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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS - CCH
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO
ANTONIA IARA EVARISTO LIMA
A COBERTURA DO RAPADURA NINJA NA DESOCUPAÇÃO DO
COCÓ: UM ESTUDO COMPARATIVO COM A MÍDIA TRADICIONAL
FORTALEZA
2013
ANTONIA IARA EVARISTO LIMA
A COBERTURA DO RAPADURA NINJA NA DESOCUPAÇÃO DO
COCÓ: UM ESTUDO COMPARATIVO COM A MÍDIA TRADICIONAL
Monografia apresentada ao curso
de Comunicação Social com
habilitação em Jornalismo da
Universidade de Fortaleza como
requisito para obtenção do grau de
bacharel, sob a orientação do
Professor Ms. Alberto Perdigão.
FORTALEZA
2013
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS - CCH
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO
TERMO DE APROVAÇÃO
A COBERTURA DO RAPADURA NINJA NA DESOCUPAÇÃO DO
COCÓ: UM ESTUDO COMPARATIVO COM A MÍDIA TRADICIONAL
Por
ANTONIA IARA EVARISTO LIMA
Monografia apresentada no dia __ de dezembro de 2013, como requisito parcial para obtenção
do título de bacharel em COMUNICAÇÃO SOCIAL COM HABILITAÇÃO EM
JORNALISMO da Universidade de Fortaleza, tendo sido aprovada pela Banca Examinadora
composta pelos professores:
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Prof.(a) Ms. Alberto Perdigão
Orientador(a)
__________________________________________
Prof.(a) Dr. Márcio Acserald
Examinador(a)
__________________________________________
Prof.(a) Esp. Júlio Alcântara
Examinador(a)
FORTALEZA
2013
i
AGRADECIMENTOS
A Deus, o que seria de mim sem a fé que eu tenho nEle?
A minha mãe Margarida, por ser um exemplo na minha vida. Por me apoiar, sem
medir esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida.
A toda a minha família.
Ao meu professor e orientador Alberto Perdigão pela paciência, por seu apoio,
inspiração na orientação e incentivo no amadurecimento dos meus conhecimentos e conceitos
que me levaram à execução e conclusão desta monografia.
A todos os professores do curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza, em
especial, Angela Julita, Aderson Sampaio, Márcio Acserald, Júlio Alcântara, Adriana
Santiago, que foram tão importantes na minha vida acadêmica.
Ao proprietário da empresa Total Clipping, Luiz Viana, por permitir a realização
da minha pesquisa em sua empresa.
Aos amigos e colegas, em especial, a Lilian, pelo incentivo e pelo apoio
constantes.
A todos que, de alguma forma, passaram pela minha vida e contribuíram para a
construção de quem sou hoje.
ii
RESUMO
Trata-se de um trabalho monográfico de conclusão de curso de Jornalismo do tipo estudo
comparativo, baseado em pesquisa quantitativa sobre cobertura jornalística da mídia
independente Rapadura Ninja na desocupação do Parque do Cocó, frente à descoberta dos
telejornais de Fortaleza, no Ceará. Aborda os conceitos de Jornalismo cidadão e Jornalismo
convencional e, em seguida, mede o tempo de fala dos atores sociais entrevistados nas duas
modalidades de cobertura. Ao final, afere a hipótese de que a cobertura jornalística do
Rapadura Ninja na desocupação do Parque do Cocó deu mais espaço às falas de atores sociais
que o telejornalismo tradicional.
Palavras-chave: Jornalismo Cidadão. Jornalismo Convencional. Critérios de Noticiabiliada.
Rapadura Ninja.
iii
ABSTRACT
This is a monograph of completion of Journalism comparative study based on quantitative
research on media coverage of independent media in vacating the Rapadura Ninja Cocó Park,
due to the discovery of the newscasts of Fortaleza, Ceara type. Discusses the concepts of
Citizen Journalism and Conventional Journalism and then measures the time speaks of social
actors interviewed in the two types of coverage. At the end, assesses the hypothesis that media
coverage of Rapadura Ninja unemployment in the Cocó Park gave more space to the words
that traditional television journalism social actors.
Keywords: Citizen Journalism. Conventional Journalism. Noticiabiliada Criteria. Rapadura
Ninja.
iv
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Critérios substantivos.............................................................................................19
Quadro 2 - Critérios contextuais...............................................................................................19
Quadro 3 - Valores-notícia de construção................................................................................20
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Em 1962, as salinas do Cocó passaram a ser consideradas como zonas de
proteção paisagística, sendo proibido o desvio do curso d’água.............................23
Figura 2 - Shopping Center Iguatemi ainda em construção .....................................................24
Figura 3 - O Parque do Cocó está localizado na Região Metropolitana de Fortaleza..............25
Figura 4 - Show no Anfiteatro do Parque do Cocó da Orquestra Sinfônica do Estado de
São Paulo .................................................................................................................25
Figura 5 - Garotos pescando no Parque Ecológico do Cocó ....................................................26
Figura 6 - Lixo despejado na rua que dá acesso a uma das trilhas do Parque do Cocó
(Avenida Sebastião de Abreu) .................................................................................27
Figura 7 - Construções ao redor do Parque ..............................................................................27
Figura 8 - Área de construção do Iguatemi Empresarial em Fortaleza, construído às
margens do rio Cocó. Ao lado, Shopping Center Iguatemi.....................................28
Figura 9 - Protesto contra o Iguatemi Empresarial realizado no Shopping Iguatemi...............28
Figura 10 - Matéria publicada no O Povo Online – 08/08/2013 ..............................................31
Figura 11 - Ilustração do projeto ..............................................................................................33
Figura 12 - Manifestantes no Parque do Cocó .........................................................................33
Figura 13 - Reunião com o governador Cid Gomes no acampamento do Parque do Cocó .....34
Figura 14 - Manifestantes resistiam em frente ao Parque à tentativa da Guarda
Municipal de dispersá-los ......................................................................................35
Figura 15 - Sem diálogo, a Guarda Municipal jogou spray .....................................................35
de pimenta nos manifestantes................................................................................35
Figura 16 - Guardas faziam a proteção do Parque, enquanto árvores eram cortadas...............35
Figura 17 - Guardas municipais utilizando arma de choque em manifestante.........................36
Figura 18 - Paulo Neto usou seu perfil pessoal no Facebook...................................................37
Figura 19 - Vídeo da entrada da Guarda Municipal no Parque do Cocó .................................37
Figura 20 -Vereador João Alfredo e a Guarda Municipal........................................................37
Figura 21 - Trânsito caótico em várias vias distantes ao cruzamento da Avenida Antônio
Sales com Engenheiro Santana Jr. .........................................................................38
Figura 22 - Manifestante protesta em cima da árvore. .............................................................39
Figura 23 - Jornalista exibe marcas da agressão com cassetete. ..............................................39
Figura 24 - Capa do jornal Diário do Nordeste, publicado no dia seguinte da
desocupação...........................................................................................................41
vi
Figura 25 - Capa do jornal O Estado, publicado no dia seguinte da desocupação...................42
Figura 26 - Capa do jornal O Povo, publicado no dia seguinte da desocupação......................43
Figura 27 - Cartazes em frente ao acampamento .....................................................................44
Figura 28 - Mapa com a localização das emissoras e o Parque do Cocó. ................................44
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Jornal Jangadeiro.....................................................................................................45
Tabela 2 - Jornal União Brasil..................................................................................................46
Tabela 3 - Jornal Nordestv Notícias .........................................................................................47
Tabela 4 - Jornal da Cidade......................................................................................................47
Tabela 5 - Jornal do Meio Dia..................................................................................................48
Tabela 6 - CETV 1ª Edição ......................................................................................................49
Tabela 7 - Jornal da TVC .........................................................................................................50
Tabela 8 - O Povo Notícias.......................................................................................................50
Tabela 9 - Rapadura Ninja........................................................................................................51
Tabela 10 - Conclusão 1...........................................................................................................51
Tabela 11 - Conclusão 2...........................................................................................................51
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................9
1 JORNALISMO CIDADÃO ..................................................................................................11
1.1 Novo jornalismo e novas vozes - uma questão...................................................................11
1.2 Critérios de noticiabilidade e valor notícia – uma comparação..........................................16
2 FATOS E VERSÕES ............................................................................................................23
2.1 Parque do Cocó...................................................................................................................23
2.2 Rapadura Ninja...................................................................................................................30
3 AS VOZES E AS FALAS.....................................................................................................32
3.1 Desocupação anunciada de resultado surpreendente..........................................................32
3.2 Distância física e distância política na cobertura................................................................40
3.3 Quem fala e tempos de fala ................................................................................................45
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................53
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................55
9
INTRODUÇÃO
A era tecnológica modificou a maneira de passar informação ao público. Hoje, há
um novo mandatário da informação a dividir o fluxo de fala e o poder do discurso com
aqueles que eram, até pouco tempo, únicos donos da mídia. É o cidadão comum que já pode
manufaturar, fabricar, registrar e transmitir dados, fatos ou opiniões sobre acontecimentos da
realidade a qualquer momento, a partir de qualquer lugar do mundo.Neste caso, desde que
tenha em suas mãos um aparelho móvel conectado à internet.
Desde o momento em que os dispositivos digitais conectados entraram no
mercado, o cidadão deixou de apenas receber a informação. Sua influência mudou o formato
do lead1
, a tal ponto que, hoje, já é normal falar-se em um novo jornalismo, não mais
controlado pelos donos das empresas jornalísticas, por editores ou pelos próprios jornalistas.
O jornalista cidadão, como é chamado, é responsável pela sua própria empresa jornalística,
assumindo as funções da captação, processamento e distribuição de notícias.
Em Fortaleza, no Ceará, um coletivo de jornalismo cidadão, chamado Rapadura
Ninja, fez a cobertura jornalística de uma ação condenada pelo grupo como violenta,
protagonizada pela Guarda Municipal da cidade na operação de retirada de manifestantes que
acampavam no Parque do Cocó. O movimento tinha o objetivo de impedir a retirada de 94
árvores do Parque, que dariam lugar à construção de viadutos. Às 4 horas da manhã do dia 8
de agosto de 2013, uma quinta-feira, a Guarda Municipal invadiu o acampamento retirando de
maneira violenta cerca de 20 manifestantes que estavam no local. Quinze minutos após a
invasão, a notícia começou a repercutir nas redes sociais, não por jornalistas, mas por um
cidadão comum.
Esse trabalho monográfico de conclusão de curso aborda a cobertura do Rapadura
Ninja na desocupação do Parque do Cocó, comparando-a com os telejornais de Fortaleza.
A escolha do tema foi baseada nos critérios de afinidade com o assunto, já que a
pesquisadora acompanhou o que acontecia no dia da desocupação pelas redes sociais; por
oportunidade, dada a chance de aprofundar o conhecimento sobre o assunto do jornalismo
cidadão; mas, principalmente, pela relevância do assunto, já que o acontecimento, além de
novidade, teve grande repercussão política e social em Fortaleza (JUNQUEIRA; BARROS,
2006).
1
O lead é a primeira parte de uma notícia que fornece ao leitor a informação básica sobre o tema e pretende
prender-lhe o interesse. É uma expressão inglesa que significa “guia” ou “o que vem à frente”.
10
O objetivo do trabalho é quantificar as falas e os tempos ocupados por esses
discursos, na cobertura do telejornalismo de Fortaleza, na cobertura da desocupação do
Parque do Cocó. Assim, foram identificados os atores sociais e atores políticos entrevistados e
que tempo ocuparam na cobertura do Rapadura Ninja e do telejornalismo convencional.
Como hipótese tem-se que a cobertura jornalística do Rapadura Ninja na desocupação do
Parque do Cocó deu mais espaço às falas de atores sociais que o telejornalismo convencional.
A metodologia utilizada foi a de uma pesquisa social em Comunicação Social,
com ênfase no jornalismo e foco no telejornalismo, do tipo estudo comparativo, quantitativo,
acolhendo o método da observação, e tendo o formulário padrão como instrumento de coleta
de dados.
Como referencial teórico, buscaram-se conceitos como do jornalismo cidadão,
jornalismo tradicional e critérios de noticiabilidade - e seus entornos-, por meio de autores de
referência como Pascual Serrano, Ignácio Romonet, Maria das Graças Targino, Sergio
Amadeu da Silveira e Nelson Traquina, entre outros.
Como amostra, tomaram-se os vídeos do Rapadura Ninja e as reportagens dos
principais telejornais de 10 emissoras de televisão de Fortaleza: TV Jangadeiro (Jornal
Jangadeiro 1ª Edição), TV Fortaleza (Jornal da Câmara 1ª Edição), TV União (União Brasil),
Nordestv (Nordestv Notícias), TV Cidade (Jornal da Cidade), TV Diário (Jornal do Meio
Dia), TV Verdes Mares (CETV 1ª Edição), TV O Povo (O Povo Notícias) e TV Ceará (Jornal
TVC).
O primeiro capítulo aborda o jornalismo cidadão como uma nova forma de fazer
jornalismo, analisando os critérios de noticiabilidade e comparando-o com o jornalismo
tradicional. O segundo capítulo trata a história do Parque do Cocó, a questão judicial para sua
delimitação e as construções irregulares em torno do Parque, além de relatar a história do
Rapadura Ninja. O terceiro capítulo tem foco sobre o dia da desocupação do Parque do Cocó,
sobre as distâncias física e política na cobertura feita pelas emissoras tradicionais de televisão
e, por último, apresenta os dados das pesquisas, apresentando a participação dos atores sociais
e dos atores políticos, entrevistados pelos principais telejornais de cada emissora e pelo
Rapadura Ninja, apresentando os tempos das respectivas falas.
11
1 JORNALISMO CIDADÃO
1.1 Novo jornalismo e novas vozes - uma questão
A informação exerce um papel fundamental na comunidade jornalística. É através
dela que se constrói uma notícia. Há algumas décadas, essa produção da notícia era
exclusivamente feita por jornalistas. Mas, com o passar dos anos, essa produção foi migrando
para a sociedade.
É possível observar na contemporaneidade um crescimento massivo da cidadania
nos segmentos da sociedade civil que têm acesso à informação. O cidadão não está exercendo
só o papel de consumidor de conteúdo dos meios de comunicação de massa, mas também, a
de produtor de novos conteúdos, através de novos meios de comunicação. Tal mudança foi
impulsionada pelo avanço da tecnologia, mais precisamente da internet, que proporcionou ao
usuário não só um novo meio de comunicação, mas um novo meio de se comunicar.
Com a internet “os usuários têm a chance de atuar, simultaneamente, como
produtores, emissores e receptores de ideias e conhecimentos, dependendo dos acessos,
habilidades técnicas e lastros de cada um” (MORAES, 2013, p. 104).
Hoje, cada indivíduo, instituição ou associação pode ter seu próprio veículo de
informação, bem como criar um blog ou uma página em uma rede social. Com um simples
smarthphone ou notebook, cada cidadão pode enviar mensagens, corrigir as informações
dadas pelos meios de comunicação de massa ou completá-las com imagens, textos e vídeos.
Lemos e Lévy (2010, p. 76) apontam que:
[...] com as atuais tecnologias móveis, esses usuários-produtores desempenham uma
função muito maior do que a comunicação interpessoal. Fala-se também de ‘mobile
journalism’ ou ‘locative journalism’ para práticas que utilizam essas novas
tecnologias para localizar e publicar notícias, seja por jornalistas profissionais, seja
pelo cidadão ‘comum’.
Com a referida mudança, surge, então, um novo personagem que se coloca em
posição de concorrência com os meios de comunicação, e que Romonet (2013) identifica
como “neojornalistas”, testemunhas-observadoras dos acontecimentos, sejam sociais,
políticos, culturais ou de variedades. Esse personagem “informante”, conhecido como
jornalista cidadão2
, participa de um grupo de pessoas comuns, sem formação jornalística,
2
Conceito criado pelo jornalista norte americano Dan Gilmor.
12
participando de forma ativa no processo de coleta, reportagem, análise ou compartilhamento
de notícias e informações.
Pode-se dizer que a produção colaborativa3
de informações não é recente, pois
vem sendo observada desde a descoberta da imprensa, há 500 anos (CASTILHO; FIALHO,
2009). No Brasil, a imprensa alternativa teve um período fértil nos anos de 1970 e 1980,
quando a censura aos meios de comunicação passou a ser exercida no país. Nesse período,
surge uma nova imprensa, composta por pequenos jornais4
de oposição que, embora tivessem
suas divergências, mantinham-se contrários à ditadura militar. Seu papel era “analisar
corajosa e criticamente a realidade, contestando o modelo de desenvolvimento excludente e o
sistema repressivo” (MORAES, 2013, p. 114).
Em meados da década de 1990, iniciada a era digital, o jornalismo cidadão marca
o reaparecimento, nos Estados Unidos, por influência do jornalismo cívico5
, uma variante do
jornalismo profissional. Um grupo de repórteres, editores e professores descontentes com a
imprensa local decidiu criar seu próprio jornal. O projeto, patrocinado pelo Pew Center For
Civic Journalism, contou com a participação de 30 jornais locais de diferentes estados norte-
americanos. Os jornais passaram a convocar a população para participar de assembleias, em
que questionavam as autoridades municipais. Após tentar aumentar a participação dos
moradores em eleições locais, o jornalismo cívico perde seu financiador, pois os resultados
das eleições de 1994 não foram satisfatórios.
Quase 10 anos depois, com a popularização da internet e a expansão dos
webjornalismo6
, a ideia do jornalista cidadão ganhou um novo impulso. Um jornalista
coreano, Oh Yeon-Ho7
, criou um jornal online chamado OhmyNews8
. A proposta era
desenvolver um novo fazer jornalístico, dando oportunidade a todo cidadão de ser repórter
(TARGINO, 2009). O jornal, produzido por cerca de 30 mil colaboradores voluntários e
3
Conforme o professor e pesquisador austrilano Axel Brun, essas contribuições podem assumir quatro formatos
finais: weblogs noticiosos individuais; autoria coletiva, em que vários colaboradores publicam notícias em uma
mesma página da web ou usam sistemas de produção colaborativa, como a plataforma wiki; reportagens e
textos colaborativos; newsletters impressa.
4
São exemplos PIF-PAF (1964), Pasquim (1969), Opinião (1972), EX (1973), Movimento (1975), Coojornal
(1975), Versus, (1974), De Fato (1975), entre outros.
5
Jornalismo cidadão possui uma diferença em relação ao jornalismo cívico ou público, pois é elaborado,
essencialmente, por jornalistas não formados, ou seja, por pessoas sem treinamento especifico em jornalismo,
mas que possuem outra formação profissional ou educacional, e é realizado de maneira não remunerado de
forma “amadoristica”.
6
John Pavlik identifica três fases no webjornalismo: (1) os conteúdos disponibilizados on-line idênticos aos
editados nas versões em papel; (2) os conteúdos existem em formato on-line, às vezes contendo hipertextos,
iniciativas de interatividade, imagens e som; (3) conteúdos desenvolvidos exclusivamente para a web,
primando pela convergência de meios.
7
Às vezes, é citado como o pioneiro do jornalismo de fonte aberta.
8
Em agosto de 2006, Oh Yeon-Ho lançou o Ohmy News Japan, na fase inicial o jornal tinham aproximadamente
mil cidadão-repórteres e com dois anos de atividade pretendiam ter cerca de 40 mil.
13
editado por um grupo de 35 jornalistas profissionais, já chegou ao patamar de 10 milhões de
visitantes diários.
O processo colaborativo envolve mais de um protagonista. Geralmente, é formado
em uma comunidade virtual, por indivíduos com algum interesse, que vivenciam um
problema em comum, que se comunicam de forma basicamente não presencial, usando algum
tipo de ferramenta midiática para alcançar uma meta coletiva.
Projetos, nos quais os leitores são também produtores, representam uma tendência
mundial do que se chama de citizen journalism, ou jornalismo cidadão (LEMOS; LÉVY,
2010). No Brasil, há o exemplo do Mídia Ninja (acrônimo de Narrativas Independentes,
Jornalismo e Ação), que ficou conhecido por fazer a cobertura com transmissões via internet e
sem edição, das manifestações ocorridas em junho de 2013, quando milhares de cidadãos
foram às ruas, em diferentes cidades, para protestar.
Os protestos surgiram para contestar o aumento de R$ 0,20 na tarifa do transporte
público em São Paulo. Mas, sendo transmitido ao vivo a milhares de jovens conectados à
internet, pode ter influenciado a proliferação dos protestos pelas capitais, como Fortaleza, Rio
de Janeiro, Porto Alegre e Manaus, entre outras cidades.
Em um segundo momento, segundo noticiaram os websites, blogs, redes sociais e
meios tradicionais, o objetivo do protesto se ampliou, alcançando temas como a corrupção e o
gasto excessivo com as obras da Copa do Mundo de 2014.
A credibilidade do Mídia Ninja se tornou uma referência de contra informação
que os manifestantes identificaram como um modelo novo de jornalismo, passaram a se negar
a dar entrevista aos veículos de comunicação tradicionais, e até impedi-los de fazer a
cobertura das manifestações.
O fenômeno do jornalismo cidadão não só estaria alterando os processos
informativos da sociedade, mas estaria também gerando uma mudança na comunidade
jornalística, principalmente, no telejornalismo. Não se trata apenas de uma mudança na forma
de consumo midiático, mas nas formas de produção e distribuição de conteúdo. “[...] não são
mais os atores da vida pública que entram em nosso espaço privado pelo truque da televisão.
É, ao contrario, pela nossa iniciativa que eles são convocados à tela do nosso computador.
[...]” (LEMOS; LEVY, 2010, p. 79).
O campo da produção passou a contar com um novo autor, o público, que se
tornou uma fonte de informação extremamente solicitada. Está cada vez mais frequente, nos
telejornais brasileiros, a participação do público, seja com a utilização de imagens ou vídeos
enviados, captada pelo público, através de celulares e câmeras digitais, de fatos cotidianos,
14
que são notícias. Uma audiência que não assiste só ao telejornal, mas pode contribuir para a
produção de notícias e reportagens, como explica Vizeu e Siqueira (2010, p. 92):
As possibilidades de utilizar conteúdos que não foram produzidos pelas equipes de
reportagem foram ampliadas e incorporadas às rotinas produtivas das emissoras. Ao
mesmo tempo em que as empresas de televisão abriram espaço para que as pessoas
encaminhem o material que produzem, elas estimulam essa participação e atraem o
telespectador. Estabelece-se um novo laço de proximidade entre emissora e o
público [...].
Não se pode deixar de citar que o telejornalismo cumpre uma função social e
política importante, pois alcança 97,2% dos domicílios brasileiros, atingindo um público com
baixa cognição, baixo letramento escolar. Portanto, pouco habituado à leitura e que tem o
telejornalismo como a principal fonte de informação.
Em relação à internet, acontece o contrário: o leitor só lê e assiste àquilo que lhe
interessa. Por outro lado, a internet permite que cidadãos tenham acesso à informação, sem
depender dos grandes meios de comunicação. E destituindo, assim, uma alternativa ao modelo
que foi único durante muito tempo, desde o advento dos meios de comunicação.
