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Nº. 29 / MAR. 2004
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Edição e Propriedade:
Instituto de Investigação das Pescas e do Mar - IPIMAR
Av. de Brasília, 1449-006 LISBOA
Telefone: 213 027 000 - Fax: 213 015 948
Linha Azul: 213 015 899
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Corpo Editorial: Irineu Batista (Coordenador),
Carlos Costa Monteiro, Manuel Sobral, Manuela Falcão,
Maria Hortense Afonso, Olga Moura
e Teresa Gama Pereira
Coordenadores de Edição: Anabela Farinha e Luís Catalan
Impressão: Cromotipo, Lda.
Depósito Legal: 105529/96
ISSN: 0873-5506
Tiragem 1000 Exemplares
Distribuição Gratuita
O termo qualidade, embora de utilização
cada vez mais generalizada, não é entendido de
igual modo por todos os que o aplicam. Consciente
desta dificuldade e no sentido de a ultrapassar, a
Organização Internacional de Normalização, na
norma ISO 8402 (1994), define qualidade como o
conjunto de atributos e características de um
produto ou serviço responsáveis pela sua capaci-
dade para satisfazer as necessidades/exigências do
utilizador.
Esta definição é muito abrangente e, no caso
dos produtos alimentares, pode-se considerar que
a qualidade é determinada por diversos aspectos
de que se destacam: higiene, valor nutricional e
dietético, frescura, facilidade de utilização pelo
consumidor, propriedades intrínsecas e disponi-
bilidade. No caso do pescado, a frescura assume
particular relevância, pois que constitui o primeiro
critério para a sua aceitação ou rejeição.
Efectivamente, os produtos da pesca são muito
perecíveis em comparação com outros de origem
animal devido não só às suas características
intrínsecas, mas também ao habitat natural. Assim,
a presença de elevada quantidade de água, o tipo
de proteínas e o baixo teor de tecido conjuntivo
bem como a natureza psicrófila1
da flora bacteriana
determinam a ocorrência de um conjunto de alte-
rações que rapidamente contribuem para a sua
desvalorização/rejeição.
A avaliação sensorial do grau de frescura
As alterações post mortem do pescado
seguem um padrão típico que, por sua vez, é
característico de cada espécie. Para definir estas
alterações recorre-se, frequentemente, a métodos
químicos, bioquímicos, microbiológicos e senso-
riais, destacando-se estes últimos pela facilidade e
rapidez com que podem ser efectuados. Porém, a
natureza subjectiva dos métodos sensoriais exige a
adopção de critérios de avaliação harmonizados e
a participação de provadores treinados e familiari-
zados com os produtos da pesca e com os critérios
de avaliação usados. Neste sentido, foi proposto o
regulamento comunitário 2406/96 de 26 de
Novembro da União Europeia, que inclui esquemas
de avaliação do grau de frescura para alguns
grupos de peixes (brancos, azuis e elasmobrân-
quios), cefalópodes e crustáceos e que se destinam
a ser usados, tanto pela indústria como pelos
serviços de inspecção.
Na Tabela 1 apresenta-se o esquema
preconizado pela UE para peixes brancos.
Embora naquele regulamento se encontrem
fixadas normas de comercialização para mais de 40
espécies, há ainda muitas outras comercializadas
nas lotas portuguesas que não se encontram
abrangidas. Além disso, os descritores indicados
nas tabelas nem sempre são os mais adequados
por não permitirem descrever, convenientemente,
as alterações que têm lugar. As deficiências destas
Assim, se a um lote de carapau forem atri-
buídos 5 pontos de demérito, isto é, um índice de
qualidade de 5, pode concluir-se, com base nesta
evolução, que esse peixe tinha um grau de frescura
equivalente ao de um produto armazenado em
gelo durante 2 dias.
Por outro lado, como se considerou que o
carapau apresenta um tempo de conservação útil
de 6 dias, isso significa que aquele peixe tem um
tempo de conservação residual de 4 dias.
Referências bibliográficas
Bremner, H. A., 1985. A convenient easy-to-
use system for estimating the quality of chilled
seafoods. Fish Processing Bull., 7: 59-70.
