1. ANAIS DO 58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2016 – 58CBC2016 1
Avaliação das propriedades do Concreto de Alto Desempenho
submetido ao ataque químico com ácido sulfúrico
Assessment of High Performance Concrete properties subjected to chemical attack with
sulfuric acid
Real, Ricardo (1); Queiroz, Inácio (2); Silva Pinto, Joana Darc (3); Aguiar, Roberto Carlos (4);
Soares, Tayrine Cristina (4); Coelho, Mariane (4)
(1) Mestrando, Departamento de Engenharia Civil CEFET-MG
(2) Professor, Departamento de Engenharia Civil FAVAG
(3) Professora Doutora, Departamento de Engenharia Civil PUC-MG
(4) Engenheiro (a) Civil, Departamento de Engenharia Civil PUC-MG
Rua Dom Lúcio Antunes, 664, Coração Eucarístico, Belo Horizonte – MG, CEP: 30535-630
Resumo
O Concreto de Alto Desempenho (CAD) é um tipo de concreto que, por apresentar em sua produção baixa
relação água/cimento, adições minerais e aditivos superplastificantes, tem uma microestrutura mais densa e
compacta, quando comparada com a de concretos convencionais. Como principais características, esse
material apresenta alta trabalhabilidade em seu estado fresco e elevadas resistências mecânicas em seu
estado endurecido. Além disso, sua evolução ao longo dos anos e seus excelentes resultados incentivam
sua crescente utilização na construção civil e o contínuo estudo de suas propriedades. Este trabalho
apresenta um estudo sobre o comportamento do Concreto de Alto Desempenho em meios agressivos
utilizando ácido sulfúrico. Corpos de prova (CPs) cilíndricos de (10x20) cm foram imersos em solução de
ácido sulfúrico (H2SO4) com concentração de 2,5%, durante sete dias. Os ensaios realizados para avaliar
as propriedades do CAD foram: resistências mecânicas (tração e compressão), absorção de água por
imersão, inspeção visual e perda de massa. Todos os ensaios foram feitos em amostras atacadas e não
atacadas quimicamente, sempre de acordo com as normas brasileiras vigentes. Ao todo foram produzidos
48 corpos de prova no laboratório da empresa Holcim, na Fábrica de Cimento de Pedro Leopoldo – MG, e
os ensaios foram conduzidos no laboratório de Engenharia Civil da PUC Minas em Belo Horizonte – MG. Os
resultados obtidos nos ensaios foram bastante positivos, antes e após a imersão na solução ácida. As
baixas taxas de absorção de água comprovam sua alta durabilidade que, aliadas à sua elevada resistência,
garantem ao CAD um desempenho considerável, mesmo em ambientes agressivos.
Palavras-Chave: Concreto de Alto Desempenho, propriedades, resistência, durabilidade.
Abstract
The High Performance Concrete (HPC) is a type of concrete that has in its production low water/cement
ratio, mineral admixtures and superplasticizers additives; it also has its microstructure more compact and
dense, compared with conventional concrete. As its main features, this material has high workability in its
fresh state and high mechanical strength in its hardened state. Furthermore, the evolution over the years and
excellent results have increased its use in construction and the continuous studies of its properties. This
paper presents a study on the High Performance Concrete behavior in an aggressive environment using
sulfuric acid. Cylindrical specimens (10 x 20cm) were immersed in sulfuric acid solution (H2SO4) with
concentration of 2.5% for 7 days. The tests performed to assess the HPC properties were: mechanical
strength (tensile and compressive), water absorption by immersion, visual inspection and weight loss. The
tests were carried on samples attacked and not attacked chemically, according to Brazilian regulations. 48
specimens were produced in the laboratory of Holcim company in Pedro Leopoldo Cement Factory - MG,
and the tests were carried in the Civil Engineering Laboratory of PUC Minas in Belo Horizonte - MG. The
results obtained in this study were positive, both before and after immersion in acid solution. The low water
absorption rates prove its high durability and, when combined with its high strength, ensure HPC
considerable performance even in harsh environments.
