Inflação descontrolada prejudica principalmente os trabalhadores de menor renda, que não conseguem proteger o poder de compra. Uma taxa baixa e controlada entre 2-4% ao ano promove crescimento gradual da economia. Os principais mecanismos de controle da inflação são a taxa de juros e a política cambial e econômica.
1. INFLAÇÃO
2. Ela é boa ou ruim?
Descontrolada, a inflação corrói os salários, principalmente do trabalhador de menor renda,
que não consegue investir e proteger o poder de compra do dinheiro. Todos perdem a noção
de valor das coisas. Um comerciante não sabe quanto cobrar pelas mercadorias: preços
baixos estimulam as vendas, mas não geram renda para repor os estoques; preços altos
afastam os consumidores. Inflação zero também é ruim, pois significa que não há sobra para
investimentos que aumentam a produção e o nível de emprego.
Uma taxa baixa e controlada — entre 2% e 4% ao ano — leva ao crescimento gradual da
economia. O leve aumento de preços gera lucro e as empresas podem reinvestir na produção.
3. Como se controla?
Atualmente o principal mecanismo de controle da inflação é a chamada taxa de juros básica
da economia, definida periodicamente pelo Comitê de Política Monetária do Ministério da
Fazenda. Quando ela sobe, cai o volume de dinheiro em circulação no país, pois aumenta o
interesse das pessoas em poupar e receber os juros pagos pelas aplicações financeiras. Ao
mesmo tempo, a procura por empréstimos fica menor e os preços tendem a baixar com o
pouco consumo. Resultado: a inflação vai perdendo a força. Já quando a taxa de juros é
baixa, consumir torna-se mais atraente do que poupar. O dinheiro volta a circular no
mercado, há mais procura por mercadorias e serviços e com isso os preços sobem. Outras
formas de manter a inflação sob domínio são a política cambial (relação entre o real e o dólar
ou outras moedas estrangeiras) e uma política econômica capaz de atrair investimentos
externos e, com isso, aumentar a produção de riquezas. A existência de estabilidade política
e de confiança no governo também ajuda, pois faz com que se instale um ambiente de
previsibilidade, permitindo aos donos do capital planejar seus gastos e antever o retorno de
seus investimentos.
O Brasil detém o recorde de ser o país que durante mais tempo viveu com preços
descontrolados. A inflação chegou a 1630% em 1989 e bateu em 2490% em 1993. Seis
planos econômicos e cinco trocas de moeda em sete anos tentaram domar o monstro, que
teve seu crescimento acelerado nos anos 1970, com o "milagre econômico". A meta era
crescer a qualquer custo. O poder público era o grande gerador de empregos, construindo
estradas e hidrelétricas, gastos que não geravam riqueza. Para cobrir suas despesas, o
governo emitia papel-moeda. Mais dinheiro em circulação dava sensação de alto poder
aquisitivo, mas não havia bens para atender à demanda por consumo. Com isso os preços
subiam. "Os salários se esfacelaram e a economia quase entrou em colapso", recorda-se o
economista José Dutra Sobrinho. Indústrias não investiam em produção, pois o mercado
financeiro dava mais retorno. O Plano Real, em 1993, quebrou esse círculo vicioso e fez com
que a inflação fosse mantida em patamares razoáveis. A Lei de Responsabilidade Fiscal,
aprovada em 2000, prevê punições para os governantes que gastarem mais do que o
arrecadado, o que inibe a volta da inflação causada pelo aumento dos gastos públicos.
4. Como se mede?
Institutos de pesquisa analisam quanto famílias de diversas faixas de renda gastam com
alimentação, roupas, aluguel, transportes, saúde, educação, lazer, comunicação e despesas
em geral. Com base nessa cesta básica, mostram a variação dos preços. A exceção é o IGP-M
da Fundação Getúlio Vargas, no qual esses gastos respondem por apenas 30% do índice. É
por isso que há vários números de inflação no país. Conheça os principais na tabela abaixo.
2. INDICE INSTITUTO BASE DE LOCAL DA PRINCIPAIS
MEDIDOR APURAÇÃO PESQUISA USOS
IPCA IBGE Custo de vida de Nove Base para o
Índice Nacional Instituto famílias que capitais Banco Central
de Preços ao Brasileiro de recebem até 40 fixar metas de
Consumidor Geografia e salários mínimos inflação
Amplo Estatística
INPC IBGE Custo de vida de Nove Sindicatos
Índice Nacional Instituto famílias com Capitais patronais, para
de Preços ao Brasileiro de renda de até 8 orientar
Consumidor Geografia e salários mínimos reajustes de
Estatística salários
IPC Fipe Custo de vida de Município Reajuste de
Fundação famílias com de São aluguéis e
Índice de Preços Instituto de renda de até 20 Paulo mensalidades
ao Consumidor Pesquisas salários mínimos escolares
Econômicas da
USP
IGP-M FGV Preços no atacado Todo o país Mercado
Índice Geral de Fundação (60%), custo de financeiro,
Preços Getúlio Vargas vida de famílias reajuste de
com renda de até aluguéis e
33 salários como indexador
mínimos (30%) e de tarifas
preços da públicas (luz,
construção civil água, etc.)
(10%)
ICV Dieese Média dos gastos Município Sindicato dos
Índice do Custo Departamento de famílias de três de São Trabalhadores,
de Vida Intersindical de estratos de renda Paulo para reivindicar
Estatística e média: reajustes
Estudos 1° R$ 377,40 salariais.
Socioeconômicos 2° R$ 934,17
3° R$ 2.792,90