Introdução à Economia: Oferta, Demanda e Equilíbrio de Mercado
1. APOSTILA DE ECONOMIA
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Apostila: Economia I
Prof. Roberto Machado Wagner
robertowagner@udesc.br
Agosto/2007.
2. APOSTILA DE ECONOMIA
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 .............................................................................................................. 5
1. INTRODUÇÃO A ECONOMIA............................................................................... 5
2. DEFINIÇÕES DE ECONOMIA............................................................................... 6
3. PROBLEMA ECONÔMICO.................................................................................... 7
3.1. As necessidades humanas ................................................................................................. 7
3.2. Os Bens............................................................................................................................... 8
3.3. Os serviços.......................................................................................................................... 9
3.4. Os fatores de produção ..................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2 .............................................................................................................11
4. EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO: BREVE RETROSPECTO........11
4.1. Precursores da Teoria Econômica................................................................................. 12
CAPÍTULO 3 .............................................................................................................21
5. AGENTES ECONÔMICOS – FAMÍLIAS, EMPRESAS E SETOR PÚBLICO.......21
5.1. A atividade econômica e os agentes econômicos........................................................... 21
CAPÍTULO 4 .............................................................................................................23
6. CONCEITO DE SISTEMA ECONÔMICO .............................................................23
Figura 1: O que produzir? Canhões ou manteiga? ............................................................... 24
7. NOÇÕES DE MICROECONOMIA ........................................................................25
7.1. Pressupostos básicos da análise microeconômica......................................................... 25
7.2. Aplicações da análise microeconômica.......................................................................... 26
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7.3. Divisão do estudo econômico......................................................................................... 27
CAPÍTULO 5 .............................................................................................................30
8. MODELOS ECONÔMICOS...................................................................................30
8.1. Primeiro modelo: Diagrama do Fluxo Circular da Renda.......................................... 30
Figura 2: O diagrama do fluxo circular da renda ................................................................. 31
Empresas .............................................................................................................................. 31
Famílias ................................................................................................................................ 31
8.2. Segundo Modelo: Fronteira de Possibilidades de Produção ....................................... 32
Figura 3: Modelo de Possibilidades de Produção ................................................................ 33
Figura 4: Deslocamento da fronteira de possibilidades de produção................................... 35
9. MICRO E MACROECONOMIA.............................................................................36
CAPÍTULO 6 .............................................................................................................38
10. OFERTA E DEMANDA: PARTE UM ..................................................................38
10.1. Introdução...................................................................................................................... 38
a) Termos-chave................................................................................................................... 38
b) Como estudar a oferta e a demanda ................................................................................. 38
c) O Preço............................................................................................................................. 39
Exemplo: Cálculo do preço relativo em valores monetários................................................ 39
10.2. A Demanda e a Lei da Demanda.................................................................................. 40
a) Por que a Lei da Demanda se mantém:............................................................................ 40
b) A Curva de Demanda....................................................................................................... 41
Figura 5: Lei da demanda mostrada pela curva de demanda ............................................... 42
Procedimento padrão para construir a Curva de Demanda........................................... 42
10.3. A Oferta e a Lei da Oferta............................................................................................ 43
a) A curva de oferta.............................................................................................................. 44
Figura 6: Lei da oferta mostrada pela curva de oferta.......................................................... 44
CAPÍTULO 7 .............................................................................................................45
11. OFERTA E DEMANDA: PARTE DOIS ...............................................................45
11.1. Termos-chave................................................................................................................. 45
11.2. A diferença entre deslocamentos e movimentos econômicos ................................... 45
11.3. Fatores de deslocamento da demanda......................................................................... 46
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a) Procedimento padrão para deslocar a Curva de Demanda............................................... 46
Figura 7: Efeitos de um aumento da demanda ..................................................................... 47
b) Efeitos de deslocamentos da demanda............................................................................. 48
Figura 8: Efeitos de uma redução na demanda .................................................................... 49
c) Principais resultados do deslocamento da demanda: ....................................................... 49
11.4. Fatores de deslocamento da oferta .............................................................................. 50
a) Procedimento Padrão para Deslocar a Curva da oferta.................................................... 50
b) Efeitos do deslocamento da oferta ................................................................................... 51
Figura 9: Efeitos de um aumento da oferta .......................................................................... 51
c) Principais resultados dos deslocamentos da oferta .......................................................... 52
11.5. Como erros ao analisar a oferta e a demanda: Procedimento padrão..................... 52
CAPÍTULO 8 .............................................................................................................54
12. EQUILÍBRIO DE MERCADO ..............................................................................54
Figura 11: Demanda e oferta no equilíbrio .......................................................................... 55
a) Procedimento padrão para ler os diagramas de Oferta e de Demanda............................. 55
12.1. Sobre a natureza do sistema de preços........................................................................ 56
1. Você conhece os pontos básicos?..................................................................................... 57
2. Termos para estudo .......................................................................................................... 57
3. Aplicação prática.............................................................................................................. 58
13. ELASTICIDADE ..................................................................................................60
CAPÍTULO 9 .............................................................................................................66
14. ESTRUTURAS DO MERCADO DE BENS E SERVIÇOS...................................66
14.1. Introdução...................................................................................................................... 66
14.2. Concorrência Pura ou perfeita no mercado de bens e serviços ................................ 66
14.3. Monopólio ...................................................................................................................... 68
14.4. Oligopólio....................................................................................................................... 69
14.5. Concorrência monopolista............................................................................................ 70
15. BIBLIOGRAFIA: .................................................................................................71
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CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO A ECONOMIA
Diariamente vimos nos jornais, revistas, rádios e televisão, inúmeras questões econômicas:
Aumento de preços
Desemprego
Setores que crescem mais que outros
Crise no balanço de pagamentos.
Valorização ou desvalorização da moeda
Diferenças de rendas em várias regiões do país
Taxas de juros
Elevação de impostos e tarifas
Uma família comumente se depara com muitas decisões. Deve decidir quais tarefas cabem
a cada membro e o que cada um desses membros recebe em troca:
Quem lava a louça?
Quem faz o jantar?
Quem estuda em escola pública? Quem estuda em escola privada?
Quem come o último pedaço da sobremesa?
Quem escolhe o programa de televisão que será assistido?
Enfim, a família deve alocar os recursos escassos entre os vários membros, levando em
conta a capacidade, esforços e desejo de cada um. Como uma família, a sociedade se
depara com muitas decisões. Deve decidir quais tarefas serão executadas e por quem.
A sociedade precisa de gente para produzir alimentos, fabricar e criar carteiras, quadros,
software. Uma vez que a sociedade tenha alocado as pessoas (aqui incluímos terra,
prédios, máquinas e capital) entre as várias tarefas, deve alocar também os bens e serviços
que elas produziram. Deve decidir quem comerá o caviar e quem comerá as batatas. Quem
andará de Rolls Royce e quem andará de ônibus.
A administração dos recursos da sociedade é importante porque os recursos são
escassos. Escassez significa que a sociedade tem menos a oferecer do que aquilo
que as pessoas desejam ter.
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Os recursos (máquinas, trabalho, capital, petróleo, etc.) estão disponíveis em quantidades
limitadas. Com esses recursos, mesmo escassos, produzem-se bens e serviços (alimentos,
automóveis, saúdes, lazer etc ). A escassez sempre existirá porque as necessidades são
superiores aos meios disponíveis para satisfazê-los.
Lembre-se: os recursos são limitados e necessidades são virtualmente
ilimitadas e sempre se renovam.
A maioria das pessoas deseja muito mais do que seus recursos lhes permitem. Isso é
escassez: as pessoas querem mais do que podem obter com os recursos disponíveis. As
pessoas precisam alimentar-se, vestir-se, receber uma educação, entre outros, e para isso
há os recursos, mas a renda é insuficiente na hora de conseguir todos os bens e serviços
desejados para satisfazer suas necessidades.
A sociedade (conjunto de pessoas) tem necessidades coletivas, tais como: estradas, defesa,
justiça, etc.
Lembre-se: o fato de existir muito pouco de um bem não quer dizer que ele é
escasso. Ele tem que ser desejável.
Não confunda escassez com pobreza. Até mesmo os muito ricos querem mais. Pobreza
significa ter poucos bens. Escassez significa mais desejos do que bens para satisfazê-los,
mesmo que haja muito bens. Assim como uma família não pode dar a seus membros tudo o
que estes desejam, a sociedade não poder dar a cada pessoa o padrão de vida mais alto ao
qual ela aspira.
2. DEFINIÇÕES DE ECONOMIA
A palavra “economia” vem da Grécia antiga e foi Aristóteles que, provavelmente, cunhou
pela primeira vez o termo. Oikosnomos (de oikos, casa, e nomos, lei), que pode ser
interpretada como administração de uma casa, ou do Estado. A seguir são apresentadas
algumas outras definições de economia:
Mankiw:“ é o estudo da forma pela qual a sociedade administra seus recursos
escassos..”
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Wessels: “ é o estudo de como as pessoas alocam seus recursos escassos.”
Troster e Mochón: “a economia estuda a maneira como se administram os recursos
escassos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu
consumo entre os membros da sociedade.”
Vasconcellos e Garcia: “é a ciência social que estuda como o indivíduo e a
sociedade decidem (escolhem) empregar (alocar) recursos produtivos escassos na
produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e
grupos da sociedade a fim de satisfazer as necessidades humanas.”
3. PROBLEMA ECONÔMICO
O problema econômico por excelência é a escassez. Surge porque as necessidades
humanas são virtualmente ilimitadas e os recursos econômicos escassos. Este não é um
problema tecnológico e sim de disparidade entre os desejos humanos e os meios
disponíveis para satisfazê-los. A escassez é um conceito relativo, pois existe o desejo de
adquirir uma quantidade de bens e serviços maior que a disponibilidade.
Existem países em que a população possui níveis de vida mais elevados do que em outros.
Nesses países, há alimentos e bens materiais abundantes, enquanto em outros países
atrasados existem milhões de pessoas vivendo na mais absoluta pobreza onde muitos
chegam a morrer de fome.
Tendo em conta essa situação, parece estranho à economia abordar a escassez como um
problema universal. Isto é, como um problema que afeta todas as sociedades. Isso se deve
em razão de a economia considerar o problema como de escassez relativa, uma vez que os
bens e serviços são escassos em relação ao desejo dos indivíduos.
3.1. As necessidades humanas
O conceito de necessidade humana é a sensação de carência de algo unida ao desejo
de satisfazê-la. O ditado popular “quanto mais se tem, mais se quer” parece refletir
fielmente a atitude dos indivíduos em relação aos bens materiais. Assim, o fato real que
enfrenta a economia é que em todas as sociedades (tanto ricas como pobres) os desejos
dos indivíduos não podem ser completamente satisfeitos. Nesse sentido, bens escassos são
aqueles que nunca tem em quantidade suficiente para satisfazer os desejos dos indivíduos.
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3.2. Os Bens
Bem é tudo aquilo que satisfaz direta ou indiretamente os desejos e necessidades dos seres
humanos. Os bens podem ser classificados1
:
Segundo seu caráter:
Livres: são ilimitados em quantidade ou muito abundantes e não são
apropriáveis.
Econômicos: são escassos em quantidade, dada sua procura, e
apropriáveis. Ë o objeto de estudo da economia.
Segundo sua natureza:
De capital: não atendem diretamente às necessidades.
De consumo: destinam-se à satisfação direta de necessidades.
Duradouros/duráveis: permitem um uso prolongado.
Não-duradouros/Não duráveis: acabam com o tempo.
Segundo sua função.
Intermediários: devem sofrer novas transformações antes de se
converterem em bens de consumo ou de capital
Finais: Já sofreram as transformações necessárias para seu uso ou
consumo.
