A APAV é uma organização sem fins lucrativos fundada em 1990 que apoia vítimas de crimes como violência doméstica, abuso sexual e bullying através de serviços gratuitos e confidenciais como apoio psicológico. Qualquer pessoa pode apresentar queixa à APAV por telefone, email ou presencialmente.
3. O que é e o que faz ?
Onde se localiza e
quando se fundou?
É uma organização
sem fins lucrativos e
de voluntariado, que
apoia, de forma
individualizada e
qualificada, as vítimas
de crimes, através da
prestação de serviços
gratuitos e
confidenciais.
Fundada em 25 de
Junho de 1990, é uma
instituição de âmbito
nacional .Localiza a
sua sede em Lisboa.
5. Como posso contactar
a APAV ?
Quem pode
apresentar queixa?
Por fax, carta ou e-
mail e também pelo
telefone: 707 20 0077
ou ainda ligando para
a linha 114.
Mais
informações em
www.apav.pt
É à vítima de crime que
compete apresentar
queixa;
Mas se a vítima for
menor de 16 anos, a
queixa poderá ser
apresentada pelo seu
representante legal
(normalmente os pais)
Se a vítima faleceu sem
apresentar queixa, tanto
o marido , pais, ou
descendentes da vítima o
poderão fazer.
6. “Sou educadora de infância e acho que, nós, os educadores, temos a
obrigação de estar muito atentos às crianças e ao ambiente familiar em
que vivem. Uma das meninas da minha sala sofria de frequentes
infeções urinárias e os pais não manifestavam grande interesse. Para ser
mais precisa, quem aparecia para falar comigo era a avó.
Às infeções urinárias seguiram-se algumas queixas de dores abdominais
e alguns relatos bastante estranhos. A menina fazia alguns comentários
que levaram suspeitas quanto a um possível abuso sexual por parte do
próprio pai.
7. Reuni com a minha diretora e com a psicóloga do Jardim; e decidimos
agir rapidamente. Telefonámos para o Gabinete de Apoio à Vítima e a
psicóloga de lá fez um atendimento com a menina. Havia indícios fortes
de que realmente se tratava de um abuso. A APAV fez a denúncia da
situação e informou também a Comissão de Proteção de Crianças.
Depois de uma intervenção que eu considero rápida e eficiente, a
situação foi resolvida, para já, com uma decisão da mãe da criança que a
pôs a salvo: separar-se do marido, indo morar com a avó da criança. O
mais importante era o superior interesse da criança, como muitas vezes
se falou nestes atendimentos e reuniões, nos quais várias instituições se
juntaram para impedir que o crime prosseguisse. A menina está
psicologicamente bem. Tudo foi resolvido com calma e discrição.”
Sónia, 37 anos
8. "Quando aconteceu, eu não estava à espera. Conheci-o numa festa, nas
férias. Era bonito e senti uma grande atracção por ele. Parecia ser boa
pessoa, mas, naquela mesma noite, o cordeiro despiu a pele e o lobo
apareceu. Tínhamos ido para um miradouro isolado, à procura de uns
bons momentos à frente do mar, escondidos na noite, à espera que a lua
desse ainda mais brilho àquele encontro. Romântico, não é? Enganei-me.
Durante muito tempo, culpabilizei-me por ter acreditado que aquela
noite seria a esperança de iniciar uma relação especial com alguém
especial (coisa que há muito tempo eu desejava, farta de relações que não
davam certo). Enganei-me porque, no início, conversámos, demos uns
abraços, uns beijos, mas depois tudo descambou.
Foi uma vertigem, disse-lhe que queria parar. Chamou-me de tudo, disse
que era o que queria, que estava a pedi-las desde o primeiro momento em
que eu olhara para ele na festa. Eu estava aterrada e hoje quero esquecer
o que se passou a seguir, mas não consigo
9. Depois de me ter usado como um objecto, deitou-me para fora do carro.
Andei a pé uns três ou quatro quilómetros, num estado indescritível.
Consegui bater à porta de uma colega, de quem eu nem sequer era amiga,
embora confiasse nela. Fomos ao hospital e tive a coragem de apresentar
queixa.
Ele havia de enfrentar, pelo menos, a vergonha de ser acusado do crime
que cometera. Fiz exames. Tinha medo de ter ficado seropositiva, ou
grávida.
Ando a ser acompanhada há meses. Ainda tenho pesadelos, não suporto
ver camisas aos quadrados vermelhos (como a que ele tinha, naquela
noite), nem carros da mesma marca; e, sobretudo, tenho medo de
encontrá-lo. O apoio dessa minha colega, que hoje é a minha melhor
amiga; e dos meus pais tem sido fundamental.
10. A minha psicóloga da APAV ajuda-me a perceber que eu não
tive culpa do que aconteceu, a recuperar a minha auto-estima
e a acreditar que conseguirei vencer este problema. É ainda
cedo para tudo isto, mas é preciso ir lutando. Também fiz
queixa e agora estou à espera. Não sabia que era tão duro
para uma vítima esperar. Mas espero com ajuda de quem sabe
ajudar. Muito obrigado pelo vosso apoio."
Susana N., 19 anos
11. “Os outros estavam sempre a bater-me na escola. Eu não lhes batia,
porque sou contra a violência e porque é contra a minha religião. Era
uma vítima por ser gordo e por ter muitas borbulhas na cara. Batiam-
me também por causa da minha Igreja e por eu cantar em louvor com
duas colegas de outra turma. Chamavam-me nomes e atiravam-me a
mochila para fora do autocarro. Estava sempre a perdoar-lhes, mas
cada vez era mais difícil aceitar. Não sabia o que fazer e comecei a
tirar más notas, a ter pesadelos e a não querer ir à escola. Tinha pânico
quando a segunda-feira chegava. Agora estou a ter um psicólogo das
vítimas. O meu pai decidiu que eu podia mudar de escola e eu estive de
acordo. Estou a adaptar-me à nova escola. Não sei o que vai ser o
futuro. Tenho fé, e tenho a certeza que não vou deixar que comece a
violência. Falarei com os professores, não vou isolar-me. Os outros vão
conhecer um novo Rodrigo, diferente deles, mas porreiro e capaz de
não deixar que certas coisas aconteçam. Agradeço a Deus e aos meus
pais, aos professores o apoio."
Rodrigo, 13 anos