Desse modo, o monopólio da informação que os meios de comunicação
dominantes exerciam na sociedade vai chegando ao fim. Abrindo espaço para outros modelos
informativos que estariam mais identificados com a expectativa do cidadão. Para Serrano
(2013, p. 147), “o jornalismo abandonou sua origem principal de sistema de aproximação,
transformando-se em um mecanismo de intercepção que impõe obstáculos e desvirtua a
comunicação entre os governantes e os cidadãos”.
Teoricamente, o jornalismo por analogia, o telejornalismo, também é uma atividade
essencial e genuinamente pública, sua função é informar, relatar a verdade sobre o fato. Mas
essa informação, muitas vezes, tem chegado de maneira desvirtuada para o cidadão, como
analisa Amaral (2002, p. 82), para quem
A informação audiovisual é, por definição, por essência, por necessidade, uniforme.
Uniformizada. Unilateral e, principalmente fragmentada. E, assim, não enseja nem a
reflexão, nem o juízo crítico. Não possibilita a visão de conjunto, descontextualiza,
desenraíza, ‘des-historiciza’, autonomiza os fatos, rompe com o nexo causal,
dilacera a realidade, destrói o pensamento político e a possibilidade de opinião.
Além de informar, o jornalismo também tem a função de exercer o papel de
contrapoder, fiscalizando os três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Mas se esse
poder fiscalizador se afasta da sua missão, deixa- se comandar pelos interesses, influências e
15
pressões dos três Poderes e de tantos outros os quais a imprensa também fiscaliza. Dessa
forma, perderá sua credibilidade, e será como Seabra (2002) identifica, apenas um simulacro
da realidade, e não uma representação documental da mesma.
A cumplicidade do chamado “quarto poder” com os poderes dominantes faz com
que ele deixe de funcionar. Deixando, assim, de cumprir sua missão de contrapoder
(ROMONET, 2013). Uma imprensa sem credibilidade faz com que a sociedade busque outras
fontes de informações, por não confiar mais na veracidade dos fatos que os meios de
comunicação divulgam, ou por comprovar muitas vezes como eles mentem ou escondem
elementos fundamentais (SERRANO, 2013).
Castilho e Fialho (2009, p. 137) assim expressam:
O descrédito da mídia local também foi influenciado pelo fato de que a maioria dos
jornais e rádios em pequenas cidades geralmente é controlada por empresários ou
políticos da região, que usam o veículo em beneficio próprio. O jornalismo local
passou a ser visto com desconfiança pelos leitores, o que também contribuiu para a
queda de circulação e de suas receitas com vendagem.
O cidadão nessa nova esfera pública9
não está mais obrigado a restringir o seu
ponto de vista ou seu acesso à informação ao que se inscreve ou é dito na esfera pública
midiática de massa. Agora, ele está, em tese, aparelhado a manifestar sua opinião, porque
passou a ter acesso à informação, além de estar habilitado a processar essa informação, ou
seja, a proceder a um juízo de valor. Isso é criar um quinto poder.
Não se trata de um exercício profissional do jornalismo, mas de uma ampliação
inédita de fontes testemunhais, de relatos em primeiro grau de fatos e de possibilidades de
veiculação desses relatos, como as experiências do “VC no G1”10
.
O que os conservadores “críticos” não veem é que não é uma subtração ou
substituição de uma mediação pela outra, mas de um processo de adicionar complexidade e
oferecer formas novas de colaboração, comunicação e conhecimento. Teóricos, a exemplo de
M. E. McCombs (2006), L. B. Becker (1979), MSchudson (1997), P. J. Shoemaker (1991) e
Mauro Wolf (1995), além de S. Moretzsohn (2006) e J. Zafra (2006) acreditam que se trata de
9
A esfera pública pode ser entendida como estabelecimento de um espaço comunicacional que congrega
ambientes físicos e virtuais, como temporalidades múltiplas (a imagem ao vivo se combina com documentos
de arquivo, dispostos on-line, a notícia do jornal dialoga com o depoimento de um leitor, num blog, em
processos que convergem para a formação de consensos ou de disputas), em torno de temas que dizem respeito
às pazes e aos propósitos de vida em sociedade dos cidadãos integrados por esse mesmo espaço
comunicacional, cujas vidas são afetadas por ele.
10
Disponível em: <http://g1.globo.com/ceara/vc-no-g1-ce/enviar-noticia.html>. Acesso em: 20 set. 2013.
16
reestruturação do fazer jornalístico, e não de extinção do jornalismo ou da profissão de
jornalista (TARGINO, 2009).
A rede mundial de computadores permite ao internauta tornar-se produtor de
informação (um jornalista, no sentido essencial da palavra), em jornalista de si, dada a
condição de narrar e distribuir tudo aquilo que lhe é possível testemunhar com smartphones,
iPad ou laptop nas mãos. Para Serrano (2013, p. 153), o imediatismo da internet quer dizer
que não se deve ter o mesmo cuidado com a redação que se tem no papel. Um meio digital
deve ser elaborado por pessoas qualificadas; não é preciso que tenham diploma, e sim que
saibam jornalismo.
1.2 Critérios de noticiabilidade e valor notícia – uma comparação
Não existe uma definição única do que seja notícia, tampouco uma lista de
assuntos que enumere o que seja digno de publicar em um jornal. Estudos comprovam que os
próprios profissionais da comunicação têm dificuldade para explicar aos demais o que é
notícia e quais critérios são utilizados para escrever uma narrativa voltada a informar
(TRAQUINA, 2005).
Portanto, a noticiabilidade equivale ao “conjunto de critérios, operações e
instrumentos” com o qual a imprensa seleciona, no universo “imprevisível e indefinido de
acontecimentos, uma quantidade finita e tendencialmente estável de notícia” (WOLF, 2003,
p. 190).
Para Pinto (2009, p. 59), além de ser uma novidade, a notícia é uma combinação
de importância e interesse. Há algumas muito importantes, mas pouco interessantes, e outras
muito interessantes, mas não tão importantes.
Aguiar (2009, p. 173) esclarece que a importância de uma notícia pode ser
determinada em quatro variáveis:
a) Notoriedade - implica o grau e nível hierárquico dos envolvidos no
acontecimento noticiável.
b) Proximidade - relaciona-se com o impacto sobre a nação e sobre o interesse
nacional, em termos de proximidade geográfica ou da proximidade econômica,
política ou cultural.
c) Relevância - aponta para a quantidade de pessoas que o acontecimento, de fato
ou potencialmente, envolve.
d) Significatividade - relaciona-se com a importância do acontecimento quanto à
evolução futura de uma determinada situação.
17
Já quanto às chamadas de “interessantes”, Aguiar classifica como notícias que
procuram dar uma interpretação de um acontecimento baseado no fator “interesse humano”,
ou seja, as curiosidades e o insólito que atraem a atenção. Uma informação atrairá mais o
telespectador/leitor/ouvinte quando mais atrair a atenção do público.
Para entender o que é notícia e o que é “estória”, Traquina (2005, p. 63) define os
critérios de noticiabilidade como um conjunto de valores-notícia que determina se o
acontecimento é apto de se tornar notícia.
A previsibilidade do esquema geral das notícias deve-se à existência de critérios de
noticiabilidade, isto é, à existência de valores-notícia que os membros da tribo
jornalística partilham. Podemos definir o conceito de noticiabilidade de critérios e
operações que fornecem aptidão de merecer um tratamento jornalístico, isto é,
possuir valor como notícia. Assim, os critérios de noticiabilidade são o conjunto de
valores-notícia que determina se um acontecimento, o assunto, é susceptível de se
tornar notícia, isto é, de ser julgado como merecedor de ser transformado em matéria
noticiável, e por isso, possuindo ‘valor-notícia’ (‘newsworthiness’).
Em síntese, os valores-notícia são as qualidades da construção jornalística dos
acontecimentos e funcionam como “óculos” (BOURDIEU, 1997) através dos quais os
jornalistas operam uma seleção e uma produção discursiva daquilo que é selecionado. Eles
possuem o controle do que deve ou não ser produzido. Trata-se do controle da emissão na
comunicação massiva por centros editores clássicos da informação (LEMOS; LEVY, 2010).
O jornalista exerce uma função fundamental na construção da notícia, pois
participa do processo de transformação de acontecimentos cotidianos em notícia, conhecido
como newsmaking, processo que evidencia o emissor (jornalista), como mediador entre
acontecimentos e narrativa da notícia, o que requer analisar o relacionamento entre fontes e
jornalistas, as etapas da produção e distribuição. Para Targino (2009, p. 148):
[...] O newsmaking incorpora tanto a cultura profissional, como a organização do
trabalho e da produção da notícia. Assim, são estabelecidos os critérios de
noticiabilidade ou newsworthiness (do inglês news = notícias; worth = valioso,
significante) que comportam os valores-notícia (news value), ou seja, os elementos
que determinam se um evento ou um tema é passível e/ou merecedor de transformar
em notícia.
Exercendo a intermediação entre autores e telespectadores, o editor decide o que o
público vai consumir de conteúdo jornalístico. A comunicação na organização decorre por
18
meio de gatekeepers11
, conceito que pode ser entendido como o “porteiro” da redação. Sua
função é fazer a seleção da notícia, ou seja, definir, de acordo com critérios editoriais, o que
vai ser veiculado.
Targino (2009) explica que tal prática exige integrar e conciliar interesses aos
mais diversificados: dos autores, do público, da editora, da gráfica, do periódico, da
especialidade e do próprio editor, o que permite interferir que ele exerça dupla função: como
gatekeeper, mantém-se a par das novidades na área de interesse e filtra tais informações para
os pares.
Na realidade, o gatekeeper incorpora procedimento amplo de informação
envolvendo seleção e coleta de dados, elaboração, distribuição e promoção da notícia. Ainda
em nível microscópio de análise, também pode ser visto como o processo de reconstruir o
esquema básico de um evento para transformá-lo em notícia. Aguiar (2009) esclarece que
qualquer acontecimento que não corresponda a esses critérios é excluído.
Nelson Traquina propõe uma série de critérios, que concorrem na seleção de
acontecimentos para serem registrados como notícia. Então, o autor separa tais critérios de
noticiabilidade em dois grupos: valores-notícia de seleção e valores-notícia de construção
(TRAQUINA, 2005, p. 63). Os valores-notícia de seleção referem-se aos critérios que os
jornalistas utilizam para escolher um acontecimento para transformá-lo em notícia. Referido
grupo está fragmentado em dois subgrupos: os critérios substantivos e os critérios contextuais.
Os critérios substantivos são caracterizados pela avaliação direta do
acontecimento em termos de sua importância ou interesse como notícia. São considerados
critérios substantivos: a morte, que será sempre notícia, principalmente, quando um acidente
causar o falecimento de várias pessoas; notoriedade, quanto maior for a celebridade ou
importância hierárquica dos indivíduos envolvidos no acontecimento, maior será seu destaque
na notícia; proximidade, tanto cultural, como geográfica, quanto mais próximo ao leitor,
maior o valor-notícia; relevância, tem a ver com a capacidade de um acontecimento ter
impacto sobre as pessoas ou o país; novidade, um evento que acontece pela primeira vez é
sempre mais importante para a tribo jornalística; tempo, trata-se da atualidade, aniversários,
datas comemorativas; notabilidade, a cobertura jornalística está voltada mais para
acontecimentos do que para problemáticas; inesperado, são considerados mega-
acontecimentos que surpreendem a expectativa da comunidade jornalística; conflitos e
11
Do inglês gate = portão; keeper = guardião. Em sua tradução literal significa porteiro, ou seja, aquele que
define o que será noticiado. Conceito jornalístico para edição
19
controvérsias, para Traquina (2005), na prática, o uso da violência representa a quebra do que
é normal. Como segue na coluna abaixo:
Quadro 1 - Critérios substantivos
Morte Sempre será notícia, principalmente, quando um acidente causar a morte de várias
pessoas.
Notoriedade Quanto maior for a celebridade ou importância hierárquica dos indivíduos envolvidos no
acontecimento.
Proximidade Tanto cultural, como geográfica, quanto mais próximo ao leitor, maior o valor-notícia.
Novidade Um evento que acontece pela primeira vez é sempre mais importante para a tribo
jornalística.
Tempo Atualidade, aniversários, datas comemorativas sempre terão espaço em veículos de
comunicação.
Notabilidade A cobertura jornalística está voltada mais para acontecimentos do que para problemáticas.
Inesperado São considerados mega-acontecimentos que surpreendem a expectativa da comunidade
jornalística.
Conflitos e
controvérsias
Para Traquina, na prática, o uso da violência representa a quebra do que é normal.
Relevância Tem a ver com a capacidade de um acontecimento ter impacto sobre as pessoas ou o país.
Fonte: Elaborado pela autora
Os critérios contextuais estão relacionados à avaliação direta do acontecimento.
São eles: disponibilidade, facilidade para fazer a cobertura do acontecimento; equilíbrio, esse
valor-notícia tem relação com a quantidade de notícias sobre este acontecimento ou assunto
que já existe, ou publicadas há pouco tempo; visualidade, elementos visuais associados à
informação dão maior valor-notícia; concorrência, devido à busca pelo furo jornalístico e pela
exclusividade; dia noticioso, algumas épocas do ano, assuntos com baixo valor-notícia têm
mais noticiabilidade como nas férias, Carnaval, Natal, etc. Como segue na coluna abaixo:
Quadro 2 - Critérios contextuais
Disponibilidade Facilidade para fazer a cobertura do acontecimento.
Equilíbrio O valor-notícia tem relação com a quantidade de notícias sobre esse assunto que já
existe, ou publicadas há pouco tempo.
Visualidade Elementos visuais associados à informação dão maior valor-notícia.
Concorrência A busca pelo furo jornalístico e pela exclusividade.
Dia noticioso Assuntos com baixo valor-notícia têm mais noticiabilidade como nas férias, Carnaval,
Natal, etc.
Fonte: Elaborado pela autora.
Os valores-notícia de construção dizem respeito mais à forma de narrar do que ao
conteúdo, como o jornalista aborda a notícia. São eles: simplificação, escrita de forma mais
simples, para que a notícia alcance toda sociedade; amplificação, esse valor relaciona-se com
a dimensão do acontecimento; relevância, que compete ao jornalista demonstrar a importância
do fato para o público; personalização, o jornalista valoriza as pessoas envolvidas no
20
acontecimento e valorizam o fator “pessoa” como forma de agarrar o leitor; dramatização, o
comunicador reforça o lado dramático dos acontecimentos; consonância, o jornalista insere
novidades num contexto ou numa história já conhecida para facilitar a compreensão pelo
público. Como segue na coluna abaixo:
Quadro 3 - Valores-notícia de construção
Simplificação Escrever de forma mais simples para que a notícia alcance toda sociedade.
Amplificação Relaciona-se com a dimensão do acontecimento.
Relevância Compete ao jornalista demonstrar a importância do fato para o público.
Personalização O jornalista valoriza as pessoas envolvidas no acontecimento e valorizam o fator
“pessoa” como forma de agarrar o leitor.
Dramatização O comunicador reforça o lado dramático dos acontecimentos.
Consonância O jornalista insere novidades num contexto ou numa história já conhecida para facilitar
a compreensão pelo público.
Fonte: Elaborado pela autora.
Todos os valores-notícia apresentados por Traquina são importantes, mas alguns
são fundamentais em uma notícia, tanto para o emissor, quanto para o receptor. Como
exemplo, tem-se o valor- notícia inesperado, é o momento mágico para o emissor da notícia,
como explica Vizeu e Siqueira (2010). É o momento em que os jornalistas entram em ação,
num ritmo heróico contra o tempo e em dedicação ao imperativo de informar os cidadãos.
Traquina (2005, p. 63) se refere ao caso:
Outro valor-notícia importante na cultura jornalística é o inesperado, isto é, aquilo
que irrompe e que surpreende a expectativa da comunidade jornalística. Segundo
Tuchman (1978), o inesperado é muitas vezes um componente de um tipo de
acontecimento que designa o ‘What a story’!, ou seja, o mega-acontecimento com
enorme noticiabilidade que subverte a rotina e provoca o caos na sala de redação.
Um exemplo de mega-acontecimento foram os ataques a diferentes sítios, sobretudo
ao Wolrd Trade Center, no dia 11 de setembro de 2001.
Saber transmitir uma notícia inesperada é fundamental para uma cobertura
jornalística, pois a notícia tem um tempo de vida. Quando não é transmitida ao telespectador,
torna-se passado, caduca, perdendo o seu valor. Assim, explica Traquina (2005, p. 37):
[...] as notícias são vistas como um ‘bem altamente perecível’, valorizando assim a
velocidade. O imediatismo age como medida de combate à deterioração do valor da
informação. Os membros da comunidade jornalística querem as notícias tão
‘quentes’ quanto o possível, de preferência ‘em primeira mão’. Notícias ‘frias’ são
notícias ‘velhas’, que deixaram de ser notícia.
Por serem imprevistas, geralmente, as notícias inesperadas são transmitidas ao
vivo, por isso se tornam mais evidentes. Consegue-se lembrar, com poucos ou muitos
21
detalhes, o que se está fazendo no exato momento em que está vendo uma notícia sendo
transmitida ao vivo, principalmente, quando é um acontecimento que envolve morte ou
escândalo. Para Machado (2003, p. 125), a transmissão ao vivo marca mais profundamente a
experiência no telejornalismo:
A transmissão ao vivo talvez seja, dentre todas as possibilidades de televisão, aquela
que marca mais profundamente a experiência desse meio. A televisão nasceu ao
vivo, desenvolveu todo o seu repertório básico de recursos expressivos num
momento que ainda operava ao vivo e esse continua sendo o seu traço distintivo
mais importante dentro do universo audiovisual [...].
Quando se fala de “ao vivo”, logo se relaciona notícia ao imediatismo, devido à
velocidade com que é transmitida. Para Traquina (2005), o imediatismo é definido como um
conceito temporal que se refere ao espaço de tempo (dias, horas e segundos) que decorre entre
o acontecimento e o momento que a notícia é transmitida.
Nesse momento, entre a notícia e o imediatismo, o comunicador se torna o
principal elemento. O jornalista tem a função de encontrar fontes que atestam a mesma coisa
para garantir a veracidade da informação. Porém, diante da rapidez e da concorrência, entre
diversos meios de comunicação, ele não pode perder muito tempo com isso, pois perderá o
furo de reportagem, a exclusividade. Traquina (2005) diz que a relação entre o fator tempo e o
jornalista é fundamental, pois constitui um fator central na definição de competência
profissional. Ser profissional implica possuir uma capacidade performativa avaliada pela
aptidão de dominar o tempo em vez de ser vítima dele.
Mas para Baudrillard (1991, p. 49), o imediatismo na informação pode perder o
sentido. Uma vez que se torna mais difícil passar uma notícia correta e segura para o
telespectador.
A uma velocidade determinada, a da informação, as coisas perdem o seu sentido.
Torna-se mais arriscado enunciar (ou denunciar) o apocalipse do tempo real, uma
vez que é nesse momento que o acontecimento se desvanece e se converte em um
buraco negro de que a luz já não pode escapar.
A noticiabilidade configura-se, portanto, como resultado de negociações entre
editor e emissor, com o objetivo de definir a parcela íntima de fatos que se transformarão em
notícias por diversas possibilidades. O jornalista capacitado deve nutrir acentuada perspicácia
noticiosa, no sentido de antever e perceber os fatos com rapidez, sutileza de espírito,
22
sagacidade e certa astúcia e malícia para lidar com os valores-notícia. Afinal, os cidadãos
estão expostos a permanente aprendizagem acerca das questões públicas.
O capítulo a seguir tratará da história do Parque Ecológico do Cocó, da questão
judicial para a sua delimitação e das construções irregulares em torno do Parque, bem como
relata ainda historia do Rapadura Ninja.
23
2 FATOS E VERSÕES
2.1 Parque do Cocó
O Parque Ecológico do Cocó, localizado no município de Fortaleza, no Ceará, é
uma extensão de terra às margens do rio12
que lhe dá nome, em seu último trecho de 11km.
Compreendido entre a rodovia Santos Dumont (BR-116) e a sua foz, na praia do Caça e
Pesca. É uma mancha verde encravada numa das áreas de mais intensa expansão mobiliária da
cidade que, desde sua criação, preserva uma superfície de 526 hectares de mangue.
Na década de 1960, na região onde hoje se encontra o Parque, havia sítios, onde
funcionavam salinas. As instalações salineiras foram desativadas por terem causado prejuízos
ao meio ambiente, tendo em vista a eliminação de espécies animais próprias do ecossistema,
além de acarretarem a erosão e assoreamento do curso fluvial do rio Cocó.
Figura 1 - Em 1962, as salinas do Cocó passaram a ser
consideradas como zonas de proteção
paisagística, sendo proibido o desvio do curso
d’água.
Fonte: Blog Fortaleza em Fotos (2013).
A campanha para implantação de um parque urbano às margens do rio Cocó teve
início no final da década de 1970. Em 15 de novembro de 1980, o Parque Adahil Barreto1313
,
porção que compõe a área do atual Parque do Cocó, foi inaugurado pelo então prefeito de
Fortaleza, Lúcio Alcântara.
12
A bacia do rio Cocó ocupa dois terços da área urbana de Fortaleza, atingindo 60% dos cursos d'água.
13
O Parque Adahil Barreto, que já foi chamado de Parque Ecológico do Cocó, possui uma área de 137.103,19 m²
e uma rica biodiversidade marcada pela presença de centenas de árvores de 63 espécies, entre nativas e
exóticas. A área foi o primeiro ponto do rio Cocó protegido através do Decreto Nº 4852/1977.
24
O local seria a sede administrativa do Banco do Nordeste do Brasil (BNB). O que
não se concretizou, devido à campanha massiva promovida por entidades da sociedade civil,
que tinham o objetivo de estabelecer leis normativas do uso e ocupação da área do parque.
Lopes e Carleial (2012, p. 11, online) explicam que:
O movimento ambientalista percebendo essa situação atuou com mais força a favor
de uma proteção de fato dessa região da cidade, buscando o estabelecimento de uma
Área de Proteção Ambiental (APA) e a criação do Parque Ecológico a ser
implantado pelo governo do Estado do Ceará.
Apesar dos muitos protestos, em abril de 1982, o Shopping Center Iguatemi foi
construído. Para a realização da obra, foi necessário desmatar e aterrar grande parte do
mangue, como se vê na Figura 2.
Figura 2 - Shopping Center Iguatemi ainda em construção.
Fonte: Jornal O Povo (1981).
Em setembro de 1989, o Parque Ecológico do Cocó14
foi juridicamente instituído
pelo Decreto Estadual Número 20.253. O referido decreto declarava a desapropriação das
áreas delimitadas para a implementação do denominado Parque, como área de interesse
social.
A área compreendia o trecho entre a Avenida Sebastião de Abreu, a jusante, e a
BR-116, a montante. Posteriormente, no dia 8 de julho de 1993, a área de abrangência foi
14
O Parque tem esse nome devido ao rio que forma o bioma de mangue, o rio Cocó. Somente após o 4º Anel
Rodoviário, no bairro Ancuri, o riacho recebe a denominação de Rio Cocó, onde dá início ao Parque.
25
ampliada por meio do Decreto nº 22.587, abrangendo também a área situada entre a Rua
Sebastião de Abreu até a foz do Rio Cocó.
O Parque do Cocó é a principal área verde de Fortaleza. Na imagem abaixo, é
possível visualizar toda a sua extensão e as dificuldade enfrentadas para manter sua
conservação. É possível identificar pequenas áreas de desmatamento no interior do Parque.
