1. Quase 60% da electricidade
consumida em 2013 foi de origem
renovável
MARISA SOARES
14/01/2014 - 09:10
Meteorologia explica aumento do peso das renováveis no consumo de
energia eléctrica.
2. Em 2013, a produção de electricidade a partir do vento aumentou 20%
Portugal bateu recordes em 2013 no que toca à energia renovável: 58,3% da
energia eléctrica consumida no ano passado foi produzida por fontes
renováveis, o que representa um aumento de 20% em relação ao ano
anterior. Esta variação permitiu diminuir a electricidade importada em 2,8
vezes, segundo a Quercus.
3. A associação ambientalista, que cita os dados mais recentes da produção de
electricidade em Portugal Continental publicados pela Redes Energéticas
Nacionais (REN), nota que, considerando apenas a produção nacional, a
contribuição das renováveis chegou ao “valor recorde” de 61,7% da
electricidade consumida.
A diferença entre os valores de 2012 e de 2013 está relacionada com a
meteorologia: 2012 foi um ano muito seco, 58% abaixo da média, segundo a
Quercus. Em contrapartida, 2013 foi “relativamente húmido”, 17% acima da
média. Por isso, a produção de electricidade renovável da grande hídrica,
com recurso às barragens, mais do que duplicou no ano passado.
Também o vento soprou mais forte em 2013, levando a um aumento de quase
20% na produção de electricidade a partir desta fonte. “Na fotovoltaica, o
aumento da capacidade instalada permitiu um aumento de 25% em relação a
2012, apesar de ainda não ter atingido 1% do consumo, o que revela um
enorme potencial de crescimento”, nota a Quercus, num comunicado
assinado também pela Associação Portuguesa de Energias Renováveis
(Apren).
Nessa nota, Francisco Ferreira, coordenador do grupo de energia e alterações
climáticas da Quercus, sublinha que a aposta nas energias renováveis e na
eficiência energética “permite a recuperação da economia sem onerar o
ambiente”, pelo que defende a continuação da aposta neste sector. “É preciso
um investimento na sensibilização e um planeamento adequado do sector
energético também em prol de uma desejável política climática exigente",
defende.
António Sá da Costa, presidente da direcção da Apren, também citado no
comunicado, salienta que, além da diminuição das importações de
combustíveis fósseis e de emissão de gases com efeitos de estufa, o reforço do
peso das renováveis na electricidade consumida “possibilitou estabilizar o
preço deste bem, o que também é positivo para ajudar Portugal a sair da
crise”.
Segundo as duas associações, a aposta nas renováveis permitiu poupar cerca
de 850 milhões de euros em 2013: 806 milhões de euros na importação de
combustíveis fósseis (gás natural e carvão) e 40 milhões de euros em licenças
de emissão de dióxido de carbono (CO2).
Entre 2012 e 2013 verificou-se uma redução nas emissões de CO2 na ordem
das 2,3 milhões de toneladas, refere a nota. Deste total, um milhão de
toneladas deve-se à redução do recurso às centrais a carvão.
4. Este aumento do peso das renováveis no consumo de energia tem, porém,
outro lado menos positivo para os consumidores, que este ano vêem
aumentar as tarifas eléctricas em 2,8% (ou em 1% para os consumidores
com tarifa social). Isto porque a produção de electricidade de origem
renovável em regime especial (toda a renovável à excepção das grandes
barragens) - que tem prioridade na entrada na rede - aumentou mais do que
o previsto (chegou aos 32% em Portugal Continental, mais 5% do que em
2012), fazendo disparar os custos com as energias eólica e hídrica, co-
geração e gás natural em 2013, e contribuindo para um aumento do défice
tarifário, que deverá chegar aos 4,4 mil milhões de euros no final de 2014,
segundo os cálculos da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.
http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/quase-60-da-electricidade-consumida-em-2013-foi-
renovavel-1619592#/2