1. “A morte do Juiz interior”
Texto bíblico na Nova Tradução na Linguagem de Hoje
Paulo Francisco dos Santos1
Pedro respondeu: – Eu nunca vou dizer que
não o conheço, mesmo que eu tenha de morrer
com o senhor! E todos os outros discípulos
disseram a mesma coisa.
Mateus 26. 35
Lembrar da celebre frase convicta de lealdade de Pedro desperta um
sentimento de indignação e a primeira coisa que sobe ao coração é lançar
palavras de reprovação ao apóstolo que após emitir a afirmação em tela sem
titubear negou Jesus. A atitude desleal de Cefas é motivo para que seja
acionado aquele botãozinho interior em cada um de nós que nos impulsiona
a produzir julgamentos e sentenças que quase sempre estão repletos de
falhas, preconceitos e da visão distorcida dos fatos. Ao meditar neste trecho
das Escrituras o Senhor Espírito Santo conduziu-me a questionar até que
ponto nós meros seres humanos nos auto togamos2
e sem preocupação
alguma falamos coisas que teremos de prestar contas3
a Deus
posteriormente e as vezes, caso sejamos coerentes (verdadeiramente
cristãos) teremos de nós humilhar diante daqueles que nossas atitudes
produziram males, pois como nos revela Tiago a língua4
é como um fogo
destruidor. A história de Pedro é um referencial de restauração e vemos isso
desde a negação a ascensão dele ao posto de pastor da igreja que se inicia
em atos e declara que qualquer um que naquela época bradou que ele
deveria ir para o inferno ou que não tinha mais lugar no Reino dos Céus pela
falha que cometeu, teve de si calar e aceitar a decisão divina de colocar o ex-
traidor numa posição de honra. Tal afirmativa não é um declaração
apologética ao erro, mas um chamado a abrir os olhos para não assumirmos
uma posição que não nos pertence – “A POSIÇÃO DE DEUS” – e com isso,
prejudicarmos o nosso relacionamento com o Eterno. Quando Pedro afirmou
que não iria negar Jesus não estava mentindo intencionalmente, mas em
sinceridade colocou para fora o que estava sentindo naquele momento,
1
Pastor, escritor, poeta, Teólogo e bacharel em direito.
2
Toga é a vestimenta do magistrado.
3
Mateus 12.36.
4
Tiago 3.06.
1
2. “A morte do Juiz interior”
porém ele não havia nascido de novo, pois Jesus não havia morrido na cruz e
realizado a morte vicária. Além disso, ele não tinha recebido o batismo no
Espírito Santo, não estava revestido de poder e mediante a fraqueza e
limitação que os descendentes adâmicos possuem fez o que eu, você ou
qualquer um na posição e despreparo faria... O verdadeiro juiz viu tudo e sua
sentença a Pedro foi o perdão. Quem o condenou ficou cabisbaixo no sentido
literal e teve de engolir algo que parecia inacreditável, mas que foi proposito
divino – a exaltação daquele que outrora negou o filho de Deus. A
humilhação posterior do apóstolo e sua reintegração mostram o grande
amor redentor e dão a todos nós atores e coadjuvantes da história salvífica
que a morte do juiz interior beneficiará em muito a cada um de nós, pois
assumiremos a posição devida de observadores e intercessores evitando o
juízo daquele que realmente possui condições de não somente julgar, mas
condenar quem Ele quiser.
SP, Maio de 2015.
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