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Jornal



   O Bandeirante
           Ano XIX - no 224 - julho de 2011
           Publicação Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo - SOBRAMES-SP




                   Querer o que Vale a Pena
Josyanne Rita de Arruda Franco
Médica Pediatra
Presidente da Sobrames SP / Biênio 2011-2012



   Julho, mês de férias em pleno                         Hoje vejo o desafio de jovens                           novidade do momento com ar
inverno! O que fazer para distrair                   mães e pais se alternando para                              entediado e de desprezo. O que
as crianças em casa e quebrar a                      fazer o máximo por seus filhos,                             vem agora? – parece que dizem
monotonia dos dias de rotina e                       ocupando, inclusive, um tempo                               de tudo.
trabalho? Reunir família e ami-                      que deveria ser gasto com nada:                                 Que fim se deu aos avós, aos
gos em bons momentos poderia                         as férias. Descanso que abre ho-                            tios, à casa dos primos? Estão to-
ser o máximo da conquista para                       rizontes para a criatividade, des-                          dos trabalhando para dar o me-
o friozinho do meio do ano.                          ligados que estão dos compro-                               lhor à família, é o dito corrente.
   Bom seria viver sem o trân-                       missos escolares e outros eventos                               É verdade incontestável que
sito e a distância de uma cidade                     acessórios.                                                 a família mudou, que o mundo
rica e grande, tendo possibili-                          No entanto, parece haver um                             mudou. A ciência, a tecnologia, a
dade de chamar os amigos por                         sofrimento quanto ao dito perío-                            filosofia e o psiquismo dever-se-
cima do muro para um cafezi-                         do de intervalo tão fundamental                             ão adaptar a uma realidade me-
nho com bolo no fim da tarde,                        ao repouso e ao convívio fami-                              nos romântica e mais racional, da
ou quem sabe uma pizza caseira                       liar. A competição do cotidiano                             cultura de redes sociais virtuais
no começo da noite?                                  vai se deitar no travesseiro de                             e de relacionamentos efêmeros,
   Gosto muito de buscar refe-                       crianças e adolescentes que co-                             sequiosos por novidades.
rências para o que sinto e penso,                    meçam a inquirir seus pais so-                                  Ainda vivendo da minha ma-
seja em uma imagem capturada                         bre o lugar em que irão passar                              neira, sem ser expulsa de meu
pela fotografia, uma tela clássica                   suas férias, tornando obrigação                             universo criativo para estar sin-
em alguma exposição de arte,                         e custo financeiro elevado uma                              tonizada com os novos tempos,
um poema ou uma canção ou                            ocasião preciosa para os deva-                              continuo querendo alcançar
mesmo no passado. Perco-me                           neios e a quietude necessários                              meu sonho, tão bem traduzido
em devaneios querendo adivi-                         ao crescimento.                                             nos versos de Zé Rodrix e Ta-
nhar o que o autor quis expri-                           Tudo está tão acessível, tão                            vito e que começam assim: “Eu
mir, o que sua vontade provoca                       permissivo e massificado que                                quero uma casa no campo/ onde
e reverbera em mim. Assim, é                         o encantamento não encontra                                 possa compor os meus rocks ru-
comum que esteja em contem-                          espaço nem mesmo na fantasia                                rais / e tenha somente a certe-
plação ante qualquer situação                        ou no sonhar de olhos abertos.                              za / dos amigos do peito e nada
que me provoque sentimentos                          Como viver sem sonhar, sem de-                              mais...” e terminam dizendo
quando tenho tempo para fa-                          sejar? A infância anda tão grati-                           “...onde eu possa plantar meus
zer... nada! Ah... que raro deleite                  ficada para não ser frustrada que                           amigos/ meus discos e livros e
encontro em tais ocasiões.                           já não brinca, apenas consome a                             nada mais.”
2     O BANDEIRANTE - Julho de 2011


    EXPEDIENTE                                                                                  Parece que vivemos uma incrível crise mundial de
                                                                                            transparência: a informação que nos chega ininterrup-
Jornal O Bandeirante
ANO XIX - no 224 - Julho 2011                                                               tamente pela internet mostra crimes cometidos por
                                                                                            cidadãos comuns, guerras e crimes de guerra, governos
Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos                                        corruptos e governantes multimilionários em nações ex-
Escritores - Regional do Estado de São Paulo SOBRAMES-SP.
Sede: Rua Alves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros -
                                                                                            tremamente pobres. Há que se mudar, e rápido, a maneira
São Paulo - SP Telefax: (11) 3062-9887 / 3062-3604 Editores:                                de pensar e agir do ser humano, verdadeira fera social.
Josyanne Rita de Arruda Franco e Carlos Augusto Ferreira
Galvão. Jornalista Responsável e Revisora: Ligia Terezinha
                                                                                                No Brasil, que não é diferente dos outros países, temos
Pezzuto (MTb 17.671-SP). Redação e Correspondência: Rua                                     um Estatuto da Criança e do Adolescente perfeito para
Francisco Pereira Coutinho, 290, ap. 121 A – V. Municipal – CEP
13201-100 – Jundiaí – SP E-mail: josyannerita@gmail.com                                     nações de primeiro mundo. Só que somos o terceiro, logo,
Tels.: (11) 4521-6484 Celular (11) 9937-6342. Colaboradores                                 ele patrocina o crime e protege o criminoso. Perdoem-
desta edição: Josyanne Rita de Arruda Franco, Roberto
Antonio Aniche, Helio Begliomini, Geovah Paulo da Cruz,                                     me os juristas, não tenho outro nome para quem comete
Alitta Guimarães Costa Reis, Fátima Calife, Aida Lúcia Pullin
Dal Sasso Begliomini, Grazielly Martins Peixoto de Oliveira
                                                                                            crimes, mesmo menores de idade.
e Flerts Nebó.                                                        Agora temos uma lei que permite que “pequenos delitos” respondam em
Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de            liberdade. O que é pequeno delito? O ato de roubar galinhas ou cofres de banco
1.000 exemplares PDF enviados por e-mail.
                                                                  não é o mesmo, baseado na desonestidade?
Diretoria - Gestão 2011/2012 - Presidente: Josyanne Rita
de Arruda Franco. Vice-Presidente: Luiz Jorge Ferreira.               Também um projeto mirabolante de descriminalizar uma droga chamada
Primeiro-Secretário: Márcia Etelli Coelho. Segundo-               maconha, um dos artifícios criadores de coragem para que se cometam crimes
Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Primeiro-
Tesoureiro: José Alberto Vieira. Segundo-Tesoureiro: Aida         hediondos, acidentes fatais de trânsito. Isto sem saber quem está por trás desta
Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini. Conselho Fiscal Efetivos:
Hélio Begliomini, Carlos Augusto Ferreira Galvão e Roberto
                                                                  ideia.
Antonio Aniche. Conselho Fiscal Suplentes: Alcione Alcântara          Se nós, sobramistas, temos a intenção de mudar o mundo para melhor, usemos
Gonçalves, Flerts Nebó e Manlio Mário Marco Napoli.
                                                                  nossa arma: nossa caneta, que é capaz de escrever romances e poesias, também
      Matérias assinadas são de responsabilidade de seus          pode se armar cobrando e exigindo, com nossas palavras, a melhora de nossas
    autores e não representam, necessariamente, a opinião
                       da Sobrames-SP                             sociedades.
                  Editores de O Bandeirante
                                                                      E terminando, tenho certeza de que, lá do alto, Deus, alisando Suas longas
                                                                  barbas brancas está pensando que não era bem assim que deveria ser...
Flerts Nebó – novembro a dezembro de 1992
Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1993-1994
Carlos Luiz Campana e Hélio Celso Ferraz Najar – 1995-1996
Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1996-2000
Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun – 2001 a abril de 2009
                                                                                                                               Roberto Antonio Aniche
Helio Begliomini – maio a dezembro de 2009
Roberto A. Aniche e Carlos A. F. Galvão - 2010
Josyanne R. A. Franco e Carlos A.F. Galvão - janeiro 2011

