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1. Oh, vinde adorar!
NESTE COMOVENTE convite, Henry Maxwell Wright nos chama à adoração ao Deus Criador, exaltando-
o através de expressões como: excelso, bom, soberano, luz e poder. Esse Deus se manifesta não apenas na
criação, mas principalmente em seu Filho, Jesus Cristo, que é o ponto culminante da revelação (Hebreus
1.1,2).
A David William Hodges, membro do Grupo de Trabalho de Textos do HCC, foi dada por Joan Larie
Sutton, Coordenadora Geral, a tarefa de acrescentar uma terceira estrofe trinitária a este hino, em 1989.
“O resultado, então, é um hino que começa e termina com a frase Oh, vinde adorar!, sendo assim um
excelente hino número 1 do nosso Hinário para o culto cristão”.1
Henry Maxwell Wright nasceu em Lisboa, Portugal, em 7 de dezembro de 1849. De ascendência inglesa,
mais tarde optou pela cidadania britânica. Associou-se aos Batistas Livres.
Em visita à Inglaterra, durante as campanhas do evangelista Dwight L. Moody, Wright decidiu deixar a
profissão de bem sucedido comerciante e, em outubro de 1875, passou a dedicar-se à evangelização.
Durante os seus três anos de treinamento bíblico ensinou os meninos de rua numa escola noturna e pregou
tanto na Inglaterra como na Escócia.
Em 1878, achou que Deus o queria na China e, antes de partir, passou por Portugal. Lá, impressionado
com a falta de obreiros, sentiu-se desafiado a trabalhar com os povos de língua portuguesa, o que fez por
mais de 50 anos. Evangelizou extensivamente no Arquipélago dos Açores.
Wright empreendeu quatro viagens ao Brasil, onde falava a grandes auditórios, percorrendo quase todo o
país. Em sua segunda viagem foi preso como “inimigo da religião oficial”.2 Na terceira viagem, veio
acompanhado de sua irmã Luiza Wright (evangelista e escritora de hinos).
Contraiu impaludismo e voltou à Inglaterra para tratamento de saúde. Em 1897, já restabelecido, voltou a
Portugal para continuar o seu ministério ali.
Wright esteve duas vezes nos Estados Unidos, pregando aos povos de língua portuguesa ali residentes, e,
na volta, pregou aos portugueses residentes nas Ilhas Bermudas. Em 1901, Wright casou-se com Ellen Della-
force, filha de ingleses, e juntos construíram o salão evangélico da Associação Cristã de Moços (ACM) no
Porto, inaugurado em 1905.
A contribuição hinológica de Wright é muito significativa. Suas letras são de grande valor inspirativo. Ele
possuía também uma bela voz e cantava solos em suas reuniões evangelísticas. Gostava de ensinar hinos e
cânticos nestas ocasiões, que ele escolhia ou escrevia para reforçar a mensagem da noite.
Wright foi autor ou tradutor de cerca de 200 hinos.3 Há uma coletânea chamada In Memoriam (Em
Memória), editada por J.P. da Conceição e publicada no Porto, em 1932, que contém 185 hinos dele. Os seus
hinos e cânticos aparecem em grande número na maior parte dos hinários evangélicos no Brasil.
Na 36ª edição do Cantor cristão se encontram 61 hinos seus. No Hinário para o culto cristão, publicado 60
anos depois da sua morte, ainda há 29 das letras e traduções deste servo de Deus.
“Cristão consagrado para quem a comunhão com Cristo era estado habitual”,4
Wright foi o Moody-Sankey do povo de língua portuguesa, alcançando milhares de almas com sua vida
dedicada, sua poderosa pregação e sábio uso da música no seu ministério.
Em 23 de janeiro de 1931, Wright faleceu no Porto. Entre os presentes ao seu sepultamento achava-se o
nosso saudoso missionário Antônio Maurício, ainda jovem. Foram cantados os hinos Com tua mão segura
bem a minha; Doce, doce lar e Rocha eterna, a pedido do próprio Wright antes de falecer.
David William Hodges, autor da terceira estrofe, nasceu em Kansas City, Estado de Missouri, EUA, em
22 de dezembro de 1942. Criado em lar cristão, foi batizado aos nove anos, e começou a trabalhar na música
da igreja. David começou a estudar canto, aos 16 anos, com a profª. Gladys Cranston.
