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Autor: VIVAVOZ
                                                                        Fonte: SISP

                                                               Versão 1.0 5/04/2007




                                     ÁLCOOL


HISTÓRICO (13, 25, 29)


         O álcool é a droga psicoativa mais utilizada pela humanidade, sendo
merecedora de relatos e estudos desde o velho testamento;
         Através da história o álcool tem tido múltiplas funções, atuando como
veículo de remédios, perfumes e poções mágicas e, principalmente, sendo o
componente essencial de bebidas que acompanham os ritos de alimentação dos
povos;
         Em 385 AC, Hipocrates descreveu o uso do álcool como um fator
predisponente a várias doenças e relatou a respeito do Delirium tremens;
   Na      Europa   e    Estados   Unidos   o   consumo   de   álcool   aumentou
consideravelmente após a Revolução industrial e em função as conseqüências
deste uso abusivo e dos problemas decorrentes a ele, a opinião pública
pressionou os cientistas da época a desenvolverem pesquisas;
   O conceito de alcoolismo só surgiu no século XVIII, logo após a crescente
produção e comercialização do álcool destilado, conseqüente a revolução
industrial;
   Destaca-se dois autores no século XVIII: Benjamin Rush e Thomas Trotter, o
primeiro um psiquiatra americano, foi responsável pela frase: “Beber inicia um ato
de liberdade, caminha para o hábito e, finalmente, afunda na necessidade”, o
segundo foi quem, pela primeira vez, referiu-se ao alcoolismo como doença;
   1849 – sueco Magnus Huss, introduziu o conceitos de “alcoolismo crônico”,
estado de intoxicação pelo álcool que se apresentava com sintomas físicos,
psiquiátricos e mistos
No início do século XIX, surge no Estados Unidos o movimento chamado
“Temperança” com o objetivo de controlar o uso de álcool, esse movimento estava
estruturado nos conceitos morais da época, paralelo a isso os médicos discutiam o
conceito de doença versus moral – isso levou a proibição da fabricação e do uso
do álcool por meio da “Lei Seca” (1919-1932), após esse período um movimento
contrário levou a revogação da Lei pelo presidente Franklin Roosevelt;
   Em 1940, Jellinek divulgou suas reflexões sobre o alcoolismo e em 1960
publicou o seu clássico trabalho “The Disease Concept of Alcoholism”,
considerando o alcoolismo doença somente quando o usuário apresenta
tolerância, abstinência e perda de controle – classificou os pacientes em função do
consumo de álcool em Alfa, Beta, gama, Delta e Epsilon
   O alcoolismo foi incluído no Manual de Diagnóstico e Estatístico das
Desordens mentais (DSM-I) da Associação Psiquiátrica Americana (APA) em
1952; a segunda edição desse manual (DSM-II) seguiu a Classificação
Internacional das Doenças (CID-8) da Organização Mundial de Saúde (OMS), que
dividia os problemas em três categorias: dependência, episódios de beber
excessivo (abuso) e beber excessivo habitual;
   Em 1970, Edwards e Gross propuseram o conceito de “Síndrome de
Dependência de Álcool”;
   Em 1977 a OMS adotou a definição de dependência de             álcool como um
problema grave e contínuo.


EPIDEMIOLOGIA (11, 12)


      Amplo estudo domiciliar que englobou as 107 cidades de mais de 200 mil
habitantes – correspondendo a 47.045.907 habitantes, ou seja, 27,7% do total do
Brasil. A amostra totalizou 8.589 entrevistados em 2001:
          •   Uso na vida:
          TOTAL – 68,7%
          MASCULINO – 77,3%
          FEMININO – 60,6%
•   Prevalência de dependentes:
           TOTAL – 11,2%
           MASCULINO – 77,3%
           FEMININO – 5,7%
           •   Entre 12-17 anos, 48,3% dos entrevistados já usaram bebidas
               alcoólicas;
           •   A prevalência de dependentes maior nas regiões Norte e Nordeste,
               com porcentagens acima dos 16%. Fato mais preocupante é a
               constatação de no Brasil, 5,2% dos adolescentes (12 – 17 anos)
               eram dependentes de álcool;
           •   Uso de uma ou duas doses por semana de álcool, considerado risco
               grave para saúde – 26,7%;
           •   Pessoas que já receberam tratamento para o uso de álcool 4% do
               total.


   Entre os estudantes de ensino fundamental e médio, o álcool é a droga mais
amplamente utilizada. O uso na vida está sempre acima dos 65% em qualquer dos
quatro anos estudados (1987 1989,1993 e 1997).
   A cerveja é a bebida mais consumida (70%), seguida pelo vinho (27%) e
destilados (3%), nos estudos realizados pelo CEBRID em 1987, 1989, 1993 e
1994.
   No V Levantamento nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre
Estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27
capitais Brasileiras (2004) – o uso na vida de álcool diminui para ambos os sexos,
em nove das 10 capitais onde já haviam sido realizados levantamentos anteriores
com a mesma metodologia.
   Internações Hospitalares – realizado em 2002, com dados coletados no
período de 1998 a 1999, o álcool foi responsável por cerca de 90% de todas as
internações hospitalares por dependência – variando de 93,5% em 1988 – 84,4%
em 1999.
Estudo realizado em 1997 pelo DETRAN em 4 capitais brasileiras (Brasília,
Curitiba, Recife e Salvador), das 865 vítimas, 27,2% apresentou alcoolemia
superior a 0,6g/L limite permitido pelo Código Nacional de Trânsito de 1997.


MODO DE USO (9, 26)


   O álcool é ingerido na forma de bebidas alcoólicas com diferentes
concentrações. O conteúdo é expresso em graus de Gay-Lussac (°GL) – número
de mL de etanol em cada 100mL de bebida:


   Cerveja – 4%
   Vinho – 2%
   Whisky – 40%
   Gin e Vodka – 40%
   Aguardente – até 76%



Equivalência das bebidas alcóolicas.




     350 ml             80-140ml
40-50ml
                                   Concentração sanguínea equivalente à dose de
Dose da bebida alcóolica           álcool ingerida de acordo com o peso corporal(*)


                                   60 kg             70 kg              80 kg
1 lata de cerveja
1 copo de vinho tinto              0,27 g            0,22 g             0,19 g
1 dose de uísque
2 latas de cerveja
2 copos de vinho                              0,54 g                  0,44 g                    0,38 g
2 doses de uísque
3 latas de cerveja
3 copos de vinho                              0,81 g(**)              0,66 g(**)                0,57 g
3 doses de uísque
(*)
      Concentração sanguínea de álcool meia hora após a ingestão da bebida alcoólica.
(**)
       Dosagem já superior ao limite permitido por lei (0,57 g de álcool por litro de sangue)


FONTE: Formigoni et al (1992). A Intervenção Breve na Dependência de Drogas. Adaptado do
Manual de triagem e avaliação inicial do Addiction Research Foundation, Toronto, Canadá.


            Nível alcoólico permitido no Brasil pelo Código Nacional de Trânsito, 1997:
60mg% (60mg de etanol por decilitro de sangue)


            O consumo de álcool é medido por unidades. Uma unidade equivale a 10
gramas de álcool. Para obter as unidades-equivalentes de uma determinada
bebida, é preciso multiplicar a quantidade da mesma por sua concentração
alcoólica. Assim se chega à quantidade absoluta de álcool da bebida.                                     Em
seguida, é feita a conversão: 1 unidade para cada 10g de álcool da bebida (Tabela
1).




             Tabela 1: Unidades de álcool em cada dose de bebida.
                                                                     QUANTIDADE                 DE
                                                CONCENTRA                                            UNIDADE
             BEBIDA               VOLUME                             ÁLCOOL
                                                ÇÃO                                                  (Quantidade
                                                                     (volume                     x
                                                                                                     : 10)
                                                                     concentração)
VINHO TINTO      90ml        12%               11g                  1,1U


       CERVEJA          350 ml      5%                17g                  1,7U


       DESTILADO        50ml        40%               20g                  2,0U




Fonte: http://www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/002.pdf

CLASSIFICAÇÃO DA DROGA (26)


      Apesar de ocasionar uma aparente excitação, o álcool é uma substância
depressora do sistema nervoso central, semelhante aos barbitúricos, anestésicos
e sedativos, que altera o SNC modificando o comportamento do indivíduo.