Figura 3 - O Parque do Cocó está localizado na Região Metropolitana
de Fortaleza.
Fonte: Google Maps (2013).
Segundo a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace)15
, o Parque
dispõe de área urbanizada com anfiteatro, quadras esportivas, pistas para cooper, dois parques
infantis, área para promoção de shows, eventos, competições esportivas, além de trilhas
ecológicas para a prática de atividades físicas, contemplação e educação ambiental.
Figura 4 - Show no Anfiteatro do Parque do Cocó da
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.
Fonte: Diário do Nordeste (2008).
15
Disponível em: <http://www.semace.ce.gov.br/2010/12/paque-ecologico-do-rio-coco/>. Acesso em: 20 set. 2013.
26
Algumas atividades apontadas no site da Semace16
(2010) são indicadas como
proibidas dentro da área do Parque. Entre elas, estão a implantação ou ampliação de quaisquer
tipos de construção civil, sem o devido licenciamento ambiental; supressão de vegetação e
uso do fogo; atividades que possam poluir ou degradar o recurso hídrico, como também o
despejo de efluentes, resíduos sólidos ou detritos capazes de provocar danos ao meio
ambiente; tráfego de veículos; intervenção em áreas de preservação permanente, como
margens do rio, campo de dunas e demais áreas que possuem restrições de uso; pesca
predatória; uso de veículos náuticos motorizados, salvo para fins de interesse público; demais
atividades danosas previstas na legislação ambiental. Tais práticas, na maioria das vezes, não
são respeitadas. Como se pode observar nas Figuras 5 e 6.
Figura 5 - Garotos pescando no Parque Ecológico do Cocó
Fonte: Gleison Maia Lopes (2008).
16
Disponível em: <http://www.semace.ce.gov.br/2010/12/paque-ecologico-do-rio-coco/>. Acesso em: 20 set. 2013.
27
Figura 6 - Lixo despejado na rua que dá acesso a uma das
trilhas do Parque do Cocó (Avenida Sebastião
de Abreu)
Fonte: Blog do Eliomar (2012)
Apesar das vitórias conquistadas pelo movimento ambientalista, os loteamentos e
as ocupações irregulares continuam. Ao longo dos anos, desde a sua criação, o Parque do
Cocó sofre pressão de residentes que ocupam cada vez mais áreas ao redor do Parque, seja
para moradia ou para uso comercial, como pode ser observado na Figura 7.
Figura 7 - Construções ao redor do Parque
Fonte: Dunas do Cocó (2013).
No ano de 2007, noticiou-se, na imprensa local, a construção de um edifício
comercial, o Iguatemi Empresarial, próximo ao Rio Cocó. O tema tornou-se amplamente
discutido, não apenas pela imprensa e grupos sociais organizados, mas pela população em
28
geral, promovendo-se debates no meio acadêmico e outros setores da sociedade. Um grupo
com cerca de 30 jovens (ver Figura 8) promoveu uma manifestação dentro do shopping
Iguatemi. A manifestação durou vinte minutos, os seguranças cercaram os manifestantes e os
expulsaram do shopping. Segundo relatos do blog Raízes do Mangue17
(2007), o grupo
gritava palavras de ordem contra a construção do empreendimento.
Figura 8 - Área de construção do Iguatemi Empresarial
em Fortaleza, construído às margens do rio
Cocó. Ao lado, Shopping Center Iguatemi
Fonte: Centro de Mídia Independente do Brasil (CMI, 2007).
Figura 9 - Protesto contra o Iguatemi Empresarial
realizado no Shopping Iguatemi.
Fonte: Centro de Mídia Independente do Brasil (CMI, 2007)
17
Disponível em: <http://raizesdomangue.blogspot.com.br/search/label/1%C2%BA%20Manifesta%C3%A7%C3%
A3o%20do%20Bloco%20Verde%20dentro%20do%20Iguatemi>. Acesso em: 20 set. 2013.
29
No mesmo ano, o Ministério Público Federal (MPF) fez um requerimento na
Justiça para impedir que União, Estado e Município de Fortaleza concedessem licenças para
novas construções na área do Parque do Cocó, no raio de 500 metros de seu entorno. A
medida não atingiria os empreendimentos que já possuíssem autorização para construção. A
liminar foi concedida, mas, em 2008, o Estado obteve junto ao Tribunal Regional Federal
(TRF) a suspensão da determinação.
Com a intenção de incluir a delimitação física como uma das ações de
revitalização do Parque do Cocó, foi criado no dia 6 de março de 2008 um Grupo de
Trabalho, mediante o Decreto de nº 29.215. Segundo o blog SOS Cocó18
(2008), um Grupo de
Trabalho do Conpam (Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente), órgão do Governo
do Estado, deu seguimento à liminar que determinava a delimitação correta do Parque
Ecológico do Cocó. O Grupo de Trabalho identificou as agressões ao Parque (que
correspondem ao histórico de denúncias dos movimentos sociais), e o Conpactem aprovou
uma nova proposta de demarcação do Parque, que será acrescida de 266,08 hectares.
No mesmo ano, a Semace entregou ao governador Cid Gomes um estudo que
determinou a nova poligonal - os limites - da região. Pelo levantamento, a área do Cocó
diminuiria de 1.046 para 942,54 hectares.
Mais de duas décadas após sua criação, o Parque ainda espera uma
regulamentação legal. Não ter estabelecida uma delimitação oficial impede que sejam
traçadas ações sistemáticas para a resolução de problemas que podem interferir diretamente
na conservação da área. Além de impedir que a Semace, o órgão responsável pelo Parque,
cumpra efetivamente sua tarefa de administrar.
Até a efetiva implantação do Parque do Cocó, o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ficou responsável por todos os
procedimentos de licenciamento ambiental na área destinada à futura implantação do Parque e
de seu entorno
Em julho de 2013, o Parque passou por mais uma mudança. A Prefeitura de
Fortaleza iniciou a construção de viadutos entre as avenidas Antônio Sales e Engenheiro
Santana Júnior. Para a realização da obra, seriam sacrificadas 90 árvores de espaços
próximos. Para compensar a retirada, a Prefeitura faria o plantio de 270 outras árvores no
Parque.
18
Disponível em: <http://soscoco.blogspot.com.br/2008/06/parque-do-coc-ter-226-hectares-mais.html>. Acesso
em: 20 set. 2013.
30
Sete dias após o início das obras, um grupo de pessoas contrário à obra acampou
no Parque, obrigando a paralisação das obras no local. Na madrugada do dia 8 de agosto de
2013, a Guarda Municipal de Fortaleza retirou, com violência, o grupo de manifestantes que
ocupava o local.
2.2 Rapadura Ninja
Conhecido nas redes sociais como Rapadura Ninja, Tiago Fabrício foi um dos
responsáveis pela transmissão da retirada de manifestantes do Parque do Cocó pela Guarda
Municipal de Fortaleza, no dia 8 de agosto.
Sua história com a mídia independente começou no início da ocupação, no
movimento Pé no Chão19
. No grupo, Tiago transmitia vídeos do acampamento para a TV
PeNo Chão20
, um canal de web que pertence ao coletivo. Sua ideia era divulgar o que estava
acontecendo, já que, segundo Tiago, a mídia tradicional não era esclarecedora nos primeiros
dias da ocupação.
Com dois meses de participação no movimento Pé no Chão, Tiago se desvinculou
do movimento para participar do Mídia Ninja. Seu contato com os Ninjas foi por e-mails,
através dos quais recebeu orientações de como fazer e enviar as transmissões.
Como integrante do Mídia Ninja, Tiago decidiu adotar o codinome de Rapadura
Ninja. Sua inspiração para o nome veio de um doce artesanal da cana-de-açúcar, típico da
região Nordeste.
O Rapadura Ninja utiliza duas redes sociais, Twitter e Facebook, para a
divulgação de suas transmissões, através do aplicativo Twitcasting21
. Segundo Tiago, baseado
nos dados apresentados pelo aplicativo, 3.500 pessoas visualizaram a transmissão do
Rapadura Ninja, realizada no dia da desocupação do Cocó.
A repercussão e o ineditismo de seus vídeos fizeram com que a transmissão do
Rapadura Ninja virasse matéria no portal do Jornal O Povo22
. Na matéria, destaca-se a
transmissão do Rapadura Ninja na desocupação e dá ao leitor a opção de assistir ao vivo,
como pode ser observado na imagem abaixo.
19
Segundo a descrição no blog (http://movimentopenochao.blogspot.com.br/p/quem-somos.html), o Movimento
Pé no Chão é um grupo aberto, pacífico, heterogêneo, democrático e apartidário (mas não antipartidário) de
pessoas que exigem alternativas concretas e viáveis à crise de representatividade e a tantos outros problemas
experimentados atualmente pela sociedade brasileira.
20
Disponível em: <http://www.youtube.com/channel/UCnWZx1MqmYeWnJWhNn44BBA>. Acesso em: 20
set. 2013.
21
Aplicativo onde os usuários podem transmitir vídeos ao vivo de smartphones e tablets.
22
Disponível em: <http://www.opovo.com.br/>. Acesso em: 20 set. 2013.
31
Figura 10 - Matéria publicada no O Povo Online – 08/08/2013
Fonte: (ASSISTA, 2013, online).
O capítulo a seguir tem foco sobre o dia da desocupação do Parque do Cocó,
sobre as distâncias física e política na cobertura feita pelas emissoras tradicionais de televisão
e, por último, apresenta os dados das pesquisas, apresentando a participação dos atores sociais
e dos atores políticos entrevistados pelos principais telejornais de cada emissora, e pelo
Rapadura Ninja, apresentando os tempos das respectivas falas.
32
3 AS VOZES E AS FALAS
Agora, serão narrados alguns momentos da trajetória percorrida neste trabalho, de
forma exploratória, que muito ajudaram a montar o projeto de pesquisa. Os primeiros serão
relatados como no diário de campo, para, em seguida, levar o leitor de forma mais segura ao
episódio da desocupação, que é o objeto da pesquisa.
Por conhecer algumas pessoas que participaram do movimento ou moravam
próximo ao local, essas foram as primeiras fontes procuradas para dar início à pesquisa.
Precisava-se entender o porquê do movimento e como a Guarda Municipal agiu durante o dia
da desocupação. Entre todos os colegas que noticiavam a desocupação nas redes sociais,
optou-se conversar com o Paulo Neto, que morava próximo ao local e acompanhou, desde o
início, a ação da Guarda Municipal.
Para desenvolver uma história cronológica dos fatos, foram realizadas consultas a
edições dos jornais O Povo, Diário do Nordeste e O Estado, todas publicadas no dia posterior
à desocupação do Parque. No dia 13 de setembro, foi realizada visita ao acampamento. Ao
entrar no local, fui acolhida pelo manifestante Rondinelly Matos. Conversamos durante uma
hora, sobre o movimento e o dia da desocupação.
Considero a entrevista com o Rapadura Ninja a parte mais difícil da minha
pesquisa. Minha primeira tentativa de contato foi através de um grupo no Facebook. Na
manhã do dia 3 de setembro, deixei um recado explicando minha pesquisa e que precisava
conversar com o Rapadura Ninja.
À noite, um dos manifestantes, Fabio Santos, respondeu ao meu recado pedindo o
número do meu telefone para entregar no acampamento. Feito isso, no dia seguinte, recebi
uma ligação de outro participante do movimento perguntando sobre minha pesquisa e o que
eu queria conversar com o Rapadura Ninja. Em meio à conversa, ele solicitou ver minha
página pessoal no Facebook. Queria ter a certeza de que não estava mentindo. Após ser
entrevistada novamente por outro manifestante, consegui, finalmente, fazer meu primeiro
contado com o Rapadura Ninja através do Facebook. Mantive contato com ele durante um
mês e no dia 4 de novembro, tive a oportunidade de entrevistá-lo.
3.1 Desocupação anunciada de resultado surpreendente
Na manhã do dia 5 de julho, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, assinou
uma ordem de serviço para a implantação de dois viadutos no cruzamento das avenidas
33
Engenheiro Santana Júnior e Antônio Sales. O objetivo do empreendimento seria melhorar o
serviço do transporte coletivo e dar maior agilidade ao trânsito na região.
Para realização do projeto, seria necessário o corte de 94 árvores do Parque do Cocó.
De acordo com a Prefeitura de Fortaleza, para compensar o impacto ambiental provocado pelo
desmatamento, seriam plantadas três novas árvores para cada uma que fosse retirada.
Figura 11 - Ilustração do projeto.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste (2013).
Após a derrubada de 79 árvores, as manifestações contra os viadutos se
intensificaram no local. No dia 16 de julho, a obra foi embargada pela Superintendência do
Patrimônio da União, sob a alegação de que parte da obra estaria dentro do terreno da União e
não foi solicitada autorização para o procedimento. No mesmo dia, um grupo de pessoas
contrário à construção do empreendimento acampou no Parque para evitar o início das obras.
Figura 12 - Manifestantes no Parque do Cocó
Fonte: Portal G1 (2013).
34
O presidente do Tribunal de Justiça do Ceará, Gerardo Brígido, derrubou no dia
24, do mesmo mês, a liminar que havia suspendido a construção dos viadutos entre as
avenidas. As obras no local podiam ser retomadas.
Em agosto, na noite de uma segunda-feira, 5, o governador Cid Gomes visitou o
acampamento do Parque do Cocó para negociar a saída dos manifestantes. No local, Cid ficou
sentado com o grupo ouvindo reivindicações. A reunião estendeu-se até a madrugada da
terça-feira, 6, e contou com a participação de dois vereadores da Capital, Toinha Rocha
(PSOL) e João Alfredo (PSOL), ambos contra a construção do empreendimento.
Para tentar solucionar o problema, o governador propôs legalizar o Parque em
troca da construção dos viadutos. Sem nenhuma negociação, os manifestantes continuaram
acampados no local.
Figura 13 - Reunião com o governador Cid Gomes no
acampamento do Parque do Cocó
Fonte: Jornal O Povo (2013).
Três dias após a visita do governador Cid Gomes ao acampamento, o prefeito de
Fortaleza, Roberto Cláudio, deu ordem para o Grupo de Operações Especiais da Guarda
Municipal expulsar os integrantes do movimento que estavam dentro do Parque.
A desocupação ocorreu por volta de 4 horas da manhã. Segundo os jornais locais,
a Guarda Municipal utilizou spray de pimenta, balas de borracha e bombas de efeito moral.
Após a retirada das barracas, caminhões limparam a área do Parque e iniciaram a derrubada
de árvores.
35
Figura 14 - Manifestantes resistiam em frente ao Parque à
tentativa da Guarda Municipal de dispersá-los
Fonte: Jornal O Povo (2013).
Figura 15 - Sem diálogo, a Guarda Municipal jogou spray
de pimenta nos manifestantes
Fonte: Jornal O Povo (2013).
Figura 16 - Guardas faziam a proteção do Parque,
enquanto árvores eram cortadas
Fonte: Jornal O Povo (2013).
36
Conforme o Ministério Público do Ceará, as ordens judiciais deveriam ser
cumpridas nos dias úteis das 6 às 18 horas, só podendo ultrapassar o horário se fosse para
conclusão da operação. A Prefeitura de Fortaleza, através da Assessoria de Imprensa, admitiu
apenas o emprego do armamento de efeito moral. Já o prefeito Roberto Cláudio, em entrevista
ao Jornal O Povo23,17
, afirmou que não houve “violência” contra os manifestantes.
Mas não foi assim. Toda a operação da retirada dos manifestantes foi violenta. No
embate com manifestantes na Avenida Engenheiro Santana Júnior, os guardas municipais,
além de usar os armamentos já citados, usaram também pistolas Taser, que disparam descarga
elétrica.
Figura 17 - Guardas municipais utilizando arma de choque
em manifestante
Fonte: Jornal O Povo (2013).
Moradores que residem próximo ao Parque utilizaram as redes sociais para
descrever o que acontecia no local no exato momento da desocupação. O universitário Paulo
Neto presenciou cenas fortes durante a madrugada. Da janela do seu apartamento, ele gravou
dois vídeos, em que é possível identificar a ação da Guarda Municipal. O momento mais
crítico do vídeo é quando gritos de socorro ecoam na avenida, clarões são vistos dentro do
acampamento.
23
Disponível em: <http://www.opovo.com.br/app/politica/2013/08/08/noticiaspoliticas,3107482/roberto-claudio-
defende-legalidade-de-acao-da-guarda-municipal-mpce-q.shtml>. Aceso em: 20 set. 2013.
37
Figura 18 - Paulo Neto usou seu perfil pessoal no Facebook
Fonte: https://www.facebook.com/pauletow acessado em 8/8/2013 às 10h.
Figura 19 - Vídeo da entrada da Guarda Municipal no
Parque do Cocó
Fonte: https://www.facebook.com/pauletow acessado em 8/8/2013 às 10h
Ainda na madrugada, os vereadores João Alfredo (PSOL), Toinha Rocha (PSOL) e a
deputada estadual Eliane Novaes (PSB) foram ao local prestar apoio aos manifestantes. Enquanto
tentava dialogar com a Guarda Municipal, João Alfredo foi atingido com spray de pimenta.
Figura 20 -Vereador João Alfredo e a Guarda Municipal
Fonte: Blog do Bernardo Pilotto, 2013.
38
Para ajudar o movimento, várias pessoas seguiram em direção ao Parque. Às 6h
da manhã, a Avenida Engenheiro Santana Júnior já possuía cerca de 70 pessoas que se
reuniram para apoiar o movimento.
Segundo o jornal Diário do Nordeste, o cruzamento entre as Avenidas Engenheiro
Santana Júnior e Antônio Sales foi totalmente fechado no período da manhã pelos
manifestantes. Nos horários de pico, 7h, 13h e 18h, o acesso às regiões afluentes das vias
bloqueadas ficou caótico. O local, que é conhecido pela dificuldade de escoamento dos
veículos, ficou intransitável.
Figura 21 - Trânsito caótico em várias vias distantes ao
cruzamento da Avenida Antônio Sales com
Engenheiro Santana Jr.
Fonte: Jornal O Povo (2013).
39
O conflito entre a Guarda Municipal e os manifestantes continuou durante todo o
dia. No começo da tarde, dois manifestantes entraram na área que estava protegida pela
Guarda Municipal e subiram em árvores, gerando um novo confronto entre o grupo e os
agentes. Ao tentar evitar que os jovens fossem retirados, manifestantes jogaram pedras e
foram atingidos por gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Depois de duas horas em cima de
uma árvore, manifestantes decidiram descer.
Figura 22 - Manifestante protesta em cima da árvore.
Fonte: Jornal O Povo (2013).
A imprensa também foi agredida pela Guarda Municipal. O jornalista Bruno de
Castro acompanhava a movimentação desde o início da manhã. Em um confronto entre
agentes de segurança e manifestantes, o jornalista seguiu o ritmo para não ser atingido por
nada vindo dos guardas. Antes de chegar a um lugar protegido, um guarda o surpreendeu com
um golpe nas costas.
Figura 23 - Jornalista exibe marcas da agressão com cassetete.
Fonte: Jornal O Povo (2013).
40
Em meio ao confronto entre guardas municipais e manifestantes, um pequeno
grupo que participava da manifestação praticou atos de vandalismo. Placas de sinalização na
Avenida Engenheiro Santana Jr. foram quebradas e uma agência bancária foi depredada
enquanto os manifestantes seguiam para o Centro de Eventos.
À noite, mais precisamente, às 19h30, atendendo a um pedido do Ministério
Público Federal, a Justiça concedeu a liminar que embargava as obras dos viadutos no
cruzamento. Com a decisão judicial, os trabalhos só poderiam ser retomados após a
regularização do licenciamento ambiental. A decisão é resultado de ação ajuizada pelo
procurador da República Oscar Costa Filho.
Segundo o procurador, a ação civil pública foi embasada em laudo do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), que atestou a ilegalidade da intervenção iniciada em
área equivalente a sete metros do Parque do Cocó. Além disso, o procurador afirma que a
legislação ambiental foi ignorada pela União, quando autorizou a intervenção, e pela
Prefeitura de Fortaleza, desde a concepção do projeto dos viadutos.
Embora as máquinas dentro do Parque estivessem paradas, os manifestantes
seguiram à noite com uma mobilização no semáforo onde a Prefeitura pretende erguer os
viadutos. Os ativistas foram embora após as 23h, mas deixaram marcado um novo protesto
para o dia seguinte.
3.2 Distância física e distância política na cobertura
A cobertura jornalística no dia da desocupação do Cocó foi realizada pelos
principais veículos de comunicação. Os jornais impressos de Fortaleza, O Povo, Jornal Diário
do Nordeste e O Estado deram destaque ao acontecimento, como mostram as Figuras 23, 24 e
25. As emissoras de televisão também deram destaque à retirada dos manifestantes no Parque
do Cocó em seus telejornais, com exceção da TV Assembleia.
Para alguns manifestantes, a presença da imprensa no Parque não era bem quista,
uma bandeira com a frase “Não damos entrevista para a Globo-CE” foi colocada em frente ao
acampamento (ver Figura 26). Manifestantes gritavam palavras de ordem contra os veículos
de comunicação. Jornalistas de diferentes veículos foram hostilizados. Equipes de emissoras
de TV chegaram a ser impedidos de fazer imagens e acabaram se afastando para garantir a
própria segurança.
41
Figura 24 - Capa do jornal Diário do Nordeste, publicado no dia
seguinte da desocupação
Fonte: Iara Evaristo (2013).
42
Figura 25 - Capa do jornal O Estado, publicado no dia seguinte da
desocupação.
Fonte: Iara Evaristo (2013)
43
Figura 26 - Capa do jornal O Povo, publicado no dia seguinte da
desocupação
.
Fonte: Iara Evaristo, 2013.
44
Figura 27 - Cartazes em frente ao acampamento
Fonte: Iara Evaristo, 2013.
Analisando o acontecimento nos telejornais, é possível identificar vários critérios
de noticiabilidade, principalmente o critério proximidade. A distância das emissoras para o
local da desocupação, em sua maioria, é mínima. A emissora Nordestv fica a 450m do local; a
TV Jangadeiro, a 1,2km; TV União, a 1,6km; TV Verdes Mares, a 1,7km; TV Cidade e TV
Diário, ambas possuem a mesma distância, 1,8km; TV Assembleia, a 2km; TV Ceará, a
2,1km; TV Fortaleza, a 2,3km e a TV O Povo com a maior distancia, 5,9km. A imagem
abaixo esclarece melhor a distancia de cada emissora para o local da desocupação.
Figura 28 - Mapa com a localização das emissoras e o
Parque do Cocó.
Fonte: Google Mapas (2013).
45
3.3 Quem fala e tempos de fala
A pesquisa observou os principais telejornais de Fortaleza, segundo indicado
como “principal” pelas emissoras, identificando à ocorrência dos fatos dos entrevistados e o
tempo que ocuparam na cobertura. Os telejornais foram classificados como convencional e
Rapadura Ninja, enquanto os entrevistados foram divididos em ator político e ator social.
