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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
LABORATÓRIO DE MENSURAÇÃO FLORESTAL
AVALIAÇÃO E MANEJO DE RECURSOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS
MAPEAMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS POTENCIAIS COM ORIGEM DE
RECURSOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS EM DOIS MUNICÍPIOS DA
AMAZONIA LEGAL:
NOVO PROGRESSO - PA
CAROEBE - RR
SAMANTA LACERDA SIMÕES
MANAUS
2016
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AMAZONIA LEGAL:
NOVO PROGRESSO - PA
CAROEBE - RR
SAMANTA LACERDA SIMÕES
Prof. Ulisses Silva da Cunha, Dr.
MANAUS
2016
Trabalho acadêmico desenvolvido para
obtenção de nota parcial relativa à
disciplina FGD934-Avaliação e manejo de
recursos florestais não madeireiros.
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 5
2. METODOLOGIA................................................................................................................................ 6
3. DADOS GERAIS DE NOVO PROGRESSO - PA........................................................................................ 6
3.1 Histórico da cidade........................................................................................................................ 6
3.2 Infra-estrutura básica.................................................................................................................... 8
3.2.1 Educação .................................................................................................................................... 8
3.2.2 Saúde.......................................................................................................................................... 8
3.3 Aspectos culturais ......................................................................................................................... 9
3.4 Sistemas de produção do setor primário...................................................................................... 9
3.5 Belezas cênicas............................................................................................................................ 10
3.6 Banco de dados de espécies potenciais em Novo Progresso...................................................... 14
3.7 GUARUMÃ (Ischnosiphon martianus Eichler ex Petersen) ............................................................. 15
3.7.1 Descrição dendrológica............................................................................................................ 15
3.7.2 Aspectos ecológicos e silviculturais ......................................................................................... 16
3.7.3 Distribuição da espécie ............................................................................................................ 16
3.7.4 Potencial econômico................................................................................................................ 16
3.8 UBIM (Geonoma baculifera (Poit.) Kunth)...................................................................................... 18
3.8.1 Descrição dendrológica............................................................................................................ 18
3.8.2 Distribuição da espécie ............................................................................................................ 18
3.8.3 Aspectos ecológicos e silviculturais ......................................................................................... 18
3.8.4 Potencial econômico................................................................................................................ 19
4. DADOS GERAIS DO MUNICÍPIO DE CAROEBE – RR............................................................................ 26
4.1 Histórico da cidade...................................................................................................................... 26
4.2 Infra-estrutura básica.................................................................................................................. 26
4.2.1 Educação .................................................................................................................................. 26
4.2.2 Saúde........................................................................................................................................ 27
4.3 Aspectos culturais ....................................................................................................................... 27
4.4 Sistema de produção do setor primário...................................................................................... 27
4.5 Belezas cênicas............................................................................................................................ 28
4.7 Pente de macaco (Apeiba albiflora Ducke)..................................................................................... 31
4.7.1 Descrição dendrológica............................................................................................................ 31
4.7.2 Distribuição da espécie ............................................................................................................ 31
4.7.3 Aspectos ecológicos e silviculturais ......................................................................................... 31
4.7.4 Potencial econômico................................................................................................................ 33
4.8 Arara tucupi (Parkia pendula (Willd.) Walp) .................................................................................. 33
4.8.1 Descrição dendrológica............................................................................................................ 33
4.8.2 Distribuição da espécie ............................................................................................................ 34
4.8.3 Aspectos ecológicos e silviculturais ......................................................................................... 34
4.8.4 Potencial econômico da espécie.............................................................................................. 35
5. CONCLUSÃO ...................................................................................................................................... 41
5
1. INTRODUÇÃO
A Amazônia é a maior área de floresta tropical do mundo. Tem papel
fundamental na manutenção da biodiversidade (cerca de 1/3 da biodiversidade
mundial), no equilíbrio climático e na oferta de água potável além de sua
extraordinária vocação econômica. Sua riqueza não se restringe ao seu enorme
patrimônio natural, mas também se deve a suas tradições culturais. Os produtos
originários das suas florestas (alimentos, fibras, látex, resinas etc.), bem como os
serviços ambientais por ela proporcionados impõem a região, no plano global, como
estratégica neste século.
Nesse cenário, surge o reconhecimento do valor dos produtos florestais não
madeireiros (PFNM’s) das florestas tropicais (DE BEER et al., 1989; PETERS et al.
1989) como uma maneira viável para explorar a riqueza biológica de florestas
tropicais sem prejudicá-la, e, ao mesmo tempo, estimular o desenvolvimento rural
(FAO, 1995).
Embora as alternativas de uso de produtos florestais não madeireiros e
serviços ambientais não despertem grande interesse para as indústrias madeireiras,
e a utilização destes recursos como fonte de geração de renda para os habitantes
de regiões florestais esbarre em algumas dificuldades, como a existência de poucas
pesquisas sobre a economia e valor potencial destes produtos, elas podem ser de
grande importância para o desenvolvimento de comunidades locais, além de
contribuir para a conservação do meio ambiente.
Neste sentindo, a presente pesquisa tem como principal objetivo demonstrar o
potencial dos Produtos Florestais Não Madeireiros – PFNMs na geração de renda
para dois municípios da Amazônia Legal: Novo Progresso (PA) e Caroebe (RR).
6
2. METODOLOGIA
As técnicas de pesquisa foram bibliográfica e documental, utilizando recursos
como livros, artigos científicos e documentos.
As revisões dos nomes científico das espécies foram feitas, consultando o
software árvore’, desenvolvido pelo Laboratório de Serviços Florestais (LPF), do
Serviço Florestal Brasileiro e o site The Plant List.
Para análise dos dados vetoriais utilizou se os software ArcGis na versão
10.2.2 e Qgis na versão 2.14.3.
3. DADOS GERAIS DE NOVO PROGRESSO - PA
3.1 Histórico da cidade
Novo Progresso é um município localizado no sudoeste do Estado do Pará.
Sua população de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), em 2016 é de 25.102 habitantes e área de unidade territorial de
38.162.123 km² em 2015.
O surgimento de Novo Progresso se deve à construção da rodovia Santarém -
Cuiabá, que em 1973, rasgou e desmatou a floresta amazônica. E em 1983, já se
FIGURA 1: Visão do alto da cidade de Novo Progresso - PA
7
percebia um pequeno povoado, com uma igreja e um campo de futebol, mas
supostamente, segundo o Departamento de Cultura do município (2010) os
primeiros habitantes deste município foram os índios, anos atrás, pois são
encontrados muitos restos de cerâmica e instrumentos de caça e pescas
rudimentares em toda região de Novo Progresso, no leito e nas margens do Rio
Jamanxim.
Ainda segundo o Departamento de Cultura (2010) a exploração da borracha,
nos anos de 1940 a 1950, antes do surgimento da Rodovia, havia moradores na
região, estes habitavam em plena selva, seriam famílias alojadas ao largo do Rio
Jamanxim em busca de seringueiras, árvores que fornecem o látex para a
fabricação de borracha. Podem ser encontrados vestígios das moradias dessas
famílias como a plantação de árvores frutíferas como abacateiros, laranjeiras,
mangueiras, cajueiros e goiabeiras, além de marcas de extração do leite de seringa
nas árvores.
Segundo dados da Prefeitura de Novo Progresso - PA (2010), no ano de
1954, foi criada a Unidade da Aeronáutica, na Serra do Cachimbo, com o objetivo
principal de servir de base de apoio para a operação de aeronaves no tráfego de
ligação entre a região Norte e Sudeste do Brasil. A Base Aérea fica ao Sul do
município, a instalação desta Unidade também faz parte da história da ocupação
deste espaço na floresta amazônica, mais precisamente deste município.
O ano de 1984 representou a mudança total na economia do lugar, com a
descoberta de uma grande jazida de ouro, atraindo milhares de pessoas à
localidade. Nessa época o povoado chamava-se Progresso.
Com a condição de comunidade e sua evolução, líderes iniciaram o processo
de emancipação dentre os fundadores destacam-se Diethelm Birk, Otávio Onetta,
Surfurino Ribeiro, Francisco Piran, Orival Prazeres, Valmor Dagostin, Milto Scremin,
Inácio de Lima e suas respectivas famílias. A comissão Pró-emancipação foi criada
em 1985, sendo presidente o Sr. Laurindo Blatt.
A comissão Pró-emancipação foi criada em 1985, sendo presidente o
Sr.Laurindo Blatt. O povoado foi elevado à categoria de Município, pela Lei Estadual
nº 5.700, de 13 de dezembro de 1991, sancionada pelo governador Jader Barbalho
(publicada no diário Oficial de 20 de dezembro de 1991, edição nº. 27.122) com
8
território desmembrado de Itaituba e instalado em 1º de janeiro de 1993, com
denominação de Novo Progresso.
3.2 Infra-estrutura básica
3.2.1 Educação
REDES DE ENSINO
Ensino pré-escolar
Ensino pré-escolar - escola pública municipal 23
Ensino pré-escolar - escola privada 3
TOTAL 26
Ensino fundamental
Escola pública municipal 25
Ensino fundamental - escola privada - 2015 3
TOTAL 28
Ensino Médio
Escola pública estadual 1
Ensino médio - escola privada 2
TOTAL 3
TOTAL GERAL DE ESCOLAS 114
3.2.2 Saúde
HOSPITAIS
Estabelecimentos de Saúde pública municipal 13
Estabelecimentos de Saúde privado total 3
TOTAL DE HOSPITAIS 16
TABELA 1. Redes de ensino no município de Novo Progresso – PA.
Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional 2015.
TABELA 2: Redes de saúde no município de Novo Progresso – PA.
Fonte: IBGE, Assistência Médica Sanitária 2009. Rio de Janeiro: IBGE
9
3.3 Aspectos culturais
Hoje a população do Novo Progresso é composta, quase que na sua
totalidade, por imigrantes dos estados do sul como Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul, vindos à procura de terras para plantar. A população constituída do
Norte e Nordeste, que aqui chegou para a exploração do ouro, está com sua
atividade bastante reduzida. A mão de obra passa por uma transformação, mudando
quase radicalmente para a extração de madeiras nobres.
Com o povo vieram seus costumes e tradições, havendo uma constituição
homogênea desde o sulista como o nordestino e nortista, com suas comidas típicas
à base de peixe e alimentos extrativistas, suas danças como o carimbó e a
lambada. A principal festa que acontece no município se destaca a cavalgada que
integra a programação da Exposição Agropecuária e a festa do peão e boiadeiro, de
Novo Progresso no Pará. A Cavalgada há anos é uma das principais atrações do
evento e já virou tradição, considerada um evento cultural e turístico, que mobiliza
pessoas não só de Novo Progresso, mas de toda a Região Oeste do Pará. Todos
os anos milhares de pessoas aguardam nas calçadas a passagem da
cavalgada pela cidade.
3.4 Sistemas de produção do setor primário
A principal atividade econômica do município de Novo Progresso é
a pecuária, devido à grande quantidade de propriedades rurais existentes na região.
Além da pecuária, existe a relevância das atividades garimpeiras e madeireiras,
além da construção civil por ser um município em desenvolvimento e devido ao
trabalho de asfaltamento da Rodovia que liga Santarém a Cuiabá. A Secretaria de
Agricultura já iniciou o processo de implantação da piscicultura no município, com
capacitação para 232 produtores rurais.