Bremner, H. A.; Olley, J.; Vail, A. M. A., 1987.
Estimating time-temperature effects by a rapid
systemic sensory method. In: Kramer, D. E., Liston,
J., eds. Seafood Quality Determination. Amsterdam:
Elsevier Science Publishers. pp. 413-435.
CE, 2406/96. Regulamento do Conselho de
26 de Novembro de 1996 Relativo à Fixação de
Normas Comuns de Comercialização para Certos
Produtos da Pesca. Jornal Oficial das Comunidades
Europeias, nº L 334 de 23.12.96.
ISO 8402, 1994. Quality management and
quality assurance – Vocabulary. 2nd ed. 29 p.
www.qim-eurofish.com. QIM – your ideal
tool for quality determination of fish freshness.
[consultado em 17.05.02004]
1
Microrganismos que apresentam crescimento óptimo entre
12 e 15 ºC.
APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE (QIM)
NA AVALIAÇÃO DA FRESCURA DO PESCADO
Maria Leonor Nunes e Irineu Batista
12 horas em gelo
3 dias em gelo
5 dias em gelo
Figura 2 - Evolução dos pontos de demérito em carapau
conservado em gelo.
Aspecto
Geral
Olhos
Brânquias
Abdómen
Índice de Qualidade (pontos de demérito)
Pigmentação
Firmeza da
carne
Cor da
pupila
Forma
Cor
Cheiro
Parede
abdominal
Iridiscente, brilhante
Menos viva e
brilhante
Baça e ligeiramente
amarelada
Muito firme, rígida
Firme, elástica
Ligeiramente mole
Preta-azulada viva
Preta enevoada
Cinzenta, leitosa
Convexa
Achatada, plana
Côncava, encovada
Vermelha púrpura
Vermelha acastanhada
Acastanhada
Castanha-descorada
Algas, fresco
Algas pouco intenso,
metálico
Relva ou ligeiramente
azedo
Azedo, rançoso
Firme, intacta
Pouco firme, mas
ainda intacta
Mole, enrugada,
rupturada
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
0
1
2
3
0
1
2
3
0
1
2
0-16
Critérios Descritores
Pontos de
Demérito
Tabela 2 – Esquema QIM para avaliação
do grau de frescura de carapau
tabelas têm sido apontadas em vários países o que
levou ao desenvolvimento de esquemas alterna-
tivos, que tenham em conta as características de
cada espécie, sejam de aplicação mais expedita e
permitam que as classificações do grau de frescura
evoluam proporcionalmente com o tempo de
conservação em refrigerado.
O método do índice de qualidade (QIM)
Um dos recentes esquemas de avaliação
sensorial do grau de frescura, o método do índice
de qualidade, cuja sigla é QIM (Quality Index
Method), procura ultrapassar as dificuldades
surgidas na aplicação das tabelas da UE. Este
método, que ultimamente tem merecido grande
atenção por parte da indústria de processamento e
do sector da comercialização, inspecção e
investigação, foi desenvolvido em meados de 1980
na Tasmanian Food Research Unit (Bremner, 1985;
Bremner et al., 1987). O QIM foi desenvolvido,
inicialmente, para peixe inteiro armazenado em
refrigerado e, hoje em dia, tem sido aplicado, entre
outros produtos, a filetes e peixe congelado.
Este método baseia-se na avaliação dos
atributos que melhor traduzem as alterações que
ocorrem no pescado, por exemplo, aspecto da
pele, forma dos olhos e cor das guelras. Para cada
um dos atributos é seleccionado um conjunto de 2
a 4 descritores que melhor reflectem as alterações
ocorridas. A cada um dos descritores é atribuída
uma pontuação, pontos de demérito, que varia
entre 0 e 3. O facto de cada atributo poder ter dois
a quatro descritores marca uma das diferenças do
QIM em relação aos esquemas tradicionais. Outra
diferença reside no facto de se utilizarem vários
descritores específicos de cada produto. Além
disso, o grau de frescura do produto em causa não
se baseia numa média, mas no número total de
pontos de demérito o qual é designado por índice
de qualidade. Os descritores usados para identificar
as alterações são inequívocos, claros e breves,
envolvendo normalmente apenas uma ou duas
palavras. Deste modo, procura-se minimizar
qualquer confusão por parte dos provadores,
tornando assim a avaliação fácil, rápida e objectiva.
