1. Modelos e Metodologia de
Avaliação de Programas e
Políticas Públicos
Bernard Perret
Outubro de 2007
2. A avaliação das políticas públicas
Definições – finalidades da avaliação
Elementos históricos
Atualidade da avaliação
Elementos de metodologia
As ferramentas de avaliação
Exemplos
3. A avaliação das ações públicas, uma forma
de avaliação entre outras
Podemos avaliar :
O pessoal (nível de conhecimento,
competências, práticas profissionais)
As estruturas (instituições, organismos,
serviços)
As técnicas (produtos, processos,
procedimentos)
As ações (políticas, programas, projetos)
4. Vários tipos de ações
Políticas
Programas
Projetos
Normas, regulamentação (leis, decretos)
Procedimentos
Dispositivos
Funções
5. A avaliação : um momento no
ciclo de vida das ações
Avaliação ex-ante
Avaliação concomitante
Avaliação a meio caminho
Avaliação ex-post
6. Politica pública
Conjunto de meios e dispositivos de ação,
implementados em conseqüência das
decisões de uma ou várias autoridades
públicas, no intuito de alcançar um
objetivo ou de atingir uma finalidade
ligada ao interesse geral.
7. Definição da avaliação das
políticas (ações) públicas (I)
Avaliar uma política consiste em
“avaliar sua eficiência, comparando
seus resultados com os objetivos
fixados e os meios utilizados”
(Decreto de 18/11/1998)
8. Definição da avaliação (V)
Atividade de estudo e análise sobre a
implementação e os resultados de uma
ação pública
Realizada num quadro metodológico e
institucional (mais ou menos) formalizado
No intuito de prestar contas e/ou de
melhorar essa ação
11. Avaliação versus fiscalização
“A avaliação procura ter como
resultado um parecer compartilhado
a respeito da eficiência da política
avaliada, e não apenas verificar a
conformidade com normas
administrativas ou técnicas”
(Circular de 28 de dezembro de 1998)
12. Fronteiras imprecisas com a auditoria
Em regra geral :
- a auditoria é realizada sobre funções ou
estruturas (organismos, serviços, instituições,
funções...)
- a avaliação é feita sobre ações (políticas,
programas, projetos)
Nem sempre a situação fica tão clara, como
demonstram 2 exemplos franceses :
- avaliação dos estabelecimentos sociais e
médico-sociais (Lei de 02/01/2002)
-auditoria dos programas orçamentários
13. Finalidade da avaliação
Prestar contas sobre o “bom uso dos fundos
públicos” (accountability)
Tomar decisões em base mais racional
estratégia (relação com a prospectiva)
otimização do uso dos recursos
Mobilizar-se, dar sentido à ação
Compartilhar informações, fazer convergir as
representações
14. Uma pluralidade de mecanismos de
retroação
Controle hierárquico
Inspeção / auditoria interna
Controle de gestão
Controle externo (Tribunal de Contas)
Indicadores de performance / benchmarks
Avaliação das políticas e programas públicos
“Avaliação política” (pesquisas de opinião,
eleições)
15. Políticos Administrativos Atividade dos
agentes
Outputs Resultados
Satisfação e
opinião do
público
Controle hierárquico
Controle de gestão
Controles externos
Avaliação das políticas públicas
Eleições, pesquisas de opinião (avaliação política)
16. A avaliação enquanto modo de
elaboração da ação pública
O paradigma do decisor racional
A abordagem “cognitiva” das políticas
públicas
17. Avaliação e “abordagem cognitiva” das
políticas públicas
“As políticas públicas são a conseqüência de
interações sociais, que resultam na produção
de idéias, representações e valores comuns”
(Yves Surel)
Nessa perspectiva, a avaliação aparece como
um esforço de amplificação e sistematização
dos processos de interação e de conhecimento
que “produzem” as políticas públicas.
