O documento discute os conceitos de adolescência e puberdade, definindo-os como períodos de desenvolvimento entre a infância e a idade adulta caracterizados por mudanças biológicas, psicológicas e sociais. Também aborda aspectos da consulta médica com adolescentes, enfatizando a preservação da privacidade e confidencialidade.
4. CONCEITOS
É o período de desenvolvimento situado entre a infância e a idade adulta,
delimitado cronologicamente pela OMS e MS como a faixa dos 10 aos 20 anos
de idade.
Juventude compreende a faixa etária de 15 a 24 anos.
Segundo ECA considera criança até 12 anos de idade incompletos e a
adolescência de 12 a 18 anos de idade.
O código civil brasileiro considera a maioridade aos 18 anos e em algumas
situações aos 16 anos (emancipação, casamento).
O adolescente pode ter o voto opcional como eleitor e cidadão a partir dos 16
anos.
O conceito de menor fica subentendido para os menores de 18 anos
5. ADOLESCÊNCIA
Período cronológico
Mudanças: biológicas, psicológicas e sociais (interação
com a sociedade)
Aspectos peculiares conforme o ambiente sociocultural no
qual o jovem encontra-se inserido.
Exercício pleno de sua autonomia.
6. PUBERDADE
Modificações corporais
Caracteres sexuais secundários e
Mudança no ritmo de crescimento: aceleração e término do
crescimento
Eventos hormonais: gonadarca e adrenarca
GNRH LH/FSH esteroides gonadais (ovário e testículos
com auento de liberação dos hormônios estrógenos e
progesterona);
Adrenal mineralocorticoide e cortisol androgênios
7. O início se dá pelo aparecimento do botão mamário
nas meninas e aumento do volume testicular nos
meninos;
Término: fechamento das epífises, maturação sexual,
estabelecimento da capacidade reprodutiva
A puberdade é um parâmetro universal e ocorre de
maneira semelhante em todos os indivíduos;
Meninas: 8 aos 13 anos
Meninos: 9 aos 14 anos
8. PRESERVAÇÃO DA AUTONOMIA
Respeito à privacidade, à confidencialidade, ao direito de
opinião e expressão, ao direito à escolha e ao consentimento
informado para a realização de toda e qualquer intervenção.
9. PRIVACIDADE
É um direito, independente da idade.
Não está obrigatoriamente ligada a confidencialidade.
Se busca não excluir a família ou diluir o seu papel, mas
passar ao adolescente a responsabilidade pelo cuidado com
a sua saúde.
Exceção:
1. Déficit intelectual relevante
2. Falta de crítica (dist. Psiquiátrico/drogadição)
3. Desejo do adolescente de estar acompanhado
4. Referência explícita ou suspeita de abuso sexual ou
violência.
10. CONFIDENCIALIDADE
Garantir o sigilo.
É assegurado ao adolescente o direito de comparecer
sozinho à consulta.
O adulto o acompanha, por imaturidade, nervosismo,
insegurança.
11. Vulnerabilidade: necessidade de um cuidado ainda mais
amplo e sensível.
maior suscetibilidade às mais diferentes situações de
risco como:
A gravidez precoce,
doenças sexualmente transmissíveis (DST),
acidentes,
diversos tipos de violência,
maus tratos,
uso de drogas,
evasão escolar
12. O profissional deve mostrar interesse pela problemática do adolescente,
seus anseios e preocupações.
Ter domínio na arte da medicina e boa formação científica na área da
adolescência.
Conhecer: processos de crescimento e desenvolvimento, transtornos
psicológicos típicos dessa idade.
Possuir cultura geral e humanística, além de formação moral e ética.
Ser capaz de transmitir calor humano, entusiasmo e empatia.
Tomar consciência dos próprios preconceitos e evitar julgamentos.
Garantir absoluto sigilo médico e respeito ao pudor.
Ter equilíbrio emocional e boa saúde.
Apresentar características de acessibilidade, tolerância, compreensão e
honestidade.
CONSULTA DO ADOLESCENTE
13. A primeira consulta: entrevista com a família, junto com
o adolescente ou não, seguida de um encontro individual
com o paciente e um retorno com presença de todos
para as orientações necessárias.
A consulta deve ser cordial para que os pacientes se
percebam valorizados e participativos, exercendo sua
pro-atividade.