Neste sistema não é dado demasiado ênfase a
nenhum aspecto em particular, pelo que a amostra
não é rejeitada apenas com base num único
atributo. Além disso, pequenas diferenças na
avaliação de um atributo não influenciam a
pontuação total. Os descritores correspondentes ao
estado de maior frescura são pontuados com 0,
enquanto que os respeitantes aos estados de
degradação mais avançados são cotados com 2 ou
3. Por conseguinte, o índice de qualidade do peixe
muito fresco é zero e vai aumentando à medida
que a deterioração prossegue. Assim, a curva
teórica de evolução dos pontos de demérito inicia-
se em 0 e o máximo é atingido quando o produto
é rejeitado, recorrendo-se, normalmente, para este
efeito à análise sensorial do peixe cozido.
A evolução teórica do índice de qualidade,
obtido pela soma dos pontos de demérito
atribuídos a um produto, é linear em função do
tempo de armazenagem em refrigerado. Deste
modo, é muito diferente da usualmente verificada
quando se recorre a outros tipos de esquemas de
análise do grau de frescura. Nestes esquemas de
análise, a evolução apresenta-se como uma curva
sigmóide, em forma de “S” (Fig. 1) na qual está
bem patente uma acentuada descida inicial,
correspondente às rápidas alterações que ocorrem
na primeira fase post mortem. A esta fase seguem-
se duas outras (fases 2 e 3) em que as alterações
sensoriais são menos evidentes, levando a que os
valores da análise sensorial evoluam mais
lentamente o que se traduz, graficamente, na
ocorrência de um patamar com uma pequena
inclinação, seguindo-se um último estádio (fase 4)
no qual a actividade bacteriana é muita intensa e a
inerente deterioração é mais evidente no plano
sensorial.
Classificação e previsão do tempo de
conservação residual
A maior parte do pescado transaccionado
apresenta um grau de frescura correspondente à
fase 2, pelo que esta se reveste de grande
significado do ponto de vista comercial. Por
conseguinte, é muito vantajoso dispor de um
método de análise sensorial que melhor evidencie
as alterações que têm lugar nesta fase. Este
objectivo é conseguido com o QIM que, conforme
já referido, permite obter uma linearização dos
resultados da análise sensorial ao longo da
armazenagem em refrigerado. Uma vez estabele-
cida esta evolução bem como o tempo máximo de
conservação para cada espécie, é possível fazer
uma previsão do tempo de conservação residual,
isto é, o período em que o pescado, armazenado
nas mesmas condições, ainda é aceitável. As
vantagens do QIM levaram ao desenvolvimento de
esquemas específicos para diferentes espécies em
vários países, destacando-se o trabalho desenvol-
vido no âmbito dos projectos europeus QIM
Eurofish (www.qim-eurofish.com) e QIMCHAIN. O
objectivo do primeiro é promover e implementar, a
nível europeu, o uso do QIM como uma
ferramenta versátil para a avaliação da qualidade
do pescado quer no circuito da distribuição quer
na produção. No que respeita ao QIMCHAIN,
pretende-se: (i) introduzir este esquema nas etapas
mais relevantes do circuito da pesca e, assim,
facilitar as trocas comerciais e garantir a rastrea-
bilidade da informação junto dos consumidores
europeus; (ii) reforçar a utilização dos resultados
da investigação nesta área pelo sector da pesca;
(iii) realçar as vantagens resultantes da sua
aplicação na Europa; e (iv) identificar futuras
necessidades de investigação nesta área. O IPIMAR
integra o núcleo dinamizador do projecto
QIMCHAIN que é constituído por institutos de
investigação da Islândia, Dinamarca, Holanda,
Alemanha e Espanha.
A título de exemplo, apresentam-se na tabela
2 o esquema de avaliação sensorial desenvolvido
no IPIMAR para carapau conservado em gelo e na
figura 2 a evolução dos pontos de demérito até à
rejeição que ocorreu no 6º dia.