Keywords: High Performance Concrete, properties, strength, durability.
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1 Introdução
O Concreto de Alto Desempenho (CAD) foi desenvolvido na Noruega, na década de 1950,
mas começou a ser utilizado em quantidades significativas no início dos anos 1960, na
cidade de Chicago nos Estados Unidos (EUA), quando projetistas e produtores de
concreto propuseram a fabricação de um concreto de maior resistência. Inicialmente, o
CAD era chamado de Concreto de Alta Resistência (CAR), pois sua produção só visava
aumentar a resistência à compressão. Com o passar do tempo e o aumento dos estudos
e pesquisas, foi descoberto que existe uma diferença entre CAD e CAR, visto que o CAD
possui outras propriedades agregadas a ele, além da resistência à compressão, tais
como: alta durabilidade, baixa porosidade, baixa permeabilidade, maior resistência ao
desgaste e abrasão, dentre outros (SILVA, 2010).
No Brasil, a primeira obra executada com CAD, foi o Museu de Arte de São Paulo Assis
Chateaubriand, inaugurado na Avenida Paulista em 1968. Sua estrutura é famosa por
possuir duas vigas protendidas de vão livre de 74 metros, apoiadas em 4 pilares de
grandes dimensões, todas as peças executadas com CAD de 45 MPa (SILVA, 2003).
Segundo Aïtcin (2000), a microestrutura densa e de baixa porosidade do CAD, resultado
do uso combinado de aditivos superplastificantes e adições minerais, proporcionam
características diferenciadas ao concreto, como por exemplo, a baixa relação
água/cimento (a/c), elevadas resistências e baixa permeabilidade.
Sua baixa relação água/aglomerante, entre 0,20 e 0,35, exige a utilização de aditivos
superplastificantes para garantir um aumento na resistência e, principalmente, uma alta
trabalhabilidade (MEHTA e MONTEIRO, 1994). Além disso, o autor fala que essa baixa
relação a/c é essencial para a qualidade do CAD, pois diminui o efeito da retração e a
porosidade, evitando assim trincas e fissuras e proporcionando ao concreto uma baixa
permeabilidade. Como consequência direta da diminuição da permeabilidade do material
está a proteção da armadura contra a corrosão pela água e pelos agentes externos do
meio em que a estrutura se encontra, assegurando outra característica principal deste tipo
de material, sua durabilidade.
Assim como os concretos convencionais, o CAD contem agregados graúdos e miúdos,
água e cimento Portland. Porém, o que o difere da composição dos concretos
convencionais é o uso de adições minerais (sílica ativa, cinza volante, escória de alto
forno, entre outras) e aditivos superplastificantes. Segundo Neville (1997), o teor de
superplastificante deve ser alto, de 5L a 15L por metro cúbico de concreto, fato que
permite a redução do uso de água na produção do concreto levando a uma relação a/c
muito baixa, inferior a 0,35, considerada pelo autor a máxima para concretos de alto
desempenho.
Finalmente, uma definição simples para o CAD foi feita pelo American Concrete Institute
(1998): “um concreto que atenda uma combinação especial entre desempenho e
requisitos de uniformidade que não pode ser atingida rotineiramente com o uso de
componentes convencionais e práticas normais de mistura, lançamento e cura”.
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De acordo com o comitê 201 do ACI (1991), a durabilidade do concreto de cimento
Portland é definida como sua capacidade de resistir à ação das intempéries, ataques
químicos, abrasão ou qualquer outro processo de deterioração. Isto significa que o
concreto durável conservará sua forma original, qualidade e capacidade de utilização
quando exposto ao ambiente para qual foi projetado.
O concreto pode estar exposto ao ataque químico em várias situações como sob a ação
de efluentes domésticos, ambientes industriais e agrícolas, poços de mineração e até
mesmo em solos, águas subterrâneas e na atmosfera. De acordo com a ABNT NBR
6118, a agressividade ambiental é classificada de acordo com o apresentado na Tabela 1
nos projetos das estruturas correntes.
