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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo
                                         9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo
                            (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011
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                 As fontes jornalísticas e a abordagem do Bioma Pampa

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Resumo: Este artigo reflete sobre a abordagem do Bioma Pampa através da identificação das fontes
citadas nas notícias difundidas pelo portal de internet do principal grupo de comunicação do Rio
Grande do Sul, o clicRBS. Com a identificação destas fontes no período de aprovação do Zoneamento
Ambiental para a Atividade de Silvicultura, em abril de 2008, e a fundamentação do Jornalismo Am-
biental, pretende-se que as considerações apresentadas estimulem a complexificação das pautas e a
construção de notícias que atendam ao interesse público. Acredita-se que assim o cidadão será incenti-
vado a participar mais das decisões que repercutirão, de alguma maneira, no seu presente e no seu
futuro.

Palavras-chave: jornalismo ambiental; fontes jornalísticas; bioma pampa; silvicultura; clicRBS.




       1. Introdução

              Este artigo se propõe a refletir sobre o jornalismo referente ao Bioma Pampa através
da exposição dos temas abordados e da identificação das fontes citadas nas notícias difundidas
pelo portal de internet do principal grupo de comunicação do Rio Grande do Sul, o clicRBS.
O período observado é o de aprovação do Zoneamento Ambiental para a Atividade de Silvi-
cultura no Estado, ZAS, em abril de 2008. Ao pretender-se apontar os aspectos a serem inte-
grados no processo de construção das notícias, espera-se contribuir para a formação do Jorna-
lismo Ambiental, no qual, “[...] tudo é informação, incluindo o próprio ambiente, o espaço e
as diferentes manifestações que ele abriga” (GIRARDI et all, 2010, p.12).

              A leitura das notícias possibilitou a constatação de que não houve a indicação da subs-
tituição do Bioma Pampa devido implantação da Silvicultura. Não obstante esta abordagem




1
    Jornalista, mestranda em Comunicação e Informação pela UFRGS. Email: eliege_f@yahoo.com.br.
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tenha sido feita no decorrer das atividades que geraram o debate público 2 através, principal-
mente, dos técnicos, professores, pesquisadores e ambientalistas vinculados aos órgãos esta-
duais e federais ambientais, universidades e ao movimento socioambiental, o jornalismo ob-
servado optou por dar ênfase às declarações do governo estadual, empresas da celulose e seto-
res ligados à silvicultura. Portanto, o viés econômico predominou na abordagem jornalística.

              Os pressupostos do Jornalismo Ambiental serão revisados com Bueno (2007) e Bac-
chetta (2008; 2000). As informações disponibilizadas pelos técnicos, professores, pesquisado-
res e ambientalistas vinculados aos órgãos estaduais e federais ambientais, universidades e ao
movimento socioambiental, dentre os quais se destaca Chomenko (2007), Boldrini (2006) e
Teixeira Filho (2008), vão proporcionar a compreensão da complexidade do Bioma Pampa
bem como do debate no período.

              A escolha do clicRBS se justifica por este portal de internet multiplicar as notícias
produzidas em todos os outros veículos do Grupo RBS (Rede Brasil Sul de Comunicação),
dentre eles: 18 emissoras de televisão aberta; 2 emissoras locais de televisão; uma emissora
segmentada focada no agronegócio; 25 emissoras de rádio; 8 jornais diários; 4 portais na In-
ternet3. Ainda sobre a imensa abrangência comunicacional, segundo o Instituto Verificador de
Circulação, o clicRBS ficou em terceiro lugar no número de visitas em um total de 39 sites
auditados, no último trimestre de 2010. Foram registradas, por exemplo, 29.356.514 visitas4
em dezembro do ano passado.



       2. O Bioma Pampa no contexto da aprovação do ZAS
              O Pampa é o bioma5 presente em 63% do RS, caracterizado por campos, e não por flo-
restas, predominantes em outros biomas brasileiros, como o Mata Atlântica ou o Amazônico.

2
  Reuniões do Conselho Estadual de Meio Ambiente, Consema, suas Câmaras Técnicas, bem como palestras e
seminários abertos ao público.
3
  Disponível em: <http://www.rbs.com.br/quem_somos/index.php?pagina=grupoRBS
http://www.rbs.com.br/midias/index.php?pagina=internet> Acesso em: set. 2009.
4
  Visitas. Mede a frequência de acessos. Ver em Glossário rápido. Disponível em:
<http://www.auditoriaweb.org.br/websites.asp?ordena=&mes=10&ano=2010> Acesso em: 15 fev. 2011.
5
  “[...] conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e iden-
tificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o
que resulta em uma diversidade biológica própria.” Mapa de Biomas do Brasil e Mapa de Vegetação do Brasil
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, em parceria com o Ministério de Meio Ambiente,
MMA (2004). Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?id_noticia=169>
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Por isso também, que uma das principais atividades econômicas dos sul-rio-grandenses ou
gaúchos é a pecuária de corte. A diversificação econômica através das políticas dos governos
deveria buscar o desenvolvimento de atividades sustentáveis. Porém, com a introdução das
monoculturas de grãos para a exportação (comoditties) a partir dos anos 70, passou-se a regis-
trar o aceleramento da degradação do Bioma e o comprometimento da fauna e flora campes-
tres. Atualmente, 39% de sua área total são constituídas por remanescentes de campos natu-
rais. O Pampa encontra-se exposto à degradação provocada pela ação humana também por ter
poucas áreas protegidas, apenas 17, ou 3,6% da área total do bioma (PICOLI; VILLANOVA,
2007).

              O Bioma Pampa compreende uma área de 700 mil Km2, compartilhada entre Argenti-
na, Brasil e Uruguai. No Brasil, se estende na metade sul do Rio Grande do Sul, abrangendo
176 mil Km2. A pecuária conta com o apoio de biólogos6 bem como demais estudiosos das
características do Pampa, devido à capacidade de através do pasto, manter-se a paisagem da
planície. Mas, em 2004 iniciou-se uma nova onda7 de desenvolvimento da silvicultura no
Pampa.

              Para que fosse desenvolvida uma atividade econômica de acordo com a legislação
(Código Estadual de Meio Ambiente e Resolução número 084/2004 do Conselho Estadual do
Meio Ambiente, Consema), a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Sema, determinou a
criação de um regramento da atividade da silvicultura. A realização do documento teve o a-
poio de técnicos da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Luís Henrique Roessler, Fe-
pam, da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, FZB, e do Departamento de Florestas e
Áreas Protegidas, Defap.




Acesso em: 06 set. 2010.
6
  PILLAR, Valério De Patta. Campos Sulinos - conservação e uso sustentável da biodiversidade. Brasília:
MMA, 2009. 403p. Disponível em: <http://ecoqua.ecologia.ufrgs.br/arquivos/Livros/CamposSulinos.pdf> Aces-
so em: 06 set. 2010.
7
  Nas décadas de 1960 e 1980 houve incentivo dos governos. In: BINKOWSKI, Patrícia. Conflitos ambientais e
significados sociais em torno da expansão da silvicultura de eucalipto na “Metade Sul” do Rio Grande do
Sul. 2009. 212f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Rural) – Curso de Pós-Graduação em Pós-
Graduação em Desenvolvimento Rural da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. p.31.
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              Enquanto o Zoneamento Ambiental para a Atividade da Silvicultura, ZAS, esteve em
construção, foram emitidas apenas autorizações8 para que os plantios fossem realizados em
áreas de reformas de plantio ou já de uso agrícola. Contudo, as empresas do setor da celulose
e o governo do Estado, pressionavam a Fepam para a liberação das licenças ambientais.

              Entre abril de 2007 e março de 2008, o ZAS esteve em discussão no Consema, tanto
nas reuniões quanto nas suas Câmaras Técnicas. Um consenso estava em construção quanto
às restrições à silvicultura para a preservação do Pampa, mas na reunião do Consema de 18 de
março, foram retiradas as principais restrições: os índices de vulnerabilidade e de restrição
para as unidades de paisagem, além de ter sido desconsiderada a relevância da manutenção
dos limites quanto ao tamanho dos maciços e seus espaçamentos (BRACK apud TEIXEIRA
FILHO, 2008, p.266).

              A pressa pela aprovação do ZAS menos restritivo, por parte do governo do Estado e
setores ligados à silvicultura, levou à reunião extraordinária do Consema em 9 de abril, a qual
deveria ter sido suspensa devido liminar da Justiça apresentada pela Associação Gaúcha de
Proteção Ambiental, Agapan. A finalidade era ter 15 dias para ler o relatório da reunião na
qual retiraram-se as principais restrições do ZAS. Porém, o secretário estadual de Meio Am-
biente e presidente do Consema, Carlos Otaviano Brenner de Moraes, conseguiu já na noite
de 9 de abril, a cassação da liminar anterior e realizou a votação do ZAS.

              A partir deste fato até agosto de 2008, quando a Justiça determinou o retorno do ZAS
ao Consema e a retomada do debate público em busca de um consenso quanto às restrições à
silvicultura e à preservação do Pampa, licenças ambientais foram concedidas. Portanto, sem
terem sido considerados os índices de vulnerabilidade e de restrição para as unidades de pai-
sagem, nem os limites quanto ao tamanho dos maciços e seus espaçamentos.

