O presente trabalho pretende apresentar uma nova forma de abordagem para o entendimento do tema “Perseguição às religiões não homogêneas” utilizando-se de recursos como jogo de tabuleiro em sala de aula, saindo dos recursos tradicionais, a fim de promover novas vivências e experimentar o jogo como prática potencializadora de maneira lúdica, com metodologia bem definida para compreender o processo de ensino-aprendizagem dos conhecimentos históricos. A idealização desse recurso surgiu a partir da necessidade de se elaborar uma atividade da disciplina “Linguagens Alternativas para o Ensino da História” ministrada na UFRPE no curso de licenciatura plena em História. O jogo foi pensado em uma temporalidade da década de 1930, época marcada por diversas transformações na natureza do Estado Brasileiro. Processo que se inicia com a Revolução de 1930 e atinge seu ápice com a proclamação do Estado Novo. Religiões de matriz africanas e outras pouco difundidas na grande massa da população como o Espiritismo e o Judaísmo sofreram perseguição aos seus cultos por parte do poder público através da polícia por muito tempo. Vimos na prática do jogo uma maneira possível de possibilitar ao aluno, analisar e entender as principais ações do governo, o papel da imprensa e da polícia como armas de apoio às políticas de perseguição com enfoque na perseguição às religiões de matriz africana no Recife pelo governo Agamenon Magalhães em Pernambuco.
Língua tupinambá, tecnologia e pesquisa educacional - procedimentos de uma pe...José Daniel da Silva
Artigo publicado na revista ETC - Educação, Tecnologia e Cultura, do IFBA - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia. Trata da pesquisa realizada entre os Tupinambá do Extremo Sul da Bahia, seu processo de revitalização da língua Tupi, e como a tecnologia pode apoiar este processo educativo.
ARTIGO – O USO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NA SALA DE AULA: OBSTÁCULOS, PRÁ...Tissiane Gomes
O presente artigo versa sobre a ampliação dos recursos didáticos na sala de aula, usando as histórias em quadrinhos como um aporte metodológico para o ensino-aprendizagem, respaldado nas HQs bibliográficas: Maus e o Boxeador. Tais obras foram utilizadas como um conteúdo complementar sobre a temática “Nazismo”, tendo em vista que essas HQs apresentam a história de sobreviventes dos campos de concentração nazistas, relatando assim fatos históricos do período correspondente a Segunda Guerra Mundial. O artigo está disponível nos anais do VI Encontro de Iniciação à Docência da UEPB (ENID) ocorrido nos dias 15 e 16 de dezembro de 2017, na cidade de Campina Grande, no Estado da Paraíba.
Língua tupinambá, tecnologia e pesquisa educacional - procedimentos de uma pe...José Daniel da Silva
Artigo publicado na revista ETC - Educação, Tecnologia e Cultura, do IFBA - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia. Trata da pesquisa realizada entre os Tupinambá do Extremo Sul da Bahia, seu processo de revitalização da língua Tupi, e como a tecnologia pode apoiar este processo educativo.
ARTIGO – O USO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NA SALA DE AULA: OBSTÁCULOS, PRÁ...Tissiane Gomes
O presente artigo versa sobre a ampliação dos recursos didáticos na sala de aula, usando as histórias em quadrinhos como um aporte metodológico para o ensino-aprendizagem, respaldado nas HQs bibliográficas: Maus e o Boxeador. Tais obras foram utilizadas como um conteúdo complementar sobre a temática “Nazismo”, tendo em vista que essas HQs apresentam a história de sobreviventes dos campos de concentração nazistas, relatando assim fatos históricos do período correspondente a Segunda Guerra Mundial. O artigo está disponível nos anais do VI Encontro de Iniciação à Docência da UEPB (ENID) ocorrido nos dias 15 e 16 de dezembro de 2017, na cidade de Campina Grande, no Estado da Paraíba.
Caderno de resumos III da Semana de História UNEB Campi II Alogoinhas - BahiaFrancemberg Teixeira Reis
O Departamento de Educação (DEDC)/UNEB/Campus II e o Colegiado do Curso de Licenciatura em História promovem a III Semana de História, que será realizada de 20 a 22 de maio de 2014, na cidade de Alagoinhas (BA). Em sua terceira edição, a partir do tema geral “Histórias, Sujeitos e Trajetórias”, o evento busca afirmar-se como um
espaço de diálogos e debates com a comunidade acadêmica e o público em geral.
A III Semana de História congregará profissionais (pesquisadores, professores) e
estudantes de História, Educação, Letras, Antropologia e outras áreas afins, oriundos de instituições de ensino superior e pesquisa baianas e/ou nacionais, fortalecendo os laços acadêmico-científicos e a difusão do conhecimento. Nesta perspectiva, o evento promoverá conferências, mesas redondas, simpósios temáticos, lançamentos de livros e programação cultural. Assim, as discussões contemplarão os seguintes eixos temáticos: História, Memória e Política; História, Ensino e Pesquisa; Literatura, Gênero e Relações Raciais, dentre outros a serem abordas no âmbito dos Simpósios Temáticos.
A temática escolhida para esta edição do evento, “Histórias, Sujeitos e Trajetórias”, é especialmente significativa no contexto das mudanças de paradigmas
experimentadas pelas Ciências Humanas (e a História, em particular) nas últimas décadas do século passado e aprofundadas no tempo presente. Sobre o ponto em questão, o tema geral expressa a vastíssima gama de abordagens, métodos e perspectivas que singularizam
o conhecimento histórico na contemporaneidade.