Tabela 1 - Classes de agressividade ambiental (CAA)
Material Agressividade
Classificação geral
do tipo de ambiente
para efeito de projeto
Risco de deterioração da
estrutura
I Fraca
Rural
Submersa
Insignificante
II Moderada Urbana Pequeno
III Forte
Marinha
Industrial
Grande
IV Muito Forte
Industrial
Respingos de maré
Elevado
Fonte: ABNT NBR 6118:2014 (adaptado)
Como pode ser observado na Tabela 2, Andrade (1997) define os principais ácidos
agressivos e os diferentes graus de deterioração que estes ácidos provocam no concreto.
Tabela 2 - Principais ácidos agressivos e os diferentes graus de deterioração
Material Efeitos no concreto Material Efeitos no Concreto
Sulfuroso
Desintegração
Bórico
Nenhum
Carbônico Oxálico
Sulfúrico
Esteárico
Desintegração lenta
Oleico
Clorídrico
Acético
Tânico
Lático Fosfórico Ataque lento à superfície
Muriático
Sulfídrico
Desintegração quando
dissolvido em águaNítrico
Fonte: ANDRADE, 1997
Além disso, Andrade (1997) cita que as soluções ácidas terão efeitos dissolventes sobre a
pasta de cimento e nos agregados contendo carbonatos. Dentre eles destacam-se os
ácidos minerais, orgânicos e carbônicos. Ainda segundo o autor, ataque de ácido sulfúrico
pode ocorrer na presença de produtos de combustão ou em áreas industriais. Este ácido
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pode depositar-se sobre as estruturas de concreto, ocasionando sérios riscos a estrutura
devido sua ação química sobre os principais constituintes do concreto.
Estudos já desenvolvidos, segundo Silva Pinto (2006), dizem que diversos problemas
observados devido à degradação causada por ataques químicos no concreto apontam
para a necessidade de aprofundar as análises a fim de obter resultados mais precisos no
que tange às características ideais de um concreto que resista a exposição a ambientes
agressivos. No que diz respeito à agressividade do ambiente e sua influência no CAD, a
literatura existente é escassa e, por este motivo, foi optado por realizar um ataque com
ácido sulfúrico e observar o comportamento do CAD diante da situação.
1.1 Objetivo
O objetivo deste artigo é avaliar o comportamento do Concreto de Alto Desempenho em
ambientes agressivos através da realização de um estudo comparativo das propriedades
do CAD em condições normais e submetido ao ataque químico. Para tal, foram
executados os seguintes ensaios, em amostras atacadas e não atacadas quimicamente:
resistências mecânicas (tração e compressão), absorção de água por imersão, inspeção
visual e perda de massa.
2 Programa experimental
2.1 Materiais
O cimento Portland utilizado na produção do CAD foi o CP-V ARI RS. Para o agregado
miúdo, foi utilizada uma mistura resultante de dois tipos de areia artificial com diferentes
características: a primeira, com diâmetro máximo dos grãos de 4,8 mm e a segunda, com
diâmetro máximo dos grãos de 2,4 mm. Quanto ao agregado graúdo, foram utilizados dois
tipos de brita calcária: a brita 0 com diâmetro máximo dos grãos de 12,5 mm e a brita 1
com diâmetro máximo dos grãos de 19 mm.
A adição mineral utilizada na mistura foi a sílica ativa e, o aditivo químico, o Power Flow
1180, um superplastificante sintético baseado na tecnologia de polímeros policarboxilatos
(PCE) desenvolvida pela empresa MC Bauchemie Brasil. Por fim, água potável foi
utilizada para o amassamento da mistura.
