3. INTRODUÇÃO
Com o objetivo de retratação da aplicação das neurociências ao entendimento do
comportamento humano, este material possui o intuito de servir como revisão à alunos
e formados como uma ferramenta introdutoria, tanto para quem deseja iniciar, ou já
está no começo de sua jornada.
Para isto, foi considerado três as bases de estudo, tais como conhecer histórico; Dominar
o referencial teórico; Ter conhecimentos para aplicação científica dos referenciais em
neurociências e comportamento durante o trabalho clínico.
Deve-se também ressaltar a importância da ampliação dos estudos e da linha de
troca,tantoentreestudantes,professoreseprofissionaiscomamplaexperiência.
3
5. A forma atual de como vemos o encéfalo é uma junção entre conhecimentos da
anatomia, embriologia, fisiologia, farmacologia e psicologia.
No século XIX, com técnicas para visualização do neurônio, através do uso
do sal de prata e possibilidade de observação via microscópio, o italiano
Camillo Golgi e o espanhol Ramon y Cajal apresentam uma leitura que inicia a
chamada “doutrina neuronal”, tendo os neurônios como blocos fundamentais
na constituição do sistema nervoso (SN).
Os trabalhos de Luigi Galvani (século XVIII) verificou a condução elétrica de
músculos e células, assim como os trabalhos dos fisiologistas alemães (Johannes
Muller; Emil du Bois-Reymond; e Hermann von Helmholtz) do século XIX, que
conseguiram medir a velocidade de condução elétrica de um neurônio e as
propriedades que mostram que a atividade elétrica de uma célula afeta de
forma previsível a atividade da adjacente.
Cap. 1: HISTÓRICO DAS NEUROCIÊNCIAS
5
6. SÉCULO XIX SÉCULO XVIII SÉCULO XX
SÉCULO XVII SÉCULO XIX
Cap. 1: HISTÓRICO DAS NEUROCIÊNCIAS
Farmacologia
do século XIX
(França, Alemanha e
Inglaterra): Os fármacos
atuam nos receptores da
superficie da membrana
celular.Ascélulaspodem
se comunicar por
meios químicos.
Empiristas
acreditam que o
encéfalo é uma “tabula
rasa” e que a experiência
o preenche. Idealistas
(Immanuel Kant) defendem
que a percepção do
mundo é oriunda de
características do
encéfalo.
René
Descartes
apresenta uma
visão dualista da
mente separada do
corpo; Século XVII
Baruch Spinoza com
a visão unificada
de mente e
corpo.
Charles Darwin
revoluciona
a leitura do
comportamento
e apresenta uma
leitura (tida como
moderna).
Temos
contribuições da
psicologia psicanalítica
de Freud (modelo
mais filosófico) e do
behaviorismo de
Skinner (modelo
experimental).
6
7. No século XX
Brodmann distiguiu
52 áreas anatômicas e
funcionais distintas no
córtex humano.
Cap. 1: HISTÓRICO DAS NEUROCIÊNCIAS
1848 - Caso Phineas
Gage.Durantetrabalhopara
construção de uma estrada
de ferro, uma barra de 1 metro
atravessou o crânio de Gage.
Sobrevivendo e se recuperando
do acidente, Gage apresentou
compromentimentos do
comportamento ligados as
funções executivas.
O paciente
Leborgne (“Paciente
Tam”), teve um acidente
vascular encefálico e não podia
falar, mas sem alterações da
motricidade da fala, foi estudado
por Broca. Estudo post-mortem
mostraram alterações na região
do córtex frontal (atual área de
Broca). Broca avaliou outros
oito pacientes com
quadrosemelhante.
Em 1861 o
neuroanatomista
francês Pierre Paul Broca,
influenciado por Gal, busca
na visão localizacionista áreas
específicas do comportamento
(mas diferentemente de
Gal, a localização está
no encéfalo e não no
crânio).