Os telejornais escolhidos foram: Jornal Jangadeiro 1ª Edição (TV Jangadeiro),
Jornal da Câmara 1ª Edição (TV Fortaleza), União Brasil (TV União), Nordestv Notícias
(Nordestv), Jornal da Cidade (TV Cidade), Jornal do Meio Dia (TV Diário), CETV 1ª Edição
(TV Verdes Mares), O Povo Notícias (TV O Povo) e Jornal TVC (TV Ceará).
Considerou se o ator político: vereadores, procurador da República, prefeito de
Fortaleza, coordenador do Transfor, secretário de Infraestrutura, Guarda Municipal, Autarquia
Municipal de Trânsito e Polícia Militar. Considerou se ator social: Manifestantes, moradores,
integrante do Movimento Crítica Radical, jornalista e motorista.
No Jangadeiro 1ª Edição, foram observados quatro atores políticos,
correspondendo ao total de 54 segundos de fala, e quatro atores sociais, correspondendo ao
total de 36 segundos de tempo de falas. Entre os atores políticos, o vereador João Alfredo
falou 10 segundos, correspondendo a 18,5% do total; o procurador da República Oscar Filho
falou 14 segundos, correspondendo a 26% do total; o prefeito Roberto Cláudio falou 24
segundos, correspondendo a 44,5% do total; o guarda municipal falou 6 segundos,
correspondendo a 11% do total. Entre os atores sociais, o motorista de ônibus falou 10
segundos, correspondendo a 27,7% do total; o motorista 1 falou 5 segundos, correspondendo
a 14% do total; o motorista 2 falou 10 segundos, correspondendo ao total de 27,7%;
empregada doméstica falou 11 segundos, correspondendo ao total de 30,6%.
Tabela 1 - Jornal Jangadeiro
Ator político Tempo de fala Porcentagem
%
Ator social Tempo de fala Porcentagem
%
Vereador
João Alfredo
10 segundos 18,5% Motorista de
ônibus
10 segundos 27,7 %
Procurador da
República
14 segundos 26% Motorista 1 5 segundos 14%
Prefeito
Roberto
Cláudio
24 segundos 44,5% Motorista 2 10 segundos 27,7%
Guarda
Municipal
6 segundos 11% Empregada
doméstica
11 segundos 30,6%
Total 54 segundos 100% Total 36 segundos 100%
Fonte: Elaborado pela autora.
46
No jornal União Brasil, foram observados cinco atores políticos, correspondendo
ao total de 78 segundos de fala, e cinco atores sociais, correspondendo a 247 segundos de fala.
Entre os atores políticos, o prefeito Roberto Cláudio falou 18 segundos, correspondendo a
24,5% do total; o inspetor da Guarda Municipal Disrraelli Brasil falou 7 segundos,
correspondendo a 9% do total; o gerente de operações da Autarquia Municipal de Trânsito
(AMC) falou 9 segundos, correspondendo a 11,5% do total; Carlos Ribeiro, Comandante da
Polícia Militar, falou 9 segundos, correspondendo 11,5% do total; o procurador da República
Oscar Filho falou 34 segundos, correspondendo a 43,5% do total. Entre os atores sociais,
morador falou 18 segundos, correspondendo a 7% do total; Rosa Fonseca, integrante do
movimento Crítica Radical, falou 21 segundos, correspondendo a 8,5% do total; manifestante
1 falou 10 segundos, correspondendo a 4% do total; manifestante 2 falou 12 segundos,
correspondendo a 5% do total; o jornalista Bruno de Castro falou 186 segundos, 75,5% do
total.
Tabela 2 - Jornal União Brasil
Ator político Tempo de fala Porcentagem
%
Ator social Tempo de fala Porcentagem
%
Prefeito
Roberto
Cláudio
19 segundos 24,5% Morador 18 segundos 7%
Inspetor da
Guarda
Municipal
7 segundos 9% Integrante do
movimento
Crítica Radical
21 segundos 8,5%
Gerente de
operações da
AMC
9 segundos 11,5% Manifestante 1 10 segundos 4%
Comandante
da Polícia
Militar
9 segundos 11,5% Manifestante 2 12 segundos 5%
Procurador da
República
34 segundos 43,5% Jornalista 186 segundos 75,5%
Total 78 segundos 100% Total 247 segundos 100%
Fonte: Elaborado pela autora.
No jornal Nordestv Notícias, foram observados três atores políticos,
correspondendo ao total de 56 segundos de fala, e dois atores sociais, correspondendo a 16
segundos de fala. Entre os atores políticos, o coordenador do Transfor Valdir Santos falou 24
segundos, correspondendo a 43% do total; o guarda municipal falou 7 segundos,
correspondendo a 12,5% do total; o prefeito Roberto Cláudio falou 25 segundos,
correspondendo a 44,55 do total. Entre os atores sociais, um manifestante falou 7 segundos,
correspondendo a 44% do total; a empregada doméstica falou 9 segundos, correspondendo a
56% do total.
47
Tabela 3 - Jornal Nordestv Notícias
Ator político Tempo de fala Porcentagem
%
Ator social Tempo de fala Porcentagem
%
Coordenador
do Transfor
24 segundos 43% Manifestante 7 segundos 44%
Guarda
Municipal
7 segundos 12,5% Empregada
doméstica
9 segundos 56%
Prefeito
Roberto
Cláudio
25 segundos 44,5%
Total: 56 segundos 100% Total 16 segundos 100%
Fonte: Elaborada pela autora.
No Jornal da Cidade, foram observados oito atores políticos, correspondendo ao
total de 211 segundos de fala, e dois atores sociais, correspondendo a 34 segundos. Entre os
atores políticos, o procurador da República Oscar Filho falou 53 segundos, correspondendo a
25% do total; major Teófilo Gomes, supervisor da Polícia Militar, falou 20 segundos,
correspondendo a 9,5% do total; o vereador João Alfredo falou 15 segundos, correspondendo
a 7% do total; o prefeito Roberto Cláudio falou 27 segundos, correspondendo a 13,5% do
total; vereador Deodato Ramalho falou 31 segundos, correspondendo a 14,5% do total; vice-
líder do prefeito Didi Mangueira falou 34 segundos, correspondendo a 16% do total; o ex-
vereador Alri Nogueira falou 11 segundos, correspondendo a 9,5% do total; o inspetor da
Guarda Municipal Jamal Forte falou 20 segundos, correspondendo a 9,5% do total. Entre os
atores sociais, um manifestante falou 15 segundos, correspondendo a 44% do total; o
motorista falou 19 segundos, correspondendo a 56% do total.
Tabela 4 - Jornal da Cidade
Ator político Tempo de fala Porcentagem
%
Ator social Tempo de fala Porcentagem
%
Ex-vereador 11 segundos 5%
Inspetor da
Guarda Municipal
20 segundos 9,5%
Prefeito Roberto
Cláudio
27 segundos 13,5%
Procurador da
República
53 segundos 25% Manifestante 15 segundos 44%
Supervisor da PM 20 segundos 9,5% Motorista 19 segundos 56%
Vereador
Deodato Ramalho
31 segundos 14,5%
Vereador João
Alfredo
15 segundos 7%
Vice-líder do
prefeito Didi
Mangueira
34 segundos 16%
Total 211 segundos 100% Total 34 segundos 100%
Fonte: Elaborada pela autora.
48
No Jornal do Meio Dia, foram observados oito atores políticos, correspondendo
ao total de 548 segundos de fala, e seis atores sociais, correspondendo a 67 segundos de fala.
Entre os atores políticos, inspetor da Guarda Municipal Valdenir Silva falou 25 segundos,
correspondendo a 4,5% do total; o procurador da República Oscar Filho falou 40 segundos,
correspondendo a 7,3% do total; Coronel Carlos Ribeiro, comandante da CPC, falou 6
segundos, correspondendo a 1,1% do total; coordenador do Transfor Valdir Santos falou 36
segundos, correspondendo a 6,5% do total; Silva Júnior, Subinspetor da Guarda Municipal,
falou 48 segundos, correspondendo a 8,7% do total; delegada Juliana Pinheiro falou 23
segundos, correspondendo a 4,2% do total; prefeito Roberto Cláudio falou 98 segundos,
correspondendo a 18% do total; secretário de Infraestrutura Samuel Dias falou 272 segundos,
correspondendo a 49,7% do total. Entre os atores sociais, Rosa Fonseca, integrante do
Movimento Critica Radical, falou 10 segundos, correspondendo a 15% do total; manifestante
1 falou 3 segundos, correspondendo a 4,5 do total; manifestante 2 falou 7 segundos,
correspondendo a 10,5% do total; morador falou 8 segundos, correspondendo a 12% do total;
manifestante 3 falou 12 segundos, correspondendo a 18% do total; manifestante 4 falou 27
segundos, correspondendo a 40% do total.
Tabela 5 - Jornal do Meio Dia
Ator político Tempo de fala
Porcentagem
%
Ator social Tempo de fala
Porcentagem
%
Inspetor da
Guarda
Municipal
25 segundos 4,5% Integrante do
movimento
Critica Radical
10 segundos 15%
Procurador da
República
40 segundos 7,3% Manifestante 1 3 segundos 4,5%
Comandante
CPC
6 segundos 1,1% Manifestante 2 7 segundos 10,5 %
Coordenador
do Transfor
36 segundos 6,5% Morador 8 segundos 12%
Subinspetor da
Guarda
Municipal
48 segundos 8,7% Manifestante 3 12 segundos 18%
Delegada 23 segundos 4,2% Manifestante 4 27 segundos 40%
Prefeito 98 segundos 18%
Secretário de
Infraestrutura
272 segundos 49,7%
Total 548 100% Total 100%
Fonte: Elaborado pela autora.
No jornal CETV 1ª Edição, foram observados quatro atores políticos,
correspondendo ao total de 55 segundos de fala, e sete atores sociais, correspondendo a 59
segundos de fala. Entre os atores políticos, o gerente de operações da AMC falou 18
49
segundos, correspondendo a 32,7% do total; o supervisor de policiamento Teófilo Gomes
falou 15 segundos, correspondendo a 27,3% do total; Valdeci da Silva, inspetor do Grupo
Especial de Operações da Guarda Municipal (GOE), falou 4 segundos, correspondendo a
7,3% do total; procurador da República Oscar Filho falou 18 segundos, correspondendo a
32,7% do total. Entre os atores sociais, o manifestante 1 falou 3 segundos, correspondendo a
5% do total; motorista de ônibus falou 10 segundos correspondendo a 17% do total; motorista
2 falou 8 segundos, correspondendo a 13,5% do total; motorista 3 falou 14 segundos,
correspondendo a 23,7 do total; motorista 4 falou 4 segundos, correspondendo a 6,7% do
total; funcionária pública falou 12 segundos, correspondendo a 20,3% do total; jornalista
falou 8 segundos, correspondendo a 13,8% do total.
Tabela 6 - CETV 1ª Edição
Ator
político
Tempo de
fala
Porcentagem
%
Ator social
Tempo de
fala
Porcentagem
%
Gerente de
operações da
AMC
18 segundos 32,7% Manifestante 1 3 segundos 5%
Supervisor
de
policiamento
da Capital
15 segundos 27,3% Motorista de
ônibus
10 segundos 17%
Inspetor do
GOE
4 segundos 7,3% Motorista 2 8 segundos 13,5%
Procurador
da
República
18 segundos 32,7 Motorista 3 14 segundos 23,7%
Motorista 4 4 segundos 6,7%
Funcionária
pública
12 segundos 20,3%
Jornalista 8 segundos 13,8%
Total 55 100% Total 100%
Fonte: Elaborado pela autora.
No Jornal da TVC, foram observados três atores políticos, correspondendo ao
total de 106 segundos de fala, e um ator social, correspondendo a 25 segundos do total. Entre
o ator político, Disrraelli Brasil, gerente de operações da AMC, falou 22 segundos,
correspondendo a 20,7% do total; Marcilio Tavares, comandante do pelotão Ambiental, falou
22 segundos, correspondendo a 20,7% do total; Carlos Ribeiro, Sup.do comando do
policiamento, falou 62 segundos, correspondendo a 58,6% do total. O ator social, um
pedreiro, falou 25 segundos, correspondendo a 100% do total.
50
Tabela 7 - Jornal da TVC
Ator político Tempo de fala
Porcentagem
%
Ator social Tempo de fala
Porcentagem
%
Gerente de
operações da
AMC
22 segundos 20,7% Pedreiro 25 segundos 100%
Comandante
do Pelotão
Ambiental
22 segundos 20,7%
Sup.do
comando do
policiamento
na Capital
62 segundos 58,6%
Total 106 segundos 100% Total 25 segundos 100%
Fonte: Elaborado pela autora.
No O Povo Notícias, foi observado um ator político, o procurador Oscar Filho
falou 8 segundos, correspondendo a 100% do total.
Tabela 8 - O Povo Notícias
Ator político Tempo de fala
Porcentagem
%
Ator
social
Tempo de
fala
Porcentagem
%
Procurador da República
Oscar Filho,
8 segundos 100%
Total 8 segundos 100% Total
Fonte: Elaborada pela autora.
No Rapadura Ninja, foram observados um ator político, correspondendo ao total
de 63 segundos de fala, e nove atores sociais, correspondendo a 419 segundos de fala. O ator
político falou 63 segundos, correspondendo a 100% do total. Entre os atores sociais, o
manifestante 1 falou 60 segundos, correspondendo a 14,3% do total; manifestante 2 falou 59
segundos, correspondendo a 14 do total; manifestante 3 falou 52 segundos, correspondendo a
12,5% do total; manifestante 4 falou 11 segundos, correspondendo a 2,7% do total;
manifestante 5 falou 4 segundos, correspondendo a 1% do total; manifestante 6 falou 60
segundos, correspondendo a 14,3% do total; manifestante 7 falou 27 segundos,
correspondendo a 6,5% do total; manifestante 8 falou 130 segundos, correspondendo a 31%
do total; funcionária pública falou 16 segundos, correspondendo a 3,7% do total.
51
Tabela 9 - Rapadura Ninja
Ator
político
Tempo de
fala
Porcentagem
%
Ator social Tempo de fala Porcentagem
%
Vereador
João
Alfredo
63
segundos
100% Manifestante 1 60 segundos 14,3%
Manifestante 2 59 segundos 14%
Manifestante 3 52 segundos 12,5%
Manifestante 4 11segundos 2,7%
Manifestantes 5 4segundos 1%
Manifestante 6 60 segundos 14,3%
Manifestante 7 27 segundos 6,5%
Manifestante 8 130 segundos 31%
Funcionária
pública
16 segundos 3,7%
Total 63 segundos 100% Total 419 segundos 100%
Fonte: Elaborado pela autora.
Foram observados 1.600 segundos nas emissoras convencionais. O ator político
falou 1.116 segundos, correspondendo a 69,7% do total. O ator social falou 484 segundos,
correspondendo a 30,3% do total.
Tabela 10 - Conclusão 1
Emissora Convencional Tempo %
Ator político 1.116 segundos 69,7%
Ator social 484 segundos 30,3%
Total 1.600 segundos 100%
Fonte: Elaborado pela autora.
No Rapadura Ninja, foram observados 482 segundos. O ator político falou 63
segundos, correspondendo a 13,8% do total. O ator social falou 419 segundos,
correspondendo a 86,2% do total.
Tabela 11 - Conclusão 2
Rapadura Ninja Tempo %
Ator político 63 segundos 13,8%
Ator social 419 segundos 86,2%
Total 482 segundos 100%
Fonte: Elaborado pela autora.
No jornalismo convencional e no Rapadura Ninja, os atores políticos falaram
1.171 segundos. O ator político do jornalismo convencional falou 1116 segundos,
correspondendo 94,6%; o ator político do Rapadura Ninja falou 63 segundos, correspondendo
a 5,4% do total. O ator social do jornalismo convencional falou 484 segundos,
correspondendo a 53,6% do total; o ator social do Rapadura Ninja falou 419 segundos,
correspondendo a 46,4% do total.
52
Anuncio que, a partir dos dados apresentados na pesquisa bibliográfica e de
campo, a seguir virão as considerações finais.
53
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo aborda a cobertura do Rapadura Ninja na desocupação do Parque do
Cocó, comparando-a com os telejornais de Fortaleza, identificando os atores sociais e
quantificando as falas e os tempos ocupados por esses discursos. A pesquisa também buscou
apresentar reflexões sobre o jornalismo tradicional, o jornalismo cidadão, os critérios de
noticiabilidade, a transmissão do Rapadura Ninja e a história do Parque do Cocó. Dessa
forma, são propostas algumas assertivas sobre essas reflexões.
O jornalismo tradicional deixou de ser a única fonte de informação da sociedade.
As novas tecnologias, como smarthphones e tablets, proporcionaram ao cidadão comum uma
nova forma de ver e transmitir a notícia. Não se trata apenas de uma mudança na forma de
consumo midiático, mas na forma de distribuição de conteúdo.
A diferença entre o jornalismo cidadão e o jornalismo tradicional, além de ser
desnecessária a formação acadêmica para exercer a função de jornalista, é que não existe uma
edição do que foi gravado. Concedendo ao telespectador a decisão de assistir somente ao que
lhe agrada. Tais projetos, em que cidadãos comuns são capazes de realizar uma cobertura de um
acontecimento, representam uma tendência mundial. Mas essa já seria uma pesquisa futura.
Analisando as notícias veiculadas pelo jornalismo cidadão e pelo jornalismo
tradicional, é possível identificar, em suas informações, critérios de noticiabilidade e valores-
notícias semelhantes. Os dois possuem as mesmas variáveis, a notoriedade, por ter um ou
mais indivíduos de nível hierárquico dos envolvidos no conhecimento; proximidade, seja
geográfica, política, econômica ou cultural; relevância, que aponta para a quantidade de
pessoas que o acontecimento envolve; significatividade relaciona-se com a importância do
acontecimento quanto à evolução futura de uma determinada situação. Embora sejam
semelhantes, diferem em suas transmissões. Enquanto o jornalista tradicional possui uma
pauta, à qual se deve seguir; o jornalista cidadão já não possui. Sua forma de transmitir é livre
de qualquer regra jornalística.
O neojornalista cativou a confiança do cidadão, como também, a confiança de
empresas jornalísticas. Como exemplo, pode-se citar o jornal cearense O Povo, que em sua
cobertura na retirada dos manifestantes que acampavam no Parque do Cocó indicou aos
leitores a mídia independente Rapadura Ninja como fonte de informação.
A transmissão do Rapadura Ninja foi fundamental para a divulgação do
acontecimento, já que ele chegou ao local 15 minutos após a operação da Guarda Municipal.
54
Superando as emissoras televisivas de Fortaleza, em que sua menor distância era de 450
metros do local.
O Parque do Cocó consolida-se como unidade de conservação na zona urbana de
Fortaleza. Por não possuir uma delimitação da sua área, o Parque já passou por várias
mudanças devido às construções de prédios residenciais e comerciais em seu entorno. O local
é apropriado pelos diferentes indivíduos de maneira formal e legal, e por ações legítimas, mas
não necessariamente legais. O Parque existe legalmente, mas por não ter uma delimitação
oficial da sua área, impede que sejam traçadas ações para a resolução de problemas. Por esse
motivo, não impediu que a Prefeitura de Fortaleza executasse uma obra de mobilidade urbana,
retirando árvores do Parque para a construção de viadutos.
A realização da presente monografia envolveu a pesquisa sobre a cobertura
jornalística da mídia independente Rapadura Ninja na desocupação do Parque do Cocó frente
à cobertura dos principais telejornais, identificando os atores sociais e políticos e seus
respectivos tempos de fala.
A emissora convencional concedeu ao ator político o tempo de fala de 1,116
segundos, correspondendo a 69,7% do total. Enquanto o ator social falou por 484 segundos,
correspondendo a 30,3% do total. Com os dados apresentados, conclui-se que o ator social
teve menos tempo de fala na emissora convencional.
O Rapadura Ninja concedeu ao ator social o tempo de fala de 419 segundos,
correspondendo a 86,2% do total. Enquanto o ator político falou 63 segundos,
correspondendo a 13,8% do total. Com esses dados apresentados, conclui-se que o Rapadura
Ninja concedeu ao ator social o maior tempo de fala em suas transmissões.
Assim, é possível aferir como totalmente verdadeira a hipótese de que a cobertura
jornalística do Rapadura Ninja na desocupação do Parque do Cocó deu mais espaço às falas
de atores sociais do que o telejornalismo tradicional.
Há muito a se pesquisar sobre o jornalismo cidadão, por se tratar de um tema
bastante recente. Poucos estudiosos se dedicam profundamente ao assunto. São raros os
trabalhos acadêmicos disponíveis. Acredita-se que a popularização da internet proporciona a
democratização da informação, e isso ocasionará mudanças no comportamento do cidadão ao
assistir, ler ou ouvir uma notícia.
55
REFERÊNCIAS
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RODRIGUES, Carla (Org.). Jornalismo on-line: modos de fazer. Rio de Janeiro: Puc-Rio:
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2008/04/28/noticiasjornalfortaleza,784495/pulmao-verde-da-br-cidade-preservado.shtml>.
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56
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aparece-de-surpresa-em-ocupacao-no-coco-e-se-reune-com-manif.shtml>. Acesso em: 21
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coco-nao-e-privada/>. Acesso em: 16 nov. 2013.
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LOPES, Júlia; NETO, Livino; VELOSO, Raissa. Fortaleza: acampamento de ativistas no
Parque do Cocó já dura quase dois meses. Ecodebate, Cidadania & Meio Ambiente.
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A COBERTURA DO RAPADURA NINJA NA DESOCUPAÇÃO DO COCÓ: UM ESTUDO COMPARATIVO COM A MÍDIA TRADICIONAL

  • 1. FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS - CCH CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO ANTONIA IARA EVARISTO LIMA A COBERTURA DO RAPADURA NINJA NA DESOCUPAÇÃO DO COCÓ: UM ESTUDO COMPARATIVO COM A MÍDIA TRADICIONAL FORTALEZA 2013
  • 2. ANTONIA IARA EVARISTO LIMA A COBERTURA DO RAPADURA NINJA NA DESOCUPAÇÃO DO COCÓ: UM ESTUDO COMPARATIVO COM A MÍDIA TRADICIONAL Monografia apresentada ao curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade de Fortaleza como requisito para obtenção do grau de bacharel, sob a orientação do Professor Ms. Alberto Perdigão. FORTALEZA 2013
  • 3. FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS - CCH CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO TERMO DE APROVAÇÃO A COBERTURA DO RAPADURA NINJA NA DESOCUPAÇÃO DO COCÓ: UM ESTUDO COMPARATIVO COM A MÍDIA TRADICIONAL Por ANTONIA IARA EVARISTO LIMA Monografia apresentada no dia __ de dezembro de 2013, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em COMUNICAÇÃO SOCIAL COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO da Universidade de Fortaleza, tendo sido aprovada pela Banca Examinadora composta pelos professores: BANCA EXAMINADORA __________________________________________ Prof.(a) Ms. Alberto Perdigão Orientador(a) __________________________________________ Prof.(a) Dr. Márcio Acserald Examinador(a) __________________________________________ Prof.(a) Esp. Júlio Alcântara Examinador(a) FORTALEZA 2013
  • 4. i AGRADECIMENTOS A Deus, o que seria de mim sem a fé que eu tenho nEle? A minha mãe Margarida, por ser um exemplo na minha vida. Por me apoiar, sem medir esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida. A toda a minha família. Ao meu professor e orientador Alberto Perdigão pela paciência, por seu apoio, inspiração na orientação e incentivo no amadurecimento dos meus conhecimentos e conceitos que me levaram à execução e conclusão desta monografia. A todos os professores do curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza, em especial, Angela Julita, Aderson Sampaio, Márcio Acserald, Júlio Alcântara, Adriana Santiago, que foram tão importantes na minha vida acadêmica. Ao proprietário da empresa Total Clipping, Luiz Viana, por permitir a realização da minha pesquisa em sua empresa. Aos amigos e colegas, em especial, a Lilian, pelo incentivo e pelo apoio constantes. A todos que, de alguma forma, passaram pela minha vida e contribuíram para a construção de quem sou hoje.