A acolhida hostil e inflexível, que imponha uma série de
exigências, pode afastar o adolescente.
É preciso que fique claro ao jovem que nada será
tratado com seus pais/responsáveis sem que ele seja
informado previamente, mesmo quando é preciso romper
o sigilo, conscientizando-o da importância de informar
determinadas situações.
14.
15. ANAMNSESE
Do ponto de vista didático, pode-se dividir a anamnese em
três ou mais momentos:
1. entrevista com paciente e familiares juntos
2. entrevista com o paciente a sós e
3. Retorno para cliente e pais/responsáveis.
16. Roteiro do exame físico:
Devem ser avaliados ou examinados:
Aspectos gerais (aparência física, pele hidratada, eupneico,
normocorado, etc.);
Peso, altura, índice de massa corporal (IMC)/idade e altura/idade –
utilizar gráficos e critérios da OMS;
Pregas cutâneas;
Pressão arterial (deve ser mensurada pelo menos uma vez/ano e
compará-las às curvas de pressão arterial para idade.
Acuidade visual com escala de Snellen;
Estado nutricional;
Tireoide, cavidade oral, otoscopia;
Coluna Vertebral e postura;
Exame neurológico e mental;
A genitália deve ser avaliada ao final do exame físico, no próximo
momento oportuno se paciente não permitiu, especialmente se houver
queixa
Maturação sexual - utilizar critérios de Tanner (masculino e feminino),
orquidômetro para avaliar o volume testicular.
17. Na adolescência – altura e peso – em ambos os sexos
seguem as seguintes fases.
1. Fase de crescimento estável – altura e peso – são
constantes 4 e 6cm e 2 a 3kg/ano respectivamente;
2. Fase de aceleração de crescimento – a velocidade aumenta
progressivamente até atingir um valor máximo (pico de
velocidade do crescimento) - estirão pubertário.
3. Fase de desaceleração - na qual os incrementos diminuem
gradativamente até a parada do crescimento.
18. Velocidades de crescimento em diferentes estágios de vida:
Intrauterina = 66 cm/ano.
Lactente = 20 a 25 cm/ano.
Pré-puberal = 5 a 7 cm/ano. (pré-escolar 2 a 6 anos: 7-8cm/a
// escolar 6 a 11 anos: 6-7cm/a)
Puberal >12 anos:
- Masculino = 10 a 12 cm/ano.
- Feminino = 8 a 10 cm/ano.
19. ALVO GENÉTICO: a estatura sofre influência de fatores genéticos e, a
partir desse conhecimento, o cálculo do alvo genético avalia a herança
(estatura dos pais) na determinação da faixa de estatura final.
(é a altura média a qual o paciente deve atingir de acordo com a genética
de sua família).
Meninos:
(estatura paterna) + (estatura materna + 13) ± 10 cm
_________________________________________
2
Meninas:
(estatura paterna – 13) + (estatura materna) ± 9,0 cm
_________________________________________
2
20. Maturação Óssea:
A estatura final independe da idade cronológica, ocorrendo quando há
fusão completa entre epífise e metáfise dos ossos.
Estirão de crescimento:
É uma das características da puberdade.
À medida que a puberdade se aproxima, a velocidade de crescimento
(VC) apresenta uma pequena redução.
Sofre influência de fatores hereditários e nutricionais.
Nas meninas, costuma ocorrer mais cedo (2 anos antes) e em menor
magnitude do que nos meninos.
O pico de velocidade costuma ser de 9 cm/ano em meninas e de 10,3
cm/ano em meninos.
Durante a puberdade, há ganho de 20% da estatura final.
21. M1 - Estágio 1
Pré-púbere
(somente elevação da papila)
M2 – Estágio 2
Broto mamário (telarca)
Secreção de estrogênio ovariano
Tecido glandular subareolar
M3 - Estágio 3
Maior aumento da mama e da aréola,
sem separação dos seus contornos
Velocidade máx de crescim – pico (8-9cm/a)
22. M4 - Estágio 4
Projeção da aréola
e da papila, com aréola saliente
em relação ao contorno da mama.
Menarca (2-2,5anos após telarca).
Crescimento de forma desacelerada.
M5 - Estágio 5
Aréola volta ao contorno da mama,
saliência somente da papila.
Mama adulta.
23. Desenvolvimento da
pilosidade
P1 – ausência de pêlos pubianos.
