam notícias e informações regionais e
nacionais, transportavam encomendas entre povoações distantes,
levavam cartas de amor às escondidas. Hoje qualquer um de vós
também o faz, de outras formas e com outros meios.
Os estudos realizados sobre a relação custos-resultados da atividade
das carrinhas itinerantes revelam altos índices de produtividade, ou
seja, em termos económicos, o retorno do capital investido numa
bibliomóvel é considerado elevado (Cf.Alberto Pérez Tapia e Mercedes
Santiago Calvo). Para além dos apoios solicitados a diferentes
parceiros locais, como o dono do café, a coletividade local ou a
escola…, estes autores sublinham o facto que os decisores políticos
não costumam ter em conta: os bibliobuses también crean espacios
públicos donde reunirse… y, como diz em espanhol… hacer
comunidade.

Quanto vale hacer comunidad?
A manutenção do trabalho dos bibliobuses implica:
1. um investimento financeiro inicial e de manutenção, por parte do poder
político,
2. um investimento em estudo, trabalho, reflexão e criatividade
permanentes, por parte das respetivas equipas técnicas,

+
3. o amor ao que fazemos e o espírito de missão!
Necessitamos, mais do que nunca, de estudar e de trabalhar muito, de reunir
esforços e de partilhar projetos. E de…

uma grande dose de sonho, de preferência em formato XXXL
(o formato dos sonhos verdadeiramente importantes na vida).
Na história das Bibliotecas Itinerantes, tudo começou com um sonho: «levar livros a
todos e a todo o lado». Dos países mais desenvolvidos aos mais carenciados,
os bibliotecários itinerantes continuam, hoje como há 100 anos, a sonhar:

«levar a cidadania a todo o lado» é o seu objetivo!
Jesús Martín-Barbero, conhecido semiólogo e filósofo
colombiano, afirma que o exercício da cidadania requer, por
parte de cada um de nós, a capacidade de contarmos a nossa
própria história e a da nossa comunidade. Este o único modo
de refletirmos, criticarmos, defendermos e melhorar a vida
que vivemos. Para tal, precisamos de dominar a leitura, a
escrita e a oralidade, de saber ler, escrever e falar em
público.
Por isso, estou segura de que, mais do que apenas o lugar e o meio
de transmissão do conhecimento e do saber em todas as áreas das
ciências e das artes, a Biblioteca Pública e a sua melhor extensão
móvel, a biblioteca itinerante, são o lugar da aprendizagem da
cidadania, do eu na relação com o outro, simultaneamente igual e
diferente de mim. Um lugar de sociabilização, onde se promove a
discussão elevada de todas as ideias. Um lugar de ampliação da
consciência da identidade individual e comunitária.
Um lugar maravilhoso e insubstituível!

Queridos bibliotecários mobiles, portugueses e españoles,
muchíssimas gracias por «escutar-me» desde Lisboa.

18 de Outubro de 2013

Vera Oliveira

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Bibliotecas Itinerantes: humanizando territórios abandonados