18. As origens americanas
Intervenções federais contestadas
Programas sociais com pouca legitimidade
Democracia = Accountability
A orientação empirista das ciências sociais
O objetivo de uma “política baseada em
provas” (Evidence-based policies)
19. Os pontos fortes da avaliação no mundo anglófono
Uma real integração da avaliação ao
processo orçamentário
O caráter programático da ação pública
O papel ativo do Parlamento e do
Tribunal de Contas
A orientação empirista das ciências
sociais
A profissionalização dos avaliadores
20. Algumas datas da avaliação na França
A Racionalização das escolhas orçamentárias (1970-
1984)
As tentativas de institucionalização da avaliação
pluralista como ferramenta da governança pública :
Criação de um Conselho Científico da Avaliação (1990)
Transformação em Conselho Nacional da Avaliação
(1998)
Fracasso relativo e supressão do CNE (2002)
A avaliação nos procedimentos contratuais (1993)
A avaliação dos fundos estruturais europeus (1993)
A avaliação na nova lei orçamentária (2001)
A Revisão geral das políticas públicas (2007)
21. Os desafios da ação pública
Novas exigências sociais / complexidade
Aperto da pressão orçamentária
Crise das ideologias e da autoridade
(deficit de legitimidade da ação pública)
Novas formas de governança e de
regulação (globalização, Europa,
descentralização, parcerias, passagem do
“fazer” para o “mandar fazer”)
Crise da administração pública, demanda
de “significado” no trabalho
22. Das utilizações potenciais às utilizações
reais: o caso francês
Uma contribuição muito fraca ao debate público
Utilizações orçamentárias relativamente raras, pelo
menos na França
O lugar da avaliação na governança mundial (UE, Banco
Mundial…)
Um auxílio real para o monitoramento das políticas
A importância da dimensão “formativa”
A contribuição para a elaboração de visões
compartilhadas
Na maioria das vezes, efeitos adiados e indiretos
23. Vários pontos de vista possíveis
A avaliação “Goal free”
A avaliação econômica
A avaliação baseada nos objetivos
A avaliação baseada na “teoria” da
política
O ponto de vista mais natural e mais
legítimo para realizar uma avaliação
institucionalizada consiste em partir
dos objetivos.
24. Princípios da avaliação como
procedimento institucional
A avaliação institucional utiliza os
resultados da pesquisa avaliativa
Trata-se de um trabalho coletivo,
monitorado e sintetizado por uma
instância de avaliação
Toda avaliação começa pela elaboração
coletiva de um projeto (referencial,
questionamento, hipóteses, métodos)
25. “Num mundo onde a atenção constitui um
recurso importante e dos mais escassos, a
informação pode ser um luxo caro, pois ela
pode desviar nossa atenção daquilo que é
importante para aquilo que não é. Não
podemos nos dar o luxo de tratar uma
informação pelo simples motivo que ela
está aí” (Herbert Simon)
26. Etapas de uma avaliação
Carta de mandato
Elaboração de um projeto de avaliação
Constituição de uma instância de avaliação,
que valida o projeto
Lançamento de um programa de estudo
Acompanhamento e validação dos estudos
Redação e validação do relatório
Acompanhamento e valorização das
conclusões
27. O PROJETO DE AVALIAÇÃO
Contexto, expectativas, apostas
Delimitação das ações a serem avaliadas
Critérios de avaliação (referencial)
Diagnóstico e hipóteses
Questionamento (agenda analítica)
Balanço informacional
Programa de estudo (entrevistas, pesquisas)
Escolha dos operadores
28. Papel da instância de avaliação
Elaborar uma lista de questionamentos com
base no mandato
Escolher um (uns) método(s)
Juntar informações e documentos pertinentes
Realizar audições
Organizar e conduzir as pesquisas
Sintetizar e interpretar seus resultados
Redigir o relatório de avaliação
Comunicar, explicar, divulgar
29. Elaborar um referencial:
Transformar objetivos imprecisos,
contraditórios e incompletos em um
sistema hierarquizado de resultados ou de
impactos esperados, suscetíveis de serem
medidos ou objetivados através de
indicadores ou de descritores
30. Distinguir diferentes níveis de resultados
Outputs (“resultados operacionais”) :
resultado direto da atividade dos serviços,
bens e serviços produzidos no âmbito de
um programa
Outcomes (impacto, efeitos): efeitos
econômicos e sociais do programa, a curto,
médio ou longo prazo
A cadeia dos resultados
31. Um exemplo simples : O policial e a segurança
rodoviária
Os efetivos da polícia (os “meios”)
As horas de trabalho disponíveis do
policial (o “potencial”)
Os controles de alcoolismo
Os controles positivos
As sanções
A informação pública
A dissuasão
A redução do alcolismo ao volante
A redução do número de mortos
“Saídas”
ou
“Impactos”
“Meios”
ou
“Recursos”
“Outputs”
ou
“Produções”
32. Os principais objetos do questionamento
Implementação (conformidade, mobilização dos
atores)
Alcance dos objetivos (como o problema evolui)
Efeitos líquidos sobre os objetivos (eficácia)
Efeitos inesperados (efeitos de sistema…)
Mecanismos de ação (porquê e como a política
opera)
Influência do contexto (circunstâncias influindo
na implementação e na eficácia)
33. “Meta-critérios” de avaliação
PERTINÊNCIA (objetivos / finalidades /
necessidades)
COERÊNCIA (meios / dispositivo / objetivos)
EFICÁCIA (resultados / objetivos)
EFICIÊNCIA (resultados / meios / custos)
IMPACTO SISTÊMICO (impacto global sobre
o sistema)