2
IPIMARDivulgação
3
IPIMARDivulgação
Figura 1 - Evolução típica da análise sensorial de peixe
magro conservado em gelo.
(a) Ou num estado de decomposição mais adiantado.
(b) O peixe fresco, antes dos primeiros sintomas do rigor mortis, não se apresentará firme e elástico, sendo no entanto ainda classificado na categoria Extra.
Tabela 1 – Categorias de frescura de peixes brancos
Pele
Muco cutâneo
Olho
Guelras
Peritoneu (no peixe
eviscerado)
Cheiro das guelras e
da cavidade abdominal
- peixes brancos,
excepto solha ou
patruça
- solha ou patruça
Carne
Pigmento vivo e irisado
(excepto para os canta-
rilhos) ou opalescente
sem descoloração
Aquoso, transparente
Convexo (abaulado);
pupila negra e viva;
córnea transparente
Cor viva; sem muco
Liso; brilhante;
difícil de separar
A algas marinhas
A óleo fresco;
apimentado; cheiro a
terra
Firme e elástica;
superfície maciab
Pigmentação viva,
mas sem brilho
Ligeiramente turvo
Convexo e ligeiramente
encovado; pupila negra
e baça; córnea ligeira-
mente opalescente
Cor menos viva;
muco transparente
Ligeiramente baço;
pode ser separado
da carne
Ausência de cheiro
a algas marinhas;
cheiro neutro
A óleo;
a algas marinhas ou
ligeiramente adocicado
Menos elástica
Pigmentação baça e em
vias de descoloração
Leitoso
Chato; córnea
opalescente;
pupila opaca
Castanho/cinzento
em descoloração;
muco opaco e espesso
Grumoso; bastante fácil
de separar da carne
Fermentado;
ligeiramente acre
A óleo; fermentado,
bafiento, ligeiramente
rançoso
Ligeiramente mole (flá-
cida), menos elástico;
superfície mole como
cera (aveludada) e baça
Pigmentação baçaa
Cinzento amarelado,
opaco
Côncavo no centro;
pupila cinzenta;
córnea leitosa1
Amareladas; muco
leitoso
Descolado da carnea
Acre
Acre
Mole flácidaa
; escamas
facilmente separáveis da
pele; superfície rugosa
Extra A B
Não admitidos
Categoria de frescura
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Pescado frescor-folheto29

  • 1. ISSN 0873-5506 Nº. 29 / MAR. 2004 DivulgaçãoDivulgação 4 IPIMARDivulgação FICHA TÉCNICA Edição e Propriedade: Instituto de Investigação das Pescas e do Mar - IPIMAR Av. de Brasília, 1449-006 LISBOA Telefone: 213 027 000 - Fax: 213 015 948 Linha Azul: 213 015 899 Internet: http://ipimar-iniap.ipimar.pt Corpo Editorial: Irineu Batista (Coordenador), Carlos Costa Monteiro, Manuel Sobral, Manuela Falcão, Maria Hortense Afonso, Olga Moura e Teresa Gama Pereira Coordenadores de Edição: Anabela Farinha e Luís Catalan Impressão: Cromotipo, Lda. Depósito Legal: 105529/96 ISSN: 0873-5506 Tiragem 1000 Exemplares Distribuição Gratuita O termo qualidade, embora de utilização cada vez mais generalizada, não é entendido de igual modo por todos os que o aplicam. Consciente desta dificuldade e no sentido de a ultrapassar, a Organização Internacional de Normalização, na norma ISO 8402 (1994), define qualidade como o conjunto de atributos e características de um produto ou serviço responsáveis pela sua capaci- dade para satisfazer as necessidades/exigências do utilizador. Esta definição é muito abrangente e, no caso dos produtos alimentares, pode-se considerar que a qualidade é determinada por diversos aspectos de que se destacam: higiene, valor nutricional e dietético, frescura, facilidade de utilização pelo consumidor, propriedades intrínsecas e disponi- bilidade. No caso do pescado, a frescura assume particular relevância, pois que constitui o primeiro critério para a sua aceitação ou rejeição. Efectivamente, os produtos da pesca são muito perecíveis em comparação com outros de origem animal devido não só às suas características intrínsecas, mas também ao habitat natural. Assim, a presença de elevada quantidade de água, o tipo de proteínas e o baixo teor de tecido conjuntivo bem como a natureza psicrófila1 da flora bacteriana determinam a ocorrência de um conjunto de alte- rações