Em 1876,
Karl Wernicke verifica
pacientes com lesões no
lobo temporal esquerdo,
com quadro de afasia (fala
porém não entende). Ele
amplia a teoria de Broca e cria
um modelo de linguagem
integrando linguagem
expressão e recepção.
Através de
conduções de cirurgias
encefálicas para tratar
epilepsias, com pacientes
acordados somente com
anestesia local, Wilder
Pienfield, em meados de 1950,
colaborou para a visão do
mapa encefálico ligado a
funções especificas.
7
8. Historicamente a compreensão do comportamento
tevepassagenspordiversosequívocos.Comoexemplos
temos:
Em 1800, Franz Joseph Gall, anatomista, que tinha uma visão unificada de mente
corpo, entendendo que o encéfalo é o orgão da mente e o comportamento emana de
lá, desenvolveu teorias que geraram a frenologia. A Frenologia era uma disciplina que
pensava existir correlação entre formato do crânio e constituição da personalidade.
Pierre Flourens (1820) construiu uma visão holística do encéfalo, ao criar
experimentos que “demonstravam” que não havia regiões específicas para
determinadas funções. Concluiu que qualquer região poderia assumir funções
ligadas a qualquer área do comportamento.
(1
(2
Cap. 1: HISTÓRICO DAS NEUROCIÊNCIAS
8
9. A posteriori, estudos de lesões no encéfalo foi a base para a compreensão da
estrutura como temos hoje.
Atualmente, com avanço da tecnologia, exames de neuroimagens auxiliaram
no avanço da ciencia: Tomografia por emissão de positrons (PET), ressonância
magnética funcional (fMRI) e outros.
HISTÓRICO DAS
NEUROCIÊNCIAS
9
10. FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS
E PRINCIPAIS CORRELATOS ESTRUTURAIS
CAPÍTULO 2:
“Nosso cérebro é o melhor brinquedo já criado, nele se
encontram todos os segredos, inclusive o da felicidade”
- Charles Chaplin
1 0
11. O comportamento humano pode ser entendido sob diversos
paradigmas.Nestecapítuloiremosapresentarasprincipaisfunções
neuropsicológicas e seus respectivos correlatos estruturais.
Cap. 2: FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS E PRINCIPAIS CORRELATOS ESTRUTURAIS
1 1
12. Principais Estruturas
LOBO FRONTAL
LOBO FRONTAL
HIPOCAMPO
SISTEMA RETICULAR; LOBO FRONTAL E CIRCUITO DE RECOMPENSA
LOBO FRONTAL(ÁREA DE BROCA, EXPRESSIVA);
LOBO TEMPORAL (ÁREA DE WERNICKE, RECEPTIVA)
CÓRTEX SENSORIAL
(LOBO PARIENTAL)
CÓRTEX MOTOR (LOBO FRONTAL);
GÂNLIOS DA BASE E CEREBELO
LOBO OCCIPTAL
CONTROLE COGNITIVO DO COMPORTAMENTO (PRÉ-FRONTAL DOSOLATERAL);
CONTROLE EMOCIONAL DO COMPORTAMENTO
(PRÉ-FRONTAL ORBITAL VENTROMEDIAL)
SISTEMA LÍMBICO
Cap. 2: FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS E PRINCIPAIS CORRELATOS ESTRUTURAIS
1 2
13. Funções
COGNIÇÃO
MEMÓRIA OPERACIONAL
MEMÓRIA DE LONGO PRAZO
ATENÇÃO
LINGUAGEM
FUNÇÃO SOMATOSSENSORIAL
MOTRICIDADE
VISÃO
FUNÇÕES EXECUTIVAS
EMOÇÕES E VOLIÇÃO
Cap. 2: FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS E PRINCIPAIS CORRELATOS ESTRUTURAIS
1 3
14. Comportamento
Fluida:Comparardoisoumaisobjetos(duasoumaissituações)apartirdeumcritério(semelhança,
diferença, sequência). Cristalizada: Relacionada ao saber cumulativo (ler, escrever...)
Responsável por reter informações necessárias para realização de uma tarefa.