              É importante destacar-se que a área9 da silvicultura no Estado corresponde a 563,5 mil
hectares. E, a meta das empresas da celulose é dobrá-la nos próximos anos, área equivalente à
ocupada no Uruguai, onde os efeitos da silvicultura já são conhecidos. Bacchetta (2008, p. 90)

8
  MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL/RS. "Termo de Ajustamento de Conduta - MPE x FEPAM/RS, a res-
peito dos licenciamentos ambientais da silvicultura". 2006. 05 páginas. Disponível em:
<http://pt.calameo.com/read/000073590b1adebd6c3ef> Acesso em: out. 2010.
9
  JORNAL CORREIO DO POVO. Reflorestamento ganha espaço. Correio do Povo, Porto Alegre, 13 de agos-
to de 2010. Disponível em:
<http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/Default.aspx?Ano=115&Numero=317&Caderno=0&Noticia=181
885> Acesso em: 15 ago. 2010.
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ressalta que foram observados processos de salinização e acidificação do solo, indicando per-
da de fertilidade. A riqueza da biodiversidade do Bioma Pampa se manifesta através das ca-
racterísticas dos solos, da flora e da fauna e, a partir desta, é que os biólogos indicam usos
adequados do território. Boldrini (2006) cita a estimativa10 de que há, pelo menos, três mil
plantas vasculares, com 450 espécies de gramíneas e 150 de leguminosas, além de 385 aves e
90 mamíferos. À medida que os estudos avançam novas espécies vão sendo catalogadas. E
ainda, parte destas espécies é endêmica, ou seja, só ocorrem neste ecossistema. O que torna
ainda mais triste a ameaça de extinção das espécies.



       3. Jornalismo Ambiental
              Segundo Bucci (2000, p.165), pode-se destacar entre os “mandamentos” do Jornalis-
mo, o “desejo dominante de descobrir a verdade”, “pensar nas consequências do que se publi-
ca” e “possuir o impulso de educar”. A ética norteia a prática do jornalista como bem explica
o autor. De outra forma, erros são cometidos e multiplicados, comunidades e seus territórios,
sofrerão com os impactos de decisões que atendem mais aos interesses “de públicos” do que
ao interesse público. Por isso, os pressupostos tomados nesta reflexão para uma prática mais
consciente e cidadã pelos profissionais de mídia, vêm do Jornalismo Ambiental. Assim como
Gelós, acredita-se que:

                                             Se necessita de uma sociedade mais participativa e influente em seu destino. Por es-
                                             sa razão de todos os setores se reclama mais e melhor participação cidadã. Mas a
                                             população em geral está desinformada, carece de conhecimentos e não está a par dos
                                             acontecimentos. É necessário mudar esta situação para fortalecer o empoderamento
                                             e a governança11 (apud GIRARDI; SCHWAAB, 2008, p. 69).


              Neste sentido, o Jornalismo Ambiental é uma proposta de jornalismo integral, contex-
tualizado, que busca complexificar a pauta. É uma prática atenta às interdependências entre os
seres nos ecossistemas, que propicia a percepção de que o ser humano é uma parte do todo e
que precisa proteger o meio ambiente para não comprometer o acesso aos bens naturais ne-
cessários à existência das gerações vindouras.



10
   BOLDRINI, Ilsi. Biodiversidade nos campos sulinos. 2006. 15f. Disponível em:
<http://pt.calameo.com/read/0000735900386f6ec7413> Acesso em: out. 2010.
11
   Tradução da autora.
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              Para Wilson Bueno, dentre 15 temas para serem acompanhados nas pautas jornalísti-
cas, dentro do “conjunto bastante diversificado de temas” que o Jornalismo Ambiental inclui,
está “as comunidades biológicas (os biomas e sua preservação)”, (apud GIRARDI; SCHWA-
AB, 2008, p. 108). Segundo explica, o Jornalismo Ambiental deve estar sintonizado com a
diversidade e alerta para os interesses das empresas poluidoras que se oferecem para falar
“cientificamente” do seu negócio. Bueno (2007) vê como um desafio das coberturas a supera-
ção do conflito entre o saber ambiental e o sistema fragmentado de produção jornalística:

                                             O saber ambiental tem sido penalizado pelo chamado mosaico informativo que ca-
                                             racteriza a produção midiática, que lhe retira a perspectiva integrada e a sua dimen-
                                             são histórica, contemplando-o a partir de fragmentos de cobertura que descartam o
                                             contexto [...]. Por este motivo, o cidadão [...] tem dificuldade para entender a ampli-
                                             tude e a importância de determinados conceitos, e geralmente vislumbra o meio am-
                                             biente como algo que lhe é externo (BUENO, 2007, p.17-18).



              Como diz Bacchetta (2000, p.18): “A amplitude do jornalismo ambiental se manifesta
na interdependência que deve estabelecer entre os mais diversos campos 12”. Assim, não é pos-
sível o jornalismo apresentar uma notícia que não aborde sequer os contextos indicados pelas
fontes presentes do debate público. Para Nuñez (apud BACCHETTA et al, 2000, p.26), é pre-
ciso mudar o paradigma dominante de produção, que vê na diversidade um empecilho ao seu
negócio. Pois,

                                             A sociedade moderna ocidental generalizou o conceito de que os sistemas de
                                             produção baseados na diversidade são de baixa produtividade. No entanto, a alta
                                             produtividade atribuída aos sistemas uniformes está baseada em uma avaliação
                                             unidimensional dos resultados e exclui outros efeitos. Ao mesmo tempo, ignora as
                                             muitas performances dos sistemas de produção baseados na diversidade 13.


              O paradigma dominante do qual o autor trata acima, está presente no jornalismo e pre-
cisa ser modificado. A notícia de 26 de abril, “Menos um empecilho para as florestadoras”,
afirma que desde a aprovação do ZAS (sem as principais restrições), duas empresas da celulo-
se puderam receber as licenças aguardadas. O que a notícia não explica é que o Zoneamento
Ambiental é um instrumento de orientação para o adequado aproveitamento do território, que
considera a oferta dos bens naturais com justa distribuição entre todos os usuários (desde os
mais antigos ou grandes como a pecuária e a orizicultura, até os “pequenos”, como as propri-



12
     Tradução da autora.
13
     Tradução da autora.
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edades rurais familiares e os habitantes urbanos). Enfim, trata-se de um instrumento para pro-
piciar a aplicação de políticas públicas.

              O Jornalismo Ambiental, segundo Bueno (2007, p.36), pressupõe um olhar “multi e
interdisciplinar, politicamente engajado, planetariamente comprometido”. Na redação da notí-
cia, estes pressupostos vão aparecer ao buscar-se complexificar a pauta, ampliar o leque de
fontes buscando-as em diversos lugares, e não apenas naqueles relacionados às fontes oficiais
ou científicas. A “lattelização” das fontes, de que trata Bueno (Ibidem), é outro extremo ao
qual o jornalista não pode sucumbir. Nas palavras deste autor,

                                             Quando o jornalista ambiental quiser debater o impacto da monocultura de eucalipto
                                             não deve perguntar apenas aos pesquisadores, em particular aqueles financiados pela
                                             Aracruz Celulose ou pela Votorantim (entre outras), mas às populações que vivem
                                             ao redor destes megaprojetos [...], e aos indígenas desalojados pelas grandes empre-
                                             sas de papel e celulose (2007, p.47).


              Para Traquina (2008, p.120), “nem todos os agentes sociais são iguais no seu acesso
aos jornalistas” e “as fontes oficiais são as fontes dominantes na produção de notícias”. Es-
tando ciente desta realidade, o jornalista cidadão precisa se comprometer a ampliar e a diver-
sificar a sua busca pelas informações. Segundo Kovach; Rosenstiel (2004, p.175), dar “voz
para os sem voz”, significa “vigiar os poucos poderosos da sociedade em nome dos muitos na
luta contra a tirania”.

              A inclusão de aspectos do Bioma Pampa nesta reflexão visa demonstrar que esta com-
plexidade também deve ser retratada pelo jornalismo. Pois, ignorar as especificidades de um
território, acarreta perdas desde as referentes à fauna e à flora, até aquelas relacionadas à pai-
sagem, aos hábitos e aos costumes das comunidades.



       4. O Bioma Pampa no clicRBS
              O clicRBS (desde 2000), produz jornalismo on-line e é um canal difusor de todas as
outras mídias do Grupo RBS. É por proporcionar uma maior visibilidade ao trabalho realizado
nas diversas redações e disponibilizar o acesso a qualquer conteúdo através de um buscador,
que se considera o clicRBS uma fonte de acesso a todas as notícias veiculadas sobre o Bioma
Pampa e o ZAS. Rocha (2006, p.182), confirma a função de difusor do clicRBS: “São dispo-
nibilizados no endereço do portal [...] não apenas a versão digitalizada dos jornais impressos,
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como também as outras mídias (rádio e televisão) e ainda as novas ferramentas de web, os
blogs”.
              A observação iniciou-se a partir de uma busca com as palavras-chaves “Bioma Pam-
pa”, no período 200814. O portal clicRBS disponibilizou 14 resultados, tendo sido descartados
12 deles por se situarem após o mês de abril. E, apenas duas notícias foram disponibilizadas
em março de 2008. Assim sendo, não foram encontradas notícias com os termos “Bioma
Pampa” no buscador do portal clicRBS em abril de 2008. Justamente, o mês em que o debate
no espaço público alcançou o seu ponto mais alto - a aprovação do ZAS sem os limites neces-
sários à preservação do Bioma Pampa.

