2. 1) Introdução geral:
a) As quatro cartas – Filipenses, Colossenses, Filemon e
Efésios são chamadas “epístolas do cativeiro”, porque
Paulo nos informa que as escreveu na prisão:
– 1) Fl 1,7.12-17;
– 2) Cl 4,3.10.18;
– 3) Fm 1.9s.13.23;
– 4) Ef 3,1; 4,1; 6,20.
b) Sabemos pelos Atos que Paulo esteve preso durante
dois anos em Cesaréia, em 58-60 d.C. (At 23,33-26,32), e
novamente em Roma (At 28,16.30), também por dois anos
ao que parece (61-63 d.C.).
c) Mas os Atos não fornecem uma descrição completa das
atividades missionárias de Paulo e pouco nos dizem da
sua visita de três anos em Éfeso.
3. 1) Introdução geral:
d) Questão: em qual cativeiro Paulo escreveu essas
Cartas?
1) Contam-se cinco cativeiros na vida de Paulo:
a) em Filipos (At 16,23-40);
b) em Jerusalém (At 21,31-23,31);
c) em Cesaréia (At 23,35-26,32);
d) em Roma pela primeira vez (At 27,1-28,16);
e) em Roma pela segunda vez (2Tm
1,8.12.16s; 2,9).
2) Há quem julgue que Paulo esteve preso também
em Éfeso, pois nesta cidade permaneceu três anos (cf. At
20,31) e sofreu hostilidades (cf. 1Cor 16,8, “adversários
numerosos”; 15,32, “luta contra as feras; etc.
4. 1) Introdução geral:
• e) Questão: qual o cativeiro suposto por
Fm, Cl, Ef e Fl?
• 1) Até o século XIII, os autores admitiam,
em resposta, o primeiro cativeiro romano
de Paulo (61-63). Desde 1731 vários
críticos defendem o cativeiro efésio como
contexto histórico de tais cartas.
5. 1) Introdução geral:
2) Nós seguiremos a sentença mais
antiga, que atribui as quatro cartas ao
primeiro cativeiro romano, entre os anos
de 61 a 63, embora reconheçamos que
entre Filemon-Colossenses-Efésios, de
um lado, e Filipenses, do outro lado, há
diferenças, que permitiriam admitir para
Fl outro contexto.
6. 1) Introdução geral:
f) A ordem de origem de Fm, Cl e Ef é provavelmente
esta: Paulo, detido em Roma, foi procurado por Onésimo,
escravo fugitivo da cidade de Colossos; tendo gerado
este filho para Cristo, Paulo o devolveu ao patrão Filemon
com uma carta para este (Fm) e com outra carta para
toda a comunidade de Colossos (Cl), ameaçada por
falsas doutrinas. A epístola aos Colossenses assim
redigida foi ampliada por Paulo ou por um discípulo de
Paulo, devendo circular pelas comunidades cristãs da
Ásia Menor, ameaçadas pelos mesmos males; visto que
Éfeso era a cidade capital desta província, tal epístola
circular tomou o nome de “epístola aos Efésios”. Quanto a
Fl, será examinada oportunamente a sua situação de
origem.
8. 2) Contexto de Fm:
a) Estando Paulo cativo em Roma entre 61 e 63, foi procurado por
um escravo, Onésimo, que fugira da casa de seu patrão Filemon em
Colossos (Ásia Menor) e procurava abrigo em Roma, cidade
cosmopolita.
b) A legislação judaica mandava não devolver ao amo o escravo
fugitivo (cf. Dt 23,16). Ao contrário, a legislação romana considerava
o escravo como propriedade do patrão e impunha a devolução do
mesmo; além do que previa penas severas para esses desertores:
Paulo estava a par dessas normas.
c) Todavia, quis reter Onésimo consigo. Embora não lhe pudesse
dar a alforria do foro civil, podia apregoar-lhe a redenção trazida por
Cristo e gerá-lo para a vida nova dos cristãos.
d) Tendo feito isto (v. 10), Paulo pensou em guardar consigo
Onésimo para que este colaborasse na difusão do Evangelho (v. 17).
