Samuel é transportado para o futuro através de um livro estranho na biblioteca da escola. No ano 2112, livros físicos são raros e a informação é obtida através de computadores. Ao saber disso, Samuel fica triste com a perda da cultura dos livros e deseja voltar para o seu próprio tempo.
Trabalho realizado pela aluna Mafalda Serpa do 8.º ano, Escola Básica da Venda do Pinheiro, no âmbito da disciplina de Língua Portuguesa, sob orientação da professora Sílvia Rebocho (2010/2011).<
Trabalho realizado pela aluna Mafalda Serpa do 8.º ano, Escola Básica da Venda do Pinheiro, no âmbito da disciplina de Língua Portuguesa, sob orientação da professora Sílvia Rebocho (2010/2011).<
1. Samuel encontrava-se a caminho da biblioteca da escola, quando
Tiago, um colega de turma, o intercepta pelo caminho.
-Hei meu, vens almoçar?
-Não dá. Tenho que ir fazer o trabalho que a professora de Português
pediu sobre a evolução das bibliotecas – respondeu Samuel apontando para o
caderno que trazia na mão.
-OK, então a gente vê-se amanhã. Adeus – disse o Tiago.
E saiu correndo atrás da namorada.
Samuel continuou o seu caminho. Em escassos minutos chegou à
biblioteca. Uuma porta gigante e ferrugenta o separava das enormes
estantes de madeira. Ela era pesada e fazia imenso barulho ao abrir, pelo
que a bibliotecária fez sinal com os dedos para fazer ele fazer pouco
barulho.
Dirigiu-se à recepção e procurou no placar onde constavam as
informações sobre a secção dos livros e seguiu para o corredor número
cinco.
Aos poucos e poucos, foi tirando livros da estante e colocou-os em
cima da mesa. Seguiu o imenso corredor que terminava numa curva. Antes de
lá chegar, olhou para trás de si e dei dei conta que a biblioteca era maior do
que aparentava.
Quando alcançou a curva, deparou-se com um livro de capa carnuda de
cor avermelhada. Curioso como era, sentou-se no chão, retirou o livro e
abriu-o. Uma enorme luz surgiu do livro e cegou-o, obrigando-o a fechar os
olhos. Depois de os abrir, observou que a sala estava diferente. As enormes
estantes tinham sido substituídas por diversos computadores divididos em
compartimentos, as mesas de estudos tinham desaparecido e a recepção
juntamente com a bibliotecária tinham sido substituídos por peças de metal.
Aproximou-se para ver se encontravam alguém a quem pudesse pedir ajuda.
Pelo caminho, deparou-se com uma rapariga que o fixava
atentamente.
- Isso é um livro? - perguntou-lhe a rapariga loira com espanto.
Samuel não tinha dado conta que ainda tinha o livro na mão.
- Sim é. Porquê tanta admiração? – indagou Samuel.
- Isso é algo bastante raro. Os únicos livros restantes estão
guardados no cofre. Tu deves ser alguém muito especial, para conseguires
ter um – respondeu-lhe a rapariga com um sorriso. Dito isto a rapariga
sentou-se num computador e Samuel começou a pensar no que a rapariga
queria dizer com aquilo.
Aproximou-se do local da receção e uma voz metálica falou.
-Há algum problema? O sistema encravou?
Mónica Teixeira n.º16 9.º G
Escola EB 2/3 D. Luís de Loureiro
2. - Desculpe, sistema? - Samuel olhou em volta, tentando procurar uma
data. Nada disto fazia sentido, até que encontrou, num ecrã plasma, a frase:
“Ano 2112: a Era da Suprema Tecnologia”. 2112? É este o ano? Onde estão
os livros?
- Livros? Palavra pouco usada e desconhecida por metade dos actuais
habitantes da terra - Respondeu o robot, com um ar ofendido. - Livros,
existem poucos, desde a antiga criação dos tablets, as editoras deixaram de
publicar livros, era ‘Ocupação de Espaço’. Ora qualquer informação, conto ou
história que necessitar está à sua disposição nos nossos super
computadores, onde tudo o que tem de fazer é comunicar ao computador o
que deseja.
-Falar com o computador? E ele dá-nos informação sobre qualquer
coisa? Isso é basicamente pesquisar na internet...- afirmou Samuel.
- Internet? Isso é tão século XXI! Meu rapaz, está na biblioteca
escolar do futuro, onde tudo se baseia na suprema tecnologia, tudo está à
distância de uma palavra.
- Biblioteca escolar sem livros? – perguntou Samuel, com um olhar
triste. Mais ninguém saboreou o prazer de desfolhar página a página um
imenso livro, mais ninguém fez competição com os colegas para ver quem
encontravam primeiro o significado de uma palavra no dicionário.
-Olhe à sua volta! Os finos ecrãs de fibra são os livros de hoje em
dia, mas em vez de conterem uma só história, contêm milhares. Veja deste
modo, assim conseguimos a estabilidade do planeta, mais nenhuma árvore
teve de ser cortada. A era do papel e da caneta acabou.
Ao ouvir aquelas palavras, Samuel sentiu-se mal. Agarrou o livro que
tinha nas mãos com tanta força que parecia que estava a agarrar a peça
mais preciosa de uma joalharia.
- Os livros não podem acabar. Outrora os livros eram sinal de
sabedoria e riqueza, eles até já foram proibidos. No tempo dos meus pais
era uma carrinha que fazia a distribuição de livros, e como eles ficavam
contentes de os ter. A minha geração não soube dar valor a isso e agora
acabaram! – Com estas palavras, uma lágrima deslizou pela cara de Samuel,
caindo uma cima das velhas folhas daquele precioso livro. Samuel fechou os
olhos por um instante desejando que tudo voltasse a ser o que era. Ele não
queria continuar naquele mundo onde os livros eram um mito.
Limpou os olhos com a manga da camisola e suspirou de alívio.
Encontrava-se novamente na biblioteca da escola!
Prometeu a si mesmo não deixar cair no esquecimento os livros e, por
isso, decidiu fazer uma biblioteca também em sua casa.
Acabou de escrever a sua redação, arrumou o seu material, olhou em
volta e sorriu. Aquele era o seu mundo, o futuro tem de esperar!
Mónica Teixeira n.º16 9.º G
Escola EB 2/3 D. Luís de Loureiro