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B6 Economia DOMINGO, 5 DE JUNHO DE 2016 O ESTADO DE S. PAULO
Renée Pereira
A cada ano que o Brasil deixa
de investiromínimo necessá-
rioparamanterainfraestrutu-
ra existente, a economia per-
deR$151bilhões–valorpróxi-
moaodéficitprimáriocalcula-
do para o País em 2016. O re-
sultadodessaconta,feitapela
consultoria GO Associados, é
perverso: além de manter um
transporte de má qualidade e
uma oferta restrita de servi-
ços públicos, o baixo investi-
mentonosetorrepresentame-
nosempregoerendaparaapo-
pulaçãoemenosdinheironos
cofresdo governo.
Importantealiadoparaturbi-
nar o crescimento econômico
em qualquer lugar domundo, o
investimento em infraestrutu-
rasempreesteveentreaspriori-
dades anunciadas pelos gover-
nos Lula e Dilma. Mas, apesar
dacriaçãodoProgramadeAce-
leraçãodoCrescimento(PAC),
os montantes aplicados de
2003 para cá nunca passaram
dos3%doProdutoInternoBru-
to (PIB) – parâmetro mundial
que indica o investimento ne-
cessário para manter a estrutu-
ra existente.
Nas últimas duas décadas, o
Brasil investiu em média 2,2%
do PIB em infraestrutura, en-
quanto a média mundial foi de
3,8%. Na China, o número che-
goua8,5%e,naÍndia,a4,7%.Só
em 2015, os investimentos que
deixaram de ser feitos no setor
representaram R$ 23 bilhões
menos no bolso do trabalhador
e R$ 14 bilhões no caixa do go-
verno,segundocálculosdaGO.
A reversão desse quadro é
umadaspromessas dogoverno
de Michel Temer, que criou
uma secretaria especialmente
para tocar os projetos do setor.
Sob o comando de Moreira
Franco, o Programa de Parce-
rias de Investimentos (PPI) vai
trabalhar em cima de uma in-
fraestrutura precária: apenas
12%dasrodoviasbrasileirassão
pavimentadas, sendo a maioria
de qualidade ruim; a malha fer-
roviária é pequena e lenta; 16%
da população não tem acesso a
água tratada; e 50% não estão
conectados à rede de esgoto.
A exemplo do que ocorreu
em governos anteriores, a tare-
fa de mudar esse cenário não é
fácil, especialmente diante da
grave crise fiscal e política que
atingiuoBrasil.Senosperíodos
emqueoPaíseraconsideradoo
“queridinho” dos investidores,
o porcentual aplicado no seg-
mento não alcançou o nível de-
sejado,agora,sobfortedescon-
fiançadorestodomundo,oses-
forços terão de ser redobrados,
afirmamespecialistasnosetor.
“Omaiordesafiohojeéareto-
mada da confiança do investi-
dor,jáqueoPaísnãotemcondi-
ções de levar adiante a expan-
sãodainfraestruturaedepende-
rá de capital estrangeiro”, afir-
ma o professor da Fundação
Dom Cabral, Paulo Resende.
O secretário executivo do
PPI, Moreira Franco, concorda
que, para tirar as concessões –
estimadas em R$ 200 bilhões –
do papel será primordial resta-
belecer a credibilidade no mer-
cado internacional. “Precisa-
mos fazer o dever de casa, bus-
car a transparência dos marcos
regulatórios e garantir a segu-
rançajurídica”,disseele,desta-
cando que as concessões serão
lançadas assim que os estudos
forem sendo concluídos.
Dentro das medidas para re-
cuperaraconfiança,ofortaleci-
mento das agências regulado-
ras é um ponto central. Devol-
ver a autonomia a esses órgãos
–eretirarainfluênciapolítica–
seria uma boa sinalização para
oinvestidoredariamaisconfor-
to, diz o economista Cláudio
Frischtak, da consultoria In-
ter.B. “Isso traria mais estabili-
dade para o mercado, reduziria
o risco regulatório e o prêmio
exigido pelos investidores.”