9. 2) Contexto de Fm:
e) Todavia acabou resolvendo devolver o escravo.
f) Ao enviar Onésimo de novo para a casa do patrão, Paulo quis escrever uma
carta cheia de calor humano e vivacidade, em que recordava ao patrão a
necessidade de receber o escravo não mais como “coisa” ou propriedade sua,
mas como caríssimo irmão em Cristo (v. 16).
g) Se Onésimo tinha roubado algo a Filemon, que este o pusesse na conta de
Paulo, o qual prometia pagar por Onésimo (embora na verdade Filemon é que
devia a Paulo a sua conversão a Cristo) (cf. v. 18s). Paulo usa assim autêntica
linguagem comercial para persuadir Filemon.
h) Este, aliás, devia ser um cristão bem formado, que exercia “caridade para
com todos os santos, reconfortando os corações dos irmãos” (cf. v. 5.7). Por
isto Paulo concluía sua carta exprimindo a certeza de que Filemon seria ainda
mais generoso do que Paulo lhe pedia.
10. 2) Contexto de Fm:
i) Esta é a primeira declaração dos direitos humanos no
Cristianismo. Baseava-se na verdade de que todos somos
irmãos, porque todos participamos da mesma natureza
humana.
j) Paulo não quis apregoar uma violenta revolta dos escravos
contra os patrões nem a eliminação brusca do regime de
escravidão, pois esta teria sido fatal para a vida do Império
Romano. Os escravos eram mais numerosos do que os
homens livres e garantiam a indústria e a agricultura da
época.
l) O que importava a Paulo era transformar as relações entre
escravos e patrões, proclamando em cada escravo um irmão
que compartilhava a dignidade do seu patrão. Era preciso
realizar a emancipação dos escravos nas mentes dos homens
antigos para depois concretizá-la na praxe e nas leis civis.
11. 2) Estrutura de Fm:
1-3
envio de saudação
4-7
agradecimento pela fé comum
8-20
pedido a Filemon pelo escravo Onésimo:
fraternidade em Cristo
21-25
saudação
14. 3) Contexto de Fl:
1) Em 358-357 a.C., Filipe II da Macedônia, pai de
Alexandre Magno, ocupou a comarca de Krenides (=
pequenas fontes) e transformou-a em florescente
cidade,à qual impôs o nome Filipos.
2) O Imperador Romano Augusto fez de Filipos um
posto avançado da civilização romana (= colônia,
conforme At 16,12).
3) Paulo esteve três vezes em Filipos: por ocasião da
segunda viagem missionária (50-53), conforme At
16,12-40, e ainda durante a terceira viagem apostólica,
segundo At 20,1s (fins de 57) e At 20,3-6 (Páscoa de
58).
15. 3) Contexto de Fl:
4) Entre os apóstolos e os fieis estabeleceram-se
relações de grande ternura, a ponto que Paulo chama
filipenses “irmãos amados e queridos, minha alegria e
coroa” (4,1) ou ainda exclama: “Deus me é testemunha
de que vos amo a todos com a ternura de Cristo
Jesus” (Fl 1,8).
5) Por causa dos laços afetivos com os filipenses,
Paulo mais de uma vez aceitou deles auxílio em
dinheiro (cf. 2Cor 11,8s; Fl 4,15-16).
6) Paulo não costumava aceitar ofertas, pois queria
pregar o Evangelho sem ser, de algum modo, oneroso
aos fiéis ou vivendo unicamente do trabalho de suas
mãos.
16. 3) Contexto de Fl:
7) Precisamente, estando Paulo cativo em Roma, os
filipenses, após certo recesso, enviaram-lhe alguns
recursos por intermédio de Epafródito, delegado da
comunidade junto a Paulo (cf. Fl 4,10-13; 2,25).
Epafródito, porém, adoeceu gravemente. Este fato muito
preocupou os fiéis de Filipos e o próprio enfermo.
8) Paulo então resolveu mandar este de volta aos seus,
juntamente com uma carta (cf. Fl 2,25-29), que teria
como principal objetivo agradecer aos fiéis os socorros
materiais e o afeto que dedicavam ao Apóstolo (Fl 4,15-
20); aproveitando o ensejo, Paulo mandaria notícias
suas, principalmente do seu apostolado (cf. 1,12-25);
exortaria os fiéis à unidade e à concórdia fraternas (1,27-
2,18; 4,1-4) e os acautelaria contra as ciladas dos
judaizantes (cf. 3,1-6).
17. 3) Contexto de Fl:
9) Por duas vezes (1,25s e 2,24), Paulo
manifesta a esperança de em breve retornar à
companhia dos seus fiéis; donde se conclui
que a epístola foi escrita no fim do período de
cativeiro, quando o processo se encaminha
para um desfecho feliz.