Os corpos de prova (CPs) foram fabricados no laboratório da empresa Holcim, na Fábrica
de Cimento Pedro Leopoldo, localizada na Fazenda Vargem Alegre, S/N, bairro Vargem
Alegre, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Ao todo, foram produzidos 48 CPs
cilíndricos de concreto de alto desempenho (CAD) com 10 cm de diâmetro e 20 cm de
altura. O traço estabelecido preconizou que a resistência característica à compressão
(fck) do CAD em produção fosse de 40 MPa. A Tabela 3 apresenta o resumo da descrição
e o consumo dos materiais necessários para a confecção de 1m³ de CAD com densidade
de 2.361 kg/m³.
5. ANAIS DO 58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2016 – 58CBC2016 5
Tabela 3 - Consumo dos materiais utilizados para a confecção de 1m³ de CAD
Relação
a/ag
Cimento
(kg/m³)
Areia (kg/m³) Brita (kg/m³)
Água
(kg/m³)
Aditivo
Mineral
(kg/m³)
Aditivo
Químico
(kg/m³)
-
Portland
CP-V
ARI RS
Artificial ɸ < 4,8
mm
Especial
ɸ < 2,4
mm
Brita 0 Brita 1 Potável
Sílica
Ativa
Power
Flow
1180
0,35 556 423 191 204 816 204,9 29,3 2,34
Fonte: Resultados da Pesquisa
2.2 Metodologia
O comportamento do concreto em seu estado endurecido foi avaliado através da
execução dos seguintes ensaios:
Inspeção Visual
Perda de massa
Resistência à Compressão Axial (NBR 5739:2007)
Resistência à Tração por Compressão Diametral (NBR 7222:2011)
Absorção por Imersão (NBR 9778:2009)
O ataque químico consiste na imersão de CPs em solução química com as características
desejadas. Para a execução deste procedimento, os CPs permaneceram imersos em
ácido sulfúrico (H2SO4) com concentração de 2,5%, durante 7 dias. A escolha dessa
solução teve como principal objetivo simular o ataque sofrido pelo concreto em meios
agressivos, tais como: redes de efluentes domésticos, ambientes industriais e agrícolas,
poços de mineração e até mesmo solos, águas subterrâneas e atmosfera.
A inspeção visual consiste na observação da aparência do material em questão. Os CPs
foram inspecionados visualmente antes da imersão em ácido e 7 dias após o ataque para
o registro de suas respectivas características.
A verificação da perda de massa consiste na análise da variação de massa dos CPs após
o ataque químico. Após permanecerem na estufa por 72 horas, os CPs foram pesados e
depois mantidos em imersão no ácido por 7 dias. Em seguida os CPs foram retirados da
imersão, lavados em água corrente e colocados novamente na estufa até alcançarem
constância de massa. Feito isso, foram verificadas as novas massas dos CPs. Os
resultados foram obtidos através da equação 1:
(Equação 1)
Onde:
Mi = Massa inicial;
Mf = Massa final.
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O ensaio de resistência à compressão axial (NBR 5739:2007) consiste na determinação
da carga máxima de ruptura suportada pelo CP. No caso deste estudo, foram ensaiados
CPs com a idade de 60 dias. Para os ensaios, as faces de contato dos CPs com os pratos
da prensa foram faceados com uso de equipamento faceador, a fim de evitar uma
resposta de carga de ruptura não condizente com a carga real. O ensaio foi realizado
utilizando a prensa modelo DL20000 da EMIC, que atende aos valores máximos
admissíveis pela ABNT NBR NM ISO 7500-1:2004 pertencente ao laboratório de
Engenharia Civil da PUC Minas.
Antes do início dos ensaios os pratos foram limpos e secos e o CP posicionado
centralizado como preconiza a norma. A carga foi aplicada de forma contínua, sem
choques e com velocidade de carregamento constante durante todo o ensaio. No total
foram ensaiados 6 CPs com a idade de 60 dias.