Crédito. Mas, ainda que se con-
siga recuperar a atratividade do
setor,háoutroentravequeexigi-
rá soluções rápidas para a reto-
mada do investimento: a escas-
sez de crédito. Ao contrário do
que ocorreu no passado, o Ban-
coNacionaldeDesenvolvimen-
toEconômicoeSocial(BNDES)
não terá condições de financiar
uma parcela muito grande das
concessões.“Elenãovairepetir,
e não tem condições de repetir,
odesempenhoqueteveatéago-
ra”,dizMoreiraFranco.
Ou seja, será necessário criar
outras formas de financiamen-
to, seja no mercado externo ou
interno. No mercado, algumas
fórmulas começam a ser dese-
nhadas para tentar resolver o
problema, como um mix de di-
nheiro do BNDES com bancos
internacionais de fomento, co-
mo o Banco Mundial. “Nesse
momento, debêntures não se-
riam uma boa alternativa, pois
esbarram na confiança”, diz o
sócio do escritório L.O. Baptis-
ta, Fernando Marcondes.
Alistadeentravesaosinvesti-
mentos de infraestrutura é ex-
tensa.Além dafaltade confian-
ça e crédito mais curto, os em-
preendimentos sofrem com o
excesso de burocracia, proble-
mas ambientais, desapropria-
ções e indefinições regulató-
rias.Hoje,háumasériedeproje-
tosparadosBrasilaforaporcau-
sa dessas questões. A bilionária
ferrovia Transnordestina, que
ligaráo sertão doPiauíaos Por-
tos de Pecém (CE) e Suape
(PE), deveria ser entregue em
2010 e até hoje não foi concluí-
da.Umdosproblemasfoiadesa-
propriação das áreas necessá-
rias para a construção, além da
dificuldade de gestão da CSN,
dona da concessão da ferrovia.
Na opinião do presidente da
AssociaçãoBrasileiradeInfraes-
truturaeIndústriasdeBase(Ab-
dib), Venilton Tadini, apesar
dos enormes desafios, o gover-
no precisa começar de alguma
forma.Oprimeiropassoéavan-
çar com iniciativas que já estão
maisadiantadas,aexemplodos
aditivos contratuais de conces-
sões existentes e que podem
render R$ 15 bilhões de investi-
mentosemnovaslicitações.Há
ainda pedidos de reequilíbrio
econômico-financeiro de con-
tratosporcausadeatrasocoma
demora em licenciamento am-
biental e desapropriações, que
podem representar outros R$
20bilhões.“Imediatamente,is-
so terá impacto no emprego e
na renda.”
InfraestruturaruimtiraR$150bidoPaís
T
odo o esgoto produzido
porescolas,postodesaú-
de,casasealgunscondo-
mínios residenciais é jogado
num pequeno córrego que fica
aoladodomercadinhodeJulia-
na Vainauskas, no Sítio São
Francisco, em Guarulhos.
“Quando faz calor, o cheiro é
insuportável. Quando chove a
situação fica ainda pior, pois a
água espalha toda a sujeira pela
rua”,afirmaacomerciante,que
reclamadaquantidade de ratos
ebaratasporcausadasujeira.A
situação é tão complicada que
Julianajádecidiumudaroramo
deatividade.“Sóestamosespe-
rando vender o estoque. O que
mais me indigna é que ainda
sou obrigada a pagar uma taxa
de esgoto.”
Na cidade de Guarulhos, na
GrandeSãoPaulo,outrosmora-
dores sofrem com o mesmo
mal. Apesar de ter ampliado o
índice de coleta para 85%, só
6,0%doesgotoétratado.Heral-
do Marcon, diretor da SAAE
Guarulhos, empresa de sanea-
mentoda cidade, dizque hojeo
municípiotemcapacidadepara
tratar50%doesgoto,masainda
não consegue atingir esse índi-
ce por falta de algumas cone-
xões na rede. “Fizemos uma
PPP (Parceria Público-Priva-
da) para elevar o volume de es-
goto tratado para 80% até
2018.”Oproblemaéqueasócia
da empresa vencedora é a OAS,
envolvidanaOperaçãoLavaJa-
toequeestá emdificuldadesfi-
nanceiras.
O setor de saneamento é um
dos maiores gargalos do Brasil.