FARMACOCINÉTICA (9, 10, 14, 28, 30)


   Após a ingestão, cerca de 20% do etanol é absorvido através do estômago e
80% na porção superior do intestino delgado, sendo distribuído para todos os
tecidos corporais pelo sangue;
   O etanol penetra a circulação sistêmica através do fígado, sendo distribuídos
por todos os compartimentos aquosos do organismo;
   O pico de concentração sanguínea máxima é atingido entre 30 e 90 minutos
após a última dose, sendo retardada pelo uso de alimentos;
   O etanol sofre metabolismo de primeira passagem pelo fígado, o qual
compromete 20% da dose ingerida;
   2 a 10% do álcool ingerido é excretado de forma inalterada pelo suor e urina, o
restante (90 – 98%) é metabolizado para acetaldeído;
   O acetaldeído resultante da primeira etapa de biotransformação do etanol é
oxidado a acetato pela enzima aldeído desidrogenase (ALDH);
A enzima ALDH catalase e o sistema microssomal citocromo P450 catalizam a
oxidação do etanol;
    A oxidação do etanol difere da maioria das substâncias. Independe da
concentração no sangue e é constante com o tempo (ordem de cinética zero);
    O fígado só consegue metabolizar 10ml por hora, em média de etanol, isso
significa que, até que o fígado tenha tempo de metabolizar toda a quantidade
ingerida, o álcool ficará circulando por todo o corpo inclusive o cérebro;
    O sistema citocromo P450 é induzido pelo uso crônico do álcool, levando a um
aumento no clearence das drogas que são seus substratos. Após o uso agudo, o
álcool compete com drogas como fenitoína e warfarin pela oxidação o que pode
diminuir seu clearence.


MECANISMO DE AÇÃO (3, 4, 8, 9, 10, 16, 17, 18, 32)


    -   Apesar de ser um depressor generalizado do SNC, os efeitos do álcool se
        exteriorizam, inicialmente, como estimulação, em decorrência da depressão
        de circuitos inibitórios;
    -   O etanol ativa o disparo neuronal dopaminérgico na área tegmental ventral
        do mesencéfalo e também a liberação dopaminérgica no núcleo accumbens
        – estruturas que fazem parte da via mesolímbica, essencial para os efeitos
        de recompensa do etanol;
-       Ações do etanol sobre o sistema dopaminérgico parecem ativar
indiretamente vias serotonérgicas, uma vez que podem ser atenuadas por
antagonistas do receptor 5-HT3; - O álcool afeta neurotransmissores: DOPAMINA,
SEROTONINA, GABA (ácido gama-aminobutírico - neurotransmissor inibitório do
SNC), GLUTAMATO (neurotransmissor excitatório do SNC), peptídios opióides e
seus receptores (DAVIES et al, 2005). 1. O etanol potencializa a ação inibitória do
GABA. É um agonista do receptor GABA (aumentando a entrada de íons cloreto
no complexo receptor GABA A, hiperpolarizando a célula, produzindo um potencial
pós-sináptico inibitório - diminuindo a excitabilidade neuronal) (DAVIES, 2005). 2.
Inibe efeitos excitatórios do glutamato (inibe a função dos seus receptores: NMDA
– N-metil-D-aspartato), diminuindo o influxo de íons cálcio para o interior da célula;
fenômeno responsável pela diminuição da excitabilidade neuronal (FADDA &
ROSSETTI, 1998).
   -


EFEITOS (2, 9, 10, 15, 21, 22, 26, 29, 32)


Uso Agudo


   -   Euforia;
   -   Incoordenação motora;
   -   Diminuição da concentração;
   -   Tontura;
   -   Irritabilidade;
   -   Estupor;
   -   Anestesia;
   -   Gastrite;
   -   Vasodilatação periférica e sudorese;
   -   Aumento da diurese;
   -   Aumento do ritmo cardíaco e vasodilatação;
   -   Aumento do fluxo sanguíneo cerebral;
   -   Dores de cabeça, enxaqueca;
   -   Coma, até a morte.
P.S.: Os efeitos do álcool dependem da dose e do ritmo de concentração alcoólica
no sangue.
COMPORTAMENTO                                          NÍVEIS
                                                                       PLASMÁTICOS
Euforia                                                                     30mg%
Mudanças de humor e de comportamento                                    50 – 100mg%
(prejuízo da coordenação e aumento do risco de
acidentes)
Perda do autocontrole (coordenação motora e da fala)                   150 – 300mg%
Intoxicação                                                                300mg%
* Indivíduos não tolerantes com concentração alcoólica 300 – 500mg% - intoxicação alcoólica
aguda seguido de: estupor, hipotermia, hipoglicemia, convulsões, depressão dos reflexos,
depressão respiratória, hipotensão, coma e morte.
* Usuários regulares tornam-se tolerantes aos efeitos do álcool sobre o SNC e podem apresentar
níveis de 500mg% sem sinais óbvios de intoxicação.


Uso Crônico (acompanhado de tolerância, dependência e craving (fissura)).


Fígado
   -   esteatose hepática;
   -   hepatite alcoólica;
   -   cirrose.
Pâncreas
   -   pancreatite.
Estômago
   -   gastrite;
   -   úlcera;
   -   hemorragia gástrica.
Cardiovascular
   -   miocardiopatia (doença que compromete a função da bomba do órgão,
       levando a insuficiência cardíaca);
   -   hipertensão arterial sistêmica;
   -   arritmias cardíacas.
Sistema Nervoso Central
   -   encefalopatia hepática (deterioração da função cerebral devido ao acúmulo
       de substâncias tóxicas no sangue, as quais são normalmente removidas
       pelo fígado);
   -   síndrome de Wernicke-Korsakoff (doença neurológica, nutricional causada
       pela falta de vitamina B1 – sinais: perda de memória para fatos recentes,
       distúrbios do sono e psicose);
   -   degeneração cerebral;
   -   demência.
Sistema Nervoso Periférico
   -   neuropatia periférica (danos dos nervos periféricos);
   -   miopatias (danos nos músculos);
   -   perda da força muscular;
   -   formigamentos ou diminuição da sensibilidade em mãos e pés.
Medula óssea
   -   macrocitose ( aumento do tamanho das hemácias);
   -   anemia (baixa contagem de hemácias);
   -   trombocitopenia (baixa contagem de plaquetas);
   -   leucopenia (baixa contagem de leucócitos).
Nutrição
   -   deficiências de vitaminas: folato, tiamina (B1), piridoxina (B6), niacina (B3),
       riboflavina (B2);
   -   deficiência de minerais: magnésio, zinco, cálcio.
Efeitos sobre o desempenho sexual
   -   efeitos desinibitórios podem facilitar a aproximação e estimular a libido, sem
       influenciar a capacidade de manter um ato sexual satisfatório;
   -   altas concentrações provocam diminuição do desempenho sexual;
   -   o   uso   crônico   induz   impotência,   esterilidade,   atrofia   testicular   e
       ginecomastia (aumento do volume das mamas).
Outros
   -   lesão traumática;
-   neoplasias;
   -   dano ao sistema imunológico;
   -   osteopenia;
   -   síndrome alcoólica fetal.


ABSTINÊNCIA (3, 13, 22, 32)