  • 1. Portugal, 2013 por que tanto precisamos hoje das Bibliotecas Itinerantes Hola a todos! Sou uma bibliotecária de leitura pública sénior e trabalho no apoio às Bibliotecas Públicas, a partir da administração central. Sou portuguesa, tenho 57 anos e tive a sorte de poder dedicar a maior parte da minha vida profissional a um trabalho que amo.
  • 2. Não «tenho», como vocês, nenhuma biblioteca pública, nem fixa, nem itinerante. Mas sou uma bibliotecária pública por vocação e considero, também enquanto cidadã, um pouco minhas todas as Bibliotecas Públicas. Nelas sinto-me em casa. E, como a maioria dos bibliotecários portugueses, tenho as Bibliotecas Itinerantes no coração.
  • 3. Em Portugal, não deverá haver muitos portugueses maiores de trinta e cinco anos que não saibam o que é uma Biblioteca itinerante. Tivemos essa sorte. Num dos países mais pobres e analfabetos da Europa da época, uma fundação, a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), investiu numa Rede de Bibliotecas Itinerantes (e depois também fixas) que cobriu todo o território nacional entre 1960 e 1990. Na aldeia do Douro onde nascera e onde em adolescente ia passar férias, «uma das coisas que tínhamos era a carrinha da Gulbenkian, algo mítica para minha geração. O senhor Sousa deixava-nos levar da carrinha três livros por pessoa. Eu levava a minha tia, porque assim trazíamos seis. E foi nessa altura, em 1975, 1976 que li Cem anos de solidão pela primeira vez. À minha volta mudou o interesse pelos livros, e o facto de ler com disponibilidade marcou-me bastante.» Um exemplo: o ex-Secretário de Estado da Cultura, o jornalista e escritor Francisco Viegas, 51 anos
  • 4. Bibliotecas FCG 1958 - 1982 Bibliotecas Itinerantes da FCG: 1958 – 15 1961 – 47 1984 – 59 + 166 Bibliotecas fixas Livros requisitados: 1958 -1962: 8 675 774 1968-1972: 27 191 250 1978-1982: 22 573 900 TOTAL 1958-1982: 106 033 684 Leitores atendidos: 1958-1962: 2 571 212 1968-1972: 7 890 879 1978-1982: 7 346 573 TOTAL 1958-1982: 31 977 700
  • 5. Os livros adquiridos foram na ordem de milhões. Em 1965, a FCB tinha já então comprado mais de 1 700 000 livros para todas as suas bibliotecas. A acrescentar a esta dádiva, o trabalho da FCG em Portugal «ligou» as Bibliotecas Itinerantes às Bibliotecas Públicas Municipais, o que no futuro facilitaria a gestão do pessoal e da documentação. Ao ser iniciada a construção da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas (1987), estas novas e modernas Bibliotecas procuraram integrar as da FCG, tanto as fixas como as itinerantes. Na transição deste milénio, a reivindicação e a construção em vasta escala de novas bibliotecas públicas declaradamente abertas a todos os cidadãos, em Portugal e na Europa novo milénio foiI, acompanhada de uma inequívoca mudança em relação à tradicional missão cultural e de ensino, de matriz anglo-saxónica.
  • 6. AS NOVAS MUDANÇAS Local de múltiplos eventos e encontros os mais diversos, a polivalência cultural e cívica é agora a marca indelével das bibliotecas públicas, cada vez mais versáteis e disponíveis para acolher todo o tipo de públicos e apoiar a sua comunidade. Esta nova biblioteca pública, para além de lugar de aprendizagem, tornou-se também um lugar para se estar e para se (con)viver. Distante das grandes bibliotecas centradas no empréstimo massivo, sem espaços de estudo e sem utilizadores durante as horas de trabalho, encontramos agora edifícios abertos, desenhado com preocupações estéticas e de acolhimento dos utilizadores para as mais diversas atividades. Dois exemplos:
  • 7. A Biblioteca de São Brás de Alportel, Portugal Fachada exterior e reunião do clube de leitura Pátio interior da Biblioteca: Foto do grupo coral SB que ensaia na Biblioteca e Festa do 1º. aniversário do Projeto Aventura
  • 8. A Biblioteca Pública Provincial de Guadalajara, Espanha Palácio de Dávalos (exterior) e grande sala de estudo do último piso (300) lugares). Jantar anual dos clubes de leitura (na sala de estudo) e baile no pátio interior.
  • 9. As Bibliotecas Públicas têm vindo a tornar-se, por toda a Europa, um verdadeiro centro cívico que oferece atividades culturais, sociais e educacionais. Intensamente focada nos utilizadores, entrecruza e reforça serviços físicos e virtuais. Aqui , as pessoas leem trabalham, acedem à Internet, frequentam cursos, presenciais ou a distância, encontram-se, veem exposições, assistem a conferências e debates e participam em eventos culturais os mais diversos. Tudo isto que acabo de referir se aplica mais do que nunca às Bibliotecas Itinerantes, a melhor extensão cultural da Bibliotecas Públicas. E, se cada vez mais, se fala na importância das Bibliotecas Públicas e nas suas itinerantes para a revitalização do meio rural, elas são igualmente importantes na humanização dos grandes concentrações suburbanas em torno das grandes cidades, onde o desregulamento do parque habitacional, a pobreza e a violência constituem a matriz da vida quotidiana.