SegundodadosdoInstitutoTra-
ta Brasil, mais de 35 milhões de
pessoasnãotêmacessoaoabas-
tecimentodeáguatratadaecer-
cade100milhõesnãotêmaces-
so à coleta de esgoto. “O Brasil
ficoumaisdeduasdécadassem
recursos para investir no setor.
Até hoje há dificuldade para fa-
zerbonsprojetos”,afirmaopre-
sidente do Trata Brasil, Édison
Carlos. Segundo ele, para uni-
versalizar os serviços de sanea-
mento básico no País, seria ne-
cessárioinvestirR$300bilhões
por 20 anos. “O tempo que o
governo gasta para analisar um
projeto para financiamento é
de 23 meses. Não se pode espe-
rar tudo isso.” /R.P.
A
construção da Ferrovia
deIntegraçãoOeste-Les-
te (Fiol) é um exemplo
dadificuldadeparaconseguirle-
vantarumempreendimentono
Brasil.Previstaparaserconcluí-
da em 2012, a obra ainda está
pelametade.Nalistadecontra-
tempos, a ferrovia já enfrentou
a suspensão das licenças am-
bientais; a derrocada da cons-
trutora Delta, responsável por
um lote do projeto; problemas
com OAS e Galvão Engenharia,
envolvidasnaOperaçãoLavaJa-
to; denúncia de sobrepreço pe-
lo Tribunal de Contas da União
(TCU); e agora falta de dinhei-
ro do governo federal.
Com1.527quilômetrosdetri-
lhos, entre Figueirópolis (TO)
eIlhéus(BA),aferroviaestápra-
ticamente parada, segundo o
SindicatodosTrabalhadoresda
Construção Pesada da Bahia
(Sintepav). “Hoje, apenas um
loteestácomcolocaçãodedor-
mentes. Nos demais, o quadro
de trabalhadores é bastante re-
duzido”,afirmaovice-presiden-
te do sindicato, Irailson War-
neaux. A Valec, estatal respon-
sávelpela obra, afirma que ape-
nasumloteestáparadoequeos
demais estão em andamento,
comcercademil trabalhadores
(no auge, esse número beirou
os 10 mil). “Hoje, fingem que a
obra está andando”, diz War-
neaux.
OrçadaemR$6bilhões,afer-
roviafoiplanejadaparaescoara
produçãoagrícoladooestebaia-
no e o minério de ferro da re-
giãodeCaetité(BA).Comaque-
da do preço do minério, os in-
vestidoresreavaliaremseusne-
gócios.Nabuscadesoluçãopa-
ra dar continuidade à obra da
ferrovia, o governador do Esta-
do, Rui Costa (PT), alinhavou,
em março, quando esteve na
China,o iníciodeumanegocia-
ção para que o Fundo Chinês
para Investimento na América
Latina e a China Railway Engi-
neering Group n.10 assumam a
construção, operação e finan-
ciamento de quatro trechos da
ferrovia, entre Ilhéus e Caetité,
em fase final de construção. O
investimento seria feito em as-
sociaçãocomogovernodoEsta-
doecomaBahiaMineração(Ba-
min). / IVANA BRAGA LENZ,
ESPECIAL PARA O ESTADO, e R.P.
É
umtormentotrafegarpe-
la BR-222, que corta os
Estados do Ceará, Piauí,
MaranhãoePará.Opiortrecho
fica entre Pará e Maranhão, nu-
ma extensão de 900 km, onde
predominamasequênciadebu-
racos e a má sinalização da via.
Alémdeestreitaecommão du-
pla,aestradanãopassaporma-
nutençãoháalgunsanos.Asúni-
cas medidas adotadas são as
operaçõestapa-buraco,queten-
tam minimizar o risco de quem
trafega pela rodovia.
O trecho entre Dom Eliseu e
Marabá foi considerado o pior
do País, segundo a pesquisa da
Confederação Nacional do
Transporte (CNT), em 2015.
Apesardacondiçãoprecária,os
motoristasdaregiãonãotêmes-
colha.“Jáescapeiduasvezesda
morte. Na primeira, o pneu de
minha caminhonete estourou
após bater num buraco. Capo-
tei, mas nada sofri, só o susto.