A resistência à compressão foi calculada através da equação 2:
(Equação 2)
Onde:
fc: resistência à compressão [MPa];
F: força máxima alcançada [N];
D: diâmetro do corpo-de-prova [mm]
O ensaio de Tração por compressão diametral (NBR 7222:2011) tem como objetivo a
determinação da resistência à tração indireta de CPs cilíndricos de argamassa e concreto.
Para o ensaio, foi utilizada a prensa FORNEY, capacidade de 120 toneladas, que atende
aos valores máximos admissíveis pela ABNT NBR NM ISO 7500-1:2004 pertencente ao
laboratório de Engenharia Civil da PUC Minas. O contato entre o CPs e os pratos da
máquina de ensaio foi somente ao longo de duas geratrizes diametralmente opostas do
CPs que foram colocados em repouso ao longo da geratriz, sobre o prato da máquina de
compressão. Foram colocadas, entre os pratos e o CPs em ensaio, duas tiras de chapa
dura de fibra de madeira, conforme especificado na NBR 10024:2012, de comprimento
igual ao da geratriz do CPs e seção transversal com as dimensões da Figura 1. Os pratos
da prensa foram ajustados até que se obteve uma compressão capaz de mantê-los fixos
na posição adequada.
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Figura 1 – Tração por compressão diametral (NBR 7222:2011, p. 3)
A carga foi aplicada continuamente, sem choque, com crescimento constante da tensão
de tração, a uma velocidade de (0,05 ± 0,02) MPa/s, até a ruptura do CPs. No total foram
ensaiados 6 CPs com a idade de 60 dias. A resistência à tração por compressão
diametral foi calculada pela equação 3:
(Equação 3)
Onde:
ft,D: resistência à tração por compressão diametral, expressa em MPa, com
aproximação de 0,05 MPa;
F = carga máxima obtida no ensaio (kN);
D = Diâmetro do Corpo de Prova;
L = Comprimento do Corpo de Prova.
O ensaio de determinação da Absorção por Imersão (NBR 9778:2009) consiste na
determinação da absorção da água em CPs de concreto. Os aparelhos utilizados foram a
balança hidrostática, estufa e cesto de arame para imersão da amostra. Foram ensaiados
6 CPs. Dentre eles, 3 sofreram ataque químico com ácido sulfúrico (H2SO4) com
concentração de 2,5% durante 7 dias, e 3 não sofreram nenhum tipo de ataque químico.
Os seguintes procedimentos foram executados:
Secagem da amostra em estufa na temperatura de 100°C a 110°C por no mínimo 3
dias;
Resfriamento ao ar até a temperatura ambiente e determinação da massa;
Imersão da amostra em água à temperatura de (23 ± 2)°C e manutenção da
mesma saturada durante 72h nessa condição;
Secagem da superfície da amostra e determinação da massa;
Determinação da massa da amostra imersa em água após a saturação utilizando a
balança hidrostática.
8. ANAIS DO 58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2016 – 58CBC2016 8
Os resultados foram calculados através da média obtida com as três amostras de ensaio,
através da equação 4:
(Equação 4)
Onde:
- Msat é a massa do corpo-de-prova saturado;
- Ms é a massa do corpo-de-prova seco em estufa.
3 Resultados e discussões
3.1 Inspeção visual
Antes da imersão no ácido, os CPs apresentavam superfície lisa e regular, sem
rugosidades perceptíveis a olho nu. Depois de retirados da imersão e lavados com àgua
corrente, pôde-se perceber que houve uma deterioração da camada externa dos CPs,
com seus resquícios depositados tanto no recipiente da imersão, quanto no local onde
foram lavados em água corrente. Sendo assim, a superfície dos CPs, antes lisa e regular,
tornou-se áspera e irregular, apresentando grande rugosidade perceptível a olho nu. Após
permanecerem na estufa, os CPs mantiveram as características apresentadas logo após
a retirada da imersão. Essa diferença relatada acima pode ser vista nas figuras 2 e 3:
Figura 2 - CP antes do ataque (Arquivo pessoal) Figura 3 – CPs após o ataque (Arquivo pessoal)
9. ANAIS DO 58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2016 – 58CBC2016 9
3.2 Perda de massa
Como se pode observar na tabela 4 e no gráfico 1, a perda de massa média nos CPs foi
de 2,01%.