Explícita (Codificar, armazenar, consolidar e evocar informações relativo a fatos isolados ou histórias).
Implícita (Registro de procedimentos)
Concetrar, sustentar, selecionar e alternar a atenção na realização de multiplas tarefas, ou
tarefas isoladas.
Capacidade de compreender (ou decodificar) informações externas e fazer-se compreendido
(codificar) a subjetividade e intenção.
Percepção tátil
Capacidade de movimento e força. São observados amplitude dos movimentos, equilíbrio,
deslocamento e desempenhos simples e em dupla tarefas (praxias)
Capacidade de visualizar imagens e processá-las.
Capacidade de planejamento, controle inibitório, flexibilidade mental, modulação da atenção
voluntária e memória operacional durante resolução de tarefas problemas.
Responsávelporexpressãodeemoçõesprimárias(alegria,tristeza,medo,raivaenojo)esecundárias
(ciúmes, inveja, amor...). Capacidade de direcionar a ação pela vontade (volição).
Cap. 2: FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS E PRINCIPAIS CORRELATOS ESTRUTURAIS
1 4
15. METODOLOGIA CIENTÍFICA
E NEUROCIÊNCIAS
CAPÍTULO 3:
“Faz-se ciência com os fatos, assim como se faz uma casa
com pedras, mas uma acumulação de fatos não é ciência,
assim como um monte de pedras não é uma casa”
– Henri Poincaré.
1 5
16. A aplicação da metodologia científica para o trabalho clínico
é de extrema importância. Nesta ação, o profissional deve
estar atento na investigação do histórico do atendido; no
olhar para técnicas para observação do comportamento
para formulação de hipóteses; na escolha dos instrumentos
e bateriais de teste de hipóteses (avaliações) que indicarão
um parecer diagnóstico; da formulação de intervenções
mensuráveis (passiveis de marcação da precisão, ou seja, dos
pontos, velocidade de processamento e execução, que está
relacionado ao tempo que a pessoa leva para fazer a tarefa;
e por fim, do reteste para verificar evoluções na função.
Cap. 3: METODOLOGIA CIENTÍFICA E NEUROCIÊNCIAS
1 6
18. Anamnese: Realize sempre de forma estruturada nos conhecimento do DSM5 (APA) e
CID-10 volume um. Atenção as categorias O (gestação) ; P (Nascimento e primeiros dias de
vida); G (Aspectos neurologicos); Q (Aspectos genéticos); F (Aspectos do comportamento e
desenvolvimento psicologico); Z (Aspectos referentes ao ambiente) Utilize os referenciais da
Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF/ OMS) para complementação.
1)
Cap. 4: DICAS SOBRE NEUROPSICOLOGIA
1 8
19. Observação do comportamento: Realize a observação tendo em mente o exercício de
descrever o comportamento relacionando o mesmo com as funções neuropsicológicas
gerenciadoras da ação. Preste atenção nas modulações da função e sua expressividade.
2)
Cap. 4: DICAS SOBRE NEUROPSICOLOGIA
1 9
20. Avaliação: Utilize somente protocólos e testes padronizados. Para saber mais, acesse o site
do Conselho Federal de Psicologia (testes para psicólogos e não psicólogos).
3)
Cap. 4: DICAS SOBRE NEUROPSICOLOGIA
20
21. Parecer: Construa seu parecer baseado no CID-10 e DSM5. Siga os critérios de
inclusão e exclusão.
4)
Cap. 4: DICAS SOBRE NEUROPSICOLOGIA
2 1
22. Intervenção: Procure realizar ações passeis de apresentação de dados com estatísticas de
descritivas (tabelas e gráficos) e estatística inferencial (testes estatisticos com softwares
como SPSS, Programa R e EXCEL).
5)
Cap. 4: DICAS SOBRE NEUROPSICOLOGIA
22
23. Parecer e reteste: Ao observar evoluções nas intervenções, procure retestar as funções para
observar evoluções. O reteste depende muito dos dados da intervenção, mas podem ser
realizados em 6 meses.