Os bens econômicos caracterizam-se pela utilidade, escassez e por serem transferíveis.
Já os bens livres, por sua vez, são aqueles cuja quantidade é suficiente para satisfazer a
todo mundo. Ex. o ar.
Quando buscam satisfazer suas necessidades, os indivíduos, normalmente, fixam
preferências. Assim, os primeiros bens desejados são os que satisfazem as necessidades
básicas ou primárias, como a alimentação, o vestuário e a saúde.
1
Fonte: Troster e Mochón. Introdução à Economia. P.8. 2.edição.1994.
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Satisfeitas as necessidades primárias, os indivíduos passam a satisfazer outras mais
refinadas, como o turismo, ou buscam melhor qualidade dos bens que satisfazem suas
necessidades primárias, como uma habitação melhor, roupas de determinadas marcas, etc.
Por isso, pode-se dizer que as necessidades são ilimitadas ou ainda, de outra forma, que
sempre existirão necessidade que os indivíduos não poderão satisfazer, ainda que seja
somente pelo fato de os desejos tornarem-se refinados.
3.3. Os serviços
O trabalho quando não destinado a criação de bens (objetos materiais) tal como o realizado
por um pedreiro, agricultor visa a produção de serviços. Pode estar relacionado a
distribuição de produtos, com atividades que satisfazem necessidades culturais, realizadas
por um professor. Ou outros oferecidos por exemplo por um banco ou seguradora.
Lembre-se: Os serviços são aquelas atividades que, sem criar objetos
materiais, se destinam direta ou indiretamente a satisfazer necessidades
humanas.
3.4. Os fatores de produção
Para a satisfação das necessidades humanas é necessário produzir bens e serviços. Para
isso, exige-se o emprego de recursos produtivos e de bens elaborados.
Lembre-se: os recursos são os fatores ou elementos básicos utilizados na
produção de bens e serviços. são denominados fatores de produção.
Tradicionalmente, esses fatores se dividem em três categorias:
Terra: em economia, é utilizado no sentido amplo, indicando não só a terra cultivável
e urbana, mas também os recursos naturais que contém como, por exemplo, os
minerais. Tipo de remuneração: aluguel.
Trabalho: refere-se às faculdades físicas e intelectuais dos seres humanos que
intervêm no processo produtivo. O trabalho é o fator de produção básico. Os
trabalhadores se servem das matérias-primas obtidas na natureza. Com a ajuda da
maquinaria necessária, transformam-nas até convertê-las em matérias básicas,
aptas a outros processo ou bens de consumo. Tipo de remuneração: salário.
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Capital: compreende as edificações, as fábricas, a maquinaria e os equipamentos, a
existências de meios elaborados e demais meios utilizados no processo produtivo.
Tipo de remuneração: Juros.
Alguns autores também considerem como fatores de produção :
Tecnologia: É a transmissão constante de conhecimentos entre as pessoas e/ou
empresas. Normalmente, quando falamos em tecnologia, o primeiro pensamento nos
leva a computadores, máquinas robotizadas, etc., porém, esses equipamentos
modernos representam apenas inovações tecnológicas aplicadas a alguma coisa já
existente ou já inventadas anteriormente. Tipo de remuneração: royalties (Direitos
autorais).
Capacidade empresarial: Trata-se de DOM natural, que algumas pessoas
possuem, mesmo sem o desenvolvimento cultural. Observamos casosde pessoas
que não tiveram a oportunidade do estudo científico, que se sobressaem nas
atribuições normalmente desenvolvidas por grandes empreendedores. Tipo de
remuneração: lucro.
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CAPÍTULO 2
4. EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO: BREVE RETROSPECTO
Existe consenso de que a Teoria Econômica, de forma sistematizada, iniciou-se quando foi
publicada a obra de Adam Smith, “A riqueza das nações”, em 1776. Em períodos anteriores,
a atividade econômica do homem era tratada e estudada como parte integrante da Filosofia
Social, da Moral e da Ética.
Esquema 1: O esquema abaixo apresenta os ramos mais significativos do pensamento
econômico, bem como os autores mais significativos:
Século XVI-XVII-XVIII Mercantilistas Fisiocratas Século XVIII
Adam Smith
1723-1790
Malthus
1766-1834
Ricardo
1772-1823
Stuart Mill
1806-1873
Marx
1818-1883
Neoclássicos e
marginalistas
Marshall
1842-1924
Walras
1834-1910
Fisher
1867-1947
Keynes
1883-1943
Sraffa
1898-1983
O novo
Cambridge
Economia do
desequilíbrio
Síntese
Neoclássica
Nova macro-
economia clássica
Monetarismo Nova
esquerda
CLÁSSICOS
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Nesse sentido, a atividade econômica deveria se orientar de acordo com princípios gerais
de ética, justiça e igualdade. Os conceitos de troca, em Aristóteles, e preço justo, em São
Tomás de Aquino, a condenação dos juros ou da usura, encontravam sua justificativa em
termos morais, não existindo um estudo sistemático das relações econômicas.
4.1. Precursores da Teoria Econômica
a) Antigüidade: na Grécia Antiga, as primeiras referências conhecidas de Economia
aparecem no trabalho de Aristóteles (384-322 a.C.), que aparentemente foi quem cunhou o
termo Economia (oikosnomos) em seus estudos sobre aspectos de administração privada
e sobre finanças públicas. Encontramos algumas considerações de ordem econômica nos
escritos de Platão (427-347 a.C.) de Xenofonte (440-335 a.C.).
Roma não deixou nenhum escrito notável na área da economia. Nos séculos seguintes, até
a época dos descobrimentos, encontramos poucos trabalhos de destaque, que não
apresentam um padrão homogêneo e estão permeados de questões de justiça e moral. A
Lei da usura, a moralidade de juros altos e o que deveria ser um lucro justo são os exemplos
mais conhecidos.
b) Mercantilismo: A partir do século XVI observamos o nascimento da primeira escola
econômica: o mercantilismo. Apesar de não representar um conjunto técnico homogêneo, o
mercantilismo tinha algumas preocupações explícitas sobre a acumulação de riquezas de
uma nação. Continha alguns princípios de como fomentar o comércio exterior e entesourar
riquezas.
O acúmulo de metais adquire uma grande importância e aparecem relatos mais elaborados
sobre a moeda. Considerava-se que o governo de um país seria mais forte e poderoso
quanto maior fosse seu estoque de metais preciosos. Com isso, o mercantilismo acabou
estimulando guerras, exacerbou o nacionalismo e manteve a poderosa e constante
presença do Estado em assuntos econômicos.
c) Fisiocracia: No século XVIII, a fisiocracia, uma escola de pensamento francesa,
elaborou alguns trabalhos importantes. Os fisiocratas sustentavam que a terra era a única
fonte de riqueza e que havia uma ordem natural que fazia com que o universo fosse regido
por leis naturais, absolutas, imutáveis e universais, desejadas pela Providência Divina para
a felicidade dos homens.
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O trabalho de maior destaque foi o do Dr. François Quesnay, autor da obra Tableau
Économique, o primeiro a dividir a economia em setores, mostrando a inter-relação dos
mesmos. Apesar de os trabalhos dos fisiocratas estarem permeados de considerações
éticas, foi grande sua contribuição à análise econômica. O Tableau Économique do Dr.
Quesnay foi aperfeiçoado e transformou-se no sistema de circulação monetária input-output
criado no século XX (anos 40) pelo economista naturalizado norte-americano, Wassily
Leontief, da Universidade de Harvard.
Na verdade, a fisiocracia surgiu como reação ao mercantilismo. A fisiocracia sugeria que era
desnecessária a regulamentação governamental, pois a lei da natureza era suprema, e tudo
o que fosse contra ela seria derrotado. A função do soberano era servir de intermediário
para que as leis da natureza fossem cumpridas.
Para os fisiocratas, a riqueza consistia em bens produzidos com a ajuda da natureza
(fisiocracia significa "regras da natureza” em atividades econômicas como a lavoura, a
pesca e a mineração). Portanto encorajava-se a agricultura e exigia-se que as pessoas
empenhadas no comércio e nas finanças fossem reduzidas ao menor número possível. Em
um mundo constantemente ameaçado pela falta de alimentos, com excesso de
regulamentação e intervenção governamental, a situação não se ajustava às necessidades
da expansão econômica. Só a terra tinha capacidade de multiplicar a riqueza.
Os organicistas (fisiocratas) associaram conceitos da Medicina à Economia (aliás, Quesnay
era médico): circulação, fluxos, órgãos, funções.
d) Os Clássicos:
Adam Smith (l723-1790): Considerado o precursor da moderna Teoria Econômica
colocada como um conjunto científico sistematizado, com um corpo teórico próprio, Smith
já era um renomado professor quando publicou sua obra A riqueza das nações, em 1776.
O livro é um tratado muito abrangente sobre questões econômicas que vão desde as leis
do mercado e aspectos monetários até a distribuição do rendimento da terra, concluindo
com um conjunto de recomendações políticas.
Em sua visão harmônica do mundo real, Smith acreditava que se deixasse atuar a livre
concorrência, uma "mão invisível” levaria a sociedade à perfeição. Adam Smith colocou
que todos os agentes, em sua busca de lucrar o máximo, acabam promovendo o bem-
estar de toda a comunidade. É como se uma mão invisível orientasse todas as decisões
da economia, sem necessidade da atuação do Estado. A defesa do mercado como
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regulador das decisões econômicas de uma nação traria muitos benefícios para
coletividade, independente da ação do Estado. É o princípio do liberalismo.
Seus argumentos baseavam-se na livre iniciativa, no laissez-faire. Considerava que a
causa da riqueza das nações é o trabalho humano (a chamada Teoria do Valor-
Trabalho), e que um dos fatores decisivos para aumentar a produção é a divisão de
trabalho, isto é, os trabalhadores deveriam se especializar em algumas tarefas. A
aplicação desse princípio promoveu um aumento da destreza pessoal, economia de
tempo e condições favoráveis para o aperfeiçoamento e invento de novas máquinas e
técnicas.
A idéia de Smith era clara. A produtividade decorre da divisão de trabalho, e esta por sua
vez, decorre da tendência inata da troca, que, finalmente, é estimulada pela ampliação
dos mercados. Assim, é necessário ampliar os mercados e as iniciativas privadas para
que a produtividade e a riqueza sejam incrementadas.
Para Adam Smith, o papel do Estado na economia deveria corresponder apenas
proteção da sociedade contra eventuais ataques e à criação e manutenção de obras
instituições necessárias, mas não à intervenção nas leis de mercado e,
consequentemente, na prática econômica.
David Ricardo (I 772-1823): David Ricardo é outro expoente do período clássico. Partindo
das idéias de Smith, desenvolveu alguns modelos econômicos com grande potencial
analítico. Aprimora a tese de que todos os custos se reduzem a ”custos do trabalho” e
mostra como a acumulação do capital, acompanhada de aumentos populacionais,
provoca uma elevação da “renda da terra”, até que os rendimentos, decrescentes,
diminuam de tal forma os lucros que a poupança se torna nula, atingindo-se uma
economia estacionária, com salários de subsistência e sem nenhum crescimento. Sua
análise de distribuição do rendimento da terra foi um trabalho seminal de muitas das
idéias do chamado período neoclássico.
Ricardo discute a renda auferida pelos proprietários de terras mais férteis. Em virtude de
a terra ser limitada, quando a terra de menor qualidade é utilizada no cultivo, surge
imediatamente a renda sobre aquela de primeira qualidade, ou seja, a renda da terra é
determinada pela produtividade das terras mais pobres. Ricardo analisou por que as
nações comerciavam entre si, se é melhor para elas comerciarem e quais produtos
devem ser comerciados.