  • 5. ii RESUMO Trata-se de um trabalho monográfico de conclusão de curso de Jornalismo do tipo estudo comparativo, baseado em pesquisa quantitativa sobre cobertura jornalística da mídia independente Rapadura Ninja na desocupação do Parque do Cocó, frente à descoberta dos telejornais de Fortaleza, no Ceará. Aborda os conceitos de Jornalismo cidadão e Jornalismo convencional e, em seguida, mede o tempo de fala dos atores sociais entrevistados nas duas modalidades de cobertura. Ao final, afere a hipótese de que a cobertura jornalística do Rapadura Ninja na desocupação do Parque do Cocó deu mais espaço às falas de atores sociais que o telejornalismo tradicional. Palavras-chave: Jornalismo Cidadão. Jornalismo Convencional. Critérios de Noticiabiliada. Rapadura Ninja.
  • 6. iii ABSTRACT This is a monograph of completion of Journalism comparative study based on quantitative research on media coverage of independent media in vacating the Rapadura Ninja Cocó Park, due to the discovery of the newscasts of Fortaleza, Ceara type. Discusses the concepts of Citizen Journalism and Conventional Journalism and then measures the time speaks of social actors interviewed in the two types of coverage. At the end, assesses the hypothesis that media coverage of Rapadura Ninja unemployment in the Cocó Park gave more space to the words that traditional television journalism social actors. Keywords: Citizen Journalism. Conventional Journalism. Noticiabiliada Criteria. Rapadura Ninja.
  • 7. iv LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Critérios substantivos.............................................................................................19 Quadro 2 - Critérios contextuais...............................................................................................19 Quadro 3 - Valores-notícia de construção................................................................................20
  • 8. v LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Em 1962, as salinas do Cocó passaram a ser consideradas como zonas de proteção paisagística, sendo proibido o desvio do curso d’água.............................23 Figura 2 - Shopping Center Iguatemi ainda em construção .....................................................24 Figura 3 - O Parque do Cocó está localizado na Região Metropolitana de Fortaleza..............25 Figura 4 - Show no Anfiteatro do Parque do Cocó da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo .................................................................................................................25 Figura 5 - Garotos pescando no Parque Ecológico do Cocó ....................................................26 Figura 6 - Lixo despejado na rua que dá acesso a uma das trilhas do Parque do Cocó (Avenida Sebastião de Abreu) .................................................................................27 Figura 7 - Construções ao redor do Parque ..............................................................................27 Figura 8 - Área de construção do Iguatemi Empresarial em Fortaleza, construído às margens do rio Cocó. Ao lado, Shopping Center Iguatemi.....................................28 Figura 9 - Protesto contra o Iguatemi Empresarial realizado no Shopping Iguatemi...............28 Figura 10 - Matéria publicada no O Povo Online – 08/08/2013 ..............................................31 Figura 11 - Ilustração do projeto ..............................................................................................33 Figura 12 - Manifestantes no Parque do Cocó .........................................................................33 Figura 13 - Reunião com o governador Cid Gomes no acampamento do Parque do Cocó .....34 Figura 14 - Manifestantes resistiam em frente ao Parque à tentativa da Guarda Municipal de dispersá-los ......................................................................................35 Figura 15 - Sem diálogo, a Guarda Municipal jogou spray .....................................................35 de pimenta nos manifestantes................................................................................35 Figura 16 - Guardas faziam a proteção do Parque, enquanto árvores eram cortadas...............35 Figura 17 - Guardas municipais utilizando arma de choque em manifestante.........................36 Figura 18 - Paulo Neto usou seu perfil pessoal no Facebook...................................................37 Figura 19 - Vídeo da entrada da Guarda Municipal no Parque do Cocó .................................37 Figura 20 -Vereador João Alfredo e a Guarda Municipal........................................................37 Figura 21 - Trânsito caótico em várias vias distantes ao cruzamento da Avenida Antônio Sales com Engenheiro Santana Jr. .........................................................................38 Figura 22 - Manifestante protesta em cima da árvore. .............................................................39 Figura 23 - Jornalista exibe marcas da agressão com cassetete. ..............................................39 Figura 24 - Capa do jornal Diário do Nordeste, publicado no dia seguinte da desocupação...........................................................................................................41
  • 9. vi Figura 25 - Capa do jornal O Estado, publicado no dia seguinte da desocupação...................42 Figura 26 - Capa do jornal O Povo, publicado no dia seguinte da desocupação......................43 Figura 27 - Cartazes em frente ao acampamento .....................................................................44 Figura 28 - Mapa com a localização das emissoras e o Parque do Cocó. ................................44
  • 10. vii LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Jornal Jangadeiro.....................................................................................................45 Tabela 2 - Jornal União Brasil..................................................................................................46 Tabela 3 - Jornal Nordestv Notícias .........................................................................................47 Tabela 4 - Jornal da Cidade......................................................................................................47 Tabela 5 - Jornal do Meio Dia..................................................................................................48 Tabela 6 - CETV 1ª Edição ......................................................................................................49 Tabela 7 - Jornal da TVC .........................................................................................................50 Tabela 8 - O Povo Notícias.......................................................................................................50 Tabela 9 - Rapadura Ninja........................................................................................................51 Tabela 10 - Conclusão 1...........................................................................................................51 Tabela 11 - Conclusão 2...........................................................................................................51
  • 11. SUMÁRIO INTRODUÇÃO..........................................................................................................................9 1 JORNALISMO CIDADÃO ..................................................................................................11 1.1 Novo jornalismo e novas vozes - uma questão...................................................................11 1.2 Critérios de noticiabilidade e valor notícia – uma comparação..........................................16 2 FATOS E VERSÕES ............................................................................................................23 2.1 Parque do Cocó...................................................................................................................23 2.2 Rapadura Ninja...................................................................................................................30 3 AS VOZES E AS FALAS.....................................................................................................32 3.1 Desocupação anunciada de resultado surpreendente..........................................................32 3.2 Distância física e distância política na cobertura................................................................40 3.3 Quem fala e tempos de fala ................................................................................................45 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................53 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................55
  • 12. 9 INTRODUÇÃO A era tecnológica modificou a maneira de passar informação ao público. Hoje, há um novo mandatário da informação a dividir o fluxo de fala e o poder do discurso com aqueles que eram, até pouco tempo, únicos donos da mídia. É o cidadão comum que já pode manufaturar, fabricar, registrar e transmitir dados, fatos ou opiniões sobre acontecimentos da realidade a qualquer momento, a partir de qualquer lugar do mundo.Neste caso, desde que tenha em suas mãos um aparelho móvel conectado à internet. Desde o momento em que os dispositivos digitais conectados entraram no mercado, o cidadão deixou de apenas receber a informação. Sua influência mudou o formato do lead1 , a tal ponto que, hoje, já é normal falar-se em um novo jornalismo, não mais controlado pelos donos das empresas jornalísticas, por editores ou pelos próprios jornalistas. O jornalista cidadão, como é chamado, é responsável pela sua própria empresa jornalística, assumindo as funções da captação, processamento e distribuição de notícias. Em Fortaleza, no Ceará, um coletivo de jornalismo cidadão, chamado Rapadura Ninja, fez a cobertura jornalística de uma ação condenada pelo grupo como violenta, protagonizada pela Guarda Municipal da cidade na operação de retirada de manifestantes que acampavam no Parque do Cocó. O movimento tinha o objetivo de impedir a retirada de 94 árvores do Parque, que dariam lugar à construção de viadutos. Às 4 horas da manhã do dia 8 de agosto de 2013, uma quinta-feira, a Guarda Municipal invadiu o acampamento retirando de maneira violenta cerca de 20 manifestantes que estavam no local. Quinze minutos após a invasão, a notícia começou a repercutir nas redes sociais, não por jornalistas, mas por um cidadão comum. Esse trabalho monográfico de conclusão de curso aborda a cobertura do Rapadura Ninja na desocupação do Parque do Cocó, comparando-a com os telejornais de Fortaleza. A escolha do tema foi baseada nos critérios de afinidade com o assunto, já que a pesquisadora acompanhou o que acontecia no dia da desocupação pelas redes sociais; por oportunidade, dada a chance de aprofundar o conhecimento sobre o assunto do jornalismo cidadão; mas, principalmente, pela relevância do assunto, já que o acontecimento, além de novidade, teve grande repercussão política e social em Fortaleza (JUNQUEIRA; BARROS, 2006). 1 O lead é a primeira parte de uma notícia que fornece ao leitor a informação básica sobre o tema e pretende prender-lhe o interesse. É uma expressão inglesa que significa “guia” ou “o que vem à frente”.
  • 13. 10 O objetivo do trabalho é quantificar as falas e os tempos ocupados por esses discursos, na cobertura do telejornalismo de Fortaleza, na cobertura da desocupação do Parque do Cocó. Assim, foram identificados os atores sociais e atores políticos entrevistados e que tempo ocuparam na cobertura do Rapadura Ninja e do telejornalismo convencional. Como hipótese tem-se que a cobertura jornalística do Rapadura Ninja na desocupação do Parque do Cocó deu mais espaço às falas de atores sociais que o telejornalismo convencional. A metodologia utilizada foi a de uma pesquisa social em Comunicação Social, com ênfase no jornalismo e foco no telejornalismo, do tipo estudo comparativo, quantitativo, acolhendo o método da observação, e tendo o formulário padrão como instrumento de coleta de dados. Como referencial teórico, buscaram-se conceitos como do jornalismo cidadão, jornalismo tradicional e critérios de noticiabilidade - e seus entornos-, por meio de autores de referência como Pascual Serrano, Ignácio Romonet, Maria das Graças Targino, Sergio Amadeu da Silveira e Nelson Traquina, entre outros. Como amostra, tomaram-se os vídeos do Rapadura Ninja e as reportagens dos principais telejornais de 10 emissoras de televisão de Fortaleza: TV Jangadeiro (Jornal Jangadeiro 1ª Edição), TV Fortaleza (Jornal da Câmara 1ª Edição), TV União (União Brasil), Nordestv (Nordestv Notícias), TV Cidade (Jornal da Cidade), TV Diário (Jornal do Meio Dia), TV Verdes Mares (CETV 1ª Edição), TV O Povo (O Povo Notícias) e TV Ceará (Jornal TVC). O primeiro capítulo aborda o jornalismo cidadão como uma nova forma de fazer jornalismo, analisando os critérios de noticiabilidade e comparando-o com o jornalismo tradicional. O segundo capítulo trata a história do Parque do Cocó, a questão judicial para sua delimitação e as construções irregulares em torno do Parque, além de relatar a história do Rapadura Ninja. O terceiro capítulo tem foco sobre o dia da desocupação do Parque do Cocó, sobre as distâncias física e política na cobertura feita pelas emissoras tradicionais de televisão e, por último, apresenta os dados das pesquisas, apresentando a participação dos atores sociais e dos atores políticos, entrevistados pelos principais telejornais de cada emissora e pelo Rapadura Ninja, apresentando os tempos das respectivas falas.
  • 14. 11 1 JORNALISMO CIDADÃO 1.1 Novo jornalismo e novas vozes - uma questão A informação exerce um papel fundamental na comunidade jornalística. É através dela que se constrói uma notícia. Há algumas décadas, essa produção da notícia era exclusivamente feita por jornalistas. Mas, com o passar dos anos, essa produção foi migrando para a sociedade. É possível observar na contemporaneidade um crescimento massivo da cidadania nos segmentos da sociedade civil que têm acesso à informação. O cidadão não está exercendo só o papel de consumidor de conteúdo dos meios de comunicação de massa, mas também, a de produtor de novos conteúdos, através de novos meios de comunicação. Tal mudança foi impulsionada pelo avanço da tecnologia, mais precisamente da internet, que proporcionou ao usuário não só um novo meio de comunicação, mas um novo meio de se comunicar. Com a internet “os usuários têm a chance de atuar, simultaneamente, como produtores, emissores e receptores de ideias e conhecimentos, dependendo dos acessos, habilidades técnicas e lastros de cada um” (MORAES, 2013, p. 104). Hoje, cada indivíduo, instituição ou associação pode ter seu próprio veículo de informação, bem como criar um blog ou uma página em uma rede social. Com um simples smarthphone ou notebook, cada cidadão pode enviar mensagens, corrigir as informações dadas pelos meios de comunicação de massa ou completá-las com imagens, textos e vídeos. Lemos e Lévy (2010, p. 76) apontam que: [...] com as atuais tecnologias móveis, esses usuários-produtores desempenham uma função muito maior do que a comunicação interpessoal. Fala-se também de ‘mobile journalism’ ou ‘locative journalism’ para práticas que utilizam essas novas tecnologias para localizar e publicar notícias, seja por jornalistas profissionais, seja pelo cidadão ‘comum’. Com a referida mudança, surge, então, um novo personagem que se coloca em posição de concorrência com os meios de comunicação, e que Romonet (2013) identifica como “neojornalistas”, testemunhas-observadoras dos acontecimentos, sejam sociais, políticos, culturais ou de variedades. Esse personagem “informante”, conhecido como jornalista cidadão2 , participa de um grupo de pessoas comuns, sem formação jornalística, 2 Conceito criado pelo jornalista norte americano Dan Gilmor.
  • 15. 12 participando de forma ativa no processo de coleta, reportagem, análise ou compartilhamento de notícias e informações. Pode-se dizer que a produção colaborativa3 de informações não é recente, pois vem sendo observada desde a descoberta da imprensa, há 500 anos (CASTILHO; FIALHO, 2009). No Brasil, a imprensa alternativa teve um período fértil nos anos de 1970 e 1980, quando a censura aos meios de comunicação passou a ser exercida no país. Nesse período, surge uma nova imprensa, composta por pequenos jornais4 de oposição que, embora tivessem suas divergências, mantinham-se contrários à ditadura militar. Seu papel era “analisar corajosa e criticamente a realidade, contestando o modelo de desenvolvimento excludente e o sistema repressivo” (MORAES, 2013, p. 114). Em meados da década de 1990, iniciada a era digital, o jornalismo cidadão marca o reaparecimento, nos Estados Unidos, por influência do jornalismo cívico5 , uma variante do jornalismo profissional. Um grupo de repórteres, editores e professores descontentes com a imprensa local decidiu criar seu próprio jornal. O projeto, patrocinado pelo Pew Center For Civic Journalism, contou com a participação de 30 jornais locais de diferentes estados norte- americanos. Os jornais passaram a convocar a população para participar de assembleias, em que questionavam as autoridades municipais. Após tentar aumentar a participação dos moradores em eleições locais, o jornalismo cívico perde seu financiador, pois os resultados das eleições de 1994 não foram satisfatórios. Quase 10 anos depois, com a popularização da internet e a expansão dos webjornalismo6 , a ideia do jornalista cidadão ganhou um novo impulso. Um jornalista coreano, Oh Yeon-Ho7 , criou um jornal online chamado OhmyNews8 . A proposta era desenvolver um novo fazer jornalístico, dando oportunidade a todo cidadão de ser repórter (TARGINO, 2009). O jornal, produzido por cerca de 30 mil colaboradores voluntários e 3 Conforme o professor e pesquisador austrilano Axel Brun, essas contribuições podem assumir quatro formatos finais: weblogs noticiosos individuais; autoria coletiva, em que vários colaboradores publicam notícias em uma mesma página da web ou usam sistemas de produção colaborativa, como a plataforma wiki; reportagens e textos colaborativos; newsletters impressa. 4 São exemplos PIF-PAF (1964), Pasquim (1969), Opinião (1972), EX (1973), Movimento (1975), Coojornal (1975), Versus, (1974), De Fato (1975), entre outros. 5 Jornalismo cidadão possui uma diferença em relação ao jornalismo cívico ou público, pois é elaborado, essencialmente, por jornalistas não formados, ou seja, por pessoas sem treinamento especifico em jornalismo, mas que possuem outra formação profissional ou educacional, e é realizado de maneira não remunerado de forma “amadoristica”. 6 John Pavlik identifica três fases no webjornalismo: (1) os conteúdos disponibilizados on-line idênticos aos editados nas versões em papel; (2) os conteúdos existem em formato on-line, às vezes contendo hipertextos, iniciativas de interatividade, imagens e som; (3) conteúdos desenvolvidos exclusivamente para a web, primando pela convergência de meios. 7 Às vezes, é citado como o pioneiro do jornalismo de fonte aberta. 8 Em agosto de 2006, Oh Yeon-Ho lançou o Ohmy News Japan, na fase inicial o jornal tinham aproximadamente mil cidadão-repórteres e com dois anos de atividade pretendiam ter cerca de 40 mil.
  • 16. 13 editado por um grupo de 35 jornalistas profissionais, já chegou ao patamar de 10 milhões de visitantes diários. O processo colaborativo envolve mais de um protagonista. Geralmente, é formado em uma comunidade virtual, por indivíduos com algum interesse, que vivenciam um problema em comum, que se comunicam de forma basicamente não presencial, usando algum tipo de ferramenta midiática para alcançar uma meta coletiva. Projetos, nos quais os leitores são também produtores, representam uma tendência mundial do que se chama de citizen journalism, ou jornalismo cidadão (LEMOS; LÉVY, 2010). No Brasil, há o exemplo do Mídia Ninja (acrônimo de Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), que ficou conhecido por fazer a cobertura com transmissões via internet e sem edição, das manifestações ocorridas em junho de 2013, quando milhares de cidadãos foram às ruas, em diferentes cidades, para protestar. Os protestos surgiram para contestar o aumento de R$ 0,20 na tarifa do transporte público em São Paulo. Mas, sendo transmitido ao vivo a milhares de jovens conectados à internet, pode ter influenciado a proliferação dos protestos pelas capitais, como Fortaleza, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Manaus, entre outras cidades. Em um segundo momento, segundo noticiaram os websites, blogs, redes sociais e meios tradicionais, o objetivo do protesto se ampliou, alcançando temas como a corrupção e o gasto excessivo com as obras da Copa do Mundo de 2014. A credibilidade do Mídia Ninja se tornou uma referência de contra informação que os manifestantes identificaram como um modelo novo de jornalismo, passaram a se negar a dar entrevista aos veículos de comunicação tradicionais, e até impedi-los de fazer a cobertura das manifestações. O fenômeno do jornalismo cidadão não só estaria alterando os processos informativos da sociedade, mas estaria também gerando uma mudança na comunidade jornalística, principalmente, no telejornalismo. Não se trata apenas de uma mudança na forma de consumo midiático, mas nas formas de produção e distribuição de conteúdo. “[...] não são mais os atores da vida pública que entram em nosso espaço privado pelo truque da televisão. É, ao contrario, pela nossa iniciativa que eles são convocados à tela do nosso computador. [...]” (LEMOS; LEVY, 2010, p. 79). O campo da produção passou a contar com um novo autor, o público, que se tornou uma fonte de informação extremamente solicitada. Está cada vez mais frequente, nos telejornais brasileiros, a participação do público, seja com a utilização de imagens ou vídeos enviados, captada pelo público, através de celulares e câmeras digitais, de fatos cotidianos,
  • 17. 14 que são notícias. Uma audiência que não assiste só ao telejornal, mas pode contribuir para a produção de notícias e reportagens, como explica Vizeu e Siqueira (2010, p. 92): As possibilidades de utilizar conteúdos que não foram produzidos pelas equipes de reportagem foram ampliadas e incorporadas às rotinas produtivas das emissoras. Ao mesmo tempo em que as empresas de televisão abriram espaço para que as pessoas encaminhem o material que produzem, elas estimulam essa participação e atraem o telespectador. Estabelece-se um novo laço de proximidade entre emissora e o público [...]. Não se pode deixar de citar que o telejornalismo cumpre uma função social e política importante, pois alcança 97,2% dos domicílios brasileiros, atingindo um público com baixa cognição, baixo letramento escolar. Portanto, pouco habituado à leitura e que tem o telejornalismo como a principal fonte de informação. Em relação à internet, acontece o contrário: o leitor só lê e assiste àquilo que lhe interessa. Por outro lado, a internet permite que cidadãos tenham acesso à informação, sem depender dos grandes meios de comunicação. E destituindo, assim, uma alternativa ao modelo que foi único durante muito tempo, desde o advento dos meios de comunicação. Desse modo, o monopólio da informação que os meios de comunicação dominantes exerciam na sociedade vai chegando ao fim. Abrindo espaço para outros modelos informativos que estariam mais identificados com a expectativa do cidadão. Para Serrano (2013, p. 147), “o jornalismo abandonou sua origem principal de sistema de aproximação, transformando-se em um mecanismo de intercepção que impõe obstáculos e desvirtua a comunicação entre os governantes e os cidadãos”. Teoricamente, o jornalismo por analogia, o telejornalismo, também é uma atividade essencial e genuinamente pública, sua função é informar, relatar a verdade sobre o fato. Mas essa informação, muitas vezes, tem chegado de maneira desvirtuada para o cidadão, como analisa Amaral (2002, p. 82), para quem A informação audiovisual é, por definição, por essência, por necessidade, uniforme. Uniformizada. Unilateral e, principalmente fragmentada. E, assim, não enseja nem a reflexão, nem o juízo crítico. Não possibilita a visão de conjunto, descontextualiza, desenraíza, ‘des-historiciza’, autonomiza os fatos, rompe com o nexo causal, dilacera a realidade, destrói o pensamento político e a possibilidade de opinião. Além de informar, o jornalismo também tem a função de exercer o papel de contrapoder, fiscalizando os três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Mas se esse poder fiscalizador se afasta da sua missão, deixa- se comandar pelos interesses, influências e
  • 18. 15 pressões dos três Poderes e de tantos outros os quais a imprensa também fiscaliza. Dessa forma, perderá sua credibilidade, e será como Seabra (2002) identifica, apenas um simulacro da realidade, e não uma representação documental da mesma. A cumplicidade do chamado “quarto poder” com os poderes dominantes faz com que ele deixe de funcionar. Deixando, assim, de cumprir sua missão de contrapoder (ROMONET, 2013). Uma imprensa sem credibilidade faz com que a sociedade busque outras fontes de informações, por não confiar mais na veracidade dos fatos que os meios de comunicação divulgam, ou por comprovar muitas vezes como eles mentem ou escondem elementos fundamentais (SERRANO, 2013). Castilho e Fialho (2009, p. 137) assim expressam: O descrédito da mídia local também foi influenciado pelo fato de que a maioria dos jornais e rádios em pequenas cidades geralmente é controlada por empresários ou políticos da região, que usam o veículo em beneficio próprio. O jornalismo local passou a ser visto com desconfiança pelos leitores, o que também contribuiu para a queda de circulação e de suas receitas com vendagem. O cidadão nessa nova esfera pública9 não está mais obrigado a restringir o seu ponto de vista ou seu acesso à informação ao que se inscreve ou é dito na esfera pública midiática de massa. Agora, ele está, em tese, aparelhado a manifestar sua opinião, porque passou a ter acesso à informação, além de estar habilitado a processar essa informação, ou seja, a proceder a um juízo de valor. Isso é criar um quinto poder. Não se trata de um exercício profissional do jornalismo, mas de uma ampliação inédita de fontes testemunhais, de relatos em primeiro grau de fatos e de possibilidades de veiculação desses relatos, como as experiências do “VC no G1”10 . O que os conservadores “críticos” não veem é que não é uma subtração ou substituição de uma mediação pela outra, mas de um processo de adicionar complexidade e oferecer formas novas de colaboração, comunicação e conhecimento. Teóricos, a exemplo de M. E. McCombs (2006), L. B. Becker (1979), MSchudson (1997), P. J. Shoemaker (1991) e Mauro Wolf (1995), além de S. Moretzsohn (2006) e J. Zafra (2006) acreditam que se trata de 9 A esfera pública pode ser entendida como estabelecimento de um espaço comunicacional que congrega ambientes físicos e virtuais, como temporalidades múltiplas (a imagem ao vivo se combina com documentos de arquivo, dispostos on-line, a notícia do jornal dialoga com o depoimento de um leitor, num blog, em processos que convergem para a formação de consensos ou de disputas), em torno de temas que dizem respeito às pazes e aos propósitos de vida em sociedade dos cidadãos integrados por esse mesmo espaço comunicacional, cujas vidas são afetadas por ele. 10 Disponível em: <http://g1.globo.com/ceara/vc-no-g1-ce/enviar-noticia.html>. Acesso em: 20 set. 2013.