              A partir desta constatação, optou-se por realizar uma busca com as palavras-chaves
“Zoneamento Ambiental da Silvicultura”, no mesmo período, já que as restrições à silvicultu-
ra extraídas para a sua aprovação expunham o Bioma Pampa à degradação. Desta vez, 1515
notícias foram apontadas pelo buscador do clicRBS. A leitura destas proporcionou a identifi-
cação dos temas abordados cujo foco foi o viés econômico, de desenvolvimento para a “Me-
tade Sul” do RS através dos plantios “florestais”, da produção de celulose e da geração de
empregos derivados da silvicultura.

              Através da leitura das notícias constatou-se que não houve a indicação de que a silvi-
cultura estava sendo implantada no Bioma Pampa, ampliando a sua degradação e impactando
a vida das comunidades do entorno das lavouras arbóreas. O jornalismo observado localizou o
investimento na “Metade Sul” do RS, assim como o fizeram as empresas da celulose e o go-
verno do Estado. Entende-se que, ao não se especificar que a silvicultura estava sendo implan-
tada no Pampa, o leitor pode ter sido levado a crer que não haveria impactos além dos positi-
vos amplamente divulgados, como o de geração de empregos e renda. Ao mesmo tempo,
Chomenko (2007) alertava que:

                                             Os cultivos de Eucalyptus spp e Pinus spp em áreas inadequadas poderão conduzir a
                                             graves conflitos, [...], seja pelo uso de recursos escassos, seja pela posse da terra ou
                                             ainda pela própria perda da identidade cultural regional. Inúmeros estudos em vários
                                             países, destacando-se Chile, Argentina, Uruguai, que estão mais próximos da reali-
                                             dade do Rio Grande do Sul, vem demonstrando o alto grau de impactos adversos,
                                             [...], destacando-se que surgem conflitos pela água. Além disso, solos passam a a-
                                             presentar maior acidez, redução na sua fertilidade, incremento de erosão, em função

14
   Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/busca/rs?a=l&t=2008&q=Bioma%20Pampa&p=1&c=-1&k=0&s=0
Acesso em: 13 ago. 2010.
15
   Foram 16 notícias apontadas no resultado desta busca, porém uma delas não foi disponibilizada a partir da
busca pelo clicRBS.
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                                         9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo
                            (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011
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                                             da alteração da estrutura do solo e redução de permeabilidade de água. Surge, tam-
                                             bém, o constante risco de incêndios (CHOMENKO, 2007, p.4-7).

              O excessivo consumo de água do qual depende o desenvolvimento do eucalipto (árvo-
re mais utilizada na silvicultura no RS) devido alta atividade evapo-transpiratória16, por e-
xemplo, permeou os debates no espaço público. Um tema não incluído nos resultados da bus-
ca no clicRBS. Constatou-se também, a referência à silvicultura como se correspondesse à
“floresta”, “reflorestamento”, “bosques”. Pois, de acordo com o Caderno Biodiversidade do
Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais17 (WRM em inglês),

                                             Uma floresta contém numerosas espécies de árvores e de arbustos de todas as ida-
                                             des, além de muitas outras espécies vegetais – no solo e sobre as próprias árvores e
                                             arbustos (trepadeiras, epífitas, parasitas, etc.) - e uma enorme variedade de espécies
                                             de fauna, que nela encontram abrigo, alimentos e possibilidades de reprodução. Ao
                                             contrário, uma plantação compõe-se de uma ou poucas espécies de árvores de rápido
                                             crescimento (geralmente exóticas), plantadas em blocos homogêneos da mesma ida-
                                             de, onde a vegetação local não consegue se desenvolver, e a fauna não encontra ne-
                                             nhum alimento. As florestas estão habitadas por comunidades humanas que delas as-
                                             seguram sua sobrevivência. As plantações não alojam comunidade alguma. Ao con-
                                             trário: as expulsam, privando-as de seus meios de vida (CADERNO 28, 2009, p.2).

              Cabe assinalar-se, por último, o aparecimento da classificação de “Setor Florestal” à-
quele promotor da silvicultura, o que também consiste em um erro. As empresas bem como o
setor que atua no ramo da silvicultura planta árvores exóticas de eucalipto, pinus ou acácia. E,
ainda, utiliza sementes transgênicas.



       5. As fontes jornalísticas e algumas considerações

              A apresentação dos temas nas 15 notícias evidencia (Quadro 1) a ênfase na crítica ao
ZAS. A “demora” dos licenciamentos para os plantios, a divulgação dos investimentos a se-
rem feitos no Estado em bilhões de dólares e a geração de empregos preencheram o espaço.




16
   Conforme estudo feito pela UFRGS em 1972, “A taxa de transpiração de Eucalyptus rostrata varia de 3 a 21
litros por hora durante o ano, colocando-a entre os vegetais com maior transpiração que se conhecia e (2) partin-
do-se de uma média de 10 litros por hora e levando-se em conta as dez principais horas do dia, o autor estimou a
transpiração em 100 litros por dia de 10 horas”. In: BUCKUP, Ludwig. A monocultura com eucaliptos e a
sustentabilidade. Março de 2006. 05f. Disponível em:
http://www.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/ater/artigos-e-
revistas/A_Monocultura_com_Eucaliptos_e_a_Sustentabilidade_.pdf Acesso em: 28 fev. 2011.
17
   Disponível em: http://www.wrm.org.uy/publicaciones/Desmascarando_engodos.pdf Acesso em: 15 ago. 2010.
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                                         9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo
                            (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011
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                          Quadro 1 – Temas abordados nas notícias do clicRBS e frequência
                    O ZAS menos restritivo/ o apoio do governo                                                                                             7
                    A demora na liberação de licenças/ a retomada dos licenciamentos                                                                       16
                    Ameaça ao Bioma Pampa/ não à preservação da biodiversidade                                                                             6
                    Saída econômica à "Metade Sul"                                                                                                         3
                    Dependência do ZAS pelas empresas para realizar plantios e investimentos                                                               7
                    Nenhum risco ao ambiente                                                                                                               2
                    Divulgação dos investimentos em bilhões de U$ e R$                                                                                     9
                    Retomada por parte das empresas aos plantios e de mais investimentos (fábricas)                                                        5
                    Desenvolvimento do RS no setor da silvicultura                                                                                         1
                    Geração de empregos e Produção de celulose                                                                                             10
                    Divulgação das áreas de plantios em ha/ sua localização nos municípios                                                                 7
                    Novos licenciamentos a partir do novo ZAS                                                                                              2
                                                   FONTE: Elaborado pela autora (FANTE, 2011).


              Segundo Girardi et al (2010, p.12), “O Jornalismo Ambiental pressupõe uma prática
que, partindo do tema ecológico, englobe na sua ação os vários matizes nos quais este tema se
desdobra, suas diversas tematizações possíveis, nas quais o jornalismo fala das e deixa falar
as diferentes vozes”. Referente à diversidade de fontes citadas nas notícias do clicRBS (Qua-
dro 2), é preciso esclarecer que, a linha “Outros”, representa as fontes citadas em uma única
notícia (“Pouco impacto na Serra”, 11 abr. 2008). As presenças predominantes foram as fon-
tes do governo estadual, principalmente, a presidente da Fepam Ana Pellini, e de entidades
ligadas à silvicultura com representatividade no Consema, como Roque Justen, da Ageflor.

              Não obstante seja necessário analisar uma amostragem representativa para assegurar-
se da diversidade ou pluralidade de fontes, a observação a ser exposta sugere “uma aparente
polifonia” nas notícias. Segundo Benetti (2010, p.120), “muitos locutores, não significam [..]
muitos enunciadores. Por trás de aparentes polifonias, muitas vezes escondem-se textos em
essência monofônicos”. Ao tentar-se trazer esta idéia de monofonia à observação da presença
das fontes nas notícias do clicRBS, percebeu-se o debate polarizado, entre os “contrários” e os
“favoráveis” à silvicultura, tendo sido estes, os “vencedores” da disputa (com a aprovação do
ZAS menos restritivo). Contudo, esta polarização apenas simplificou o debate no período.
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                                         9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo
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Assim como Dornelles18 (2008, p.129), acredita-se que “se a pauta, as fontes, o foco da entre-
vista não estiverem respaldados em um olhar multi e interdisciplinar, politicamente engajado,
planetariamente comprometido, teremos uma reportagem que falseia os interesses da maioria,
despossuída de poderes políticos e econômicos”. Com isso, além de dar-se conta do debate
social, estar-se-á realizando um jornalismo comprometido com entendimento do leitor sobre
os acontecimentos que, cedo ou tarde, irão repercutir no seu dia a dia.