                 Presidentes da Sobrames – SP

1º. Flerts Nebó (1988-1990)
2º. Flerts Nebó (1990-1992)
3º. Helio Begliomini (1992-1994)
                                                                                O Malho                              Aniversário
4º. Carlos Luiz Campana (1994-1996)
5º. Paulo Adolpho Leierer (1996-1998)                                 Linda, colorida, velhos colegas de                 julho: nesta data
6º. Walter Whitton Harris (1999-2000)
                                                                  volta, mas... carcomida pela chatice                 querida, nossos parabéns!
7º. Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002)
8º. Luiz Giovani (2003-2004)                                      dos textos muito longos, lindos de se
9º. Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005)
                                                                  ler, enfadonhos de se ouvir.                     Jacyra da Costa Funfas – 01/07
10º. Flerts Nebó (out/2005 a dez/2006)
11º. Helio Begliomini (2007-2008)                                     Assim, ou saco o malho ou a edi-
                                                                                                                   Lígia Terezinha Pezzuto – 12/07
12º. Helio Begliomini (2009-2010)                                 tora vai ter que caprichar nas rimas
13º. Josyanne Rita de Arruda Franco (2011-2012)
                                                                  novamente, porque terei outra síncope            Luiz Jorge Ferreira – 11/07
     Editores: Josyanne R. A. Franco e Carlos A.F. Galvão         literária!                                       Mario Name – 17/07
     Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto                                 Ahhhhhhhh! (looooongo bocejo!)
     Diagramação: Mateus Marins Cardoso                                                                            Nelson Jacintho – 01/07
     Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica
                                                                                                                   Roberto Caetano Miraglia – 19/07

                       CUPOM DE ASSINATURAS*                                                                                         longevità
         Preço de 12 exemplares impressos: R$ 36,00
                                                                                                                                     (11) 3531-6675
       Nome:___________________________________________________________                                              Estética facial, corporal e odontológica *
                                                                                                                     Massagem * Drenagem * Bronze Spray *
       End.completo: (Rua/Av./etc.) _______________________________________
                                                                                                                                Nutricionista * RPG

       ________________________________ nº. _______ complemento _________                                         Rua Maria Amélia L. de Azevedo, 147 - 1o. andar


       Cidade:_____________ Estado:_____ E-mail:___________________________
                                                                                                                           Clínica Benatti
         Grátis:   Além da edição impressa que será enviada por correio, o assinante
                                                                                                                                       Ginecologia
         receberá por e-mail 12 edições coloridas em arquivo digital (PDF)
                                                                                                                                       Obstetrícia
                             *Disponível para o público em geral e para não sócios da SOBRAMES-SP
     Preencha este cupom, recorte e envie juntamente com cheque nominal à SOBRAMES-SP para REDAÇÃO
                                                                                                                                       Mastologia
    “O Bandeirante” R. Francisco Pereira Coutinho, 290, ap. 121 A - V. Municipal - CEP 13201-100 - Jundiaí - SP
          Dê uma assinatura de “O BANDEIRANTE” de presente para um colega                                                        (11) 2215-2951
SUPLEMENTO LITERÁRIO
                                                                                O BANDEIRANTE - Julho de 2011     3
                                                   Notícias
   Estamos a sessenta dias de nossa XI Jornada Médico-Literária Paulista. A empreitada iniciada em janeiro do
ano em curso encontrará o grande final no mês de aniversário da SOBRAMES-SP, comemoração que marca o início
da primavera. Serão três dias de muita literatura de qualidade e feliz congraçamento entre os participantes, um
acontecimento que entrará para a história de nossa regional.
   A jornada contará com amigos queridos, confrades talentosos que se deslocarão do interior do Estado, da capital
e de outros Estados para prestigiar nosso consagrado encontro bienal na cidade que homenageia São Paulo das
entradas, bandeiras e monções, dos ciclos de riquezas da agricultura e pedras preciosas, da Convenção Republicana,
revividos nas casas bandeiristas da Estância Turística de Itu, nos casarões seculares, nas igrejas históricas e fazendas,
nos museus. Período que inscreveu a vocação paulista para o crescimento e vaticinou a grande metrópole que
despontaria no território continental deste país.
    A premiação da XI Jornada Médico-Literária Paulista para o primeiro lugar em prosa e o primeiro lugar em
poesia será o TROFÉU O BANDEIRANTE, confeccionado pelo artista plástico Nei Nanzi da cidade de Jundiaí, que
utiliza material reciclável em suas obras.
    O evento dar-se-á no Colonial Plaza Hotel de Itu, e a abertura da jornada será marcada pelo jantar de boas-
vindas, lançamento da VIII Antologia Paulista e música popular brasileira no terraço e piscina do hotel. Nos dias que
se seguirão, sessões literárias com participação e apresentação do corpo de jurados da Academia Ituana de Letras
(ACADIL), aberto ao público interessado na audição. O encerramento será na Casa Bandeirista dos descendentes de
Borba Gato, com jantar e premiação nos aposentos seculares onde viveu o bandeirante.




                                  Fotos do Hotel
4    O BANDEIRANTE - Julho de 2011
                                                                                           SUPLEMENTO LITERÁRIO




                                      Pizzas Literárias
   Os famosos encontros festivos mensais da regional paulista acontecem sempre às terceiras quintas-feiras de cada
mês, na Pizzaria Bonde Paulista, Rua Oscar Freire 1.597, Pinheiros, a partir das 19 horas. São momentos de alegria,
descontração e amizade após um dia de trabalho. Venha saborear deliciosas pizzas em um adorável encontro de
amigos. Esperamos sua presença!
   Visite nosso blog: http://sobramespaulista.blogspot.com
   A Pizza de julho, dedicada a diversos outros autores além dos associados, foi emocionante, com prosas poéticas de
grande sensibilidade e poesias sublimes na homenagem a escritores consagrados e também amadores que exprimem
seus sentimentos em textos de grande ternura e enlevo.