Finalmente, a III Semana de História coincidirá com o momento no qual a sociedade brasileira rememora os 50 anos do golpe civil-militar de 1964. Para a comunidade de historiadores, é fundamental problematizar a história, a memória e a historiografia do golpe de Estado que depôs o Presidente João Goulart e abriu caminho para a ditadura militar, encerrada em 1985. A propósito, segundo Eric J. Hobsbawm (1917-2012), o ofício dos historiadores consiste em lembrar o que os outros esquecem. Assim, o trabalho dos amantes de Clio torna-se significativo no contexto das discussões sobre o passado recente e dos seus desdobramentos sobre a sociedade brasileira neste início de milênio. Portanto, esperamos que o evento hora apresentado, mediante as discussões acerca da pluralidade de histórias, sujeitos e trajetórias, intensifique a função social do conhecimento do conhecimento histórico e contribua para estreitar os vínculos entre a Sociedade e a Universidade.
As diretrizes curriculares e o ensino de história da África: estamos falando ...André Santos Luigi
O texto objetiva demonstrar como o ensino de História da África é concebido pelas Diretrizes
Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana. Para tanto o texto percorre as seguintes etapas: primeiro, demonstra como
funciona o racismo brasileiro discutindo qual o papel da educação para impedir sua reprodução;
segundo, apresenta como memória, identidade se articulam através do ensino de História procurando
problematizar como a historiografia brasileira abordou a história afro-brasileira e africana e, finalmente,
apresenta quais os significados políticos e pedagógicos do ensino de História da África nos termos das
Diretrizes Curriculares.
O ensino de história no Brasil está associado à constituição de identidade na...Camila de Souza Teodoro
Entretanto, a História Integrada no final dos anos 60,cujo as explicações eram fundamentadas na teoria da dependência, procuravam analisar o atraso dos países latino-americanos, as interpretações passaram a ser feitas pelas determinações externas sobre os acontecimentos internos das nações.
Já nos anos 80, os conteúdos de história ignorava a realidade específica dos conflitos de classes do Brasil, assim como todos os demais países latino-americanos, que passaram a ser entendidos apenas como resultantes da história europeia e norte americana.
livro em pdf para professores da educação de jovens e adultos dos anos iniciais ( alfabetização e 1º ano)- material excelente para quem trabalha com turmas de eja. Material para quem dar aula na educação de jovens e adultos . excelente material para professores
Mais conteúdo relacionado
Semelhante a A REPRESSÃO POLICIAL AOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS NO RECIFE DURANTE A DÉCADA DE 1930: NOVA FORMA DE APRENDIZAGEM.
Caderno de resumos III da Semana de História UNEB Campi II Alogoinhas - BahiaFrancemberg Teixeira Reis
O Departamento de Educação (DEDC)/UNEB/Campus II e o Colegiado do Curso de Licenciatura em História promovem a III Semana de História, que será realizada de 20 a 22 de maio de 2014, na cidade de Alagoinhas (BA). Em sua terceira edição, a partir do tema geral “Histórias, Sujeitos e Trajetórias”, o evento busca afirmar-se como um
espaço de diálogos e debates com a comunidade acadêmica e o público em geral.
A III Semana de História congregará profissionais (pesquisadores, professores) e
estudantes de História, Educação, Letras, Antropologia e outras áreas afins, oriundos de instituições de ensino superior e pesquisa baianas e/ou nacionais, fortalecendo os laços acadêmico-científicos e a difusão do conhecimento. Nesta perspectiva, o evento promoverá conferências, mesas redondas, simpósios temáticos, lançamentos de livros e programação cultural. Assim, as discussões contemplarão os seguintes eixos temáticos: História, Memória e Política; História, Ensino e Pesquisa; Literatura, Gênero e Relações Raciais, dentre outros a serem abordas no âmbito dos Simpósios Temáticos.
A temática escolhida para esta edição do evento, “Histórias, Sujeitos e Trajetórias”, é especialmente significativa no contexto das mudanças de paradigmas
experimentadas pelas Ciências Humanas (e a História, em particular) nas últimas décadas do século passado e aprofundadas no tempo presente. Sobre o ponto em questão, o tema geral expressa a vastíssima gama de abordagens, métodos e perspectivas que singularizam
o conhecimento histórico na contemporaneidade.
Finalmente, a III Semana de História coincidirá com o momento no qual a sociedade brasileira rememora os 50 anos do golpe civil-militar de 1964. Para a comunidade de historiadores, é fundamental problematizar a história, a memória e a historiografia do golpe de Estado que depôs o Presidente João Goulart e abriu caminho para a ditadura militar, encerrada em 1985. A propósito, segundo Eric J. Hobsbawm (1917-2012), o ofício dos historiadores consiste em lembrar o que os outros esquecem. Assim, o trabalho dos amantes de Clio torna-se significativo no contexto das discussões sobre o passado recente e dos seus desdobramentos sobre a sociedade brasileira neste início de milênio. Portanto, esperamos que o evento hora apresentado, mediante as discussões acerca da pluralidade de histórias, sujeitos e trajetórias, intensifique a função social do conhecimento do conhecimento histórico e contribua para estreitar os vínculos entre a Sociedade e a Universidade.
As diretrizes curriculares e o ensino de história da África: estamos falando ...André Santos Luigi
O texto objetiva demonstrar como o ensino de História da África é concebido pelas Diretrizes
Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana. Para tanto o texto percorre as seguintes etapas: primeiro, demonstra como
funciona o racismo brasileiro discutindo qual o papel da educação para impedir sua reprodução;
segundo, apresenta como memória, identidade se articulam através do ensino de História procurando
problematizar como a historiografia brasileira abordou a história afro-brasileira e africana e, finalmente,
apresenta quais os significados políticos e pedagógicos do ensino de História da África nos termos das
Diretrizes Curriculares.