David casou-se em 4 de junho de 1966, com Ramona Gay Miller, que conhecera na universidade. O casal
tem quatro filhos: Charles, Catherine, Elizabeth, e Robert, seu caçula brasileiro.
Hodges adquiriu um treinamento aprimorado, com Bacharel e Mestrado em Artes (especialização em
canto), na Faculdade Central do Estado de Missouri; Mestrado em Educação Religiosa, no Seminário
Teológico Midwestern, também, no seu estado natal. No Seminário Teológico Southwestern, em Fort Worth,
Estado de Texas, ainda fez dois anos em busca do Doutorado em Educação Religiosa. Ramona fez o
Bacharel e o Mestrado em inglês. Começou seus estudos de piano ainda criança e é a acompanhadora
predileta de seu marido, além de servir como organista da sua igreja. Foi no seminário que Deus tocou no
coração do casal, chamando-o para o trabalho missionário. O casal apresentou-se à Junta de Richmond, e foi
nomeado para o Brasil, chegando aqui em 31 de janeiro de 1980.
O ministério de Hodges tem sido multifacetado e profícuo. No final dos seus estudos da língua portuguesa,
já servia interinamente como Ministro de Música, na Igreja Batista da Liberdade, São Paulo, Capital, e em
1981 se tornou professor da Faculdade Teológica Batista da mesma cidade, ensinando e regendo corais com
grande sensibilidade.
Hodges, que ama as línguas, dedicou-se também à tradução, dando-nos assim um grande repertório
antes desconhecido dos evangélicos. A maior obra traduzida por ele e apresentada pelo Coro da FTBSP sob
a sua regência, foi o oratório São Paulo, de Mendelssohn. Ainda traduziu o Te Deum 5 (Nós te louvamos, ó
Senhor), de G.F. Handel, para o Coro, no qual foi o tenor solista sob a regência do pr. Marcílio de Oliveira
Filho.
O pr. Marcílio, num artigo para O Jornal Batista, intitulado Ele segurou as cordas!, falou do grande ímpeto
que o projeto Cantem, Batistas brasileiros! recebeu desse dedicado missionário, que se empenhou para que o
projeto tivesse sustento de sua missão, e se prontificou a tomar o lugar de Marcílio à frente do Coro da Igreja
Batista do Ipiranga e na FTBSP durante a ausência do casal Oliveira.6
Em 1987 a família Hodges se mudou para a cidade do Recife, PE, onde David assumiu o professorado de
música sacra no Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil. Hodges serviu também na Igreja Batista do
Forte, na cidade de Paulista, e na Igreja Batista da Capunga, na cidade de Recife, PE, como diretor interino
de música.
David é um tenor de voz pura e maviosa, sendo requisitado freqüentemente para solos e recitais por onde
anda. Nas chamadas “férias” nos Estados Unidos, tem prazer em divulgar, com a sua família, a música sacra
brasileira.
No âmbito nacional, Hodges atuou incansavelmente no preparo do Hinário para o culto cristão,
primeiramente, na pesquisa (computada com o auxílio do seu filho, Charles) dos hinos prediletos do povo
batista em todo o Brasil. Hodges também preparou o livreto Sete hinos congregacionais para a Igreja de hoje,
publicado pela JUERP em 1986. Ele continuou a dar de si eficientemente, sem medir esforços, ora na
Subcomissão de Música, ora no GTT (Grupo de Trabalho de Textos, que trabalhava com os hinos mais
problemáticos), ora no Grupo de Verificação de Dados, em cooperação com a Subcomissão de
Documentação e Histórico, ora no preparo e computação dos índices. Sua capacidade de ver um problema
com clareza e achar uma resposta certa foi de grande auxílio para todos os seus colegas.
Quando perguntado pelo pr. Marcílio quais eram as suas maiores alegrias no Brasil, David respondeu:
“o país e o povo em geral, a aceitação de todos, o desenvolvimento da denominação, o trabalho em
geral, e principalmente, os grandes amigos brasileiros” 7
O Hinário para o culto cristão inclui 11 excelentes letras e traduções de Hodges, e 10 músicas,
verdadeiras jóias que o povo aprenderá a amar.
“Vamos todos cantar para o louvor e a glória de Deus”.8
Esta frase, ouvida dos lábios de William Knapp (1698-1768) em cada culto da sua igreja, caracterizou a
sua vida.