10) A questão, pois, do lugar de origem de Fl é
de difícil solução, mas não representa
empecilho para o frutuoso entendimento da
mensagem desta carta.
18. 3) Estrutura de Fl:
1,1-1,11
saudação e intercessão
1,12-1,28
prisão e pregação do apóstolo Paulo
1,27-2,18
exortações à fidelidade no seguimento de Cristo
2,19-3,1
comunicações pessoais
3,2-3,21
admoestações e exortações
4,1-4,9
instruções pastorais
para a fidelidade e unidade na fé
4,10-4,20
agradecimento pelo apoio
4,21-4,23
saudações e augúrios de bênção
19. 3) Mensagem de Fl:
1) A epístola aos Filipenses é, com razão, tida como “a carta da
alegria cristã”.
2) O vocábulo “alegria” e seus sinônimos constituem a trama
desse documento, recorrendo 24 vezes (cf. 1,4.7.25; 2,2.18; 3,1;
4,1.4; etc).
3) Essa alegria paulina é paradoxal: existe num homem já
adiantado em anos e detido na prisão, de onde escreve uma carta
cheia de entusiasmo.
5) Parece reproduzir-se, na prisão donde Paulo escreve, o que
ocorrera na cidade de Filipos muitos anos antes: Paulo e Silas
estavam detidos em cárcere público, sofrendo terrivelmente pelas
feridas da flagelação que ainda sangravam; e contudo, pela meia-
noite, cantavam hinos de louvor a Deus (cf. At 16,23-25).
20. 3) Mensagem de Fl:
6) É de notar que também os filipenses, na época em que esta
carta lhes era escrita, sofriam perseguições por causa da fé (cf. Fl
1,27-30).
7) Todavia Paulo os admoestava a não se deixarem abater, mas
antes exorta-os a agradecer a Deus não só pela graça de crerem
em Cristo, mas também pela de sofrerem por Ele, empenhados
todos num duro combate (cf. 1,27-30). A eles, sofredores, dirige
Paulo o estribilho: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-
vos!” (Fl 4,1).
8) Questão: como explicar situações tão paradoxais?
9) Paulo se identificava com um modelo, que ele propunha aos
fiéis: o Cristo Jesus: “Tende em vós mesmos sentimentos de
Cristo Jesus” (2,5).
21. 3) Mensagem de Fl:
10) A seção de 2,6-11 desenvolve a imagem de Cristo
Jesus num hino usual na Liturgia da Igreja antiga: o
Cristo, antes de se fazer homem, preexistia em igualdade
de condições com o Pai, mas não hesitou em despojar-
se da glória que lhe competia como Deus, para assumir
as condições de fragilidade e esvaziamento próprias da
natureza humana; feito homem, experimentou, por
obediência ao Pai, a morte do escravo pregado à cruz.
Em consequência, Deus Pai o quis exaltar (a Ele, o
crucificado), dando-lhe um nome que está acima de todo
nome: assim, como homem, o Cristo participa da glória
de Deus.
11) Essa transfiguração da Cruz e da dor realizada por
Cristo é que se devia tornar o segredo da fortaleza de
ânimo e da profunda alegria do Apóstolo identificado com
Cristo.
23. 4) Introdução a Cl:
• 1) Cl e Ef são duas epístolas afins entre
si, pois supõem a mesma problemática e
a segunda parece ser a reedição ampliada
e retocada da primeira.
24. 4) Contexto de Cl:
• 1) A cidade de Colossos ficava na Frígia, região
montanhosa. Em 133 a.C. os romanos adquiriram o
domínio da região, por onde passava o rio Lico,
banhando as cidades de Colossos (distante uns 200 Km
de Éfeso), Laodicéia e Hierápolis (distante de Colossos
16 e 20 Km respectivamente). Colossos era
originalmente notável centro comercial, que foi ofuscado
por Laodicéia.
• 2) Os povos da Ásia Menor, especialmente os da Frígia,
eram inteligentes e dotados de propensão filosófica;
entregavam-se a indagações sobre o mundo e a
natureza assim como ao estudo da religião. Entre os
pensadores filhos da região, podem-se mencionar os
filósofos jônicos e Heráclito; os cultos religiosos tinham
seus rituais exuberantes e violentos, como os da deusa
Cibelis e do deus Átis.
25. 4) Contexto de Cl:
• 3) Sabemos que Paulo por duas vezes evangelizou a Frígia:
• a) por ocasião da segunda viagem missionária (cf. At 16,6);
• b) e no fim da terceira expedição (cf. At 18,23s).