O ensino de história no Brasil está associado à constituição de identidade na...Camila de Souza Teodoro
Entretanto, a História Integrada no final dos anos 60,cujo as explicações eram fundamentadas na teoria da dependência, procuravam analisar o atraso dos países latino-americanos, as interpretações passaram a ser feitas pelas determinações externas sobre os acontecimentos internos das nações.
Já nos anos 80, os conteúdos de história ignorava a realidade específica dos conflitos de classes do Brasil, assim como todos os demais países latino-americanos, que passaram a ser entendidos apenas como resultantes da história europeia e norte americana.
livro em pdf para professores da educação de jovens e adultos dos anos iniciais ( alfabetização e 1º ano)- material excelente para quem trabalha com turmas de eja. Material para quem dar aula na educação de jovens e adultos . excelente material para professores
Projeto de articulação curricular:
"aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos" - Seleção de poemas da obra «Bicho em perigo», de Maria Teresa Maia Gonzalez
proposta curricular para educação de jovens e adultos- Língua portuguesa- anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano). Planejamento de unidades letivas para professores da EJA da disciplina língua portuguesa- pode ser trabalhado nos dois segmentos - proposta para trabalhar com alunos da EJA com a disciplina língua portuguesa.Sugestão de proposta curricular da disciplina português para turmas de educação de jovens e adultos - ensino fundamental. A proposta curricular da EJa lingua portuguesa traz sugestões para professores dos anos finais (6º ao 9º ano), sabendo que essa modalidade deve ser trabalhada com metodologias diversificadas para que o aluno não desista de estudar.
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental ILetras Mágicas
Sequência didática para trabalhar o gênero literário CORDEL, a sugestão traz o trabalho com verbos, mas pode ser adequado com base a sua realidade, retirar dos textos palavras que iniciam com R ou pintar as palavras dissílabas ...
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir" - Jorge e MateusMary Alvarenga
A música 'Tem Que Sorrir', da dupla sertaneja Jorge & Mateus, é um apelo à reflexão sobre a simplicidade e a importância dos sentimentos positivos na vida. A letra transmite uma mensagem de superação, esperança e otimismo. Ela destaca a importância de enfrentar as adversidades da vida com um sorriso no rosto, mesmo quando a jornada é difícil.
Correção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdf
A REPRESSÃO POLICIAL AOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS NO RECIFE DURANTE A DÉCADA DE 1930: NOVA FORMA DE APRENDIZAGEM.
1. 1
A REPRESSÃO POLICIAL AOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS NO
RECIFE DURANTE A DÉCADA DE 1930: NOVA FORMA DE
APRENDIZAGEM.
Jaime de Lima Guimarães Júnior
1
Jonas Durval Carneiro
2
Profª. Dra. Ana Lúcia do Nascimento Oliveira
3
RESUMO: O presente trabalho pretende apresentar uma nova forma de abordagem
para o entendimento do tema “Perseguição às religiões não homogêneas” utilizando-
se de recursos como jogo de tabuleiro em sala de aula, saindo dos recursos
tradicionais, a fim de promover novas vivências e experimentar o jogo como prática
potencializadora de maneira lúdica, com metodologia bem definida para
compreender o processo de ensino-aprendizagem dos conhecimentos históricos. A
idealização desse recurso surgiu a partir da necessidade de se elaborar uma
atividade da disciplina “Linguagens Alternativas para o Ensino da História”
ministrada na UFRPE no curso de licenciatura plena em História. O jogo foi pensado
em uma temporalidade da década de 1930, época marcada por diversas
transformações na natureza do Estado Brasileiro. Processo que se inicia com a
Revolução de 1930 e atinge seu ápice com a proclamação do Estado Novo.
Religiões de matriz africanas e outras pouco difundidas na grande massa da
população como o Espiritismo e o Judaísmo sofreram perseguição aos seus cultos
por parte do poder público através da polícia por muito tempo. Vimos na prática do
jogo uma maneira possível de possibilitar ao aluno, analisar e entender as principais
ações do governo, o papel da imprensa e da polícia como armas de apoio às
políticas de perseguição com enfoque na perseguição às religiões de matriz africana
no Recife pelo governo Agamenon Magalhães em Pernambuco.
Palavras-chaves: Jogo de tabuleiro; Religiões; Perseguição; Estado Novo.
1
Graduando em Licenciatura Plena em História pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Bolsista
BEXT - PRAE – UFRPE. E-mail: jaime.guimaraes@gmail.com
2
Graduando em Licenciatura Plena em História Pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. E-mail:
jonasdurval2004@hotmail.com
3
Pós-Doutora em História pela Faculdade de Letras do Porto – Portugal. Pós-Graduação em História/UFRPE.
E-mail: ananascimentoufrpe@gmail.com
2. 2
1 INTRODUÇÃO
No processo de formação dos professores de História, o graduando percorre
um caminho por entre as disciplinas de educação que lhe permitem entrar em
contato com várias teorias pedagógicas que vão auxiliá-lo no dia a dia na sala de
aula. Na Matriz curricular do curso de Licenciatura Plena em História da
Universidade Federal Rural de Pernambuco, esse subsídio teórico é apresentado ao
longo de todo o curso, culminando nas disciplinas de Estágio Supervisionado nos
últimos quatro semestres do curso. Contudo, é no quinto período que é ministrada a
disciplina de Linguagens Alternativas para o Ensino de História. Segundo Ferreira e
Paviani (2012), no cenário social contemporâneo atual na qual estamos inseridos, as
intituladas linguagens alternativas fortalecem o ensino da História, pois utilizando-se
desses elementos podemos mostrar conceitos e símbolos culturais e sociais de um
contexto histórico, representando certa imagem de mundo.