   -   Os sintomas da Síndrome da Abstinência Alcoólica (SAA) estão
       diretamente relacionados ao desenvolvimento da neuroadaptação do SNC
       à exposição crônica do álcool;
   -   A SAA é um quadro de desconforto físico e/ou psíquico quando da
       diminuição ou suspensão do consumo etílico;
   -   A SAA inicia aproximadamente 6-24h após a cessação do álcool;
   -   A SAA é responsável por um aumento significativo na mortalidade e
       morbidade associadas ao consumo de álcool e é um dos critérios
       diagnósticos da Síndrome de Dependência de Álcool;
   -   Sinais e sintomas da SAA:
          •   agitação;
          •   ansiedade;
          •   alterações de humor (como irritabilidade e disforia);
          •   tremores;
          •   náuseas;
          •   vômitos;
          •   taquicardia;
          •   hipertensão arterial;
   -   Complicações secundárias a SAA:
          •   Convulsões: são geralmente do tipo tônico-clônicas (ou “grande
              mal”), únicas e incidem nas primeiras 48 horas (com pico entre 13 e
              14 horas) após a suspensão ou redução do consumo de álcool. O
              estado de mal epilético é um quadro grave, com alta taxa de
              mortalidade (cerca de 10%) e não é raro;
•   Delirium tremens (DT): é uma causa comum de comportamento
    alterado em pessoas com alguma doença física que não foi tratada
    ou diagnosticada de forma adequada. Quadros de delirium
    usualmente apresentam sintomas flutuantes, com piora significativa
    a noite. São comuns alterações cognitivas, da memória e da atenção
    e desorientação tempo-espacial. A atenção diminuída e distúrbios do
    pensamento resultam em fala incoerente. Também são comuns
    alucinações e ilusões, sendo as alucinações visuais as que mais
    ocorrem. Alterações de humor são usuais desde apatia a quadros de
    ansiedade intensa, também há alterações no ciclo sono-vigília.
    Ocorre em menos de 5% da população em abstinência. No entanto,
    ele é responsável por grande morbidade e mortalidade associadas
    as SAA, variando de 5% a 15%. A causa mais freqüente de morte é
    falência cardio-respiratória. O DT, habitualmente inicia-se até 72h
    (embora possa começar depois de até 7 dias);
•   Síndrome      de   Wernicke     Korsakoff    (SWF):    complicação
    potencialmente fatal associada a deficiência de vitamina B1 ou
    tiamina. Foi descrita como duas entidades distintas – encefalopatia
    de Wernicke e psicose de Korsakoff. A síndrome é composta por
    uma tríade de anormalidades clínicas descritas por Wernicke –
    oftalmoplegia, ataxia e confusão mental. As características anátomo-
    patológicas variam de acordo com o estágio e a gravidade da
    patologia. Pacientes em fase aguda podem ter alterações em corpos
    mamilares, hipotálamo e região periventricular do tálamo (acima do
    aqueduto). Os corpos mamilares, especialmente os núcleos mediais,
    são as estruturas mais amiúde afetadas e estão acometidos em
    quase todos os casos. Exames histopatológicos, em casos agudos,
    demonstram edema, necrose, demielização, discreta perda neuronal,
    degeneração esponjosa e aumento de vasos sangüíneos como
    resultantes   da   hiperplasia:quando   há   hemorragia   petequial,
    eritrócitos e hemossiderina estão presentes, bem como macrófagos.
Nos casos crônicos, há perda neuronal mais marcante e glicosa. A
              SWK é mais uma das complicações da dependência de álcool
              freqüentemente subdiagnosticada.
          •   Síndrome    de   Marchiava   Bignami:    é   também    denominada
              “degeneração primaria do corpo caloso”, essa síndrome é uma
              doença mais comumente definida pelos aspectos patológicos que
              pelos clínicos. A principal alteração é encontrada na porção medial
              do corpo caloso onde, ao exame de olho nu, vê-se uma diminuição
              da densidade do tecido, com leve depressão avermelhada ou
              amarelada, dependendo do tempo da lesão. Do ponto de vista
              microscópico, observa-se, claramente, zonas de desmielização com
              abundância de macrófagos.


TEMPO DE DETECÇÃO DO ÁLCOOL (6, 19, 23, 24, 31)

   -   Exames de Rotina: sangue, urina, ar expirado
Tempo para detecção no organismo com uso esporádico Urina: 6-48 horas. A
medida na urina é um indicador confiável desde que dosada após o pico
plasmático, ou seja, urina coletada após 30 minutos da ingestão. O teste de etanol
na urina é útil no diagnóstico das intoxicações decorrentes da ingestão de bebidas
alcoólicas e na monitoração do tratamento de abstinência. Sangue: o álcool é
rapidamente absorvido na corrente circulatória e o tempo para atingir a
concentração máxima no sangue varia de 30 a 90 minutos. A concentração de
álcool no sangue (CAS) – alcoolemia - não costuma ser usado como teste de
screening (teste de detecção), mas sim para fins de confirmação. Teoricamente, a
CAS deveria ser zero; muitos laboratórios informam o valor <5 mg/dl como
“negativo. Ar expirado: o bafômetro utiliza uma fonte infravermelha para medir a
concentração de etanol no ar expirado. Quando o teste é realizado por pessoal
treinado, os resultados são geralmente precisos e aceitáveis perante um tribunal.
Porém o relacionamento entre as medições de etanol no ar expirado e no sangue
é variável, além disso a presença de etanol na boca pode elevar falsamente a
medição pelo bafômetro. As medições devem ser realizadas no estado pós-
absortivo (o que explica a espera de 20 a 30 minutos para a realização do teste,
após a detenção do indivíduo), pois a relação das concentrações de etanol no ar
alveolar para as concentrações de etanol no sangue venoso não é constante na
fase pré-absortiva .


Tempo para detecção no organismo com uso crônico: não existe, a eliminação
total do etanol se faz num período de 6 horas até um máximo de 48 horas.
Generalidades: Alcoolemia (níveis de álcool no sangue) deve ser solicitada na
suspeita de intoxicação, para fins médico-legais. Métodos de dosagem de etanol
do ar expirado, na saliva ou na urina são bem menos precisos do que os séricos.
O Código de Trânsito brasileiro permite 60mg/dL , > 60 mg/dL é considerado
embriaguez . Exames auxiliares: níveis de glicose, eletrólitos, hemograma,
transaminases hepáticas, gama-glutamiltransferase .


TOLERÂNCIA E DEPENDÊNCIA (5, 13, 26)


   -   A Síndrome de Dependência Alcoólica (SDA) é uma desordem clínica
       caracterizada por sinais e sintomas comportamentais, fisiológicos e cognitivos
       na qual o uso do álcool torna-se prioridade na vida do indivíduo, e as demais
       atividades cotidianas, ficam em segundo plano.
   -   Os sinais e sintomas clínicos que compõem a SDA compreendem: tolerância,
       abstinência, consumo do álcool mais freqüentemente ou em doses maiores e
       por um período mais longo do que o pretendido, desejo persistente ou esforços
       mal-sucedidos no para reduzir ou controlar o uso, muito tempo gasto em
       atividades necessárias para obter o álcool, importantes atividades antes
       realizadas são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso do álcool, uso
       contínuo de álcool apesar da consciência de ter problemas físicos ou
       psicológicos.
   -   Um indivíduo é considerado dependente, caso preencha ao menos 3 dos
       sintomas contidos no DSM, ocorrendo a qualquer momento no mesmo período
       de 12 meses (DSM IV-TR, 2002).
EFEITOS NA GESTAÇÃO (9, 10, 33)


  -   Síndrome alcoólica fetal ocorre em até 30% dos filhos de mães
      dependentes de álcool, a síndrome exterioriza-se por disfunção cerebral,
      retardo no crescimento, microcefalia, alteração na coordenação motora e
      face característica, composta de fendas palpebrais, maxilar e nariz
      diminuídos e lábio superior afinado;
  -   Os recém nascidos mamam e dormem pouco, são irritadiços, hiperativos e
      trêmulos – lembram os sintomas da SAA em adultos.
  -   Foi verificada associação de uso de álcool pela gestante a risco aumentado
      de infecções neonatais;
  -   O álcool atravessa a placenta e seus efeitos afetam direta e indiretamente
      as estruturas neuronais do eixo Hipotálamo Hipófise-Adrenal o que
      comprovaria os sintomas aumentados de hormônios do stress da mãe e do
      recém-nascido. Gerando assim futuros problemas cardiovasculares,
      problemas imunológicos e na regulação da glicose;
  -   Mais tarde as crianças apresentam problemas de aprendizado e probelams
      psicológicos;
  -   O emprego de álcool durante a gestação está genericamente contra-
      indicado , pois não se identificou o limiar seguro para o álcool nessa
      condição.


INTOXICAÇÃO (26)


         •   É o uso nocivo de álcool em quantidades acima do tolerável para o
             organismo;
         •   Os sinais de sintomas da intoxicação alcoólica caracterizam-se por
             níveis crescentes de depressão do SNC;
         •   Inicialmente os sintomas são: euforia leve, evoluindo para tontura,
             ataxia e incoordenação motora, passando para confusão e
desorientação, e atingindo graus variáveis de anestesia, entre eles o
              estupor e o coma;
          •   A intensidade da intoxicação tem relação direta com a alcoolemia;
          •   A partir de 150mg% de alcoolemia se deve intervir.