                   Quadro 2 – Diversidade de fontes nas 15 notícias do clicRBS e frequência
                    Governo estadual (secretário estadual de M.A., secretário estadual em exercício,                                                         7
                    presidente da Fepam [5x], Sema, Fepam, governo do estado, governadora Yeda
                    Crusius)
                    Empresas da celulose (diretor-presidente da Aracruz [2x], outras fontes não espe-                                                        5
                    cificadas da Aracruz, Stora Enso, VCP Celulose, Derflin)
                    Membros de entidades ligadas à silvicultura (Ageflor, Sindimadeira, Fiergs (2x),                                                         6
                    Associação Ecológica Canela-Planalto das Araucárias, Abraflor, Farsul)
                    Membros de entidades ambientalistas (Agapan [Lewgoy e Marques], Núcleo                                                                   3
                    Amigos da Terra/Brasil [2x])
                    Outros (MMA, Jornal Zero Hora, prefeituras dos Campos de Cima da Serra [Bom                                                            12
                    Jesus, Cambará do Sul, Esmeralda, Jaquirana, Monte Alegre dos Campos, Muitos
                    Capões, São Francisco de Paula, São José dos Ausentes e Vacaria], Consema)
                                                   FONTE: Elaborado pela autora (FANTE, 2011).


              As três fontes (conselheiras do Consema) que relacionavam a implantação da silvicul-
tura à preservação do Bioma Pampa foram citadas em cinco notícias. O maior espaço cedido
foi na notícia “Ambientalistas contestam zoneamento da silvicultura no RS”, 14 abr. 2008,
onde Celso Marques (Agapan) diz: “Nos posicionamos contra fazer o zoneamento desrespei-
tando os critérios que foram colocados pelo estudo exaustivo feito pelos técnicos da Fepam.
Estamos destruindo uma possibilidade de o Pampa continuar a ser uma fonte de riqueza, com
um tipo de cultura como a pecuária, que é compatível com a preservação do bioma”. Ainda
sobre este resultado, deve-se assinalar que foi o único onde aparece no corpo da notícia a pre-
ocupação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente com a preservação dos ecossistemas.

              Nas notícias “Zoneamento menos restritivo”, 09 abr. 2008, e “Novas licenças para o
plantio de eucaliptos no RS devem ser liberadas” (publicadas no mesmo dia com diferença de


18
   DORNELLES, Beatriz. O fim da objetividade e da neutralidade no jornalismo cívico e ambiental. Brazi-
lian Journalism Research (Versão em português) – SBPJor. Volume 1. Number 1. Semester 2. 2008. p. 121-131.
SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo
                                         9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo
                            (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011
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04h), se lê a mesma citação do Bioma Pampa através da fonte de maneira indireta no corpo da
notícia: “Do outro lado estão organizações não-governamentais ambientalistas, que querem
um zoneamento menos liberal. O argumento é que essas florestas serão danosas ao Pampa.
Representante da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, Flávio Lewgoy diz
que a entidade tem planos de contestar judicialmente a decisão”. É importante assinalar nesta
transcrição, que o “argumento” atribuído às ONG’s referente ao dano ao Pampa efeito das
“florestas” de eucaliptos, revela um erro de compreensão ou de divulgação, já que os conse-
lheiros ligados ao ambientalismo denominavam de silvicultura ou monocultivos arbóreos a
atividade em debate no período.

              Nas notícias “Zoneamento pode atrair fábricas de celulose para a Metade Sul”, 10 abr.
2008, e “Plantio florestal ganha terreno” (publicadas no mesmo dia com diferença de 02h),
não aparecem as palavras-chaves “Bioma Pampa”. Porém, se lê na citação repetida da conse-
lheira do Consema, Maria da Conceição de Araújo Carrion, pela ONG Núcleo Amigos da
Terra/Brasil, sobre a intenção de recorrer à Justiça contra a aprovação do ZAS sem as princi-
pais restrições, que: “Com a decisão, o governo do Estado abre mão da sua função maior de
preservar a vida, a biodiversidade e o patrimônio genético gaúcho”.

              A observação nas 15 notícias encontradas pelo buscador do clicRBS apontou apenas
um resultado (“Pouco impacto na Serra”, 11 abr. 2008), no qual o Bioma Pampa é citado em
um quadro (fora do corpo da notícia), a partir do “argumento dos ambientalistas”. Lê-se: “A
supressão dos percentuais que limitam a área de plantio facilita o florestamento industrial em
grandes extensões. Isso seria prejudicial ao Pampa, por alterar as características do ecossiste-
ma ao ameaçar a sobrevivência de outras plantas e da fauna, ao consumir muita água e reduzir
espaço para circulação de animais”.

              A partir das observações, foi-se demonstrando que a abordagem jornalística referente
ao Bioma Pampa no período de aprovação do Zoneamento Ambiental da Silvicultura em abril
de 2008 limitou-se a repetir os argumentos das fontes predominantes, àquelas ligadas ao go-
verno estadual, às empresas da celulose e setores ligados à silvicultura. Ao não ceder espaço
equivalente nas notícias aos técnicos, professores, pesquisadores e ambientalistas vinculados
aos órgãos estaduais e federais ambientais, universidades e ao movimento socioambiental,
também presentes no debate público, a abordagem ficou incompleta. Restando ao leitor destas
SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo
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notícias a alienação sobre o risco de desaparecimento do Pampa (bem como dos ecossistemas
dos quais todos dependem) em decorrência da implantação da silvicultura sem o devido rigor.


Referências

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netaria. Temas y desafios del periodismo ambiental. Federación Internacional de Periodistas Ambien-
tales/Fundación Friedrich Ebert. Uruguay: 2000. p. 18-21.
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LAGO, Cláudia; BENETI, Márcia. (Orgs.). Metodologia de pesquisa em jornalismo. 3.ed. Petrópo-
lis, RJ: Vozes, 2010.
BINKOWSKI, Patrícia. Conflitos ambientais e significados sociais em torno da expansão da silvi-
cultura de eucalipto na “Metade Sul” do Rio Grande do Sul. 2009. 212f. Dissertação (Mestrado
em Desenvolvimento Rural) – Curso de Pós-Graduação em Pós-Graduação em Desenvolvimento Ru-
ral da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Ale-
gre, 2009.
BOLDRINI,                  Ilsi.       Biodiversidade                  nos         campos            sulinos.           2006.           15f.        Disponível             em:
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BUCCI, Eugenio. Sobre Ética e Imprensa.São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 245p.
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AB, Reges (org). Jornalismo Ambiental – Desafios e Reflexões. Porto Alegre: Editora Dom Quixote,
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BUCKUP, Ludwig. A monocultura com eucaliptos e a sustentabilidade. Março de 2006. 05f.
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revistas/A_Monocultura_com_Eucaliptos_e_a_Sustentabilidade_.pdf> Acesso em: 28 fev. 2011.
BRACK, Paulo. Os grandes projetos de silvicultura e o choque de indigestão na área ambiental do
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mos?                      Pelotas,                       2008.                      p.                  261-284.                         Disponível                        em:
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CHOMENKO, Luiza. Pampa: um bioma em risco de extinção. In: Revista do Instituto Humanista
Unisinos – IHU-On Line. Edição 247, p.04-07, São Leopoldo, 10 dez. 2007. Disponível em:
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47> Acesso em: 18 jul. 2011.
SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo
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DORNELLES, Beatriz. O fim da objetividade e da neutralidade no jornalismo cívico e ambiental.
Brazilian Journalism Research (Versão em português) – SBPJor. Volume 1. Number 1. Semester 2.
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                            (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::


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1&q=zoneamento+ambiental+da+silvicultura&t=2008&e=c> Acesso em: set. 2009.
PORTAL                DE         INTERNET                   CLICRBS.                Consulta             sobre          o      clicRBS.             Disponível             em:
<http://www.rbs.com.br/quem_somos/index.php?pagina=grupoRBS>                                                                                                                 e
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ROCHA, Paula Jung. Jornalismo em tempos de cibercultura: um estudo do clicRBS. 2006. 284f.
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As fontes jornalísticas e a abordagem do Bioma Pampa na cobertura do ZAS