As chamadas linguagens alternativas para o ensino de história mobilizam
conceitos e processam símbolos culturais e sociais, mediante os quais
apresentam certa imagem do mundo. [...] Donas de identidades próprias, as
linguagens exigem uma proposta didática adequada para sua exploração nas
aulas de história (ABUD, 2005).
O alunado, auxiliados por essas linguagens, são conduzidos na construção do
conhecimento histórico como: transferência de uma memória coletiva, apropriação
da capacidade de avaliar, observação e análise de uma situação ou acontecimento e
geração da consciência política. De certo, podemos atingir a consciência histórica
como as ações mentais que fazem os seres humanos interpretarem a avanço
temporal do mundo e de si.
Dentre as diversas atividades realizadas pelos docentes durante o semestre
letivo, foi dada à tarefa de elaborar um plano de aula com a utilização da linguagem
alternativa jogo de tabuleiro, tendo como tema: “A Perseguição às religiões não
hegemônicas nos anos de 1930 nas Américas/Caribe.” O desafio sugeria a utilização
de 50 minutos dentro da aula semanal da disciplina usando os docentes da turma
como estudantes do 3º ano do ensino médio. A proposta do plano de aula foi
formatada a partir da pergunta orientadora: “O que motivou a perseguição às
religiões durante a década de 1930?”. Devido à amplitude da temática, decidimos
por reduzir esse espaço territorial que se situava nossa pesquisa e focamos no tema
mais direcionado como sendo “A repressão policial aos cultos afro-brasileiros no
Recife”.
3. 3
Baseado na apropriação do conhecimento através das linguagens
alternativas, esse artigo se propõe a divulgar os resultados alcançados, estimulando
a criação de novos jogos, e ao mesmo tempo, propor o uso do jogo de tabuleiro
intitulado “Caminho dos Orixás” nas escolas, contribuindo para a formação de um
discente mais consciente e crítico.
2 A REPRESSÃO POLICIAL AOS CULTOS DE MATRIZ AFRICANA
Para o entendimento do conteúdo do jogo proposto é necessário situar o tema
selecionado num contexto histórico.
A década de 1930 se encontrava em um turbilhão político, com a ascensão de
Getúlio Vargas ao poder por meio da Revolução de 30, o Brasil se assentou num
processo antidemocrático e ditatorial cujas ações foram sentidas em todo o país.
Todo um processo de mudança é constatado com as novas prerrogativas do regime
de Estado vigente cujas alterações foram percebidas em toda a sociedade.
Por não ser a religião dominante, os cultos de matriz africana ficavam às
margens da sociedade e os seus praticantes sofriam preconceito, intolerância e
perseguição. Para que essa repressão ocorresse, usou-se na maioria das vezes
como base jurídica, o código penal de 1932, cujos artigos 157 e 158, corroborada
pela Constituição de 1934 já ponderava em seu Capítulo II, inciso 5 que:
É inviolável a liberdade de consciência e de crença e garantido o livre
exercício dos cultos religiosos, desde que não contravenham à ordem
pública e aos bons costumes. As associações religiosas adquirem
personalidade jurídica nos termos da lei civil.
“Contravir a ordem pública e aos bons costumes” era algo infinitamente
subjetivo, qualquer coisa que não seguisse os padrões de civilidade da época
poderia ser visto ou serviria como motivo para acionar a polícia.
Como tentativa de fazer essa prática religiosa conhecida foi realizado o 1º
Congresso Afro-Brasileiro no Recife no ano de 1934 organizado por Gilberto Freyre
com o apoio do professor e diretor do Serviço de Higiene Mental do Estado, Ulisses
Pernambucano. Que muitas vezes serviu de ponte entre as “seitas” e a polícia que
não permitia o livre funcionamento dos cultos.
As restrições tornaram-se mais latentes com a ascensão de Agamenon
Magalhães como interventor do Estado em 1937. Em sua gestão ele reforçou a
atuação da Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) por meio da Secretaria de
Segurança Pública. A DOPS foi utilizada pelo interventor como parte importante para
4. 4
manutenção da ordem no Estado. Até porque ele tinha o apoio da Igreja, Campos
(2004) elucida que o Estado e a Igreja empreenderam uma caçada às religiões afro
descendentes por causa de suas práticas anticatólicas.
Agamenon Magalhães utilizou-se de todos os meios disponíveis ao seu
alcance para cercear ou até mesmo acabar com as religiões de matriz africana
utilizando-se desde o aparato e inteligência policial, como da mídia impressa e
falada. Quando ocorriam as diligências policiais ao local onde ocorria o culto afro era
comum os jornais escreverem matérias sobre o acontecimento.
Outro processo que resultou em perseguição foi o processo de modernização
e higienização dos centros urbanos que deslocou para a periferia os espaços de
cultos afro-descendentes o que ocasionou resistência e atrito com os governos
locais e a polícia. A partir desta resistência, os grupos sociais negros que buscavam
a manutenção de suas práticas, habitações, e lugares simbólicos, acabaram também
por estender o tecido da cidade em áreas marginalizadas pela elite e instâncias
político-econômicas, redefinindo os bairros.
Tendo em vista que o preconceito ainda perdura independente do período
que as informações se encontram disponível, é essencial e possível conhecer os
dois lados dessa história de perseguição. É primordial que o aluno obtenha
conhecimentos prévios sobre os acontecimentos que culminaram com a perseguição
às religiões de matriz africana a fim de entender o propósito do jogo como objeto
auxiliar nos conhecimentos abordados e que também possa socializar com seus
colegas a cerne desse problema ainda tão latente para as religiões de matriz
africana.
