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ARREPENDIMENTO E FÉ
No último capítulo notamos que a conversão é feita de arrependimento e fé. Isto então nos traz em nosso estudo à
consideração deles.
I. O ARREPENDIMENTO CONSIDERADO SÓ
1. AS PALAVRAS ORIGINAIS
Estas duas palavras numa só são “metanoeo” (sendo a forma correspondente do nome “metanoia”) e “metamelomai”
(da qual a forma do nome não ocorre em o Novo Testamento). Só a primeira palavra se associa com a salvação. A
última palavra é usada em Mat. 21:29 (no caso do filho que primeiro recusou obedecer a seu pai, mandando-o
trabalhar na vinha, mas depois... arrependeu-se e foi”); Mat. 21:32; 27:3 (no caso de Judas); Rom. 11:29; 2 Cor.
7:8,10 e Heb. 7:21.
A respeito dessas duas palavras, diz Thayer: “Que” metanoeo “é o termo mais amplo e mais nobre, expressivo de ação
moral e conseqüências, está indicado não só por sua derivação senão pela maior freqüência do seu uso...”
2. DUAS ESPÉCIES DE ARREPENDIMENTO
Há um arrependimento evangélico e há também um arrependimento legal. O arrependimento legal surge inteiramente
através do temor das conseqüências do pecado. Esta é a espécie que Judas provou. O arrependimento evangélico é
acompanhado de tristeza segundo Deus e se opera no coração pelo Espírito regenerador de Deus. É arrependimento
evangélico que ora consideramos nesse capítulo.
3. OS ELEMENTOS CONSTITUINTES DO ARREPENDIMENTO
(1). O pecado é reconhecido.
O homem deve ver-se a si mesmo como diferente de Deus e em rebelião contra Deus. Deve ver a oposição que vai de
sua condição com a santidade de Deus. Deve ver que Deus detesta sua condição e seu estado. O reconhecimento do
pecado que entra no arrependimento para a salvação tem a ver, primariamente, não com o fato que o pecado traz
castigo senão com o fato que o pecado ofende a Deus. Há, sem dúvida, um temor das conseqüências eternas do
pecado; o que não é, porém, a coisa primária.
Este reconhecimento do pecado é convicção e ele constitui o elemento intelectual do arrependimento.
(2). O pecado é lamentado e aborrecido.
A tristeza divina entra no arrependimento. Quando alguém se vê a si mesmo como se fora diante de Deus, ele é trazido
a lamentar o seu pecado e a aborrecê-lo. Isto é o elemento emocional do arrependimento.
(3). O pecado é abandonado
Não é completo o arrependimento enquanto não houver uma deserção íntima do pecado que conduz a uma mudança
externa da conduta. Isto é o elemento voluntário ou volitivo do arrependimento. Assim o arrependimento concerne à
inteira natureza interna: intelecto, emoção e vontade.
4. O ARREPENDIMENTO É INTERNO
Ao passo que o arrependimento sempre se manifesta exteriormente, contudo de si mesmo é interno, segundo o
significado do original. A Escritura distingue entre arrependimento e “frutos dignos de arrependimento” (Mat. 3:8; Atos
26:20).
5. O ARREPENDIMENTO E A PENITÊNCIA CONTRASTADOS
A tradução católica romana da Bíblia (Versão de Douay) substitui “arrependimento” por “penitência” como uma
tradução de “metanoeo”. Assim lemos pela Versão de Douay: “Fazei penitência, porque o reino do céu está próximo.”
(Mat. 3:2); “A menos que façais penitência, todos igualmente perecereis.” (Lc. 13:5). “Testificando tanto a judeus
como gentios penitência para com Deus e fé em nosso Senhor Jesus Cristo.” (Atos 20:21). E da penitência diz a Versão
de Douay no comentário a Mat. 3:2: “Cuja palavra, segundo o uso das Escrituras e dos santos padres, não só significa
arrependimento e correção de vida senão também punição dos pecados passados pelo jejum e tais exercícios
penitenciais semelhantes.” Três coisas podem ser ditas a respeito deste comentário:
(1). É absolutamente falso dizer que a “punição dos pecados passados pelo jejum e tais exercícios de penitências
semelhantes” é uma parte do sentido da palavra grega.