  • 19. 16 reestruturação do fazer jornalístico, e não de extinção do jornalismo ou da profissão de jornalista (TARGINO, 2009). A rede mundial de computadores permite ao internauta tornar-se produtor de informação (um jornalista, no sentido essencial da palavra), em jornalista de si, dada a condição de narrar e distribuir tudo aquilo que lhe é possível testemunhar com smartphones, iPad ou laptop nas mãos. Para Serrano (2013, p. 153), o imediatismo da internet quer dizer que não se deve ter o mesmo cuidado com a redação que se tem no papel. Um meio digital deve ser elaborado por pessoas qualificadas; não é preciso que tenham diploma, e sim que saibam jornalismo. 1.2 Critérios de noticiabilidade e valor notícia – uma comparação Não existe uma definição única do que seja notícia, tampouco uma lista de assuntos que enumere o que seja digno de publicar em um jornal. Estudos comprovam que os próprios profissionais da comunicação têm dificuldade para explicar aos demais o que é notícia e quais critérios são utilizados para escrever uma narrativa voltada a informar (TRAQUINA, 2005). Portanto, a noticiabilidade equivale ao “conjunto de critérios, operações e instrumentos” com o qual a imprensa seleciona, no universo “imprevisível e indefinido de acontecimentos, uma quantidade finita e tendencialmente estável de notícia” (WOLF, 2003, p. 190). Para Pinto (2009, p. 59), além de ser uma novidade, a notícia é uma combinação de importância e interesse. Há algumas muito importantes, mas pouco interessantes, e outras muito interessantes, mas não tão importantes. Aguiar (2009, p. 173) esclarece que a importância de uma notícia pode ser determinada em quatro variáveis: a) Notoriedade - implica o grau e nível hierárquico dos envolvidos no acontecimento noticiável. b) Proximidade - relaciona-se com o impacto sobre a nação e sobre o interesse nacional, em termos de proximidade geográfica ou da proximidade econômica, política ou cultural. c) Relevância - aponta para a quantidade de pessoas que o acontecimento, de fato ou potencialmente, envolve. d) Significatividade - relaciona-se com a importância do acontecimento quanto à evolução futura de uma determinada situação.
  • 20. 17 Já quanto às chamadas de “interessantes”, Aguiar classifica como notícias que procuram dar uma interpretação de um acontecimento baseado no fator “interesse humano”, ou seja, as curiosidades e o insólito que atraem a atenção. Uma informação atrairá mais o telespectador/leitor/ouvinte quando mais atrair a atenção do público. Para entender o que é notícia e o que é “estória”, Traquina (2005, p. 63) define os critérios de noticiabilidade como um conjunto de valores-notícia que determina se o acontecimento é apto de se tornar notícia. A previsibilidade do esquema geral das notícias deve-se à existência de critérios de noticiabilidade, isto é, à existência de valores-notícia que os membros da tribo jornalística partilham. Podemos definir o conceito de noticiabilidade de critérios e operações que fornecem aptidão de merecer um tratamento jornalístico, isto é, possuir valor como notícia. Assim, os critérios de noticiabilidade são o conjunto de valores-notícia que determina se um acontecimento, o assunto, é susceptível de se tornar notícia, isto é, de ser julgado como merecedor de ser transformado em matéria noticiável, e por isso, possuindo ‘valor-notícia’ (‘newsworthiness’). Em síntese, os valores-notícia são as qualidades da construção jornalística dos acontecimentos e funcionam como “óculos” (BOURDIEU, 1997) através dos quais os jornalistas operam uma seleção e uma produção discursiva daquilo que é selecionado. Eles possuem o controle do que deve ou não ser produzido. Trata-se do controle da emissão na comunicação massiva por centros editores clássicos da informação (LEMOS; LEVY, 2010). O jornalista exerce uma função fundamental na construção da notícia, pois participa do processo de transformação de acontecimentos cotidianos em notícia, conhecido como newsmaking, processo que evidencia o emissor (jornalista), como mediador entre acontecimentos e narrativa da notícia, o que requer analisar o relacionamento entre fontes e jornalistas, as etapas da produção e distribuição. Para Targino (2009, p. 148): [...] O newsmaking incorpora tanto a cultura profissional, como a organização do trabalho e da produção da notícia. Assim, são estabelecidos os critérios de noticiabilidade ou newsworthiness (do inglês news = notícias; worth = valioso, significante) que comportam os valores-notícia (news value), ou seja, os elementos que determinam se um evento ou um tema é passível e/ou merecedor de transformar em notícia. Exercendo a intermediação entre autores e telespectadores, o editor decide o que o público vai consumir de conteúdo jornalístico. A comunicação na organização decorre por
  • 21. 18 meio de gatekeepers11 , conceito que pode ser entendido como o “porteiro” da redação. Sua função é fazer a seleção da notícia, ou seja, definir, de acordo com critérios editoriais, o que vai ser veiculado. Targino (2009) explica que tal prática exige integrar e conciliar interesses aos mais diversificados: dos autores, do público, da editora, da gráfica, do periódico, da especialidade e do próprio editor, o que permite interferir que ele exerça dupla função: como gatekeeper, mantém-se a par das novidades na área de interesse e filtra tais informações para os pares. Na realidade, o gatekeeper incorpora procedimento amplo de informação envolvendo seleção e coleta de dados, elaboração, distribuição e promoção da notícia. Ainda em nível microscópio de análise, também pode ser visto como o processo de reconstruir o esquema básico de um evento para transformá-lo em notícia. Aguiar (2009) esclarece que qualquer acontecimento que não corresponda a esses critérios é excluído. Nelson Traquina propõe uma série de critérios, que concorrem na seleção de acontecimentos para serem registrados como notícia. Então, o autor separa tais critérios de noticiabilidade em dois grupos: valores-notícia de seleção e valores-notícia de construção (TRAQUINA, 2005, p. 63). Os valores-notícia de seleção referem-se aos critérios que os jornalistas utilizam para escolher um acontecimento para transformá-lo em notícia. Referido grupo está fragmentado em dois subgrupos: os critérios substantivos e os critérios contextuais. Os critérios substantivos são caracterizados pela avaliação direta do acontecimento em termos de sua importância ou interesse como notícia. São considerados critérios substantivos: a morte, que será sempre notícia, principalmente, quando um acidente causar o falecimento de várias pessoas; notoriedade, quanto maior for a celebridade ou importância hierárquica dos indivíduos envolvidos no acontecimento, maior será seu destaque na notícia; proximidade, tanto cultural, como geográfica, quanto mais próximo ao leitor, maior o valor-notícia; relevância, tem a ver com a capacidade de um acontecimento ter impacto sobre as pessoas ou o país; novidade, um evento que acontece pela primeira vez é sempre mais importante para a tribo jornalística; tempo, trata-se da atualidade, aniversários, datas comemorativas; notabilidade, a cobertura jornalística está voltada mais para acontecimentos do que para problemáticas; inesperado, são considerados mega- acontecimentos que surpreendem a expectativa da comunidade jornalística; conflitos e 11 Do inglês gate = portão; keeper = guardião. Em sua tradução literal significa porteiro, ou seja, aquele que define o que será noticiado. Conceito jornalístico para edição
  • 22. 19 controvérsias, para Traquina (2005), na prática, o uso da violência representa a quebra do que é normal. Como segue na coluna abaixo: Quadro 1 - Critérios substantivos Morte Sempre será notícia, principalmente, quando um acidente causar a morte de várias pessoas. Notoriedade Quanto maior for a celebridade ou importância hierárquica dos indivíduos envolvidos no acontecimento. Proximidade Tanto cultural, como geográfica, quanto mais próximo ao leitor, maior o valor-notícia. Novidade Um evento que acontece pela primeira vez é sempre mais importante para a tribo jornalística. Tempo Atualidade, aniversários, datas comemorativas sempre terão espaço em veículos de comunicação. Notabilidade A cobertura jornalística está voltada mais para acontecimentos do que para problemáticas. Inesperado São considerados mega-acontecimentos que surpreendem a expectativa da comunidade jornalística. Conflitos e controvérsias Para Traquina, na prática, o uso da violência representa a quebra do que é normal. Relevância Tem a ver com a capacidade de um acontecimento ter impacto sobre as pessoas ou o país. Fonte: Elaborado pela autora Os critérios contextuais estão relacionados à avaliação direta do acontecimento. São eles: disponibilidade, facilidade para fazer a cobertura do acontecimento; equilíbrio, esse valor-notícia tem relação com a quantidade de notícias sobre este acontecimento ou assunto que já existe, ou publicadas há pouco tempo; visualidade, elementos visuais associados à informação dão maior valor-notícia; concorrência, devido à busca pelo furo jornalístico e pela exclusividade; dia noticioso, algumas épocas do ano, assuntos com baixo valor-notícia têm mais noticiabilidade como nas férias, Carnaval, Natal, etc. Como segue na coluna abaixo: Quadro 2 - Critérios contextuais Disponibilidade Facilidade para fazer a cobertura do acontecimento. Equilíbrio O valor-notícia tem relação com a quantidade de notícias sobre esse assunto que já existe, ou publicadas há pouco tempo. Visualidade Elementos visuais associados à informação dão maior valor-notícia. Concorrência A busca pelo furo jornalístico e pela exclusividade. Dia noticioso Assuntos com baixo valor-notícia têm mais noticiabilidade como nas férias, Carnaval, Natal, etc. Fonte: Elaborado pela autora. Os valores-notícia de construção dizem respeito mais à forma de narrar do que ao conteúdo, como o jornalista aborda a notícia. São eles: simplificação, escrita de forma mais simples, para que a notícia alcance toda sociedade; amplificação, esse valor relaciona-se com a dimensão do acontecimento; relevância, que compete ao jornalista demonstrar a importância do fato para o público; personalização, o jornalista valoriza as pessoas envolvidas no
  • 23. 20 acontecimento e valorizam o fator “pessoa” como forma de agarrar o leitor; dramatização, o comunicador reforça o lado dramático dos acontecimentos; consonância, o jornalista insere novidades num contexto ou numa história já conhecida para facilitar a compreensão pelo público. Como segue na coluna abaixo: Quadro 3 - Valores-notícia de construção Simplificação Escrever de forma mais simples para que a notícia alcance toda sociedade. Amplificação Relaciona-se com a dimensão do acontecimento. Relevância Compete ao jornalista demonstrar a importância do fato para o público. Personalização O jornalista valoriza as pessoas envolvidas no acontecimento e valorizam o fator “pessoa” como forma de agarrar o leitor. Dramatização O comunicador reforça o lado dramático dos acontecimentos. Consonância O jornalista insere novidades num contexto ou numa história já conhecida para facilitar a compreensão pelo público. Fonte: Elaborado pela autora. Todos os valores-notícia apresentados por Traquina são importantes, mas alguns são fundamentais em uma notícia, tanto para o emissor, quanto para o receptor. Como exemplo, tem-se o valor- notícia inesperado, é o momento mágico para o emissor da notícia, como explica Vizeu e Siqueira (2010). É o momento em que os jornalistas entram em ação, num ritmo heróico contra o tempo e em dedicação ao imperativo de informar os cidadãos. Traquina (2005, p. 63) se refere ao caso: Outro valor-notícia importante na cultura jornalística é o inesperado, isto é, aquilo que irrompe e que surpreende a expectativa da comunidade jornalística. Segundo Tuchman (1978), o inesperado é muitas vezes um componente de um tipo de acontecimento que designa o ‘What a story’!, ou seja, o mega-acontecimento com enorme noticiabilidade que subverte a rotina e provoca o caos na sala de redação. Um exemplo de mega-acontecimento foram os ataques a diferentes sítios, sobretudo ao Wolrd Trade Center, no dia 11 de setembro de 2001. Saber transmitir uma notícia inesperada é fundamental para uma cobertura jornalística, pois a notícia tem um tempo de vida. Quando não é transmitida ao telespectador, torna-se passado, caduca, perdendo o seu valor. Assim, explica Traquina (2005, p. 37): [...] as notícias são vistas como um ‘bem altamente perecível’, valorizando assim a velocidade. O imediatismo age como medida de combate à deterioração do valor da informação. Os membros da comunidade jornalística querem as notícias tão ‘quentes’ quanto o possível, de preferência ‘em primeira mão’. Notícias ‘frias’ são notícias ‘velhas’, que deixaram de ser notícia. Por serem imprevistas, geralmente, as notícias inesperadas são transmitidas ao vivo, por isso se tornam mais evidentes. Consegue-se lembrar, com poucos ou muitos
  • 24. 21 detalhes, o que se está fazendo no exato momento em que está vendo uma notícia sendo transmitida ao vivo, principalmente, quando é um acontecimento que envolve morte ou escândalo. Para Machado (2003, p. 125), a transmissão ao vivo marca mais profundamente a experiência no telejornalismo: A transmissão ao vivo talvez seja, dentre todas as possibilidades de televisão, aquela que marca mais profundamente a experiência desse meio. A televisão nasceu ao vivo, desenvolveu todo o seu repertório básico de recursos expressivos num momento que ainda operava ao vivo e esse continua sendo o seu traço distintivo mais importante dentro do universo audiovisual [...]. Quando se fala de “ao vivo”, logo se relaciona notícia ao imediatismo, devido à velocidade com que é transmitida. Para Traquina (2005), o imediatismo é definido como um conceito temporal que se refere ao espaço de tempo (dias, horas e segundos) que decorre entre o acontecimento e o momento que a notícia é transmitida. Nesse momento, entre a notícia e o imediatismo, o comunicador se torna o principal elemento. O jornalista tem a função de encontrar fontes que atestam a mesma coisa para garantir a veracidade da informação. Porém, diante da rapidez e da concorrência, entre diversos meios de comunicação, ele não pode perder muito tempo com isso, pois perderá o furo de reportagem, a exclusividade. Traquina (2005) diz que a relação entre o fator tempo e o jornalista é fundamental, pois constitui um fator central na definição de competência profissional. Ser profissional implica possuir uma capacidade performativa avaliada pela aptidão de dominar o tempo em vez de ser vítima dele. Mas para Baudrillard (1991, p. 49), o imediatismo na informação pode perder o sentido. Uma vez que se torna mais difícil passar uma notícia correta e segura para o telespectador. A uma velocidade determinada, a da informação, as coisas perdem o seu sentido. Torna-se mais arriscado enunciar (ou denunciar) o apocalipse do tempo real, uma vez que é nesse momento que o acontecimento se desvanece e se converte em um buraco negro de que a luz já não pode escapar. A noticiabilidade configura-se, portanto, como resultado de negociações entre editor e emissor, com o objetivo de definir a parcela íntima de fatos que se transformarão em notícias por diversas possibilidades. O jornalista capacitado deve nutrir acentuada perspicácia noticiosa, no sentido de antever e perceber os fatos com rapidez, sutileza de espírito,
  • 25. 22 sagacidade e certa astúcia e malícia para lidar com os valores-notícia. Afinal, os cidadãos estão expostos a permanente aprendizagem acerca das questões públicas. O capítulo a seguir tratará da história do Parque Ecológico do Cocó, da questão judicial para a sua delimitação e das construções irregulares em torno do Parque, bem como relata ainda historia do Rapadura Ninja.
  • 26. 23 2 FATOS E VERSÕES 2.1 Parque do Cocó O Parque Ecológico do Cocó, localizado no município de Fortaleza, no Ceará, é uma extensão de terra às margens do rio12 que lhe dá nome, em seu último trecho de 11km. Compreendido entre a rodovia Santos Dumont (BR-116) e a sua foz, na praia do Caça e Pesca. É uma mancha verde encravada numa das áreas de mais intensa expansão mobiliária da cidade que, desde sua criação, preserva uma superfície de 526 hectares de mangue. Na década de 1960, na região onde hoje se encontra o Parque, havia sítios, onde funcionavam salinas. As instalações salineiras foram desativadas por terem causado prejuízos ao meio ambiente, tendo em vista a eliminação de espécies animais próprias do ecossistema, além de acarretarem a erosão e assoreamento do curso fluvial do rio Cocó. Figura 1 - Em 1962, as salinas do Cocó passaram a ser consideradas como zonas de proteção paisagística, sendo proibido o desvio do curso d’água. Fonte: Blog Fortaleza em Fotos (2013). A campanha para implantação de um parque urbano às margens do rio Cocó teve início no final da década de 1970. Em 15 de novembro de 1980, o Parque Adahil Barreto1313 , porção que compõe a área do atual Parque do Cocó, foi inaugurado pelo então prefeito de Fortaleza, Lúcio Alcântara. 12 A bacia do rio Cocó ocupa dois terços da área urbana de Fortaleza, atingindo 60% dos cursos d'água. 13 O Parque Adahil Barreto, que já foi chamado de Parque Ecológico do Cocó, possui uma área de 137.103,19 m² e uma rica biodiversidade marcada pela presença de centenas de árvores de 63 espécies, entre nativas e exóticas. A área foi o primeiro ponto do rio Cocó protegido através do Decreto Nº 4852/1977.
  • 27. 24 O local seria a sede administrativa do Banco do Nordeste do Brasil (BNB). O que não se concretizou, devido à campanha massiva promovida por entidades da sociedade civil, que tinham o objetivo de estabelecer leis normativas do uso e ocupação da área do parque. Lopes e Carleial (2012, p. 11, online) explicam que: O movimento ambientalista percebendo essa situação atuou com mais força a favor de uma proteção de fato dessa região da cidade, buscando o estabelecimento de uma Área de Proteção Ambiental (APA) e a criação do Parque Ecológico a ser implantado pelo governo do Estado do Ceará. Apesar dos muitos protestos, em abril de 1982, o Shopping Center Iguatemi foi construído. Para a realização da obra, foi necessário desmatar e aterrar grande parte do mangue, como se vê na Figura 2. Figura 2 - Shopping Center Iguatemi ainda em construção. Fonte: Jornal O Povo (1981). Em setembro de 1989, o Parque Ecológico do Cocó14 foi juridicamente instituído pelo Decreto Estadual Número 20.253. O referido decreto declarava a desapropriação das áreas delimitadas para a implementação do denominado Parque, como área de interesse social. A área compreendia o trecho entre a Avenida Sebastião de Abreu, a jusante, e a BR-116, a montante. Posteriormente, no dia 8 de julho de 1993, a área de abrangência foi 14 O Parque tem esse nome devido ao rio que forma o bioma de mangue, o rio Cocó. Somente após o 4º Anel Rodoviário, no bairro Ancuri, o riacho recebe a denominação de Rio Cocó, onde dá início ao Parque.
  • 28. 25 ampliada por meio do Decreto nº 22.587, abrangendo também a área situada entre a Rua Sebastião de Abreu até a foz do Rio Cocó. O Parque do Cocó é a principal área verde de Fortaleza. Na imagem abaixo, é possível visualizar toda a sua extensão e as dificuldade enfrentadas para manter sua conservação. É possível identificar pequenas áreas de desmatamento no interior do Parque. Figura 3 - O Parque do Cocó está localizado na Região Metropolitana de Fortaleza. Fonte: Google Maps (2013). Segundo a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace)15 , o Parque dispõe de área urbanizada com anfiteatro, quadras esportivas, pistas para cooper, dois parques infantis, área para promoção de shows, eventos, competições esportivas, além de trilhas ecológicas para a prática de atividades físicas, contemplação e educação ambiental. Figura 4 - Show no Anfiteatro do Parque do Cocó da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Fonte: Diário do Nordeste (2008). 15 Disponível em: <http://www.semace.ce.gov.br/2010/12/paque-ecologico-do-rio-coco/>. Acesso em: 20 set. 2013.
  • 29. 26 Algumas atividades apontadas no site da Semace16 (2010) são indicadas como proibidas dentro da área do Parque. Entre elas, estão a implantação ou ampliação de quaisquer tipos de construção civil, sem o devido licenciamento ambiental; supressão de vegetação e uso do fogo; atividades que possam poluir ou degradar o recurso hídrico, como também o despejo de efluentes, resíduos sólidos ou detritos capazes de provocar danos ao meio ambiente; tráfego de veículos; intervenção em áreas de preservação permanente, como margens do rio, campo de dunas e demais áreas que possuem restrições de uso; pesca predatória; uso de veículos náuticos motorizados, salvo para fins de interesse público; demais atividades danosas previstas na legislação ambiental. Tais práticas, na maioria das vezes, não são respeitadas. Como se pode observar nas Figuras 5 e 6. Figura 5 - Garotos pescando no Parque Ecológico do Cocó Fonte: Gleison Maia Lopes (2008). 16 Disponível em: <http://www.semace.ce.gov.br/2010/12/paque-ecologico-do-rio-coco/>. Acesso em: 20 set. 2013.
  • 30. 27 Figura 6 - Lixo despejado na rua que dá acesso a uma das trilhas do Parque do Cocó (Avenida Sebastião de Abreu) Fonte: Blog do Eliomar (2012) Apesar das vitórias conquistadas pelo movimento ambientalista, os loteamentos e as ocupações irregulares continuam. Ao longo dos anos, desde a sua criação, o Parque do Cocó sofre pressão de residentes que ocupam cada vez mais áreas ao redor do Parque, seja para moradia ou para uso comercial, como pode ser observado na Figura 7. Figura 7 - Construções ao redor do Parque Fonte: Dunas do Cocó (2013). No ano de 2007, noticiou-se, na imprensa local, a construção de um edifício comercial, o Iguatemi Empresarial, próximo ao Rio Cocó. O tema tornou-se amplamente discutido, não apenas pela imprensa e grupos sociais organizados, mas pela população em
  • 31. 28 geral, promovendo-se debates no meio acadêmico e outros setores da sociedade. Um grupo com cerca de 30 jovens (ver Figura 8) promoveu uma manifestação dentro do shopping Iguatemi. A manifestação durou vinte minutos, os seguranças cercaram os manifestantes e os expulsaram do shopping. Segundo relatos do blog Raízes do Mangue17 (2007), o grupo gritava palavras de ordem contra a construção do empreendimento. Figura 8 - Área de construção do Iguatemi Empresarial em Fortaleza, construído às margens do rio Cocó. Ao lado, Shopping Center Iguatemi Fonte: Centro de Mídia Independente do Brasil (CMI, 2007). Figura 9 - Protesto contra o Iguatemi Empresarial realizado no Shopping Iguatemi. Fonte: Centro de Mídia Independente do Brasil (CMI, 2007) 17 Disponível em: <http://raizesdomangue.blogspot.com.br/search/label/1%C2%BA%20Manifesta%C3%A7%C3% A3o%20do%20Bloco%20Verde%20dentro%20do%20Iguatemi>. Acesso em: 20 set. 2013.