P2 – crescimento esparsos dos pêlos
finos e lisos nas bordas dos grandes
lábios.
Resultado da adrenarca.
P3 – pêlos mais escuros, espessos e
encaracolados ascendendo á sínfise púbica
24. P4 – pêlos encaracolados e
mais grossos apenas na sínfise púbica.
P5 – pêlos na púbis e raiz das
coxas e acima da região
púbica – adultos.
25. O primeiro sinal de puberdade no sexo
feminino é o aparecimento do broto mamário
(telarca) - de 9 a 11 anos.
após os pelos pubianos (pubarca).
primeira menstruação (menarca).
26. E a menstruação?
A menstruação é a eliminação cíclica (mensal) de sangue e descamação
de tecidos uterino pela vagina, a partir do amadurecimento dos órgãos
sexuais e reprodutivos.
Durante os dois primeiros anos, é normal que os ciclos menstruais
(tempo que se passa entre uma menstruação e a próxima) sejam
irregulares, podendo variar também na duração e na quantidade de
sangramento.
27. Sexo Masculino
G1 – pênis, testículos e escroto infantis.
G2 – aumento do volume testicular e escroto
Testiculos > ou = 4ml
Gonadotrofina
G3 – aumento do volume do escroto e
pênis (comprimento).
28. G4 – aumento do volume testicular e
escroto e aumento do pênis em
comprimento e espessura (diâmetro).
Pico do crescimento: 9-10cm/ano
G5 – genital do adulto em tamanho
e forma.
29. Pêlos
• P1 – pêlos pubianos ausentes
P2 – crescimento de pêlos esparsos
e finos na base do pênis e saco escrotal
P3 – pêlos mais encaracolados escuros
e espessos na sínfise púbica
30. P4 – pêlos encaracolados e mais grossos apenas na
sínfise
P5 – pêlos no púbis e na raiz da coxa e acima da
região púbica - adulto.
31. O primeiro sinal de puberdade no sexo masculino: aumento
do volume testicular (acima de 3ml);
Em torno dos 13-14 anos;
Acompanhado do aparecimento dos pelos pubianos e
aumento do pênis em comprimento e espessura.
A mudança vocal ocorre em torno de 13-15 anos, período de
transformações anatômicas e no final da puberdade voz do
adulto.
A ejaculação ocorre por volta dos 15-16 anos, durante os
estágios P4 e G4 de desenvolvimento dos pelos e gônadas -
marca o início da capacidade reprodutiva
(espermatogênese).
32. Quando suspeitar de anormalidades da
puberdade?
• Surgimento de características sexuais secundárias
antes dos 8 anos nas meninas e dos 9 anos nos
meninos.
• Quando a puberdade se acompanha de manifestações
heterossexuais, ou seja, sinais de virilização no sexo
feminino ou de feminilização no sexo masculino.
• Ausência de mamas a partir dos 13 anos ou de pelos
púbicos a partir dos 14 anos no sexo feminino.
• Ausência de menarca a partir dos 16 anos ou após
dois a três anos de surgimento da telarca.
• Ausência de pelos púbicos a partir dos 14,5 anos ou
ausência do aumento do volume testicular a partir dos
14 anos no sexo masculino.
33. PUBERDADE PRECOCE
Carácter secundário e aceleração do crescimento antes do período
normal para o sexo;
Menina: antes dos 8 anos
Menino: antes dos 9 anos
Tipos:
1. Central (dependente de GnRH): idiopática, lesão SNC aumento de
gonadotrofinas (LH,FSH)
2. Periférica (independe de GnRH): doenças gonadais e adrenais
gonadotrofinas em níveis pré-puberal.
34. CONCLUSÃO
O pediatra precisa estar preparado para atender o adolescer,
um fenômeno que se configura como um etapa da vida
resultante de transformações que acompanha o fenômeno da
puberdade, no qual interagem os fatores psíquicos,
socioculturais e as diversas realidades existenciais de cada
adolescente, e nós fazemos parte desse complexo processo,
passageiro, mas definitivo para um “adultecer” sadio.
35. OBRIGADA!!!
Tudo começa a mudar: corpo, cabeça,
valores... Até parece
que, a partir desse momento, não
precisamos de
mais nada, nem de ninguém; somos só
nós e o mundo...
SNR, 13 anos de idade,
Rito de Passagem, redação escolar.