Como já foi notado, a palavra grega significa uma mudança interna. “O verdadeiro arrependimento consiste de
emoções mentais e emocionais, não de castigos externos auto-impostos. Mesmo a vida piedosa e a devoção a Deus
resultantes são descritas não como arrependimento senão frutos dignos de arrependimento” (Boyce, Abstract of
Systematic Theology, pág. 384). “Metanoeo” é feita de “meta”, significando “depois” e “noeo”, significando “perceber”,
entender, meditar, ponderar, considerar.”
(2). Nega a suficiência da satisfação de Cristo pelos nossos pecados em franca contradição com a Escritura (Cf. Rom.
4:7,8; 10:4; Heb. 10:14; 1 João 1:7).
Desde que Cristo fez inteira satisfação pelos nossos pecados, não há para nós punição a aturar, exceto as
conseqüências naturais do pecado. Deus castiga o crente quando ele peca, mas Ele nunca o pune tanto nesta vida
como na vindoura. A punição é retributiva e está baseada em “olho por olho e dente por dente”. O castigo é corretivo e
está baseado no amor paternal. Cristo não nos deixou nada a pagar e nós podemos cantar verdadeiramente:
Pagou-o tudo Jesus;
A Ele tudo devo na cruz.
Rubra nódoa o pecado deixou.
Lavando-a, alva como a neve ficou.
(3). Implica que os atos temporais da criatura podem expiar o pecado.
A Bíblia nada sabe de um tal ensino. Ela ensina que Cristo só pode fazer uma expiação. Mesmo na eternidade as almas
no inferno nunca poderão expiar o pecado e por essa razão não há fim para a sua punição. Então o cântico,
seguramente, fala a verdade quando diz:
“Para sempre meu choro vertesse;
Sem folga meu zelo conhecesse;
Não poderiam meu pecado expiar,
Tu somente, Jesus, Tu deves salvar.”
6. O ARREPENDIMENTO É UM DOM DE DEUS
As três passagens seguintes provam isto:
“A Ele Deus exaltou com a Sua destra para ser Príncipe e Salvador, para dar o arrependimento a Israel e remissão dos
pecados.” (Atos 5:31)
“Ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor;
instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a
verdade” (2 Tim. 2:24,25).
“E quando ouviram estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: “ Na verdade, até aos gentios
concedeu Deus o arrependimento para a vida” (Atos 11:18).
O sentido disso é, simplesmente, que o arrependimento se opera no homem pelo poder vivificador do Espírito Santo,
como já o notamos.
II. A FÉ CONSIDERADA EM SEPARADO
Aqui temos a referência à fé salvadora; por isto notamos:
1. A FÉ SALVADORA DEFINIDA
A fé salvadora é confiança e firmeza no Senhor Jesus Cristo como o Salvador pessoal de alguém e portador de pecados.
E, desde que a salvação inclui a santificação tanto como a justificação, a fé salvadora alcança a entrega do ser a Cristo.
2. A FÉ SALVADORA DISTINGUIDA DE SUAS IMITAÇÕES
(1). Crença histórica
Isto é mera crença nos fatos da revelação como matérias de história, incluindo a crença na existência de Deus e em
que houve um homem chamado Jesus que pretendeu ser o Filho de Deus. Pode ver-se prontamente que semelhante
crença não tem valor salvador.
(2). Assentimento intelectual
Isto sobe mais um degrau, trazendo aceitação mental das coisas reveladas de Deus e Jesus Cristo. Assim, um que crê
na existência de Deus vem a crer nEle como sendo um ser segundo a Bíblia O revela ser e um que crê que semelhante
pessoa como Jesus viveu, vem a crer que Ele era o Filho de Deus e que Ele morreu como um sacrifício pelo pecado. Isto
é um passo para a fé salvadora, mas não é ela mesma.