Todas essas informações podem ser utilizadas pelo professor em sala de
aula para complementar a prática de ensino mediante o uso do jogo de tabuleiro. Na
visão de Giacomoni e Pereira (2013) “Quem sabe o professor de História não deva
exatamente se constituir em um provocador de encontros, no sentido de permitir a
aprendizagem, para além do conhecimento.”
3 O JOGO COMO NOVA FORMA DE ENSINO APRENDIZAGEM
Nada mais interessante do que utilizar a linguagem alternativa para ser um
provocador que falta ao ambiente de sala de aula. Pois segundo Giacomoni e
Pereira (2013), “Nesse ato de jogar, os estudantes estão na origem dos conceitos,
5. 5
pois que ali, no ato, conceitos históricos se gestam e passam a dar forma à vida, aos
modos de vida, aos antigos presentes”. Huizinga (2000) complementa que:
A função do jogo [...] pode de maneira geral ser definida pelos dois aspectos
fundamentais que nele encontramos: uma luta por alguma coisa ou a
representação de alguma coisa. Estas duas funções podem também por
vezes confundir-se, de tal modo que o jogo passe a “representar” uma luta,
ou se torne uma luta para melhor representação de alguma coisa.
Diante disso, Giacomoni (2003) apresenta um guia para o desenvolvimento
de jogos de história. São cinco os passos destacados: delimitar um tema dentro de
um período histórico e dos conteúdos que o professor planeja, escolher em que tipo
de superfície o jogo será desenvolvido, qual dinâmica terá e funcionamento,
estabelecer as regras e layout do jogo.
3.1 A CONSTRUÇÃO DESAFIADORA DO JOGO DE TABULEIRO
Dado o desafio do tema a ser tratado no jogo, a equipe debruçou-se nas
opções existentes como base para a dinâmica do mesmo, de modo a encontrar o
que melhor representava a proposta. Todos os caminhos escolhidos esbarravam na
narrativa de batalhas ou corridas que desembocavam numa vitória sem uma
avaliação crítica do papel do vencedor ou do perdedor. Era óbvio que havia dois
lados opostos na dinâmica do jogo, os perseguidores e os perseguidos.
A estrutura do jogo precisava se basear na proposta de perdas e ganhos de
acordo com a situação vigente na época colocando os jogadores na situação das
personagens. Além disso, havia muitos dados que corroboravam para dar muita
força ao lado dos perseguidores gerando desigualdade desproporcional em
comparação os perseguidos. Contudo o desafio crescia diante da proposta que o
jogo conseguisse ensinar dentro do processo de ensino aprendizagem com a
construção de uma narrativa crítica por parte dos jogadores, estejam eles do lado
que estiverem.
Durante a pesquisa por personagens que representassem a historicidade do
tema, optamos por sujeitos indefinidos para não criar mártires entre os heróis e os
bandidos. A percepção avaliativa do aluno deveria ser usada como elemento para
definir quem estava certo ou errado, ou até mesmo se havia certos e errados. A
melhor proposta foi ambientar o jogo numa corrida entre dois personagens que não
se enfrentariam diretamente, mas estariam expostos às dificuldades ou vantagens
do momento proporcionado pelos fatos históricos da época.
6. 6
Ultrapassado o processo de idealização do jogo, iniciou-se a fase de definição
de um contexto e personagens que representassem o tema proposto de forma direta
e clara. Optamos pela utilização do espaço entre a DELEGACIA de Ordem Política e
Social - Dops e o TERREIRO que nos cultos afro-brasileiros, é o local onde se
realizam os cultos cerimoniais e são feitas oferendas aos orixás. Embora nem
sempre de terra batida, o nome permanece como referência aos barracões e
quintais onde as celebrações eram realizadas.
Para ambientar os jogadores, criamos um episódio muito típico da época
como estopim para iniciar o jogo.
Uma DELEGACIA recebera denúncia anônima para investigar um TERREIRO
localizado em Salgadinho4
, chamado Terreiro de Mãe Maria. Naquele período, como
em outros mais recentes, uma simples denúncia anônima era o bastante para se
prender alguém. Segundo informações do denunciante, o Terreiro estava cometendo
crime de perturbação à ordem pública e aos bons costumes com base no Artigo 5º,
Capítulo II da Constituição Federal de 1934. Um INFORMANTE ligado aos Terreiros
da região do Recife – PE toma conhecimento que um grupo de policiais seguirá em
diligência para uma batida surpresa naquele endereço. POLÍCIA e o INFORMANTE
partem simultaneamente da delegacia rumo ao TERREIRO em condições e
vantagens definidas por trilhas diferentes. Dependendo de quem chegar primeiro, o
TERREIRO poderá ou não sofrer ações legais do Governo.
Definidos as personagens e os elementos ligados a elas, como também a
diferença entre os caminhos para chegar ao objetivo, a equipe se empenhou na
imagem de fundo do tabuleiro e como seriam representadas as casas trilhadas por
cada personagem.
Nos resultados das pesquisas havia mapas do Recife com a localização de
alguns Terreiros daquela época que poderiam ser utilizados como pano de fundo,
usando as ruas para traçar caminhos dos competidores ao objetivo definindo um
ambiente mais realista para o tabuleiro. Contudo, depois de várias avaliações,
optamos por não demarcar nenhum ambiente geográfico para possibilitar seu uso
em outros espaços e tempos históricos.
Outra decisão acertada, foi não tornar o ambiente do jogo um local que
propagassem a imagem do perseguidor. Historicamente, o perseguidor já acumula
4
Localidade ao norte do Recife que faz divisa com Olinda – PE.