• 4) Todavia a comunidade cristã de Colossos foi fundada sem a intervenção
direta de Paulo (Cl 2,1).
• 5) A sua origem se deve à prolongada permanência do Apóstolo em Éfeso
nos anos de 54-57, tempo durante o qual “todos os habitantes da Ásia,
judeus e gregos, puderam ouvir a Palavra do Senhor” (At 19,10).
• 6) Entre esses ouvintes, estavam certamente Epafrás (Cl 1,7; cf. 4,12-14) e
Filemon (Fm 1), cidadãos colossenses, que, convertidos em Éfeso, se
encarregaram de fundar a comunidade cristã de sua cidade.
• 7) A maioria dos fiéis de Colossos era de origem pagã (cf. Cl 2,13; 1,21.27),
embora ainda devesse haver também judeus, que eram numerosos na
Frígia.
26. 4) Problemática de Cl:
• 1) A comunidade de Colossos, em seus primeiros anos, deve ter
sido fervorosa, e nutria por Paulo afeto filial (cf. Cl 1,3-8).
• 2) Havia pregadores de doutrinas aberrantes, que disseminavam
um sincretismo religioso, composto de elementos judaicos, cristãos
e pré-gnósticos, a qual Paulo se referia como “filosofia segunda a
tradição dos homens... e não segundo Cristo” (Cl 2,8).
• 3) A gnose era uma corrente em que se mesclava proposições da
filosofia grega, da mística oriental e das Sagradas Escrituras.
Expandiu-se sob diversas formas nos séculos II e III d.C., de modo
que no século I (época de Cl) só podia haver os antecedentes da
gnose ou a pré-gnose. Uma das características desta era o
dualismo ou a oposição entre o espírito (bom, santo) e a matéria
(má, pecaminosa).
• 4) Percebemos o fundo judaico e pré-gnóstico (dualista) das novas
doutrinas nos seguintes textos: Cl 2,20s; 2,8.22; 2,11.
27. 4) Problemática de Cl:
• 5) Apregoavam um exagerado culto aos anjos (2,18) que põe em
perigo o primado de Cristo (cf. Cl 1,15-20). Na mentalidade judaica os
anjos eram os intermediários entre Deus e os homens, executores da
justiça divina sobre a terra. Também concebiam os anjos como
regentes dos astros e que influíam na vida dos homens.
• 6) A pré-gnose, ao estabelecendo a antítese entre o espírito (Deus) e
a matéria (ou o mundo material), favorecia o abusivo culto dos anjos,
como intermediários entre Deus e a matéria. Eles chamavam esses
seres intermediários de eons (= emanações do Ser Supremo), cuja
perfeição estava em detrimento da sua maior proximidade do Ser
Supremo. Alguns gnósticos contavam até 365 emanações ou eons.
Estes enchem o espaço cósmico entre a Divindade, no alto, e a
matéria embaixo. Constituem o pléroma (= plenitude) e o reino de luz.
• 7) Paulo vai afirmar a única e suficiente mediação de Cristo, ao qual
estão subordinados os anjos e os homens (cf. Cl 1,15-19; cf. 1,12s).
28. 4) Estrutura de Cl:
1,1-1,2
envio de saudação
1,3-2,5
oração introdutória e hino a Cristo
2,6-2,23
ensinamento sobre as doutrinas errôneas gnósticas
3,1-4,6
reforma da vida cristã (quadro doméstico cristão),
a nova existência em Cristo
4,7-4,18
saudações conclusivas
29. 4) Mensagem de Cl:
1) Paulo, prisioneiro em Roma (61-63), foi procurado por
Epafrás, o qual trouxe boas e más notícias a respeito da
comunidade de Colossos.
2) Paulo, então, resolve escrever a epístola aos
Colossenses, que seria levada por Tíquico e Onésimo
juntamente com a epístola a Fm.
3) O conteúdo de Cl destacou o primado absoluto de
Jesus Cristo.
4) Paulo, para chamar a atenção de seus destinatários,
recorre a vocábulos pré-gnósticos (Cristo é a imagem de
Deus, 1,15; Plenitude de Deus, 2,9; Plenitude, 2,10;
1,19) e a termos técnicos judaicos (criação, salvação,
perdão, Tronos, Soberanias, Principados, Autoridade,
etc). São ao todo 35 palavras que não aprecem nos
seus outros escritos.
30. 4) Contexto de Cl:
• 5) Paulo quer apresentar Cristo como a Grande
resposta que os colossenses procuravam.