que rapidamente contribuem para a sua desvalorização/rejeição. A avaliação sensorial do grau de frescura As alterações post mortem do pescado seguem um padrão típico que, por sua vez, é característico de cada espécie. Para definir estas alterações recorre-se, frequentemente, a métodos químicos, bioquímicos, microbiológicos e senso- riais, destacando-se estes últimos pela facilidade e rapidez com que podem ser efectuados. Porém, a natureza subjectiva dos métodos sensoriais exige a adopção de critérios de avaliação harmonizados e a participação de provadores treinados e familiari- zados com os produtos da pesca e com os critérios de avaliação usados. Neste sentido, foi proposto o regulamento comunitário 2406/96 de 26 de Novembro da União Europeia, que inclui esquemas de avaliação do grau de frescura para alguns grupos de peixes (brancos, azuis e elasmobrân- quios), cefalópodes e crustáceos e que se destinam a ser usados, tanto pela indústria como pelos serviços de inspecção. Na Tabela 1 apresenta-se o esquema preconizado pela UE para peixes brancos. Embora naquele regulamento se encontrem fixadas normas de comercialização para mais de 40 espécies, há ainda muitas outras comercializadas nas lotas portuguesas que não se encontram abrangidas. Além disso, os descritores indicados nas tabelas nem sempre são os mais adequados por não permitirem descrever, convenientemente, as alterações que têm lugar. As deficiências destas Assim, se a um lote de carapau forem atri- buídos 5 pontos de demérito, isto é, um índice de qualidade de 5, pode concluir-se, com base nesta evolução, que esse peixe tinha um grau de frescura equivalente ao de um produto armazenado em gelo durante 2 dias. Por outro lado, como se considerou que o carapau apresenta um tempo de conservação útil de 6 dias, isso significa que aquele peixe tem um tempo de conservação residual de 4 dias. Referências bibliográficas Bremner, H. A., 1985. A convenient easy-to- use system for estimating the quality of chilled seafoods. Fish Processing Bull., 7: 59-70. Bremner, H. A.; Olley, J.; Vail, A. M. A., 1987. Estimating time-temperature effects by a rapid systemic sensory method. In: Kramer, D. E., Liston, J., eds. Seafood Quality Determination. Amsterdam: Elsevier Science Publishers. pp. 413-435. CE, 2406/96. Regulamento do Conselho de 26 de Novembro de 1996 Relativo à Fixação de Normas Comuns de Comercialização para Certos Produtos da Pesca. Jornal Oficial das Comunidades Europeias, nº L 334 de 23.12.96. ISO 8402, 1994. Quality management and quality assurance – Vocabulary. 2nd ed. 29 p. www.qim-eurofish.com. QIM – your ideal tool for quality determination of fish freshness. [consultado em 17.05.02004] 1 Microrganismos que apresentam crescimento óptimo entre 12 e 15 ºC. APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE (QIM) NA AVALIAÇÃO DA FRESCURA DO PESCADO Maria Leonor Nunes e Irineu Batista 12 horas em gelo 3 dias em gelo 5 dias em gelo Figura 2 - Evolução dos pontos de demérito em carapau conservado em gelo. Aspecto Geral Olhos Brânquias Abdómen Índice de Qualidade (pontos de demérito) Pigmentação Firmeza da carne Cor da pupila Forma Cor Cheiro Parede abdominal Iridiscente, brilhante Menos viva e brilhante Baça e ligeiramente amarelada Muito firme, rígida Firme, elástica Ligeiramente mole Preta-azulada viva Preta enevoada Cinzenta, leitosa Convexa Achatada, plana Côncava, encovada Vermelha púrpura Vermelha acastanhada Acastanhada Castanha-descorada Algas, fresco Algas pouco intenso, metálico Relva ou ligeiramente azedo Azedo, rançoso Firme, intacta Pouco firme, mas ainda intacta Mole, enrugada, rupturada 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 0-16 Critérios Descritores Pontos de Demérito Tabela 2 – Esquema QIM para avaliação do grau de frescura de carapau