7. 7
muito espaço de divulgação de sua imagem de “herói” fomentada pelas ações
governamentais na imprensa da época, tornando os grupos perseguidos alvos de
preconceitos e descriminação até os dias atuais. Para fortalecer essa
representatividade, procuramos nas pesquisas os elementos de expressão das
religiões de matriz africana e nos deparamos com os Orixás que são deuses
africanos que correspondem a pontos de força da Natureza e os seus arquétipos
estão relacionados às manifestações dessas forças.
Os búzios (conchas marinhas), que antes das moedas de metal, foi usada
como fonte do poder monetário da África, viajando pelo continente antes de
tornarem-se oráculo. Ao consultar os orixás através do jogo de búzios, abre-se um
canal de comunicação espiritual, que se mantém aberto para sempre. Desnudar os
orixás e cultuá-los é, sobretudo, encontrar socorro, apoio e esperança durante todos
os momentos. Unindo todos esses elementos, chega-se ao nome do tabuleiro:
Caminho dos Orixás (Figura 1), em referência às estradas que levavam à periferia
da cidade para onde foram os Terreiros dos Orixás após o programa de limpeza
étnica desencadeada pelas forças de governo.
FIGURA 1 – IMAGEM DO TABULEIRO – CAMINHO DOS ORIXÁS.
Fonte: Os autores (2018)
8. 8
Por fim, como as personagens não se enfrentam diretamente, e portanto, não
se encontram durante o percurso, optamos por usar dois caminhos sinuosos de 20
búzios dispostos em paralelo. Cada búzio foi numerado discretamente de forma
crescente para sugerir que os búzios foram lançados ao tabuleiro antes do jogo,
tentando descobrir a sorte dos seus oponentes. Cabe ainda dizer, que a quantidade
escolhida, apenas 20 búzios, foi a que melhor funcionou em todos os testes de
tempo necessário para que o jogo acontecesse dentro de uma aula de 50 minutos.
Comprovamos também, que essa quantidade de búzios foi suficiente para cumprir
os objetos do plano de aula.
Acertados os objetos visuais da trilha, centramos na jogabilidade definindo
todos os elementos que componha o tabuleiro. Usamos apenas 2 pinos5
de cores
díspares, suficiente para representar os jogadores no tabuleiro. O dado, muito
comum nos jogos de tabuleiro, seja físico ou digital, foi escolhido para sortear a
quantidade de búzios um a seis búzios a cada jogada, determinando o que cada
jogador poderia avançar, colaborando para o uso correto do tempo de aula.
Enfim surgem as regras, cada jogador (ou grupo) representado por um pino
lançará o dado para sorteio do valor que representará a quantidade de búzios que
avançará até chegar ao TERREIRO. Não especificamos qual trilha representaria
qual jogador, deixamos os alunos decidirem. Cada búzio representa uma fase do
percurso, definidas previamente pelo professor através de uma tabela auxiliar
(QUADRO 1) disponibilizada para cada jogador determinando o conteúdo de cada
búzio. Utilizando o número corresponde ao búzio alcançado, o jogador lê uma
mensagem na tabela de informações que pode ajudar ou retardar a chegada dos
jogadores ao destino.
QUADRO 1 – LISTA DAS CASAS DO JOGO “CAMINHO DOS ORIXÁS”
Búzio
POLÍCIA
Búzio
INFORMANTE
1
Segundo o Código Penal de 1932 é proibido
praticar magia e outros sortilégios. A Lei está
ao seu favor, pule duas casas
1
Segundo o Código Penal de 1932 é proibido
praticar magia e outros sortilégios. A Lei não
está ao seu favor, fique UMA vez sem jogar
2
A Viatura está em diligência. Todos prontos
para cumprir mais uma missão.
2
Não peça ajuda ao padre. Organizações da
igreja estão juntas com o Estado na caça aos
praticantes das religiões afros.
3
Diretoria Geral de Assistência aos Psicopatas
era contra aos Pais e Mães de Terreiros de
3
Em 1934 acontece o 1º Congresso Afro no
Recife organizado por Gilberto Freire. A luta
5
Pinos ou peões – são peças plásticas utilizadas para marcar pontos de disputadas ou localização de jogadores
num tabuleiro. Pode ser utilizado qualquer objeto que realize essa função. Pedras e tampas de garrafas coloridas
podem ser ótimas opções.
9. 9
Recife. Entidades de Estado ao seu favor. está ao seu favor, pule DUAS casas.
4
Atenção! Ao chegar solicite autorização de
funcionamento terreiro. Segundo a Lei Estadual
de 1934, é obrigatório. Fique UMA vez sem
jogar
4
Você tem a seu favor o médico psiquiatra
Ulisses Pernambucano com informações úteis.
Ele é chefe do Serviço de Higiene Mental de
Pernambuco – SHM e um forte aliado.
5
O Serviço de Higiene Mental de Pernambuco –
SHM, criado em 1932 com objetivo principal
central conhecer, controlar e diferenciar os
xangôs em prol da moral e contra o
charlatanismo.
5
Você chegou ao Terreiro de Pai Anselmo, amigo
de Gilberto Freyre. Aproveite para comer um
delicioso vatapá para recuperar as energias.
6
Fique sabendo que uma Lei Estadual lhe
garante que, chegando ao local, você pode
apreender todos os objetos como prova. Não
tenha pressa, retorne UMA casa.
6
Cuidado! O Artigo 158 do Código Penal de
1932, proíbe atividade de curandeiro,
cartomancia e prescrever ervas. Por isso,
retorne UMA casa.
7
Você chegou ao Terreiro de Pai Antônio Félix
Marinho na Encruzilhada. Exija mais
informações sobre o seu destino.
7
Está desorientado? Você está próximo do
Terreiro de Pai José Gomes e pode pedir
informações importantes.