  • 10. Em Portugal, mais de 60% do território nacional encontra-se sob ameaça da desertificação humana (dados de Junho de 2013), tendo a área suscetível de desertificação do território continental português crescido em 75% ao longo dos últimos dez anos (2011) . Sem os seus guardiões, os agricultores e a população rural, este abandono do território traduz-se na desestruturação das famílias como unidades produtivas e na diminuição da qualidade de vida. O abandono do cuidado dos campos e da floresta conduz, por sua vez, ao aumento das possibilidades de erosão, à diminuição da produtividade dos solos e à redução drástica da biodiversidade. Ex.: Colmeal, Figueira de Castelo Rodrigo, aldeia abandonada há mais de 50 anos.
  • 11. Por seu turno, o correspondente crescimento da pobreza urbana devido à permanente migração para as grandes cidades potencia o crescimento suburbano descontrolado, o aumento da poluição e os problemas ambientais urbanos, para além da miséria e da violência sociais.
  • 12. A análise comparada dos objetivos da Rede de Bibliotecas Itinerantes Gulbenkian (anos 1960-1990), dos objetivos para as Bibliotecas Itinerantes da IFLA mostra-nos a assunção progressiva deste salto qualitativo na missão das Bibliotecas Itinerantes. Em 1960, a Rede de Bibliotecas Gulbenkian tinha por objetivo «cobrir todo o território nacional, dirigindo-se ao: 1. público de menor acesso à educação e cultura que habitava 2. as regiões mais desfavorecidas, e procurava 3.chegar a todas as faixas etárias. Eram objetivos da Rede de Bibliotecas Móveis da Fundação Calouste Gulbenkian: 1. promover e desenvolver o gosto pela leitura 2. elevar o nível cultural dos cidadãos, Como ? Através de … 1. livre acesso às estantes, 2. empréstimo domiciliário e 3. gratuitidade do serviço.»
  • 13. Os objetivos da IFLA para as Bibliotecas Itinerantes são os mesmos dos das Bibliotecas Públicas e encontram-se enunciados no Manifesto da Unesco que todos conhecemos. A evolução é EVIDENTE: 1. Criar e fortalecer os hábitos de leitura nas crianças, desde a primeira infância; 2. Apoiar a educação individual e a autoformação, assim como a educação formal a todos os níveis; 3. Assegurar a cada pessoa os meios para evoluir de forma criativa; 4. Estimular a imaginação e criatividade das crianças e dos jovens; 5. Promover o conhecimento sobre a herança cultural, o apreço pelas artes e pelas realizações e inovações científicas; 6. Possibilitar o acesso a todas as formas de expressão cultural das artes do espetáculo; 7. Fomentar o diálogo intercultural e a diversidade cultural; 8. Apoiar a tradição oral; 9. Assegurar o acesso dos cidadãos a todos os tipos de informação da comunidade local; 10. Proporcionar serviços de informação adequados às empresas locais, associações e grupos de interesse; 11. Facilitar o desenvolvimento da capacidade de utilizar a informação e a informática; 12. Apoiar, participar e, se necessário, criar programas e atividades de alfabetização para os diferentes grupos etários.
  • 14. Há, todavia, outros objetivos não explícitos que os bibliotecários móveis, talvez mais do que todos os outros bibliotecários, conhecem bem: • Cuidar dos outros; • Abrir horizontes; • Humanizar o território, seja no incentivo e no apoio ao regresso ao mundo rural , seja na intervenção em bairros urbanos degradados; • Construir uma rede de afetos: humanizar o quotidiano; • (Re)construir uma identidade local transgeracional; Assim, em 2013, os novos serviços da Bibliotecas Itinerantes, dando já como adquiridas a ligação à Internet e a educação informal, devem abranger: • A agilização de toda a informação e comunicação entre a população e a autarquia, incluindo pagamento de serviços, licenças... • A integração de atividades diversificadas de extensão cultural: os projetos «ciência viva», a narração oral, a música, etc. • A recolha da tradição popular concelhia em todas as suas valências: literatura oral, usos e costumes, gastronomia… através da recolha de relatos dos mais velhos e com base em princípios e critérios de investigação a partir de ligação às universidades.
  • 15. Algumas bibliotecas itinerantes, como a de Nuno Marçal, já o fazem! Ir onde ninguém vai!
  • 16. Mostrar / ensinar o que nunca se viu!
  • 17. Levar, com os livros, a possibilidade de pagamento de taxas municipais, Internet…. música a uma aldeia perdida na serranias do interior!
  • 18. Animar a ler, mesmo quem é analfabeto!
  • 19. Recolher as tradições culturais, valorizá-las e promovê-las!