No Primeiro Encontro de Produtores da Pecuária de Novo Progresso,
realizado no primeiro semestre de 2014, estimava-se que a população bovina do
município era de 1.500.000 (um milhão e quinhentas mil cabeças de gado), sendo
quase a totalidade destinada ao abate e produção de carne e derivados. A
10
porcentagem não destinada ao abate são criadas por propriedades rurais familiares
destinadas a subsistência dos ocupantes da terra. Novo Progresso possui:
 4.125 Propriedades rurais;
 12.047 Hectares de área ocupada com culturas agrícolas;
 1.800 Hectares de área ocupada com plantio de arroz;
 350 Hectares de área ocupada com plantio de feijão;
 120 Hectares de área ocupada com plantio de café;
 9.777 Hectares de área ocupada com outros tipos de plantio;
 Mais de 500.000 Hectares de área ocupada com pastagem;
 1.500.000 Cabeças de gado;
 3.405 Cabeças de ovinos e caprinos.
3.5 Belezas cênicas
Cachoeiras do rio Curuá
Complexo de várias quedas d’água, sendo que uma delas chega a
ultrapassar 80 metros de altura. Estão localizadas bem às margens da Rodovia
Cuiabá-Santarém (BR-163), na Serra do Cachimbo, a 210 km da cidade. Na
Atividades Primárias
Atividade
Ano
2006 2010 2014
Pecuária (bovinos) 561.628 636.227 590.273
Extração vegetal - açaí 14 ton 28 ton 31 ton
Extração vegetal - castanha do pará 18 ton 15 ton 14 ton
Madeiras - carvão vegetal 10 ton 9 ton 10 ton
Madeiras - lenha 35.000 m³ 25.000 m³ 23.745 m³
Madeiras - madeira em tora 122.400 m³ 75.000 m³ 53.455 m³
Fonte: IBGE, percuária 2006; 2010 e 2014. Extração vegetal e silvicultural 2006; 2010
e 2014.
TABELA 3. Principais atividades do setor primário do município de Novo Progresso -
PA.
11
localidade há um hotel e um restaurante; uma pequena estrutura, mas que pode
atender bem os turistas. Existe hoje o interesse de um grupo empresarial suíço com
o objetivo de construir um hotel de selva próximo as cachoeiras.
Mas recentemente, em uma publicação feita pelo jornalista José Parente de
Souza em seu site, devido a seca que alastra boa parte dos estados da Amazônia
brasileira, a cachoeira do rio curuá secou, restando apenas um filete de água.
12
FIGURA 2: Cachoeira do rio Curuá em 2010 antes da seca de 2016.
Fonte: José Parente de Souza (blog: Jota Parente).
13
Rio Jamanxim
O Rio Jamanxim passa bem próximo da cidade, a cerca de 4 quilômetros do
centro comercial, porém o rio Jamanxim também sofre com a seca.
FIGURA 3: (A) Rio Jamanxim em 2009 e (B) depois da seca 2015.
Fonte: (A) Foto de Ricardo da Cunha (Google earth); (B) Jornal Folha do
Progresso publicado em 28/09/2015.
A
B
14
3.6 Banco de dados de espécies potenciais em Novo Progresso
ID NOME CIENTÍFICO NOME COMUM FAMILIA HABITO UTILIZAÇÃO
1 Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl. castanha do pará Lecythidaceae Árvore Extração vegetal/alimentício/artesanato
2 Attalea speciosa Mart babaçu Arecaceae Palmeira Vassouras/artesanato/cestaria
3 Philodendrum solimoesense A.C. Smith cipó-ambé Araceae Epífita Paisagístico/ornamental/ vassouras/artesanato/cestaria
4 Ischnosiphon martianus Eichler ex Petersen guarumã Marantaceae Erva Paisagístico/ornamental/artesanato entre outros
5 Heteropsis flexuosa (H.B.K.) G. S. Bunting cipó-titica Araceae Liana Fibras para indústria de móveis e artesanato
6 Copaifera reticulata Ducke copaíba Fabaceae Árvore Extração do bálsamo e óleo para uso medicinal
7 Attalea maripa (Aubl.) Mart inajá Arecaceae Palmeira Cosméticos/fármacos/alimentício e biodisel
8 Astrocarium jauari Mart jauari Arecaceae Palmeira Vassouras/artesanato/cestaria
9 Syagrus inajai ( Spruce) Becc pupunha brava Arecaceae Palmeira Paisagistico/ornamental/alimentício/iscas/ construções
10
Geonoma baculifera (Poit.) Kunth ubim Arecaceae Palmeira
Artesanato/ornamental/ folhas e fibras utilizadas para
construções
TABELA 4: Banco de dados com as dez espécies de maior interesse comercial no município de Novo Progresso.
15
3.7 GUARUMÃ (Ischnosiphon martianus Eichler ex Petersen)
3.7.1 Descrição dendrológica
Utilizado há muitos séculos pelas tribos indígenas, o guarumã é uma erva da
família das marantáceas, gênero Ischinosiphon (Valente e Almeida, 2001). Do seu
caule são retiradas as talas que são utilizadas na atividade artesanal.
Chega até 1,5 m de altura (A). Caule ereto, não ramificado, sem pêlos. As
folhas se arranjam no ápice do caule em forma de guarda-chuva. Inflorescência (D)
com 1 a 3 nós, cada um com até 3 florescências alongadas, com até 23 cm de
comprimento e 4-5 mm largura. Brácteas verdes, às vezes cobertas com cera
branca, tornando-se beges na frutificação (F). Flores com as partes internas
amarelas e as pontas das pétalas roxas e estaminódios externo e caloso rosa (B).
Jovens: sem caule (G).
FIGURA 4: Aspecto do guarumã.
Fonte: Guia de Marantáceas da Reserva Ducke e REBIO Uatumã.
16
3.7.2 Aspectos ecológicos e silviculturais
Habita em Solos pobres, mas com maior densidade nas encostas e áreas
mais altas. É encontrado nas margens dos rios, em solo alagado (várzea).
Floresce entre novembro e fevereiro, frutifica entre fevereiro e julho.
Possivelmente dispersa por morcegos, devido ao forte odor emitido pelas sementes.
O manejo desta espécie em florestas secundárias é mais simples, desde que haja
áreas alagadas ou margens de igarapés, pois cresce rápido e rebrota com facilidade
após o corte (Schwartz, 2007).
3.7.3 Distribuição da espécie
Essa espécie é encontrada nas reservas: RFAD e Rebio Uatumã., em geral
no Amapá, Pará, Amazonas, Rondônia, Suriname, e Guiana Francesa. No estado do
Pará existem outras espécies de guarumã como Ischnosiphon arouma e
Ischnosiphon ovatu, porém a Ischnosiphon martianus foi encontrada na Floresta
Nacional do Jamanxim, onde está sendo alvo de interesse para a propagação,
manejo e uso, devido o alto interesse no seu uso artesanal.
3.7.4 Potencial econômico
Segundo Velthem (VELTHEM, 1998), que estudou as técnicas do trançado
inserido no contexto de uma cultura indígena amazônica, o guarumã é a matéria-
prima por excelência para a confecção de objetos trançados, pois se destaca por
suas qualidades de durabilidade e resultado estético. A tala do guarumã possui, de
fato, alta flexibilidade e uma cor tendendo para o dourado, quando devidamente
beneficiada. Podendo ser usada na confecção de paneiros, armação de torda e
trançados em geral.
17
Uso da espécie e partes utilizadas nas cadeias de
comercialização do guarumã
Uso Parte da planta
abanos -
paneiro fibra
peneira fibra
tipiti fibra
cestaria em geral fibra
vassouras fibra
TABELA 5: Quadro de usos do guarumã.
FIGURA 5. Artesanatos feitos com a tala de guarumã.
18
3.8 UBIM (Geonoma baculifera (Poit.) Kunth)
3.8.1 Descrição dendrológica
Palmeira solitária ou formando touceira e colônias. Estipe ereto ou
parcialmente rastejante, aéreo, com 1-4m de altura e 1-3 cm de diâmetro. Folhas 7-
12, limbo com 70-90cm de comprimento, em forma de cunha, simples ou
irregularmente dividido em duas ou três diferentes larguras ou, mais raramente, com
folíolos estreitos em cada lado, de até 90 cm de comprimento, lanceoladas, lâmina
cuneiforme com ápice bifurcado. Inflorescências interfoliar, nascendo entre as
folhas, eretas, com ramos florais divididos em uma ou, mais raramente, em duas
ordens; pedúnculo com 20-40cm de comprimento; raquis quase sempre ausente ou
com 10cm de comprimento; ramos florais 3-10, finos, com 12-30cm de comprimento
e 3-4mm de largura, tornando-se alaranjados na maturação dos frutos; impressões
das flores arranjadas de forma espiralar. Fruto globoso, imaturo verde, depois
avermelhado e finalmente preto.
3.8.2 Distribuição da espécie
Espécie de ocorrência na America Central e do Sul (Medina, 1959). Há dados
de ocorrência nas Guianas (Correa, 1984), Peru, Bolívia, Venezuela (Missouri
Botanical Garden, 2003) e Brasil, onde pode ser encontrada nos estados do Amapá,
Amazonas, Maranhão, Pará e Roraima (Lorenzi et al., 1996). E muito frequente na
região oriental da bacia amazônica (Kahn & Moussa, 1994).
No município de Novo Progresso a espécie foi encontrada nas FLONAs do
Jamanxim e Altamira, que abrangem o município.
3.8.3 Aspectos ecológicos e silviculturais
Habita nas matas tropicais úmidas de baixa altitude e solos pantanosos,
ocasionalmente em altitudes de ate 650m (Lorenzi et al., 1996). Especie espontânea
e comum no sub-bosque da floresta de terra firme primaria (Valente & Almeida,
2001). E uma palmeira que não resiste ao desmatamento (Almeida & Silva, 1977).
E uma palmeira que se multiplica por sementes, sendo que um quilo contém
cerca de 3000 sementes Algumas mudas podem ser coletadas sob a planta-mãe ou
desmembradas da touceira (Lorenzi et al., 1996).
19
3.8.4 Potencial econômico
É muito utilizada em artesanatos e construções, além de apresentar um alto
potencial ornamental.
As folhas do ubim são utilizadas pelos caboclos como forro de peneiro, toldo
de canoa e confecção de outros pequenos utensílios (Macedo et al., 1999). São
também utilizadas para a confecção de panacaricas ou tordas, um tipo de chapéu
primitivo (Oliveira et al., 1991). A tribo indígena Xiriana-teri utiliza as folhas das
palmeiras para confeccionar cestas (Anderson, 1978). As sementes são usadas para
fazer pulseiras pelos índios Guaja (Balee, 1994).
As palhas das folhas são empregadas na região amazônica na cobertura de
habitações, tapiris e toldo de embarcações, forro de panacaricas e torda, o estipe é
usado em paredes de curral de pesca. Visto que protegem e permitem bom
isolamento térmico. São utilizadas de 44-46 folhas para cobrir 1m², com uma
durabilidade de 3 anos (Valente & Almeida, 2001). Os índios têm usado essa
palmeira para cobertura de suas casas, sendo que em alguns locais ela e
rapidamente esgotada (Balee, 1994).
E uma espécie que tem um grande potencial ornamental, sendo mais utilizada
em jardins tropicais e cultivo em vasos para interiores (Lorenzi et al., 1996).
x
P
A B
FIGURA 6. (A) Aspecto geral do ubim; (B) casa coberta com as folhas do ubim na Guiana
Francesa.
Fonte: Palmtalk.org. Acesso em 2 de set. de 2016.
20
Sistema de extração e preparo das folhas para coberturas
Para utilização das folhas na construção é preciso que sejam selecionadas
àquelas que não estejam danificadas e que apresentam 3 pares de pinas. Para a
coleta, corta-se o pecíolo logo acima da bainha de forma que o mesmo fique com
um comprimento superior a 10 cm.