TRATAMENTO (1, 3, 9, 16, 22, 25, 26, 27)


   -   O envolvimento da família é fundamental, pois propicia uma maior adesão
       do mesmo ao tratamento, bem como melhor qualidade de vida aos
       integrantes do núcleo familiar;
   -   Os médicos avaliam o paciente analisando critérios como: história clínica,
       familiar, ocupacional, psiquiátrica, etc. O paciente pode pertencer a um dos
       níveis – Nível I (leve) e Nível II (moderado/grave) – a indicação do tipo de
       tratamento dependerá da gravidade apresentada.
   -   Pacientes Nível I - Tratamento Ambulatorial com ou sem Internação
       Domiciliar: Inclui esclarecimento de sintomas, dieta, terapias com paciente
       e familiares. Abordagem farmacológica quando necessário uso de
       BENZODIAZEPÍNICOS;
   -   Pacientes Nível II - Tratamento com Internação Hospitalar: Inclui repouso
       absoluto,   redução   de   estímulos   áudio-visuais,   monitoramentos     de
       eletrólitos, glicemia e hidratação e dieta. Abordagem farmacológica com
       BENZODIAZEPÍNICOS e HALOPERIDOL, quando ocorrer caso de
       alucinações;
   -   Pacientes com dependência de álcool necessitam de aconselhamento
       intensivo. Terapia cognitivo comportamental, terapia de facilitação em 12
       passos (princípio dos alcoólicos anônimos) e terapia motivacional
       demonstraram boa efetividade;
   -   Intervenções breves em pacientes ambulatoriais demonstraram que os
       mesmo tinham o dobro de chance de diminuir os padrões de consumo após
       seis a doze meses;
-   Algumas intervenções farmacológicas são propostas como medidas
      adjuvantes no manejo do paciente com dependência alcoólica. Os mais
      utilizados e aprovados pelo FDA são: DISSULFIRAM (medicamento que
      inibe o metabolismo do álcool levando a formação de acetaldeído que,
      acumulado, provoca sintomas desagradáveis como cefaléia, náuseas,
      vômitos e taquicardia), porém não é recomendado na rotina de uso em
      cuidados primários. NALTREXONA (antagonista opióide que provavelmente
      exerce seu efeito a partir da redução dos sintomas prazerosos
      desencadeados     pelo   álcool)   e   ACAMPROSATO        (co-agonista    dos
      receptores de glutamato, ajudando a modular a atividade dopaminérgica no
      núcleo accumbens, reduzindo o reforço positivo relacionado ao consumo de
      álcool). Ambos medicamentos naltrexona e acamprosato consistem em
      importantes recursos farmacológicos como coadjuvantes de intervenções
      psicossosiais no tratamento ambulatorial do alcoolismo;
  -   Topiramato e ondansetron têm se mostrado promissor no tratamento da
      dependência de álcool, porém as evidências são insuficientes e os
      resultados precisam ser replicados.


INFORMAÇÕES ADICIONAIS (15, 20, 21, 32)


  -   A relação entre etanol e receptores 5-HT3 também tem sido demonstrada
      em trabalhos centrados na teoria de que baixos níveis de 5-HT no cérebro
      podem ser um fator de risco para o alcoolismo;
  -   Estudos com adolescentes com idades entre 15-16 anos dependentes de
      álcool revelaram déficits em testes de memória verbal e não verbal, teste de
      linguagem e atenção. Além disso, o uso excessivo de álcool é prejudicial
      para o desempenho escolar;
  -   DOSES SEGURAS PARA ADULTOS POR SEMANA: homens – 21
      unidades, mulheres – 14 unidades;
  -   Estudos epidemiológicos têm demonstrado que o consumo moderado de
      álcool, de 10 a 30g de etanol por dia, reduzem riscos cardiovasculares;
-   O benefício exercido pelo consumo moderado de álcool sobre o sistema
       cardiovascular parece estar ligado principalmente ao seu efeito sobre as
       lipoproteínas plasmáticas, principalmente elevando o HDL e em menor
       escala, diminuindo o LDL;
   -   O consumo moderado de álcool seria um fator de proteção para as
       seguintes desordens: doenças coronarianas, derrame (AVC) por trombose,
       doenças vasculares periféricas, lesão por isquemia, síndrome metabólica e
       complicações cardiovasculares relacionadas a diabetes.
   -   O consumo excessivo de álcool, por sua vez, seria um fator de risco para
       doenças coronarianas, derrame (AVC) hemorrágico, hipertensão, arritmias,
       insuficiência cardíaca e síndrome metabólica.


                                   REFERÊNCIAS

1. CASTRO, L.A.; BALTIERI, D.A. Tratamento farmacológico da dependência do
álcool. Rev Bras Psiquaitr, 26(SI): 40-42, 2004.

2. CECIL. Tratado de Medicina Interna. 21ª ed. Guanabara Koogan, 2001.

3. CORRAO, G.; et al. A meta-analysis of alcohol consumption and the risk of 15
diseases. Preventive Medicine, 38: 613-619, 2004. (efeitos)

4. DAVIES SJ. et al. Is there cognitive impairment in clinically 'healthy' abstinent
alcohol dependence? Alcohol and Alcoholism (Oxford, Oxfordshire), 2005, v.40,
n.6, p. 498-503, Nov-Dec. 2005.

5. DRUMMOND, D.C. The relationship between alcohol dependence and alcohol-
related problems in a clinical population. British Journal of Addicion, v.85, p.357-
366, 1990.

6. EDWARDS G, MARSHALL EJ, COOK CCH. O Tratamento do alcoolismo. Um
guia para profissionais da saúde, 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.

7. ESEL, E. Neurobiology of Alcohol Withdrawal: Inhibitory and Excitatory
Neurotransmitters. Turkish journal of Psychiatry, 17(2): 1-9, 2006.

8. FADDA, F. & ROSSETTI, Z. L. Chronic ethanol consumption: from
neuroadaptation to neurodegeneration. Progress in Neurobiology, v.56, p.385-431,
1998.
9. FIGLIE,N.B.; BORDIN, S.; LARANJEIRA, R. Aconselhamento em Dependência
Química. Roca. São Paulo, 2004.

10. FUCHS, F.D.; WANNMACHER, L., FERREIRA, M.B. Farmacologia Clínica. 3ª
ed. Guanabara Koogan. São Paulo,2004.

11. GALDUROZ, J.C.F.; CAETANO, R. Epidemiologia do uso de álcool no Brasil.
Rev Bras Psiquaitr, 26(SI): 3-6, 2004.

12. GALDURÓZ, J.C.F.; et al. V Levantamento Nacional Sobre o Consumo de
Drogas Psicotrópicas Entre Estudantes do Ensino Médio da Rede Pública de
Ensino nas 27 Capitais Brasileiras 2004. Centro Brasileiro de Informações Sobre
Drogas Psicotrópicas – CEBRID. Universidade de São Paulo, Escola Paulista de
Medicina, Departamento de Psicobiologia. Secretaria Nacional Antidrogas –
SENAD.

13. GIGLIOTTI, A.; BESSA, M.C. Síndrome de Dependência do Álcool: critérios
diagnósticos. Rev Bras Psiquiatr, 26(SI): 11-13, 2004.

14. GOODMAN, L.; GILMAN, A. The pharmacological basis of therapeutics, 11ª
ed, Porto Alegre: Artemed, 2005;

15. HEFERNAN, T.M.; BARTHOLOMEW, J. Does Excessive Alcohol Use in
Teenagers Affect Their Everyday Prospective Memory? Journal of Adolescent
Health, 39: 138-140, 2006.

16. JUNG, Y-C.; NAMKOONG, K. Pharmacoterapy for Alcohol Dependence:
Anticraving Medication for Relapse Prevention. Yonsei Medical Journal, 47(2):
167-178, 2006.

17. KOOB GF. Alcoholism: allostasis and beyond. Alcoholism, Clinical and
Experimental Research, v.27, n.2, p.232-43, Feb. 2003, Review.

18. LI, H.F.; KENDIG, J.J. Ethanol withdrawal hyper-responsiveness mediated by
NMDA receptors in spinal cord motor neurons. British Journal of Pharmacology,
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19.LING, L.J.; CLARCK, R.F.; ERICKSON, T.E.; TRESTAIL, J.H. Segredos em
Toxicologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.