Tabela 4 - Perda de massa
Medições
Massa antes
da imersão
no ácido (g)
Massa
após a
imersão no
ácido (g)
Diferença de
massa (g)
Massa
antes da
imersão no
ácido (%)
Massa após
a imersão no
ácido (%)
Diferença de
massa (%)
CP1 3622,12 3549,02 73,1 100,00% 97,98% 2,02%
CP2 3550,26 3479,63 70,63 100,00% 98,01% 1,99%
CP3 3578,42 3506,18 72,24 100,00% 97,98% 2,02%
Média 3583,6 3511,61 71,99 100,00% 97,99% 2,01%
Fonte: Resultados da pesquisa
Gráfico 1 - Perda de massa média nos CPs (%)
Fonte: Resultados da pesquisa
Em um estudo realizado por Silva Pinto (2006), que realizou o mesmo procedimento de
perda de massa feito em CPs de concreto, mas utilizando CPs de concreto comum,
dosados para alcançar características marcantes de durabilidade e com uma relação
água/cimento condizente com condições ambientais agressivas, foi observado que a
perda de massa neste tipo de concreto alcançou uma média de 1,9%. Comparando os
dois resultados, CPs de CAD e CPs resistentes a condições ambientais agressivas,
observa-se que o CAD tem uma boa resistência a locais onde o meio é agressivo ao
concreto.
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3.3 Resistência à compressão axial
O resultado do ensaio à compressão axial aos 60 dias está apresentado na Tabela 5 e no
Gráfico 2:
Tabela 5- Resistência à Compressão Axial aos 60 dias em MPa
Ambiente de Exposição Sem Ácido Com Ácido
CP1 50,82 42,06
CP2 50,5 46,26
CP3 - 43,82
Média 50,66 44,05
Desvio Padrão 0,23 2,11
Fonte: Resultados da pesquisa
Gráfico 2 - Resistência à Compressão Axial aos 60 Dias
Fonte: Resultados da pesquisa
Como se pode observar na tabela, o CP3 sem ácido aos 60 dias não teve sua resistência
definida devido a problemas na realização do ensaio e, dessa forma, teve seu resultado
descartado.
Após a análise dos resultados, notou-se que a resistência à compressão foi piorada
consideravelmente, pois, enquanto os CPs que não foram atacados apresentaram uma
resistência média de 50,66 MPa, os CPs atacados apresentaram resistência média de
44,05 MPa.
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3.4 Resistência à tração por compressão diametral
Os resultados dos ensaios de resistência à Tração por Compressão Diametral aos 60 dias
estão apresentados na Tabela 6 e no Gráfico 3:
Tabela 6 - Resistência à Tração por Compressão Diametral aos 60 dias em MPa
Ambiente de Exposição Sem Ácido Com Ácido
CP1 4,36 3,6
CP2 4,15 3,77
CP3 4,22 3,53
Média 4,24 3,63
Desvio Padrão 0,11 0,12
Fonte: Resultados da pesquisa
Gráfico 3 - Resistência à Tração por Compressão Diametral aos 60 dias
Fonte: Resultados da pesquisa
Após a análise dos resultados, notou-se que a resistência à tração foi piorada
consideravelmente, pois, enquanto os CPs que não foram atacados apresentaram uma
resistência média de 4,24 MPa, os CPs atacados apresentaram resistência média de 3,63
MPa.
Estes são resultados de resistência esperados, pois o ácido, mesmo não penetrando nas
camadas mais profundas do concreto, ao agir superficialmente enfraquece algumas
camadas do material e faz a resistência do concreto diminuir (ANDRADE, 1997).
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3.5 Absorção por imersão
Os resultados dos ensaios de absorção por imersão estão apresentados a seguir na
Tabela 7 e no Gráfico 4.