                                        Perfil 2011 Sobrames-SP
Maria do Céu Coutinho Louzã

Atuação: Formada Relações Públicas, pela ECA- USP, trabalhei no
Grupo Nacional de Serviços e na Universidade Federal de São Paulo –
UNIFESP. Atualmente aposentada.
Cidade de nascimento: Lourenço Marques, então capital de
Moçambique, quando ainda colônia de Portugal.
Comida preferida: Saladas, churrasco.
Esporte: Gosto de nadar e em solteira pratiquei hipismo, na Hípica
Paulista. Meu pai me deu um cavalo chamado Moleque.
Livro de cabeceira atual: Um homem e seus discípulos de Cesar
Romão.
Música: Romântica, canções francesas.
Filme que a fez rir: Potiche - A esposa Troféu
Fim de semana: Ir para a praia ou clube. Reunir os filhos e netos para o almoço de domingo.
Viagem inesquecível: Nova Zelândia e Havaí.
Sonho: Ver a minha família feliz e um mundo sem guerras, sem fome, sem doenças.
Intolerância: Não suporto falsidades.
Características pessoais: Sou teimosa, melhor dizendo, lutadora. Não desisto facilmente, tudo o que começo
tenho que terminar, sofro se não conseguir.
Projeto futuro: Não tenho a não ser em futuro muito próximo: vou realizando as coisas no dia a dia.
Filosofia de vida: Ser autêntica, saber enfrentar as dificuldades confiando que Deus sempre há de me dar forças.
SUPLEMENTO LITERÁRIO
                                                            O BANDEIRANTE - Julho de 2011   5

                                                   Ao Meu Amor de
                  Epílogo                           Julho a Julho
                                                              (Para Rosana)
Sônia Regina de Andruskevicius de Castro
                                           Sergio Perazzo

  Granizo no quintal
  Inverno, arrepio                         Você faz do inverno primavera,
  Barulho, estalido                        da garoa úmida, sol a pino,
  Porta aberta                             do bronze, o badalo do sino,
  Rosa, jasmim                             do trapo, a gravata e o terno.
  Faísca                                   Faz deter em pausa infinita
  Língua de fogo                           os ponteiros do relógio.
  Cachaça, fantasia                        Por isso cada segundo
  Gargalhada                               tem a duração da hora
  Paraíso.                                 em sua volta mais bonita.
                                           Contém a intensidade do momento,
                                           o brilho central da chama,
                                           o pavimento sobre areia e lama,
                                           o movimento de translação da Terra,
                                           as raízes profundas da árvore secular

       O Barco do Amor                     amalgamada em terra e húmus.
                                           Que dirá do mistério das profundezas do mar
                                           com toda policromia de coral e alga,
                                           com todo ouro e prata submersos
Flerts Nebó                                de galeões resgatados de naufrágios,
                                           tesouros ocultos do bem e do mal
                                           em suas sombras, em seus abismos,
  Este barco enfunado                      em seus labirintos, em seus motivos,
  Segue certo uma direção                  em seus degelos, em seus aforismos,
  É o caminho marcado                      com suas sombrias e cegas criaturas
  Pelo rumo do teu coração                 da escuridão marinha, que boiam fosforescentes
                                           na luz errante e andarilha de um negror aquoso.
  Velas brancas tocadas                    Tempo e espaço, espaço no tempo,
  Pela brisa amena                         com seus remendos, com suas ataduras,
  Leva-me em disparada                     cada suspiro, cada riso, cada arquejo
  Em busca de minha... “Lena”.             em tudo que sinto, em tudo que vejo.
                                           Tudo se detém ao seu passo
  Vários nomes sugeridos                   no instante mesmo da volta do compasso
  Como “Lena” foi batizado                 em que se descortinam no seu sorriso
  Por ser o nome querido                   a abrangência do mundo peregrino
  Por ser... o mais amado.                 no horizonte reto, no horizonte liso,
                                           e as pegadas dos habitantes mágicos
  Que este barquinho seja                  das entranhas de uma densa mata
  Nosso ponto de reunião.                  num conto de fadas povoado de duendes,
  Por mais longe que estejas               da lembrança que no fundo me toca
  Estarás em meu coração!                  na fímbria da alma que me resta,
                                           numa história de amor sem precedentes,
                                           de prólogo e de epílogo mais do que risonhos,
                                           aberta de par em par, vidraça e janela de meus sonhos.
6   O BANDEIRANTE - Julho de 2011
                                                                              SUPLEMENTO LITERÁRIO




                         Desabafo
Grazielly Martins Peixoto de Oliveira

                                                                      Minuetos
  Não te magoes, caso haja aqui verdade,
  Porque dentro de meu contido tórax agora                   Hildette Rangel Enger
  Vociferam teus sonhos com impetuosidade
  Tal que sinto quase me indo contigo embora
                                                               Ouço Brahms
  Arrancam-me atenção, queimam-me nos pulmões o ar,            Enquanto espio
  Até asfixiar-me uma fumaça inspirada em contramão,           Pela janela
  Quando me bradam para eu por ti os sonhar                    As folhas dançando
  Antes de com a morte se perderem no chão                     Ao vento...
                                                               É outono aqui dentro
  Por que não os viveste na adulta mocidade                    Na quietude
  Em que a vida todos convida a sugar dela a hora              De nossos desejos
  E da existência te lembras na do fim, então, idade?          Que não mais gritam
                                                               E apenas suspiram
  Logo virá a mãe preta com o manto e o alçapão                Como quem morre...
  A na fase eterna embrulhar-te como um ninar
  E a despertar-me um som com que teus sonhos se vão: não!     O que foi feito
                                                               Do nosso tempo bonito?

                                                               Como folhas outonais
                                                               Sumiram aos poucos
                                                               A cada vento
                    À Minha Mãe                                Que passou...
                                                               Só nós dois restamos
                                                               Mudos e secos
Evanil Pires de Campos                                         Como as árvores
                                                               Lá fora,
                                                               Esperando quietos
                                                               O inverno chegar
  Na magia desse acolhedor olhos negros
  Deitados no rosto meigos e trigueiros
  Sinto a alma migrar mui calma no sonho
  No sono alvorece todo o desejo contido

  Cantar versos que palpitam meu coração
  E na ternura do ser, o amor ficou retido
  O coração enamorado se deleita na paixão
  A paixão é movida pela corda da emoção

  Que no impulso alimenta gesto ardoroso
  Na ansiedade inflama tão ávida sensação
  Aguçando no estímulo, a sedenta visão.

  E na alegria pulsa uno fervor carinhoso
  Despertado na carícia ávida e saborosa
  Da ardente, almejada e cultuada união.
SUPLEMENTO LITERÁRIO
                                                                                    O BANDEIRANTE - Julho de 2011         7
        Carro Antigo e suas Coisas                                                     Walter Whitton Harris
                                                                                           Cirurgia do Pé e Tornozelo
                                                                                             Ortopedia e Traumatologia Geral
                                                                                              CRM 18317
Geovah Paulo da Cruz                                                                           Av. República do Líbano, 344
                                                                                                04502-000 - São Paulo - SP
                                                                                                  Tel. 3885 8535
                                                                                                    Cel. 9932 5098

