1) A economia brasileira está em ruínas com crescimento negativo, alta inflação, desemprego em massa e falência de empresas.
2) O Brasil enfrenta uma grave crise política com desmoralização das instituições e corrupção generalizada no governo e Congresso.
3) A nação brasileira está em um impasse institucional que ameaça seu futuro devido à crise econômica e política.
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
Brasil 2016: Crise econômica e política
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BRASIL EM 2016 ARRUINADO E CONVULSIONADO
Fernando Alcoforado*
Os sinais de arruinamento econômico, político e social já estão presentes no Brasil
indicando a grande possibilidade do País ser convulsionado em 2016 pelo confronto
entre as forças políticas interessadas na destituição de Dilma Rousseff do poder e
aquelas que lutam por sua permanência na Presidência da República. No plano da
economia brasileira, o sistema econômico em vigor no Brasil mostra claros sinais de
esgotamento porque o País apresentou crescimento econômico negativo (menos 3,5%
em 2015) rumo à depressão, taxa de inflação acima de 10% em 2015, desemprego em
massa (10 milhões de desempregados em 2015), falência generalizada de empresas
(51,4% micro e pequenas empresas, 22,2% companhias de médio porte e 26,4% de
grandes empresas), desindustrialização (33% do PIB na década de1980 e 10% do PIB
em 2015), precariedade extrema dos serviços públicos de educação e saúde e gargalo
logístico. A previsão é a de que a economia do país caia entre 2,5% e 3% em 2016. Com
a inflação corroendo o poder de compra das famílias e a falência das empresas, o
desemprego, mais concentrado em 2015 no setor industrial e na construção civil, deve
agora atingir com intensidade o setor de serviços e o comércio. O Brasilpode perderaté2,2
milhões de vagas formais de emprego em 2016. A expectativa geral no Brasil é a de que
apenas uma mudança radical no governo será capaz de conter o avanço da crise
econômica.
No plano político, o Brasil se defronta com uma flagrante desmoralização de suas
instituições políticas, haja vista termos um presidencialismo de coalizão movido pela
corrupção que passou a existir a partir da Assembleia Constituinte de 1988 e demonstra
ser incapaz de solucionar a grave crise política em que vive o País no momento. Além
disso, os principais dirigentes do Congresso Nacional e grande número de
parlamentares estão desmoralizados por responderem a processos de corrupção. A
democracia representativa no Brasil manifesta sinais claros de esgotamento não apenas
pelos escândalos de corrupção nos poderes da República, mas, sobretudo, ao
desestimular a participação popular, reduzindo a atividade política a processos eleitorais
que se repetem periodicamente em que o povo elege seus representantes os quais, com
poucas exceções, após as eleições passam a defender interesses de grupos econômicos
em contraposição aos interesses daqueles que os elegeram. Na superação da crise
econômica atual, o obstáculo representado pelo sistema político presidencialista em
vigor soma-se à incompetência política e administrativa de Dilma Rousseff no exercício
da presidência da República.
A dificuldade de assegurar a governabilidade da nação brasileira nos marcos do
presidencialismo faz com que surjam proposições e ações de natureza golpista para
apear pela força os atuais detentores do poder e, constitucionalmente, através de
impeachment . É evidente que, se existisse o parlamentarismo no Brasil, seria mais fácil
o País sair do impasse atual com a substituição de um Congresso Nacional dirigido por
corruptos e um governo corrupto e incompetente como o atual com a convocação de
novas eleições parlamentares. O impasse institucional em que vive a nação brasileira
coloca em xeque o futuro do Brasil cuja solução não virá em curto prazo. A crise
econômica e a crise político-institucional, somadas, estão arruinando grande parte das
famílias, das empresas e o próprio País que poderão levar à insatisfação de amplos
setores sociais e criar uma situação caracterizada pelo caos econômico e social que só
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poderia ser solucionada por um governo central forte, isto é, com a implantação de um
sistema ditatorial que precisa ser evitado a todo custo.
A estagnação da economia brasileira em que ela se encontra faz com que, além da
falência generalizada de empresas e o desemprego em massa, ocorra também queda da
arrecadação do governo em todos os níveis o que implica em não haver recursos
públicos para investimento em quantidade suficiente para investir na infraestrutura
econômica e social, bem como para atender suas necessidades mais elementares como
já vêm ocorrendo em todos os quadrantes do País. Muito provavelmente, nenhum
investidor interno e externo investirá no Brasil com uma economia estagnada como se
encontra no momento e com um governo sitiado por sua população como o de Dilma
Rousseff. O Brasil já teve sua nota de crédito rebaixada pelas agências Standard &
Poor's (S&P) e Fitch fazendo com que o País perca o status de bom pagador, fato este
que deve resultar na fuga de capitais do País e na inviabilização da atração de capitais
externos para investimento.
Tudo leva a crer que, em 2016, o Brasil será convulsionado politicamente com o
confronto entre os partidários e os oponentes do atual governo. Existem nas redes
sociais manifestações de forças políticas de apoio ao governo Dilma Rousseff
aventando a possibilidade de prática de violência contra seus opositores no caso de sua
destituição do poder. Esta situação poderá fazer com que ocorram também confrontos
de rua que poderão exigir a intervenção das Forças Armadas visando a manutenção da
ordem constitucional. A permanência de Dilma Rousseff no poder pode levar também
ao caminho da violência forças políticas que se opõem ao atual governo. Em outras
palavras, seja com a destituição ou a permanência de Dilma Rousseff no poder, o Brasil
será convulsionado por uma luta política de consequências imprevisíveis. Para evitar
que o Brasil seja levado à bancarrota e à convulsão social, seria preciso a constituição
de um governo provisório de união nacional que convocasse uma Assembléia
Constituinte para reordenar a vida nacional após a qual seriam realizadas novas eleições
gerais no País. É indiscutível que os graves problemas vividos pelo Brasil no momento
atual nas esferas econômica e política estão a exigir um governante que tenha aceitação
pela grande maioria da população brasileira e capacidade de aglutinar a nação em torno
de um projeto comum de desenvolvimento nacional.
* Fernando Alcoforado, 76, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em
Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor
universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São
Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo,
1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do
desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,
http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel,
São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era
Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social
Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG,
Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora,
Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global
(Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do
Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012) e Energia no Mundo e no Brasil-
Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015).