15. APOSTILA DE ECONOMIA
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A resposta dada por Ricardo a essas questões constitui um importante item da teoria do
comércio internacional, chamada de Teoria das Vantagens Comparativas. O comércio
entre países dependeria das dotações relativas de fatores de produção. Ricardo, a partir
de algumas generalizações e usando poucas variáveis estratégicas, produziu vários dos
mais expressivos modelos de toda a história da Ciência Econômica, destes derivando
importantes implicações políticas.
A maioria dos estudiosos considera que os estudos de Ricardo deram origem a duas
correntes antagônicas: a neoclássica, pelas suas abstrações simplificadoras, e a
marxista, pela ênfase dada à questão distributiva e aos aspectos sociais na repartição da
renda da terra.
John Stuart Mill (1806-1873): John Stuart Mill foi o sintetizador do pensamento clássico.
Seu trabalho foi o principal texto utilizado para o ensino de Economia no fim do período
clássico e no início do período neoclássico. A obra de Stuart Mill consolida o exposto por
seus antecessores, e avança ao incorporar mais elementos institucionais e ao definir
melhor as restrições, vantagens e funcionamento de uma economia de mercado.
Jean Baptiste Say (l768-1832): O economista francês Jean Baptiste Say retomou a obra
de Smith, ampliando-a. Subordinou o problema das trocas de mercadorias a sua
produção e popularizou a chamada Lei de Say: "A oferta cria sua própria procura", ou
seja, o aumento da produção transformar-se-ia em renda dos trabalhadores e
empresários, que seria gasta na compra de outras mercadorias e serviços.
Thomas Malthus (l766-1834): Malthus foi o primeiro economista a sistematizar uma
teoria geral sobre a população. Ao assinalar que o crescimento da população dependia
rigidamente da oferta de alimentos, Malthus deu apoio à teoria dos salários de
subsistência.
Para Malthus, a causa de todos os males da sociedade residia no excesso populacional:
enquanto a população crescia em progressão geométrica, a produção de alimentos
seguia em progressão aritmética. Assim, o potencial da população excederia em muito o
potencial da terra na produção de alimentos.
A capacidade de crescimento da população dada pelo instinto de reprodução encontra
um conjunto de obstáculos que a limitam, por seus efeitos sobre a mortalidade e a
natalidade. São a miséria, o vício e a contenção moral. Em função disso, Malthus
advogou o adiamento de casamentos, a limitação voluntária de nascimentos nas famílias
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pobres, e aceitava as guerras como uma solução para interromper o crescimento
populacional.
Malthus não previu o ritmo e o impacto do progresso tecnológico, nem as técnicas de
limitação da fertilidade humana que se seguiriam. A partir da contribuição dos
economistas clássicos, a Economia passa a formar um corpo teórico próprio e a
desenvolver um instrumental de análise específico para as questões econômicas. Apesar
de existirem muitas aplicações normativas no pensamento clássico, seu tema central
pertence à ciência positiva, situando-se o interesse primordial na análise abstrata das
relações econômicas, com a finalidade de descobrir leis gerais e regularidades do
comportamento econômico. Os pressupostos morais e as conseqüências sociais dessas
atividades não são mais realçados como anteriormente.
e) Teoria neoclássica: O período neoclássico teve início na década de 1870 e
desenvolveu-se até as primeiras décadas do século XX. Nesse período, privilegiam-se os
aspectos microeconômicos da teoria, pois a crença na economia de mercado e em sua
capacidade auto-reguladora fez com que a preocupação com a política e o planejamento
macroeconômico fosse atenuada.
Os neoclássicos sedimentaram o raciocínio matemático explícito inaugurado por Ricardo,
procurando isolar os fatos econômicos de outros aspectos da realidade social. São
relacionados alguns de seus principais nomes:
Alfred Marshall (1842-1924): O grande nome desse período foi Alfred Marshall. Seu
livro, Princípios de Economia, publicado em 1890, serviu como livro texto básico até a
metade deste século. Outros economistas de destaque foram: William Jevons, Léon
Walras, Eugene BöhmBawerk, Joseph Alois Schumpeter, Vilfredo Pareto, Arthur Pigou e
Francis Edgeworth.
Nesse período, a formalização da análise econômica (principalmente a Microeconomia)
evoluiu muito. O comportamento do consumidor é analisado em profundidade. O desejo
do consumidor de maximizar sua utilidade (satisfação no consumo) e o do produtor de
maximizar seu lucro são a base para a elaboração de um sofisticado aparato teórico.
Através do estudo de funções ou curvas de utilidade (que pretendem medir o grau de
satisfação do consumidor) e de produção, considerando restrições de fatores e restrições
17. APOSTILA DE ECONOMIA
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orçamentárias, é possível deduzir o equilíbrio de mercado. Como o resultado depende
basicamente dos conceitos marginais (receita marginal, custo marginal etc.), é também
chamada de Teoria Marginalista. A análise marginalista é muito rica e variada. Alguns
economistas privilegiaram alguns aspectos, como a interação de muitos mercados
simultaneamente – o equilíbrio geral de Walras é um caso – enquanto outros
privilegiaram aspectos de equilíbrio parcial, usando um instrumental gráfico – a Caixa de
Edgeworth, por exemplo.
Apesar de questões microeconômicas ocuparem o centro das atenções, houve uma
produção rica em outros aspectos da Teoria Econômica, como a Teoria do
Desenvolvimento Econômico de Schumpeter e a Teoria do Capital e dos juros de Böhm-
Bawerk. Deve-se destacar também a análise monetária, com a criação da Teoria
Quantitativa da Moeda, que relaciona a quantidade de dinheiro com os níveis gerais de
atividade econômica e de preços.
f) A era Keynesiana: A era keynesiana iniciou-se com a publicação da Teoria Geral do
Emprego, dos Juros e da Moeda, de John Maynard Keynes (l883-1946), em 1936. Muitos
autores descrevem o início da era keynesiana como a Revolução Keynesiana, tamanho o
impacto de sua obra. Keynes ocupou a cátedra que havia sido de Alfred Marshall na
Universidade de Cambridge. Acadêmico respeitado, Keynes tinha também preocupações
com as implicações práticas da Teoria Econômica.
Para entender o impacto da obra de Keynes é necessário considerar a época. A economia
mundial atravessava, na década de 30, uma crise, que ficou conhecida como a Grande
Depressão. A realidade dos fatos relacionados à situação conjuntural da economia dos
principais países capitalistas, naquele momento, era crítica. O desemprego na Inglaterra e
em outros países da Europa era muito grande. Nos Estados Unidos, após a quebra da Bolsa
de Valores de Nova York, o número de desempregados assumia proporções elevadíssimas.
A Teoria Econômica vigente acreditava que se tratava de um problema temporário, apesar
de a crise estar durando alguns anos. A Teoria Geral consegue mostrar que a combinação
das políticas econômicas adotadas até então não funcionava adequadamente, e aponta
para soluções que poderiam tirar o mundo da recessão.
Segundo o pensamento keynesiano, um dos principais fatores responsáveis pelo volume de
emprego é explicado pelo nível de produção nacional de uma economia, que por sua vez é
determinado pela demanda agregada ou efetiva. Ou seja, inverte o sentido da Lei de Say (a
18. APOSTILA DE ECONOMIA
Página 18 de 71
oferta cria sua própria procura) ao destacar o papel da demanda agregada de bens e
serviços.
Para Keynes, como não existem forças de auto ajustamento na economia, torna-se
necessária a intervenção do Estado através de uma política de gastos públicos, o que
significa o fim do laissez-faire da época clássica. É o chamado Princípio da Demanda
Efetiva.
Os argumentos de Keynes influenciaram muito a política econômica dos países capitalistas.
De modo geral, essas políticas revelaram-se eficientes e apresentaram resultados positivos
no período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial.
Nos anos seguintes houve um desenvolvimento expressivo da Teoria Econômica. Por um
lado, incorporaram-se os modelos por meio do instrumental estatístico e matemático, que
ajudou a formalizar ainda mais a ciência econômica. Por outro, alguns economistas
trabalharam na agenda de pesquisa aberta pela obra de Keynes. O debate sobre aspectos
do trabalho de Keynes dura até hoje, destacando-se três grupos: os monetaristas, os
fiscalistas e os pós-keynesianos. Apesar de nenhum dos grupos ter um pensamento
homogêneo e todos terem pequenas divergências, é possível fazer algumas generalizações.
Os monetaristas estão associados à Universidade de Chicago e têm como economista de
maior destaque Milton Friedman. De maneira geral, privilegiam o controle da moeda e um
baixo grau de intervenção do Estado.
Os fiscalistas têm seus maiores expoentes em Tames Tobin, da Universidade de Yale, e
Paul Antholiy Samuelson, de Harvard e MIT. De maneira geral, recomendam o uso de
políticas fiscais ativas e um acentuado grau de intervenção do Estado.
Os pós-keynesianos têm explorado outras implicações da obra de Keynes, e pode-se
associar a esse grupo a economista Joan Robinson, cujas idéias eram afinadas com a de
Keynes. Os pós-keynesianos realizaram uma releitura da obra de Keynes, procurando
mostrar que ele não negligenciou o papel da moeda e da política monetária. Enfatiza o papel
da especulação financeira e, como Keynes, defendem um papel ativo do Estado na
condução da atividade econômica. Além de Joan Robinson, outros economista dessa
corrente são Hyman Minsky, Paul Davison e Alessandro Vercelli.
Cabe destacar que, apesar das diferenças entre as várias correntes, há consenso quanto
aos pontos fundamentais da teoria, já que são baseadas no trabalho de Keynes.
19. APOSTILA DE ECONOMIA
Página 19 de 71
g) O período recente: A Teoria Econômica vem apresentando algumas transformações,
principalmente partir dos anos 70, após as duas crises do petróleo. Três características
marcam esse período. Primeiro, existe uma consciência maior das limitações e
possibilidades de aplicações da teoria. O segundo ponto diz respeito ao avanço no conteúdo
empírico da economia. Finalmente, observamos uma consolidação das contribuições dos
período anteriores.
O desenvolvimento da informática permitiu um processamento de informações em volume e
precisão sem precedentes. A Teoria Econômica passou a ter um conteúdo empírico que lhe
conferiu uma aplicação prática maior. Por um lado, isso permite um aprimoramento
constante da teoria existente, por outro, abre novas frentes importantes de estudo.
Todo o corpo teórico da economia avançou consideravelmente. Hoje a análise econômica
engloba quase todos os aspectos da vida humana, e o impacto desses estudos na melhoria
do padrão de vida e do bem-estar de nossa sociedade é considerável. O controle e o
planejamento macroeconômico nos permitem antecipar muitos problemas e evitar algumas
atuações desnecessárias
A Teoria Econômica caminha em muitas direções. Um exemplo é a área de finanças
empresariais. Até alguns anos atrás, a Teoria de Finanças era basicamente descritiva com
um baixo conteúdo empírico. A incorporação de algumas técnicas econométricas, conceitos
de equilíbrio de mercados e hipóteses sobre o comportamento dos agentes econômicos
revolucionou a Teoria de Finanças. Essa revolução se fez sentir também nos mercados
financeiros, com a explosão recente dos chamados mercados futuros e de derivativos.
h) Os críticos: A Teoria Econômica tem recebido muitas críticas e abordagens alternativas.
Muitas das críticas foram e são absorvidas, e algumas abordagens alternativas foram e são
incorporadas. O espectro de críticos é muito amplo e disperso e, evidentemente,
heterogêneo. Destacamos os marxistas e os institucionalistas.
Em ambas as escolas, critica-se a abordagem pragmática da Ciência Econômica e propõe-
se um enfoque analítico, onde a Economia interage com os fatos históricos e sociais. A
análise das questões econômicas sem a observação dos fatores históricos e sociais leva,
segundo essas escolas, a uma visão distorcida da realidade.