Naoutravez,umcaminhãodes-
vioudoburacoebateunatrasei-
ra do meu carro. Fraturei uma
perna e quebrei a bacia”, conta
Luizamar Freitas Cordeiro, de
51 anos.
Para os caminhoneiros, a si-
tuação da estrada pesa no bol-
so. Segundo Eliziário Oliveira,
de 42 anos, a cada R$ 500 que
ganha de frete, metade é gasta
com pneus, pastilha de freio e
amortecedores. No passado, a
rodovia era estadual (PA-070),
famosa pelos buracos e atolei-
ros.Há30anos,ogovernofede-
ralassumiuo controledaestra-
da, que foi asfaltada e chegou a
seruma das melhores da região
nadécadade90.Deláparacá,a
manutenção deixou de ser fei-
ta. O Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transpor-
tes(Dnit)apenasinformouque
háumestudopararecuperaros
trechosconsideradosmaispro-
blemáticos,masnãodissequan-
do isso ocorreria.
O Brasil tem hoje 1,3 milhão
dekmdeestradassempavimen-
tação.Só12%damalhanacional
(213 mil km) é asfaltada e cerca
de 20 mil km é concedida à ini-
ciativaprivada.Aúltimapesqui-
sadaCNTmostrouque51%das
rodovias analisadas estavam
em condição regular, ruim ou
péssima. / CARLOS MENDES,
ESPECIAL PARA O ESTADO
l A economia brasileira passa
por uma das maiores recessões
de sua história. Com a série ‘De-
safios do Brasil’, o ‘Estado’ discu-
te os problemas e as possíveis
saídas para a crise. As reporta-
gens já abordaram a retração do
mercado consumidor, o rombo
da Previdência e as finanças dos
municípios.
MARCIO FERNANDES/ESTADÃO-2/6/2016
A céu aberto. Esgoto traz mau cheiro, baratas e ratos
‘EAINDATENHO
DEPAGARTAXA
DEESGOTO’
Saneamento
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO-25/8/2015
Em atraso. Obra deveria ter sido concluída em 2012
‘NAFIOL,FINGEM
QUEAOBRA
ESTÁANDANDO’
Ferrovia
DIVULGAÇÃO-27/4/2012
Pior do País. BR-222 já foi uma das melhores da região
‘JÁESCAPEIDUAS
VEZESDAMORTE
NESSAESTRADA’
Rodovias
DESAFIOS DO BRASIL
● Um raio X de alguns dos principais setores da Infraestrutura brasileira
POR DENTRO DO SETOR
Rodovias
PAVIMENTADAS:
213.299 km
DESTAS,
CONCEDIDAS:
20.658 km
NÃO PAVIMENTADAS:
1.353.186 km
TOTAL
1.566.485
km
Densidade da malha
rodoviária pavimentada
PAÍS KM/1.000 KM2
EUA
China
Rússia
Austrália
Canadá
Brasil
438,1
359,9
54,3
46,0
41,6
25,0
Ferrovias
RESTANTES:
1.411 km
TOTAL CONCEDIDO:
29.165 km
PAÍS KM/1.000 KM2
EUA
Índia
China
Argentina
Chile
Brasil
32,0
23,0
20,5
13,5
9,8
3,6
TOTAL
30.576
km
Densidade da malha
ferroviária
Saneamento
PAÍS ATENDIMENTO TOTAL EM %
Argentina
Costa Rica
Chile
Uruguai
Venezuela
México
Brasil
99,8
99,4
97,8
97,0
95,3
93,0
83,0
,
Indicadores internacionais
de atendimento de água
NÃO TEM ACESS0
A REDE DE
ABASTECIMENTO
16,97%
ÁGUA
NÃO TEM ACESS0
A COLETA DE ESGOTO
50,16%
POPULAÇÃO QUE
TEM ACESSO
A COLETA DE
ESGOTO:
49,84%
PAÍS ATENDIMENTO TOTAL EM %
Venezuela
Chile
Colômbia
Equador
Argentina
Bolívia
Brasil
94,1
93,6
87,2
75,8
69,0
63,1
49,8
Indicadores internacionais
de atendimento de esgoto
ESGOTO
TEM ACESSO
A REDE DE
ABASTECIMENTO:
83,03%
FONTES: CEPAL, SNIS E BANCO MUNDIAL, CNT, INTER.B, GO ASSOCIADOS E TRATA BRASIL INFOGRÁFICO/ESTADÃO
Essa é a estimativa de perdas anuais da economia brasileira apenas com a falta de investimentos em estradas, ferrovias e saneamento
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Infraestrutura Brasileira