  • 32. 29 No mesmo ano, o Ministério Público Federal (MPF) fez um requerimento na Justiça para impedir que União, Estado e Município de Fortaleza concedessem licenças para novas construções na área do Parque do Cocó, no raio de 500 metros de seu entorno. A medida não atingiria os empreendimentos que já possuíssem autorização para construção. A liminar foi concedida, mas, em 2008, o Estado obteve junto ao Tribunal Regional Federal (TRF) a suspensão da determinação. Com a intenção de incluir a delimitação física como uma das ações de revitalização do Parque do Cocó, foi criado no dia 6 de março de 2008 um Grupo de Trabalho, mediante o Decreto de nº 29.215. Segundo o blog SOS Cocó18 (2008), um Grupo de Trabalho do Conpam (Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente), órgão do Governo do Estado, deu seguimento à liminar que determinava a delimitação correta do Parque Ecológico do Cocó. O Grupo de Trabalho identificou as agressões ao Parque (que correspondem ao histórico de denúncias dos movimentos sociais), e o Conpactem aprovou uma nova proposta de demarcação do Parque, que será acrescida de 266,08 hectares. No mesmo ano, a Semace entregou ao governador Cid Gomes um estudo que determinou a nova poligonal - os limites - da região. Pelo levantamento, a área do Cocó diminuiria de 1.046 para 942,54 hectares. Mais de duas décadas após sua criação, o Parque ainda espera uma regulamentação legal. Não ter estabelecida uma delimitação oficial impede que sejam traçadas ações sistemáticas para a resolução de problemas que podem interferir diretamente na conservação da área. Além de impedir que a Semace, o órgão responsável pelo Parque, cumpra efetivamente sua tarefa de administrar. Até a efetiva implantação do Parque do Cocó, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ficou responsável por todos os procedimentos de licenciamento ambiental na área destinada à futura implantação do Parque e de seu entorno Em julho de 2013, o Parque passou por mais uma mudança. A Prefeitura de Fortaleza iniciou a construção de viadutos entre as avenidas Antônio Sales e Engenheiro Santana Júnior. Para a realização da obra, seriam sacrificadas 90 árvores de espaços próximos. Para compensar a retirada, a Prefeitura faria o plantio de 270 outras árvores no Parque. 18 Disponível em: <http://soscoco.blogspot.com.br/2008/06/parque-do-coc-ter-226-hectares-mais.html>. Acesso em: 20 set. 2013.
  • 33. 30 Sete dias após o início das obras, um grupo de pessoas contrário à obra acampou no Parque, obrigando a paralisação das obras no local. Na madrugada do dia 8 de agosto de 2013, a Guarda Municipal de Fortaleza retirou, com violência, o grupo de manifestantes que ocupava o local. 2.2 Rapadura Ninja Conhecido nas redes sociais como Rapadura Ninja, Tiago Fabrício foi um dos responsáveis pela transmissão da retirada de manifestantes do Parque do Cocó pela Guarda Municipal de Fortaleza, no dia 8 de agosto. Sua história com a mídia independente começou no início da ocupação, no movimento Pé no Chão19 . No grupo, Tiago transmitia vídeos do acampamento para a TV PeNo Chão20 , um canal de web que pertence ao coletivo. Sua ideia era divulgar o que estava acontecendo, já que, segundo Tiago, a mídia tradicional não era esclarecedora nos primeiros dias da ocupação. Com dois meses de participação no movimento Pé no Chão, Tiago se desvinculou do movimento para participar do Mídia Ninja. Seu contato com os Ninjas foi por e-mails, através dos quais recebeu orientações de como fazer e enviar as transmissões. Como integrante do Mídia Ninja, Tiago decidiu adotar o codinome de Rapadura Ninja. Sua inspiração para o nome veio de um doce artesanal da cana-de-açúcar, típico da região Nordeste. O Rapadura Ninja utiliza duas redes sociais, Twitter e Facebook, para a divulgação de suas transmissões, através do aplicativo Twitcasting21 . Segundo Tiago, baseado nos dados apresentados pelo aplicativo, 3.500 pessoas visualizaram a transmissão do Rapadura Ninja, realizada no dia da desocupação do Cocó. A repercussão e o ineditismo de seus vídeos fizeram com que a transmissão do Rapadura Ninja virasse matéria no portal do Jornal O Povo22 . Na matéria, destaca-se a transmissão do Rapadura Ninja na desocupação e dá ao leitor a opção de assistir ao vivo, como pode ser observado na imagem abaixo. 19 Segundo a descrição no blog (http://movimentopenochao.blogspot.com.br/p/quem-somos.html), o Movimento Pé no Chão é um grupo aberto, pacífico, heterogêneo, democrático e apartidário (mas não antipartidário) de pessoas que exigem alternativas concretas e viáveis à crise de representatividade e a tantos outros problemas experimentados atualmente pela sociedade brasileira. 20 Disponível em: <http://www.youtube.com/channel/UCnWZx1MqmYeWnJWhNn44BBA>. Acesso em: 20 set. 2013. 21 Aplicativo onde os usuários podem transmitir vídeos ao vivo de smartphones e tablets. 22 Disponível em: <http://www.opovo.com.br/>. Acesso em: 20 set. 2013.
  • 34. 31 Figura 10 - Matéria publicada no O Povo Online – 08/08/2013 Fonte: (ASSISTA, 2013, online). O capítulo a seguir tem foco sobre o dia da desocupação do Parque do Cocó, sobre as distâncias física e política na cobertura feita pelas emissoras tradicionais de televisão e, por último, apresenta os dados das pesquisas, apresentando a participação dos atores sociais e dos atores políticos entrevistados pelos principais telejornais de cada emissora, e pelo Rapadura Ninja, apresentando os tempos das respectivas falas.
  • 35. 32 3 AS VOZES E AS FALAS Agora, serão narrados alguns momentos da trajetória percorrida neste trabalho, de forma exploratória, que muito ajudaram a montar o projeto de pesquisa. Os primeiros serão relatados como no diário de campo, para, em seguida, levar o leitor de forma mais segura ao episódio da desocupação, que é o objeto da pesquisa. Por conhecer algumas pessoas que participaram do movimento ou moravam próximo ao local, essas foram as primeiras fontes procuradas para dar início à pesquisa. Precisava-se entender o porquê do movimento e como a Guarda Municipal agiu durante o dia da desocupação. Entre todos os colegas que noticiavam a desocupação nas redes sociais, optou-se conversar com o Paulo Neto, que morava próximo ao local e acompanhou, desde o início, a ação da Guarda Municipal. Para desenvolver uma história cronológica dos fatos, foram realizadas consultas a edições dos jornais O Povo, Diário do Nordeste e O Estado, todas publicadas no dia posterior à desocupação do Parque. No dia 13 de setembro, foi realizada visita ao acampamento. Ao entrar no local, fui acolhida pelo manifestante Rondinelly Matos. Conversamos durante uma hora, sobre o movimento e o dia da desocupação. Considero a entrevista com o Rapadura Ninja a parte mais difícil da minha pesquisa. Minha primeira tentativa de contato foi através de um grupo no Facebook. Na manhã do dia 3 de setembro, deixei um recado explicando minha pesquisa e que precisava conversar com o Rapadura Ninja. À noite, um dos manifestantes, Fabio Santos, respondeu ao meu recado pedindo o número do meu telefone para entregar no acampamento. Feito isso, no dia seguinte, recebi uma ligação de outro participante do movimento perguntando sobre minha pesquisa e o que eu queria conversar com o Rapadura Ninja. Em meio à conversa, ele solicitou ver minha página pessoal no Facebook. Queria ter a certeza de que não estava mentindo. Após ser entrevistada novamente por outro manifestante, consegui, finalmente, fazer meu primeiro contado com o Rapadura Ninja através do Facebook. Mantive contato com ele durante um mês e no dia 4 de novembro, tive a oportunidade de entrevistá-lo. 3.1 Desocupação anunciada de resultado surpreendente Na manhã do dia 5 de julho, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, assinou uma ordem de serviço para a implantação de dois viadutos no cruzamento das avenidas
  • 36. 33 Engenheiro Santana Júnior e Antônio Sales. O objetivo do empreendimento seria melhorar o serviço do transporte coletivo e dar maior agilidade ao trânsito na região. Para realização do projeto, seria necessário o corte de 94 árvores do Parque do Cocó. De acordo com a Prefeitura de Fortaleza, para compensar o impacto ambiental provocado pelo desmatamento, seriam plantadas três novas árvores para cada uma que fosse retirada. Figura 11 - Ilustração do projeto. Fonte: Jornal Diário do Nordeste (2013). Após a derrubada de 79 árvores, as manifestações contra os viadutos se intensificaram no local. No dia 16 de julho, a obra foi embargada pela Superintendência do Patrimônio da União, sob a alegação de que parte da obra estaria dentro do terreno da União e não foi solicitada autorização para o procedimento. No mesmo dia, um grupo de pessoas contrário à construção do empreendimento acampou no Parque para evitar o início das obras. Figura 12 - Manifestantes no Parque do Cocó Fonte: Portal G1 (2013).
  • 37. 34 O presidente do Tribunal de Justiça do Ceará, Gerardo Brígido, derrubou no dia 24, do mesmo mês, a liminar que havia suspendido a construção dos viadutos entre as avenidas. As obras no local podiam ser retomadas. Em agosto, na noite de uma segunda-feira, 5, o governador Cid Gomes visitou o acampamento do Parque do Cocó para negociar a saída dos manifestantes. No local, Cid ficou sentado com o grupo ouvindo reivindicações. A reunião estendeu-se até a madrugada da terça-feira, 6, e contou com a participação de dois vereadores da Capital, Toinha Rocha (PSOL) e João Alfredo (PSOL), ambos contra a construção do empreendimento. Para tentar solucionar o problema, o governador propôs legalizar o Parque em troca da construção dos viadutos. Sem nenhuma negociação, os manifestantes continuaram acampados no local. Figura 13 - Reunião com o governador Cid Gomes no acampamento do Parque do Cocó Fonte: Jornal O Povo (2013). Três dias após a visita do governador Cid Gomes ao acampamento, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, deu ordem para o Grupo de Operações Especiais da Guarda Municipal expulsar os integrantes do movimento que estavam dentro do Parque. A desocupação ocorreu por volta de 4 horas da manhã. Segundo os jornais locais, a Guarda Municipal utilizou spray de pimenta, balas de borracha e bombas de efeito moral. Após a retirada das barracas, caminhões limparam a área do Parque e iniciaram a derrubada de árvores.
  • 38. 35 Figura 14 - Manifestantes resistiam em frente ao Parque à tentativa da Guarda Municipal de dispersá-los Fonte: Jornal O Povo (2013). Figura 15 - Sem diálogo, a Guarda Municipal jogou spray de pimenta nos manifestantes Fonte: Jornal O Povo (2013). Figura 16 - Guardas faziam a proteção do Parque, enquanto árvores eram cortadas Fonte: Jornal O Povo (2013).
  • 39. 36 Conforme o Ministério Público do Ceará, as ordens judiciais deveriam ser cumpridas nos dias úteis das 6 às 18 horas, só podendo ultrapassar o horário se fosse para conclusão da operação. A Prefeitura de Fortaleza, através da Assessoria de Imprensa, admitiu apenas o emprego do armamento de efeito moral. Já o prefeito Roberto Cláudio, em entrevista ao Jornal O Povo23,17 , afirmou que não houve “violência” contra os manifestantes. Mas não foi assim. Toda a operação da retirada dos manifestantes foi violenta. No embate com manifestantes na Avenida Engenheiro Santana Júnior, os guardas municipais, além de usar os armamentos já citados, usaram também pistolas Taser, que disparam descarga elétrica. Figura 17 - Guardas municipais utilizando arma de choque em manifestante Fonte: Jornal O Povo (2013). Moradores que residem próximo ao Parque utilizaram as redes sociais para descrever o que acontecia no local no exato momento da desocupação. O universitário Paulo Neto presenciou cenas fortes durante a madrugada. Da janela do seu apartamento, ele gravou dois vídeos, em que é possível identificar a ação da Guarda Municipal. O momento mais crítico do vídeo é quando gritos de socorro ecoam na avenida, clarões são vistos dentro do acampamento. 23 Disponível em: <http://www.opovo.com.br/app/politica/2013/08/08/noticiaspoliticas,3107482/roberto-claudio- defende-legalidade-de-acao-da-guarda-municipal-mpce-q.shtml>. Aceso em: 20 set. 2013.
  • 40. 37 Figura 18 - Paulo Neto usou seu perfil pessoal no Facebook Fonte: https://www.facebook.com/pauletow acessado em 8/8/2013 às 10h. Figura 19 - Vídeo da entrada da Guarda Municipal no Parque do Cocó Fonte: https://www.facebook.com/pauletow acessado em 8/8/2013 às 10h Ainda na madrugada, os vereadores João Alfredo (PSOL), Toinha Rocha (PSOL) e a deputada estadual Eliane Novaes (PSB) foram ao local prestar apoio aos manifestantes. Enquanto tentava dialogar com a Guarda Municipal, João Alfredo foi atingido com spray de pimenta. Figura 20 -Vereador João Alfredo e a Guarda Municipal Fonte: Blog do Bernardo Pilotto, 2013.
  • 41. 38 Para ajudar o movimento, várias pessoas seguiram em direção ao Parque. Às 6h da manhã, a Avenida Engenheiro Santana Júnior já possuía cerca de 70 pessoas que se reuniram para apoiar o movimento. Segundo o jornal Diário do Nordeste, o cruzamento entre as Avenidas Engenheiro Santana Júnior e Antônio Sales foi totalmente fechado no período da manhã pelos manifestantes. Nos horários de pico, 7h, 13h e 18h, o acesso às regiões afluentes das vias bloqueadas ficou caótico. O local, que é conhecido pela dificuldade de escoamento dos veículos, ficou intransitável. Figura 21 - Trânsito caótico em várias vias distantes ao cruzamento da Avenida Antônio Sales com Engenheiro Santana Jr. Fonte: Jornal O Povo (2013).
  • 42. 39 O conflito entre a Guarda Municipal e os manifestantes continuou durante todo o dia. No começo da tarde, dois manifestantes entraram na área que estava protegida pela Guarda Municipal e subiram em árvores, gerando um novo confronto entre o grupo e os agentes. Ao tentar evitar que os jovens fossem retirados, manifestantes jogaram pedras e foram atingidos por gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Depois de duas horas em cima de uma árvore, manifestantes decidiram descer. Figura 22 - Manifestante protesta em cima da árvore. Fonte: Jornal O Povo (2013). A imprensa também foi agredida pela Guarda Municipal. O jornalista Bruno de Castro acompanhava a movimentação desde o início da manhã. Em um confronto entre agentes de segurança e manifestantes, o jornalista seguiu o ritmo para não ser atingido por nada vindo dos guardas. Antes de chegar a um lugar protegido, um guarda o surpreendeu com um golpe nas costas. Figura 23 - Jornalista exibe marcas da agressão com cassetete. Fonte: Jornal O Povo (2013).
  • 43. 40 Em meio ao confronto entre guardas municipais e manifestantes, um pequeno grupo que participava da manifestação praticou atos de vandalismo. Placas de sinalização na Avenida Engenheiro Santana Jr. foram quebradas e uma agência bancária foi depredada enquanto os manifestantes seguiam para o Centro de Eventos. À noite, mais precisamente, às 19h30, atendendo a um pedido do Ministério Público Federal, a Justiça concedeu a liminar que embargava as obras dos viadutos no cruzamento. Com a decisão judicial, os trabalhos só poderiam ser retomados após a regularização do licenciamento ambiental. A decisão é resultado de ação ajuizada pelo procurador da República Oscar Costa Filho. Segundo o procurador, a ação civil pública foi embasada em laudo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), que atestou a ilegalidade da intervenção iniciada em área equivalente a sete metros do Parque do Cocó. Além disso, o procurador afirma que a legislação ambiental foi ignorada pela União, quando autorizou a intervenção, e pela Prefeitura de Fortaleza, desde a concepção do projeto dos viadutos. Embora as máquinas dentro do Parque estivessem paradas, os manifestantes seguiram à noite com uma mobilização no semáforo onde a Prefeitura pretende erguer os viadutos. Os ativistas foram embora após as 23h, mas deixaram marcado um novo protesto para o dia seguinte. 3.2 Distância física e distância política na cobertura A cobertura jornalística no dia da desocupação do Cocó foi realizada pelos principais veículos de comunicação. Os jornais impressos de Fortaleza, O Povo, Jornal Diário do Nordeste e O Estado deram destaque ao acontecimento, como mostram as Figuras 23, 24 e 25. As emissoras de televisão também deram destaque à retirada dos manifestantes no Parque do Cocó em seus telejornais, com exceção da TV Assembleia. Para alguns manifestantes, a presença da imprensa no Parque não era bem quista, uma bandeira com a frase “Não damos entrevista para a Globo-CE” foi colocada em frente ao acampamento (ver Figura 26). Manifestantes gritavam palavras de ordem contra os veículos de comunicação. Jornalistas de diferentes veículos foram hostilizados. Equipes de emissoras de TV chegaram a ser impedidos de fazer imagens e acabaram se afastando para garantir a própria segurança.
  • 44. 41 Figura 24 - Capa do jornal Diário do Nordeste, publicado no dia seguinte da desocupação Fonte: Iara Evaristo (2013).
  • 45. 42 Figura 25 - Capa do jornal O Estado, publicado no dia seguinte da desocupação. Fonte: Iara Evaristo (2013)
  • 46. 43 Figura 26 - Capa do jornal O Povo, publicado no dia seguinte da desocupação . Fonte: Iara Evaristo, 2013.
  • 47. 44 Figura 27 - Cartazes em frente ao acampamento Fonte: Iara Evaristo, 2013. Analisando o acontecimento nos telejornais, é possível identificar vários critérios de noticiabilidade, principalmente o critério proximidade. A distância das emissoras para o local da desocupação, em sua maioria, é mínima. A emissora Nordestv fica a 450m do local; a TV Jangadeiro, a 1,2km; TV União, a 1,6km; TV Verdes Mares, a 1,7km; TV Cidade e TV Diário, ambas possuem a mesma distância, 1,8km; TV Assembleia, a 2km; TV Ceará, a 2,1km; TV Fortaleza, a 2,3km e a TV O Povo com a maior distancia, 5,9km. A imagem abaixo esclarece melhor a distancia de cada emissora para o local da desocupação. Figura 28 - Mapa com a localização das emissoras e o Parque do Cocó. Fonte: Google Mapas (2013).
  • 48. 45 3.3 Quem fala e tempos de fala A pesquisa observou os principais telejornais de Fortaleza, segundo indicado como “principal” pelas emissoras, identificando à ocorrência dos fatos dos entrevistados e o tempo que ocuparam na cobertura. Os telejornais foram classificados como convencional e Rapadura Ninja, enquanto os entrevistados foram divididos em ator político e ator social. Os telejornais escolhidos foram: Jornal Jangadeiro 1ª Edição (TV Jangadeiro), Jornal da Câmara 1ª Edição (TV Fortaleza), União Brasil (TV União), Nordestv Notícias (Nordestv), Jornal da Cidade (TV Cidade), Jornal do Meio Dia (TV Diário), CETV 1ª Edição (TV Verdes Mares), O Povo Notícias (TV O Povo) e Jornal TVC (TV Ceará). Considerou se o ator político: vereadores, procurador da República, prefeito de Fortaleza, coordenador do Transfor, secretário de Infraestrutura, Guarda Municipal, Autarquia Municipal de Trânsito e Polícia Militar. Considerou se ator social: Manifestantes, moradores, integrante do Movimento Crítica Radical, jornalista e motorista. No Jangadeiro 1ª Edição, foram observados quatro atores políticos, correspondendo ao total de 54 segundos de fala, e quatro atores sociais, correspondendo ao total de 36 segundos de tempo de falas. Entre os atores políticos, o vereador João Alfredo falou 10 segundos, correspondendo a 18,5% do total; o procurador da República Oscar Filho falou 14 segundos, correspondendo a 26% do total; o prefeito Roberto Cláudio falou 24 segundos, correspondendo a 44,5% do total; o guarda municipal falou 6 segundos, correspondendo a 11% do total. Entre os atores sociais, o motorista de ônibus falou 10 segundos, correspondendo a 27,7% do total; o motorista 1 falou 5 segundos, correspondendo a 14% do total; o motorista 2 falou 10 segundos, correspondendo ao total de 27,7%; empregada doméstica falou 11 segundos, correspondendo ao total de 30,6%. Tabela 1 - Jornal Jangadeiro Ator político Tempo de fala Porcentagem % Ator social Tempo de fala Porcentagem % Vereador João Alfredo 10 segundos 18,5% Motorista de ônibus 10 segundos 27,7 % Procurador da República 14 segundos 26% Motorista 1 5 segundos 14% Prefeito Roberto Cláudio 24 segundos 44,5% Motorista 2 10 segundos 27,7% Guarda Municipal 6 segundos 11% Empregada doméstica 11 segundos 30,6% Total 54 segundos 100% Total 36 segundos 100% Fonte: Elaborado pela autora.
  • 49. 46 No jornal União Brasil, foram observados cinco atores políticos, correspondendo ao total de 78 segundos de fala, e cinco atores sociais, correspondendo a 247 segundos de fala. Entre os atores políticos, o prefeito Roberto Cláudio falou 18 segundos, correspondendo a 24,5% do total; o inspetor da Guarda Municipal Disrraelli Brasil falou 7 segundos, correspondendo a 9% do total; o gerente de operações da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) falou 9 segundos, correspondendo a 11,5% do total; Carlos Ribeiro, Comandante da Polícia Militar, falou 9 segundos, correspondendo 11,5% do total; o procurador da República Oscar Filho falou 34 segundos, correspondendo a 43,5% do total. Entre os atores sociais, morador falou 18 segundos, correspondendo a 7% do total; Rosa Fonseca, integrante do movimento Crítica Radical, falou 21 segundos, correspondendo a 8,5% do total; manifestante 1 falou 10 segundos, correspondendo a 4% do total; manifestante 2 falou 12 segundos, correspondendo a 5% do total; o jornalista Bruno de Castro falou 186 segundos, 75,5% do total. Tabela 2 - Jornal União Brasil Ator político Tempo de fala Porcentagem % Ator social Tempo de fala Porcentagem % Prefeito Roberto Cláudio 19 segundos 24,5% Morador 18 segundos 7% Inspetor da Guarda Municipal 7 segundos 9% Integrante do movimento Crítica Radical 21 segundos 8,5% Gerente de operações da AMC 9 segundos 11,5% Manifestante 1 10 segundos 4% Comandante da Polícia Militar 9 segundos 11,5% Manifestante 2 12 segundos 5% Procurador da República 34 segundos 43,5% Jornalista 186 segundos 75,5% Total 78 segundos 100% Total 247 segundos 100% Fonte: Elaborado pela autora. No jornal Nordestv Notícias, foram observados três atores políticos, correspondendo ao total de 56 segundos de fala, e dois atores sociais, correspondendo a 16 segundos de fala. Entre os atores políticos, o coordenador do Transfor Valdir Santos falou 24 segundos, correspondendo a 43% do total; o guarda municipal falou 7 segundos, correspondendo a 12,5% do total; o prefeito Roberto Cláudio falou 25 segundos, correspondendo a 44,55 do total. Entre os atores sociais, um manifestante falou 7 segundos, correspondendo a 44% do total; a empregada doméstica falou 9 segundos, correspondendo a 56% do total.