  • 2. tabelas têm sido apontadas em vários países o que levou ao desenvolvimento de esquemas alterna- tivos, que tenham em conta as características de cada espécie, sejam de aplicação mais expedita e permitam que as classificações do grau de frescura evoluam proporcionalmente com o tempo de conservação em refrigerado. O método do índice de qualidade (QIM) Um dos recentes esquemas de avaliação sensorial do grau de frescura, o método do índice de qualidade, cuja sigla é QIM (Quality Index Method), procura ultrapassar as dificuldades surgidas na aplicação das tabelas da UE. Este método, que ultimamente tem merecido grande atenção por parte da indústria de processamento e do sector da comercialização, inspecção e investigação, foi desenvolvido em meados de 1980 na Tasmanian Food Research Unit (Bremner, 1985; Bremner et al., 1987). O QIM foi desenvolvido, inicialmente, para peixe inteiro armazenado em refrigerado e, hoje em dia, tem sido aplicado, entre outros produtos, a filetes e peixe congelado. Este método baseia-se na avaliação dos atributos que melhor traduzem as alterações que ocorrem no pescado, por exemplo, aspecto da pele, forma dos olhos e cor das guelras. Para cada um dos atributos é seleccionado um conjunto de 2 a 4 descritores que melhor reflectem as alterações ocorridas. A cada um dos descritores é atribuída uma pontuação, pontos de demérito, que varia entre 0 e 3. O facto de cada atributo poder ter dois a quatro descritores marca uma das diferenças do QIM em relação aos esquemas tradicionais. Outra diferença reside no facto de se utilizarem vários descritores específicos de cada produto. Além disso, o grau de frescura do produto em causa não se baseia numa média, mas no número total de pontos de demérito o qual é designado por índice de qualidade. Os descritores usados para identificar as alterações são inequívocos, claros e breves, envolvendo normalmente apenas uma ou duas palavras. Deste modo, procura-se minimizar qualquer confusão por parte dos provadores, tornando assim a avaliação fácil, rápida e objectiva. Neste sistema não é dado demasiado ênfase a nenhum aspecto em particular, pelo que a amostra não é rejeitada apenas com base num único atributo. Além disso, pequenas diferenças na avaliação de um atributo não influenciam a pontuação total. Os descritores correspondentes ao estado de maior frescura são pontuados com 0, enquanto que os respeitantes aos estados de degradação mais avançados são cotados com 2 ou 3. Por conseguinte, o índice de qualidade do peixe muito fresco é zero e vai aumentando à medida que a deterioração prossegue. Assim, a curva teórica de evolução dos pontos de demérito inicia- se em 0 e o máximo é atingido quando o produto é rejeitado, recorrendo-se, normalmente, para este efeito à análise sensorial do peixe cozido. A evolução teórica do índice de qualidade, obtido pela soma dos pontos de demérito atribuídos a um produto, é linear em função do tempo de armazenagem em refrigerado. Deste modo, é muito diferente da usualmente verificada quando se recorre a outros tipos de esquemas de análise do grau de frescura. Nestes esquemas de análise, a evolução apresenta-se como uma curva sigmóide, em forma de “S” (Fig. 1) na qual está bem patente uma acentuada descida inicial, correspondente às rápidas alterações que ocorrem na primeira fase post mortem. A esta fase seguem- se duas outras (fases 2 e 3) em que as alterações sensoriais são menos evidentes, levando a que os valores da análise sensorial evoluam mais lentamente o que se traduz, graficamente, na ocorrência de um patamar com uma pequena inclinação, seguindo-se um último estádio (fase 4) no qual a actividade bacteriana é muita intensa e a inerente deterioração é mais evidente no plano sensorial. Classificação e previsão do tempo de conservação residual A maior parte do pescado transaccionado