  • 1. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: As fontes jornalísticas e a abordagem do Bioma Pampa Eliege Maria Fante 1 Resumo: Este artigo reflete sobre a abordagem do Bioma Pampa através da identificação das fontes citadas nas notícias difundidas pelo portal de internet do principal grupo de comunicação do Rio Grande do Sul, o clicRBS. Com a identificação destas fontes no período de aprovação do Zoneamento Ambiental para a Atividade de Silvicultura, em abril de 2008, e a fundamentação do Jornalismo Am- biental, pretende-se que as considerações apresentadas estimulem a complexificação das pautas e a construção de notícias que atendam ao interesse público. Acredita-se que assim o cidadão será incenti- vado a participar mais das decisões que repercutirão, de alguma maneira, no seu presente e no seu futuro. Palavras-chave: jornalismo ambiental; fontes jornalísticas; bioma pampa; silvicultura; clicRBS. 1. Introdução Este artigo se propõe a refletir sobre o jornalismo referente ao Bioma Pampa através da exposição dos temas abordados e da identificação das fontes citadas nas notícias difundidas pelo portal de internet do principal grupo de comunicação do Rio Grande do Sul, o clicRBS. O período observado é o de aprovação do Zoneamento Ambiental para a Atividade de Silvi- cultura no Estado, ZAS, em abril de 2008. Ao pretender-se apontar os aspectos a serem inte- grados no processo de construção das notícias, espera-se contribuir para a formação do Jorna- lismo Ambiental, no qual, “[...] tudo é informação, incluindo o próprio ambiente, o espaço e as diferentes manifestações que ele abriga” (GIRARDI et all, 2010, p.12). A leitura das notícias possibilitou a constatação de que não houve a indicação da subs- tituição do Bioma Pampa devido implantação da Silvicultura. Não obstante esta abordagem 1 Jornalista, mestranda em Comunicação e Informação pela UFRGS. Email: eliege_f@yahoo.com.br.
  • 2. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: tenha sido feita no decorrer das atividades que geraram o debate público 2 através, principal- mente, dos técnicos, professores, pesquisadores e ambientalistas vinculados aos órgãos esta- duais e federais ambientais, universidades e ao movimento socioambiental, o jornalismo ob- servado optou por dar ênfase às declarações do governo estadual, empresas da celulose e seto- res ligados à silvicultura. Portanto, o viés econômico predominou na abordagem jornalística. Os pressupostos do Jornalismo Ambiental serão revisados com Bueno (2007) e Bac- chetta (2008; 2000). As informações disponibilizadas pelos técnicos, professores, pesquisado- res e ambientalistas vinculados aos órgãos estaduais e federais ambientais, universidades e ao movimento socioambiental, dentre os quais se destaca Chomenko (2007), Boldrini (2006) e Teixeira Filho (2008), vão proporcionar a compreensão da complexidade do Bioma Pampa bem como do debate no período. A escolha do clicRBS se justifica por este portal de internet multiplicar as notícias produzidas em todos os outros veículos do Grupo RBS (Rede Brasil Sul de Comunicação), dentre eles: 18 emissoras de televisão aberta; 2 emissoras locais de televisão; uma emissora segmentada focada no agronegócio; 25 emissoras de rádio; 8 jornais diários; 4 portais na In- ternet3. Ainda sobre a imensa abrangência comunicacional, segundo o Instituto Verificador de Circulação, o clicRBS ficou em terceiro lugar no número de visitas em um total de 39 sites auditados, no último trimestre de 2010. Foram registradas, por exemplo, 29.356.514 visitas4 em dezembro do ano passado. 2. O Bioma Pampa no contexto da aprovação do ZAS O Pampa é o bioma5 presente em 63% do RS, caracterizado por campos, e não por flo- restas, predominantes em outros biomas brasileiros, como o Mata Atlântica ou o Amazônico. 2 Reuniões do Conselho Estadual de Meio Ambiente, Consema, suas Câmaras Técnicas, bem como palestras e seminários abertos ao público. 3 Disponível em: <http://www.rbs.com.br/quem_somos/index.php?pagina=grupoRBS http://www.rbs.com.br/midias/index.php?pagina=internet> Acesso em: set. 2009. 4 Visitas. Mede a frequência de acessos. Ver em Glossário rápido. Disponível em: <http://www.auditoriaweb.org.br/websites.asp?ordena=&mes=10&ano=2010> Acesso em: 15 fev. 2011. 5 “[...] conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e iden- tificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria.” Mapa de Biomas do Brasil e Mapa de Vegetação do Brasil pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, em parceria com o Ministério de Meio Ambiente, MMA (2004). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?id_noticia=169>
  • 3. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Por isso também, que uma das principais atividades econômicas dos sul-rio-grandenses ou gaúchos é a pecuária de corte. A diversificação econômica através das políticas dos governos deveria buscar o desenvolvimento de atividades sustentáveis. Porém, com a introdução das monoculturas de grãos para a exportação (comoditties) a partir dos anos 70, passou-se a regis- trar o aceleramento da degradação do Bioma e o comprometimento da fauna e flora campes- tres. Atualmente, 39% de sua área total são constituídas por remanescentes de campos natu- rais. O Pampa encontra-se exposto à degradação provocada pela ação humana também por ter poucas áreas protegidas, apenas 17, ou 3,6% da área total do bioma (PICOLI; VILLANOVA, 2007). O Bioma Pampa compreende uma área de 700 mil Km2, compartilhada entre Argenti- na, Brasil e Uruguai. No Brasil, se estende na metade sul do Rio Grande do Sul, abrangendo 176 mil Km2. A pecuária conta com o apoio de biólogos6 bem como demais estudiosos das características do Pampa, devido à capacidade de através do pasto, manter-se a paisagem da planície. Mas, em 2004 iniciou-se uma nova onda7 de desenvolvimento da silvicultura no Pampa. Para que fosse desenvolvida uma atividade econômica de acordo com a legislação (Código Estadual de Meio Ambiente e Resolução número 084/2004 do Conselho Estadual do Meio Ambiente, Consema), a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Sema, determinou a criação de um regramento da atividade da silvicultura. A realização do documento teve o a- poio de técnicos da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Luís Henrique Roessler, Fe- pam, da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, FZB, e do Departamento de Florestas e Áreas Protegidas, Defap. Acesso em: 06 set. 2010. 6 PILLAR, Valério De Patta. Campos Sulinos - conservação e uso sustentável da biodiversidade. Brasília: MMA, 2009. 403p. Disponível em: <http://ecoqua.ecologia.ufrgs.br/arquivos/Livros/CamposSulinos.pdf> Aces- so em: 06 set. 2010. 7 Nas décadas de 1960 e 1980 houve incentivo dos governos. In: BINKOWSKI, Patrícia. Conflitos ambientais e significados sociais em torno da expansão da silvicultura de eucalipto na “Metade Sul” do Rio Grande do Sul. 2009. 212f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Rural) – Curso de Pós-Graduação em Pós- Graduação em Desenvolvimento Rural da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. p.31.
  • 4. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Enquanto o Zoneamento Ambiental para a Atividade da Silvicultura, ZAS, esteve em construção, foram emitidas apenas autorizações8 para que os plantios fossem realizados em áreas de reformas de plantio ou já de uso agrícola. Contudo, as empresas do setor da celulose e o governo do Estado, pressionavam a Fepam para a liberação das licenças ambientais. Entre abril de 2007 e março de 2008, o ZAS esteve em discussão no Consema, tanto nas reuniões quanto nas suas Câmaras Técnicas. Um consenso estava em construção quanto às restrições à silvicultura para a preservação do Pampa, mas na reunião do Consema de 18 de março, foram retiradas as principais restrições: os índices de vulnerabilidade e de restrição para as unidades de paisagem, além de ter sido desconsiderada a relevância da manutenção dos limites quanto ao tamanho dos maciços e seus espaçamentos (BRACK apud TEIXEIRA FILHO, 2008, p.266). A pressa pela aprovação do ZAS menos restritivo, por parte do governo do Estado e setores ligados à silvicultura, levou à reunião extraordinária do Consema em 9 de abril, a qual deveria ter sido suspensa devido liminar da Justiça apresentada pela Associação Gaúcha de Proteção Ambiental, Agapan. A finalidade era ter 15 dias para ler o relatório da reunião na qual retiraram-se as principais restrições do ZAS. Porém, o secretário estadual de Meio Am- biente e presidente do Consema, Carlos Otaviano Brenner de Moraes, conseguiu já na noite de 9 de abril, a cassação da liminar anterior e realizou a votação do ZAS. A partir deste fato até agosto de 2008, quando a Justiça determinou o retorno do ZAS ao Consema e a retomada do debate público em busca de um consenso quanto às restrições à silvicultura e à preservação do Pampa, licenças ambientais foram concedidas. Portanto, sem terem sido considerados os índices de vulnerabilidade e de restrição para as unidades de pai- sagem, nem os limites quanto ao tamanho dos maciços e seus espaçamentos. É importante destacar-se que a área9 da silvicultura no Estado corresponde a 563,5 mil hectares. E, a meta das empresas da celulose é dobrá-la nos próximos anos, área equivalente à ocupada no Uruguai, onde os efeitos da silvicultura já são conhecidos. Bacchetta (2008, p. 90) 8 MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL/RS. "Termo de Ajustamento de Conduta - MPE x FEPAM/RS, a res- peito dos licenciamentos ambientais da silvicultura". 2006. 05 páginas. Disponível em: <http://pt.calameo.com/read/000073590b1adebd6c3ef> Acesso em: out. 2010. 9 JORNAL CORREIO DO POVO. Reflorestamento ganha espaço. Correio do Povo, Porto Alegre, 13 de agos- to de 2010. Disponível em: <http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/Default.aspx?Ano=115&Numero=317&Caderno=0&Noticia=181 885> Acesso em: 15 ago. 2010.