6)
Cap. 4: DICAS SOBRE NEUROPSICOLOGIA
23
24. CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A evolução das tecnologias, pesquisas e
conhecimentos em neurociências tem
possibilitado uma ferramenta excelente de
trabalhocomportamentalbaseadoemevidencias
e mensuração de resultados. Acompanhe
periodicos da área, leia livros de autores e editoras
consagradas, troque informações com seus
professores e ex-professores, monte grupo de
estudos, faça novos cursos e se recicle sempre.
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25. RECOMENDAÇÃO
DE CURSOS
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do cérebro e a sua relação com o comportamento:
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de conhecimentos relacionados a aplicação das neurociências no entendimento do
comportamento humano, visando uma leitura científica e pautada em evidencias para
construção de algoritmos confiáveis na habilitação, reabilitação e otimização funcional. O
curso visa também formar neuropsicólogos que trabalhem como especialistas para atendimento
dos distúrbios do desenvolvimento e transtornos mentais. Por fim, objetiva que seus formandos
sejam ativistas na utilização de técnicas e referenciais consagrados na literatura da área, mas também
protagonistas na construção de algoritmos revolucionários para promoção da qualidade de vida, no
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Módulo 1:
Introdução à Neuropsicologia e Técnicas de Exploração em
Neurociências
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Neuropsicologia I: Cognição e Funções executivas
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29. Módulo I
- Introdução à Neuropsicologia e Técnicas de
Exploração em Neurociências
- Psicofarmacologia e Neuropsicologia
- Neuropsicologia jurídica
- Epidemiologia: Uso da Psicométrica,
Estatística Descritiva e Inferencial
- Saúde mental, Deficiências, Transtornos e
Genética em Neuropsicologia
- Neuropsicologia da Infância, do Adulto e do
Envelhecimento
- Laboratório de Projetos e Estudos de Campo
em Neuropsicologia(**)
- Neurofisiologia e Neuroanatomia funcional(*)
Módulo II:
- Neuropsicologia I: Cognição e Funções
executivas
- Neuropsicologia II: Emoções e comportamento
social
- Neuropsicologia III: Comportamento motor
- Neuropsicologia IV: Linguagem
- Neuropsicologia Clínica: Instrumentos e
algoritmos
- Avaliação e Intervenção em Neuropsicologia
Clínica
- Estágio I, II, III e IV(**)
NEUROPSICOLOGIA CLÍNICA
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30. Módulo III
- Metodologias Ativas de Aprendizagem em Didática do Ensino Superior
(***)
- Metodologia da Pesquisa (***)
- Trabalho de Conclusão de Curso – TCC (***)
NEUROPSICOLOGIA CLÍNICA
(*) Esta disciplina ocorre em atividade de campo e socializada no decorrer do curso.
(**) Carga horária do curso destinada para produção do Relatório de Estágio e atividades de campo.
(***) Estas disciplinas acontecem no AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem possibilitando a autonomia do
processo de produção científica do acadêmico de forma assíncrona.
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32. Referências
Cattell, R.B.&Horn, J.L. (1967). Age differences in fluid and crystallized
intelligence. ActaPsychologica.
Kandel, E. R., Hudspeth, A. J., Jessel, T. M., Schwartz, J., &Siegelbaum, S. A.
(2014). Princípios de neurociências. (C. Dalmaz, & J. A. Quillfeldt, trads.).
Porto Alegre, RS: AMGH (5 ed.).
Lezak, M.D., Howieson, D.B., Loring, D.W., Hannay, H.J., Fischer, J.S. (2004).
Neuropsychological Assessment. Nuw York: Oxford. (4 ed.).
Conceitos extraídos do capitulo 01 do livro “PRINCÍPIOS DE
NEUROCIÊNCIAS” (Kandel, E.R.; Schwartz, J.H.; Jessel, T.M.; Siegelbaum,
S.A.; Hudspeth, A.J.) 5ª Edição de 2014.
32
33. Autor
Cristiano Pedroso
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33