Tabela 7- Absorção por Imersão
Medições
Sem ataque químico Com ataque químico
CP 01 CP 02 CP 03 CP 04 CP 05 CP 06
Massa do CP
Saturado
3810,4 3759,4 3793,5 3781,95 3780,3 3783,2
Massa CP
Seco em
Estufa
3679 3630 3663 3651 3654 3663
Resultado 3,57% 3,57% 3,56% 3,59% 3,46% 3,28%
Média 3,57% 3,44%
Fonte: Resultados da pesquisa
Gráfico 4- Comparação das médias de absorção por imersão dos CPs
Fonte: Resultados da pesquisa
Com as médias obtidas de 3,57% para os CPs que não sofreram ataque químico e 3,44%
para os CPs que sofreram ataque químico, podemos concluir que mesmo após o ataque
químico durante sete dias, apenas a superfície dos CPs foi alterada, a estrutura interna
não sofreu alteração ou perda de propriedades mecânicas. Conclui-se então que o CAD
estudado atende à principal característica para ser considerado como durável, que é a
baixa absorção de água, com valores abaixo de 10% (NEVILLE, 1997).
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4 Conclusões
Esse artigo apresentou um estudo sobre o Concreto de Alto Desempenho para que se
pudesse conhecer mais sobre este material, especificamente sobre o seu comportamento
em meios agressivos. Através deste estudo, pode-se verificar sua importância para a
construção civil e sua viabilidade técnica para estruturas que necessitam de resistência e
durabilidade aliadas a uma boa performance em ambientes agressivos.
O concreto produzido permitiu aliar a baixa relação água/aglomerante, a utilização de
aditivo superplastificante e a adição mineral, requisitos fundamentais para se alcançar as
propriedades esperadas do CAD, como por exemplo elevadas resistências mecânicas e
maior durabilidade que os concretos convencionais. Estas propriedades do material foram
verificadas através da realização de ensaios de resistência à compressão e tração,
absorção por imersão, inspeção visual e perda de massa.
Na inspeção visual pode-se observar que os CPs que antes apresentavam superfície lisa
e regular. Após a imersão no ácido, ficaram com a superfície áspera e irregular,
apresentando grande rugosidade perceptível a olho nu. Apesar disso, os resultados
obtidos no procedimento de perda de massa foram satisfatórios. Comparando-se a perda
de massa média obtida nos CPs de CAD, que foi de 2,01%, com a perda de massa média
em um estudo realizado por Silva Pinto (2006), com CPs de concreto comum dosado para
alcançar características marcantes de durabilidade e resistência a condições ambientais
agressivas, que foi de 1,9%, pode-se concluir que o CAD tem uma boa resistência a este
tipo de ambiente.
Para o ensaio de Resistência à compressão Axial aos 60 dias os resultados seguiram o
que já era esperado, os CPs que sofreram ataque químico apresentaram resistência
inferior aos que não foram atacados. Porém, notou-se que, mesmo sendo imersos em
ácido, o CAD ainda apresentou uma média de resistência bastante elevada, confirmando
ainda mais que sua microestrutura densa não permite que o ácido prejudique
consideravelmente suas camadas mais internas.
O ensaio de Tração por Compressão Diametral aos 60 dias também apresentou um
resultado já esperado, devido ao fato de que o ataque com ácido, mesmo não
comprometendo as camadas mais internas do concreto, ao agir superficialmente,
enfraquece algumas camadas do material e faz a sua resistência reduzir.
Assim, verifica-se que o CAD apresentou resultados extremamente satisfatórios em todos
os ensaios aos quais foi submetido, mesmo após agressão química. As baixas taxas de
absorção comprovam sua durabilidade, que aliadas à sua elevada resistência, garantem
um desempenho superior ao Concreto Convencional (CC), tornando o CAD uma
alternativa sustentável.
14. ANAIS DO 58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2016 – 58CBC2016 14
5 Referências
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM ISO 7500-1: Materiais
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