As folhas retiradas são tecidas para a formação do “pano”, que consiste em
uma tala, ou eixo, onde os pecíolos das folhas são trançados. Pode-se usar como
tala colmos de “canarana” (Gynerium sagitatum. Poaceae), ou a raque da folha da
palmeira “jarina” (Phytelephas macrocarpa). O ideal é que a tala meça pelo menos 3
m de comprimento. As folhas são trançados o mais próximo possível umas das
outras ao longo da tala. Quando o pano é feito com tala dupla, estas são amarradas
a uma distância de 2 cm uma da outra.
O pano possui um tamanho aproximado de 3 m de comprimento por 40 cm de
largura e cada um requer entre 360 e 400 folhas. Considerando que cada estipe em
uma touceira de ubim apresenta em média 13 folhas passíveis de serem usadas na
confecção de panos, estima-se que um pano requer o uso de aproximadamente 30
estipes de ubim.
21
Parte da planta Forma Categoria de uso Uso
Folha - Artesanato
Confecção de forro de peneiro, toldo de canoa,
de cestas,panacaricas ou tordas e de outros
pequenos utensílios.
Folha Fibra Construção Cobertura de habitações.
Inteira Integral Ornamental Ornamental.
Semente - Artesanato Pulseiras.
TABELA 6: Quadro de usos do ubim.
FIGURA 8. Preparo das folhas do ubim para utilização na cobertura de casas
Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 2009.
22
23
24
25
26
4. DADOS GERAIS DO MUNICÍPIO DE CAROEBE – RR
4.1 Histórico da cidade
Caroebe é um município do sudeste do estado de Roraima, que nasceu dos
assentamentos rurais do INCRA e da migração espontânea que surgiram nas
imediações do BR- 210 (perimetral norte) e da usina hidrelétrica que fornece energia
para a região sul de Roraima, distanciando se 354 km da capital Boa Vista, quando
migrantes vindos em sua maioria do Nordeste se fixaram na terra espontaneamente,
mesmo sem o apoio governamental, originando dois vilarejos que se tornaram vilas
nomeadas de Entre Rios e Jatapú, na década de 1970, como destaca Oliveira
(2003, p. 265), acrescentando que "com o desmembramento das terras do município
de São João da Baliza, em novembro de 1994 pela Lei Estadual nº 82, esse
aglomerado urbano foi transformado no município Caroebe."
O município possui 12. 066, 041 km² (IBGE, 2015), porém, mais da metade
de suas terras pertencem à reserva indígena do povo Wai-Wai, que totaliza 6.376,
32km². Em 2001 sua população era de 5.692 habitantes (IBGE, 2002) e em 2010 era
de 8.114 habitantes e de 9.331 a população estimada para 2016.
4.2 Infra-estrutura básica
4.2.1 Educação
REDES DE ENSINO
Ensino pré-escolar
Ensino pré-escolar - escola pública municipal 13
TOTAL 13
Ensino fundamental
Escola pública municipal 15
Escola pública estadual 10
TOTAL 25
Ensino Médio
Escola pública federal 4
TABELA 7. Redes de ensino no município de Caroebe – RR
27
TOTAL 4
TOTAL GERAL DE ESCOLAS 42
4.2.2 Saúde
HOSPITAIS
Estabelecimentos de Saúde público federal 7
Estabelecimentos de Saúde público municipal 3
TOTAL DE HOSPITAIS 10
4.3 Aspectos culturais
A população do município de Caroebe é composta, principalmente de
migrantes que vieram da região Nordeste do país e população indígena, que ocupa
mais da metade do município.
As principais datas festivas que acontecem no município são a festa do
Padroeiro Santo Isidoro, Arraial do Severão, festa da banana e o aniversário do
Município.
4.4 Sistema de produção do setor primário
Um dos principais produtos agrícolas do município de Caroebe é a banana,
sendo o maior produtor do estado de Roraima. O produto é comercializado nos
mercados de Boa Vista e Manaus. Em relação à pecuária, o potencial do município
está voltado para o gado de leite e corte. Já o extrativismo vegetal está representado
na região pela extração da castanha, do louro, do angelim, do roxinho, da
maçaranduba e da cupiúba.
Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional 2015.
TABELA 8: Redes de saúde no município de Caroebe – PA.
Fonte: IBGE, Assistência Médica Sanitária 2009. Rio de Janeiro: IBGE
28
4.5 Belezas cênicas
Rio jatapu
A hidrelétrica do rio Jatapu é responsável pelo fornecimento de energia à
parte Sul do Estado. É ideal para a prática de pesca esportiva. O acesso é pela BR-
210, vicinal 19, a 53 km da sede do município.
ATIVIDADES DO SETOR PRIMÁRIO
Atividade
Ano
2006 2010 2014
Pecuária (bovinos/cabeças) 20.200 30.950 55.793
Produção agrícola (banana) 15.842 ton 20.014 ton 43.200 ton
Extração vegetal - castanha do pará 15 ton 19 ton 39 ton
Madeiras - carvão vegetal 3 ton 3 ton 3 ton
Madeiras - lenha 3.900 m³ 3.300 m³ 3.200 m³
Madeiras - madeira em tora 5.000 m³ 4.500 m³ 4.000 m³
Fonte: IBGE, percuária 2006; 2010 e 2014. Extração vegetal e silvicultural e agrícola
2006; 2010 e 2014.
TABELA 9. Principais atividades do setor primário do município de Caroebe - RR.
FIGURA 9: Hidroelétrica do Rio Jatapu.
Fonte: BVNews – Noticías de Roraima. Acesso em 11 de set de 2016.
29
Cachoeira da Pedra do Granito
Queda d’água de aproximadamente 50 metros em meio a muitas pedras,
localizada no Rio Jatapu. Distante 53 km da sede do município pela estrada e mais 5
km de barco. O acesso de barco é permitido pela represa, num percurso de 15
minutos.
FIGURA 10: Cachoeira da pedra do granito no município de Caroebe - RR
Fonte: Blog Cultura do Brasil. Acesso em 11 de set de 2016
30
4.6 Banco de dados de espécies potenciais em Caroebe - RR
ID NOME CIENTIFICO NOME COMUM FAMILIA HABITO UTILIZAÇÃO
1 Myrciaria dubia (H. B. K.) McVaugh camucamuzeiro/camu-camu Myrtaceae Arbusto Indústria alimentícia
2 Uncaria guianensis(Aubl.) J.F.Gme unha-de-gato Rubiaceae Liana Medicina popular, na indústria de fármacos e tomada in natura
3 Elaeis guineensis Jacq dendê Arecaceae Palmeira Biodiesel/alimentação/cosméticos/saboaria e outros
4 Scleronema micranthum Ducke cardeiro Bombacaceae Árvore Medicinal
5 Caryocar villosum (Aubl.) Pers piquiá Caryocaraceae Árvore Alimentação/cosméticos/iscas/medicinal/curtume/saboaria/tinturaria
6 Goupia paraensis Huber cupiúba Goupiaceae Árvore Cosméticos/tinturaria/medicinal/alimentício
7 Bagassa guianensis Aubl. tatajuba Moraceae Árvore Alimentação/iscas/tinturaria
8 Apeiba albiflora Ducke pente - de - macaco Malvaceae Árvore Medicinal/ artesanato/ cordoaria/ ornamental
9 Parkia pendula (Willd.) Walp arara-tucupi Fabaceae Árvore Medicinal/Curtume/Iscas/Ornamental e outros
10 Simarouba amara Aubl. marupá Simaroubaceae Árvore Medicinal/ornamental/ inseticida/ licores/ fungicida/veterinária
TABELA 10. Banco de dados com as dez espécies de maior potencial econômico no município de Caroebe - RR.
31
4.7 Pente de macaco (Apeiba albiflora Ducke)
4.7.1 Descrição dendrológica
Árvore com ate 25m de altura (Almeida et al., 1998), tronco de 40 a 60cm de
diâmetro (Brandao et al.,2002). “Folhas alternas, simples, pecioladas; limbo com 12
a 7 x 4 a 13 cm, elíptico, a oboval-eliptico, cartáceo; ápice abruptamente acuminado
ate obtuso; base frequentemente desigual, cordada, margem denticulada; nervuras
de impressas a planas na face ventral e bastante salientes na dorsal; pecíolo com 1
a 3,5cm de comprimento. Inflorescência cimeira bi ou unilateral, opositifólia,
bracteada, pauciflora. Flores com 1,5 a 2cm de comprimento, pediceladas, sépalas
5, livres, lanceoladas, corola amarela, pétalas 5, livres, ovais; estames numerosos,
filetes curtos, anteras rimosas, apendiculadas, lineares; ovário multilocular,
multiovulado; estilete 1, tubular; estigma 1, denticulado. Fruto cápsula rúptil com até
7cm de diâmetro, castanho-claro, depresso globoso a transverso-oblongo,
densamente equinado; sementes numerosas, com aproximadamente 2mm de
diametro, pretas, redondas ou largo-elipsoides” (Almeida et al., 1998).
4.7.2 Distribuição da espécie
A espécie e nativa da America do sul e Central (Medina, 1959). Dentre os
países de ocorrência, são mencionados Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica,
Equador, El Salvador, Guatemala, Guiana, Guiana Francesa, Nicarágua, Panamá,
Peru, Suriname e Venezuela (Missouri Botanical Garden, 2004).
No Brasil, ocorre com maior frequência desde a região Amazônica até as
matas do Nordeste, e também na região Centro-Oeste (Esteves, 1990). Lorenzi
(1992) menciona sua ocorrência da região amazônica ate Minas Gerais e São Paulo.
Correa (1984) cita que a espécie pode ser encontrada nos estados de Alagoas,
Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Minas Gerais e Para e Almeida et al. (1998), nos estados de Roraima, São
Paulo e Tocantins
4.7.3 Aspectos ecológicos e silviculturais
32
Planta perenifólia e heliófila, característica da floresta pluvial amazônica e
latifoliada semidecidua. Comum, principalmente, em formações secundarias, mas
pouco frequente no interior da mata primaria densa (Lorenzi, 1992). De acordo com
Encarnacion (1983), a espécie ocorre em floresta primaria inundada na Amazônia
Ocidental, em floresta seca e savanas do norte da America do Sul. Ja Almeida et al.
(1998) citam a ocorrência em mata mesolítica e mata equatorial. E ainda muito
frequente ao longo de estradas e em ambientes abertos e ensolarados (Esteves,
1990).
Foi observada florescendo durante os meses de janeiro a marco (Lorenzi,
1992) e na época seca, de maio a agosto (Almeida et al., 1998). Quanto a
frutificação, Almeida et al. (1998) mencionam sua ocorrência nos meses de
setembro a maio, porem Brandão et al. (2002), de maio em diante. A maturação dos
frutos ocorre no período de setembro a novembro, conforme Lorenzi (1992). Os
frutos possuem como dispersores os pássaros e mamíferos (Vieira et al., 1996).
Para a produção de mudas, os frutos podem ser colhidos diretamente na
arvore ou no chão, apos a queda, e devem ser abertos manualmente. Retira-se a
massa de sementes aglutinadas em um miolo central e depois se coloca ao sol para
secar, facilitando o quebramento e separação das sementes (Lorenzi, 1992).