20. LLERENA, I. R.; HUERTA, E. M. Vino y Corazón. Revista Espanhola de
Cardiologia, 51(6): 435-449, 2005.

21. LUCAS, D.L.; et al. Alcohol and Cardiovascular System – Research Challengs
and Opportunities. Journal of the American College of Cardiology, 45(12): 1916-24,
2005.
22. MACIEL, C.; KERR-CORRÊA, F. Complicações psiquiátricas do uso crônico
do álcool: síndrome de abstinência e outras doenças psiquiátricas. Rev Bras
Psiquiatr, 26(SI): 47-50, 2004.

23. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4 ed. Editora Artes
Médicas, Porto Alegre, 1995.

24. Manual de Exames Fleury . Centro de Medicina Diagnóstica. São Paulo, 2003.

25. MARQUES, A.C. O uso do álcool e a evolução do conceito de dependência de
álcool e outras drogas e tratamento. IMESC, n°3: 73-86, 2001.

26. MARQUES, A.C.P.R.; RIBEIRO, M. Abuso e Dependência de Álcool – Projeto
Diretrizes. Associação Brasileira de Psiquiatria, 21 de agosto de 2002.

27. MARQUES, A.C.P,R.; FURTADO, E.F. Intervenções breves para problemas
relacionados ao álcool. Rev Brás Psiquiatr, 26(SI): 28-32, 2004.

28. PARLESAK, A. First-pass metabolism of ethanol in human beings: effect of
intravenous infusion of fructose. Alcohol, 34: 121-125, 2004.

29. ROOM, R.; BABOR, T.; REHM, J. Alcohol and public health. The Lancet, 365:
519-530, 2005.

30. UMULIS, D.M.; et al. A physiologically based model for etanol and
acetaldehyde metabolism in human beings. Alcohol, 35: 3-12, 2005.

31. XAVIER, R.M.; ALBUQUERQUE, G. de C., BARROS, E. Laboratório na prática
Clínica: consulta rápida. Porto Alegre: Artmed, 2005.

32. ZALESKI, M.; et al. Aspectos neurofarmacológios do uso crônico e da
Síndrome de Abstinência do Álcool. Rev Bras Psiquiatr, 26(SI): 40-42, 2004.

33. ZHANG, X.; SLIWOWSKA, J. H.; WEINBERG, J. Prenatal Alcohol Exposure
and Fetal Programming: Effects on Neuroendocrine and Immune Function. Society
for Experimental Biology and Medicine, 376-388, 2006.

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Histórico e epidemiologia do álcool