  • 5. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: ressalta que foram observados processos de salinização e acidificação do solo, indicando per- da de fertilidade. A riqueza da biodiversidade do Bioma Pampa se manifesta através das ca- racterísticas dos solos, da flora e da fauna e, a partir desta, é que os biólogos indicam usos adequados do território. Boldrini (2006) cita a estimativa10 de que há, pelo menos, três mil plantas vasculares, com 450 espécies de gramíneas e 150 de leguminosas, além de 385 aves e 90 mamíferos. À medida que os estudos avançam novas espécies vão sendo catalogadas. E ainda, parte destas espécies é endêmica, ou seja, só ocorrem neste ecossistema. O que torna ainda mais triste a ameaça de extinção das espécies. 3. Jornalismo Ambiental Segundo Bucci (2000, p.165), pode-se destacar entre os “mandamentos” do Jornalis- mo, o “desejo dominante de descobrir a verdade”, “pensar nas consequências do que se publi- ca” e “possuir o impulso de educar”. A ética norteia a prática do jornalista como bem explica o autor. De outra forma, erros são cometidos e multiplicados, comunidades e seus territórios, sofrerão com os impactos de decisões que atendem mais aos interesses “de públicos” do que ao interesse público. Por isso, os pressupostos tomados nesta reflexão para uma prática mais consciente e cidadã pelos profissionais de mídia, vêm do Jornalismo Ambiental. Assim como Gelós, acredita-se que: Se necessita de uma sociedade mais participativa e influente em seu destino. Por es- sa razão de todos os setores se reclama mais e melhor participação cidadã. Mas a população em geral está desinformada, carece de conhecimentos e não está a par dos acontecimentos. É necessário mudar esta situação para fortalecer o empoderamento e a governança11 (apud GIRARDI; SCHWAAB, 2008, p. 69). Neste sentido, o Jornalismo Ambiental é uma proposta de jornalismo integral, contex- tualizado, que busca complexificar a pauta. É uma prática atenta às interdependências entre os seres nos ecossistemas, que propicia a percepção de que o ser humano é uma parte do todo e que precisa proteger o meio ambiente para não comprometer o acesso aos bens naturais ne- cessários à existência das gerações vindouras. 10 BOLDRINI, Ilsi. Biodiversidade nos campos sulinos. 2006. 15f. Disponível em: <http://pt.calameo.com/read/0000735900386f6ec7413> Acesso em: out. 2010. 11 Tradução da autora.
  • 6. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Para Wilson Bueno, dentre 15 temas para serem acompanhados nas pautas jornalísti- cas, dentro do “conjunto bastante diversificado de temas” que o Jornalismo Ambiental inclui, está “as comunidades biológicas (os biomas e sua preservação)”, (apud GIRARDI; SCHWA- AB, 2008, p. 108). Segundo explica, o Jornalismo Ambiental deve estar sintonizado com a diversidade e alerta para os interesses das empresas poluidoras que se oferecem para falar “cientificamente” do seu negócio. Bueno (2007) vê como um desafio das coberturas a supera- ção do conflito entre o saber ambiental e o sistema fragmentado de produção jornalística: O saber ambiental tem sido penalizado pelo chamado mosaico informativo que ca- racteriza a produção midiática, que lhe retira a perspectiva integrada e a sua dimen- são histórica, contemplando-o a partir de fragmentos de cobertura que descartam o contexto [...]. Por este motivo, o cidadão [...] tem dificuldade para entender a ampli- tude e a importância de determinados conceitos, e geralmente vislumbra o meio am- biente como algo que lhe é externo (BUENO, 2007, p.17-18). Como diz Bacchetta (2000, p.18): “A amplitude do jornalismo ambiental se manifesta na interdependência que deve estabelecer entre os mais diversos campos 12”. Assim, não é pos- sível o jornalismo apresentar uma notícia que não aborde sequer os contextos indicados pelas fontes presentes do debate público. Para Nuñez (apud BACCHETTA et al, 2000, p.26), é pre- ciso mudar o paradigma dominante de produção, que vê na diversidade um empecilho ao seu negócio. Pois, A sociedade moderna ocidental generalizou o conceito de que os sistemas de produção baseados na diversidade são de baixa produtividade. No entanto, a alta produtividade atribuída aos sistemas uniformes está baseada em uma avaliação unidimensional dos resultados e exclui outros efeitos. Ao mesmo tempo, ignora as muitas performances dos sistemas de produção baseados na diversidade 13. O paradigma dominante do qual o autor trata acima, está presente no jornalismo e pre- cisa ser modificado. A notícia de 26 de abril, “Menos um empecilho para as florestadoras”, afirma que desde a aprovação do ZAS (sem as principais restrições), duas empresas da celulo- se puderam receber as licenças aguardadas. O que a notícia não explica é que o Zoneamento Ambiental é um instrumento de orientação para o adequado aproveitamento do território, que considera a oferta dos bens naturais com justa distribuição entre todos os usuários (desde os mais antigos ou grandes como a pecuária e a orizicultura, até os “pequenos”, como as propri- 12 Tradução da autora. 13 Tradução da autora.
  • 7. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: edades rurais familiares e os habitantes urbanos). Enfim, trata-se de um instrumento para pro- piciar a aplicação de políticas públicas. O Jornalismo Ambiental, segundo Bueno (2007, p.36), pressupõe um olhar “multi e interdisciplinar, politicamente engajado, planetariamente comprometido”. Na redação da notí- cia, estes pressupostos vão aparecer ao buscar-se complexificar a pauta, ampliar o leque de fontes buscando-as em diversos lugares, e não apenas naqueles relacionados às fontes oficiais ou científicas. A “lattelização” das fontes, de que trata Bueno (Ibidem), é outro extremo ao qual o jornalista não pode sucumbir. Nas palavras deste autor, Quando o jornalista ambiental quiser debater o impacto da monocultura de eucalipto não deve perguntar apenas aos pesquisadores, em particular aqueles financiados pela Aracruz Celulose ou pela Votorantim (entre outras), mas às populações que vivem ao redor destes megaprojetos [...], e aos indígenas desalojados pelas grandes empre- sas de papel e celulose (2007, p.47). Para Traquina (2008, p.120), “nem todos os agentes sociais são iguais no seu acesso aos jornalistas” e “as fontes oficiais são as fontes dominantes na produção de notícias”. Es- tando ciente desta realidade, o jornalista cidadão precisa se comprometer a ampliar e a diver- sificar a sua busca pelas informações. Segundo Kovach; Rosenstiel (2004, p.175), dar “voz para os sem voz”, significa “vigiar os poucos poderosos da sociedade em nome dos muitos na luta contra a tirania”. A inclusão de aspectos do Bioma Pampa nesta reflexão visa demonstrar que esta com- plexidade também deve ser retratada pelo jornalismo. Pois, ignorar as especificidades de um território, acarreta perdas desde as referentes à fauna e à flora, até aquelas relacionadas à pai- sagem, aos hábitos e aos costumes das comunidades. 4. O Bioma Pampa no clicRBS O clicRBS (desde 2000), produz jornalismo on-line e é um canal difusor de todas as outras mídias do Grupo RBS. É por proporcionar uma maior visibilidade ao trabalho realizado nas diversas redações e disponibilizar o acesso a qualquer conteúdo através de um buscador, que se considera o clicRBS uma fonte de acesso a todas as notícias veiculadas sobre o Bioma Pampa e o ZAS. Rocha (2006, p.182), confirma a função de difusor do clicRBS: “São dispo- nibilizados no endereço do portal [...] não apenas a versão digitalizada dos jornais impressos,