Os marxistas têm como pilar de seu trabalho a obra de Karl Marx (1818-1883) economista
alemão que desenvolveu quase todo seu trabalho com Frederic Engels na Inglaterra, na
20. APOSTILA DE ECONOMIA
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segunda metade do século passado. O marxismo desenvolve uma Teoria do Valor-
Trabalho, e consegue analisar muitos aspectos da economia com seu referencial teórico. A
apropriação do excedente produtivo (a mais-valia) pode explicar o processo de acumulação
e a evolução das relações entre classes sociais.
Para Marx, o capital aparece com a burguesia, considerada uma classe social que se
desenvolve após o desaparecimento do sistema feudal e que se apropria dos meios de
produção. A outra classe social, o proletariado, é obrigada a vender sua força de trabalho,
dada a impossibilidade de produzir o necessário para sobreviver.
O conceito da mais-valia utilizado por Marx refere-se à diferença entre o valor das
mercadorias que os trabalhadores produzem em um dado período de tempo e o valor da
força de trabalho vendida aos empregados capitalistas que a contratam. Os lucros, juros e
aluguéis (rendimentos de propriedades) representam a expressão da mais-valia. Assim
sendo, o valor que excede o valor da força de trabalho e que vai para as mãos do capitalista
é definido por Marx como a mais-valia. Ela pode ser considerada aquele valor extra que o
trabalhador cria, além do valor pago por sua força de trabalho.
Marx foi influenciado pelos movimentos socialistas utópicos, por Hegel e pela Teoria do
Valor-Trabalho de Ricardo. Acreditava no trabalho como determinante do valor, tal como
Smith e Ricardo, mas era hostil ao capitalismo competitivo e à livre concorrência, pois
afirmava que a classe trabalhadora era explorada pelos capitalistas.
Marx enfatizou muito o aspecto político de seu trabalho, que teve um impacto ímpar não só
na ciência econômica como em outras áreas do conhecimento. As contribuições dos
economistas na linha marxista para a Teoria Econômica foram muitas e variadas.
Entretanto, a maioria ocorreu à margem dos grandes centros de estudos ocidentais, por
razões políticas. Consequentemente, a produção teórica foi pouco divulgada. Um exemplo é
o trabalho de Mikail Kalecki, um economista polonês que antecipou uma análise parecida
com a da Teoria Geral de John Maynard Keynes. Contudo, o reconhecimento de seu
trabalho inovador só ocorreu muito tempo depois.
Os institucionalistas, que têm como grandes expoentes os americanos Thornstein Veblen e
John Kenneth Galbraith, dirigem suas críticas ao alto grau de abstração da Teoria
Econômica, e ao fato de ela não incorporar em sua análise as instituições sociais – daí o
nome de institucionalistas. Rejeitam o pressuposto neoclássico de que o comportamento
humano, na esfera econômica seja racionalmente dirigido, e resulte do cálculo de ganhos e
21. APOSTILA DE ECONOMIA
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perdas marginais. Consideram que as decisões econômicas das pessoas refletem muito
mais as influencias das instituições dominantes e do desenvolvimento tecnológico.
A partir de 1969 foi instituído o Prêmio Nobel de Economia e consolidou-se importância da
Teoria Econômica como corpo científico próprio. Os primeiros ganhadores foram Ragnar
Frisch e Jan Tinbergen. Aliás, os econometristas e economistas que trouxeram contribuição
empírica ao conhecimento econômico têm se constituído na grande maioria dos agraciados
com o Nobel de Economia.
CAPÍTULO 3
5. AGENTES ECONÔMICOS – FAMÍLIAS, EMPRESAS E SETOR PÚBLICO
Os agentes econômicos - as famílias, as empresas e o setor público - são os responsáveis
pela atividade econômica. Em relação ao seu comportamento, supõe-se que são coerentes
quando tomam decisões.
5.1. A atividade econômica e os agentes econômicos
A atividade econômica concretiza-se na produção de ampla gama de bens e serviços, cujo
destino último é a satisfação das necessidades humanas. Os homens, mediante sua
capacidade de trabalho são os organizadores e executores da produção.
As atividades produtivas numa sociedade contemporânea realizam-se por meio de
numerosas unidades de produção ou empresas, cada uma das quais emprega trabalho,
capital e recursos naturais, procurando obter bens e serviços. Por meio das unidades de
produção se faz possível o fenômeno da divisão do trabalho.
A organização dos fatores produtivos (terra, trabalho e capital) dentro das empresas, assim
como a direção de suas atividades, recai sobre pessoas ou grupos de caráter privado ou
público.
Na economia, os diversos papéis que desempenham os agentes econômicos, isto é, as
famílias ou unidades familiares, as empresas e o setor público, podem ser agrupados em
três grandes setores:
O setor primário: abrange as atividades que se realizam próximas às base dos
recursos naturais, isto é, as atividades agrícolas, pesqueiras, pecuárias e extrativas.
22. APOSTILA DE ECONOMIA
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O setor secundário: inclui as atividades industriais, mediante as quais são
transformados os bens.
O setor terciário ou de serviços: reúne as atividades direcionadas a satisfazer
necessidades de serviços produtivos que não se transformam em algo material.
Esquema 2:
Primário: agricultura, pesca e mineração.
Setores Econômicos Secundário: indústria e construção.
Terciário: serviços, comércio, transporte, bancos etc.
Os diferentes agentes econômicos podem ser classificados como privados e públicos:
Agentes privados básicos: são as famílias e as empresas.
o Famílias: Formada pela população economicamente ativa – segmento da
população apta para o exercício das atividades de produção. No Brasil de 16 a
65 anos.
o Empresas: Para onde convergem os recursos de produção, para geração de
bens e serviços que atenderão às necessidades de consumo e acumulação da
sociedade.
Agente público: são o governo as instituições.
o Governo: Agente coletivo que gerencia o processo produtivo como um todo e
efetua investimentos com a renda gerada pelos tributos para proporcionar a
oferta de bens e serviços coletivos à sociedade.
o Instituições: Jurídicas, políticas e sociais que buscam organizar e direcionar as
atividades econômicas dentro dos princípios básicos do sistema em que a
economia está inserida.
Esquema 3:
Empresas
Setores Econômicos Famílias (Unidades familiares)
Setor público
23. APOSTILA DE ECONOMIA
Página 23 de 71
CAPÍTULO 4
6. CONCEITO DE SISTEMA ECONÔMICO
De um ponto de vista global, no Brasil a economia funciona de uma forma diferente das
economia de outros países, como os EUA, Rússia ou Etiópia. A forma de comprar e vender
determinados bens, os impostos que se tem de pagar, o tipo de maquinaria utilizada pelas
empresas, e muitas outras coisas são diferentes. Podemos, dizer também que, salvo as
diferenças, nossa economia se parece mais com a de uns países (por exemplo, Argentina)
do que com a de outros (por exemplo, Cuba).
Essas diferenças ou semelhanças no funcionamento global da economia são explicadas
pelos economistas, que utilizam o conceito de sistema econômico.
Lembre-se: Sistema econômico é o conjunto de relações técnicas, básicas e
institucionais que caracterizam a organização econômica de uma sociedade.
Essas relações condicionam o sentido geral das decisões fundamentais que se formam em
toda a sociedade e os ramos predominantes de sua atividade. Todo sistema econômico
deve tratar de responder às três perguntas seguintes:
Que bens e serviços produzir e em que quantidade? Deve-se escolher entre mais
estradas ou mais hospitais ou deve-se produzir mais alimentos ou mais bens de
capital?
Como produzir tais bens e serviços? Toda sociedade deve determinar quem vai
ser responsável pela produção, que meios de técnicas serão empregados e quais
serão os métodos e organização seguidos no processo produtivo?
Quem consumirá os bens e serviços produzidos? Como vai se distribuir o total da
produção nacional entre os diferentes indivíduos e famílias?.
Para responder às perguntas anteriores, existem basicamente dois mecanismos ou
sistemas:
24. APOSTILA DE ECONOMIA
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Sistema de mercado: onde a tomada de decisão sobre o que produzir, quanto
produzir e como produzir fica a critério da sociedade como um todo, prevalecendo as
forças das leis da Oferta e da Demanda.
Sistema de planificação central: onde as decisões ficam centralizadas com o
governo que centraliza e planifica o processo produtivo (Antigo sistema socialista da
Rússia).
Em qualquer dos casos, deve-se salientar que o sistema econômico define o compasso do
desenvolvimento e da sociedade em seu conjunto. Seria um erro pensar que as
comunidades escolhem um dos sistemas e os adotam de uma vez por todas. A opção por
um sistema ou outro é fruto de todo um processo histórico, sendo, portanto, complexa a
análise dos fatores determinam a escolha de um sistema econômico por uma comunidade.
Figura 1: O que produzir? Canhões ou manteiga?
A Curva ou Fronteira de Possibilidades de Produção, apresentada acima na Figura 1 mostra
a combinação de dois bens, "canhões' e "manteiga", que podem ser produzidos em uma
economia, dadas as limitações dos fatores produtivos (terra, trabalho e capital). Os
diferentes sistemas econômicos dispõem de mecanismos diferentes para escolher a opção
considerada mais oportuna, porém devem respeitar sempre os limites que fixam a fronteira
de possibilidades de produção.
Canhões (milhares de unidades)
Manteiga(milharesdetoneladas)
30
25
20
15
10
5
1 2 3 4 5 6
25. APOSTILA DE ECONOMIA
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7. NOÇÕES DE MICROECONOMIA
A Microeconomia, ou Teoria dos Preços, analisa a formação de preços no mercado, ou
seja como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preço e a quantidade de
um determinado bem ou serviço em mercados específicos.
Assim, enquanto a Macroeconomia enfoca o comportamento da Economia como um
todo, considerando variáveis globais como consumo agregado, renda nacional e
investimentos globais, a análise Microeconômica preocupa-se com a formação de
preços de bens e serviços (soja, automóveis) e de fatores de produção (salários,
aluguéis, lucros) em mercado específicos.
A Teoria Econômica não dever ser confundida com economia de empresas, pois tem
enfoque distinto. A Microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da demanda na
formação do preço no mercado, isto é, o preço sendo obtido pela interação do conjunto de
consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou serviço. Do
ponto de vista da economia de empresas, onde se estuda uma empresa específica,
prevalece a visão contábil-financeira na formação do preço de venda de seu produto,
baseada principalmente nos custos de produção, enquanto a Microeconomia prevalece a
visão do mercado.
A abordagem econômica se diferencia da contábil mesmo quando são abordados os custos
de produção, pois o economista analisa não só os custos efetivamente incorridos, mas
também aqueles decorrentes das oportunidades sacrificadas, ou seja dos custos de
oportunidades ou implícitos. Os custos de produção do ponto de vista econômico não são
apenas os gastos ou desembolsos financeiros incorridos pela empresa (custos explícitos),
mas também quanto as empresas gastariam se tivessem de alugar ou comprar no mercado
insumos que são de sua propriedade (custos implícitos).
7.1. Pressupostos básicos da análise microeconômica
Para analisar um mercado específico a Microeconomia se vale da hipótese de “tudo o mais
permanece constante” (em latim Ceteris ou Coeteris paribus). O foco de estudo é
dirigido apenas àquele mercado, analisando-se o papel que a oferta e a demanda nele
exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou que não interfiram de
maneira absoluta.