    Dono de carro antigo agora tem nome em português, o neologismo anti-
gomobilista. Há caras tão grossos que não distinguem entre um carro antigo e           Dr. Carlos Augusto Galvão
um carro velho, já sucateado. Mas há também bom humor. Meu vizinho de                  Psiquiatria e Psicoterapia
bairro em São Paulo tem carros antigos lindos e caros, Jaguar, Fordinho 29,            Rua Maestro Cardim, 517
Chevrolet 40, e até os aluga para casamentos e filmes publicitários. De vez            Paraíso – Tel: 3541-2593
em quando venho atrás dele no bairro, buzino irritantemente, ultrapasso, e
grito: – Tira esta lata velha do caminho! Ele sorri todo feliz, com seu reluzente
Cadilac de trezentos mil dólares.                                                            PUBLICIDADE
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   Todo antigomobilista tem coisas pra contar. Eu sou de um tempo em que                   (valor do anúncio por edição)
automóvel, lá nos cafundós do Triângulo Mineiro, ainda se chamava “máqui-               1 módulo horizontal	     R$ 30,00
                                                                                        2 módulos horizontais	   R$ 60,00
na”. Dizia-se: – eu vim de máquina. A expressão deve ter chegado até nós por            3 módulos horizontais	   R$ 90,00
intermédio do italiano, que até hoje fala, às vezes de boca cheia, referindo-se         2 módulos verticais	     R$ 60,00
à Ferrari: la macchina. Do mesmo modo, os carros levavam apelidos, tais como            4 módulos	               R$ 120,00
fordeco, chevrolata, guarda-louça, ramona, jardineira, barata, pé-de-bode,              6 módulos	               R$ 180,00
                                                                                        Outros tamanhos	         sob consulta
além dos indefectíveis “astronóver”, “instromóver”.
                                                                                              josyannerita@gmail.com
   Mesmo estudante, eu era dono de cursinho, ganhava um bom dinheirinho
e comprei um carro que ficou na minha saudade. Aposto que ninguém aqui
nunca viu um igual. Era um Adler 1939, de fabricação alemã, conversível, ca-
pota branca, duas portas, tração dianteira com cruzetas. O carro imitava muito         REVISÃO
o Mercedes. Uma particularidade interessante era que o porta-malas não tinha           de textos em geral
tampa móvel. A bagagem era colocada por dentro, rebatendo-se o encosto do
banco traseiro. Tinha uma indefinível cor cinza de carro militar, já desbotada.
                                                                                        Ligia Pezzuto
                                                                                        Especialista em Língua Portuguesa
Ao mandar pintá-lo, o pintor ofereceu-me de graça uma tinta cor de abóbora,
um coral forte. Ficou vistoso e chamativo. Era o carro mais extravagante de             (11) 3864-4494 ou 8546-1725
Uberaba. Formado, vendi-o. Mais tarde soube que ele pertencia a um dono de
parque de diversões estacionado em Guarulhos. Depois, perdi o rastro.                   ROBERTO CAETANO MIRAGLIA
    Tive quase todos os carros nacionais, desde as famosas carroças menciona-            ADVOGADO - OAB-SP 51.532
das por Fernando Collor, até os mais moderninhos. Gostaria de poder tê-los             ADVOCACIA – ADMINISTRAÇÃO DE BENS
guardados todos. Se isto não foi possível, pelo menos um ainda está comigo,             NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS – LOCAÇÃO
uma Brasília 80, de estimação. Tive um Karmann-Guia 74, modelo TC, que                    COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS
recentemente vendi por falta de garagem. Este é um carro muito emblemá-                ASSESSORIA E CONSULTORIA JURÍDICA
                                                                                       TELEFONES: (11) 3277-1192 – 3207-9224
tico. Não é aquele pequenino que todos conhecem. Em 1970, o ainda hoje
atualíssimo Stúdio Ghia, da Itália, em colaboração com o alemão Karmann,
desenhou uma carroceria inspirada no Porshe, adaptando-a sobre uma plata-              Terminou de
forma da Variant, que acabava de nascer, derivada do fusquinha. Eu digo que
o TC é uma Variant metida à besta, vestida de esportivo. Custava muito caro,           escrever seu
não atendia às necessidades da família brasileira, e foi produzido por pouco           livro? Então
tempo. Só existiu aqui. Não o produziram na Alemanha, nem no México. Certa             publique!
vez, na feira de antigos do sambódromo em S. Paulo, quase o vendi para um
colecionador da Nova Zelândia. Um cara de lá esteve aqui comprando carros,
                                                                                        Nesta hora importante, não deixe de
talvez por ainda serem baratos. Hoje restam poucas unidades dele, tal como
                                                                                        consultar a RUMO EDITORIAL.
também do Fissore, do Candango, assim como do Cornowagen, o fusca com                   Publicações com qualidade impecável,
teto solar, por onde podiam sair os chifres.                                            dedicação, cuidado artesanal e preço
                                                                                        justo. Você não tem mais desculpas
   Na sua época todos os carros tiveram apelido. O fusca era chamado de
                                                                                        para deixar seu talento na gaveta.
Bunda: é feio, mas todo mundo tem. O Dauphine e o Gordine eram chamados
de Leite Glória, que na propaganda da televisão era o primeiro leite instantâ-             rumoeditorial@uol.com.br
                                                                                                (11) 9182-4815
                                                    (continua na próxima página)
8   O BANDEIRANTE - Julho de 2011
                                                                                               SUPLEMENTO LITERÁRIO



(continuação da página anterior)

                                   Carro Antigo e suas Coisas


                                                                          neo, dissolvia sem bater... O Simca era o Belo
                                                                          Antônio, um filme em que o bonitão Marcelo
                                                                          Mastroianni fungava, roncava, e... brochava.
                                                                          O DKW era chamado de “deixa vê”, porque
                                                                          abria as portas pra frente e as mulheres ainda
                                                                          não usavam calças jeans, mas apenas saias e
                                                                          vestidos, e abriam as pernas ao descer.
                                                                              O maior prazer do antigomobilista é mostrar
                                                                          o seu carro. Responder perguntas, mostrar
                                                                          detalhes, contar histórias sobre ele. É o pra-
                                                                          zer de responder com satisfação e felicidade
                                                                          a uma buzinadinha no trânsito, recebendo
                                                                          cumprimentos. É compartir com terceiros,
os das confrarias e os não iniciados, do prazer de ver, apreciar, encantar, espantar, admirar, interrogar. É para causar
emoção, encanto, enternecer com lembranças, aplacar curiosidades, ou simplesmente provocar o deleite visual. Freud
talvez dissesse que há certo voyeurismo nessa atividade. Do nosso ponto de vista, a sensualidade não se afasta muito da
do prazer de ver um nu, ou suas nuances e insinuações. A gente tem certa libido ao ver um carro. Digamos um tanto
vulgarmente, um certo “tesão”. Uns mais, outros menos, segundo o seu apetite estético-emocional.
   Entre nós o carro tem um envolvimento com a sexualidade. Sua simbologia é muito forte, porque o cinema nos
mostrou como ele podia ser instrumento da liberação de homens e mulheres. Nós, os mais antigos, suspirávamos
quando em Hollywood homens e mulheres liberadas faziam do carro um boudoir ambulante, um bordel móvel, que
grosseiramente chamávamos de “ abatedouro”. Aqui, por falta de carros e pela moral ainda colonial e católica, isso
era um sonho inatingível. Quanta inveja tivemos dos americanos e seus carros alcoviteiros? Da liberação sexual para
cá e da indústria automobilística de massa, nosso primeiro produto foi uma cópia, o drive-in. Depois os mais jovens
inventaram o motel, e tudo ficou tão simples, embora outro dia eu tenha visto uma notícia em que um modesto motel
recebia casais vindos a pé...
   No interior, já quase escurecendo, um lojista levava sua namorada para passear pelos arredores mais desertos.
Atrás, imponente, “segurando vela” e garantindo a honra social da donzela ia um manequim, sentado e convenien-
temente amarrado...
    O médico ordenou: – Fique em posição ginecológica. A moça não entendeu. – Fique como ficou na hora de fazer
o neném... Aí ela entendeu. Enrolou-se toda, uma perna pra cima, outra pra baixo, meio torta, cabeça pendurada e
justificou: – Nóis tava num fusca.
   Os antigomobilistas são uns caras muito engraçados. Gastam tempo, dinheiro, dedicação, empenho, esforço, tudo
para conseguir manter ou recuperar um carro antigo, para depois, totalmente de graça, mostrá-lo a todos, como se
fossem mecenas, apenas pelo prazer de compartilhar a emoção. Não há nenhum retorno material. No máximo um ou
outro faz negócios do ramo. Nenhum outro cultivador de arte faz isso de mão beijada, na bacia das almas, totalmente
desprendido. E se gratificam mutuamente, sem distinção de classes, posses ou poderes. Tanto admiram um simples
Fusquinha 60 totalmente autêntico e original, como um Rolls Royce no qual andou um presidente da república. Em
geral o carro que nos toca é aquele que iluminou ao nosso imaginário na infância, foi nosso sonho na adolescência,
ou que eventualmente desfrutamos como adultos.
   O humano não pode viver sem referenciais. O carro é o referencial dos nossos tempos. O melhor deles. Talvez seja
até uma divindade pagã; o Deus da locomoção.
   Um avô meio antiquado era implicado com o neto, que só andava de carro, não ia a pé nem até a padaria da
esquina. Usava o carro pra tudo. O ranzinza questionou:
   – Oh, meu filho, pra que você tem dois pés?
   – Ora vovô, um pra embreagem, o outro pro acelerador e o freio.