O campbelismo ensina que a fé salvadora não é nada mais que o precitado. Ele se fia em passagens como 1 João 4:15
e 5:1. Mas estas passagens devem ser compreendidas à luz de toda a outra Escritura e esta certamente proíbe que a
crença referida nessas passagens deveriam ser entendida como sendo mero assentimento intelectual à deidade de
Cristo. A fé salvadora não é meramente mental (intelecto), mas do coração (emoções). Vide Rom. 10:9,10. A crença de
que se falou nas passagens supra é tal como é produzida no coração por um conhecimento experimental do poder de
Cristo.
Dois fatos, então, quanto às circunstancias sob as quais estas expressões foram enunciadas, lançam luz sobre elas.
A. O perigo de se professar crença na deidade de Cristo foi tal nos dias apostólicos que ninguém o faria assim a menos
que impulsionado por verdadeira fé nEle.
B. O cristianismo apresentou um tal contraste com o judaísmo e paganismo que ninguém creria na deidade de Cristo
sem verdadeira fé nEle. Aqueles que não tinham esta fé considerariam a Jesus como um impostor.
3. A FÉ COMO UM DOM DE DEUS
Isto está provado pelas passagens já citadas que designam o arrependimento como um dom de Deus; porque, como
veremos, o arrependimento e a é são graças inseparáveis. Cada uma, quando aparece só nas Escrituras, abraça a
outra; porque, se isto não fosse verdade, as passagens que mencionam só uma ou outra, ensinavam que alguém possa
salvar-se tanto sem arrependimento como sem fé.
Isto também está provado por passagens que ensinam que a nossa vinda a Cristo e crença nEle são o resultado da
obra do poder de Deus. Vide João 6:37,65; Efe. 1:19,20. Isto está ainda provado pelo fato que a fé é um fruto do
Espírito Santo (Gal. 5:22).
4. A FÉ NÃO TEM MÉRITO EM SI MESMA
A fé é meramente o canal através do qual a graça justificante e santificante de Deus flui na alma. A Fé não é mais
meritória do que o ato de se receber um dom. A Fé não é de modo algum substituto de nossa obediência à Lei, nem ela
traz um rebaixamento da Lei de modo que preenchamos suas exigências. A fé está uma vez referida na Escritura como
trabalho (João 6:29), não que seja da Lei, mas somente que o homem esteja ativamente engajado no seu exercício.
“Como um dom de Deus e como a mera tomada de misericórdia imerecida, está expressamente excluída da categoria
de obras sobre a base de que o homem pretenda salvação (Rom. 3:28; 4:4,5,16). Não é o ato da alma completa dar
senão o ato da alma vazia receber. Conquanto esta recepção seja movida por uma retirada do coração para com Deus,
ornada pelo Espírito Santo, está retirada do coração ainda não é um amor cônscio e desenvolvido: semelhantemente
amor é o resultado da fé (Gal. 5:6)” (A. H. Strong, Systematic Theology, pág. 469, 470).
5. A FÉ NECESSARIAMENTE SE EXPRESSA EM OBRAS
A fé é um princípio dinâmico. Ela ergue o amor e, portanto as obras (Gal. 5:6). A fé que não se expressa em obras é
uma fé morta, o que é só uma outra maneira de dizer que é espúria ou irreal (Tia. 2:17).
6. A FÉ É DISTINGUIVEL DA ESPERANÇA
A fé e a esperança são muito aparentadas; mas ambos os termos não são sinônimos. Fé e esperança diferem nas
seguintes maneiras:
(1). Fé é confiança; esperança é expectação
A diferença aqui é estreita, mas é uma diferença tal como é comum entre vários termos um tanto parecidos. Tanto a fé
como a esperança envolvem “a idéia de confiança, mas com o uso de preposições diferentes” (Boyce). “Confiamos em”
como um ato de fé. “Confiamos para” em esperança.
(2). “A Fé é firmeza sobre algo agora presente como conhecido ou crido, Esperança está olhando pra diante, para algo
no futuro”. (Boyce).