  • 1. Autor: VIVAVOZ Fonte: SISP Versão 1.0 5/04/2007 ÁLCOOL HISTÓRICO (13, 25, 29) O álcool é a droga psicoativa mais utilizada pela humanidade, sendo merecedora de relatos e estudos desde o velho testamento; Através da história o álcool tem tido múltiplas funções, atuando como veículo de remédios, perfumes e poções mágicas e, principalmente, sendo o componente essencial de bebidas que acompanham os ritos de alimentação dos povos; Em 385 AC, Hipocrates descreveu o uso do álcool como um fator predisponente a várias doenças e relatou a respeito do Delirium tremens; Na Europa e Estados Unidos o consumo de álcool aumentou consideravelmente após a Revolução industrial e em função as conseqüências deste uso abusivo e dos problemas decorrentes a ele, a opinião pública pressionou os cientistas da época a desenvolverem pesquisas; O conceito de alcoolismo só surgiu no século XVIII, logo após a crescente produção e comercialização do álcool destilado, conseqüente a revolução industrial; Destaca-se dois autores no século XVIII: Benjamin Rush e Thomas Trotter, o primeiro um psiquiatra americano, foi responsável pela frase: “Beber inicia um ato de liberdade, caminha para o hábito e, finalmente, afunda na necessidade”, o segundo foi quem, pela primeira vez, referiu-se ao alcoolismo como doença; 1849 – sueco Magnus Huss, introduziu o conceitos de “alcoolismo crônico”, estado de intoxicação pelo álcool que se apresentava com sintomas físicos, psiquiátricos e mistos
  • 2. No início do século XIX, surge no Estados Unidos o movimento chamado “Temperança” com o objetivo de controlar o uso de álcool, esse movimento estava estruturado nos conceitos morais da época, paralelo a isso os médicos discutiam o conceito de doença versus moral – isso levou a proibição da fabricação e do uso do álcool por meio da “Lei Seca” (1919-1932), após esse período um movimento contrário levou a revogação da Lei pelo presidente Franklin Roosevelt; Em 1940, Jellinek divulgou suas reflexões sobre o alcoolismo e em 1960 publicou o seu clássico trabalho “The Disease Concept of Alcoholism”, considerando o alcoolismo doença somente quando o usuário apresenta tolerância, abstinência e perda de controle – classificou os pacientes em função do consumo de álcool em Alfa, Beta, gama, Delta e Epsilon O alcoolismo foi incluído no Manual de Diagnóstico e Estatístico das Desordens mentais (DSM-I) da Associação Psiquiátrica Americana (APA) em 1952; a segunda edição desse manual (DSM-II) seguiu a Classificação Internacional das Doenças (CID-8) da Organização Mundial de Saúde (OMS), que dividia os problemas em três categorias: dependência, episódios de beber excessivo (abuso) e beber excessivo habitual; Em 1970, Edwards e Gross propuseram o conceito de “Síndrome de Dependência de Álcool”; Em 1977 a OMS adotou a definição de dependência de álcool como um problema grave e contínuo. EPIDEMIOLOGIA (11, 12) Amplo estudo domiciliar que englobou as 107 cidades de mais de 200 mil habitantes – correspondendo a 47.045.907 habitantes, ou seja, 27,7% do total do Brasil. A amostra totalizou 8.589 entrevistados em 2001: • Uso na vida: TOTAL – 68,7% MASCULINO – 77,3% FEMININO – 60,6%
  • 3. Prevalência de dependentes: TOTAL – 11,2% MASCULINO – 77,3% FEMININO – 5,7% • Entre 12-17 anos, 48,3% dos entrevistados já usaram bebidas alcoólicas; • A prevalência de dependentes maior nas regiões Norte e Nordeste, com porcentagens acima dos 16%. Fato mais preocupante é a constatação de no Brasil, 5,2% dos adolescentes (12 – 17 anos) eram dependentes de álcool; • Uso de uma ou duas doses por semana de álcool, considerado risco grave para saúde – 26,7%; • Pessoas que já receberam tratamento para o uso de álcool 4% do total. Entre os estudantes de ensino fundamental e médio, o álcool é a droga mais amplamente utilizada. O uso na vida está sempre acima dos 65% em qualquer dos quatro anos estudados (1987 1989,1993 e 1997). A cerveja é a bebida mais consumida (70%), seguida pelo vinho (27%) e destilados (3%), nos estudos realizados pelo CEBRID em 1987, 1989, 1993 e 1994. No V Levantamento nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 capitais Brasileiras (2004) – o uso na vida de álcool diminui para ambos os sexos, em nove das 10 capitais onde já haviam sido realizados levantamentos anteriores com a mesma metodologia. Internações Hospitalares – realizado em 2002, com dados coletados no período de 1998 a 1999, o álcool foi responsável por cerca de 90% de todas as internações hospitalares por dependência – variando de 93,5% em 1988 – 84,4% em 1999.
  • 4. Estudo realizado em 1997 pelo DETRAN em 4 capitais brasileiras (Brasília, Curitiba, Recife e Salvador), das 865 vítimas, 27,2% apresentou alcoolemia superior a 0,6g/L limite permitido pelo Código Nacional de Trânsito de 1997. MODO DE USO (9, 26) O álcool é ingerido na forma de bebidas alcoólicas com diferentes concentrações. O conteúdo é expresso em graus de Gay-Lussac (°GL) – número de mL de etanol em cada 100mL de bebida: Cerveja – 4% Vinho – 2% Whisky – 40% Gin e Vodka – 40% Aguardente – até 76% Equivalência das bebidas alcóolicas. 350 ml 80-140ml 40-50ml Concentração sanguínea equivalente à dose de Dose da bebida alcóolica álcool ingerida de acordo com o peso corporal(*) 60 kg 70 kg 80 kg 1 lata de cerveja 1 copo de vinho tinto 0,27 g 0,22 g 0,19 g 1 dose de uísque
  • 5. 2 latas de cerveja 2 copos de vinho 0,54 g 0,44 g 0,38 g 2 doses de uísque 3 latas de cerveja 3 copos de vinho 0,81 g(**) 0,66 g(**) 0,57 g 3 doses de uísque (*) Concentração sanguínea de álcool meia hora após a ingestão da bebida alcoólica. (**) Dosagem já superior ao limite permitido por lei (0,57 g de álcool por litro de sangue) FONTE: Formigoni et al (1992). A Intervenção Breve na Dependência de Drogas. Adaptado do Manual de triagem e avaliação inicial do Addiction Research Foundation, Toronto, Canadá. Nível alcoólico permitido no Brasil pelo Código Nacional de Trânsito, 1997: 60mg% (60mg de etanol por decilitro de sangue) O consumo de álcool é medido por unidades. Uma unidade equivale a 10 gramas de álcool. Para obter as unidades-equivalentes de uma determinada bebida, é preciso multiplicar a quantidade da mesma por sua concentração alcoólica. Assim se chega à quantidade absoluta de álcool da bebida. Em seguida, é feita a conversão: 1 unidade para cada 10g de álcool da bebida (Tabela 1). Tabela 1: Unidades de álcool em cada dose de bebida. QUANTIDADE DE CONCENTRA UNIDADE BEBIDA VOLUME ÁLCOOL ÇÃO (Quantidade (volume x : 10) concentração)
  • 6. VINHO TINTO 90ml 12% 11g 1,1U CERVEJA 350 ml 5% 17g 1,7U DESTILADO 50ml 40% 20g 2,0U Fonte: http://www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/002.pdf CLASSIFICAÇÃO DA DROGA (26) Apesar de ocasionar uma aparente excitação, o álcool é uma substância depressora do sistema nervoso central, semelhante aos barbitúricos, anestésicos e sedativos, que altera o SNC modificando o comportamento do indivíduo. FARMACOCINÉTICA (9, 10, 14, 28, 30) Após a ingestão, cerca de 20% do etanol é absorvido através do estômago e 80% na porção superior do intestino delgado, sendo distribuído para todos os tecidos corporais pelo sangue; O etanol penetra a circulação sistêmica através do fígado, sendo distribuídos por todos os compartimentos aquosos do organismo; O pico de concentração sanguínea máxima é atingido entre 30 e 90 minutos após a última dose, sendo retardada pelo uso de alimentos; O etanol sofre metabolismo de primeira passagem pelo fígado, o qual compromete 20% da dose ingerida; 2 a 10% do álcool ingerido é excretado de forma inalterada pelo suor e urina, o restante (90 – 98%) é metabolizado para acetaldeído; O acetaldeído resultante da primeira etapa de biotransformação do etanol é oxidado a acetato pela enzima aldeído desidrogenase (ALDH);
  • 7. A enzima ALDH catalase e o sistema microssomal citocromo P450 catalizam a oxidação do etanol; A oxidação do etanol difere da maioria das substâncias. Independe da concentração no sangue e é constante com o tempo (ordem de cinética zero); O fígado só consegue metabolizar 10ml por hora, em média de etanol, isso significa que, até que o fígado tenha tempo de metabolizar toda a quantidade ingerida, o álcool ficará circulando por todo o corpo inclusive o cérebro; O sistema citocromo P450 é induzido pelo uso crônico do álcool, levando a um aumento no clearence das drogas que são seus substratos. Após o uso agudo, o álcool compete com drogas como fenitoína e warfarin pela oxidação o que pode diminuir seu clearence. MECANISMO DE AÇÃO (3, 4, 8, 9, 10, 16, 17, 18, 32) - Apesar de ser um depressor generalizado do SNC, os efeitos do álcool se exteriorizam, inicialmente, como estimulação, em decorrência da depressão de circuitos inibitórios; - O etanol ativa o disparo neuronal dopaminérgico na área tegmental ventral do mesencéfalo e também a liberação dopaminérgica no núcleo accumbens – estruturas que fazem parte da via mesolímbica, essencial para os efeitos de recompensa do etanol; - Ações do etanol sobre o sistema dopaminérgico parecem ativar indiretamente vias serotonérgicas, uma vez que podem ser atenuadas por antagonistas do receptor 5-HT3; - O álcool afeta neurotransmissores: DOPAMINA, SEROTONINA, GABA (ácido gama-aminobutírico - neurotransmissor inibitório do SNC), GLUTAMATO (neurotransmissor excitatório do SNC), peptídios opióides e seus receptores (DAVIES et al, 2005). 1. O etanol potencializa a ação inibitória do GABA. É um agonista do receptor GABA (aumentando a entrada de íons cloreto no complexo receptor GABA A, hiperpolarizando a célula, produzindo um potencial pós-sináptico inibitório - diminuindo a excitabilidade neuronal) (DAVIES, 2005). 2. Inibe efeitos excitatórios do glutamato (inibe a função dos seus receptores: NMDA