26. APOSTILA DE ECONOMIA
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Adotando-se essa hipótese, torna-se possível o estudo de um determinado mercado
selecionando-se apenas as variáveis que influenciam os agentes econômicos –
consumidores e produtores – nesse particular mercado, independentemente de outros
fatores, que estão em outros mercados, poderem influenciá-los. Sabemos, por exemplo, que
a procura de uma mercadoria é normalmente mais afetada por seu preço e pela renda dos
consumidores. Para analisar o efeito do preço sobre a procura, supomos que a renda
permaneça constante (ceteris paribus). Da mesma forma, para avaliar a relação entre a
procura e a renda dos consumidores, supomos que o preço da mercadoria não varie.
Temos, assim, o efeito “puro” ou “líquido” de cada uma dessas variáveis.
7.2. Aplicações da análise microeconômica
A análise microeconômica, ou Teoria dos Preços, como parte da ciência econômica,
preocupa-se em explicar como se determina o preço dos bens e serviços, bem como dos
fatores de produção. O instrumental microeconômico procura responder, também a
questões aparentemente triviais, por exemplo, por que, quando o preço de um bem se
eleva, a quantidade demandada desse bem deve cair, ceteris paribus.
Entretanto deve-se salientar que, se a Teoria Microeconômica não é um manual de técnicas
para a tomada de decisões do dia a dia, mesmo assim ela representa uma ferramenta útil
para estabelecer políticas e estratégias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto no
âmbito das empresas quanto no de política econômica.
Relativamente às empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as seguintes
decisões:
Política de preços da empresa.
Previsões de demanda e de faturamento.
Previsão de custos de produção.
Decisões ótimas de produção (escolha da melhor alternativa de produção, isto é, da
melhor combinação de fatores de produção).
Avaliação e elaboração de projetos de investimentos (análise custo-benefício da
compra de equipamentos, ampliação da empresa, etc.).
27. APOSTILA DE ECONOMIA
Página 27 de 71
Política de propaganda e publicidade (como as preferências dos consumidores
podem afetar a procura do produto).
Localização da empresa (se a empresa deve situar-se próxima aos centros
consumidores ou aos centros fornecedores de insumos).
Diferenciação de mercado (possibilidades de preços diferenciados, em diferentes
mercados consumidores do mesmo produto).
No âmbito da política econômica, a Teoria Microeconômica pode contribuir na análise e
tomada de decisões das seguintes questões:
Efeitos de impostos sobre mercados específicos.
Política de subsídios (nos preços de produtos como trigo e leite, ou na compra de
insumos como máquinas, fertilizantes etc.).
Fixação de preços mínimos.
Controle de preços.
Política salarial.
Política de tarifas públicas (água, luz, etc.).
Política de preços públicos (petróleo, aço, etc.).
Leis anti-truste (controle de lucros de monopólios e oligopólios).
Como se observa, são decisões necessárias ao planejamento estratégico das empresas e à
política e programação econômica do setor público.
Evidentemente, a contribuição Microeconômica está associada à utilização de outras
disciplinas, como a Estatística, Matemática Financeira, a Contabilidade e mesmo a
Engenharia, de forma a dar conteúdo empírico a suas formulações e conceitos teóricos.
7.3. Divisão do estudo econômico
A Teoria econômica consiste nos seguintes tópicos:
a) Análise da Demanda: A teoria da demanda ou procura de uma mercadoria ou
serviço divide-se em Teoria do Consumidor (demanda individual) e Teoria da
Demanda de Mercado.
28. APOSTILA DE ECONOMIA
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b) Análise da Oferta: A teoria da oferta de um bem ou serviço também subdivide-se em
Oferta da Firma Individual e Oferta de Mercado. Dentro da análise da oferta da firma são
abordadas a Teoria da Produção, que analisa as relações entre quantidades físicas, entre
os produtos e os fatores de produção, e a Teoria dos Custos de Produção, que incorpora,
além das quantidades físicas, os preços dos insumos.
c) Análise das estruturas de Mercado: A partir da demanda e da oferta de mercado são
determinados o preço e quantidade de equilíbrio de um dado bem ou serviço. O preço e a
quantidade, entretanto, dependerão da particular forma ou estrutura desse mercado, ou
seja, se ele é competitivo, com muitas empresas produzindo um dado produto, ou
concentrado em poucas ou uma única empresa.
Na análise das estruturas de mercado avaliam-se os efeitos da oferta e da demanda, tanto
no mercado de bens e serviços quanto no mercado de fatores de produção. As estruturas do
mercado de bens e serviços são:
Concorrência perfeita.
Concorrência imperfeita ou monopolista.
Monopólio.
Oligopólio.
As estruturas do mercado de fatores de produção são:
Concorrência perfeita.
Concorrência imperfeita.
Monopsônio.
Oligopsônio.
Lembre-se: no mercado de fatores de produção, a procura de fatores produtivo é
chamada de demanda derivada, uma vez que a demanda por insumos (mão de
obra, capital) está condicionada, ou deriva, da procura pelo produto final da
empresa no mercado de bens e serviços.
d) Análise do Equilíbrio Geral: A teoria do equilíbrio geral leva em contar as inter-relações
entre todos os mercados, diferentemente da análise de equilíbrio parcial, que analisa um
mercado isoladamente, sem considerar sua inter-relações com os demais. Ou seja, procura-
se analisar se o comportamento independente de cada agente econômico conduz todos a
uma posição de equilíbrio global, embora todos sejam, na realidade, interdependentes.
29. APOSTILA DE ECONOMIA
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e) Teoria do Bem Estar: estuda como alcançar soluções socialmente eficientes para o
problema da alocação e distribuição dos recursos, ou seja, encontrar a “alocação ótima de
recursos”.
Há de se destacar que no estudo microeconômico analisamos as imperfeições observadas
no mercado, onde podemos observar algumas situações em que os preços são
determinados através de distorções provocadas em mercados distintos, tais como:
monopólios, oligopólios, concorrência monopolista, etc..
Na realidade, tanto a Teoria do Equilíbrio Geral e do Bem Estar com a Teoria do
Consumidor são fundamentalmente abstratas, utilizando-se com freqüência, modelos
matemáticos de razoável dificuldade. Como o objetivo é procurar fornecer conceitos básicos
de economia que dêem subsídios para a atuação no dia a dia, não trataremos destes dois
temas, que serão estudados ao final da disciplina de Teoria Microeconomia.
30. APOSTILA DE ECONOMIA
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CAPÍTULO 5
8. MODELOS ECONÔMICOS
Na escola secundária os professores de biologia ensinam anatomia básica usando réplicas
plásticas do corpo humano. Esses modelos permitem ao professor mostrar a seus alunos,
de uma forma simples, como se encaixam as partes importantes do corpo. Naturalmente,
esses modelos plásticos não são corpos humanos de verdade e ninguém confundiria o
modelo com uma pessoa. Esses modelos são estilizados e omitem vários pormenores.
Contudo, a despeito dessa falta de realismo - na verdade, devido a essa falta de realismo -
estudar esses modelos é útil para aprender como o corpo humano funciona.
Os economistas também usam modelos para aprender o funcionamento do mundo, mas em
vez de serem de plástico, os modelos econômicos postos de diagramas e equações. Como
os modelos de plástico do professor de biologia, os modelos econômicos omitem muitos
detalhes para permitir uma visão do que é realmente importante. Da mesma forma que o
modelo de plástico de biologia não inclui todos os músculos e vasos capilares, os modelos
do economista não incluem todos os aspectos da economia.
À medida que formos usando modelos para examinar vários problemas econômicos você
verá que esses modelos são construídos com hipóteses. Da mesma forma que o físico
começa a análise da queda da bolinha de gude afastando a existência do atrito, os
economistas afastam muitos dos pormenores da economia que são irrelevantes para a
questão em pauta. Todos os modelos – na física, na biologia ou na economia – simplificam
a realidade para melhorar sua compreensão.
8.1. Primeiro modelo: Diagrama do Fluxo Circular da Renda
A economia é constituída de milhões de pessoas envolvidas em muitas atividades: compra,
venda, trabalho, locação, produção e assim por diante. Para entender como funciona a
economia precisamos encontrar alguma forma de simplificar o quadro de tais atividades. Em
outras palavras, precisamos de um modelo que explique, em termos gerais, como se
organiza a economia.
A Figura 2 apresenta um modelo visual da economia chamado diagrama do fluxo circular da
renda. Neste modelo, a economia compreende dois tipos de tomadores de decisões -
famílias e empresas. As empresas produzem bens e serviços usando vários insumos, tais
31. APOSTILA DE ECONOMIA
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como trabalho, terra e capital (prédios e máquinas). Esses insumos são chamados fatores
de produção. As famílias são as proprietárias dos fatores de produção e consomem todos os
bens e serviços produzidos pelas empresas.
Fonte: Mankiw, N. Gregory. Introdução à Economia. P. 23.
Figura 2: O diagrama do fluxo circular da renda
O diagrama do fluxo circular da renda oferece uma forma simples de organizar todas as
transações econômicas que ocorrem em torno das famílias e das empresas na economia.
Mercados de
Bens e Serviços
as empresas vendem
as famílias compram
Empresas
produzem e vendem bens e
serviços
contratam e utilizam os fatores de
produção
Mercados de
Fatores De Produção
as famílias vendem
as empresas compram
Famílias
compram e consomem bens e
serviços
são as proprietárias de fatores de
produção e os vendem
DespesaReceita
Bens e serviços
vendidos
Bens e serviços
comprados
Insumos para a
produção
Terra, Trabalho
e capital
Renda
Fluxo de moeda
Salários, Aluguéis
e lucros
Fluxo de bens e serviços
32. APOSTILA DE ECONOMIA
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Observe que as famílias e as empresas interagem em dois tipos de mercados. Nos
mercados de bens e serviços as famílias são compradoras e as empresas, vendedoras. Em
outras palavras, as famílias compram os bens e serviços produzidos pelas empresas.
Nos mercados de fatores de produção, as famílias são vendedoras e as empresas,
compradoras. Nestes mercados, as famílias oferecem às empresas os insumos necessários
à produção de bens e serviços.
No circuito interno do diagrama, as empresas usam os fatores para produzir bens e serviços
que, por sua vez, são vendidos às famílias nos mercados de bens e serviços. Portanto, os
fatores de produção fluem das famílias para as empresas, e os bens e serviços fluem das
empresas para as famílias.
O circuito externo do diagrama mostra o fluxo em dinheiro. As famílias gastam dinheiro para
comprar bens e serviços oferecidos pelas empresas. As empresas usam parte da receita de
suas vendas para pagar os fatores de produção, como, por exemplo, salários aos
funcionários. O que sobra é lucro dos donos das empresas, que por sua vez são membros
das famílias. Portanto, a despesa com bens e serviços flui das famílias para as empresas e
a renda, em forma de salários, de aluguéis e de lucros, flui das empresas para as famílias.
O diagrama do fluxo circular da renda é um modelo simples da economia. Deixa de lado
vários elementos que em certas circunstâncias são importantes. Um modelo de fluxo circular
da renda mais complexo e realista incluiria, por exemplo, o governo e o comércio
internacional. Contudo, esses aspectos não são cruciais para um entendimento básico da
forma de organização da economia. Em função de sua simplicidade é útil ter em mente o
diagrama do fluxo circular da renda quando se quer pensar sobre a forma como as peças da
economia se encaixam.
8.2. Segundo Modelo: Fronteira de Possibilidades de Produção
A maioria dos modelos econômicos é construída, ao contrário do fluxo circular da renda,
com os instrumentos da matemática. Aqui trataremos do mais simples de tais modelos,
chamado Fronteira de Possibilidades de Produção, e veremos como este modelo ilustra
algumas idéias econômicas básicas.
Embora no mundo real as economias produzam milhares de bens e serviços, imaginemos
uma economia que produz apenas dois bens – automóveis e computadores. As indústrias
automobilísticas e de computadores utilizam, em conjunto, todos os fatores de produção da
economia. A fronteira de possibilidades de produção é um gráfico que mostra as várias
33. APOSTILA DE ECONOMIA
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combinações de produto – neste caso, automóveis e computadores – que a economia pode
produzir potencialmente, dados os fatores de produção e a tecnologia disponíveis para as
empresas que transformam esses insumos em bens.