(3). Cristo é o objeto da fé; ao passo que a salvação, liberdade do pecado, glorificação e céu são os objetos da
esperança.
(4). A esperança resulta da fé e, portanto, não pode ser fé. Vide Rom. 5:2-6; 15:4-13; Gal. 5:5; Heb. 11:1.
7. O TERRENO DA FÉ
Cristo, objetivamente revelado à mente e ao coração, é o alicerce da Fé. Está isto implicado em toda a Bíblia e está
iniludivelmente ensinado em Rom. 10:11-17. Lemos ali que “a fé vem pelo ouvir” e ali também achamos a pergunta
(implicando uma possibilidade): “Como crerão naquele de quem não ouviram.” A Bíblia nada sabe, absolutamente
nada, sobre uma fé secreta, assim chamada, que pode existir à parte do conhecimento de Cristo, tal como alguns
cascaduras ensinam.
No Velho Testamento Cristo foi revelado, não somente através de tipos e sombras, mas por meio de profetas, tal como
Isaias. E nos é dito plenamente que o Evangelho foi pregado a Abraão e Israel (Gal. 3:8; Heb. 4:2).
III. ARREPENDIMENTO E FÉ CONSIDERADOS JUNTAMENTE
O arrependimento e a fé são graças sincrônicas inseparáveis. Temos aqui referencia, sem dúvida, a esse
arrependimento (significado por “metanoeo” e “metanoia”) que é para salvação e não à espécie (significado por
“metamelomai”) que Judas provou.
Que o arrependimento e a fé são sincrônicos ou simultâneos é evidente do fato que, quando um homem é vivificado
para a vida, não pode haver lapso de tempo antes dele arrepender-se, nem pode haver qualquer depois que ele crê. De
outra maneira teríamos a nova natureza em rebelião contra Deus e em incredulidade. Assim não pode haver ordem
cronológica em arrependimento e fé.
Uma outra coisa que mostra a inseparabilidade do arrependimento e da fé é o fato que a Escritura muitas vezes
menciona somente um de ambos como o meio de salvação. Por causa deste fato devemos pensar de cada um, quando
usado separadamente, como compreendendo o outro.

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Arrependimento e fé

  • 1. ARREPENDIMENTO E FÉ No último capítulo notamos que a conversão é feita de arrependimento e fé. Isto então nos traz em nosso estudo à consideração deles. I. O ARREPENDIMENTO CONSIDERADO SÓ 1. AS PALAVRAS ORIGINAIS Estas duas palavras numa só são “metanoeo” (sendo a forma correspondente do nome “metanoia”) e “metamelomai” (da qual a forma do nome não ocorre em o Novo Testamento). Só a primeira palavra se associa com a salvação. A última palavra é usada em Mat. 21:29 (no caso do filho que primeiro recusou obedecer a seu pai, mandando-o trabalhar na vinha, mas depois... arrependeu-se e foi”); Mat. 21:32; 27:3 (no caso de Judas); Rom. 11:29; 2 Cor. 7:8,10 e Heb. 7:21. A respeito dessas duas palavras, diz Thayer: “Que” metanoeo “é o termo mais amplo e mais nobre, expressivo de ação moral e conseqüências, está indicado não só por sua derivação senão pela maior freqüência do seu uso...” 2. DUAS ESPÉCIES DE ARREPENDIMENTO Há um arrependimento evangélico e há também um arrependimento legal. O arrependimento legal surge inteiramente através do temor das conseqüências do pecado. Esta é a espécie que Judas provou. O arrependimento evangélico é acompanhado de tristeza segundo Deus e se opera no coração pelo Espírito regenerador de Deus. É arrependimento evangélico que ora consideramos nesse capítulo. 