8
Você Sabia? A Umbanda, religião
genuinamente brasileira, é um misto de
Cristianismo, Espiritismo, Catolicismo, culto aos
orixás e Catimbó.
8
Lembre-se: O que se entendia no passado
como Catimbó é o que se chama hoje de
Umbanda.
9
O Interventor Agamenon Magalhães criou
órgãos de repressão e manutenção da ordem
pública: DOPS – Delegacia de Ordem Política e
Social e o SSP – Secretaria de Segurança
Pública. Avance UMA casa.
9
Você está ciente que os maiores Mestres de
Catimbó foram negros e ainda o são, em
maioria absoluta, mestiços e mulatos? Avance
UMA casa.
10
Alguns Pais e Mães de Santo ajudavam os
vários órgãos estaduais para verificar a
existência de charlatães. Interessados em
buscar proteção policial e liberdade para suas
práticas, também denunciavam aqueles vistos
como concorrentes. Volte para casa 8.
10
A maioria das seitas africanas está localizada
na Zona marginal às linhas do Beberibe e
Campo Grande, arrabaldes pobres da cidade.
Encruzilhada, Água Fria, Arruda, Chapéu do Sol
e Fundão, por todos esses lugares se
encontram terreiros. Terreiros de culto nagô,
gege, xanhá com predominância de nagô.
11
Em favor da política do Estado Novo (1837-
1945) no Brasil, e, em particular em
Pernambuco, baixou-se uma portaria em 1938,
proibindo o funcionamento de centros afro-
religioso no Recife. Avance UMA casa.
11
Origem dos cultos afro-religiosos na região pelo
rio Beberibe, destacando tanto a existência do
Quilombo do Malunguinho nas matas do
Catucá. Por sua origem avance UMA casa.
12
Reformas urbanas para modernização e
“higienização” dos bairros centrais do Recife,
entre outros objetivos, era a erradicação dos
mocambos, e o controle e repressão aos
centros afro-religiosos. A polícia participou
ativamente.
12
Algumas agremiações carnavalescas na zona
de mocambos do Beberibe de Baixo também
serviram de espaço para celebrações dos cultos
afro-religiosos.
13
Seja esperto! Para impedir o fechamento de
seus terreiros, os grupos afro descendentes
disfarçavam suas sedes em centros kardecistas
ou em agremiações carnavalescas. Não caia
nessa pegadinha. Para obter mais
conhecimento, fique uma rodada sem jogar.
13
Os rios Beberibe e Água Fria eram caminhos
utilizados pelos negros fugitivos que ocuparam
as margens e manguezais aterrados por eles.
Tal fato favoreceu a concentração de vários
Xangôs na região entre Olinda e Recife. Fique
uma rodada sem jogar.
14
Grupos religiosos ocultavam seus ancestrais e
divindades africanas por trás dos santos
católicos para impedir sua segregação. Seja
inteligente!
14
Algumas estratégias dos grupos afro-religiosos
era camuflar seus xangôs em agremiações
carnavalescas como forma de burlar o controle
e repressão.
15
Você parou no Terreiro de Pai José Fausto de
Oliveira na Estrada de Belém em Campo
Grande. As informações que você pediu a ele
foram falsas. Por isso, Retorne UMA casa.
15
Abertura de estradas e o desenvolvimento dos
transportes, com o advento dos trens a vapor,
acabaram por possibilitar ocupação mais
acelerada dos bairros mais distantes do Centro
do Recife, ajudando na proliferação dos
mocambos e dos terreiros.
16
A Delegacia de Ordem Política e Social – DOPS
foi criada tendo como uma das justificativas o
uso de medidas autoritárias de combate à
“Desordem Social”. Você vai chegar lá!
16
Gilberto Freyre foi preso por delito de opinião.
Acusado de pornográfico e comunista pelo
governador intervencionista Agamenon
Magalhães porque defendia os terreiros.
Retorne UMA casa.
17 A Imprensa se tornou referência na interventoria 17 Santa Bárbara ou Iansã, deusa dos raios,
10. 10
de Agamenon Magalhães. Uma estratégia
fundamental para a construção dos ideais do
Estado Novo em Pernambuco. O jornal Folha da
Manhã foi seu porta-voz. Avance UMA casa.
ventos e tempestades está te ajudando.
Avance UMA casa.
18
A Folha da Manhã, de propriedade de
Agamenon Magalhães, veiculava a doutrina
dominante através do processo de
“catequização” da sociedade. Os
afroumbandistas deveriam ser desconstruídos,
marginalizados e, finalmente, silenciados.
18
Você está quase perto! Receba apoio no terreiro
de Mãe Marcionila. Momento de oração para
seguir em frente.
19
O Estado Novo promoveu medidas de controle
da sociedade, instaurando, progressivamente,
um sistema de vigilância ostensivo a toda e
qualquer forma de manifestação contrária às
ideias do Governo.
19
Depois de percorrer um longo caminho, sua
jornada está chegando ao fim. Prepara-se para
chegar ao seu destino final e ajudar o terreiro de
Mãe Maria. Continue rezando.
20
Parabéns você conseguiu chegar ao seu
destino e está pronto para desmantelar mais um
terreiro.
20
Muito bem! Você conseguiu livrar mais um
terreiro de ser desmontado pelas forças
policiais.
Fonte: Os autores (2018)
Realizada a aula com o jogo de tabuleiro, avaliaram-se todas as
particularidades encontradas, determinando o sucesso alçando diante do tempo
proposto, a temática extremamente complexa e polêmica, sobretudo pela falta de
conhecimento prévio dos alunos do tema escolhido, gerando a necessidade de
novos encontros para falar sobre esse e outros temas de certa forma ausentes dos
planejamos de ensino de História.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não é fácil para um educador tratar de temas que ainda sejam inquietantes
na sociedade e em grupos que ainda de alguma maneira são rejeitados e vistos com
outras perspectivas por uma parte da população. Contudo, é gratificante quando
existe um esforço por parte desse educador em querer mudar esse traço da história
apenas plantando uma luz de esperança na mente do corpo discente.