A Figura 3, apresentada abaixo, é um exemplo de fronteira de possibilidades de produção.
Fonte: Mankiw, N. Gregory. Introdução à Economia. P. 25
Figura 3: Modelo de Possibilidades de Produção
Nesta economia, se todos os recursos forem usados pela indústria automobilística, a
economia produzirá mil carros e nenhum computador. Se todos os recursos forem usados
pela indústria de computadores, serão obtidos 3 mil computadores e nenhum automóvel. Os
dois pontos finais da fronteira de possibilidades de produção representam estas
possibilidades extremas.
Se a economia dividir seus recursos entre ambas as indústrias, poderá produzir 700
automóveis e 2 mil computadores, o que está indicado, na figura, pelo ponto A. Já o ponto D
é inviável porque a economia não tem recursos para sustentar esse nível de produção. Em
outras palavras, a economia pode produzir em qualquer ponto sobre, ou dentro, da fronteira
de possibilidades de produção, mas não pode produzir em pontos fora da fronteira.
Quantidade produzida
de computadores
Quantidade produzida de automóveis
0
3.000
2.200
2.000
1.000
300 600 700 1.000
Fronteira de
possibilidades de
produção
B
C
A
D
34. APOSTILA DE ECONOMIA
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Diz-se que há eficiência se a economia está obtendo tudo o que for possível a partir dos
recursos escassos disponíveis. Pontos situados sobre a (mais do que dentro da) curva da
fronteira de possibilidades de produção representam níveis de produção eficientes. Quando
a economia produz alguma dessas combinações, digamos, o ponto A, não há como produzir
mais de um bem sem reduzir a produção do outro bem. O ponto B representa uma situação
ineficiente. Por alguma razão, talvez um grande desemprego, a economia produz menos do
que o permitido pela disponibilidade de recursos: produz apenas 300 automóveis e mil
computadores. Se a causa da ineficiência fosse eliminada, a economia poderia mover-se do
ponto B para o ponto A, aumentando tanto a produção de automóveis (para 700) quanto a
de computadores (para 2 mil).
A fronteira de possibilidades de produção mostra uma decisão que se apresenta à
sociedade. Uma vez alcançados os pontos eficientes sobre a fronteira, a única maneira de
se obter mais de um bem é obtendo menos do outro. Quando a sociedade se move do
ponto A para o ponto C, por exemplo, a sociedade produz mais computadores e, em
compensação, menos automóveis.
Um princípio existente de Economia é que o custo de alguma coisa é aquilo de que
você desiste para obtê-la. Isso se chama custo de oportunidade. A fronteira de
possibilidades de produção mostra o custo de oportunidade de um bem medido em termos
do outro bem. Quando a sociedade realoca alguns dos fatores de produção da indústria
automobilística para a indústria de computadores, deslocando a economia do ponto A para o
ponto C, ela abre mão de 100 carros para obter mais 200 computadores. Em outras
palavras, quando a economia está no ponto A, o custo de oportunidade de 200
computadores é 100 automóveis.
Observe que a fronteira de possibilidades de produção da Figura é convexa. Isto significa
que o custo de oportunidade dos automóveis em termos de computadores depende de
quanto de cada bem a economia está produzindo. Quando a economia usa a maior parte de
seus recursos para fazer carros, a fronteira de possibilidades de produção é bastante
inclinada. Como até trabalhadores e máquinas mais adequados à produção de
computadores estão sendo empregados na fabricação de automóveis, cada carro do qual a
economia abre mão permite um aumento substancial na produção de computadores. Ao
contrário, quando a economia utiliza a maior parte de seus recursos para fabricar
computadores, a fronteira de possibilidades de produção é bem menos inclinada. Neste
caso, os recursos mais adequados à fabricação de computadores já se encontram na
35. APOSTILA DE ECONOMIA
Página 35 de 71
indústria de computadores e cada carro do qual a economia desiste rende apenas um
pequeno aumento no número de computadores.
A fronteira de possibilidades de produção mostra o tradeoff entre a produção de diferentes
bens em um dado período, porém o tradeoff pode mudar ao longo do tempo. Por exemplo,
se um avanço tecnológico na indústria de computadores aumenta o número de
computadores que um trabalhador pode produzir por semana, a economia pode fabricar
mais computadores para qualquer dado número de carros.
Em conseqüência, a fronteira de possibilidades de produção se desloca para fora, como na
Figura 4.
Figura 4: Deslocamento da fronteira de possibilidades de produção
Devido a esse crescimento econômico a sociedade pode deslocar a produção do ponto A
para o ponto E, usufruindo de mais computadores e de mais carros.
A fronteira de possibilidades de produção simplifica uma economia complexa para destacar
e esclarecer algumas idéias fundamentais. Nós a usamos para ilustrar algumas das idéias
sobre eficiência, tradeoff, custo de oportunidade e crescimento econômico. À medida que
Quantidade produzida
de computadores
Quantidade produzida
de automóveis
3000
4000
2100
2000
0
700 750 1000
A
E
36. APOSTILA DE ECONOMIA
Página 36 de 71
você for aprofundando o seu estudo de economia, elas aparecerão inúmeras vezes. A
fronteira de possibilidades de produção oferece uma forma simples de refletir sobre elas.
9. MICRO E MACROECONOMIA
Muitas disciplinas são estudadas em vários níveis. Pense na biologia, por exemplo. Os
biólogos moleculares estudam os compostos químicos que formam os seres vivos. Os
biólogos celulares estudam as células, que são compostas por muitos compostos químicos
e ao mesmo tempo são os formadores de organismos vivos. Os biólogos evolucionários
estudam as muitas variedades de animais e plantas e como as espécies mudam
gradualmente ao longo dos séculos.
A economia também é estudada em vários níveis. Podemos estudar as decisões de famílias
e empresas tomadas individualmente. Ou podemos estudar a interação de famílias e
empresas em mercados de produtos e serviços específicos. Ou podemos estudar o
funcionamento da economia como um todo, que é apenas o somatório das atividades dos
tomadores de decisões em todos esses mercados. O campo da economia está dividido
tradicionalmente em dois subconjuntos amplos:
A microeconomia é o estudo da tomada de decisões individual de famílias e
empresas e sua interação em mercados específicos. Um microeconomista pode
estudar os efeitos do controle dos aluguéis sobre a moradia na cidade de Nova York,
o impacto da concorrência estrangeira na indústria automobilística dos Estados
Unidos ou os impactos da freqüência obrigatória à escola sobre os salários dos
trabalhadores
A macroeconomia é o estudo de fenômenos que englobam toda a economia. Um
macroeconomista pode estudar as conseqüências do endividamento do Governo
Federal, a evolução da taxa de desemprego ao longo do tempo, ou diferentes
políticas destinadas a aumentar o padrão de vida nacional.
Micro e macroeconomia estão muito correlacionadas. Uma vez que as mudanças na
economia como um todo surgem de decisões de milhares de indivíduos, é impossível
entender os fatos macroeconômicos sem considerar as decisões microeconômicas
associadas. Por exemplo, um macroeconomista pode estudar as conseqüências de uma
37. APOSTILA DE ECONOMIA
Página 37 de 71
redução no imposto de renda sobre a produção de bens e serviços do país. Para tanto, terá
de considerar como a redução do imposto afeta as decisões das famílias acerca do quanto
gastar em bens e serviços.
Apesar da ligação entre micro e macroeconomia, os dois campos são distintos. Na
economia, como na biologia, parece natural começar a partir da unidade menor. Contudo
isto não é necessário e nem sempre é o melhor procedimento. A biologia evolucionária, em
certo sentido, baseia-se na biologia molecular porque as espécies são constituídas de
moléculas. No entanto, a biologia evolucionária e a biologia molecular são campos distintos,
cada um com suas questões e seus métodos. Da mesma forma, porque a microeconomia e
a macroeconomia tratam de questões diferentes, elas às vezes são abordadas de formas
bem diferentes e freqüentemente são ensinadas em cursos separados.
38. APOSTILA DE ECONOMIA
Página 38 de 71
CAPÍTULO 6
10. OFERTA E DEMANDA: PARTE UM
10.1. Introdução
a) Termos-chave
Lei da demanda: a quantidade demandada e o preço estão inversamente
relacionados, ou seja, com tudo o mais constante, a demanda é maior quando o
preço é menor e diminui quando o preço aumenta.
Lei da oferta: em geral a quantidade ofertada e o preço estão diretamente
relacionados: com tudo o mais constante, a oferta é maior quando o preço é mais
alto e menor quando o preço é mais baixo.
Preço de equilíbrio: ou preço de equilíbrio de mercado: preço ao qual quantidade
demandada é igual à quantidade vendida.
Quantidade demandada: quantidade máxima de um bem que os compradores
estão dispostos a adquirir por certo preço (num intervalo fixo de tempo).
Quantidade ofertada: quantidade máxima de um bem que os vendedores estão
dispostos a fornecer por certo preço (num intervalo fixo de tempo).
b) Como estudar a oferta e a demanda
Para compreendermos melhor a oferta e a demanda, devemos lembrar:
Oferta e demanda referem-se a comércio: os compradores adquirem bens com
dinheiro e os vendedores ganham dinheiro vendendo bens, mas por trás dessa troca
de moeda está a troca de bens: em efeito, os compradores estão trocando o que
produzem (e vendem) pelos bens que compram.
Os que ofertam e os que demandam são diferentes: É importante distinguir os
compradores (os que demandam) dos vendedores (os que ofertam) de um bem. O
motivo é que eles reagem de modo diferente às mudanças de preço, assim como às
outras variáveis. Por exemplo, quando o preço sobe, os consumidores querem
comprar menos, e os fornecedores querem vender mais. Desta forma, é importante
compreender como e a quais variáveis cada grupo reage.
39. APOSTILA DE ECONOMIA
Página 39 de 71
Os eventos decorrentes das alterações de preço são diferentes dos que
causam as mudanças de preço: os eventos decorrentes das alterações de preço
são mostrados numa curva de oferta ou de demanda, enquanto que os que causam
as mudanças de preço são mostrados pelo deslocamento de uma velha para uma
nova curva de oferta ou de demanda.
A quantidade realmente adquirida e a vendida de um produto não precisam ser
necessariamente iguais à quantidade demandada e à ofertada: a demanda
refere-se à quantidade que os compradores estariam dispostos a adquirir por
determinados preços. A oferta refere-se à quantidade que os vendedores estariam
dispostos a vender por vários preços. Mas o fato de que eles gostariam de
comprar ou vender certa quantidade não significa que possam fazê-lo. Por
exemplo, se o preço do Cadillac fosse $5, a maioria das pessoas gostaria de
comprar alguns, mas isso não quer dizer que possam fazê-lo. Portanto a quantidade
demandada não é necessariamente igual à quantidade comprada.
Lembre-se: a quantidade demandada não é necessariamente igual à quantidade
comprada.
c) O Preço
O preço pertinente de um bem é seu preço relativo: o preço do bem com relação ao preço
de outros bens. O preço relativo do bem A nos diz de quantas unidades devemos desistir do
bem B para obter mais uma unidade do bem A.
Exemplo: Cálculo do preço relativo em valores monetários
Problema: Se o preço de um televisor é $ 200 e o de um microcomputador é $ 2.000 qual o
preço relativo do televisor? E do computador?
Solução: Divida o preço do bem em questão pelo preço do bem de que se desiste. O preço
relativo do televisor é de um décimo do valor do computador, e o preço relativo do
computador é o de 10 televisores.