  • 8. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: como também as outras mídias (rádio e televisão) e ainda as novas ferramentas de web, os blogs”. A observação iniciou-se a partir de uma busca com as palavras-chaves “Bioma Pam- pa”, no período 200814. O portal clicRBS disponibilizou 14 resultados, tendo sido descartados 12 deles por se situarem após o mês de abril. E, apenas duas notícias foram disponibilizadas em março de 2008. Assim sendo, não foram encontradas notícias com os termos “Bioma Pampa” no buscador do portal clicRBS em abril de 2008. Justamente, o mês em que o debate no espaço público alcançou o seu ponto mais alto - a aprovação do ZAS sem os limites neces- sários à preservação do Bioma Pampa. A partir desta constatação, optou-se por realizar uma busca com as palavras-chaves “Zoneamento Ambiental da Silvicultura”, no mesmo período, já que as restrições à silvicultu- ra extraídas para a sua aprovação expunham o Bioma Pampa à degradação. Desta vez, 1515 notícias foram apontadas pelo buscador do clicRBS. A leitura destas proporcionou a identifi- cação dos temas abordados cujo foco foi o viés econômico, de desenvolvimento para a “Me- tade Sul” do RS através dos plantios “florestais”, da produção de celulose e da geração de empregos derivados da silvicultura. Através da leitura das notícias constatou-se que não houve a indicação de que a silvi- cultura estava sendo implantada no Bioma Pampa, ampliando a sua degradação e impactando a vida das comunidades do entorno das lavouras arbóreas. O jornalismo observado localizou o investimento na “Metade Sul” do RS, assim como o fizeram as empresas da celulose e o go- verno do Estado. Entende-se que, ao não se especificar que a silvicultura estava sendo implan- tada no Pampa, o leitor pode ter sido levado a crer que não haveria impactos além dos positi- vos amplamente divulgados, como o de geração de empregos e renda. Ao mesmo tempo, Chomenko (2007) alertava que: Os cultivos de Eucalyptus spp e Pinus spp em áreas inadequadas poderão conduzir a graves conflitos, [...], seja pelo uso de recursos escassos, seja pela posse da terra ou ainda pela própria perda da identidade cultural regional. Inúmeros estudos em vários países, destacando-se Chile, Argentina, Uruguai, que estão mais próximos da reali- dade do Rio Grande do Sul, vem demonstrando o alto grau de impactos adversos, [...], destacando-se que surgem conflitos pela água. Além disso, solos passam a a- presentar maior acidez, redução na sua fertilidade, incremento de erosão, em função 14 Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/busca/rs?a=l&t=2008&q=Bioma%20Pampa&p=1&c=-1&k=0&s=0 Acesso em: 13 ago. 2010. 15 Foram 16 notícias apontadas no resultado desta busca, porém uma delas não foi disponibilizada a partir da busca pelo clicRBS.
  • 9. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: da alteração da estrutura do solo e redução de permeabilidade de água. Surge, tam- bém, o constante risco de incêndios (CHOMENKO, 2007, p.4-7). O excessivo consumo de água do qual depende o desenvolvimento do eucalipto (árvo- re mais utilizada na silvicultura no RS) devido alta atividade evapo-transpiratória16, por e- xemplo, permeou os debates no espaço público. Um tema não incluído nos resultados da bus- ca no clicRBS. Constatou-se também, a referência à silvicultura como se correspondesse à “floresta”, “reflorestamento”, “bosques”. Pois, de acordo com o Caderno Biodiversidade do Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais17 (WRM em inglês), Uma floresta contém numerosas espécies de árvores e de arbustos de todas as ida- des, além de muitas outras espécies vegetais – no solo e sobre as próprias árvores e arbustos (trepadeiras, epífitas, parasitas, etc.) - e uma enorme variedade de espécies de fauna, que nela encontram abrigo, alimentos e possibilidades de reprodução. Ao contrário, uma plantação compõe-se de uma ou poucas espécies de árvores de rápido crescimento (geralmente exóticas), plantadas em blocos homogêneos da mesma ida- de, onde a vegetação local não consegue se desenvolver, e a fauna não encontra ne- nhum alimento. As florestas estão habitadas por comunidades humanas que delas as- seguram sua sobrevivência. As plantações não alojam comunidade alguma. Ao con- trário: as expulsam, privando-as de seus meios de vida (CADERNO 28, 2009, p.2). Cabe assinalar-se, por último, o aparecimento da classificação de “Setor Florestal” à- quele promotor da silvicultura, o que também consiste em um erro. As empresas bem como o setor que atua no ramo da silvicultura planta árvores exóticas de eucalipto, pinus ou acácia. E, ainda, utiliza sementes transgênicas. 5. As fontes jornalísticas e algumas considerações A apresentação dos temas nas 15 notícias evidencia (Quadro 1) a ênfase na crítica ao ZAS. A “demora” dos licenciamentos para os plantios, a divulgação dos investimentos a se- rem feitos no Estado em bilhões de dólares e a geração de empregos preencheram o espaço. 16 Conforme estudo feito pela UFRGS em 1972, “A taxa de transpiração de Eucalyptus rostrata varia de 3 a 21 litros por hora durante o ano, colocando-a entre os vegetais com maior transpiração que se conhecia e (2) partin- do-se de uma média de 10 litros por hora e levando-se em conta as dez principais horas do dia, o autor estimou a transpiração em 100 litros por dia de 10 horas”. In: BUCKUP, Ludwig. A monocultura com eucaliptos e a sustentabilidade. Março de 2006. 05f. Disponível em: http://www.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/ater/artigos-e- revistas/A_Monocultura_com_Eucaliptos_e_a_Sustentabilidade_.pdf Acesso em: 28 fev. 2011. 17 Disponível em: http://www.wrm.org.uy/publicaciones/Desmascarando_engodos.pdf Acesso em: 15 ago. 2010.
  • 10. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Quadro 1 – Temas abordados nas notícias do clicRBS e frequência O ZAS menos restritivo/ o apoio do governo 7 A demora na liberação de licenças/ a retomada dos licenciamentos 16 Ameaça ao Bioma Pampa/ não à preservação da biodiversidade 6 Saída econômica à "Metade Sul" 3 Dependência do ZAS pelas empresas para realizar plantios e investimentos 7 Nenhum risco ao ambiente 2 Divulgação dos investimentos em bilhões de U$ e R$ 9 Retomada por parte das empresas aos plantios e de mais investimentos (fábricas) 5 Desenvolvimento do RS no setor da silvicultura 1 Geração de empregos e Produção de celulose 10 Divulgação das áreas de plantios em ha/ sua localização nos municípios 7 Novos licenciamentos a partir do novo ZAS 2 FONTE: Elaborado pela autora (FANTE, 2011). Segundo Girardi et al (2010, p.12), “O Jornalismo Ambiental pressupõe uma prática que, partindo do tema ecológico, englobe na sua ação os vários matizes nos quais este tema se desdobra, suas diversas tematizações possíveis, nas quais o jornalismo fala das e deixa falar as diferentes vozes”. Referente à diversidade de fontes citadas nas notícias do clicRBS (Qua- dro 2), é preciso esclarecer que, a linha “Outros”, representa as fontes citadas em uma única notícia (“Pouco impacto na Serra”, 11 abr. 2008). As presenças predominantes foram as fon- tes do governo estadual, principalmente, a presidente da Fepam Ana Pellini, e de entidades ligadas à silvicultura com representatividade no Consema, como Roque Justen, da Ageflor. Não obstante seja necessário analisar uma amostragem representativa para assegurar- se da diversidade ou pluralidade de fontes, a observação a ser exposta sugere “uma aparente polifonia” nas notícias. Segundo Benetti (2010, p.120), “muitos locutores, não significam [..] muitos enunciadores. Por trás de aparentes polifonias, muitas vezes escondem-se textos em essência monofônicos”. Ao tentar-se trazer esta idéia de monofonia à observação da presença das fontes nas notícias do clicRBS, percebeu-se o debate polarizado, entre os “contrários” e os “favoráveis” à silvicultura, tendo sido estes, os “vencedores” da disputa (com a aprovação do ZAS menos restritivo). Contudo, esta polarização apenas simplificou o debate no período.
  • 11. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Assim como Dornelles18 (2008, p.129), acredita-se que “se a pauta, as fontes, o foco da entre- vista não estiverem respaldados em um olhar multi e interdisciplinar, politicamente engajado, planetariamente comprometido, teremos uma reportagem que falseia os interesses da maioria, despossuída de poderes políticos e econômicos”. Com isso, além de dar-se conta do debate social, estar-se-á realizando um jornalismo comprometido com entendimento do leitor sobre os acontecimentos que, cedo ou tarde, irão repercutir no seu dia a dia. Quadro 2 – Diversidade de fontes nas 15 notícias do clicRBS e frequência Governo estadual (secretário estadual de M.A., secretário estadual em exercício, 7 presidente da Fepam [5x], Sema, Fepam, governo do estado, governadora Yeda Crusius) Empresas da celulose (diretor-presidente da Aracruz [2x], outras fontes não espe- 5 cificadas da Aracruz, Stora Enso, VCP Celulose, Derflin) Membros de entidades ligadas à silvicultura (Ageflor, Sindimadeira, Fiergs (2x), 6 Associação Ecológica Canela-Planalto das Araucárias, Abraflor, Farsul) Membros de entidades ambientalistas (Agapan [Lewgoy e Marques], Núcleo 3 Amigos da Terra/Brasil [2x]) Outros (MMA, Jornal Zero Hora, prefeituras dos Campos de Cima da Serra [Bom 12 Jesus, Cambará do Sul, Esmeralda, Jaquirana, Monte Alegre dos Campos, Muitos Capões, São Francisco de Paula, São José dos Ausentes e Vacaria], Consema) FONTE: Elaborado pela autora (FANTE, 2011). As três fontes (conselheiras do Consema) que relacionavam a implantação da silvicul- tura à preservação do Bioma Pampa foram citadas em cinco notícias. O maior espaço cedido foi na notícia “Ambientalistas contestam zoneamento da silvicultura no RS”, 14 abr. 2008, onde Celso Marques (Agapan) diz: “Nos posicionamos contra fazer o zoneamento desrespei- tando os critérios que foram colocados pelo estudo exaustivo feito pelos técnicos da Fepam. Estamos destruindo uma possibilidade de o Pampa continuar a ser uma fonte de riqueza, com um tipo de cultura como a pecuária, que é compatível com a preservação do bioma”. Ainda sobre este resultado, deve-se assinalar que foi o único onde aparece no corpo da notícia a pre- ocupação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente com a preservação dos ecossistemas. Nas notícias “Zoneamento menos restritivo”, 09 abr. 2008, e “Novas licenças para o plantio de eucaliptos no RS devem ser liberadas” (publicadas no mesmo dia com diferença de 18 DORNELLES, Beatriz. O fim da objetividade e da neutralidade no jornalismo cívico e ambiental. Brazi- lian Journalism Research (Versão em português) – SBPJor. Volume 1. Number 1. Semester 2. 2008. p. 121-131.