  • 8. – N-metil-D-aspartato), diminuindo o influxo de íons cálcio para o interior da célula; fenômeno responsável pela diminuição da excitabilidade neuronal (FADDA & ROSSETTI, 1998). - EFEITOS (2, 9, 10, 15, 21, 22, 26, 29, 32) Uso Agudo - Euforia; - Incoordenação motora; - Diminuição da concentração; - Tontura; - Irritabilidade; - Estupor; - Anestesia; - Gastrite; - Vasodilatação periférica e sudorese; - Aumento da diurese; - Aumento do ritmo cardíaco e vasodilatação; - Aumento do fluxo sanguíneo cerebral; - Dores de cabeça, enxaqueca; - Coma, até a morte. P.S.: Os efeitos do álcool dependem da dose e do ritmo de concentração alcoólica no sangue.
  • 9. COMPORTAMENTO NÍVEIS PLASMÁTICOS Euforia 30mg% Mudanças de humor e de comportamento 50 – 100mg% (prejuízo da coordenação e aumento do risco de acidentes) Perda do autocontrole (coordenação motora e da fala) 150 – 300mg% Intoxicação 300mg% * Indivíduos não tolerantes com concentração alcoólica 300 – 500mg% - intoxicação alcoólica aguda seguido de: estupor, hipotermia, hipoglicemia, convulsões, depressão dos reflexos, depressão respiratória, hipotensão, coma e morte. * Usuários regulares tornam-se tolerantes aos efeitos do álcool sobre o SNC e podem apresentar níveis de 500mg% sem sinais óbvios de intoxicação. Uso Crônico (acompanhado de tolerância, dependência e craving (fissura)). Fígado - esteatose hepática; - hepatite alcoólica; - cirrose. Pâncreas - pancreatite. Estômago - gastrite; - úlcera; - hemorragia gástrica. Cardiovascular - miocardiopatia (doença que compromete a função da bomba do órgão, levando a insuficiência cardíaca); - hipertensão arterial sistêmica; - arritmias cardíacas.
  • 10. Sistema Nervoso Central - encefalopatia hepática (deterioração da função cerebral devido ao acúmulo de substâncias tóxicas no sangue, as quais são normalmente removidas pelo fígado); - síndrome de Wernicke-Korsakoff (doença neurológica, nutricional causada pela falta de vitamina B1 – sinais: perda de memória para fatos recentes, distúrbios do sono e psicose); - degeneração cerebral; - demência. Sistema Nervoso Periférico - neuropatia periférica (danos dos nervos periféricos); - miopatias (danos nos músculos); - perda da força muscular; - formigamentos ou diminuição da sensibilidade em mãos e pés. Medula óssea - macrocitose ( aumento do tamanho das hemácias); - anemia (baixa contagem de hemácias); - trombocitopenia (baixa contagem de plaquetas); - leucopenia (baixa contagem de leucócitos). Nutrição - deficiências de vitaminas: folato, tiamina (B1), piridoxina (B6), niacina (B3), riboflavina (B2); - deficiência de minerais: magnésio, zinco, cálcio. Efeitos sobre o desempenho sexual - efeitos desinibitórios podem facilitar a aproximação e estimular a libido, sem influenciar a capacidade de manter um ato sexual satisfatório; - altas concentrações provocam diminuição do desempenho sexual; - o uso crônico induz impotência, esterilidade, atrofia testicular e ginecomastia (aumento do volume das mamas). Outros - lesão traumática;
  • 11. - neoplasias; - dano ao sistema imunológico; - osteopenia; - síndrome alcoólica fetal. ABSTINÊNCIA (3, 13, 22, 32) - Os sintomas da Síndrome da Abstinência Alcoólica (SAA) estão diretamente relacionados ao desenvolvimento da neuroadaptação do SNC à exposição crônica do álcool; - A SAA é um quadro de desconforto físico e/ou psíquico quando da diminuição ou suspensão do consumo etílico; - A SAA inicia aproximadamente 6-24h após a cessação do álcool; - A SAA é responsável por um aumento significativo na mortalidade e morbidade associadas ao consumo de álcool e é um dos critérios diagnósticos da Síndrome de Dependência de Álcool; - Sinais e sintomas da SAA: • agitação; • ansiedade; • alterações de humor (como irritabilidade e disforia); • tremores; • náuseas; • vômitos; • taquicardia; • hipertensão arterial; - Complicações secundárias a SAA: • Convulsões: são geralmente do tipo tônico-clônicas (ou “grande mal”), únicas e incidem nas primeiras 48 horas (com pico entre 13 e 14 horas) após a suspensão ou redução do consumo de álcool. O estado de mal epilético é um quadro grave, com alta taxa de mortalidade (cerca de 10%) e não é raro;
  • 12. Delirium tremens (DT): é uma causa comum de comportamento alterado em pessoas com alguma doença física que não foi tratada ou diagnosticada de forma adequada. Quadros de delirium usualmente apresentam sintomas flutuantes, com piora significativa a noite. São comuns alterações cognitivas, da memória e da atenção e desorientação tempo-espacial. A atenção diminuída e distúrbios do pensamento resultam em fala incoerente. Também são comuns alucinações e ilusões, sendo as alucinações visuais as que mais ocorrem. Alterações de humor são usuais desde apatia a quadros de ansiedade intensa, também há alterações no ciclo sono-vigília. Ocorre em menos de 5% da população em abstinência. No entanto, ele é responsável por grande morbidade e mortalidade associadas as SAA, variando de 5% a 15%. A causa mais freqüente de morte é falência cardio-respiratória. O DT, habitualmente inicia-se até 72h (embora possa começar depois de até 7 dias); • Síndrome de Wernicke Korsakoff (SWF): complicação potencialmente fatal associada a deficiência de vitamina B1 ou tiamina. Foi descrita como duas entidades distintas – encefalopatia de Wernicke e psicose de Korsakoff. A síndrome é composta por uma tríade de anormalidades clínicas descritas por Wernicke – oftalmoplegia, ataxia e confusão mental. As características anátomo- patológicas variam de acordo com o estágio e a gravidade da patologia. Pacientes em fase aguda podem ter alterações em corpos mamilares, hipotálamo e região periventricular do tálamo (acima do aqueduto). Os corpos mamilares, especialmente os núcleos mediais, são as estruturas mais amiúde afetadas e estão acometidos em quase todos os casos. Exames histopatológicos, em casos agudos, demonstram edema, necrose, demielização, discreta perda neuronal, degeneração esponjosa e aumento de vasos sangüíneos como resultantes da hiperplasia:quando há hemorragia petequial, eritrócitos e hemossiderina estão presentes, bem como macrófagos.
  • 13. Nos casos crônicos, há perda neuronal mais marcante e glicosa. A SWK é mais uma das complicações da dependência de álcool freqüentemente subdiagnosticada. • Síndrome de Marchiava Bignami: é também denominada “degeneração primaria do corpo caloso”, essa síndrome é uma doença mais comumente definida pelos aspectos patológicos que pelos clínicos. A principal alteração é encontrada na porção medial do corpo caloso onde, ao exame de olho nu, vê-se uma diminuição da densidade do tecido, com leve depressão avermelhada ou amarelada, dependendo do tempo da lesão. Do ponto de vista microscópico, observa-se, claramente, zonas de desmielização com abundância de macrófagos. TEMPO DE DETECÇÃO DO ÁLCOOL (6, 19, 23, 24, 31) - Exames de Rotina: sangue, urina, ar expirado Tempo para detecção no organismo com uso esporádico Urina: 6-48 horas. A medida na urina é um indicador confiável desde que dosada após o pico plasmático, ou seja, urina coletada após 30 minutos da ingestão. O teste de etanol na urina é útil no diagnóstico das intoxicações decorrentes da ingestão de bebidas alcoólicas e na monitoração do tratamento de abstinência. Sangue: o álcool é rapidamente absorvido na corrente circulatória e o tempo para atingir a concentração máxima no sangue varia de 30 a 90 minutos. A concentração de álcool no sangue (CAS) – alcoolemia - não costuma ser usado como teste de screening (teste de detecção), mas sim para fins de confirmação. Teoricamente, a CAS deveria ser zero; muitos laboratórios informam o valor <5 mg/dl como “negativo. Ar expirado: o bafômetro utiliza uma fonte infravermelha para medir a concentração de etanol no ar expirado. Quando o teste é realizado por pessoal treinado, os resultados são geralmente precisos e aceitáveis perante um tribunal. Porém o relacionamento entre as medições de etanol no ar expirado e no sangue é variável, além disso a presença de etanol na boca pode elevar falsamente a medição pelo bafômetro. As medições devem ser realizadas no estado pós-
  • 14. absortivo (o que explica a espera de 20 a 30 minutos para a realização do teste, após a detenção do indivíduo), pois a relação das concentrações de etanol no ar alveolar para as concentrações de etanol no sangue venoso não é constante na fase pré-absortiva . Tempo para detecção no organismo com uso crônico: não existe, a eliminação total do etanol se faz num período de 6 horas até um máximo de 48 horas. Generalidades: Alcoolemia (níveis de álcool no sangue) deve ser solicitada na suspeita de intoxicação, para fins médico-legais. Métodos de dosagem de etanol do ar expirado, na saliva ou na urina são bem menos precisos do que os séricos. O Código de Trânsito brasileiro permite 60mg/dL , > 60 mg/dL é considerado embriaguez . Exames auxiliares: níveis de glicose, eletrólitos, hemograma, transaminases hepáticas, gama-glutamiltransferase . TOLERÂNCIA E DEPENDÊNCIA (5, 13, 26) - A Síndrome de Dependência Alcoólica (SDA) é uma desordem clínica caracterizada por sinais e sintomas comportamentais, fisiológicos e cognitivos na qual o uso do álcool torna-se prioridade na vida do indivíduo, e as demais atividades cotidianas, ficam em segundo plano. - Os sinais e sintomas clínicos que compõem a SDA compreendem: tolerância, abstinência, consumo do álcool mais freqüentemente ou em doses maiores e por um período mais longo do que o pretendido, desejo persistente ou esforços mal-sucedidos no para reduzir ou controlar o uso, muito tempo gasto em atividades necessárias para obter o álcool, importantes atividades antes realizadas são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso do álcool, uso contínuo de álcool apesar da consciência de ter problemas físicos ou psicológicos. - Um indivíduo é considerado dependente, caso preencha ao menos 3 dos sintomas contidos no DSM, ocorrendo a qualquer momento no mesmo período de 12 meses (DSM IV-TR, 2002).