  • 20. Há, contudo, uma outra valência que deveria ser urgentemente experimentada, pelo menos em Portugal: a «fusão» entre bibliomóveis e unidades móveis saúde que existem em Portugal. Em Portugal, os fundos comunitários financiaram os municípios rurais, tanto para aquisição e funcionamento de bibliotecas móveis e de unidades móveis de saúde. A estas compete a prestação de cuidados de saúde primários, na área clínica e de enfermagem, apoio domiciliário, saúde escolar, vacinação e vigilância do estado de saúde de comunidades que vivem isoladas. Com o aprofundar da crise, muitas destas carrinhas como das bibliomóveis, foram desativadas, alegadamente pelos custos envolvidos, sobretudo no pagamento dos técnicos de saúde. Incentivar a reunião destas duas valências numa única carrinha deveria ter por base a noção de cuidado a prestar à comunidade e ser realizada a partir de uma reflexão conjunta entre os profissionais envolvidos que estudassem a fusão das duas valências numa única unidade móvel.
  • 21. Mens sana in corpore sano e a noção de «cuidado» Este dois em um seria aceite pelas populações como uma benção e potenciaria as valências dos dois tipos de carrinhas. A noção de «cuidado» é uma noção que só agora começa a ser estudada e avaliada em termos económicos e sociais. Abrange as intervenções que têm por objeto manter, atender, reequilibrar ou cuidar da família e da comunidade. Na prática são os trabalhos invisíveis e as tarefas obscuras (dos quais as mulheres têm sido as grande protagonistas) que têm garantido a sobrevivência das sociedades humanas e da própria vida: os trabalhos de crianza, de manutenção da capacidade produtiva de um terreno, de regeneração de um território devastado, de transmissão de saberes sobre a saúde ou sobre alimentos…. Estes trabalhos de cuidados… constituem esteios (puntales) da vida e são chaves para a sustentabilidade.… realizados sem horários, em permanente e incessante luta contra a corrente da desordem, da sujidade, da falta de alimentos e do abandono afetivo e efetivo . Uma nova noção bem conhecida dos bibliotecários itinerantes!
  • 22. Unidades móveis de saúde, muitas das quais agora desativadas!
  • 23. Em Portugal, desde 1960,as Bibliomóveis também cuidaram das populações: com os livros levavam notícias e informações regionais e nacionais, transportavam encomendas entre povoações distantes, levavam cartas de amor às escondidas. Hoje qualquer um de vós também o faz, de outras formas e com outros meios. Os estudos realizados sobre a relação custos-resultados da atividade das carrinhas itinerantes revelam altos índices de produtividade, ou seja, em termos económicos, o retorno do capital investido numa bibliomóvel é considerado elevado (Cf.Alberto Pérez Tapia e Mercedes Santiago Calvo). Para além dos apoios solicitados a diferentes parceiros locais, como o dono do café, a coletividade local ou a escola…, estes autores sublinham o facto que os decisores políticos não costumam ter em conta: os bibliobuses también crean espacios públicos donde reunirse… y, como diz em espanhol… hacer comunidade. Quanto vale hacer comunidad?
  • 24. A manutenção do trabalho dos bibliobuses implica: 1. um investimento financeiro inicial e de manutenção, por parte do poder político, 2. um investimento em estudo, trabalho, reflexão e criatividade permanentes, por parte das respetivas equipas técnicas, + 3. o amor ao que fazemos e o espírito de missão! Necessitamos, mais do que nunca, de estudar e de trabalhar muito, de reunir esforços e de partilhar projetos. E de… uma grande dose de sonho, de preferência em formato XXXL (o formato dos sonhos verdadeiramente importantes na vida). Na história das Bibliotecas Itinerantes, tudo começou com um sonho: «levar livros a todos e a todo o lado». Dos países mais desenvolvidos aos mais carenciados, os bibliotecários itinerantes continuam, hoje como há 100 anos, a sonhar: «levar a cidadania a todo o lado» é o seu objetivo!
  • 25. Jesús Martín-Barbero, conhecido semiólogo e filósofo colombiano, afirma que o exercício da cidadania requer, por parte de cada um de nós, a capacidade de contarmos a nossa própria história e a da nossa comunidade. Este o único modo de refletirmos, criticarmos, defendermos e melhorar a vida que vivemos. Para tal, precisamos de dominar a leitura, a escrita e a oralidade, de saber ler, escrever e falar em público.
  • 26. Por isso, estou segura de que, mais do que apenas o lugar e o meio de transmissão do conhecimento e do saber em todas as áreas das ciências e das artes, a Biblioteca Pública e a sua melhor extensão móvel, a biblioteca itinerante, são o lugar da aprendizagem da cidadania, do eu na relação com o outro, simultaneamente igual e diferente de mim. Um lugar de sociabilização, onde se promove a discussão elevada de todas as ideias. Um lugar de ampliação da consciência da identidade individual e comunitária. Um lugar maravilhoso e insubstituível! Queridos bibliotecários mobiles, portugueses e españoles, muchíssimas gracias por «escutar-me» desde Lisboa. 18 de Outubro de 2013 Vera Oliveira