  • 1. %HermesFileInfo:B-6:20160605: B6 Economia DOMINGO, 5 DE JUNHO DE 2016 O ESTADO DE S. PAULO Renée Pereira A cada ano que o Brasil deixa de investiromínimo necessá- rioparamanterainfraestrutu- ra existente, a economia per- deR$151bilhões–valorpróxi- moaodéficitprimáriocalcula- do para o País em 2016. O re- sultadodessaconta,feitapela consultoria GO Associados, é perverso: além de manter um transporte de má qualidade e uma oferta restrita de servi- ços públicos, o baixo investi- mentonosetorrepresentame- nosempregoerendaparaapo- pulaçãoemenosdinheironos cofresdo governo. Importantealiadoparaturbi- nar o crescimento econômico em qualquer lugar domundo, o investimento em infraestrutu- rasempreesteveentreaspriori- dades anunciadas pelos gover- nos Lula e Dilma. Mas, apesar dacriaçãodoProgramadeAce- leraçãodoCrescimento(PAC), os montantes aplicados de 2003 para cá nunca passaram dos3%doProdutoInternoBru- to (PIB) – parâmetro mundial que indica o investimento ne- cessário para manter a estrutu- ra existente. Nas últimas duas décadas, o Brasil investiu em média 2,2% do PIB em infraestrutura, en- quanto a média mundial foi de 3,8%. Na China, o número che- goua8,5%e,naÍndia,a4,7%.Só em 2015, os investimentos que deixaram de ser feitos no setor representaram R$ 23 bilhões menos no bolso do trabalhador e R$ 14 bilhões no caixa do go- verno,segundocálculosdaGO. A reversão desse quadro é umadaspromessas dogoverno de Michel Temer, que criou uma secretaria especialmente para tocar os projetos do setor. Sob o comando de Moreira Franco, o Programa de Parce- rias de Investimentos (PPI) vai trabalhar em cima de uma in- fraestrutura precária: apenas 12%dasrodoviasbrasileirassão pavimentadas, sendo a maioria de qualidade ruim; a malha fer- roviária é pequena e lenta; 16% da população não tem acesso a água tratada; e 50% não estão conectados à rede de esgoto. A exemplo do que ocorreu em governos anteriores, a tare- fa de mudar esse cenário não é fácil, especialmente diante da grave crise fiscal e política que atingiuoBrasil.Senosperíodos emqueoPaíseraconsideradoo “queridinho” dos investidores, o porcentual aplicado no seg- mento não alcançou o nível de- sejado,agora,sobfortedescon- fiançadorestodomundo,oses- forços terão de ser redobrados, afirmamespecialistasnosetor. “Omaiordesafiohojeéareto- mada da confiança do investi- dor,jáqueoPaísnãotemcondi- ções de levar adiante a expan- sãodainfraestruturaedepende- rá de capital estrangeiro”, afir- ma o professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende. O secretário executivo do PPI, Moreira Franco, concorda que, para tirar as concessões – estimadas em R$ 200 bilhões – do papel será primordial resta- belecer a credibilidade no mer- cado internacional. “Precisa- mos fazer o dever de casa, bus- car a transparência dos marcos regulatórios e garantir a segu- rançajurídica”,disseele,desta- cando que as concessões serão lançadas assim que os estudos forem sendo concluídos. Dentro das medidas para re- cuperaraconfiança,ofortaleci- mento das agências regulado- ras é um ponto central. Devol- ver a autonomia a esses órgãos –eretirarainfluênciapolítica– seria uma boa sinalização para oinvestidoredariamaisconfor- to, diz o economista Cláudio Frischtak, da consultoria In- ter.B. “Isso traria mais estabili- dade para o mercado, reduziria o risco regulatório e o prêmio exigido pelos investidores.” Crédito. Mas, ainda que se con- siga recuperar a atratividade do setor,háoutroentravequeexigi- rá soluções rápidas para a reto- mada do investimento: a escas- sez de crédito. Ao contrário do que ocorreu no passado, o Ban- coNacionaldeDesenvolvimen- toEconômicoeSocial(BNDES) não terá condições de financiar uma parcela muito grande das concessões.