  • 50. 47 Tabela 3 - Jornal Nordestv Notícias Ator político Tempo de fala Porcentagem % Ator social Tempo de fala Porcentagem % Coordenador do Transfor 24 segundos 43% Manifestante 7 segundos 44% Guarda Municipal 7 segundos 12,5% Empregada doméstica 9 segundos 56% Prefeito Roberto Cláudio 25 segundos 44,5% Total: 56 segundos 100% Total 16 segundos 100% Fonte: Elaborada pela autora. No Jornal da Cidade, foram observados oito atores políticos, correspondendo ao total de 211 segundos de fala, e dois atores sociais, correspondendo a 34 segundos. Entre os atores políticos, o procurador da República Oscar Filho falou 53 segundos, correspondendo a 25% do total; major Teófilo Gomes, supervisor da Polícia Militar, falou 20 segundos, correspondendo a 9,5% do total; o vereador João Alfredo falou 15 segundos, correspondendo a 7% do total; o prefeito Roberto Cláudio falou 27 segundos, correspondendo a 13,5% do total; vereador Deodato Ramalho falou 31 segundos, correspondendo a 14,5% do total; vice- líder do prefeito Didi Mangueira falou 34 segundos, correspondendo a 16% do total; o ex- vereador Alri Nogueira falou 11 segundos, correspondendo a 9,5% do total; o inspetor da Guarda Municipal Jamal Forte falou 20 segundos, correspondendo a 9,5% do total. Entre os atores sociais, um manifestante falou 15 segundos, correspondendo a 44% do total; o motorista falou 19 segundos, correspondendo a 56% do total. Tabela 4 - Jornal da Cidade Ator político Tempo de fala Porcentagem % Ator social Tempo de fala Porcentagem % Ex-vereador 11 segundos 5% Inspetor da Guarda Municipal 20 segundos 9,5% Prefeito Roberto Cláudio 27 segundos 13,5% Procurador da República 53 segundos 25% Manifestante 15 segundos 44% Supervisor da PM 20 segundos 9,5% Motorista 19 segundos 56% Vereador Deodato Ramalho 31 segundos 14,5% Vereador João Alfredo 15 segundos 7% Vice-líder do prefeito Didi Mangueira 34 segundos 16% Total 211 segundos 100% Total 34 segundos 100% Fonte: Elaborada pela autora.
  • 51. 48 No Jornal do Meio Dia, foram observados oito atores políticos, correspondendo ao total de 548 segundos de fala, e seis atores sociais, correspondendo a 67 segundos de fala. Entre os atores políticos, inspetor da Guarda Municipal Valdenir Silva falou 25 segundos, correspondendo a 4,5% do total; o procurador da República Oscar Filho falou 40 segundos, correspondendo a 7,3% do total; Coronel Carlos Ribeiro, comandante da CPC, falou 6 segundos, correspondendo a 1,1% do total; coordenador do Transfor Valdir Santos falou 36 segundos, correspondendo a 6,5% do total; Silva Júnior, Subinspetor da Guarda Municipal, falou 48 segundos, correspondendo a 8,7% do total; delegada Juliana Pinheiro falou 23 segundos, correspondendo a 4,2% do total; prefeito Roberto Cláudio falou 98 segundos, correspondendo a 18% do total; secretário de Infraestrutura Samuel Dias falou 272 segundos, correspondendo a 49,7% do total. Entre os atores sociais, Rosa Fonseca, integrante do Movimento Critica Radical, falou 10 segundos, correspondendo a 15% do total; manifestante 1 falou 3 segundos, correspondendo a 4,5 do total; manifestante 2 falou 7 segundos, correspondendo a 10,5% do total; morador falou 8 segundos, correspondendo a 12% do total; manifestante 3 falou 12 segundos, correspondendo a 18% do total; manifestante 4 falou 27 segundos, correspondendo a 40% do total. Tabela 5 - Jornal do Meio Dia Ator político Tempo de fala Porcentagem % Ator social Tempo de fala Porcentagem % Inspetor da Guarda Municipal 25 segundos 4,5% Integrante do movimento Critica Radical 10 segundos 15% Procurador da República 40 segundos 7,3% Manifestante 1 3 segundos 4,5% Comandante CPC 6 segundos 1,1% Manifestante 2 7 segundos 10,5 % Coordenador do Transfor 36 segundos 6,5% Morador 8 segundos 12% Subinspetor da Guarda Municipal 48 segundos 8,7% Manifestante 3 12 segundos 18% Delegada 23 segundos 4,2% Manifestante 4 27 segundos 40% Prefeito 98 segundos 18% Secretário de Infraestrutura 272 segundos 49,7% Total 548 100% Total 100% Fonte: Elaborado pela autora. No jornal CETV 1ª Edição, foram observados quatro atores políticos, correspondendo ao total de 55 segundos de fala, e sete atores sociais, correspondendo a 59 segundos de fala. Entre os atores políticos, o gerente de operações da AMC falou 18
  • 52. 49 segundos, correspondendo a 32,7% do total; o supervisor de policiamento Teófilo Gomes falou 15 segundos, correspondendo a 27,3% do total; Valdeci da Silva, inspetor do Grupo Especial de Operações da Guarda Municipal (GOE), falou 4 segundos, correspondendo a 7,3% do total; procurador da República Oscar Filho falou 18 segundos, correspondendo a 32,7% do total. Entre os atores sociais, o manifestante 1 falou 3 segundos, correspondendo a 5% do total; motorista de ônibus falou 10 segundos correspondendo a 17% do total; motorista 2 falou 8 segundos, correspondendo a 13,5% do total; motorista 3 falou 14 segundos, correspondendo a 23,7 do total; motorista 4 falou 4 segundos, correspondendo a 6,7% do total; funcionária pública falou 12 segundos, correspondendo a 20,3% do total; jornalista falou 8 segundos, correspondendo a 13,8% do total. Tabela 6 - CETV 1ª Edição Ator político Tempo de fala Porcentagem % Ator social Tempo de fala Porcentagem % Gerente de operações da AMC 18 segundos 32,7% Manifestante 1 3 segundos 5% Supervisor de policiamento da Capital 15 segundos 27,3% Motorista de ônibus 10 segundos 17% Inspetor do GOE 4 segundos 7,3% Motorista 2 8 segundos 13,5% Procurador da República 18 segundos 32,7 Motorista 3 14 segundos 23,7% Motorista 4 4 segundos 6,7% Funcionária pública 12 segundos 20,3% Jornalista 8 segundos 13,8% Total 55 100% Total 100% Fonte: Elaborado pela autora. No Jornal da TVC, foram observados três atores políticos, correspondendo ao total de 106 segundos de fala, e um ator social, correspondendo a 25 segundos do total. Entre o ator político, Disrraelli Brasil, gerente de operações da AMC, falou 22 segundos, correspondendo a 20,7% do total; Marcilio Tavares, comandante do pelotão Ambiental, falou 22 segundos, correspondendo a 20,7% do total; Carlos Ribeiro, Sup.do comando do policiamento, falou 62 segundos, correspondendo a 58,6% do total. O ator social, um pedreiro, falou 25 segundos, correspondendo a 100% do total.
  • 53. 50 Tabela 7 - Jornal da TVC Ator político Tempo de fala Porcentagem % Ator social Tempo de fala Porcentagem % Gerente de operações da AMC 22 segundos 20,7% Pedreiro 25 segundos 100% Comandante do Pelotão Ambiental 22 segundos 20,7% Sup.do comando do policiamento na Capital 62 segundos 58,6% Total 106 segundos 100% Total 25 segundos 100% Fonte: Elaborado pela autora. No O Povo Notícias, foi observado um ator político, o procurador Oscar Filho falou 8 segundos, correspondendo a 100% do total. Tabela 8 - O Povo Notícias Ator político Tempo de fala Porcentagem % Ator social Tempo de fala Porcentagem % Procurador da República Oscar Filho, 8 segundos 100% Total 8 segundos 100% Total Fonte: Elaborada pela autora. No Rapadura Ninja, foram observados um ator político, correspondendo ao total de 63 segundos de fala, e nove atores sociais, correspondendo a 419 segundos de fala. O ator político falou 63 segundos, correspondendo a 100% do total. Entre os atores sociais, o manifestante 1 falou 60 segundos, correspondendo a 14,3% do total; manifestante 2 falou 59 segundos, correspondendo a 14 do total; manifestante 3 falou 52 segundos, correspondendo a 12,5% do total; manifestante 4 falou 11 segundos, correspondendo a 2,7% do total; manifestante 5 falou 4 segundos, correspondendo a 1% do total; manifestante 6 falou 60 segundos, correspondendo a 14,3% do total; manifestante 7 falou 27 segundos, correspondendo a 6,5% do total; manifestante 8 falou 130 segundos, correspondendo a 31% do total; funcionária pública falou 16 segundos, correspondendo a 3,7% do total.
  • 54. 51 Tabela 9 - Rapadura Ninja Ator político Tempo de fala Porcentagem % Ator social Tempo de fala Porcentagem % Vereador João Alfredo 63 segundos 100% Manifestante 1 60 segundos 14,3% Manifestante 2 59 segundos 14% Manifestante 3 52 segundos 12,5% Manifestante 4 11segundos 2,7% Manifestantes 5 4segundos 1% Manifestante 6 60 segundos 14,3% Manifestante 7 27 segundos 6,5% Manifestante 8 130 segundos 31% Funcionária pública 16 segundos 3,7% Total 63 segundos 100% Total 419 segundos 100% Fonte: Elaborado pela autora. Foram observados 1.600 segundos nas emissoras convencionais. O ator político falou 1.116 segundos, correspondendo a 69,7% do total. O ator social falou 484 segundos, correspondendo a 30,3% do total. Tabela 10 - Conclusão 1 Emissora Convencional Tempo % Ator político 1.116 segundos 69,7% Ator social 484 segundos 30,3% Total 1.600 segundos 100% Fonte: Elaborado pela autora. No Rapadura Ninja, foram observados 482 segundos. O ator político falou 63 segundos, correspondendo a 13,8% do total. O ator social falou 419 segundos, correspondendo a 86,2% do total. Tabela 11 - Conclusão 2 Rapadura Ninja Tempo % Ator político 63 segundos 13,8% Ator social 419 segundos 86,2% Total 482 segundos 100% Fonte: Elaborado pela autora. No jornalismo convencional e no Rapadura Ninja, os atores políticos falaram 1.171 segundos. O ator político do jornalismo convencional falou 1116 segundos, correspondendo 94,6%; o ator político do Rapadura Ninja falou 63 segundos, correspondendo a 5,4% do total. O ator social do jornalismo convencional falou 484 segundos, correspondendo a 53,6% do total; o ator social do Rapadura Ninja falou 419 segundos, correspondendo a 46,4% do total.
  • 55. 52 Anuncio que, a partir dos dados apresentados na pesquisa bibliográfica e de campo, a seguir virão as considerações finais.
  • 56. 53 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo aborda a cobertura do Rapadura Ninja na desocupação do Parque do Cocó, comparando-a com os telejornais de Fortaleza, identificando os atores sociais e quantificando as falas e os tempos ocupados por esses discursos. A pesquisa também buscou apresentar reflexões sobre o jornalismo tradicional, o jornalismo cidadão, os critérios de noticiabilidade, a transmissão do Rapadura Ninja e a história do Parque do Cocó. Dessa forma, são propostas algumas assertivas sobre essas reflexões. O jornalismo tradicional deixou de ser a única fonte de informação da sociedade. As novas tecnologias, como smarthphones e tablets, proporcionaram ao cidadão comum uma nova forma de ver e transmitir a notícia. Não se trata apenas de uma mudança na forma de consumo midiático, mas na forma de distribuição de conteúdo. A diferença entre o jornalismo cidadão e o jornalismo tradicional, além de ser desnecessária a formação acadêmica para exercer a função de jornalista, é que não existe uma edição do que foi gravado. Concedendo ao telespectador a decisão de assistir somente ao que lhe agrada. Tais projetos, em que cidadãos comuns são capazes de realizar uma cobertura de um acontecimento, representam uma tendência mundial. Mas essa já seria uma pesquisa futura. Analisando as notícias veiculadas pelo jornalismo cidadão e pelo jornalismo tradicional, é possível identificar, em suas informações, critérios de noticiabilidade e valores- notícias semelhantes. Os dois possuem as mesmas variáveis, a notoriedade, por ter um ou mais indivíduos de nível hierárquico dos envolvidos no conhecimento; proximidade, seja geográfica, política, econômica ou cultural; relevância, que aponta para a quantidade de pessoas que o acontecimento envolve; significatividade relaciona-se com a importância do acontecimento quanto à evolução futura de uma determinada situação. Embora sejam semelhantes, diferem em suas transmissões. Enquanto o jornalista tradicional possui uma pauta, à qual se deve seguir; o jornalista cidadão já não possui. Sua forma de transmitir é livre de qualquer regra jornalística. O neojornalista cativou a confiança do cidadão, como também, a confiança de empresas jornalísticas. Como exemplo, pode-se citar o jornal cearense O Povo, que em sua cobertura na retirada dos manifestantes que acampavam no Parque do Cocó indicou aos leitores a mídia independente Rapadura Ninja como fonte de informação. A transmissão do Rapadura Ninja foi fundamental para a divulgação do acontecimento, já que ele chegou ao local 15 minutos após a operação da Guarda Municipal.
  • 57. 54 Superando as emissoras televisivas de Fortaleza, em que sua menor distância era de 450 metros do local. O Parque do Cocó consolida-se como unidade de conservação na zona urbana de Fortaleza. Por não possuir uma delimitação da sua área, o Parque já passou por várias mudanças devido às construções de prédios residenciais e comerciais em seu entorno. O local é apropriado pelos diferentes indivíduos de maneira formal e legal, e por ações legítimas, mas não necessariamente legais. O Parque existe legalmente, mas por não ter uma delimitação oficial da sua área, impede que sejam traçadas ações para a resolução de problemas. Por esse motivo, não impediu que a Prefeitura de Fortaleza executasse uma obra de mobilidade urbana, retirando árvores do Parque para a construção de viadutos. A realização da presente monografia envolveu a pesquisa sobre a cobertura jornalística da mídia independente Rapadura Ninja na desocupação do Parque do Cocó frente à cobertura dos principais telejornais, identificando os atores sociais e políticos e seus respectivos tempos de fala. A emissora convencional concedeu ao ator político o tempo de fala de 1,116 segundos, correspondendo a 69,7% do total. Enquanto o ator social falou por 484 segundos, correspondendo a 30,3% do total. Com os dados apresentados, conclui-se que o ator social teve menos tempo de fala na emissora convencional. O Rapadura Ninja concedeu ao ator social o tempo de fala de 419 segundos, correspondendo a 86,2% do total. Enquanto o ator político falou 63 segundos, correspondendo a 13,8% do total. Com esses dados apresentados, conclui-se que o Rapadura Ninja concedeu ao ator social o maior tempo de fala em suas transmissões. Assim, é possível aferir como totalmente verdadeira a hipótese de que a cobertura jornalística do Rapadura Ninja na desocupação do Parque do Cocó deu mais espaço às falas de atores sociais do que o telejornalismo tradicional. Há muito a se pesquisar sobre o jornalismo cidadão, por se tratar de um tema bastante recente. Poucos estudiosos se dedicam profundamente ao assunto. São raros os trabalhos acadêmicos disponíveis. Acredita-se que a popularização da internet proporciona a democratização da informação, e isso ocasionará mudanças no comportamento do cidadão ao assistir, ler ou ouvir uma notícia.
  • 58. 55 REFERÊNCIAS AGUIAR, Leonel. A validade dos critérios de noticiabilidade no jornalismo digital. In: RODRIGUES, Carla (Org.). Jornalismo on-line: modos de fazer. Rio de Janeiro: Puc-Rio: Saulina, 2009, 173. AMARAL, Roberto. Imprensa e controle da opinião pública informação e representação no mundo da globalização. In: MOTTA, Luiz Gonzaga (Org.). Imprensa e poder. Brasília: Universidade de Brasília, São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2002, p. 82. ASSINADA Ordem de Serviço para viadutos da Engenheiro Santana Júnior. Portal da Prefeitura de Fortaleza, 5 jul. 2013. Disponível em: <http://www.fortaleza.ce.gov.br/ noticias/infraestrutura/assinada-ordem-de-servico-para-viadutos-da-engenheiro-santana- junior>. Acesso em: 21 nov. 2013. ASSISTA ao vivo manifestação contra obras no Cocó. O Povo online, 8 ago. 2013, Fortaleza, política. Disponível em: <http://www.opovo.com.br/app/politica/2013/08/08/noticiaspoliticas, 3107565/assista-ao-vivo-manifestacao-contra-obras-no-coco.shtml>. Acesso em: 21 nov. 2013. ATRAÇÕES turísticas: atrativos naturais. Portal CityBrazil. Disponível em: <http://www.citybrazil.com.br/ce/fortaleza/atracoes-turisticas/atrativos-naturais>. Acesso em: 30 out. 2013. BAUDRILLARD, Jean; La Guerra del Golfo no ha tenido lugar. Barcelona: Anagrama, 1991. BOURDIER, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Zahar, 1997. BRAGA, Ubiracy de Souza. “O Cocó é nosso”! Bradam os ativistas cearenses. Portal Ciência Social Ceará, 8 ago. 2013. Disponível em: <http://cienciasocialceara.blogspot. com.br/2013/08/o-coco-e-nosso-bradam-os-ativistas.html>. Acesso em: 03 set. 2013. CAMILA, Karla. Parque do Cocó tem problemas ambientais graves. Diário do Nordeste online, Fortaleza, 21 jul. 2011, Folha Cidade. Disponível em: <http://diariodonordeste. globo.com/materia.asp?codigo=1014414>. Acesso em: 30 out. 2013. CASTILHO, Carlos; FIALHO, Francisco. O jornalismo ingressa na era da produção colaborativa de notícias. In: RODRIGUES, Carla (Org.). Jornalismo on-line: modos de fazer, Rio de Janeiro: Puc-Rio: Saulina, 2009, p. 137. CHAVES, Raquel. "Pulmão verde" da cidade preservado. O Povo online, Fortaleza, 28 abr. 2008, Folha Jornal de Hoje. Disponível em: <http://www.opovo.com.br/app/opovo/fortaleza/ 2008/04/28/noticiasjornalfortaleza,784495/pulmao-verde-da-br-cidade-preservado.shtml>. Acesso em: 12 nov. 2013. CONSTRUÇÃO de centro empresarial às margens do Cocó. 28 maio 2007. Portal Programa Parque Vivo, Disponível em: <http://www.oktiva.net/oktiva.net/1364/nota/48583>. Acesso em: 11 nov. 2013.
  • 59. 56 DA SALINA Diogo ao Parque do Cocó. Portal Fortaleza em Fotos. Disponível em: <http://fortalezaemfotos.blogspot.com.br/2013/02/da-salina-diogo-ao-parque-do-coco.html>. Acesso em: 9 out. 2013. ESTATÍSTICAS de domicílios brasileiros (IBGE - PNAD). Portal Teleco, 27 set. 2013. Disponível em: <http://www.teleco.com.br/pnad.asp>. Acesso em: 7 out. 2013. FERNANDES, Sobrinho, Manoel. Aspectos geoambientais do mangue do rio Cocó: um estudo de caso. Fortaleza, UECE, 2008. 66p. Monografia (Especialização em Direito Ambiental). Universidade Estadual do Ceará, 2008. Disponível em: <http://www.mpce.mp.br/ esmp/biblioteca/monografias/direito_ambiental/ASPECTOS.GEOAMBIENTAIS.DO. MANGUE.DO.RIO.COCO-MANOEL. FERNANDES.SOBRINHO[2008].pdf >. Acesso em: 11 out. 2013. FREIRE, Lusiana. Cid Gomes faz visita surpresa em ocupação no Cocó e se reúne com manifestantes. O Povo online, Fortaleza, 5 ago. 2013, Folha Política. Disponível em: <http://www.opovo.com.br/app/politica/2013/08/05/noticiaspoliticas,3105576/cid-gomes- aparece-de-surpresa-em-ocupacao-no-coco-e-se-reune-com-manif.shtml>. Acesso em: 21 nov. 2013. FREIRE, Marina. Conpam promete delimitação do Parque do Cocó até 2014. O Povo online, Fortaleza, 4 mar. 2013, Folha Jornal de Hoje. Disponível em: <http://www.opovo.com.br/ app/opovo/fortaleza/2013/03/14/noticiasjornalfortaleza,3022017/conpam-promete- delimitacao-do-parque-do-coco-ate-2014.shtml>. Acesso em: 11 out. 2013. GOBBI, Maria Cristina (Org.). Teoria da comunicação: antologias de pensadores brasileiros. São Paulo: INTERCOM, 2010. JUNQUEIRA, Rogério Diniz; BARROS, Antonio. A elaboração do projeto de pesquisa. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Orgs.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2006. LEMOS, André; LÉVY, Pierre. O futuro da internet: em direção a uma ciberdemocracia. São Paulo: Paulus, 2010. LIMA, Eliomar de. O Parque do Cocó não é privada!!!. Blog do Eliomar, Fortaleza, 15 fev. 2012. Disponível em: <http://blog.opovo.com.br/blogdoeliomar/2012/02/15/o-parque-do- coco-nao-e-privada/>. Acesso em: 16 nov. 2013. LOPES, Gleison Maia. A apropriação do espaço público contemporâneo: o caso do Parque Ecológico do Cocó, na cidade de Fortaleza/CE. 36º Encontro Anual da Anpocs. GT 07- “Dimensões do urbano: Tempos e escalas em composição”. Disponível em: <http://www.anpocs.org/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=7911& Itemid=76>. Acesso em: 30 out. 2013. ______. O Parque Ecológico do Cocó como espaço de intervenções públicas e privadas. Disponível em: <http://www.sbpcnet.org.br/livro/62ra/resumos/resumos/6448.htm>. Acesso em: 30 out. 2013. LOPES, Júlia; NETO, Livino; VELOSO, Raissa. Fortaleza: acampamento de ativistas no Parque do Cocó já dura quase dois meses. Ecodebate, Cidadania & Meio Ambiente.