apresenta um grau de frescura correspondente à fase 2, pelo que esta se reveste de grande significado do ponto de vista comercial. Por conseguinte, é muito vantajoso dispor de um método de análise sensorial que melhor evidencie as alterações que têm lugar nesta fase. Este objectivo é conseguido com o QIM que, conforme já referido, permite obter uma linearização dos resultados da análise sensorial ao longo da armazenagem em refrigerado. Uma vez estabele- cida esta evolução bem como o tempo máximo de conservação para cada espécie, é possível fazer uma previsão do tempo de conservação residual, isto é, o período em que o pescado, armazenado nas mesmas condições, ainda é aceitável. As vantagens do QIM levaram ao desenvolvimento de esquemas específicos para diferentes espécies em vários países, destacando-se o trabalho desenvol- vido no âmbito dos projectos europeus QIM Eurofish (www.qim-eurofish.com) e QIMCHAIN. O objectivo do primeiro é promover e implementar, a nível europeu, o uso do QIM como uma ferramenta versátil para a avaliação da qualidade do pescado quer no circuito da distribuição quer na produção. No que respeita ao QIMCHAIN, pretende-se: (i) introduzir este esquema nas etapas mais relevantes do circuito da pesca e, assim, facilitar as trocas comerciais e garantir a rastrea- bilidade da informação junto dos consumidores europeus; (ii) reforçar a utilização dos resultados da investigação nesta área pelo sector da pesca; (iii) realçar as vantagens resultantes da sua aplicação na Europa; e (iv) identificar futuras necessidades de investigação nesta área. O IPIMAR integra o núcleo dinamizador do projecto QIMCHAIN que é constituído por institutos de investigação da Islândia, Dinamarca, Holanda, Alemanha e Espanha. A título de exemplo, apresentam-se na tabela 2 o esquema de avaliação sensorial desenvolvido no IPIMAR para carapau conservado em gelo e na figura 2 a evolução dos pontos de demérito até à rejeição que ocorreu no 6º dia. 2 IPIMARDivulgação 3 IPIMARDivulgação Figura 1 - Evolução típica da análise sensorial de peixe magro conservado em gelo. (a) Ou num estado de decomposição mais adiantado. (b) O peixe fresco, antes dos primeiros sintomas do rigor mortis, não se apresentará firme e elástico, sendo no entanto ainda classificado na categoria Extra. Tabela 1 – Categorias de frescura de peixes brancos Pele Muco cutâneo Olho Guelras Peritoneu (no peixe eviscerado) Cheiro das guelras e da cavidade abdominal - peixes brancos, excepto solha ou patruça - solha ou patruça Carne Pigmento vivo e irisado (excepto para os canta- rilhos) ou opalescente sem descoloração Aquoso, transparente Convexo (abaulado); pupila negra e viva; córnea transparente Cor viva; sem muco Liso; brilhante; difícil de separar A algas marinhas A óleo fresco; apimentado; cheiro a terra Firme e elástica; superfície maciab Pigmentação viva, mas sem brilho Ligeiramente turvo Convexo e ligeiramente encovado; pupila negra e baça; córnea ligeira- mente opalescente Cor menos viva; muco transparente Ligeiramente baço; pode ser separado da carne Ausência de cheiro a algas marinhas; cheiro neutro A óleo; a algas marinhas ou ligeiramente adocicado Menos elástica Pigmentação baça e em vias de descoloração Leitoso Chato; córnea opalescente; pupila opaca Castanho/cinzento em descoloração; muco opaco e espesso Grumoso; bastante fácil de separar da carne Fermentado; ligeiramente acre A óleo; fermentado, bafiento, ligeiramente rançoso Ligeiramente mole (flá- cida), menos elástico; superfície mole como cera (aveludada) e baça Pigmentação baçaa Cinzento amarelado, opaco Côncavo no centro; pupila cinzenta; córnea leitosa1 Amareladas; muco leitoso Descolado da carnea Acre Acre Mole flácidaa ; escamas facilmente separáveis da pele; superfície rugosa Extra A B Não admitidos Categoria de frescura Critérios