3. OS ELEMENTOS CONSTITUINTES DO ARREPENDIMENTO (1). O pecado é reconhecido. O homem deve ver-se a si mesmo como diferente de Deus e em rebelião contra Deus. Deve ver a oposição que vai de sua condição com a santidade de Deus. Deve ver que Deus detesta sua condição e seu estado. O reconhecimento do pecado que entra no arrependimento para a salvação tem a ver, primariamente, não com o fato que o pecado traz castigo senão com o fato que o pecado ofende a Deus. Há, sem dúvida, um temor das conseqüências eternas do pecado; o que não é, porém, a coisa primária. Este reconhecimento do pecado é convicção e ele constitui o elemento intelectual do arrependimento. (2). O pecado é lamentado e aborrecido. A tristeza divina entra no arrependimento. Quando alguém se vê a si mesmo como se fora diante de Deus, ele é trazido a lamentar o seu pecado e a aborrecê-lo. Isto é o elemento emocional do arrependimento. (3). O pecado é abandonado Não é completo o arrependimento enquanto não houver uma deserção íntima do pecado que conduz a uma mudança externa da conduta. Isto é o elemento voluntário ou volitivo do arrependimento. Assim o arrependimento concerne à inteira natureza interna: intelecto, emoção e vontade. 4. O ARREPENDIMENTO É INTERNO Ao passo que o arrependimento sempre se manifesta exteriormente, contudo de si mesmo é interno, segundo o significado do original. A Escritura distingue entre arrependimento e “frutos dignos de arrependimento” (Mat. 3:8; Atos 26:20). 5. O ARREPENDIMENTO E A PENITÊNCIA CONTRASTADOS A tradução católica romana da Bíblia (Versão de Douay) substitui “arrependimento” por “penitência” como uma tradução de “metanoeo”. Assim lemos pela Versão de Douay: “Fazei penitência, porque o reino do céu está próximo.” (Mat. 3:2); “A menos que façais penitência, todos igualmente perecereis.” (Lc. 13:5). “Testificando tanto a judeus como gentios penitência para com Deus e fé em nosso Senhor Jesus Cristo.” (Atos 20:21). E da penitência diz a Versão de Douay no comentário a Mat. 3:2: “Cuja palavra, segundo o uso das Escrituras e dos santos padres, não só significa arrependimento e correção de vida senão também punição dos pecados passados pelo jejum e tais exercícios penitenciais semelhantes.” Três coisas podem ser ditas a respeito deste comentário: (1). É absolutamente falso dizer que a “punição dos pecados passados pelo jejum e tais exercícios de penitências semelhantes” é uma parte do sentido da palavra grega.
  • 2. Como já foi notado, a palavra grega significa uma mudança interna. “O verdadeiro arrependimento consiste de emoções mentais e emocionais, não de castigos externos auto-impostos. Mesmo a vida piedosa e a devoção a Deus resultantes são descritas não como arrependimento senão frutos dignos de arrependimento” (Boyce, Abstract of Systematic Theology, pág. 384). “Metanoeo” é feita de “meta”, significando “depois” e “noeo”, significando “perceber”, entender, meditar, ponderar, considerar.” (2). Nega a suficiência da satisfação de Cristo pelos nossos pecados em franca contradição com a Escritura (Cf. Rom. 4:7,8; 10:4; Heb. 10:14; 1 João 1:7). Desde que Cristo fez inteira satisfação pelos nossos pecados, não há para nós punição a aturar, exceto as conseqüências naturais do pecado. Deus castiga o crente quando ele peca, mas Ele nunca o pune tanto nesta vida como na vindoura. A punição é retributiva e está baseada em “olho por olho e dente por dente”. O castigo é corretivo e está baseado no amor paternal. Cristo não nos deixou nada a pagar e nós podemos cantar verdadeiramente: Pagou-o tudo Jesus; A Ele tudo devo na cruz. Rubra nódoa o pecado deixou. Lavando-a, alva como a neve ficou. (3). Implica que os atos temporais da criatura podem expiar o pecado. A Bíblia nada sabe de um tal ensino. Ela ensina que Cristo só pode fazer uma expiação. Mesmo na eternidade as almas no inferno nunca poderão expiar o pecado e por essa razão não há fim para a sua punição. Então o cântico, seguramente, fala a verdade quando diz: “Para sempre meu choro vertesse; Sem folga meu zelo conhecesse; Não poderiam meu pecado expiar, Tu somente, Jesus, Tu deves salvar.” 