Quando os economistas dizem que a oferta e a demanda reagem às alterações de preço,
estão falando sobre as alterações dos preços relativos. Mas o que aconteceria se todos os
preços duplicassem (incluindo salários e renda)? Nesse caso os preços permaneceriam
constantes: nem a demanda nem a oferta sofreriam alteração.
Lembre-se: O preço relevante de um bem é seu preço relativo. O preço relativo do
bem A é a quantidade do(s) outro(s) bem(ns) de que desistimos para obter mais uma
40. APOSTILA DE ECONOMIA
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unidade do bem “A”. É calculado dividindo-se o preço do bem A pelo preço do(s)
outro(s) bem(ns).
10.2. A Demanda e a Lei da Demanda
A quantidade demandada é a quantidade máxima que os compradores estão
dispostos a adquirir por determinado preço. Essa quantidade não precisa ser
necessariamente igual à de fato adquirida. Milhões de pessoas gostariam de comprar um
Mercedes-Benz novo se custasse $100, mas não é possível adquiri-lo a esse preço.
O preço de demanda para certa quantidade de um bem é o maior preço que os
compradores estariam dispostos a pagar pela última unidade dessa quantidade. Se o preço
de demanda de 1.000 laranjas for $ 1, os compradores estão dispostos a pagar no máximo
$1 pela milésima laranja. O preço de demanda reflete o benefício marginal. Ou seja, a
milésima laranja vale $1 para os compradores, e esse é o máximo que estão a dispostos a
pagar por ela.
A lei da demanda afirma que, quando o preço aumenta, a quantidade demandada
diminui, supondo-se que tudo o mais permaneça constante.
Esse “tudo o mais” são os demais determinantes da demanda, com exceção do preço,
incluindo outros fatores como renda e preferência do consumidor.
Com tudo o mais constante, dizemos que a quantidade demandada e o preço têm uma
relação inversa ou negativa. Se o preço aumenta, a quantidade demandada cai, e quando o
preço diminui, a quantidade demandada aumenta.
a) Por que a Lei da Demanda se mantém:
O efeito do comprador adicional. Um preço mais baixo atrai mais compradores.
O efeito da renda do preço mais baixo. Um preço menor permite que os
compradores adquiram o mesmo número de bens com menos dinheiro. O dinheiro
que sobra equivale a ter mais renda, e parte dela pode ser destinada à compra de
mais unidades do bem.
O efeito substituição de um menor preço. Um preço relativo mais baixo significa
que o consumidor desiste de adquirir outros bens em favor daquele cujo preço foi
reduzido, o que significa um incentivo à troca.
41. APOSTILA DE ECONOMIA
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Lembre-se:
A quantidade demandada é a quantidade máxima que os compradores estão
dispostos a adquirir por determinado preço. Essa quantidade não precisa ser
necessariamente igual à de fato adquirida por aquele preço: pode-se comprar
menos, não mais.
A lei da demanda se mantém por causa do efeito do comprador adicional, do
efeito renda e do efeito substituição.
O preço de demanda de um bem reflete seu benefício marginal para o
comprador. É o maior preço que ele estaria disposto a pagar pela última
unidade (ou unidade marginal) de uma determinada quantidade desse bem.
b) A Curva de Demanda
A curva de demanda mostra a quantidade demandada de determinado bem a vários
níveis de preço, supondo-se que os demais determinantes da demanda, como a renda
do consumidor, permanecerão inalterados. A Tabela 1 mostra a demanda por trigo.
*Dados hipotéticos.
A $ 0,90, os compradores vão adquirir no máximo 45 sacos. Quando o preço diminuir para $
0,85, comprarão no máximo 65 sacos. Dizemos que "a quantidade demandada aumentou"
em 10 sacos em conseqüência da variação de preço. Nós não dizemos que "a demanda
subiu" em 20 sacos, porque a "demanda" (isto é, a curva da demanda) não mudou. Também
dizemos que o benefício marginal do 85º saco de trigo é de $ 0,80, e do 105º saco é de $
0,75.
Tabela 1: Determinando a demanda com base no preço
Preço
(Centavos por saco)
Quantidade demandada
(sacos por mês)
Ponto na Figura 5
$ 90 45 A
$ 85 65 B
$ 80 85 C
$ 75 105 D
$ 70 125 E
42. APOSTILA DE ECONOMIA
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Figura 5: Lei da demanda mostrada pela curva de demanda
Procedimento padrão para construir a Curva de Demanda
a) Comece com qualquer preço da Tabela 1. Situe o preço no eixo vertical da Figura
continue horizontalmente para a direita até que a quantidade do eixo horizontal
esteja de acordo com o preço da Tabela 3.1. Marque esse ponto.
b) Faça o mesmo para cada um dos preços.
c) Una os pontos com uma reta ou curva.
Lembre-se: A curva de demanda mostra o efeito do preço sobre a quantidade que
os compradores estão dispostos a adquirir (os demais determinantes permanecem
constantes, para que o foco fique nos efeitos da alteração de preço). Conforme nos
deslocamos ao longo da curva de demanda, a quantidade demandada aumenta à
medida que o preço diminui, mas a demanda (isto é, a curva de demanda)
permanece inalterada.
Quantidade demandada (sacos por mês)
Preço(centavosporsaco)
85
90
80
75
70
45 65 85 105 125
A
C
B
D
E
Curva de demanda
43. APOSTILA DE ECONOMIA
Página 43 de 71
10.3. A Oferta e a Lei da Oferta
A quantidade ofertada é a quantidade máxima que os vendedores estão dispostos a
vender por determinado preço. Ela não precisa ser necessariamente igual à quantidade
de fato vendida. Por exemplo, se um carro custasse 1 milhão a Ford ficaria extremamente
feliz em vender o triplo da produção atual, mas poucos carros seriam realmente vendidos.
O preço de oferta para certa quantidade é o menor preço pelo qual os vendedores estão
dispostos a fornecer a unidade dessa quantidade. O preço de oferta reflete o custo marginal.
Se o custo marginal da milésima unidade for $ 2, o preço de venda de 1.000 unidades será
$ 2. É o menor preço pelo qual os vendedores estariam dispostos a produzir tal unidade e as
outras 999 unidades. (Isso pressupõe que o custo marginal seja constante ou crescente.)
A Lei da Oferta afirma que a quantidade ofertada vai aumentar quando o preço subir e
diminuir quando o preço cair.
O preço e a quantidade oferecida tem uma relação direta (ou positiva). Quando o primeiro
aumenta, o mesmo corre com o outro, e vice-versa. Em qualquer curva de oferta, os demais
determinantes, com exceção do preço (por exemplo, tecnologia e salários), permanecem
constantes.
Em geral um preço maior de mercado provoca o aumento da quantidade oferecida por dois
motivos:
A elevação do preço aumenta o lucro dos vendedores, fazendo com que queiram
vender mais.
A elevação do preço atrai novos fornecedores.
Lembre-se:
A quantidade ofertada é a quantidade máxima que os fornecedores estão
dispostos a vender por um determinado preço. Ela não precisa ser
necessariamente igual à quantidade de fato vendida por aquele preço - podem
ser vendidas menos unidades, não mais.
A lei da oferta afirma que a quantidade ofertada aumenta quando os preços
sobem e diminui quando os preços caem.
O preço de oferta reflete o custo marginal do bem.
44. APOSTILA DE ECONOMIA
Página 44 de 71
a) A curva de oferta
A curva de oferta mostra a quantidade oferecida a vários preços, mantendo-se
constantes os demais determinantes da oferta. A Tabela 2 mostra a oferta de trigo.
*Dados hipotéticos.
A $ 0,80, os vendedores estão dispostos a oferecer no máximo 85 unidades, mas a $ 0,85
estão dispostos a oferecer mais 15 unidades. Dizemos que "a quantidade oferecida
aumentou" em 15 sacos. Não dizemos que a “oferta” aumentou, pois a oferta (isto é, a curva
de oferta) não sofreu alteração. O custo marginal da 85º unidade é $ 0,80. Esse é o menor
preço aceitável para os vendedores, pois cobre o custo marginal.
A Figura 6 nos mostra o gráfico dos dados da Tabela 2. Construímos curva de oferta
seguindo o mesmo procedimento usado na curva de demanda da Figura 5.
Figura 6: Lei da oferta mostrada pela curva de oferta
LEMBRE-SE: A curva de oferta mostra o efeito do preço sobre a quantidade que os
vendedores estão dispostos a fornecer Os demais determinantes, exceto o preço,
permanecem constantes, de modo que só sejam vistos os efeitos da variação de
preço. Mas a oferta (isto é, a curva de oferta) permanece constante.
Tabela 2: A oferta de Trigo
Preço
(centavos por saco)
Quantidade ofertada
(sacos por mês)
Ponto na Figura 6
90 115 A
85 100 B
80 85 C
75 70 D
70 55 E
Quantidade ofertada (sacos por mês)
Preço(centavosporsaco)
85
90
80
75
70
55 70 85 100 115
A
C
B
D
E
Curva de oferta
45. APOSTILA DE ECONOMIA
Página 45 de 71
CAPÍTULO 7
11. OFERTA E DEMANDA: PARTE DOIS
11.1. Termos-chave
Bem inferior: um bem que as pessoas procuram menos quando sua renda
aumenta, ou seja, sua demanda cai quando a renda aumenta (produtos de baixa
qualidade geralmente se encaixam nesta categoria).
Bem normal: um bem que as pessoas demandam mais quando sua renda aumenta.
A maioria dos produtos “normalmente” age desta forma, tendo sua demanda
aumentada quando a renda aumenta.
Bens complementares: dois bens que se complementam (como martelos e pregos,
alface e molho para salada, carros e gasolina). Quando o preço de um sobe, a
quantidade demandada do outro cai.
Deslocamento da demanda: modificação da curva de demanda de modo que se
demande uma quantidade diferente a cada preço. As curvas só se deslocam quando
muda alguma variável que não seja o preço (isto é, um determinante que não seja o
preço).
Bens substitutos: dois bens que competem entre si (como manteiga e margarina,
álcool e gasolina. Quando o preço de um deles aumenta, a quantidade demandada
do outro também aumenta.
11.2. A diferença entre deslocamentos e movimentos econômicos
Uma das distinções mais importantes que precisamos fazer em economia é:
Movimento ao longo da curva de demanda: é o movimento ao longo de uma
determinada curva de demanda, verificando os efeitos que diferentes preços tem
sobre a quantidade que as pessoas querem comprar.
Deslocamento da curva da demanda: É a mudança de lugar da curva de demanda,
isto é, ela é deslocada para a esquerda ou para a direita em conseqüência da
alteração de alguma variável que não seja o preço. Novamente, note que alguns
textos se referem a um, “deslocamento da demanda” como sendo uma "mudança da
demanda”. Neste capítulo focalizamos os deslocamentos da oferta e da demanda.
46. APOSTILA DE ECONOMIA
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Outra distinção importante é a que precisa ser feita entre os que demandam e os que
ofertam um bem. A diferente reação deles ao preço é vista na curva de oferta e de
demanda. Pode ser útil você imaginar que os que demandam e os que ofertam bens estão
em salas separadas. Um intermediário entra em cada sala e pergunta respectivamente
quanto vão comprar ou vender a cada preço.
As curvas de oferta e de demanda mostram as respostas. O preço fica definido quando a
demanda é igual à oferta. Aí acontece alguma coisa que faz com que as respostas mudem.
As respostas dos que demandam são alteradas por fatos que alteram sua disposição de
pagar pelo bem em questão. As respostas dos que ofertam o bem são afetadas por fatos
que alteram o custo de produção. Depois do fato ocorrido, o intermediário entra novamente
nas duas salas e pergunta novamente quanto estão dispostos a vender ou comprar a cada
preço. O resultado é uma nova curva (ou curvas), e um novo preço de equilíbrio de
mercado.