As sementes podem ser colocadas para germinar logo apos a colheita e sem
nenhum tratamento. A taxa de germinação e considerada baixa, com a emergência
podendo ocorrer entre 15 e 20 dias (Lorenzi, 1992), porem, com uso de choque
térmico (4 minutos em água fervente e depois em água fria), a germinação pode ser
superior a 75%, apos 15 dias (Felfili et al., 2000). Sementes escarificadas com acido
sulfúrico ou água quente também podem apresentar um aumento na taxa de
germinação (Almeida et al., 1998).
Em canteiros semi-sombreados, as sementes são cobertas levemente com
substrato organo-arenoso peneirado e irrigadas abundantemente duas vezes ao dia.
As mudas devem ser transplantadas para embalagens individuais quando
alcançarem 3 a 5cm, e, apos um período de 4 a 5 meses, estarão prontas para o
plantio no local definitivo. O desenvolvimento das plantas no campo e bastante
rápido, alcançando facilmente 4m aos 2 anos (Lorenzi, 1992).
33
4.7.4 Potencial econômico
Planta útil para uso medicinal contra espasmos, asma, febre, reumatismo e
vermes.
ARTESANATO
Também possui uso ornamental, dentre outros. A casca fornece fibras para
fabricação de cordas. O pente-de-macaco tem potencial de uso para artesanato
(Almeida et al., 1998).
CORDOARIA
A casca fornece fibras para confecção de cordas (Correa, 1984; Revilla,
2002). A entrecasca do caule sem beneficiamento é útil para a confecção de
cordoalha grossa para uso imediato na fabricação de alças ou amarrilho para
transporte de cargas (Oliveira et al., 1991).
MEDICINAL
Espécie utilizada como vermífugo, antirreumático, antiespasmódico e
febrífugo. A casca e usada como vermífugo (Ducke & Vazquez, 1994). O chá do
fruto atua no tratamento de asma; recomenda-se cozinhar o fruto, abri-lo para então
respirar (Revilla, 2002).
ORNAMENTAL
A árvore possui folhagem muito decorativa e pode ser incluída no paisagismo,
principalmente na arborização de praças e avenidas (Lorenzi, 1992), mas raramente
é utilizada como tal (Brandão et al, 2002).
4.8 Arara tucupi (Parkia pendula (Willd.) Walp)
4.8.1 Descrição dendrológica
Árvore grande ou muito grande de 40-50m de altura e 1m de diâmetro a altura
do peito; casca com grandes escamas retangulares, de cor cinza ou avermelhada,
especialmente quando novas; sapopemas de 1m de altura nas grandes árvores ou
ausentes; copa característica larga e achatada em camadas ou em forma de guarda-
chuva. Diaz-Bardales (2001) cita que a espécie tem aspecto inconfundível por
34
possuir copa larga em forma de chapéu de sol muito plano e Fróes (1959), que o
tronco e amarelado-avermelhado, com escamas caducas.
Pedúnculos de 15-(20) por inflorescência, mas 1-4 sustentam capítulos
maduros, sendo o resto abortado, alterno, pendente, muito flexível, (15-)30-115 cm
de comprimento. Capitulo 3,8-4,9cm de diâmetro x 3-3,4cm de comprimento. Flores
hermafroditas: cálice de 8-10,5mm de comprimento (incluindo pseudo-pedicelo de 1-
1,5mm), os lóbulos de 2mm de comprimento; corola de 9,5-12mm de comprimento,
os lóbulos de 5-8mm de comprimento; filamentos exsertos até 4,5-7mm alem do
cálice e unidos irregularmente por cerca de 8mm acima da base. Flores que
secretam néctar: cálice de 8,5-10mm de comprimento; corola 0,5mm maior que o
cálice, lóbulos com 4-5mm de comprimento; estilete exserto ate 5mm alem do cálice.
Legumes em forma de fita, algumas vezes curvado, 15-30 (incluindo estipe de 1-
6cm) x 1,9-3cm, sutura adaxial muito espessa e secreta grandes quantidades de
uma goma grudenta, com cor de âmbar na qual as sementes são liberadas, as
valvas sublenhosas, glabras, lisas e deiscentes apenas ao longo da sutura adaxial;
cavidade sem goma. Sementes 17-25(30) por legume.
4.8.2 Distribuição da espécie
Diaz-Bardales (2001) cita que esta distribuída na Colômbia, Costa Rica,
Guiana Francesa, Peru e Venezuela. Hopkins & Silva (1986) mencionam que esta
distribuída do sul da Colômbia, Venezuela e Guianas, Amazônia peruana, brasileira
e boliviana e no litoral brasileiro. No Brasil ocorre no Para, Amazonas, Acre,
Roraima, Rondônia, Amapá (Silva et al., 1989), Mato Grosso (Diaz-Bardales, 2001),
Minas gerais (St. Jonh, 1980), Bahia, Alagoas, Pernambuco (Loureiro et al., 1977),
Paraíba (Hopkins & Silva), norte do Espírito Santo (Lorenzi, 1992).
4.8.3 Aspectos ecológicos e silviculturais
Planta perenifólia, mesófila ou heliófila (Lorenzi, 1992) que, geralmente,
alcança posição de dossel superior ou emergente em florestas primária e secundária
(Parrota et al., 1995). É característica da floresta alta da terra firme da regiao
amazônica e da mata pluvial Atlântica ocorrendo, principalmente, no interior da mata
primaria densa (Lorenzi, 1992), mas também pode ser encontrada as margens de
35
rios de barrancos de terra firme (Froes, 1959). Habita florestas de solos argilosos ou
arenosos (Diaz-Bardales, 2001).
A propagação e feita por sementes, devendo-se colher os frutos diretamente
da árvore quando iniciarem a queda espontânea, ou recolhe-los no chão apos a
queda, em seguida leva-los ao sol para secar e facilitar a abertura manual e retirada
das sementes. Um quilograma de sementes contem aproximadamente 8.800
unidades (Lorenzi, 1992). Conforme Pereira (1982), um contem 9.870 sementes.
As sementes apresentam dormência e devem ser escarificadas antes da
semeadura para melhorar a germinação (Lorenzi, 1992).
O desenvolvimento das mudas é rápido, sendo que em 4-5meses as mudas
estarão prontas para o plantio no local definitivo e com 2 anos de idade podem
alcançar 3,5m (Lorenzi, 1992).
Em plantio para verificar o comportamento silvicultural, a espécie apresentou
boas taxas de crescimento em altura e, quanto a sobrevivência, apresentou bons
resultados (73%) em plantios mistos aos 24 meses de implantação. Em viveiro, o
substrato que promoveu melhor desenvolvimento das mudas foi o de areia, terra
preta e húmus na proporção de 1:1:1. Nessas condições, o resultado dos testes de
germinação no período de 7-19 dias foi de 52%. Os autores sugerem o plantio em
tubetes pela sua praticidade, redução de mão-de-obra, e por evitar o enovelamento
do sistema radicular alem de poderem ser reutilizáveis (Siqueira & Ribeiro, 2001).
4.8.4 Potencial econômico da espécie
A espécie detém características que lhe confere utilidades alimentícias, para
curtume, essência, isca, medicinal, resina, ornamental, dentre outros, conforme
segue:
CURTUME
A casca serve para curtume (Le Cointe, 1947).
ISCA
A goma e usada para pegar pássaros (Hopkins & Silva, 1986).
MEDICINAL
36
As cascas cozidas e concentradas sao empregadas no caso de hemorragias
ocasionadas por golpes (Le Cointe, 1947). Segundo Vieira & Martins (1996), as
cascas do caule são cicatrizantes. Para Revilla (2002), o chá é hemostático.
Segundo Matta (1912), a espécie é rica em substancia adstringente, sendo útil para
lavagem de feridas e úlceras.
ORNAMENTAL
Para Lorenzi (1992), o aspecto curioso de suas inflorescências da a espécie,
característica ornamental, podendo ser empregada no paisagismo, para arborização
de praças publicas, parques e grandes avenidas. Segundo Le Cointe (1947), e uma
das árvores mais belas do Brasil. Para Loureiro et al. (1977), o inconveniente na
introdução desta espécie para ornamentação de parques e jardins públicos esta no
odor que exalam as flores e a resina que exudam os frutos.
OUTROS
A espécie pode ser considerada oleaginosa, principalmente por possuir, nas
sementes, alto teor de acido linoléico (61,2%), acido graxo essencial para a dieta
humana e animal. Observou-se que as sementes possuem 28,4% de óleo
(Goncalves et al., 2003).
FIGURA 12. Aspecto geral da arara-tucupi.
Fonte: Embrapa 2004.
37
FIGURA 13: (A) Inflorescência; (B) fruto; (C) tronco e (D) folha da arara-tucupi.
Fonte: Useful Tropical plants. Acesso em 11 de set de 2016.
A B
C D
38
39
40
41
5. CONCLUSÃO
Foram identificados 20 principais Produtos Florestais Não Madeireiros com
potencial econômico no município de Novo Progresso (PA) e Caroebe (RR). Grande
parte destes produtos são utilizados por comunidades para uso próprio, com fins
medicinais, alimentícios e para fabricação de artesanatos.
Dentre estes produtos, levando em consideração sua importância para a
geração de renda, a pesquisa identificou 2 produtos principais em cada município
quais sejam: o guarumã no município de Novo Progresso, com alto potencial para
artesanatos e o ubim, o pente de macaco e arara-tucupi no município de Caroebe.
Porém, apesar do potencial não madeireiro destas espécies não foram encontrados
dados de produção nestes municípios.
No estado do Pará, o maior pólo de produção artesanal em cestaria de
guarumã está no município de Barcarena, segundo a Secretaria Especial de
Trabalho e Promoção Social do Estado – SETEPS.
Para a falta de dados de produção, é importante entender que os Produtos
Florestais Não Madeireiros são coletados de forma extrativista, possuem produção
sazonal, são heterogêneos do ponto de vista da qualidade e possuem baixo valor
agregado. Além disso, a maior parte procede de comunidades com pouco
conhecimento de gestão, que nem sempre tem acesso direto aos mercados e suas
demandas, e tampouco conhecem sobre os mecanismos de formação de preços e,
os compradores não atribuem, na maioria dos casos, valor justo para os produtos.
Portanto, pode se concluir a falta de interesse na comercialização dos produtos
florestais não madeireiros não só nos municípios apresentados, porém em boa parte
dos Estados da Amazônia Legal.
42
REFERÊNCIAS
Costa, Flávia R. C. Guia de marantáceas da Reserva Ducke e da Reserva
Biológica do Uatumã = Guide to the Marantaceae of the Reserva Ducke and
Reserva Biológica do Uatumã / Flávia R. C. Costa, Fábio Penna Espinelli, Fernanda
O. G. Figueiredo. --- Manaus : INPA, 2008.p.108
ICMBIO. PLANO DE MANEJO DA FLORESTA NACIONAL DO JAMANXIM,
LOCALIZADA NO ESTADO DO PARÁ.Curitiba: Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade, 2010. Volume I – Informações Gerais.
Disponívelem:<http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/imgs-unidades
coservacao/Jamanxim_planejamento.pdf>. Acesso em: 2 ago. 2016.
IBGE (Comp.). INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA. Disponível.em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php>.
Acesso em: 30 ago. 2016.
PLANTAS DA AMAZÔNIA: 450 espécies de uso geral / Mary Naves da Silva Rios,
Floriano Pastore Jr., organizadores. -- Brasilia : Universidade de Brasília, Biblioteca
Central, 2011, p. 839-841/ 1891-1892. Livro digital, disponivel em:
http://leunb.bce.unb.br/. Acesso em 4. Agos.2016
SANTOS, Nubia Suely Silva et al. O Desenvolvimento Sustentável De
Comunidades Ribeirinhas Utilizando Espécies Vegetais Na Produção De
Artesanato. In: Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia em Resíduos e
Desenvolvimento Sustentável, 1., 2004. Florianopólis: Ictr, 2004. p. 647 - 653.