“Elenãovairepetir, e não tem condições de repetir, odesempenhoqueteveatéago- ra”,dizMoreiraFranco. Ou seja, será necessário criar outras formas de financiamen- to, seja no mercado externo ou interno. No mercado, algumas fórmulas começam a ser dese- nhadas para tentar resolver o problema, como um mix de di- nheiro do BNDES com bancos internacionais de fomento, co- mo o Banco Mundial. “Nesse momento, debêntures não se- riam uma boa alternativa, pois esbarram na confiança”, diz o sócio do escritório L.O. Baptis- ta, Fernando Marcondes. Alistadeentravesaosinvesti- mentos de infraestrutura é ex- tensa.Além dafaltade confian- ça e crédito mais curto, os em- preendimentos sofrem com o excesso de burocracia, proble- mas ambientais, desapropria- ções e indefinições regulató- rias.Hoje,háumasériedeproje- tosparadosBrasilaforaporcau- sa dessas questões. A bilionária ferrovia Transnordestina, que ligaráo sertão doPiauíaos Por- tos de Pecém (CE) e Suape (PE), deveria ser entregue em 2010 e até hoje não foi concluí- da.Umdosproblemasfoiadesa- propriação das áreas necessá- rias para a construção, além da dificuldade de gestão da CSN, dona da concessão da ferrovia. Na opinião do presidente da AssociaçãoBrasileiradeInfraes- truturaeIndústriasdeBase(Ab- dib), Venilton Tadini, apesar dos enormes desafios, o gover- no precisa começar de alguma forma.Oprimeiropassoéavan- çar com iniciativas que já estão maisadiantadas,aexemplodos aditivos contratuais de conces- sões existentes e que podem render R$ 15 bilhões de investi- mentosemnovaslicitações.Há ainda pedidos de reequilíbrio econômico-financeiro de con- tratosporcausadeatrasocoma demora em licenciamento am- biental e desapropriações, que podem representar outros R$ 20bilhões.“Imediatamente,is- so terá impacto no emprego e na renda.” InfraestruturaruimtiraR$150bidoPaís T odo o esgoto produzido porescolas,postodesaú- de,casasealgunscondo- mínios residenciais é jogado num pequeno córrego que fica aoladodomercadinhodeJulia- na Vainauskas, no Sítio São Francisco, em Guarulhos. “Quando faz calor, o cheiro é insuportável. Quando chove a situação fica ainda pior, pois a água espalha toda a sujeira pela rua”,afirmaacomerciante,que reclamadaquantidade de ratos ebaratasporcausadasujeira.A situação é tão complicada que Julianajádecidiumudaroramo deatividade.“Sóestamosespe- rando vender o estoque. O que mais me indigna é que ainda sou obrigada a pagar uma taxa de esgoto.” Na cidade de Guarulhos, na GrandeSãoPaulo,outrosmora- dores sofrem com o mesmo mal. Apesar de ter ampliado o índice de coleta para 85%, só 6,0%doesgotoétratado.Heral- do Marcon, diretor da SAAE Guarulhos, empresa de sanea- mentoda cidade, dizque hojeo municípiotemcapacidadepara tratar50%doesgoto,masainda não consegue atingir esse índi- ce por falta de algumas cone- xões na rede. “Fizemos uma PPP (Parceria Público-Priva- da) para elevar o volume de es- goto tratado para 