Knapp, descendente de alemães, nasceu no condado de Dorsetshire, Inglaterra, em 26 de setembro de
1698. Foi chamado “O salmista do campo”.9 Tornou-se organista, compositor e compilador de coleções de
melodias. Serviu por 39 anos como precentor, uma função semelhante à de diretor de música, na Igreja de
Saint James, em Poole, porto no seu condado natal no extremo sul do país.
Knapp publicou duas coleções de salmos, antemas e hinos, em 1738 e 1753. Hoje cantamos somente a
sua melodia WAREHAM, que faz parte da primeira coleção. Uma das características distintas dessa melodia
é que, com duas pequenas exceções, ela se movimenta, do início ao fim, em graus conjuntos.
1. HODGES, David William. Carta à autora em 1991
2. ICHTER, Bill H. Vultos da música evangélica no Brasil. 1ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1967. p.90.
3. Os hinos de H.M. Wright apareceram muitas vezes nas difundidas revistas O Bíblia e O christão, na coletânea da Igreja Evangélica Fluminense: Nova collecção de
hymnos evangélicos, em 1882, e também nos seus próprios hinários: Hymnos e coros (1890 ou 1891) e Hymnos em 1892. A coletânea In memoriam Henry Maxwell
Wright, publicada por J.P. da Conceição em 1932, reunindo todo o seu acervo, incluía 151 hinos e 42 cânticos. Destas fontes foram difundidos para Salmos e Hinos,
Cantor cristão, e todos os hinários evangélicos no Brasil. Ver BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria
Kosmos Editora, 1961, p.233,234.
4. BRAGA, Ibid., p.233.
5. Te Deum (Te Deum Laudamos) (Nós te louvamos, ó Senhor), provém de um hino latino usado por muitas igrejas cristãs para expressar um momento supremo de
júbilo. O texto latino tem música tradicional em cantochão, mas também foi musicado com acompanhamento orquestral (por diversos músicos eruditos, inclusive por
Handel, em inglês). HORTA, Luiz Paulo, ed., Dicionário de música, trad. Álvaro Cabral, Rio de Janeiro: Zahar Editores, p.379.
6. OLIVEIRA FILHO, Marcílio de. Ele segurou as cordas! Rio de Janeiro: O Jornal Batista, 5 de julho de 1987, p.5.
7. Ibid. (grifo meu).
8. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist Hymnal. Nashville: Broadman Press, 1976. p.354.
9. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody. 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937. p.67.
2. Santo! Santo! Santo!
ESTE HINO tem sido chamado
“o melhor hino já escrito, considerando sua pureza de linguagem, sua devoção, sua espiritualidade, e
a dificuldade de tratar poeticamente um tema abstrato como esse.” 1
É cantado, domingo após domingo ao redor do mundo, quer em inglês, português, russo, chinês, e em
centenas de outras línguas. Paráfrase de Apocalipse 4.8-11, o hino realça o canto contínuo de adoração dos
quatro seres viventes:
“Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, e que é, e que há de vir.”
Reginald Heber (1783-1826) era filho de um abastado fazendeiro inglês no condado de Cheshire. Era
uma pessoa por demais generosa, dando tudo o que ele tinha nos bolsos às pessoas necessitadas que
encontrava. Quando ele viajava, sua mãe costumava costurar o seu dinheiro da passagem em sua roupa,
para que ele não ficasse sem possibilidade de voltar para casa. Como jovem, Heber recebeu boa educação e
durante os estudos tinha certa fama como poeta. Ordenado ao ministério anglicano, recusou boas posições
na capital, voltando à sua região natal para servir numa pequena igreja.
Embora os anglicanos cantassem mais os salmos, Heber ficou muito impressionado pelos hinos de John
Newton e William Cowper (ver HCC 226). Interessou-se, especialmente, por hinos de boa qualidade que
fossem apropriados para o ano eclesiástico, seguindo os temas bíblicos para cada domingo. Começou a
publicar seus hinos em 1811, mas não conseguiu permissão para publicar a sua coleção, Hinos escritos e
adotados ao serviço semanal do ano eclesiástico, feita com a colaboração de outros bons hinistas.