  • 12. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: 04h), se lê a mesma citação do Bioma Pampa através da fonte de maneira indireta no corpo da notícia: “Do outro lado estão organizações não-governamentais ambientalistas, que querem um zoneamento menos liberal. O argumento é que essas florestas serão danosas ao Pampa. Representante da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, Flávio Lewgoy diz que a entidade tem planos de contestar judicialmente a decisão”. É importante assinalar nesta transcrição, que o “argumento” atribuído às ONG’s referente ao dano ao Pampa efeito das “florestas” de eucaliptos, revela um erro de compreensão ou de divulgação, já que os conse- lheiros ligados ao ambientalismo denominavam de silvicultura ou monocultivos arbóreos a atividade em debate no período. Nas notícias “Zoneamento pode atrair fábricas de celulose para a Metade Sul”, 10 abr. 2008, e “Plantio florestal ganha terreno” (publicadas no mesmo dia com diferença de 02h), não aparecem as palavras-chaves “Bioma Pampa”. Porém, se lê na citação repetida da conse- lheira do Consema, Maria da Conceição de Araújo Carrion, pela ONG Núcleo Amigos da Terra/Brasil, sobre a intenção de recorrer à Justiça contra a aprovação do ZAS sem as princi- pais restrições, que: “Com a decisão, o governo do Estado abre mão da sua função maior de preservar a vida, a biodiversidade e o patrimônio genético gaúcho”. A observação nas 15 notícias encontradas pelo buscador do clicRBS apontou apenas um resultado (“Pouco impacto na Serra”, 11 abr. 2008), no qual o Bioma Pampa é citado em um quadro (fora do corpo da notícia), a partir do “argumento dos ambientalistas”. Lê-se: “A supressão dos percentuais que limitam a área de plantio facilita o florestamento industrial em grandes extensões. Isso seria prejudicial ao Pampa, por alterar as características do ecossiste- ma ao ameaçar a sobrevivência de outras plantas e da fauna, ao consumir muita água e reduzir espaço para circulação de animais”. A partir das observações, foi-se demonstrando que a abordagem jornalística referente ao Bioma Pampa no período de aprovação do Zoneamento Ambiental da Silvicultura em abril de 2008 limitou-se a repetir os argumentos das fontes predominantes, àquelas ligadas ao go- verno estadual, às empresas da celulose e setores ligados à silvicultura. Ao não ceder espaço equivalente nas notícias aos técnicos, professores, pesquisadores e ambientalistas vinculados aos órgãos estaduais e federais ambientais, universidades e ao movimento socioambiental, também presentes no debate público, a abordagem ficou incompleta. Restando ao leitor destas
  • 13. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: notícias a alienação sobre o risco de desaparecimento do Pampa (bem como dos ecossistemas dos quais todos dependem) em decorrência da implantação da silvicultura sem o devido rigor. Referências BACCHETTA, Victor. El periodismo ambiental. In: BACCHETTA, Víctor (Org.). Ciudadanía Pla- netaria. Temas y desafios del periodismo ambiental. Federación Internacional de Periodistas Ambien- tales/Fundación Friedrich Ebert. Uruguay: 2000. p. 18-21. ______.El fraude de La celulosa. Montevideo, UY: Doble Editoras, set. 2008. 224p. LAGO, Cláudia; BENETI, Márcia. (Orgs.). Metodologia de pesquisa em jornalismo. 3.ed. Petrópo- lis, RJ: Vozes, 2010. BINKOWSKI, Patrícia. Conflitos ambientais e significados sociais em torno da expansão da silvi- cultura de eucalipto na “Metade Sul” do Rio Grande do Sul. 2009. 212f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Rural) – Curso de Pós-Graduação em Pós-Graduação em Desenvolvimento Ru- ral da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Ale- gre, 2009. BOLDRINI, Ilsi. Biodiversidade nos campos sulinos. 2006. 15f. Disponível em: <http://pt.calameo.com/read/0000735900386f6ec7413> Acesso em: out. 2010. BUCCI, Eugenio. Sobre Ética e Imprensa.São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 245p. BUENO, Wilson da Costa. Comunicação, Jornalismo e Meio Ambiente – Teoria e Prática. São Pau- lo: Majoara Editorial, 2007. ______, Wilson. Jornalismo ambiental: explorando além do conceito. In: GIRARDI, Ilza; SCHWA- AB, Reges (org). Jornalismo Ambiental – Desafios e Reflexões. Porto Alegre: Editora Dom Quixote, 2008. BUCKUP, Ludwig. A monocultura com eucaliptos e a sustentabilidade. Março de 2006. 05f. Disponível em: <http://www.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/ater/artigos-e- revistas/A_Monocultura_com_Eucaliptos_e_a_Sustentabilidade_.pdf> Acesso em: 28 fev. 2011. BRACK, Paulo. Os grandes projetos de silvicultura e o choque de indigestão na área ambiental do estado do RS. In: TEIXEIRA FILHO, Althen (Org.) Eucaliptais – Qual Rio Grande do Sul deseja- mos? Pelotas, 2008. p. 261-284. Disponível em: <http://www.natbrasil.org.br/Docs/monoculturas/eucalipitais.pdf> Acesso em: 06 set. 2010. CHOMENKO, Luiza. Pampa: um bioma em risco de extinção. In: Revista do Instituto Humanista Unisinos – IHU-On Line. Edição 247, p.04-07, São Leopoldo, 10 dez. 2007. Disponível em: <http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1556&secao=2 47> Acesso em: 18 jul. 2011.
  • 14. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: DORNELLES, Beatriz. O fim da objetividade e da neutralidade no jornalismo cívico e ambiental. Brazilian Journalism Research (Versão em português) – SBPJor. Volume 1. Number 1. Semester 2. 2008. p. 121-131. FUNDAÇÃO ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL HENRIQUE LUIZ ROESSLER – FE- PAM. Silvicultura. Disponível em: <http://www.fepam.rs.gov.br/integrador_silvicultura/SIS_Logon.asp> Acesso em: 29 jun. 2011. GELÓS, Hernán. Periodismo Ambiental: eje comunicacional del siglo XXI. In: GIRARDI, Ilza; SCHWAAB, Reges (org). Jornalismo Ambiental – Desafios e Reflexões. Porto Alegre: Editora Dom Quixote, 2008. GIRARDI, I. M. T. et al. Jornalismo Ambiental: caminhos e descaminhos. In: 8º Encontro da Associa- ção Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo, 2010, São Luiz. 8º Encontro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo: Desafios da pesquisa em jornalismo - interdisciplinaridade e trans- disciplinaridade, 2010. IBGE. Mapa de Biomas do Brasil. 2004. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?id_noticia=169> Acesso em: 06 set. 2010. INSTITUTO VERIFICADOR DE CIRCULAÇÃO – IVC. Disponível em: <http://www.auditoriaweb.org.br/websites.asp?ordena=&mes=10&ano=2010> Acesso em: 15 fev. 2011. JORNAL CORREIO DO POVO. Reflorestamento ganha espaço. Correio do Povo, Porto Alegre, 13 de agosto de 2010. Disponível em: <http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/Default.aspx?Ano=115&Numero=317&Caderno=0&No ticia=181885> Acesso em: 15 ago. 2010. KOVACH; Bill; ROSENSTIEL, Tom. Os elementos do jornalismo. Tradução de Wladir Dupont. 2ª. edição. São Paulo: Geração Editorial, 2004. 302p. MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL/RS. "Termo de Ajustamento de Conduta - MPE x FE- PAM/RS, a respeito dos licenciamentos ambientais da silvicultura". 2006. 05 páginas. Disponível em: <http://pt.calameo.com/read/000073590b1adebd6c3ef> Acesso em: out. 2010. NÜÑEZ, Raquel. Ser Humano – Naturaleza. In: BACCHETTA, Victor (Org.). Ciudadanía Planeta- ria. Temas y desafios del periodismo ambiental. Federación Internacional de Periodistas Ambienta- les/Fundación Friedrich Ebert. Uruguay: 2000. p. 24-30. PICOLI, Luciana; VILLANOVA, Carla. O Pampa em disputa. A biodiversidade ameaçada pela ex- pansão das monoculturas de árvores. Publicação do Núcleo Amigos da Terra/Brasil e Federação Inter- nacional dos Amigos da Terra, jul.2007. PORTAL DE INTERNET CLICRBS. Consulta sobre o “Bioma Pampa” período 2008. Disponível em: <http://www.clicrbs.com.br/busca/rs?a=l&t=2008&q=Bioma%20Pampa&p=1&c=-1&k=0&s=0> Acesso em: 13 ago. 2010.
  • 15. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: PORTAL DE INTERNET CLICRBS. Consulta sobre o “Zoneamento Ambiental da Silvicultura” pe- ríodo 2008. Disponível em: <http://www.clicrbs.com.br/busca/rs?c=-1&cx=partner-pub- 2809266142650922%3Awit236-rr52&cof=FORID%3A10&ie=iso-8859- 1&q=zoneamento+ambiental+da+silvicultura&t=2008&e=c> Acesso em: set. 2009. PORTAL DE INTERNET CLICRBS. Consulta sobre o clicRBS. Disponível em: <http://www.rbs.com.br/quem_somos/index.php?pagina=grupoRBS> e <http://www.rbs.com.br/midias/index.php?pagina=internet> Acesso em: set. 2009. REVISTA DO INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS – IHU On Line. Pampa: um bioma em risco de extinção. Edição 247. p.04-07. São Leopoldo, 10 dez. 2007. Disponível em: <http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1556&secao=2 47> Acesso em: 19 jul. 2011. ROCHA, Paula Jung. Jornalismo em tempos de cibercultura: um estudo do clicRBS. 2006. 284f. Tese de Doutorado em Comunicação Social na PUCRS. Disponível em: <http://tede.pucrs.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=451> Acesso em: 19 jan. 2011. TEIXEIRA FILHO, Althen (Org.) Eucaliptais – Qual Rio Grande do Sul desejamos? Pelotas, RS: 2008. Disponível em < http://www.natbrasil.org.br/Docs/monoculturas/eucalipitais.pdf> Acesso em 06 set. 2010. TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo. Vol.II. A tribo jornalística – uma comunidade interpre- tativa transnacional. Florianópolis; Insular, 2ª. ed., 2008. 216p. WRM. Desmascarando alguns engodos sobre os monocultivos de árvores. Caderno 28 da WRM, julho de 2009. Disponível em: <http://www.wrm.org.uy/publicaciones/Desmascarando_engodos.pdf> Acesso em: 15 ago. 2010.