6. O ARREPENDIMENTO É UM DOM DE DEUS As três passagens seguintes provam isto: “A Ele Deus exaltou com a Sua destra para ser Príncipe e Salvador, para dar o arrependimento a Israel e remissão dos pecados.” (Atos 5:31) “Ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade” (2 Tim. 2:24,25). “E quando ouviram estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: “ Na verdade, até aos gentios concedeu Deus o arrependimento para a vida” (Atos 11:18). O sentido disso é, simplesmente, que o arrependimento se opera no homem pelo poder vivificador do Espírito Santo, como já o notamos. II. A FÉ CONSIDERADA EM SEPARADO Aqui temos a referência à fé salvadora; por isto notamos: 1. A FÉ SALVADORA DEFINIDA A fé salvadora é confiança e firmeza no Senhor Jesus Cristo como o Salvador pessoal de alguém e portador de pecados. E, desde que a salvação inclui a santificação tanto como a justificação, a fé salvadora alcança a entrega do ser a Cristo. 2. A FÉ SALVADORA DISTINGUIDA DE SUAS IMITAÇÕES (1). Crença histórica
  • 3. Isto é mera crença nos fatos da revelação como matérias de história, incluindo a crença na existência de Deus e em que houve um homem chamado Jesus que pretendeu ser o Filho de Deus. Pode ver-se prontamente que semelhante crença não tem valor salvador. (2). Assentimento intelectual Isto sobe mais um degrau, trazendo aceitação mental das coisas reveladas de Deus e Jesus Cristo. Assim, um que crê na existência de Deus vem a crer nEle como sendo um ser segundo a Bíblia O revela ser e um que crê que semelhante pessoa como Jesus viveu, vem a crer que Ele era o Filho de Deus e que Ele morreu como um sacrifício pelo pecado. Isto é um passo para a fé salvadora, mas não é ela mesma. O campbelismo ensina que a fé salvadora não é nada mais que o precitado. Ele se fia em passagens como 1 João 4:15 e 5:1. Mas estas passagens devem ser compreendidas à luz de toda a outra Escritura e esta certamente proíbe que a crença referida nessas passagens deveriam ser entendida como sendo mero assentimento intelectual à deidade de Cristo. A fé salvadora não é meramente mental (intelecto), mas do coração (emoções). Vide Rom. 10:9,10. A crença de que se falou nas passagens supra é tal como é produzida no coração por um conhecimento experimental do poder de Cristo. Dois fatos, então, quanto às circunstancias sob as quais estas expressões foram enunciadas, lançam luz sobre elas. A. O perigo de se professar crença na deidade de Cristo foi tal nos dias apostólicos que ninguém o faria assim a menos que impulsionado por verdadeira fé nEle. B. O cristianismo apresentou um tal contraste com o judaísmo e paganismo que ninguém creria na deidade de Cristo sem verdadeira fé nEle. Aqueles que não tinham esta fé considerariam a Jesus como um impostor. 3. A FÉ COMO UM DOM DE DEUS Isto está provado pelas passagens já citadas que designam o arrependimento como um dom de Deus; porque, como veremos, o arrependimento e a é são graças inseparáveis. Cada uma, quando aparece só nas Escrituras, abraça a outra; porque, se isto não fosse verdade, as passagens que mencionam só uma ou outra, ensinavam que alguém possa salvar-se tanto sem arrependimento como sem fé. Isto também está provado por passagens que ensinam que a nossa vinda a Cristo e crença nEle são o resultado da obra do poder de Deus. Vide João 6:37,65; Efe. 1:19,20. Isto está ainda provado pelo fato que a fé é um fruto do Espírito Santo (Gal. 5:22). 