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O Bandeirante - n.224 - Julho de 2011

  • 1. Jornal O Bandeirante Ano XIX - no 224 - julho de 2011 Publicação Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo - SOBRAMES-SP Querer o que Vale a Pena Josyanne Rita de Arruda Franco Médica Pediatra Presidente da Sobrames SP / Biênio 2011-2012 Julho, mês de férias em pleno Hoje vejo o desafio de jovens novidade do momento com ar inverno! O que fazer para distrair mães e pais se alternando para entediado e de desprezo. O que as crianças em casa e quebrar a fazer o máximo por seus filhos, vem agora? – parece que dizem monotonia dos dias de rotina e ocupando, inclusive, um tempo de tudo. trabalho? Reunir família e ami- que deveria ser gasto com nada: Que fim se deu aos avós, aos gos em bons momentos poderia as férias. Descanso que abre ho- tios, à casa dos primos? Estão to- ser o máximo da conquista para rizontes para a criatividade, des- dos trabalhando para dar o me- o friozinho do meio do ano. ligados que estão dos compro- lhor à família, é o dito corrente. Bom seria viver sem o trân- missos escolares e outros eventos É verdade incontestável que sito e a distância de uma cidade acessórios. a família mudou, que o mundo rica e grande, tendo possibili- No entanto, parece haver um mudou. A ciência, a tecnologia, a dade de chamar os amigos por sofrimento quanto ao dito perío- filosofia e o psiquismo dever-se- cima do muro para um cafezi- do de intervalo tão fundamental ão adaptar a uma realidade me- nho com bolo no fim da tarde, ao repouso e ao convívio fami- nos romântica e mais racional, da ou quem sabe uma pizza caseira liar. A competição do cotidiano cultura de redes sociais virtuais no começo da noite? vai se deitar no travesseiro de e de relacionamentos efêmeros, Gosto muito de buscar refe- crianças e adolescentes que co- sequiosos por novidades. rências para o que sinto e penso, meçam a inquirir seus pais so- Ainda vivendo da minha ma- seja em uma imagem capturada bre o lugar em que irão passar neira, sem ser expulsa de meu pela fotografia, uma tela clássica suas férias, tornando obrigação universo criativo para estar sin- em alguma exposição de arte, e custo financeiro elevado uma tonizada com os novos tempos, um poema ou uma canção ou ocasião preciosa para os deva- continuo querendo alcançar mesmo no passado. Perco-me neios e a quietude necessários meu sonho, tão bem traduzido em devaneios querendo adivi- ao crescimento. nos versos de Zé Rodrix e Ta- nhar o que o autor quis expri- Tudo está tão acessível, tão vito e que começam assim: “Eu mir, o que sua vontade provoca permissivo e massificado que quero uma casa no campo/ onde e reverbera em mim. Assim, é o encantamento não encontra possa compor os meus rocks ru- comum que esteja em contem- espaço nem mesmo na fantasia rais / e tenha somente a certe- plação ante qualquer situação ou no sonhar de olhos abertos. za / dos amigos do peito e nada que me provoque sentimentos Como viver sem sonhar, sem de- mais...” e terminam dizendo quando tenho tempo para fa- sejar? A infância anda tão grati- “...onde eu possa plantar meus zer... nada! Ah... que raro deleite ficada para não ser frustrada que amigos/ meus discos e livros e encontro em tais ocasiões. já não brinca, apenas consome a nada mais.”
  • 2. 2 O BANDEIRANTE - Julho de 2011 EXPEDIENTE Parece que vivemos uma incrível crise mundial de transparência: a informação que nos chega ininterrup- Jornal O Bandeirante ANO XIX - no 224 - Julho 2011 tamente pela internet mostra crimes cometidos por cidadãos comuns, guerras e crimes de guerra, governos Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos corruptos e governantes multimilionários em nações ex- Escritores - Regional do Estado de São Paulo SOBRAMES-SP. Sede: Rua Alves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros - tremamente pobres. Há que se mudar, e rápido, a maneira São Paulo - SP Telefax: (11) 3062-9887 / 3062-3604 Editores: de pensar e agir do ser humano, verdadeira fera social. Josyanne Rita de Arruda Franco e Carlos Augusto Ferreira Galvão. Jornalista Responsável e Revisora: Ligia Terezinha No Brasil, que não é diferente dos outros países, temos Pezzuto (MTb 17.671-SP). Redação e Correspondência: Rua um Estatuto da Criança e do Adolescente perfeito para Francisco Pereira Coutinho, 290, ap. 121 A – V. Municipal – CEP 13201-100 – Jundiaí – SP E-mail: josyannerita@gmail.com nações de primeiro mundo. Só que somos o terceiro, logo, Tels.: (11) 4521-6484 Celular (11) 9937-6342. Colaboradores ele patrocina o crime e protege o criminoso. Perdoem- desta edição: Josyanne Rita de Arruda Franco, Roberto Antonio Aniche, Helio Begliomini, Geovah Paulo da Cruz, me os juristas, não tenho outro nome para quem comete Alitta Guimarães Costa Reis, Fátima Calife, Aida Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini, Grazielly Martins Peixoto de Oliveira crimes, mesmo menores de idade. e Flerts Nebó. Agora temos uma lei que permite que “pequenos delitos” respondam em Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de liberdade. O que é pequeno delito? O ato de roubar galinhas ou cofres de banco 1.000 exemplares PDF enviados por e-mail. não é o mesmo, baseado na desonestidade? Diretoria - Gestão 2011/2012 - Presidente: Josyanne Rita de Arruda Franco. Vice-Presidente: Luiz Jorge Ferreira. Também um projeto mirabolante de descriminalizar uma droga chamada Primeiro-Secretário: Márcia Etelli Coelho. Segundo- maconha, um dos artifícios criadores de coragem para que se cometam crimes Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Primeiro- Tesoureiro: José Alberto Vieira. Segundo-Tesoureiro: Aida hediondos, acidentes fatais de trânsito. Isto sem saber quem está por trás desta Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini. Conselho Fiscal Efetivos: Hélio Begliomini, Carlos Augusto Ferreira Galvão e Roberto ideia. Antonio Aniche. Conselho Fiscal Suplentes: Alcione Alcântara Se nós, sobramistas, temos a intenção de mudar o mundo para melhor, usemos Gonçalves, Flerts Nebó e Manlio Mário Marco Napoli. nossa arma: nossa caneta, que é capaz de escrever romances e poesias, também Matérias assinadas são de responsabilidade de seus pode se armar cobrando e exigindo, com nossas palavras, a melhora de nossas autores e não representam, necessariamente, a opinião da Sobrames-SP sociedades. Editores de O Bandeirante E terminando, tenho certeza de que, lá do alto, Deus, alisando Suas longas barbas brancas está pensando que não era bem assim que deveria ser... Flerts Nebó – novembro a dezembro de 1992 Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1993-1994 Carlos Luiz Campana e Hélio Celso Ferraz Najar – 1995-1996 Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1996-2000 Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun – 2001 a abril de 2009 Roberto Antonio Aniche Helio Begliomini – maio a dezembro de 2009 Roberto A. Aniche e Carlos A. F. Galvão - 2010 Josyanne R. A. Franco e Carlos A.F. Galvão - janeiro 2011 Presidentes da Sobrames – SP 1º. Flerts Nebó (1988-1990) 2º. Flerts Nebó (1990-1992) 3º. Helio Begliomini (1992-1994) O Malho Aniversário 4º. Carlos Luiz Campana (1994-1996) 5º. Paulo Adolpho Leierer (1996-1998) Linda, colorida, velhos colegas de julho: nesta data 6º. Walter Whitton Harris (1999-2000) volta, mas... carcomida pela chatice querida, nossos parabéns! 