O documento descreve (1) o surgimento da Casa da Cultura Digital em 2008 como um espaço para criação colaborativa independente do mercado, (2) os primeiros passos do grupo incluindo a criação de uma lista de discussão e o aluguel de casas para abrigar o espaço, e (3) as diversas atividades e projetos realizados pela rede ao longo dos anos como fóruns, festivais, hackathons e outros eventos culturais.
4. ...como tudo começou
Um grupo de pessoas, jovens em sua maioria, com vontade de fazer, fazer e fazer, sem se submeter aos ditames do mercado e
com forte sentimento de que vivemos um novo momento político e cultural, permitido,fundamentalmente, pela internet e pelo
computador. Um momento de afirmação da liberdade, em que o colaborar suplanta o competir; em que borram-se as fronteiras
entre cópia e original; em que o participar modifica a forma de assistir; em que a audiência se torna comunidade; em que
o processo passa a valer tanto quanto o produto; que a descentralização e as formas distribuídas engolem a centralização
e o controle unitário; em que é mais bonito ser aberto que fechado; em que o consumir se torna uma outra experiência;
em que o diálogo é regra, não mais o monólogo; em que a conversa toma o lugar da palestra; e em que o gratuito coloca os
defensores do pago em maus lençóis. Uma era em que os prefixos re- e co- ganham força, promovendo a recombinação e a
cooperação nas dinâmicas de criação.
5. ...os primeiros passos...
● Em 2008 um grupo se juntou para criar uma ONG chamada Laboratório
Brasileiro de Cultura Digital;
● Outro grupo, muito diverso, de pessoas que se conheciam pela internet,
elaborou um projeto de cobertura cidadã das eleições municipais de São
Paulo;
● Esses dois grupos se uniram e criaram uma lista de discussão, virtual, em
que começaram a compartilhar ideias;
● Esse grupo da lista de discussão resolve buscar um espaço coletivo de
trabalho. Primeiro, encontram uma casa nas imediações da Rua Augusta. A
casa, no entanto, é vendida, e destruída para virar um prédio;
● Esse grupo reafirma o interesse de caminhar junto, e então alugam duas
casas em uma vila, o Parque Savóia, prédio tombado pelo patrimônio
histórico, na Barra Funda;
● Durante os primeiros três meses, devido a problemas com a Telefònica, que
é impedida de expandir seus serviços pela Anatel, a Casa da Cultura
Digital opera sem internet;
● A CCD começa a ser ocupada. Construímos nossos próprios móveis.
Compartilhamos equipamentos e decoração;
6. ...o cinturão do Batman...
A CCD sempre se caracterizou por ser um hub de
articulação de pessoas, que se organizavam de
diferentes formas: coletivos, associações, redes
descentralizadas, empresas, produtoras. Ou seja,
não possuía uma solução institucional única e as
diferentes pessoas jurídicas existentes eram
utilizadas de forma cooperativa para viabilizar os
projetos, adequando-se às exigências do poder
público, do mercado ou mesmo da sociedade civil
organizada.
10. CulturaDigital.Br
● Rede CulturaDigital.Br
● Fórum da Cultura Digital (2009)
● Fórum da Cultura Digital (2010)
● Simpósio Acervos Digitais (2010)
● Cibercultura 10+10 (2010)
● Futurível (2010)
● Festival CulturaDigital.Br (2011)
36. Cultura Digital
● Articulações crescem com a popularização
da internet e das novas tecnologias no
Brasil e com a organização de uma
cultura digital brasileira;
● “jovens realizadores não só descrevem a
realidade, mas acima de tudo transformam-
na. Técnica e política, neste debate,
jamais podem ser observadas em separado”
37. Diversidade ideológica
● Sem filiações ideológicas rígidas;
● Ação como forma de encontrar
caminhos;
● Esquerda libertária;
● Disputa se estabelece também no
contexto da cultura corporativa –
narrativas e guerra de memes.
38. A vida pós-partidos
● Sem submissão aos partidos políticos (pós-
partidarismo como opção política)
● Sem relação de subordinação aos movimentos sociais
surgidos nas três décadas anteriores;
●
Indução por meio de políticas públicas de valorização
das expressões culturais contemporâneas, periféricas
e da utilização de tecnologias livres –
multiplicidade e fomento às dissidências;
39. Novos territórios
● Defesa da democracia (relação aberta com o
poder público e no desenvolvimento de
políticas públicas)
● Valorização do Comum (software livre e
questionamento da propriedade intelectual)
● O DIY, fazer com as próprias mãos, ganha o
apoio do DIT, que é fazer junto
(organização em coletivos táticos e
arranjos provisórios)
40. Novos territórios
● Ética Hacker é mais que perceptível
reivindicada por essas redes de ativismo
(criação do verbo raquear) – raqueamento
como método permanente de relacionamento
com as estruturas tradicionais de poder
● Experimentação de variadas formas de
organização e articulação: laboratório de
experimentos políticos em rede (zonas
autônomas temporárias e permanentes,
aglomerações, comunidades)
41. Novos territórios
● Processo de ação individual (singular) e
coletivo em busca do desenvolvimento de
tecnologia (compreendida de uma forma
muito ampla): formas inovadoras de
solucionar problemas reais;
● Articulação entre redes;
●
A cultura como locus de afirmação da
tra1nsformação da sociedade: emergência de
uma nova cultura política.
42. Redes político-culturais
● Recorro à expressão político-cultural por enxergar nela uma
forma de expressar concentradamente três características que
observo nesses grupos que estão produzindo a história do
nosso tempo:
● (1) a organização do campo da produção imaterial, ou
simbólica, ou cultural;
● (2) a formulação de uma nova cultura política, baseada na
colaboração, no afeto e em dinâmicas em rede (mais ou menos
horizontais);
● (3) a interferência, a partir da comunicação, da cultura, da
mobilização e da intervenção direta, nas dinâmicas de poder
tradicionais.
43. Ativismo reticulador
"O ativismo reticulador é aquele que tece redes, que
se incumbe de, como no delicado tecido reticular de
nossos cérebros, desenvolver-se estabelecendo conexões
entre diferentes elementos. O ativismo digital
reticulador tem no ato de organizar redes um fim em si
e um meio para atingir seus objetivos estratégicos,
tão amplos como confrontar os 1% do planeta que
dirigem o capitalismo global, ou tão específicos como
reorganizar a vida comunitária em bairros
periféricos."