4. A FÉ NÃO TEM MÉRITO EM SI MESMA A fé é meramente o canal através do qual a graça justificante e santificante de Deus flui na alma. A Fé não é mais meritória do que o ato de se receber um dom. A Fé não é de modo algum substituto de nossa obediência à Lei, nem ela traz um rebaixamento da Lei de modo que preenchamos suas exigências. A fé está uma vez referida na Escritura como trabalho (João 6:29), não que seja da Lei, mas somente que o homem esteja ativamente engajado no seu exercício. “Como um dom de Deus e como a mera tomada de misericórdia imerecida, está expressamente excluída da categoria de obras sobre a base de que o homem pretenda salvação (Rom. 3:28; 4:4,5,16). Não é o ato da alma completa dar senão o ato da alma vazia receber. Conquanto esta recepção seja movida por uma retirada do coração para com Deus, ornada pelo Espírito Santo, está retirada do coração ainda não é um amor cônscio e desenvolvido: semelhantemente amor é o resultado da fé (Gal. 5:6)” (A. H. Strong, Systematic Theology, pág. 469, 470). 5. A FÉ NECESSARIAMENTE SE EXPRESSA EM OBRAS A fé é um princípio dinâmico. Ela ergue o amor e, portanto as obras (Gal. 5:6). A fé que não se expressa em obras é uma fé morta, o que é só uma outra maneira de dizer que é espúria ou irreal (Tia. 2:17). 6. A FÉ É DISTINGUIVEL DA ESPERANÇA A fé e a esperança são muito aparentadas; mas ambos os termos não são sinônimos. Fé e esperança diferem nas seguintes maneiras: (1). Fé é confiança; esperança é expectação A diferença aqui é estreita, mas é uma diferença tal como é comum entre vários termos um tanto parecidos. Tanto a fé como a esperança envolvem “a idéia de confiança, mas com o uso de preposições diferentes” (Boyce). “Confiamos em” como um ato de fé. “Confiamos para” em esperança. (2). “A Fé é firmeza sobre algo agora presente como conhecido ou crido, Esperança está olhando pra diante, para algo no futuro”. (Boyce). (3). Cristo é o objeto da fé; ao passo que a salvação, liberdade do pecado, glorificação e céu são os objetos da esperança.
  • 4. (4). A esperança resulta da fé e, portanto, não pode ser fé. Vide Rom. 5:2-6; 15:4-13; Gal. 5:5; Heb. 11:1. 7. O TERRENO DA FÉ Cristo, objetivamente revelado à mente e ao coração, é o alicerce da Fé. Está isto implicado em toda a Bíblia e está iniludivelmente ensinado em Rom. 10:11-17. Lemos ali que “a fé vem pelo ouvir” e ali também achamos a pergunta (implicando uma possibilidade): “Como crerão naquele de quem não ouviram.” A Bíblia nada sabe, absolutamente nada, sobre uma fé secreta, assim chamada, que pode existir à parte do conhecimento de Cristo, tal como alguns cascaduras ensinam. No Velho Testamento Cristo foi revelado, não somente através de tipos e sombras, mas por meio de profetas, tal como Isaias. E nos é dito plenamente que o Evangelho foi pregado a Abraão e Israel (Gal. 3:8; Heb. 4:2). III. ARREPENDIMENTO E FÉ CONSIDERADOS JUNTAMENTE O arrependimento e a fé são graças sincrônicas inseparáveis. Temos aqui referencia, sem dúvida, a esse arrependimento (significado por “metanoeo” e “metanoia”) que é para salvação e não à espécie (significado por “metamelomai”) que Judas provou. Que o arrependimento e a fé são sincrônicos ou simultâneos é evidente do fato que, quando um homem é vivificado para a vida, não pode haver lapso de tempo antes dele arrepender-se, nem pode haver qualquer depois que ele crê. De outra maneira teríamos a nova natureza em rebelião contra Deus e em incredulidade. Assim não pode haver ordem cronológica em arrependimento e fé. Uma outra coisa que mostra a inseparabilidade do arrependimento e da fé é o fato que a Escritura muitas vezes menciona somente um de ambos como o meio de salvação. Por causa deste fato devemos pensar de cada um, quando usado separadamente, como compreendendo o outro.