  • 15. EFEITOS NA GESTAÇÃO (9, 10, 33) - Síndrome alcoólica fetal ocorre em até 30% dos filhos de mães dependentes de álcool, a síndrome exterioriza-se por disfunção cerebral, retardo no crescimento, microcefalia, alteração na coordenação motora e face característica, composta de fendas palpebrais, maxilar e nariz diminuídos e lábio superior afinado; - Os recém nascidos mamam e dormem pouco, são irritadiços, hiperativos e trêmulos – lembram os sintomas da SAA em adultos. - Foi verificada associação de uso de álcool pela gestante a risco aumentado de infecções neonatais; - O álcool atravessa a placenta e seus efeitos afetam direta e indiretamente as estruturas neuronais do eixo Hipotálamo Hipófise-Adrenal o que comprovaria os sintomas aumentados de hormônios do stress da mãe e do recém-nascido. Gerando assim futuros problemas cardiovasculares, problemas imunológicos e na regulação da glicose; - Mais tarde as crianças apresentam problemas de aprendizado e probelams psicológicos; - O emprego de álcool durante a gestação está genericamente contra- indicado , pois não se identificou o limiar seguro para o álcool nessa condição. INTOXICAÇÃO (26) • É o uso nocivo de álcool em quantidades acima do tolerável para o organismo; • Os sinais de sintomas da intoxicação alcoólica caracterizam-se por níveis crescentes de depressão do SNC; • Inicialmente os sintomas são: euforia leve, evoluindo para tontura, ataxia e incoordenação motora, passando para confusão e
  • 16. desorientação, e atingindo graus variáveis de anestesia, entre eles o estupor e o coma; • A intensidade da intoxicação tem relação direta com a alcoolemia; • A partir de 150mg% de alcoolemia se deve intervir. TRATAMENTO (1, 3, 9, 16, 22, 25, 26, 27) - O envolvimento da família é fundamental, pois propicia uma maior adesão do mesmo ao tratamento, bem como melhor qualidade de vida aos integrantes do núcleo familiar; - Os médicos avaliam o paciente analisando critérios como: história clínica, familiar, ocupacional, psiquiátrica, etc. O paciente pode pertencer a um dos níveis – Nível I (leve) e Nível II (moderado/grave) – a indicação do tipo de tratamento dependerá da gravidade apresentada. - Pacientes Nível I - Tratamento Ambulatorial com ou sem Internação Domiciliar: Inclui esclarecimento de sintomas, dieta, terapias com paciente e familiares. Abordagem farmacológica quando necessário uso de BENZODIAZEPÍNICOS; - Pacientes Nível II - Tratamento com Internação Hospitalar: Inclui repouso absoluto, redução de estímulos áudio-visuais, monitoramentos de eletrólitos, glicemia e hidratação e dieta. Abordagem farmacológica com BENZODIAZEPÍNICOS e HALOPERIDOL, quando ocorrer caso de alucinações; - Pacientes com dependência de álcool necessitam de aconselhamento intensivo. Terapia cognitivo comportamental, terapia de facilitação em 12 passos (princípio dos alcoólicos anônimos) e terapia motivacional demonstraram boa efetividade; - Intervenções breves em pacientes ambulatoriais demonstraram que os mesmo tinham o dobro de chance de diminuir os padrões de consumo após seis a doze meses;
  • 17. - Algumas intervenções farmacológicas são propostas como medidas adjuvantes no manejo do paciente com dependência alcoólica. Os mais utilizados e aprovados pelo FDA são: DISSULFIRAM (medicamento que inibe o metabolismo do álcool levando a formação de acetaldeído que, acumulado, provoca sintomas desagradáveis como cefaléia, náuseas, vômitos e taquicardia), porém não é recomendado na rotina de uso em cuidados primários. NALTREXONA (antagonista opióide que provavelmente exerce seu efeito a partir da redução dos sintomas prazerosos desencadeados pelo álcool) e ACAMPROSATO (co-agonista dos receptores de glutamato, ajudando a modular a atividade dopaminérgica no núcleo accumbens, reduzindo o reforço positivo relacionado ao consumo de álcool). Ambos medicamentos naltrexona e acamprosato consistem em importantes recursos farmacológicos como coadjuvantes de intervenções psicossosiais no tratamento ambulatorial do alcoolismo; - Topiramato e ondansetron têm se mostrado promissor no tratamento da dependência de álcool, porém as evidências são insuficientes e os resultados precisam ser replicados. INFORMAÇÕES ADICIONAIS (15, 20, 21, 32) - A relação entre etanol e receptores 5-HT3 também tem sido demonstrada em trabalhos centrados na teoria de que baixos níveis de 5-HT no cérebro podem ser um fator de risco para o alcoolismo; - Estudos com adolescentes com idades entre 15-16 anos dependentes de álcool revelaram déficits em testes de memória verbal e não verbal, teste de linguagem e atenção. Além disso, o uso excessivo de álcool é prejudicial para o desempenho escolar; - DOSES SEGURAS PARA ADULTOS POR SEMANA: homens – 21 unidades, mulheres – 14 unidades; - Estudos epidemiológicos têm demonstrado que o consumo moderado de álcool, de 10 a 30g de etanol por dia, reduzem riscos cardiovasculares;
  • 18. - O benefício exercido pelo consumo moderado de álcool sobre o sistema cardiovascular parece estar ligado principalmente ao seu efeito sobre as lipoproteínas plasmáticas, principalmente elevando o HDL e em menor escala, diminuindo o LDL; - O consumo moderado de álcool seria um fator de proteção para as seguintes desordens: doenças coronarianas, derrame (AVC) por trombose, doenças vasculares periféricas, lesão por isquemia, síndrome metabólica e complicações cardiovasculares relacionadas a diabetes. - O consumo excessivo de álcool, por sua vez, seria um fator de risco para doenças coronarianas, derrame (AVC) hemorrágico, hipertensão, arritmias, insuficiência cardíaca e síndrome metabólica. REFERÊNCIAS 1. CASTRO, L.A.; BALTIERI, D.A. Tratamento farmacológico da dependência do álcool. Rev Bras Psiquaitr, 26(SI): 40-42, 2004. 2. CECIL. Tratado de Medicina Interna. 21ª ed. Guanabara Koogan, 2001. 3. CORRAO, G.; et al. A meta-analysis of alcohol consumption and the risk of 15 diseases. Preventive Medicine, 38: 613-619, 2004. (efeitos) 4. DAVIES SJ. et al. Is there cognitive impairment in clinically 'healthy' abstinent alcohol dependence? Alcohol and Alcoholism (Oxford, Oxfordshire), 2005, v.40, n.6, p. 498-503, Nov-Dec. 2005. 5. DRUMMOND, D.C. The relationship between alcohol dependence and alcohol- related problems in a clinical population. British Journal of Addicion, v.85, p.357- 366, 1990. 6. EDWARDS G, MARSHALL EJ, COOK CCH. O Tratamento do alcoolismo. Um guia para profissionais da saúde, 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. 7. ESEL, E. Neurobiology of Alcohol Withdrawal: Inhibitory and Excitatory Neurotransmitters. Turkish journal of Psychiatry, 17(2): 1-9, 2006. 8. FADDA, F. & ROSSETTI, Z. L. Chronic ethanol consumption: from neuroadaptation to neurodegeneration. Progress in Neurobiology, v.56, p.385-431, 1998.
  • 19. 9. FIGLIE,N.B.; BORDIN, S.; LARANJEIRA, R. Aconselhamento em Dependência Química. Roca. São Paulo, 2004. 10. FUCHS, F.D.; WANNMACHER, L., FERREIRA, M.B. Farmacologia Clínica. 3ª ed. Guanabara Koogan. São Paulo,2004. 11. GALDUROZ, J.C.F.; CAETANO, R. Epidemiologia do uso de álcool no Brasil. Rev Bras Psiquaitr, 26(SI): 3-6, 2004. 12. GALDURÓZ, J.C.F.; et al. V Levantamento Nacional Sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas Entre Estudantes do Ensino Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras 2004. Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID. Universidade de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, Departamento de Psicobiologia. Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD. 13. GIGLIOTTI, A.; BESSA, M.C. Síndrome de Dependência do Álcool: critérios diagnósticos. Rev Bras Psiquiatr, 26(SI): 11-13, 2004. 14. GOODMAN, L.; GILMAN, A. The pharmacological basis of therapeutics, 11ª ed, Porto Alegre: Artemed, 2005; 15. HEFERNAN, T.M.; BARTHOLOMEW, J. Does Excessive Alcohol Use in Teenagers Affect Their Everyday Prospective Memory? Journal of Adolescent Health, 39: 138-140, 2006. 16. JUNG, Y-C.; NAMKOONG, K. Pharmacoterapy for Alcohol Dependence: Anticraving Medication for Relapse Prevention. Yonsei Medical Journal, 47(2): 167-178, 2006. 17. KOOB GF. Alcoholism: allostasis and beyond. Alcoholism, Clinical and Experimental Research, v.27, n.2, p.232-43, Feb. 2003, Review. 18. LI, H.F.; KENDIG, J.J. Ethanol withdrawal hyper-responsiveness mediated by NMDA receptors in spinal cord motor neurons. British Journal of Pharmacology, v.139, n.1, p.73-80, May, 2003. 19.LING, L.J.; CLARCK, R.F.; ERICKSON, T.E.; TRESTAIL, J.H. Segredos em Toxicologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. 20. LLERENA, I. R.; HUERTA, E. M. Vino y Corazón. Revista Espanhola de Cardiologia, 51(6): 435-449, 2005. 21. LUCAS, D.L.; et al. Alcohol and Cardiovascular System – Research Challengs and Opportunities. Journal of the American College of Cardiology, 45(12): 1916-24, 2005.
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