7º. Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002) 8º. Luiz Giovani (2003-2004) dos textos muito longos, lindos de se 9º. Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005) ler, enfadonhos de se ouvir. Jacyra da Costa Funfas – 01/07 10º. Flerts Nebó (out/2005 a dez/2006) 11º. Helio Begliomini (2007-2008) Assim, ou saco o malho ou a edi- Lígia Terezinha Pezzuto – 12/07 12º. Helio Begliomini (2009-2010) tora vai ter que caprichar nas rimas 13º. Josyanne Rita de Arruda Franco (2011-2012) novamente, porque terei outra síncope Luiz Jorge Ferreira – 11/07 Editores: Josyanne R. A. Franco e Carlos A.F. Galvão literária! Mario Name – 17/07 Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto Ahhhhhhhh! (looooongo bocejo!) Diagramação: Mateus Marins Cardoso Nelson Jacintho – 01/07 Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica Roberto Caetano Miraglia – 19/07  CUPOM DE ASSINATURAS* longevità Preço de 12 exemplares impressos: R$ 36,00 (11) 3531-6675 Nome:___________________________________________________________ Estética facial, corporal e odontológica * Massagem * Drenagem * Bronze Spray * End.completo: (Rua/Av./etc.) _______________________________________ Nutricionista * RPG ________________________________ nº. _______ complemento _________ Rua Maria Amélia L. de Azevedo, 147 - 1o. andar Cidade:_____________ Estado:_____ E-mail:___________________________ Clínica Benatti Grátis: Além da edição impressa que será enviada por correio, o assinante Ginecologia receberá por e-mail 12 edições coloridas em arquivo digital (PDF) Obstetrícia *Disponível para o público em geral e para não sócios da SOBRAMES-SP Preencha este cupom, recorte e envie juntamente com cheque nominal à SOBRAMES-SP para REDAÇÃO Mastologia “O Bandeirante” R. Francisco Pereira Coutinho, 290, ap. 121 A - V. Municipal - CEP 13201-100 - Jundiaí - SP Dê uma assinatura de “O BANDEIRANTE” de presente para um colega (11) 2215-2951
  • 3. SUPLEMENTO LITERÁRIO O BANDEIRANTE - Julho de 2011 3 Notícias Estamos a sessenta dias de nossa XI Jornada Médico-Literária Paulista. A empreitada iniciada em janeiro do ano em curso encontrará o grande final no mês de aniversário da SOBRAMES-SP, comemoração que marca o início da primavera. Serão três dias de muita literatura de qualidade e feliz congraçamento entre os participantes, um acontecimento que entrará para a história de nossa regional. A jornada contará com amigos queridos, confrades talentosos que se deslocarão do interior do Estado, da capital e de outros Estados para prestigiar nosso consagrado encontro bienal na cidade que homenageia São Paulo das entradas, bandeiras e monções, dos ciclos de riquezas da agricultura e pedras preciosas, da Convenção Republicana, revividos nas casas bandeiristas da Estância Turística de Itu, nos casarões seculares, nas igrejas históricas e fazendas, nos museus. Período que inscreveu a vocação paulista para o crescimento e vaticinou a grande metrópole que despontaria no território continental deste país. A premiação da XI Jornada Médico-Literária Paulista para o primeiro lugar em prosa e o primeiro lugar em poesia será o TROFÉU O BANDEIRANTE, confeccionado pelo artista plástico Nei Nanzi da cidade de Jundiaí, que utiliza material reciclável em suas obras. O evento dar-se-á no Colonial Plaza Hotel de Itu, e a abertura da jornada será marcada pelo jantar de boas- vindas, lançamento da VIII Antologia Paulista e música popular brasileira no terraço e piscina do hotel. Nos dias que se seguirão, sessões literárias com participação e apresentação do corpo de jurados da Academia Ituana de Letras (ACADIL), aberto ao público interessado na audição. O encerramento será na Casa Bandeirista dos descendentes de Borba Gato, com jantar e premiação nos aposentos seculares onde viveu o bandeirante. Fotos do Hotel
  • 4. 4 O BANDEIRANTE - Julho de 2011 SUPLEMENTO LITERÁRIO Pizzas Literárias Os famosos encontros festivos mensais da regional paulista acontecem sempre às terceiras quintas-feiras de cada mês, na Pizzaria Bonde Paulista, Rua Oscar Freire 1.597, Pinheiros, a partir das 19 horas. São momentos de alegria, descontração e amizade após um dia de trabalho. Venha saborear deliciosas pizzas em um adorável encontro de amigos. Esperamos sua presença! Visite nosso blog: http://sobramespaulista.blogspot.com A Pizza de julho, dedicada a diversos outros autores além dos associados, foi emocionante, com prosas poéticas de grande sensibilidade e poesias sublimes na homenagem a escritores consagrados e também amadores que exprimem seus sentimentos em textos de grande ternura e enlevo. Perfil 2011 Sobrames-SP Maria do Céu Coutinho Louzã Atuação: Formada Relações Públicas, pela ECA- USP, trabalhei no Grupo Nacional de Serviços e na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. Atualmente aposentada. Cidade de nascimento: Lourenço Marques, então capital de Moçambique, quando ainda colônia de Portugal. Comida preferida: Saladas, churrasco. Esporte: Gosto de nadar e em solteira pratiquei hipismo, na Hípica Paulista. Meu pai me deu um cavalo chamado Moleque. Livro de cabeceira atual: Um homem e seus discípulos de Cesar Romão. Música: Romântica, canções francesas. Filme que a fez rir: Potiche - A esposa Troféu Fim de semana: Ir para a praia ou clube. Reunir os filhos e netos para o almoço de domingo. Viagem inesquecível: Nova Zelândia e Havaí. Sonho: Ver a minha família feliz e um mundo sem guerras, sem fome, sem doenças. Intolerância: Não suporto falsidades. Características pessoais: Sou teimosa, melhor dizendo, lutadora. Não desisto facilmente, tudo o que começo tenho que terminar, sofro se não conseguir. Projeto futuro: Não tenho a não ser em futuro muito próximo: vou realizando as coisas no dia a dia. Filosofia de vida: Ser autêntica, saber enfrentar as dificuldades confiando que Deus sempre há de me dar forças.