Disponível em: <https://www.ipen.br/biblioteca/cd/ictr/2004/ARQUIVOS PDF/11/11-
037.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2016.

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  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS LABORATÓRIO DE MENSURAÇÃO FLORESTAL AVALIAÇÃO E MANEJO DE RECURSOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS MAPEAMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS POTENCIAIS COM ORIGEM DE RECURSOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS EM DOIS MUNICÍPIOS DA AMAZONIA LEGAL: NOVO PROGRESSO - PA CAROEBE - RR SAMANTA LACERDA SIMÕES MANAUS 2016
  • 2. UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS LABORATÓRIO DE MENSURAÇÃO FLORESTAL AVALIAÇÃO E MANEJO DE RECURSOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS MAPEAMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS POTENCIAIS COM ORIGEM DE RECURSOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS EM DOIS MUNICÍPIOS DA AMAZONIA LEGAL: NOVO PROGRESSO - PA CAROEBE - RR SAMANTA LACERDA SIMÕES Prof. Ulisses Silva da Cunha, Dr. MANAUS 2016 Trabalho acadêmico desenvolvido para obtenção de nota parcial relativa à disciplina FGD934-Avaliação e manejo de recursos florestais não madeireiros.
  • 3. Sumário 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 5 2. METODOLOGIA................................................................................................................................ 6 3. DADOS GERAIS DE NOVO PROGRESSO - PA........................................................................................ 6 3.1 Histórico da cidade........................................................................................................................ 6 3.2 Infra-estrutura básica.................................................................................................................... 8 3.2.1 Educação .................................................................................................................................... 8 3.2.2 Saúde.......................................................................................................................................... 8 3.3 Aspectos culturais ......................................................................................................................... 9 3.4 Sistemas de produção do setor primário...................................................................................... 9 3.5 Belezas cênicas............................................................................................................................ 10 3.6 Banco de dados de espécies potenciais em Novo Progresso...................................................... 14 3.7 GUARUMÃ (Ischnosiphon martianus Eichler ex Petersen) ............................................................. 15 3.7.1 Descrição dendrológica............................................................................................................ 15 3.7.2 Aspectos ecológicos e silviculturais ......................................................................................... 16 3.7.3 Distribuição da espécie ............................................................................................................ 16 3.7.4 Potencial econômico................................................................................................................ 16 3.8 UBIM (Geonoma baculifera (Poit.) Kunth)...................................................................................... 18 3.8.1 Descrição dendrológica............................................................................................................ 18 3.8.2 Distribuição da espécie ............................................................................................................ 18 3.8.3 Aspectos ecológicos e silviculturais ......................................................................................... 18 3.8.4 Potencial econômico................................................................................................................ 19 4. DADOS GERAIS DO MUNICÍPIO DE CAROEBE – RR............................................................................ 26 4.1 Histórico da cidade...................................................................................................................... 26 4.2 Infra-estrutura básica.................................................................................................................. 26 4.2.1 Educação .................................................................................................................................. 26 4.2.2 Saúde........................................................................................................................................ 27 4.3 Aspectos culturais ....................................................................................................................... 27 4.4 Sistema de produção do setor primário...................................................................................... 27 4.5 Belezas cênicas............................................................................................................................ 28 4.7 Pente de macaco (Apeiba albiflora Ducke)..................................................................................... 31
  • 4. 4.7.1 Descrição dendrológica............................................................................................................ 31 4.7.2 Distribuição da espécie ............................................................................................................ 31 4.7.3 Aspectos ecológicos e silviculturais ......................................................................................... 31 4.7.4 Potencial econômico................................................................................................................ 33 4.8 Arara tucupi (Parkia pendula (Willd.) Walp) .................................................................................. 33 4.8.1 Descrição dendrológica............................................................................................................ 33 4.8.2 Distribuição da espécie ............................................................................................................ 34 4.8.3 Aspectos ecológicos e silviculturais ......................................................................................... 34 4.8.4 Potencial econômico da espécie.............................................................................................. 35 5. CONCLUSÃO ...................................................................................................................................... 41
  • 5. 5 1. INTRODUÇÃO A Amazônia é a maior área de floresta tropical do mundo. Tem papel fundamental na manutenção da biodiversidade (cerca de 1/3 da biodiversidade mundial), no equilíbrio climático e na oferta de água potável além de sua extraordinária vocação econômica. Sua riqueza não se restringe ao seu enorme patrimônio natural, mas também se deve a suas tradições culturais. Os produtos originários das suas florestas (alimentos, fibras, látex, resinas etc.), bem como os serviços ambientais por ela proporcionados impõem a região, no plano global, como estratégica neste século. Nesse cenário, surge o reconhecimento do valor dos produtos florestais não madeireiros (PFNM’s) das florestas tropicais (DE BEER et al., 1989; PETERS et al. 1989) como uma maneira viável para explorar a riqueza biológica de florestas tropicais sem prejudicá-la, e, ao mesmo tempo, estimular o desenvolvimento rural (FAO, 1995). Embora as alternativas de uso de produtos florestais não madeireiros e serviços ambientais não despertem grande interesse para as indústrias madeireiras, e a utilização destes recursos como fonte de geração de renda para os habitantes de regiões florestais esbarre em algumas dificuldades, como a existência de poucas pesquisas sobre a economia e valor potencial destes produtos, elas podem ser de grande importância para o desenvolvimento de comunidades locais, além de contribuir para a conservação do meio ambiente. Neste sentindo, a presente pesquisa tem como principal objetivo demonstrar o potencial dos Produtos Florestais Não Madeireiros – PFNMs na geração de renda para dois municípios da Amazônia Legal: Novo Progresso (PA) e Caroebe (RR).
  • 6. 6 2. METODOLOGIA As técnicas de pesquisa foram bibliográfica e documental, utilizando recursos como livros, artigos científicos e documentos. As revisões dos nomes científico das espécies foram feitas, consultando o software árvore’, desenvolvido pelo Laboratório de Serviços Florestais (LPF), do Serviço Florestal Brasileiro e o site The Plant List. Para análise dos dados vetoriais utilizou se os software ArcGis na versão 10.2.2 e Qgis na versão 2.14.3. 3. DADOS GERAIS DE NOVO PROGRESSO - PA 3.1 Histórico da cidade Novo Progresso é um município localizado no sudoeste do Estado do Pará. Sua população de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2016 é de 25.102 habitantes e área de unidade territorial de 38.162.123 km² em 2015. O surgimento de Novo Progresso se deve à construção da rodovia Santarém - Cuiabá, que em 1973, rasgou e desmatou a floresta amazônica. E em 1983, já se FIGURA 1: Visão do alto da cidade de Novo Progresso - PA
  • 7. 7 percebia um pequeno povoado, com uma igreja e um campo de futebol, mas supostamente, segundo o Departamento de Cultura do município (2010) os primeiros habitantes deste município foram os índios, anos atrás, pois são encontrados muitos restos de cerâmica e instrumentos de caça e pescas rudimentares em toda região de Novo Progresso, no leito e nas margens do Rio Jamanxim. Ainda segundo o Departamento de Cultura (2010) a exploração da borracha, nos anos de 1940 a 1950, antes do surgimento da Rodovia, havia moradores na região, estes habitavam em plena selva, seriam famílias alojadas ao largo do Rio Jamanxim em busca de seringueiras, árvores que fornecem o látex para a fabricação de borracha. Podem ser encontrados vestígios das moradias dessas famílias como a plantação de árvores frutíferas como abacateiros, laranjeiras, mangueiras, cajueiros e goiabeiras, além de marcas de extração do leite de seringa nas árvores. Segundo dados da Prefeitura de Novo Progresso - PA (2010), no ano de 1954, foi criada a Unidade da Aeronáutica, na Serra do Cachimbo, com o objetivo principal de servir de base de apoio para a operação de aeronaves no tráfego de ligação entre a região Norte e Sudeste do Brasil. A Base Aérea fica ao Sul do município, a instalação desta Unidade também faz parte da história da ocupação deste espaço na floresta amazônica, mais precisamente deste município. O ano de 1984 representou a mudança total na economia do lugar, com a descoberta de uma grande jazida de ouro, atraindo milhares de pessoas à localidade. Nessa época o povoado chamava-se Progresso. Com a condição de comunidade e sua evolução, líderes iniciaram o processo de emancipação dentre os fundadores destacam-se Diethelm Birk, Otávio Onetta, Surfurino Ribeiro, Francisco Piran, Orival Prazeres, Valmor Dagostin, Milto Scremin, Inácio de Lima e suas respectivas famílias. A comissão Pró-emancipação foi criada em 1985, sendo presidente o Sr. Laurindo Blatt. A comissão Pró-emancipação foi criada em 1985, sendo presidente o Sr.Laurindo Blatt. O povoado foi elevado à categoria de Município, pela Lei Estadual nº 5.700, de 13 de dezembro de 1991, sancionada pelo governador Jader Barbalho (publicada no diário Oficial de 20 de dezembro de 1991, edição nº. 27.122) com
  • 8. 8 território desmembrado de Itaituba e instalado em 1º de janeiro de 1993, com denominação de Novo Progresso. 3.2 Infra-estrutura básica 3.2.1 Educação REDES DE ENSINO Ensino pré-escolar Ensino pré-escolar - escola pública municipal 23 Ensino pré-escolar - escola privada 3 TOTAL 26 Ensino fundamental Escola pública municipal 25 Ensino fundamental - escola privada - 2015 3 TOTAL 28 Ensino Médio Escola pública estadual 1 Ensino médio - escola privada 2 TOTAL 3 TOTAL GERAL DE ESCOLAS 114 3.2.2 Saúde HOSPITAIS Estabelecimentos de Saúde pública municipal 13 Estabelecimentos de Saúde privado total 3 TOTAL DE HOSPITAIS 16 TABELA 1. Redes de ensino no município de Novo Progresso – PA. Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional 2015. TABELA 2: Redes de saúde no município de Novo Progresso – PA. Fonte: IBGE, Assistência Médica Sanitária 2009. Rio de Janeiro: IBGE
  • 9. 9 3.3 Aspectos culturais Hoje a população do Novo Progresso é composta, quase que na sua totalidade, por imigrantes dos estados do sul como Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, vindos à procura de terras para plantar. A população constituída do Norte e Nordeste, que aqui chegou para a exploração do ouro, está com sua atividade bastante reduzida. A mão de obra passa por uma transformação, mudando quase radicalmente para a extração de madeiras nobres. Com o povo vieram seus costumes e tradições, havendo uma constituição homogênea desde o sulista como o nordestino e nortista, com suas comidas típicas à base de peixe e alimentos extrativistas, suas danças como o carimbó e a lambada. A principal festa que acontece no município se destaca a cavalgada que integra a programação da Exposição Agropecuária e a festa do peão e boiadeiro, de Novo Progresso no Pará. A Cavalgada há anos é uma das principais atrações do evento e já virou tradição, considerada um evento cultural e turístico, que mobiliza pessoas não só de Novo Progresso, mas de toda a Região Oeste do Pará. Todos os anos milhares de pessoas aguardam nas calçadas a passagem da cavalgada pela cidade. 3.4 Sistemas de produção do setor primário A principal atividade econômica do município de Novo Progresso é a pecuária, devido à grande quantidade de propriedades rurais existentes na região. Além da pecuária, existe a relevância das atividades garimpeiras e madeireiras, além da construção civil por ser um município em desenvolvimento e devido ao trabalho de asfaltamento da Rodovia que liga Santarém a Cuiabá. A Secretaria de Agricultura já iniciou o processo de implantação da piscicultura no município, com capacitação para 232 produtores rurais. No Primeiro Encontro de Produtores da Pecuária de Novo Progresso, realizado no primeiro semestre de 2014, estimava-se que a população bovina do município era de 1.500.000 (um milhão e quinhentas mil cabeças de gado), sendo quase a totalidade destinada ao abate e produção de carne e derivados. A
  • 10. 10 porcentagem não destinada ao abate são criadas por propriedades rurais familiares destinadas a subsistência dos ocupantes da terra. Novo Progresso possui:  4.125 Propriedades rurais;  12.047 Hectares de área ocupada com culturas agrícolas;  1.800 Hectares de área ocupada com plantio de arroz;  350 Hectares de área ocupada com plantio de feijão;  120 Hectares de área ocupada com plantio de café;  9.777 Hectares de área ocupada com outros tipos de plantio;  Mais de 500.000 Hectares de área ocupada com pastagem;  1.500.000 Cabeças de gado;  3.405 Cabeças de ovinos e caprinos. 3.5 Belezas cênicas Cachoeiras do rio Curuá Complexo de várias quedas d’água, sendo que uma delas chega a ultrapassar 80 metros de altura. Estão localizadas bem às margens da Rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163), na Serra do Cachimbo, a 210 km da cidade. Na Atividades Primárias Atividade Ano 2006 2010 2014 Pecuária (bovinos) 561.628 636.227 590.273 Extração vegetal - açaí 14 ton 28 ton 31 ton Extração vegetal - castanha do pará 18 ton 15 ton 14 ton Madeiras - carvão vegetal 10 ton 9 ton 10 ton Madeiras - lenha 35.000 m³ 25.000 m³ 23.745 m³ Madeiras - madeira em tora 122.400 m³ 75.000 m³ 53.455 m³ Fonte: IBGE, percuária 2006; 2010 e 2014. Extração vegetal e silvicultural 2006; 2010 e 2014. TABELA 3. Principais atividades do setor primário do município de Novo Progresso - PA.
