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O Embrião

EUA, meados de 1962.

Dezessete anos após a reunião, num laboratório de pesquisas
avançadas, vamos encontrar Licklider totalmente
transtornado discutindo com outros pesquisadores.

- Temos de correr contra o tempo, isto já deveria estar
pronto, não podemos falhar, tudo depende desta criação.

O projeto que participava era aparentemente de
extrema importância, ao mesmo tempo em que era ultra-
secreto. Pela proteção militar em volta do instituto e pela
infra-estrutura do local, era de se perceber que quem ali
estava, não sai para nada deixando de lado toda sua vida para
quem sabe entrar na história.

- Mas Doutor estamos fazendo tudo como o Senhor
recomendou, mas alguns dados não batem, já era para estar
em funcionamento.

- Deixe me ver esses números!

Quando Licklider passa os olhos sobre o relatório
apresentado por uma das melhores pesquisadoras, percebe
que um dado estava faltando. E rapidamente tenta disfarçar a
surpresa para não perder sua autoridade.
- Minha querida Loren, acho que para solução desta
situação eu vou precisar de um cigarro. Com licença.

Licklider vai em direção a seu quarto, quando entra diz uma
senha para que as câmeras sejam desligadas. Começa a
desfazer sua cama com um cuidado para que o barulho de
seus movimentos não sejam ouvidos, e em um
compartimento escondido em seu colchão vemos uma
daquelas pastas azuis mencionadas na reunião.

Rapidamente Licklider busca uma determinada página e
compara com os números do relatório de Loren e solta um
suspiro de conforto, com um ar de quem encontrou a
resposta.

No laboratório, Loren demonstra um ar pensativo, se
questiona se todas as coordenadas foram seguidas
corretamente e passa a imaginar o propósito de tudo aquilo, e
se seu trabalho traria algum beneficio mesmo para
humanidade, mas é interrompida em seu devaneio por
Licklider que volta ao laboratório ofegante e gritando.

- Encontrei a resposta, precisamos criar um algoritmo
urgente para chegar neste resultado.

Naquele laboratório se reunia as melhores cabeças que uma
universidade pode formar, cada um tinha conhecimento de
uma parte do projeto e não tinham a nítida idéia pelo qual
estavam trabalhando, mas o conforto proporcionava a
suas famílias e o discurso que os faziam crer que deixariam
seu nome na história, pouco questionavam, a não ser Loren
que tinha um pouco mais de informação sobre o objetivo.
Em poucos minutos o algoritmo foi criado, ao ser adicionado
as grandes máquinas, uma mensagem surgiu na tela. “Hello
World”, e as lágrimas de Licklider começaram a descer.

- Não acredito! Conseguimos.

O alvoroço foi geral, pessoas se abraçando e jogando papeis
para o alto. Todo aquele esforço e entrega finalmente havia
alcançado algum lugar, todos teriam suas vidas de volta além
da recompensa pela construção de algo genial.
Licklider pede a palavra.

- Meus caros, vocês não tem idéia do que acabaram de
criar, mas garanto que isso vai fazer parte de suas vidas e
de todos os seus descendentes.

Empolgado continua o discurso:

-Esta mensagem que vemos na tela representa um olá do
novo mundo, e uma revolução de como toda humanidade irá
se comunicar. Tenham em mente que isto é só um embrião,
mas nossa missão esta cumprida. Contemplem a nossa tão
sonhada ARPANET.

Passado todo alvoroço, só duas pessoas ainda permaneciam
no laboratório principal. Loren anotava suas ultimas
considerações e Licklider foi em sua direção com um convite
no mínimo estranho.
- Loren, não sei como lhe pedir isto, mas preciso que você
me acompanhe ao meu quarto.
Imediatamente o rosto da nossa querida pesquisadora fica
corado, com uma expressão de desconforto e timidez.

- Doutor, me desculpe se em algum momento eu passei a
impressão errada.

- Calma minha querida, quem deve pedir desculpas sou eu,
não é nada disto que você está pensando. Você é linda e
enche os olhos de qualquer homem, mas sou casado com
a ciência a quem devo toda minha fidelidade. Preciso
compartilhar algo contigo e só pode ser feito em meu
quarto.

Loren solta um suspiro e abre um sorriso.

- Poxa Doutor eu estava só fazendo charme, o senhor tinha
que insistir poxa vida.

Gargalhando os dois se dirigem ao quarto de Licklider, que
ao entrar já vai logo dizendo a senha. Novamente pega a
pasta azul e com seu isqueiro queima algumas páginas.

- Minha querida estas páginas já não são mais necessárias,
agora o restante deve ser protegido por você como o bem
mais precioso deste planeta. Aqui estão algumas instruções
para que você compreenda o que criamos e tenha condição
de auxiliar na continuidade de tudo isso. Seu destino para
chegar a este momento foi cuidadosamente traçado, e
mesmo com suas dúvidas você já sabe o que deve criar. Eu
fiz a minha parte, mas você ainda vai escrever mais uma vez
seu nome na história.

Loren pega a pasta, mas permanece calada, sai da sala sem
entender o que acabou de se passar. Mas curiosa como
sempre foi, no corredor mesmo abre a primeira página da
pasta e lê em voz alta.