35. Onde encontrar as informações ?
Dados quantitativos
exploração de arquivos estatísticos
informações administrativas
pesquisa por sondagem (questionário,
telefone, entrevista)
Dados qualitativos
entrevistas abertas ou semi-abertas
análise de documentos
vídeos
discussão em grupo
observação participativa
36. O que é um indicador ?
Um número que fornece uma informação
a respeito de um fenômeno ou da sua
evolução
Um “dispositivo de agregação otimizada
da informação”
Sua função é de chamar a atenção sobre
um fato ou uma tendência importante
Em geral, ele não basta para formar um
juízo a respeito do sucesso de uma ação
37. Lugar dos indicadores na avaliação
Toda avaliação está baseada em números
Os indicadores ocupam um lugar que
varia muito enquanto ponto de apoio das
conclusões :
Às vezes, eles respondem por si só às
perguntas da avaliação
Em regra geral, eles precisam ser
interpretados e completados por
informações qualitativas
38. Os métodos da análise causal
Objetivo : comprovar e quantificar uma
relação causal entre um “tratamento” e
um efeito observável
Uma tarefa central na ótica de uma
racionalização da decisão
Método preferido : a experimentação
controlada
Outro método : a estimativa de um
modelo econométrico
39. O modelo da experimentação social
Um “tratamento” social é aplicado a uma
amostra aleatória de beneficiários
Uma amostra estatisticamente equivalente de
não-beneficiários é formada
A situação dos indivíduos em relação aos
objetivos é observada antes, durante e após a
implementação do programa
Testes estatísticos permitem estabelecer em
qual medida o tratamento “faz a diferença”
40. Limites e dificuldades da experimentação
Utilização limitada a certos tipos de
programas (efeitos específicos,
existência de um ”contrafactual”)
Obstáculos éticos / práticos
Custos, prazos
Problemas de validade externa
(generalização)
41. Métodos microeconométricos
Exigem muitos dados individuais a
respeito dos beneficiários de um
“tratamento”
Sua validade depende da validade dos
modelos explicativos subjacentes
42. Modelos macroeconométricos
Exigem séries temporais bastante
longas
Sua validade depende da validade do
modelo explicativo subjacente
Na prática : utilização limitada à
análise dos efeitos econômicos das
políticas
43. A avaliação não se limita à análise causal
A avaliação visa tanto explicar mecanismos
quanto medir efeitos
Ela participa tanto da explicitação do significado
da ação quanto da sua racionalização
Ela deve produzir uma argumentação apropriada
para convencer um público diversificado…
e para fundamentar novas ações / decisões com
base em informações heterogêneas
agindo por indução mais do que por
demonstração
44. Os métodos qualitativos
Pesquisas qualitativas (entrevistas…)
Estudos de casos, monografias
Análise de documentos
Etno-metodologia
Utilização de material audiovisual
“Palavra de especialistas”
Métodos de trabalho em grupo
45. As técnicas de decisão
Custo – eficácia: comparação de relações
custo / resultados para diferentes
programas comparáveis
Custo – benefícios : os resultados e os
impactos são traduzidos em termos
monetários e comparados ao custo do
programa
Análise multicritérios
46. Fonte : Guia da Comissão
Avaliando as Despesas da UE
Redigir um relatório de avaliação
o que o leitor deve poder entender :
Objetivo da avaliação
Delimitação exata do objeto
Como a avaliação foi planejada e conduzida
Quais fatos foram estabelecidos
Quais conclusões foram tiradas
Quais recomendações resultaram dela
47. A Carta da Sociedade Francesa
para a Avaliação (SFE)
Princípios de :
Pluralidade
Distanciamento
Competência
Respeito das pessoas
Transparência
Oportunidade
Responsabilidade