Um dos intuitos principais do jogo “Caminho dos Orixás” é poder auxiliar o
professor nessa tarefa árdua proporcionando por meio do jogo de tabuleiro outra
visão de aprendizagem por meio de atividades que agucem o espírito do aluno na
sua busca por conhecimento.
É impossível ficar alheio as perseguições sofridas pelas religiões de matriz
africana, nem aos percalços por elas enfrentados. Porque em menor grau ela ainda
acontece. Porém nunca é tarde para disseminar esses fatos e mostrar que todos
merecem respeito independente dos seus credos.
11. 11
E as linguagens alternativas podem ser uma porta para que esses
conhecimentos que estão à margem do livro didático, consequentemente das salas
de aulas, possam ser introduzidos e se fazerem conhecidos pelos alunos. Gerando
debates, fazendo com que o discente se aproprie da sua própria história e da
história forjada pelos seus pares. Porque segundo Marc Bloch (2001) a história é a
ciência que estuda o homem no tempo, onde os fatos históricos são entendidos e os
acontecimentos compreendidos.
REFERÊNCIAS
ABUD, K. M. Registro e representação do cotidiano: a música popular na aula
de história. Cad. Cedes, Campinas, vol 25. 2005
BLOCH, Marc. A história, os homens e o tempo. In: Apologia da História ou O
ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2001
BRASIL. Decreto n.º 847, de 11 de outubro de 1890.
BRASIL. Constituição Federal de 1934.
BRANDÃO, Maria do Carmo. A localização de Xangôs na Cidade do Recife.
Revista Clio, Recife, n. 11, p. 117-135, 1988. (Série História do Nordeste – UFPE)
CAMPOS, Zuleica Dantas Pereira. KOURYH. Jussara Rocha. Religiões Afro-
Brasileiras: Perseguições Antigas e Novas. Revista de Teologia e Ciências da
Religião da Universidade Católica de Pernambuco, Recife, v. 5, n. 1, p. 161-177,
dez. 2015.
CAMPOS, Zuleica Dantas Pereira. A polícia no estado novo combatendo o
catimbó. Revista Brasileira de História das Religiões – Ano I, n. 3, Dossiê Tolerância
e Intolerância nas manifestações religiosas, 2009.
CAMPOS, Zuleica Dantas Pereira. Marianos recatequizando Pernambuco. In.:
BRANDÃO, Sylvana (Org.). História das Religiões no Brasil. V.3, Recife: Ed.
Universitária da UFPE, 2004.
CAVALCANTI, Pedro. As Seitas Africanas no Recife In: Estudos Afro-Brasileiros.
Recife: FUNDAJ, Editora Massangana, 1988 (Fac-símile de: Rio de Janeiro: Ariel,
1935), p. 243-44.
COSTA, Valéria. GOMES, Flávio. (org.) Religiões Negras no Brasil: da escravidão
à pós-emancipação. São Paulo: Selo Negro, P. 320-331, 2016.
COSTA, Manoel do Nascimento. Frutos da memória e da vivência: o grande
sacrifício do boi na Nação Nagô e outras tradições dos Xangôs do Recife. In.:
MOURA, Carlos Eugênio Marcondes de. (Org.). As senhoras do pássaro da noite:
12. 12
escritos sobre a Religião dos Orixás. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 1994.
FERREIRA, T. L; e PAVIANI, B. A música e a ditadura militar: como trabalhar
com letras de música enquanto documento histórico. História e Ensino,
Londrina, vol 18. 2012.
GIACOMONI, Marcello Paniz; PEREIRA. Nilton Mullet. Jogos e Ensino de História.
Porto Alegre: Evangraf, 2013.
HALLEY, B. M. Onde mora o Xangô? Fatores de Localização de Terreiros Afro-
Religiosos às Margens do rio Água Fria – Recife (Séculos XIX - XX). Revista
Eletrônica: Tempo - Técnica - Território, v.5, n.1 (2014), p. 25-50.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens. São Paulo: Perspectiva, 2000.
MESQUITA, Gustavo. Gilberto Freyre e o Estado Novo: região, nação e
modernidade. 1. ed. - São Paulo: Global, 2018.
OLIVEIRA, Nathália Fernandes de. A repressão policial às religiões de matriz
afro-brasileiras no Estado Novo (1937-1940). 2015, 173 f. Universidade Federal
Fluminense, Rio de Janeiro.
SCHLICKMANN, Mariana. A Trajetória dos Estudos Africanos no Brasil: 1930 a
1980. Temporalidades: Revista de História, Belo Horizonte, v. 8, n. 1, p. 417 –
443, jan/maio 2016.
SERRA, Ordep. O candomblé e a intolerância religiosa. In.: OLIVEIRA, Rafael
Soares de. Candomblé: diálogos fraternos contra a intolerância religiosa. Rio de
Janeiro: DO&A, 2003.
SILVA, Vagner Gonçalves da. Concepções religiosas afro-brasileiras e
neopentecostais: uma análise simbólica. In: PEREIRA, João Baptista Borges
(Org.). Religiosidade do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,
2012.
SILVA, Marcília Gama da. DOPS-PE: Estrutura e funcionamento da máquina de
violações de 1935-1985. XXVII Simpósio Nacional de História – Anpuh. Natal. 2013.
VALENTE, W. Sincretismo religioso afro-brasileiro. São Paulo: Nacional, 1955.