11.3. Fatores de deslocamento da demanda
Quando construímos as curvas de demanda do capítulo anterior, estávamos considerando
que os determinantes da demanda, exceto o preço, são constantes. O que vai acontecer se
mudarem?
a) Procedimento padrão para deslocar a Curva de Demanda
Quantidade (toneladas)
Preço(porhora)
$ 1,50
1,40
1,30
1,20
1,10
1,00
60 70 80 90 100 110 120
O
O
D’ (Nova curva de demanda)
D (Antiga curva
de demanda)
D
D’
H
F
A
C
B
G I
47. APOSTILA DE ECONOMIA
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Figura 7: Efeitos de um aumento da demanda
1. Elabore um diagrama da oferta e da demanda e indique o preço e produção de equilíbrio
traçando uma linha de preço (perpendicular ao eixo vertical, a partir da interseção entre
as curvas de oferta e de demanda. Por exemplo a reta AF da Figura 7) e uma linha de
produção (perpendicular ao eixo horizontal, traçada a partir da mesma interseção. Por
exemplo, a reta AG da Figura 7).
2. Mantendo-se o preço constante, pergunte a si mesmo se um evento específico poderá
aumentar ou diminuir a quantidade de pessoas dispostas a consumir. Se tal evento
provocar a queda da demanda, elabore urna nova curva de demanda à direita da antiga,
como na Figura 7. Se, pelo contrário, houver aumento da demanda, elabore a nova curva
de demanda à esquerda da antiga, corno na Figura 7.
3. Encontre a nova interseção e indique o novo preço de equilíbrio e produção como no
Passo 1 (por exemplo, com as retas BH e BI da Figura 7).
A Tabela 3 relaciona os principais fatores que deslocam a curva de demanda e descreve
seus efeitos.
Tabela 3: Principais fatores que deslocam a Demanda
Fator Mudança no fator Efeito sobre a demanda
Renda do consumidor:
Bem normal
Renda aumenta Aumento (direito)
Renda diminui Queda (esquerda)
Renda do consumidor:
Bem inferior
Renda aumenta Queda
Renda diminui Aumento
Preço dos substitutos
(P-S)
P-S sobe Aumento
P-S desce Queda
Preço do Complementar
(P-C)
P-C sobe Queda
P-C desce Aumento
População
(de compradores)
Pop. aumenta Aumento
Pop. diminui Queda
Preferências
Em direção ao bom Aumento
Afastar do bom Queda
Fonte: Wessels, Walter J. Economia. P.47.
48. APOSTILA DE ECONOMIA
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Note que os consumidores determinam quais são os bens substitutos e quais são os
complementares. (Por exemplo: se todos os consumidores decidirem usar só o pé direito
dos sapatos estes não vão ser complementares)
Lembre-se: Para determinar como um fato desloca a curva de demanda,
pergunte a si mesmo como ele vai alterar a quantidade demandada se o preço
não mudar. Um fato que aumenta a demanda desloca a sua curva para a direita;
um fato que reduz a demanda desloca a curva para a esquerda.
b) Efeitos de deslocamentos da demanda
A Figura 7 nos mostra o efeito de um aumento de demanda. Quando ela aumenta as
pessoas querem comprar uma quantidade maior de mercadorias por qualquer preço. A
curva de demanda se desloca para a direita e para fora.
A Figura 7 mostra a oferta e a demanda de queijo. Inicialmente a curva de demanda DD e a
curva de oferta é OO. O preço de equilíbrio é de $ 1,30 e a quantidade de equilíbrio é de 90
toneladas (no ponto A). Vamos supor que por algum motivo as pessoas queiram comprar
queijo a qualquer preço (por exemplo: acreditam que ele cura câncer). A $ 1,30 as pessoas
procuravam 90 toneladas de queijo; agora querem 120 (no ponto C). Similarmente, a $ 1,50,
antes queriam 80 toneladas, e agora 110. A nova curva de demanda é D’D’.
Se depois desse fato o preço continuar sendo $ 1,30, haverá um excesso de demanda de
30 toneladas de queijo (a quantidade procurada será 120 toneladas, e a quantidade
ofertada, 90) Portanto o preço vai aumentar. O excesso de demanda será eliminado a $
1,50. A produção de equilíbrio aumenta de 90 para 110 toneladas, e o novo equilíbrio está
no ponto B.
49. APOSTILA DE ECONOMIA
Página 49 de 71
A Figura 8 nos mostra o resultado de uma redução de demanda.
Figura 8: Efeitos de uma redução na demanda
Nesse caso, as pessoas comprar menos a qualquer preço. Partindo do mesmo equilíbrio (90
toneladas de queijo e o preço de $ 1,30), vamos supor que algum fato reduz a demanda (por
exemplo, as pessoas passam a acreditar que o queijo provoca ataques cardíacos). A cada
preço querem comprar menos; portanto a curva de demanda se desloca para dentro e para
a esquerda. Por exemplo a $ 1,30 as pessoas querem 30 toneladas menos que antes (de 90
para 60 toneladas no ponto E). Se o preço continuasse sendo $ 1,30 haveria um excedente
de 30 toneladas de queijo - o preço cairia. O novo preço de equilíbrio é $ 1,10, e a nova
produção de equilíbrio é 70 toneladas (correspondendo à nova interseção da oferta com a
demanda no ponto E.
c) Principais resultados do deslocamento da demanda:
Se um evento aumenta a demanda, a curva se desloca para fora e para a direita. Se
a curva de oferta não for afetada, o preço e a quantidade de equilíbrio vai aumentar.
Se um evento reduz a demanda, a curva de demanda se desloca para dentro e para
a esquerda. Se a curva de oferta não foi afetada, o preço e a quantidade de
equilíbrio vão diminuir.
Quantidade (toneladas)
Preço(porhora)
$ 1,50
1,40
1,30
1,20
1,10
1,00
60 70 80 90 100 110
120
O
O
D’ (Nova curva
de demanda)
D (Antiga curva
de demanda)
D
D’
F
A
E
50. APOSTILA DE ECONOMIA
Página 50 de 71
11.4. Fatores de deslocamento da oferta
A oferta sofre a influência de urna série de fatores diferentes dos da demanda. Basicamente,
é influenciada pelos fatores que afetam o custo unitário de produção. Vemos o efeito dos
principais fatores na Tabela 4, onde:
P = preço.
I = insumo: um insumo é algo na produção, como por exemplo matérias-primas ou
mão-de-obra.
S = produto substituto: Um produto substituto é aquele que pode ser produzido
com a mesma série (ou muito semelhante) de insumos. Um produto substituto da
gasolina é o óleo combustível, e um produto substituto do trigo é o milho. Quando o
preço do produto substituto de um bem aumenta, o custo de oportunidade da
produção aumenta.
Cj = produto conjunto: produtos conjuntos são aqueles quase sempre produzidos
em conjunto, por ser difícil produzi-los separadamente, corno por exemplo couro e
carne ou compensados e laminados de madeira.
a) Procedimento Padrão para Deslocar a Curva da oferta
1. Trace as curvas de oferta e de demanda conforme estavam antes do evento, e trace as
retas de preço e produção a partir da interseção da oferta e da demanda.
2. Mantendo o preço constante, verifique se o evento vai aumentar ou reduzir a quantidade
ofertada ao nível de preço do Passo 1. Se aumentar, trace a nova curva de oferta à
direita da primeira, como na Figura 9. Se o evento reduzir a quantidade ofertada, trace a
nova curva à esquerda, como na Figura 10. Às vezes é melhor manter a quantidade
constante e verificar se o preço de oferta vai subir ou descer. Se subir trace a nova curva
de oferta à esquerda da anterior; se descer, a nova curva ficará à direita.
3. Identifique a nova interseção da demanda e da oferta traçando as novas retas de preço e
produção.
51. APOSTILA DE ECONOMIA
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Tabela 4: Principais fatores que deslocam a Oferta
Fator Mudança no fator Efeito sobre a oferta
Tecnologia
Mais eficiência Aumenta
Menos eficiência Diminui
Preço dos insumos
(P-I)
P-I aumenta Diminui
P-I diminui Aumenta
Número de firmas
Número aumenta Aumenta
Número diminui Diminui
Preço dos produtos
(P- S)
P-S aumenta Diminui
P-S diminui Aumenta
Preço dos produtos
Conjuntos (P-Cj)
P-Cj aumenta Aumenta
P-Cj diminui Diminui
Fonte: Wessels, Walter J. Economia. P.50.
Lembre-se: para determinar como um evento vai afetar a oferta, verifique como
a quantidade ofertada mudará se os preços permanecerem constantes.
Alternativamente, mantendo a produção constante, verifique se o preço da
oferta vai aumentar ou diminuir. Se diminuir, a oferta vai aumentar, se subir, a
oferta vai diminuir. Um evento que aumenta a oferta desloca a curva da oferta
para a direita. Um evento que reduz a oferta desloca a curva para a esquerda.
b) Efeitos do deslocamento da oferta
A Figura 9 nos mostra os efeitos de um aumento da oferta.
Figura 9: Efeitos de um
aumento da oferta
Inicialmente, o equilíbrio está no ponto A, onde o preço é $ 1,30 e a produção é 90
toneladas de queijo. Aí algum fato gera o aumento da oferta de queijo (por exemplo, cai o
salário dos funcionários). A nova curva de oferta é O'O'. A $1,30, por exemplo, fornecedores
Quantidade (toneladas)
Preço(porhora)
1,40
1,30
1,20
1,10
1,00
60 70 80 90 100 110
120
O
D
O (Curva inicial de oferta)
DO
’
H
A
G
O’ (Nova curva de oferta)
52. APOSTILA DE ECONOMIA
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querem oferecer $ 1,10 toneladas (ponto G), 20 mais do que conseguinte, o preço. Se o
preço permanecer constante, haveria um excesso de oferta; por conseguinte, o preço cairá.
O novo equilíbrio está no ponto H, com novo preço de equilíbrio de $ 1,10 e produção de
100 toneladas.
c) Principais resultados dos deslocamentos da oferta
Um evento que aumenta a oferta causa o deslocamento da curva de oferta para fora
e para a direita. Se a curva de demanda não for afetada, o preço de equilíbrio cairá e
a quantidade de equilíbrio aumentará.
Um evento que reduz oferta causa do deslocamento da curva de oferta para dentro e
para a esquerda. Se a curva de demanda não for afetada, o preço de equilíbrio
aumentará e a quantidade de equilíbrio diminuirá.
11.5. Como erros ao analisar a oferta e a demanda: Procedimento padrão
Se você usar a seqüência lógica a seguir vai ser mais fácil evitar erros ao analisar como os
eventos afetam a oferta e a demanda.
1. Equilíbrio inicial: trace o diagrama da oferta e da demanda. Identifique o preço e a
produção de equilíbrio iniciais.
2. Evento e deslocamento: algum evento ocorre. Verifique qual seria a alteração da oferta
e da demanda se o preço não mudasse do nível inicial. Trace a nova curva de demanda
ou de oferta.
3. Excesso de oferta ou de demanda? Se o preço inicial não mudar, vai haver excesso de
oferta ou de demanda?
4. Alteração de preço: se houver excesso de demanda o preço vai aumentar e se houver
excesso de oferta, vai diminuir. Essa alteração de preço não desloca as (novas) curvas
de oferta e de demanda. Em vez disso, a variação de preço causa uma variação da
quantidade demandada e ofertada ao longo das novas curvas de oferta e de demanda.
5. Novo equilíbrio: O novo preço de equilíbrio estará no ponto no qual a demanda
intercepta a oferta. A variação de preço no Passo 4 é o que leva o mercado ao equilíbrio.