  • 11. 11 localidade há um hotel e um restaurante; uma pequena estrutura, mas que pode atender bem os turistas. Existe hoje o interesse de um grupo empresarial suíço com o objetivo de construir um hotel de selva próximo as cachoeiras. Mas recentemente, em uma publicação feita pelo jornalista José Parente de Souza em seu site, devido a seca que alastra boa parte dos estados da Amazônia brasileira, a cachoeira do rio curuá secou, restando apenas um filete de água.
  • 12. 12 FIGURA 2: Cachoeira do rio Curuá em 2010 antes da seca de 2016. Fonte: José Parente de Souza (blog: Jota Parente).
  • 13. 13 Rio Jamanxim O Rio Jamanxim passa bem próximo da cidade, a cerca de 4 quilômetros do centro comercial, porém o rio Jamanxim também sofre com a seca. FIGURA 3: (A) Rio Jamanxim em 2009 e (B) depois da seca 2015. Fonte: (A) Foto de Ricardo da Cunha (Google earth); (B) Jornal Folha do Progresso publicado em 28/09/2015. A B
  • 14. 14 3.6 Banco de dados de espécies potenciais em Novo Progresso ID NOME CIENTÍFICO NOME COMUM FAMILIA HABITO UTILIZAÇÃO 1 Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl. castanha do pará Lecythidaceae Árvore Extração vegetal/alimentício/artesanato 2 Attalea speciosa Mart babaçu Arecaceae Palmeira Vassouras/artesanato/cestaria 3 Philodendrum solimoesense A.C. Smith cipó-ambé Araceae Epífita Paisagístico/ornamental/ vassouras/artesanato/cestaria 4 Ischnosiphon martianus Eichler ex Petersen guarumã Marantaceae Erva Paisagístico/ornamental/artesanato entre outros 5 Heteropsis flexuosa (H.B.K.) G. S. Bunting cipó-titica Araceae Liana Fibras para indústria de móveis e artesanato 6 Copaifera reticulata Ducke copaíba Fabaceae Árvore Extração do bálsamo e óleo para uso medicinal 7 Attalea maripa (Aubl.) Mart inajá Arecaceae Palmeira Cosméticos/fármacos/alimentício e biodisel 8 Astrocarium jauari Mart jauari Arecaceae Palmeira Vassouras/artesanato/cestaria 9 Syagrus inajai ( Spruce) Becc pupunha brava Arecaceae Palmeira Paisagistico/ornamental/alimentício/iscas/ construções 10 Geonoma baculifera (Poit.) Kunth ubim Arecaceae Palmeira Artesanato/ornamental/ folhas e fibras utilizadas para construções TABELA 4: Banco de dados com as dez espécies de maior interesse comercial no município de Novo Progresso.
  • 15. 15 3.7 GUARUMÃ (Ischnosiphon martianus Eichler ex Petersen) 3.7.1 Descrição dendrológica Utilizado há muitos séculos pelas tribos indígenas, o guarumã é uma erva da família das marantáceas, gênero Ischinosiphon (Valente e Almeida, 2001). Do seu caule são retiradas as talas que são utilizadas na atividade artesanal. Chega até 1,5 m de altura (A). Caule ereto, não ramificado, sem pêlos. As folhas se arranjam no ápice do caule em forma de guarda-chuva. Inflorescência (D) com 1 a 3 nós, cada um com até 3 florescências alongadas, com até 23 cm de comprimento e 4-5 mm largura. Brácteas verdes, às vezes cobertas com cera branca, tornando-se beges na frutificação (F). Flores com as partes internas amarelas e as pontas das pétalas roxas e estaminódios externo e caloso rosa (B). Jovens: sem caule (G). FIGURA 4: Aspecto do guarumã. Fonte: Guia de Marantáceas da Reserva Ducke e REBIO Uatumã.
  • 16. 16 3.7.2 Aspectos ecológicos e silviculturais Habita em Solos pobres, mas com maior densidade nas encostas e áreas mais altas. É encontrado nas margens dos rios, em solo alagado (várzea). Floresce entre novembro e fevereiro, frutifica entre fevereiro e julho. Possivelmente dispersa por morcegos, devido ao forte odor emitido pelas sementes. O manejo desta espécie em florestas secundárias é mais simples, desde que haja áreas alagadas ou margens de igarapés, pois cresce rápido e rebrota com facilidade após o corte (Schwartz, 2007). 3.7.3 Distribuição da espécie Essa espécie é encontrada nas reservas: RFAD e Rebio Uatumã., em geral no Amapá, Pará, Amazonas, Rondônia, Suriname, e Guiana Francesa. No estado do Pará existem outras espécies de guarumã como Ischnosiphon arouma e Ischnosiphon ovatu, porém a Ischnosiphon martianus foi encontrada na Floresta Nacional do Jamanxim, onde está sendo alvo de interesse para a propagação, manejo e uso, devido o alto interesse no seu uso artesanal. 3.7.4 Potencial econômico Segundo Velthem (VELTHEM, 1998), que estudou as técnicas do trançado inserido no contexto de uma cultura indígena amazônica, o guarumã é a matéria- prima por excelência para a confecção de objetos trançados, pois se destaca por suas qualidades de durabilidade e resultado estético. A tala do guarumã possui, de fato, alta flexibilidade e uma cor tendendo para o dourado, quando devidamente beneficiada. Podendo ser usada na confecção de paneiros, armação de torda e trançados em geral.
  • 17. 17 Uso da espécie e partes utilizadas nas cadeias de comercialização do guarumã Uso Parte da planta abanos - paneiro fibra peneira fibra tipiti fibra cestaria em geral fibra vassouras fibra TABELA 5: Quadro de usos do guarumã. FIGURA 5. Artesanatos feitos com a tala de guarumã.
  • 18. 18 3.8 UBIM (Geonoma baculifera (Poit.) Kunth) 3.8.1 Descrição dendrológica Palmeira solitária ou formando touceira e colônias. Estipe ereto ou parcialmente rastejante, aéreo, com 1-4m de altura e 1-3 cm de diâmetro. Folhas 7- 12, limbo com 70-90cm de comprimento, em forma de cunha, simples ou irregularmente dividido em duas ou três diferentes larguras ou, mais raramente, com folíolos estreitos em cada lado, de até 90 cm de comprimento, lanceoladas, lâmina cuneiforme com ápice bifurcado. Inflorescências interfoliar, nascendo entre as folhas, eretas, com ramos florais divididos em uma ou, mais raramente, em duas ordens; pedúnculo com 20-40cm de comprimento; raquis quase sempre ausente ou com 10cm de comprimento; ramos florais 3-10, finos, com 12-30cm de comprimento e 3-4mm de largura, tornando-se alaranjados na maturação dos frutos; impressões das flores arranjadas de forma espiralar. Fruto globoso, imaturo verde, depois avermelhado e finalmente preto. 3.8.2 Distribuição da espécie Espécie de ocorrência na America Central e do Sul (Medina, 1959). Há dados de ocorrência nas Guianas (Correa, 1984), Peru, Bolívia, Venezuela (Missouri Botanical Garden, 2003) e Brasil, onde pode ser encontrada nos estados do Amapá, Amazonas, Maranhão, Pará e Roraima (Lorenzi et al., 1996). E muito frequente na região oriental da bacia amazônica (Kahn & Moussa, 1994). No município de Novo Progresso a espécie foi encontrada nas FLONAs do Jamanxim e Altamira, que abrangem o município. 3.8.3 Aspectos ecológicos e silviculturais Habita nas matas tropicais úmidas de baixa altitude e solos pantanosos, ocasionalmente em altitudes de ate 650m (Lorenzi et al., 1996). Especie espontânea e comum no sub-bosque da floresta de terra firme primaria (Valente & Almeida, 2001). E uma palmeira que não resiste ao desmatamento (Almeida & Silva, 1977). E uma palmeira que se multiplica por sementes, sendo que um quilo contém cerca de 3000 sementes Algumas mudas podem ser coletadas sob a planta-mãe ou desmembradas da touceira (Lorenzi et al., 1996).
  • 19. 19 3.8.4 Potencial econômico É muito utilizada em artesanatos e construções, além de apresentar um alto potencial ornamental. As folhas do ubim são utilizadas pelos caboclos como forro de peneiro, toldo de canoa e confecção de outros pequenos utensílios (Macedo et al., 1999). São também utilizadas para a confecção de panacaricas ou tordas, um tipo de chapéu primitivo (Oliveira et al., 1991). A tribo indígena Xiriana-teri utiliza as folhas das palmeiras para confeccionar cestas (Anderson, 1978). As sementes são usadas para fazer pulseiras pelos índios Guaja (Balee, 1994). As palhas das folhas são empregadas na região amazônica na cobertura de habitações, tapiris e toldo de embarcações, forro de panacaricas e torda, o estipe é usado em paredes de curral de pesca. Visto que protegem e permitem bom isolamento térmico. São utilizadas de 44-46 folhas para cobrir 1m², com uma durabilidade de 3 anos (Valente & Almeida, 2001). Os índios têm usado essa palmeira para cobertura de suas casas, sendo que em alguns locais ela e rapidamente esgotada (Balee, 1994). E uma espécie que tem um grande potencial ornamental, sendo mais utilizada em jardins tropicais e cultivo em vasos para interiores (Lorenzi et al., 1996). x P A B FIGURA 6. (A) Aspecto geral do ubim; (B) casa coberta com as folhas do ubim na Guiana Francesa. Fonte: Palmtalk.org. Acesso em 2 de set. de 2016.