-Procure Tomlinson e o ajude a criar a Internet.

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  • 1. O Embrião EUA, meados de 1962. Dezessete anos após a reunião, num laboratório de pesquisas avançadas, vamos encontrar Licklider totalmente transtornado discutindo com outros pesquisadores. - Temos de correr contra o tempo, isto já deveria estar pronto, não podemos falhar, tudo depende desta criação. O projeto que participava era aparentemente de extrema importância, ao mesmo tempo em que era ultra- secreto. Pela proteção militar em volta do instituto e pela infra-estrutura do local, era de se perceber que quem ali estava, não sai para nada deixando de lado toda sua vida para quem sabe entrar na história. - Mas Doutor estamos fazendo tudo como o Senhor recomendou, mas alguns dados não batem, já era para estar em funcionamento. - Deixe me ver esses números! Quando Licklider passa os olhos sobre o relatório apresentado por uma das melhores pesquisadoras, percebe que um dado estava faltando. E rapidamente tenta disfarçar a surpresa para não perder sua autoridade.
  • 2. - Minha querida Loren, acho que para solução desta situação eu vou precisar de um cigarro. Com licença. Licklider vai em direção a seu quarto, quando entra diz uma senha para que as câmeras sejam desligadas. Começa a desfazer sua cama com um cuidado para que o barulho de seus movimentos não sejam ouvidos, e em um compartimento escondido em seu colchão vemos uma daquelas pastas azuis mencionadas na reunião. Rapidamente Licklider busca uma determinada página e compara com os números do relatório de Loren e solta um suspiro de conforto, com um ar de quem encontrou a resposta. No laboratório, Loren demonstra um ar pensativo, se questiona se todas as coordenadas foram seguidas corretamente e passa a imaginar o propósito de tudo aquilo, e se seu trabalho traria algum beneficio mesmo para humanidade, mas é interrompida em seu devaneio por Licklider que volta ao laboratório ofegante e gritando. - Encontrei a resposta, precisamos criar um algoritmo urgente para chegar neste resultado. Naquele laboratório se reunia as melhores cabeças que uma universidade pode formar, cada um tinha conhecimento de uma parte do projeto e não tinham a nítida idéia pelo qual estavam trabalhando, mas o conforto proporcionava a suas famílias e o discurso que os faziam crer que deixariam
  • 3. seu nome na história, pouco questionavam, a não ser Loren que tinha um pouco mais de informação sobre o objetivo. Em poucos minutos o algoritmo foi criado, ao ser adicionado as grandes máquinas, uma mensagem surgiu na tela. “Hello World”, e as lágrimas de Licklider começaram a descer. - Não acredito! Conseguimos. O alvoroço foi geral, pessoas se abraçando e jogando papeis para o alto. Todo aquele esforço e entrega finalmente havia alcançado algum lugar, todos teriam suas vidas de volta além da recompensa pela construção de algo genial. Licklider pede a palavra. - Meus caros, vocês não tem idéia do que acabaram de criar, mas garanto que isso vai fazer parte de suas vidas e de todos os seus descendentes. Empolgado continua o discurso: -Esta mensagem que vemos na tela representa um olá do novo mundo, e uma revolução de como toda humanidade irá se comunicar. Tenham em mente que isto é só um embrião, mas nossa missão esta cumprida. Contemplem a nossa tão sonhada ARPANET. Passado todo alvoroço, só duas pessoas ainda permaneciam no laboratório principal. Loren anotava suas ultimas considerações e Licklider foi em sua direção com um convite no mínimo estranho.
  • 4. - Loren, não sei como lhe pedir isto, mas preciso que você me acompanhe ao meu quarto. Imediatamente o rosto da nossa querida pesquisadora fica corado, com uma expressão de desconforto e timidez. - Doutor, me desculpe se em algum momento eu passei a impressão errada. - Calma minha querida, quem deve pedir desculpas sou eu, não é nada disto que você está pensando. Você é linda e enche os olhos de qualquer homem, mas sou casado com a ciência a quem devo toda minha fidelidade. Preciso compartilhar algo contigo e só pode ser feito em meu quarto. Loren solta um suspiro e abre um sorriso. - Poxa Doutor eu estava só fazendo charme, o senhor tinha que insistir poxa vida. Gargalhando os dois se dirigem ao quarto de Licklider, que ao entrar já vai logo dizendo a senha. Novamente pega a pasta azul e com seu isqueiro queima algumas páginas. - Minha querida estas páginas já não são mais necessárias, agora o restante deve ser protegido por você como o bem mais precioso deste planeta. Aqui estão algumas instruções para que você compreenda o que criamos e tenha condição de auxiliar na continuidade de tudo isso. Seu destino para chegar a este momento foi cuidadosamente traçado, e mesmo com suas dúvidas você já sabe o que deve criar. Eu
  • 5. fiz a minha parte, mas você ainda vai escrever mais uma vez seu nome na história. Loren pega a pasta, mas permanece calada, sai da sala sem entender o que acabou de se passar. Mas curiosa como sempre foi, no corredor mesmo abre a primeira página da pasta e lê em voz alta. -Procure Tomlinson e o ajude a criar a Internet.