80% até 2018.”Oproblemaéqueasócia da empresa vencedora é a OAS, envolvidanaOperaçãoLavaJa- toequeestá emdificuldadesfi- nanceiras. O setor de saneamento é um dos maiores gargalos do Brasil. SegundodadosdoInstitutoTra- ta Brasil, mais de 35 milhões de pessoasnãotêmacessoaoabas- tecimentodeáguatratadaecer- cade100milhõesnãotêmaces- so à coleta de esgoto. “O Brasil ficoumaisdeduasdécadassem recursos para investir no setor. Até hoje há dificuldade para fa- zerbonsprojetos”,afirmaopre- sidente do Trata Brasil, Édison Carlos. Segundo ele, para uni- versalizar os serviços de sanea- mento básico no País, seria ne- cessárioinvestirR$300bilhões por 20 anos. “O tempo que o governo gasta para analisar um projeto para financiamento é de 23 meses. Não se pode espe- rar tudo isso.” /R.P. A construção da Ferrovia deIntegraçãoOeste-Les- te (Fiol) é um exemplo dadificuldadeparaconseguirle- vantarumempreendimentono Brasil.Previstaparaserconcluí- da em 2012, a obra ainda está pelametade.Nalistadecontra- tempos, a ferrovia já enfrentou a suspensão das licenças am- bientais; a derrocada da cons- trutora Delta, responsável por um lote do projeto; problemas com OAS e Galvão Engenharia, envolvidasnaOperaçãoLavaJa- to; denúncia de sobrepreço pe- lo Tribunal de Contas da União (TCU); e agora falta de dinhei- ro do governo federal. Com1.527quilômetrosdetri- lhos, entre Figueirópolis (TO) eIlhéus(BA),aferroviaestápra- ticamente parada, segundo o SindicatodosTrabalhadoresda Construção Pesada da Bahia (Sintepav). “Hoje, apenas um loteestácomcolocaçãodedor- mentes. Nos demais, o quadro de trabalhadores é bastante re- duzido”,afirmaovice-presiden- te do sindicato, Irailson War- neaux. A Valec, estatal respon- sávelpela obra, afirma que ape- nasumloteestáparadoequeos demais estão em andamento, comcercademil trabalhadores (no auge, esse número beirou os 10 mil). “Hoje, fingem que a obra está andando”, diz War- neaux. OrçadaemR$6bilhões,afer- roviafoiplanejadaparaescoara produçãoagrícoladooestebaia- no e o minério de ferro da re- giãodeCaetité(BA).Comaque- da do preço do minério, os in- vestidoresreavaliaremseusne- gócios.Nabuscadesoluçãopa- ra dar continuidade à obra da ferrovia, o governador do Esta- do, Rui Costa (PT), alinhavou, em março, quando esteve na China,o iníciodeumanegocia- ção para que o Fundo Chinês para Investimento na América Latina e a China Railway Engi- neering Group n.10 assumam a construção, operação e finan- ciamento de quatro trechos da ferrovia, entre Ilhéus e Caetité, em fase final de construção. O investimento seria feito em as- sociaçãocomogovernodoEsta- doecomaBahiaMineração(Ba- min). / IVANA BRAGA LENZ, ESPECIAL PARA O ESTADO, e R.P. É umtormentotrafegarpe- la BR-222, que corta os Estados do Ceará, Piauí, MaranhãoePará.Opiortrecho fica entre Pará e Maranhão, nu- ma extensão de 900 km, onde predominamasequênciadebu- racos e a má sinalização da via. Alémdeestreitaecommão du- pla,aestradanãopassaporma- nutençãoháalgunsanos.Asúni- cas medidas adotadas são as operaçõestapa-buraco,queten- tam minimizar o risco de quem trafega pela rodovia. O trecho entre Dom Eliseu e Marabá foi considerado o pior do País, segundo a pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), em 2015. Apesardacondiçãoprecária,os motoristasdaregiãonãotêmes- colha.