  • 20. 20 Sistema de extração e preparo das folhas para coberturas Para utilização das folhas na construção é preciso que sejam selecionadas àquelas que não estejam danificadas e que apresentam 3 pares de pinas. Para a coleta, corta-se o pecíolo logo acima da bainha de forma que o mesmo fique com um comprimento superior a 10 cm. As folhas retiradas são tecidas para a formação do “pano”, que consiste em uma tala, ou eixo, onde os pecíolos das folhas são trançados. Pode-se usar como tala colmos de “canarana” (Gynerium sagitatum. Poaceae), ou a raque da folha da palmeira “jarina” (Phytelephas macrocarpa). O ideal é que a tala meça pelo menos 3 m de comprimento. As folhas são trançados o mais próximo possível umas das outras ao longo da tala. Quando o pano é feito com tala dupla, estas são amarradas a uma distância de 2 cm uma da outra. O pano possui um tamanho aproximado de 3 m de comprimento por 40 cm de largura e cada um requer entre 360 e 400 folhas. Considerando que cada estipe em uma touceira de ubim apresenta em média 13 folhas passíveis de serem usadas na confecção de panos, estima-se que um pano requer o uso de aproximadamente 30 estipes de ubim.
  • 21. 21 Parte da planta Forma Categoria de uso Uso Folha - Artesanato Confecção de forro de peneiro, toldo de canoa, de cestas,panacaricas ou tordas e de outros pequenos utensílios. Folha Fibra Construção Cobertura de habitações. Inteira Integral Ornamental Ornamental. Semente - Artesanato Pulseiras. TABELA 6: Quadro de usos do ubim. FIGURA 8. Preparo das folhas do ubim para utilização na cobertura de casas Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 2009.
  • 22. 22
  • 23. 23
  • 24. 24
  • 25. 25
  • 26. 26 4. DADOS GERAIS DO MUNICÍPIO DE CAROEBE – RR 4.1 Histórico da cidade Caroebe é um município do sudeste do estado de Roraima, que nasceu dos assentamentos rurais do INCRA e da migração espontânea que surgiram nas imediações do BR- 210 (perimetral norte) e da usina hidrelétrica que fornece energia para a região sul de Roraima, distanciando se 354 km da capital Boa Vista, quando migrantes vindos em sua maioria do Nordeste se fixaram na terra espontaneamente, mesmo sem o apoio governamental, originando dois vilarejos que se tornaram vilas nomeadas de Entre Rios e Jatapú, na década de 1970, como destaca Oliveira (2003, p. 265), acrescentando que "com o desmembramento das terras do município de São João da Baliza, em novembro de 1994 pela Lei Estadual nº 82, esse aglomerado urbano foi transformado no município Caroebe." O município possui 12. 066, 041 km² (IBGE, 2015), porém, mais da metade de suas terras pertencem à reserva indígena do povo Wai-Wai, que totaliza 6.376, 32km². Em 2001 sua população era de 5.692 habitantes (IBGE, 2002) e em 2010 era de 8.114 habitantes e de 9.331 a população estimada para 2016. 4.2 Infra-estrutura básica 4.2.1 Educação REDES DE ENSINO Ensino pré-escolar Ensino pré-escolar - escola pública municipal 13 TOTAL 13 Ensino fundamental Escola pública municipal 15 Escola pública estadual 10 TOTAL 25 Ensino Médio Escola pública federal 4 TABELA 7. Redes de ensino no município de Caroebe – RR
  • 27. 27 TOTAL 4 TOTAL GERAL DE ESCOLAS 42 4.2.2 Saúde HOSPITAIS Estabelecimentos de Saúde público federal 7 Estabelecimentos de Saúde público municipal 3 TOTAL DE HOSPITAIS 10 4.3 Aspectos culturais A população do município de Caroebe é composta, principalmente de migrantes que vieram da região Nordeste do país e população indígena, que ocupa mais da metade do município. As principais datas festivas que acontecem no município são a festa do Padroeiro Santo Isidoro, Arraial do Severão, festa da banana e o aniversário do Município. 4.4 Sistema de produção do setor primário Um dos principais produtos agrícolas do município de Caroebe é a banana, sendo o maior produtor do estado de Roraima. O produto é comercializado nos mercados de Boa Vista e Manaus. Em relação à pecuária, o potencial do município está voltado para o gado de leite e corte. Já o extrativismo vegetal está representado na região pela extração da castanha, do louro, do angelim, do roxinho, da maçaranduba e da cupiúba. Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional 2015. TABELA 8: Redes de saúde no município de Caroebe – PA. Fonte: IBGE, Assistência Médica Sanitária 2009. Rio de Janeiro: IBGE
  • 28. 28 4.5 Belezas cênicas Rio jatapu A hidrelétrica do rio Jatapu é responsável pelo fornecimento de energia à parte Sul do Estado. É ideal para a prática de pesca esportiva. O acesso é pela BR- 210, vicinal 19, a 53 km da sede do município. ATIVIDADES DO SETOR PRIMÁRIO Atividade Ano 2006 2010 2014 Pecuária (bovinos/cabeças) 20.200 30.950 55.793 Produção agrícola (banana) 15.842 ton 20.014 ton 43.200 ton Extração vegetal - castanha do pará 15 ton 19 ton 39 ton Madeiras - carvão vegetal 3 ton 3 ton 3 ton Madeiras - lenha 3.900 m³ 3.300 m³ 3.200 m³ Madeiras - madeira em tora 5.000 m³ 4.500 m³ 4.000 m³ Fonte: IBGE, percuária 2006; 2010 e 2014. Extração vegetal e silvicultural e agrícola 2006; 2010 e 2014. TABELA 9. Principais atividades do setor primário do município de Caroebe - RR. FIGURA 9: Hidroelétrica do Rio Jatapu. Fonte: BVNews – Noticías de Roraima. Acesso em 11 de set de 2016.
  • 29. 29 Cachoeira da Pedra do Granito Queda d’água de aproximadamente 50 metros em meio a muitas pedras, localizada no Rio Jatapu. Distante 53 km da sede do município pela estrada e mais 5 km de barco. O acesso de barco é permitido pela represa, num percurso de 15 minutos. FIGURA 10: Cachoeira da pedra do granito no município de Caroebe - RR Fonte: Blog Cultura do Brasil. Acesso em 11 de set de 2016
  • 30. 30 4.6 Banco de dados de espécies potenciais em Caroebe - RR ID NOME CIENTIFICO NOME COMUM FAMILIA HABITO UTILIZAÇÃO 1 Myrciaria dubia (H. B. K.) McVaugh camucamuzeiro/camu-camu Myrtaceae Arbusto Indústria alimentícia 2 Uncaria guianensis(Aubl.) J.F.Gme unha-de-gato Rubiaceae Liana Medicina popular, na indústria de fármacos e tomada in natura 3 Elaeis guineensis Jacq dendê Arecaceae Palmeira Biodiesel/alimentação/cosméticos/saboaria e outros 4 Scleronema micranthum Ducke cardeiro Bombacaceae Árvore Medicinal 5 Caryocar villosum (Aubl.) Pers piquiá Caryocaraceae Árvore Alimentação/cosméticos/iscas/medicinal/curtume/saboaria/tinturaria 6 Goupia paraensis Huber cupiúba Goupiaceae Árvore Cosméticos/tinturaria/medicinal/alimentício 7 Bagassa guianensis Aubl. tatajuba Moraceae Árvore Alimentação/iscas/tinturaria 8 Apeiba albiflora Ducke pente - de - macaco Malvaceae Árvore Medicinal/ artesanato/ cordoaria/ ornamental 9 Parkia pendula (Willd.) Walp arara-tucupi Fabaceae Árvore Medicinal/Curtume/Iscas/Ornamental e outros 10 Simarouba amara Aubl. marupá Simaroubaceae Árvore Medicinal/ornamental/ inseticida/ licores/ fungicida/veterinária TABELA 10. Banco de dados com as dez espécies de maior potencial econômico no município de Caroebe - RR.
  • 31. 31 4.7 Pente de macaco (Apeiba albiflora Ducke) 4.7.1 Descrição dendrológica Árvore com ate 25m de altura (Almeida et al., 1998), tronco de 40 a 60cm de diâmetro (Brandao et al.,2002). “Folhas alternas, simples, pecioladas; limbo com 12 a 7 x 4 a 13 cm, elíptico, a oboval-eliptico, cartáceo; ápice abruptamente acuminado ate obtuso; base frequentemente desigual, cordada, margem denticulada; nervuras de impressas a planas na face ventral e bastante salientes na dorsal; pecíolo com 1 a 3,5cm de comprimento. Inflorescência cimeira bi ou unilateral, opositifólia, bracteada, pauciflora. Flores com 1,5 a 2cm de comprimento, pediceladas, sépalas 5, livres, lanceoladas, corola amarela, pétalas 5, livres, ovais; estames numerosos, filetes curtos, anteras rimosas, apendiculadas, lineares; ovário multilocular, multiovulado; estilete 1, tubular; estigma 1, denticulado. Fruto cápsula rúptil com até 7cm de diâmetro, castanho-claro, depresso globoso a transverso-oblongo, densamente equinado; sementes numerosas, com aproximadamente 2mm de diametro, pretas, redondas ou largo-elipsoides” (Almeida et al., 1998). 4.7.2 Distribuição da espécie A espécie e nativa da America do sul e Central (Medina, 1959). Dentre os países de ocorrência, são mencionados Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Guiana, Guiana Francesa, Nicarágua, Panamá, Peru, Suriname e Venezuela (Missouri Botanical Garden, 2004). No Brasil, ocorre com maior frequência desde a região Amazônica até as matas do Nordeste, e também na região Centro-Oeste (Esteves, 1990). Lorenzi (1992) menciona sua ocorrência da região amazônica ate Minas Gerais e São Paulo. Correa (1984) cita que a espécie pode ser encontrada nos estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Para e Almeida et al. (1998), nos estados de Roraima, São Paulo e Tocantins 4.7.3 Aspectos ecológicos e silviculturais
  • 32. 32 Planta perenifólia e heliófila, característica da floresta pluvial amazônica e latifoliada semidecidua. Comum, principalmente, em formações secundarias, mas pouco frequente no interior da mata primaria densa (Lorenzi, 1992). De acordo com Encarnacion (1983), a espécie ocorre em floresta primaria inundada na Amazônia Ocidental, em floresta seca e savanas do norte da America do Sul. Ja Almeida et al. (1998) citam a ocorrência em mata mesolítica e mata equatorial. E ainda muito frequente ao longo de estradas e em ambientes abertos e ensolarados (Esteves, 1990). Foi observada florescendo durante os meses de janeiro a marco (Lorenzi, 1992) e na época seca, de maio a agosto (Almeida et al., 1998). Quanto a frutificação, Almeida et al. (1998) mencionam sua ocorrência nos meses de setembro a maio, porem Brandão et al. (2002), de maio em diante. A maturação dos frutos ocorre no período de setembro a novembro, conforme Lorenzi (1992). Os frutos possuem como dispersores os pássaros e mamíferos (Vieira et al., 1996). Para a produção de mudas, os frutos podem ser colhidos diretamente na arvore ou no chão, apos a queda, e devem ser abertos manualmente. Retira-se a massa de sementes aglutinadas em um miolo central e depois se coloca ao sol para secar, facilitando o quebramento e separação das sementes (Lorenzi, 1992). As sementes podem ser colocadas para germinar logo apos a colheita e sem nenhum tratamento. A taxa de germinação e considerada baixa, com a emergência podendo ocorrer entre 15 e 20 dias (Lorenzi, 1992), porem, com uso de choque térmico (4 minutos em água fervente e depois em água fria), a germinação pode ser superior a 75%, apos 15 dias (Felfili et al., 2000). Sementes escarificadas com acido sulfúrico ou água quente também podem apresentar um aumento na taxa de germinação (Almeida et al., 1998). Em canteiros semi-sombreados, as sementes são cobertas levemente com substrato organo-arenoso peneirado e irrigadas abundantemente duas vezes ao dia. As mudas devem ser transplantadas para embalagens individuais quando alcançarem 3 a 5cm, e, apos um período de 4 a 5 meses, estarão prontas para o plantio no local definitivo. O desenvolvimento das plantas no campo e bastante rápido, alcançando facilmente 4m aos 2 anos (Lorenzi, 1992).