  • 5. SUPLEMENTO LITERÁRIO O BANDEIRANTE - Julho de 2011 5 Ao Meu Amor de Epílogo Julho a Julho (Para Rosana) Sônia Regina de Andruskevicius de Castro Sergio Perazzo Granizo no quintal Inverno, arrepio Você faz do inverno primavera, Barulho, estalido da garoa úmida, sol a pino, Porta aberta do bronze, o badalo do sino, Rosa, jasmim do trapo, a gravata e o terno. Faísca Faz deter em pausa infinita Língua de fogo os ponteiros do relógio. Cachaça, fantasia Por isso cada segundo Gargalhada tem a duração da hora Paraíso. em sua volta mais bonita. Contém a intensidade do momento, o brilho central da chama, o pavimento sobre areia e lama, o movimento de translação da Terra, as raízes profundas da árvore secular O Barco do Amor amalgamada em terra e húmus. Que dirá do mistério das profundezas do mar com toda policromia de coral e alga, com todo ouro e prata submersos Flerts Nebó de galeões resgatados de naufrágios, tesouros ocultos do bem e do mal em suas sombras, em seus abismos, Este barco enfunado em seus labirintos, em seus motivos, Segue certo uma direção em seus degelos, em seus aforismos, É o caminho marcado com suas sombrias e cegas criaturas Pelo rumo do teu coração da escuridão marinha, que boiam fosforescentes na luz errante e andarilha de um negror aquoso. Velas brancas tocadas Tempo e espaço, espaço no tempo, Pela brisa amena com seus remendos, com suas ataduras, Leva-me em disparada cada suspiro, cada riso, cada arquejo Em busca de minha... “Lena”. em tudo que sinto, em tudo que vejo. Tudo se detém ao seu passo Vários nomes sugeridos no instante mesmo da volta do compasso Como “Lena” foi batizado em que se descortinam no seu sorriso Por ser o nome querido a abrangência do mundo peregrino Por ser... o mais amado. no horizonte reto, no horizonte liso, e as pegadas dos habitantes mágicos Que este barquinho seja das entranhas de uma densa mata Nosso ponto de reunião. num conto de fadas povoado de duendes, Por mais longe que estejas da lembrança que no fundo me toca Estarás em meu coração! na fímbria da alma que me resta, numa história de amor sem precedentes, de prólogo e de epílogo mais do que risonhos, aberta de par em par, vidraça e janela de meus sonhos.
  • 6. 6 O BANDEIRANTE - Julho de 2011 SUPLEMENTO LITERÁRIO Desabafo Grazielly Martins Peixoto de Oliveira Minuetos Não te magoes, caso haja aqui verdade, Porque dentro de meu contido tórax agora Hildette Rangel Enger Vociferam teus sonhos com impetuosidade Tal que sinto quase me indo contigo embora Ouço Brahms Arrancam-me atenção, queimam-me nos pulmões o ar, Enquanto espio Até asfixiar-me uma fumaça inspirada em contramão, Pela janela Quando me bradam para eu por ti os sonhar As folhas dançando Antes de com a morte se perderem no chão Ao vento... É outono aqui dentro Por que não os viveste na adulta mocidade Na quietude Em que a vida todos convida a sugar dela a hora De nossos desejos E da existência te lembras na do fim, então, idade? Que não mais gritam E apenas suspiram Logo virá a mãe preta com o manto e o alçapão Como quem morre... A na fase eterna embrulhar-te como um ninar E a despertar-me um som com que teus sonhos se vão: não! O que foi feito Do nosso tempo bonito? Como folhas outonais Sumiram aos poucos A cada vento À Minha Mãe Que passou... Só nós dois restamos Mudos e secos Evanil Pires de Campos Como as árvores Lá fora, Esperando quietos O inverno chegar Na magia desse acolhedor olhos negros Deitados no rosto meigos e trigueiros Sinto a alma migrar mui calma no sonho No sono alvorece todo o desejo contido Cantar versos que palpitam meu coração E na ternura do ser, o amor ficou retido O coração enamorado se deleita na paixão A paixão é movida pela corda da emoção Que no impulso alimenta gesto ardoroso Na ansiedade inflama tão ávida sensação Aguçando no estímulo, a sedenta visão. E na alegria pulsa uno fervor carinhoso Despertado na carícia ávida e saborosa Da ardente, almejada e cultuada união.
  • 7. SUPLEMENTO LITERÁRIO O BANDEIRANTE - Julho de 2011 7 Carro Antigo e suas Coisas Walter Whitton Harris Cirurgia do Pé e Tornozelo Ortopedia e Traumatologia Geral CRM 18317 Geovah Paulo da Cruz Av. República do Líbano, 344 04502-000 - São Paulo - SP Tel. 3885 8535 Cel. 9932 5098 Dono de carro antigo agora tem nome em português, o neologismo anti- gomobilista. Há caras tão grossos que não distinguem entre um carro antigo e Dr. Carlos Augusto Galvão um carro velho, já sucateado. Mas há também bom humor. Meu vizinho de Psiquiatria e Psicoterapia bairro em São Paulo tem carros antigos lindos e caros, Jaguar, Fordinho 29, Rua Maestro Cardim, 517 Chevrolet 40, e até os aluga para casamentos e filmes publicitários. De vez Paraíso – Tel: 3541-2593 em quando venho atrás dele no bairro, buzino irritantemente, ultrapasso, e grito: – Tira esta lata velha do caminho! Ele sorri todo feliz, com seu reluzente Cadilac de trezentos mil dólares. PUBLICIDADE TABELA DE PREÇOS 2009 Todo antigomobilista tem coisas pra contar. Eu sou de um tempo em que (valor do anúncio por edição) automóvel, lá nos cafundós do Triângulo Mineiro, ainda se chamava “máqui- 1 módulo horizontal R$ 30,00 2 módulos horizontais R$ 60,00 na”. Dizia-se: – eu vim de máquina. A expressão deve ter chegado até nós por 3 módulos horizontais R$ 90,00 intermédio do italiano, que até hoje fala, às vezes de boca cheia, referindo-se 2 módulos verticais R$ 60,00 à Ferrari: la macchina. Do mesmo modo, os carros levavam apelidos, tais como 4 módulos R$ 120,00 fordeco, chevrolata, guarda-louça, ramona, jardineira, barata, pé-de-bode, 6 módulos R$ 180,00 Outros tamanhos sob consulta além dos indefectíveis “astronóver”, “instromóver”. josyannerita@gmail.com Mesmo estudante, eu era dono de cursinho, ganhava um bom dinheirinho e comprei um carro que ficou na minha saudade. Aposto que ninguém aqui nunca viu um igual. Era um Adler 1939, de fabricação alemã, conversível, ca- pota branca, duas portas, tração dianteira com cruzetas. O carro imitava muito REVISÃO o Mercedes. Uma particularidade interessante era que o porta-malas não