Compromisso público com a sociedade e deputados estaduais
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DOMINGO
Recife, 2 de fevereiro de 2014
TIAGO CARDOSO foi o melhor do time coral no tri
estadual e nos dois acessos nacionais
O
Santa Cruz nasceu com
as portas abertas para
pretos e desdentados,
até então renegados
pelas outras agremiações da cidade e discriminados pela elite recifense, que se autodenominava
“gente de bem”. Quase cem anos
depois, coube ao mesmo povão se
unir para resgatar o clube do pior
momento da sua vida, mostrando
que o amor que sente pelo Tricolor é incondicional e não tem,
nem nunca teve, divisão.
A paixão da massa coral fez
com que jogos das deficitárias
Terceira e Quarta Divisões fossem
mais assistidos que os da Primeirona. Da arquibancada do Arruda,
o time do povo ressuscitou, mais
vivo do que nunca para comemorar o seu centenário.
O calvário do Santa Cruz começou em 2006 e coincidiu com o
acumulado de desmandos, incompetências e uso impróprio do
clube para fins pessoais por várias
gestões. Os intermináveis rebaixamentos só cessaram quando
não havia mais divisões a descer.
2006
2005
A temporada quase perfeita. O clube
coral voltou a ser campeão pernambucano depois de dez anos. Na Série B, fez a
melhor campanha da competição, garantindo a vaga na Primeirona com a vitória
de 2x1 sobre a Portuguesa, num Arruda
lotado. O título só não veio porque na
outra partida o Grêmio venceu o Náutico
com três jogadores a menos.
O título estadual perdido para o Sport,
nos pênaltis, era um prenúncio do que viria
na Série A. Começava a sequência de rebaixamentos que jogaria o clube no subsolo
do futebol brasileiro nos anos seguintes. O
time terminou na lanterna e o clube cheio
de dívidas. A crise abriu espaço para a primeira vitória de uma chapa oposicionista,
encabeçada por Edson Nogueira, Edinho.
Em 2009, o Tricolor estreou na
recém-criada Série D, o subsolo do
futebol brasileiro.
Mas o time não estava só.
Mesmo jogando uma bolinha compatível com a competição que
disputava, 36.249 torcedores foram
ao Arruda a cada jogo da Quarta
Divisão, cravando a terceira maior
média de todo o País. O fracasso
em campo e o prolongamento da
agonia naquele inferno não fez a
torcida arredar o pé. Em 2010, ela
teve a melhor média das quatro divisões do futebol nacional (30.243).
O time voltaria a amargar a desclassificação prematura na Série D.
Em meio a tanto sofrimento e vexames, a torcida manteve o clube
de pé e pronto para o primeiro
passo no sentido contrário aos repetidos fracassos. O recém-eleito
presidente Antônio Luiz Neto,
ainda em novembro de 2010, bateu
o centro para a reestruturação do
departamento de futebol.
O time sob o comando de Zé
Teodoro, enfim, se aproximava da
força e grandeza do seu torcedor.
O fim do jejum estadual, com
2007
A mudança na presidência não alterou o
destino do futebol do clube, que teve o
seu rebaixamento mais melancólico. O
Santa chegou a brigar por uma vaga no
G4, mas a equipe desandou na segunda
metade da competição e Edinho preferiu
não tirar o seu amigo Mauro Fernandes
do comando do time, que passou as 12 últimas partidas sem vencer e foi rebaixado.
Jedson Nobre/Arquivo Folha
ampla vantagem sobre o rival
Sport, lavou a alma do povão, que
voltou a ser ‘a’ torcida do País
entre as divisões do Campeonato
Brasileiro em 2011: 36.916 tricolores, por jogo, comemoram, enfim,
a saída da Série D.
Aquela base de 2011, encabeçada pelo goleiro especialista em
decisões Tiago Cardoso, levaria
mais dois títulos do Pernambucano, a taça da Série C e o acesso para a B nos dois anos posteriores. E é lógico que a torcida que
carregou o clube nos ombros estava lá, deixando o Arruda pequeno e estabelecendo a terceira (2012, com 24.155) e a segunda (2013, com 26.578) melhores
médias do país. Desta vez, para
comemorar.
2008
A gestão de Edson Nogueira não poderia deixar uma marca pior. Disputando a Série C pela primeira vez na história, o Tricolor conseguiu passar da primeira fase, mas foi rebaixado logo na
sequência. Em 27 de julho, a equipe
coral apenas empatou com o Campinense e “ganhou” um passaporte para o
inferno da Quarta Divisão.
NÚMEROS
DA DÉCADA
PERNAMBUCANO
209 jogos
122 vitórias
38 empates
49 derrotas
Brasileiro
208 jogos
81 vitórias
63 empates
64 derrotas
Copa do Nordeste
22 jogos
9 vitórias
7 empates
6 derrotas
Copa do Brasil
35 jogos
14 vitórias
5 empates
16 derrotas
Total
474 jogos
226 vitórias
113 empates
135 derrotas
ERRATA
No sétimo fascículo, publicamos
que o técnico do Santa Cruz no
Brasileiro de 1975 foi Paulo
Frossard. No entanto, ele era
conhecido como Paulo Emílio
(Frossard Jorge).
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O amor que não tem divisão
Jedson Nobre/Arquivo Folha
EXPEDIENTE
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O RETORNO à segundona foi coroado com o título do Brasileiro da Série C de 2013
2011
Os rebaixamentos machucaram o
Santa Cruz, mas o clube buscou na sua
torcida forças para renascer. Nesta temporada, o Tricolor passou a viver uma era
de conquistas. O título pernambucano
voltou a ser conquistado em cima do
Sport e, no dia 16 de outubro, a equipe
coral conseguiu o acesso para a Série C,
ao empatar por 0x0 com o Treze.
2012
Veio o bicampeonato pernambucano,
novamente em cima do Sport, dentro da
Ilha, com uma vitória por 3x2. A alegria
do título estadual não se repetiu durante
a disputa da Série C do Brasileiro. O ciclo
de conquistas que se iniciara no começo
do ano anterior era interrompido por
uma frustrante campanha, que gerou a
desclassificação ainda na primeira fase.
2013
Gols marcados
756
Gols sofridos
573
Artilheiro da década
Marcelo Ramos
Gols marcados
44
Fonte: Site RSSSF/Brasil
Foi o ano do renascimento do Santa Cruz.
No primeiro semestre, a boa notícia foi a
conquista do tricampeonato estadual, outra
vez em cima do Sport. Mas o grande feito do
ano foi completado no dia 3 de novembro.
O Tricolor venceu o Betim por 2x1, no Arruda, e retornou para a Série B. Mas o time de
Vica queria mais e ficou também com o título da competição.
Editora-Chefe - Patrícia Raposo; Editoras Executivas - Leusa Santos e Karina Maux; Chefe de Reportagem - Paulo Salgado; Projeto, edição e texto - Carlos Lopes; Reportagem: Tiago Freitas; Edição de Fotografia - Cristiana Dias e Rogério França; Edição de Arte e Diagramação - Luciane
Souza; Concepção gráfica e diagramação - Kléber Monteiro; Tratamento de Imagem - Adilson Ferraz, Cláudio Nunes e Eduardo Tabosa.