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O Semiárido é rico em vida, possibilidades e belezas. É rico também em cultura, com
uma grande diversidade de tradições, saberes e fazeres populares presentes nas
comunidades. Uma dessas tradições muito conhecida é o repente, a cantoria de viola.
Juvenil Barbosa dos Santos é agricultor e repentista. Mora na comunidade Pendência,
zona rural do município de Pedra Branca (CE), uma região muito bonita do sertão alto, que
guarda belezas naturais, refúgio de animais silvestres e espécies nativas da Caatinga, que
tem sido fonte de inspiração para suas composições e improvisos.
A história de Juvenil é marcada pelas dificuldades de acesso à água, principalmente
nos longos períodos de estiagem. Mas essa história começou a mudar quando a família do
agricultor repentista conquistou uma cisterna de placas para o armazenamento d'água de
chuva para consumo humano, construída através do Programa Um Milhão de Cisternas
(P1MC), da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). “Essa cisterna foi o começo de uma nova
vida pra nós. A gente tinha que pegar água com distância de 2 km, à noite, porque se fosse
de dia não tinha mais água lá. De dia era muita gente, muito animal, nós ia de noite pegar
água. É uma bênção, porque se não fosse a cisterna a situação tava muito pior”, diz.
No início de 2014, a família de Juvenil conquistou outra cisterna de placas, uma
cisterna enxurrada, do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), para armazenar água
para produção de alimentos. A tecnologia social foi implementada pelo Centro de Defesa
dos Direitos Humanos Antônio Conselheiro (CDDH-AC), através da ASA.
As Duas Águas e o Repente de Juvenil Barbosa
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 9 • nº 1988
Janeiro/2015
Pedra Branca
Vivemos num ambiente
Que hoje a vida é tão bela
A ASA trouxe um projeto
E a gente agradece a ela
Essas cisternas de placas
Tamo sobrevivendo dela
Eu vi que o povo acredita
Inclusive eu acreditei
Na construção da cisterna
Eu tava perto e ajudei
E o povo me agradeceu
Que eu também colaborei
Eu provei e aprovei
Que eu vivo na animação
Eu plantei até cana
Jirmum e também melão
Tudo isso eu saboreio
Nessa minha plantação
Me levantava madrugada
Pra ir buscar água distante
Hoje tenho a cisterna
A coisa mais importante
Com água de qualidade
A saúde é mais brilhante
“Eutenhoasduaságuas.Tenhoaumeadois
esevieraterceiraeuquerotambém,porqueáguaévida.”
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Ceará
Realização Apoio
Mesmo com pouca água, mantém um
quintal produtivo com produção de hortaliças
que é utilizada na alimentação e para vender
nas comunidades vizinhas. Além da horta a
família mantém no quintal a criação de galinhas
para alimentação, venda e produção de ovos.
“Aí saiu essa outra cisterna, outra maior. Já tô
com uns pesinhos de maracujá, uns pesinhos
de pimentão. Eu cheguei a apurar uns trezentos
contos de cheiro verde com essa pouca água. A
alimentação melhorou, porque ao invés de eu ir
comprar, eu tento, aí sobra dinheiro pra outras
coisas. E outra, aqui na nossa hortazinha, a
gente não usa veneno, é orgânica”, enfatiza
Juvenil.
Juvenil se diz privilegiado, pois tem duas
águas e o repente que segundo ele é um dom
dado por Deus. Aprendeu a tocar e a rimar
sozinho, observando as toadas dos repentistas
no rádio e nas cantorias. “Eu quando tinha a
idade de 06 pra 08 anos, eu gostava muito de
ouvir os violeiros nas rádios, aí eu falava pro
meu pai, mas a família muito pobre né, ele
dizia: ainda compro uma viola pra você. Aí eu
inventei de fazer uma viola de lata, sabe aquela
lata de óleo quadrada, aí eu fiz a violazinha né,
com aquelas cordas de náilon, aquelas que a
gente compra pra pescar, aí eu coloquei quatro
linhazinhas numa lata de óleo, sem ninguém
me ensinar. Aí eu comecei por ali devagarzinho,
um rapaz vizinho meu inventou também, era
nós dois. Aí a gente começou, muita gente
mangava, aquela coisa, o rapaz se irritou de
tanta gente mangar, que ele caiu fora. E eu
deixei pra lá, o povo mangava de mim e eu nem
aí, um apoiava outro não, mas eu não deixei,
continuei”, conta Juvenil.
Hoje, Juvenil se orgulha do seu ofício de
repentista, que acredita ser um dom dado por
Deus. Faz cantorias nas comunidades e nas
rádios da região. Cantando e encantando o Semiárido, também fazendo comunicação
popular através do seu repente.
Segundo o agricultor repentista, as cisternas foram muito importantes e aliviaram o
problema da falta d'água. Assim como a poesia, as cisternas de placas tornaram-se parte da
sua vida, pois garante um direito fundamental que é o acesso à água. Segundo ele, as
cisternas trouxeram muitos benefícios para sua família, “tenha a primeira e a segunda água
e se vier a terceira eu quero, porque água é vida”, enfatiza.