“Jáescapeiduasvezesda morte. Na primeira, o pneu de minha caminhonete estourou após bater num buraco. Capo- tei, mas nada sofri, só o susto. Naoutravez,umcaminhãodes- vioudoburacoebateunatrasei- ra do meu carro. Fraturei uma perna e quebrei a bacia”, conta Luizamar Freitas Cordeiro, de 51 anos. Para os caminhoneiros, a si- tuação da estrada pesa no bol- so. Segundo Eliziário Oliveira, de 42 anos, a cada R$ 500 que ganha de frete, metade é gasta com pneus, pastilha de freio e amortecedores. No passado, a rodovia era estadual (PA-070), famosa pelos buracos e atolei- ros.Há30anos,ogovernofede- ralassumiuo controledaestra- da, que foi asfaltada e chegou a seruma das melhores da região nadécadade90.Deláparacá,a manutenção deixou de ser fei- ta. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transpor- tes(Dnit)apenasinformouque háumestudopararecuperaros trechosconsideradosmaispro- blemáticos,masnãodissequan- do isso ocorreria. O Brasil tem hoje 1,3 milhão dekmdeestradassempavimen- tação.Só12%damalhanacional (213 mil km) é asfaltada e cerca de 20 mil km é concedida à ini- ciativaprivada.Aúltimapesqui- sadaCNTmostrouque51%das rodovias analisadas estavam em condição regular, ruim ou péssima. / CARLOS MENDES, ESPECIAL PARA O ESTADO l A economia brasileira passa por uma das maiores recessões de sua história. Com a série ‘De- safios do Brasil’, o ‘Estado’ discu- te os problemas e as possíveis saídas para a crise. As reporta- gens já abordaram a retração do mercado consumidor, o rombo da Previdência e as finanças dos municípios. MARCIO FERNANDES/ESTADÃO-2/6/2016 A céu aberto. Esgoto traz mau cheiro, baratas e ratos ‘EAINDATENHO DEPAGARTAXA DEESGOTO’ Saneamento DIDA SAMPAIO/ESTADÃO-25/8/2015 Em atraso. Obra deveria ter sido concluída em 2012 ‘NAFIOL,FINGEM QUEAOBRA ESTÁANDANDO’ Ferrovia DIVULGAÇÃO-27/4/2012 Pior do País. BR-222 já foi uma das melhores da região ‘JÁESCAPEIDUAS VEZESDAMORTE NESSAESTRADA’ Rodovias DESAFIOS DO BRASIL ● Um raio X de alguns dos principais setores da Infraestrutura brasileira POR DENTRO DO SETOR Rodovias PAVIMENTADAS: 213.299 km DESTAS, CONCEDIDAS: 20.658 km NÃO PAVIMENTADAS: 1.353.186 km TOTAL 1.566.485 km Densidade da malha rodoviária pavimentada PAÍS KM/1.000 KM2 EUA China Rússia Austrália Canadá Brasil 438,1 359,9 54,3 46,0 41,6 25,0 Ferrovias RESTANTES: 1.411 km TOTAL CONCEDIDO: 29.165 km PAÍS KM/1.000 KM2 EUA Índia China Argentina Chile Brasil 32,0 23,0 20,5 13,5 9,8 3,6 TOTAL 30.576 km Densidade da malha ferroviária Saneamento PAÍS ATENDIMENTO TOTAL EM % Argentina Costa Rica Chile Uruguai Venezuela México Brasil 99,8 99,4 97,8 97,0 95,3 93,0 83,0 , Indicadores internacionais de atendimento de água NÃO TEM ACESS0 A REDE DE ABASTECIMENTO 16,97% ÁGUA NÃO TEM ACESS0 A COLETA DE ESGOTO 50,16% POPULAÇÃO QUE TEM ACESSO A COLETA DE ESGOTO: 49,84% PAÍS ATENDIMENTO TOTAL EM % Venezuela Chile Colômbia Equador Argentina Bolívia Brasil 94,1 93,6 87,2 75,8 69,0 63,1 49,8 Indicadores internacionais de atendimento de esgoto ESGOTO TEM ACESSO A REDE DE ABASTECIMENTO: 83,03% FONTES: CEPAL, SNIS E BANCO MUNDIAL, CNT, INTER.B, GO ASSOCIADOS E TRATA BRASIL INFOGRÁFICO/ESTADÃO Essa é a estimativa de perdas anuais da economia brasileira apenas com a falta de investimentos em estradas, ferrovias e saneamento Sériediscuteos desafiosdoPaís