tinha de textos em geral tampa móvel. A bagagem era colocada por dentro, rebatendo-se o encosto do banco traseiro. Tinha uma indefinível cor cinza de carro militar, já desbotada. Ligia Pezzuto Especialista em Língua Portuguesa Ao mandar pintá-lo, o pintor ofereceu-me de graça uma tinta cor de abóbora, um coral forte. Ficou vistoso e chamativo. Era o carro mais extravagante de (11) 3864-4494 ou 8546-1725 Uberaba. Formado, vendi-o. Mais tarde soube que ele pertencia a um dono de parque de diversões estacionado em Guarulhos. Depois, perdi o rastro. ROBERTO CAETANO MIRAGLIA Tive quase todos os carros nacionais, desde as famosas carroças menciona- ADVOGADO - OAB-SP 51.532 das por Fernando Collor, até os mais moderninhos. Gostaria de poder tê-los ADVOCACIA – ADMINISTRAÇÃO DE BENS guardados todos. Se isto não foi possível, pelo menos um ainda está comigo, NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS – LOCAÇÃO uma Brasília 80, de estimação. Tive um Karmann-Guia 74, modelo TC, que COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS recentemente vendi por falta de garagem. Este é um carro muito emblemá- ASSESSORIA E CONSULTORIA JURÍDICA TELEFONES: (11) 3277-1192 – 3207-9224 tico. Não é aquele pequenino que todos conhecem. Em 1970, o ainda hoje atualíssimo Stúdio Ghia, da Itália, em colaboração com o alemão Karmann, desenhou uma carroceria inspirada no Porshe, adaptando-a sobre uma plata- Terminou de forma da Variant, que acabava de nascer, derivada do fusquinha. Eu digo que o TC é uma Variant metida à besta, vestida de esportivo. Custava muito caro, escrever seu não atendia às necessidades da família brasileira, e foi produzido por pouco livro? Então tempo. Só existiu aqui. Não o produziram na Alemanha, nem no México. Certa publique! vez, na feira de antigos do sambódromo em S. Paulo, quase o vendi para um colecionador da Nova Zelândia. Um cara de lá esteve aqui comprando carros, Nesta hora importante, não deixe de talvez por ainda serem baratos. Hoje restam poucas unidades dele, tal como consultar a RUMO EDITORIAL. também do Fissore, do Candango, assim como do Cornowagen, o fusca com Publicações com qualidade impecável, teto solar, por onde podiam sair os chifres. dedicação, cuidado artesanal e preço justo. Você não tem mais desculpas Na sua época todos os carros tiveram apelido. O fusca era chamado de para deixar seu talento na gaveta. Bunda: é feio, mas todo mundo tem. O Dauphine e o Gordine eram chamados de Leite Glória, que na propaganda da televisão era o primeiro leite instantâ- rumoeditorial@uol.com.br (11) 9182-4815 (continua na próxima página)
  • 8. 8 O BANDEIRANTE - Julho de 2011 SUPLEMENTO LITERÁRIO (continuação da página anterior) Carro Antigo e suas Coisas neo, dissolvia sem bater... O Simca era o Belo Antônio, um filme em que o bonitão Marcelo Mastroianni fungava, roncava, e... brochava. O DKW era chamado de “deixa vê”, porque abria as portas pra frente e as mulheres ainda não usavam calças jeans, mas apenas saias e vestidos, e abriam as pernas ao descer. O maior prazer do antigomobilista é mostrar o seu carro. Responder perguntas, mostrar detalhes, contar histórias sobre ele. É o pra- zer de responder com satisfação e felicidade a uma buzinadinha no trânsito, recebendo cumprimentos. É compartir com terceiros, os das confrarias e os não iniciados, do prazer de ver, apreciar, encantar, espantar, admirar, interrogar. É para causar emoção, encanto, enternecer com lembranças, aplacar curiosidades, ou simplesmente provocar o deleite visual. Freud talvez dissesse que há certo voyeurismo nessa atividade. Do nosso ponto de vista, a sensualidade não se afasta muito da do prazer de ver um nu, ou suas nuances e insinuações. A gente tem certa libido ao ver um carro. Digamos um tanto vulgarmente, um certo “tesão”. Uns mais, outros menos, segundo o seu apetite estético-emocional. Entre nós o carro tem um envolvimento com a sexualidade. Sua simbologia é muito forte, porque o cinema nos mostrou como ele podia ser instrumento da liberação de homens e mulheres. Nós, os mais antigos, suspirávamos quando em Hollywood homens e mulheres liberadas faziam do carro um boudoir ambulante, um bordel móvel, que grosseiramente chamávamos de “ abatedouro”. Aqui, por falta de carros e pela moral ainda colonial e católica, isso era um sonho inatingível. Quanta inveja tivemos dos americanos e seus carros alcoviteiros? Da liberação sexual para cá e da indústria automobilística de massa, nosso primeiro produto foi uma cópia, o drive-in. Depois os mais jovens inventaram o motel, e tudo ficou tão simples, embora outro dia eu tenha visto uma notícia em que um modesto motel recebia casais vindos a pé... No interior, já quase escurecendo, um lojista levava sua namorada para passear pelos arredores mais desertos. Atrás, imponente, “segurando vela” e garantindo a honra social da donzela ia um manequim, sentado e convenien- temente amarrado... O médico ordenou: – Fique em posição ginecológica. A moça não entendeu. – Fique como ficou na hora de fazer o neném... Aí ela entendeu. Enrolou-se toda, uma perna pra cima, outra pra baixo, meio torta, cabeça pendurada e justificou: – Nóis tava num fusca. Os antigomobilistas são uns caras muito engraçados. Gastam tempo, dinheiro, dedicação, empenho, esforço, tudo para conseguir manter ou recuperar um carro antigo, para depois, totalmente de graça, mostrá-lo a todos, como se fossem mecenas, apenas pelo prazer de compartilhar a emoção. Não há nenhum retorno material. No máximo um ou outro faz negócios do ramo. Nenhum outro cultivador de arte faz isso de mão beijada, na bacia das almas, totalmente desprendido. E se gratificam mutuamente, sem distinção de classes, posses ou poderes. Tanto admiram um simples Fusquinha 60 totalmente autêntico e original, como um Rolls Royce no qual andou um presidente da república. Em geral o carro que nos toca é aquele que iluminou ao nosso imaginário na infância, foi nosso sonho na adolescência, ou que eventualmente desfrutamos como adultos. O humano não pode viver sem referenciais. O carro é o referencial dos nossos tempos. O melhor deles. Talvez seja até uma divindade pagã; o Deus da locomoção. Um avô meio antiquado era implicado com o neto, que só andava de carro, não ia a pé nem até a padaria da esquina. Usava o carro pra tudo. O ranzinza questionou: – Oh, meu filho, pra que você tem dois pés? – Ora vovô, um pra embreagem, o outro pro acelerador e o freio.