Família do agricultor e repentista Juvenil
Criação de galinhas
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  • 1. O Semiárido é rico em vida, possibilidades e belezas. É rico também em cultura, com uma grande diversidade de tradições, saberes e fazeres populares presentes nas comunidades. Uma dessas tradições muito conhecida é o repente, a cantoria de viola. Juvenil Barbosa dos Santos é agricultor e repentista. Mora na comunidade Pendência, zona rural do município de Pedra Branca (CE), uma região muito bonita do sertão alto, que guarda belezas naturais, refúgio de animais silvestres e espécies nativas da Caatinga, que tem sido fonte de inspiração para suas composições e improvisos. A história de Juvenil é marcada pelas dificuldades de acesso à água, principalmente nos longos períodos de estiagem. Mas essa história começou a mudar quando a família do agricultor repentista conquistou uma cisterna de placas para o armazenamento d'água de chuva para consumo humano, construída através do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). “Essa cisterna foi o começo de uma nova vida pra nós. A gente tinha que pegar água com distância de 2 km, à noite, porque se fosse de dia não tinha mais água lá. De dia era muita gente, muito animal, nós ia de noite pegar água. É uma bênção, porque se não fosse a cisterna a situação tava muito pior”, diz. No início de 2014, a família de Juvenil conquistou outra cisterna de placas, uma cisterna enxurrada, do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), para armazenar água para produção de alimentos. A tecnologia social foi implementada pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos Antônio Conselheiro (CDDH-AC), através da ASA. As Duas Águas e o Repente de Juvenil Barbosa Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 9 • nº 1988 Janeiro/2015 Pedra Branca Vivemos num ambiente Que hoje a vida é tão bela A ASA trouxe um projeto E a gente agradece a ela Essas cisternas de placas Tamo sobrevivendo dela Eu vi que o povo acredita Inclusive eu acreditei Na construção da cisterna Eu tava perto e ajudei E o povo me agradeceu Que eu também colaborei Eu provei e aprovei Que eu vivo na animação Eu plantei até cana Jirmum e também melão Tudo isso eu saboreio Nessa minha plantação Me levantava madrugada Pra ir buscar água distante Hoje tenho a cisterna A coisa mais importante Com água de qualidade A saúde é mais brilhante “Eutenhoasduaságuas.Tenhoaumeadois esevieraterceiraeuquerotambém,porqueáguaévida.”
  • 2. Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Ceará Realização Apoio Mesmo com pouca água, mantém um quintal produtivo com produção de hortaliças que é utilizada na alimentação e para vender nas comunidades vizinhas. Além da horta a família mantém no quintal a criação de galinhas para alimentação, venda e produção de ovos. “Aí saiu essa outra cisterna, outra maior. Já tô com uns pesinhos de maracujá, uns pesinhos de pimentão. Eu cheguei a apurar uns trezentos contos de cheiro verde com essa pouca água. A alimentação melhorou, porque ao invés de eu ir comprar, eu tento, aí sobra dinheiro pra outras coisas. E outra, aqui na nossa hortazinha, a gente não usa veneno, é orgânica”, enfatiza Juvenil. Juvenil se diz privilegiado, pois tem duas águas e o repente que segundo ele é um dom dado por Deus. Aprendeu a tocar e a rimar sozinho, observando as toadas dos repentistas no rádio e nas cantorias. “Eu quando tinha a idade de 06 pra 08 anos, eu gostava muito de ouvir os violeiros nas rádios, aí eu falava pro meu pai, mas a família muito pobre né, ele dizia: ainda compro uma viola pra você. Aí eu inventei de fazer uma viola de lata, sabe aquela lata de óleo quadrada, aí eu fiz a violazinha né, com aquelas cordas de náilon, aquelas que a gente compra pra pescar, aí eu coloquei quatro linhazinhas numa lata de óleo, sem ninguém me ensinar. Aí eu comecei por ali devagarzinho, um rapaz vizinho meu inventou também, era nós dois. Aí a gente começou, muita gente mangava, aquela coisa, o rapaz se irritou de tanta gente mangar, que ele caiu fora. E eu deixei pra lá, o povo mangava de mim e eu nem aí, um apoiava outro não, mas eu não deixei, continuei”, conta Juvenil. Hoje, Juvenil se orgulha do seu ofício de repentista, que acredita ser um dom dado por Deus. Faz cantorias nas comunidades e nas rádios da região. Cantando e encantando o Semiárido, também fazendo comunicação popular através do seu repente. Segundo o agricultor repentista, as cisternas foram muito importantes e aliviaram o problema da falta d'água. Assim como a poesia, as cisternas de placas tornaram-se parte da sua vida, pois garante um direito fundamental que é o acesso à água. Segundo ele, as cisternas trouxeram muitos benefícios para sua família, “tenha a primeira e a segunda água e se vier a terceira eu quero, porque água é vida”, enfatiza. Família do agricultor e repentista Juvenil Criação de galinhas Produção de hortaliças com água da cisterna enxurrada