  • 33. 33 4.7.4 Potencial econômico Planta útil para uso medicinal contra espasmos, asma, febre, reumatismo e vermes. ARTESANATO Também possui uso ornamental, dentre outros. A casca fornece fibras para fabricação de cordas. O pente-de-macaco tem potencial de uso para artesanato (Almeida et al., 1998). CORDOARIA A casca fornece fibras para confecção de cordas (Correa, 1984; Revilla, 2002). A entrecasca do caule sem beneficiamento é útil para a confecção de cordoalha grossa para uso imediato na fabricação de alças ou amarrilho para transporte de cargas (Oliveira et al., 1991). MEDICINAL Espécie utilizada como vermífugo, antirreumático, antiespasmódico e febrífugo. A casca e usada como vermífugo (Ducke & Vazquez, 1994). O chá do fruto atua no tratamento de asma; recomenda-se cozinhar o fruto, abri-lo para então respirar (Revilla, 2002). ORNAMENTAL A árvore possui folhagem muito decorativa e pode ser incluída no paisagismo, principalmente na arborização de praças e avenidas (Lorenzi, 1992), mas raramente é utilizada como tal (Brandão et al, 2002). 4.8 Arara tucupi (Parkia pendula (Willd.) Walp) 4.8.1 Descrição dendrológica Árvore grande ou muito grande de 40-50m de altura e 1m de diâmetro a altura do peito; casca com grandes escamas retangulares, de cor cinza ou avermelhada, especialmente quando novas; sapopemas de 1m de altura nas grandes árvores ou ausentes; copa característica larga e achatada em camadas ou em forma de guarda- chuva. Diaz-Bardales (2001) cita que a espécie tem aspecto inconfundível por
  • 34. 34 possuir copa larga em forma de chapéu de sol muito plano e Fróes (1959), que o tronco e amarelado-avermelhado, com escamas caducas. Pedúnculos de 15-(20) por inflorescência, mas 1-4 sustentam capítulos maduros, sendo o resto abortado, alterno, pendente, muito flexível, (15-)30-115 cm de comprimento. Capitulo 3,8-4,9cm de diâmetro x 3-3,4cm de comprimento. Flores hermafroditas: cálice de 8-10,5mm de comprimento (incluindo pseudo-pedicelo de 1- 1,5mm), os lóbulos de 2mm de comprimento; corola de 9,5-12mm de comprimento, os lóbulos de 5-8mm de comprimento; filamentos exsertos até 4,5-7mm alem do cálice e unidos irregularmente por cerca de 8mm acima da base. Flores que secretam néctar: cálice de 8,5-10mm de comprimento; corola 0,5mm maior que o cálice, lóbulos com 4-5mm de comprimento; estilete exserto ate 5mm alem do cálice. Legumes em forma de fita, algumas vezes curvado, 15-30 (incluindo estipe de 1- 6cm) x 1,9-3cm, sutura adaxial muito espessa e secreta grandes quantidades de uma goma grudenta, com cor de âmbar na qual as sementes são liberadas, as valvas sublenhosas, glabras, lisas e deiscentes apenas ao longo da sutura adaxial; cavidade sem goma. Sementes 17-25(30) por legume. 4.8.2 Distribuição da espécie Diaz-Bardales (2001) cita que esta distribuída na Colômbia, Costa Rica, Guiana Francesa, Peru e Venezuela. Hopkins & Silva (1986) mencionam que esta distribuída do sul da Colômbia, Venezuela e Guianas, Amazônia peruana, brasileira e boliviana e no litoral brasileiro. No Brasil ocorre no Para, Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia, Amapá (Silva et al., 1989), Mato Grosso (Diaz-Bardales, 2001), Minas gerais (St. Jonh, 1980), Bahia, Alagoas, Pernambuco (Loureiro et al., 1977), Paraíba (Hopkins & Silva), norte do Espírito Santo (Lorenzi, 1992). 4.8.3 Aspectos ecológicos e silviculturais Planta perenifólia, mesófila ou heliófila (Lorenzi, 1992) que, geralmente, alcança posição de dossel superior ou emergente em florestas primária e secundária (Parrota et al., 1995). É característica da floresta alta da terra firme da regiao amazônica e da mata pluvial Atlântica ocorrendo, principalmente, no interior da mata primaria densa (Lorenzi, 1992), mas também pode ser encontrada as margens de
  • 35. 35 rios de barrancos de terra firme (Froes, 1959). Habita florestas de solos argilosos ou arenosos (Diaz-Bardales, 2001). A propagação e feita por sementes, devendo-se colher os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a queda espontânea, ou recolhe-los no chão apos a queda, em seguida leva-los ao sol para secar e facilitar a abertura manual e retirada das sementes. Um quilograma de sementes contem aproximadamente 8.800 unidades (Lorenzi, 1992). Conforme Pereira (1982), um contem 9.870 sementes. As sementes apresentam dormência e devem ser escarificadas antes da semeadura para melhorar a germinação (Lorenzi, 1992). O desenvolvimento das mudas é rápido, sendo que em 4-5meses as mudas estarão prontas para o plantio no local definitivo e com 2 anos de idade podem alcançar 3,5m (Lorenzi, 1992). Em plantio para verificar o comportamento silvicultural, a espécie apresentou boas taxas de crescimento em altura e, quanto a sobrevivência, apresentou bons resultados (73%) em plantios mistos aos 24 meses de implantação. Em viveiro, o substrato que promoveu melhor desenvolvimento das mudas foi o de areia, terra preta e húmus na proporção de 1:1:1. Nessas condições, o resultado dos testes de germinação no período de 7-19 dias foi de 52%. Os autores sugerem o plantio em tubetes pela sua praticidade, redução de mão-de-obra, e por evitar o enovelamento do sistema radicular alem de poderem ser reutilizáveis (Siqueira & Ribeiro, 2001). 4.8.4 Potencial econômico da espécie A espécie detém características que lhe confere utilidades alimentícias, para curtume, essência, isca, medicinal, resina, ornamental, dentre outros, conforme segue: CURTUME A casca serve para curtume (Le Cointe, 1947). ISCA A goma e usada para pegar pássaros (Hopkins & Silva, 1986). MEDICINAL
  • 36. 36 As cascas cozidas e concentradas sao empregadas no caso de hemorragias ocasionadas por golpes (Le Cointe, 1947). Segundo Vieira & Martins (1996), as cascas do caule são cicatrizantes. Para Revilla (2002), o chá é hemostático. Segundo Matta (1912), a espécie é rica em substancia adstringente, sendo útil para lavagem de feridas e úlceras. ORNAMENTAL Para Lorenzi (1992), o aspecto curioso de suas inflorescências da a espécie, característica ornamental, podendo ser empregada no paisagismo, para arborização de praças publicas, parques e grandes avenidas. Segundo Le Cointe (1947), e uma das árvores mais belas do Brasil. Para Loureiro et al. (1977), o inconveniente na introdução desta espécie para ornamentação de parques e jardins públicos esta no odor que exalam as flores e a resina que exudam os frutos. OUTROS A espécie pode ser considerada oleaginosa, principalmente por possuir, nas sementes, alto teor de acido linoléico (61,2%), acido graxo essencial para a dieta humana e animal. Observou-se que as sementes possuem 28,4% de óleo (Goncalves et al., 2003). FIGURA 12. Aspecto geral da arara-tucupi. Fonte: Embrapa 2004.
  • 37. 37 FIGURA 13: (A) Inflorescência; (B) fruto; (C) tronco e (D) folha da arara-tucupi. Fonte: Useful Tropical plants. Acesso em 11 de set de 2016. A B C D
  • 38. 38
  • 39. 39
  • 40. 40
  • 41. 41 5. CONCLUSÃO Foram identificados 20 principais Produtos Florestais Não Madeireiros com potencial econômico no município de Novo Progresso (PA) e Caroebe (RR). Grande parte destes produtos são utilizados por comunidades para uso próprio, com fins medicinais, alimentícios e para fabricação de artesanatos. Dentre estes produtos, levando em consideração sua importância para a geração de renda, a pesquisa identificou 2 produtos principais em cada município quais sejam: o guarumã no município de Novo Progresso, com alto potencial para artesanatos e o ubim, o pente de macaco e arara-tucupi no município de Caroebe. Porém, apesar do potencial não madeireiro destas espécies não foram encontrados dados de produção nestes municípios. No estado do Pará, o maior pólo de produção artesanal em cestaria de guarumã está no município de Barcarena, segundo a Secretaria Especial de Trabalho e Promoção Social do Estado – SETEPS. Para a falta de dados de produção, é importante entender que os Produtos Florestais Não Madeireiros são coletados de forma extrativista, possuem produção sazonal, são heterogêneos do ponto de vista da qualidade e possuem baixo valor agregado. Além disso, a maior parte procede de comunidades com pouco conhecimento de gestão, que nem sempre tem acesso direto aos mercados e suas demandas, e tampouco conhecem sobre os mecanismos de formação de preços e, os compradores não atribuem, na maioria dos casos, valor justo para os produtos. Portanto, pode se concluir a falta de interesse na comercialização dos produtos florestais não madeireiros não só nos municípios apresentados, porém em boa parte dos Estados da Amazônia Legal.
  • 42. 42 REFERÊNCIAS Costa, Flávia R. C. Guia de marantáceas da Reserva Ducke e da Reserva Biológica do Uatumã = Guide to the Marantaceae of the Reserva Ducke and Reserva Biológica do Uatumã / Flávia R. C. Costa, Fábio Penna Espinelli, Fernanda O. G. Figueiredo. --- Manaus : INPA, 2008.p.108 ICMBIO. PLANO DE MANEJO DA FLORESTA NACIONAL DO JAMANXIM, LOCALIZADA NO ESTADO DO PARÁ.Curitiba: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2010. Volume I – Informações Gerais. Disponívelem:<http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/imgs-unidades coservacao/Jamanxim_planejamento.pdf>. Acesso em: 2 ago. 2016. IBGE (Comp.). INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível.em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php>. Acesso em: 30 ago. 2016. PLANTAS DA AMAZÔNIA: 450 espécies de uso geral / Mary Naves da Silva Rios, Floriano Pastore Jr., organizadores. -- Brasilia : Universidade de Brasília, Biblioteca Central, 2011, p. 839-841/ 1891-1892. Livro digital, disponivel em: http://leunb.bce.unb.br/. Acesso em 4. Agos.2016 SANTOS, Nubia Suely Silva et al. O Desenvolvimento Sustentável De Comunidades Ribeirinhas Utilizando Espécies Vegetais Na Produção De Artesanato. In: Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento Sustentável, 1., 2004. Florianopólis: Ictr, 2004. p. 647 - 653. Disponível em: <https://www.ipen.br/biblioteca/cd/ictr/2004/ARQUIVOS PDF/11/11- 037.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2016.