• 6) Ápice da epístola: 1,15-20.
• 7) A salvação oferecida por Cristo requer, dos
cristãos, ascese (como efeito da graça) e
renúncia ao velho homem; daí o Batismo (cf. Cl
2,11s; 3,1-3.9s).
• 8) A cristologia de Cl é a mais desenvolvida do
que as anteriores, 1 e 2Cor (cf. 1Cor 8,5s; 10,4;
2Cor 5,19). Estas prepararam Cl, a qual foi
continuada por Ef.
33. 5) Contexto de Ef:
1) Éfeso era a capital da Ásia proconsular, cidade
famosa, na qual se cultuava a deusa Ártemis.
2) Paulo esteve aí no fim da segunda viagem
missionária (cf. At 18,19-21), e mais demoradamente,
durante a terceira viagem (cf. At 19,1-20,1).
3) Obteve numerosos frutos de evangelização na capital
e vizinhanças (cf. At 19,11s.20-31). Isto criou profunda
amizade de Paulo com os efésios (cf. At 20,17-38).
4) Ef se diferencia de outras cartas por seu tom
impessoal: faltam as saudações aos colaboradores e
amigos residentes ali. Também só conhecemos os
destinatários indiretamente (cf. Ef 3,2-4; 4,21).
34. 5) Contexto de Ef:
5) Tem-se, pois, a impressão de que Ef é um retrato
teológico, apresentado a leitores desconhecidos,
sem intervenção em casos particulares, e não uma
carta a discípulos muito amados.
6) Questão: terá sido Ef uma carta enviada realmente
aos efésios?
7) Das várias hipóteses, destacamos: Ef é uma carta-
circular, destinada não somente à capital da Ásia
proconsular, mas a todas as cidades vizinhas, por
isto, faltam-lhe comunicações pessoais e alusões a
circunstâncias locais.
35. 5) Estrutura de Ef:
1,1-1,2
saudação de bênção
1,3-3,21
vocação dos hebreus e dos pagãos
ao corpo de Cristo
4,1-6,22
exortação a um comportamento virtuoso
6,23-6,24
bênção final
36. 5) Mensagem de Ef:
• 1) Ciente dos perigos que ameaçavam a comunidade de
Colossos, devido aos erros dos falsos doutores, Paulo
resolve escrever para essa comunidade.
• 2) Com o tempo, Paulo lembra das outras comunidades
que haviam se formado em toda a região da Ásia
proconsular e que corriam semelhantes perigos.
• 3) Então, retoma Cl, ampliando-a, sem caráter polêmico,
em atitude contemplativa. Surge, assim, a carta-circular
(Ef), na qual é desenvolvida a Cristologia e acentuada a
Igreja como corpo de Cristo (Ef 1,23; 4,12.16; 5,23.30),
doutrina esta já esboçada em 1Cor 12,27 e em Rm 12,15.
• 4) Ef retoma o tema de Rm, que encarava judeus e
pagãos como pecadores, atingidos gratuitamente pela
misericórdia do Salvador (cf. Ef 2,1-21).
37. 5) Mensagem de Ef:
• 5) Em Ef 4,4s temos o ponto alto de toda a eclesiologia paulina.
• 6) Comparando Cl e Ef verificamos:
• a) Cl tem apenas 30% de próprio, sem paralelos em Ef;
• b) Ef tem 50% de exclusivamente seu;
• c) Próprias de Cl:
• 1) hino cristológico (1,15-20);
• 2) polêmica contra os falsos pregadores (2,1-9.16-23);
• 3) exortação a procurar as coisas do alto (3,1-4);
• 4) saudações e encargos (4,9).
• d) Exclusivo de Ef:
• 1) prólogo (hino) de ação de graças (eucharistia) (1,3-14);
• 2) a vida nova em Cristo (2,1-10);
• 3) oração sobre o mistério (3,14-21);
• 4) exortação à unidade (5,8-14);
• 5) exortação a caminhar na luz (5,8-14);
• 6) matrimônio inserido no mistério de cristo e da Igreja
(5,23-32);
• 7) a armadura do cristão (6,10-17).
38. 5) Mensagem de Ef:
• 7) Devido essa “concórdia-discorde” de Cl e Ef alguns
estudiosos atribui a autoria de Ef a um autor pós-paulino,
do século II ou, no mínimo, da década de 80 d.C.
• 8) Ef é rico alimento para vida espiritual.