Depois de 16 anos no pastorado, Heber aceitou o bispado de Calcutá 2, na Índia, dizendo que um pastor
devia ser como um
“soldado ou marinheiro, pronto a ir para qualquer serviço, tão remoto ou indesejável que fosse.” 3
Este campo enorme incluía não apenas a Índia, mas o então Ceilão (agora Sri Lanka), e Austrália. Heber
se dedicou a este ministério com entusiasmo mas, depois de três anos de trabalho árduo, maltratado pelo
clima severo, faleceu repentinamente. Ele tinha ido numa viagem de aproximadamente 1.800 quilômetros
para a cidade de Trichinópoli, no extremo sul da Índia, para confirmar uma classe de 42 convertidos. O seu
servo, achando que ele se demorava muito no banho, foi à sua procura, encontrando-o morto. Seu ministério,
contudo, continuou pois a coleção dos seus hinos foi encontrada por sua mãe (depois da morte de Heber), na
mala dele que a ela foi enviada. E foi a pedido dela que a Igreja Anglicana deu permissão para publicá-la em
1827, um ano após a sua morte.
A obra de Reginald Heber ajudou a dissipar os preconceitos dos anglicanos contra os hinos e marcou uma
nova era na hinologia inglesa. A importância dos seus hinos é resultado, em parte, da sua expressão literária
e qualidade lírica. Mais importante ainda é o fato que as igrejas receberam dele hinos baseados no ensino
bíblico de cada domingo, de acordo com o Evangelho ou a Epístola. Começaram a cantar o Novo
Testamento!
“Heber figura como um dos mais importantes hinistas ingleses do séc.19. Ao todo, escreveu 57
hinos. Todos ainda estão em uso, um tributo raro ao gênio deste escritor consagrado”.4
O tradutor do hino, João Gomes da Rocha, nasceu no Rio de Janeiro em 14 de março, de 1861, filho de
Antônio Gomes da Rocha e D. Maria do Carmo, portugueses. Era filho adotivo do Dr. Robert Reid Kalley e
Sarah Poulton Kalley, missionários pioneiros no Brasil. Estudou medicina em Londres. Foi médico
missionário na Inglaterra, Madagascar e África. O Dr. Rocha aproveitou-se de uma viagem à América do Sul
para visitar a família no Brasil e tornou-se membro da Igreja Evangélica Fluminense, fundada pelo casal
Kalley.
O Dr. Rocha, que estudara música na Escócia, cooperou ativamente com D. Sarah após o falecimento do
seu esposo, no preparo de algumas edições de Salmos e Hinos, o primeiro hinário evangélico brasileiro.
Depois da morte de D. Sarah, continuou a obra. Preparou várias edições do hinário até 1919, quando dotou
de valiosos índices a quarta edição com música. Ele também produziu numerosos hinos, entre traduções,
adaptações e trabalhos originais, 62 dos quais se encontram em Salmos e Hinos de 1975 e 15 no Cantor
cristão de 1971. No Hinário para o culto cristão encontram-se 11 das suas letras, metrificações e traduções. O
Dr. Rocha faleceu em 1947, na Escócia, onde morava, mas seu coração nunca saiu do Brasil, sua terra natal,
e do ministério da hinódia aqui.
O Dr. John Bacchus Dykes (1823-1876), nascido em Hull, Inglaterra, foi um compositor prolífico e
espontâneo de melodias para hinos, considerados os melhores exemplos da época. Estas melodias
conseguiram imortalizar os hinos para os quais foram compostas. Constavam em grande número em todos os
hinários do povo de língua inglesa e influenciaram a música dos hinos ao redor do mundo. Outras duas das
melhores dessas melodias estão no Hinário para o culto cristão, ST. AGNES (n.316) e VOX DELECTI (n.413).
Dykes mostrou o seu talento desde menino, estudando, desde cedo, violino e piano. Aos 10 anos tornou-
se organista na igreja do seu avô. Formou-se em Música em Cambridge em 1847 e foi ordenado ao ministério
no ano seguinte. Depois de poucos anos no pastorado, foi escolhido como diretor de música da famosa
Catedral de Durham, Inglaterra, onde serviu com muita distinção até a sua morte em 1876. Foi em Durham
que Dykes recebeu o grau de Doutor em música (honoris causa).
Sua filha fala de Dykes:
A sua natureza era viva, sorridente e cheia de alegria e ele tinha a capacidade de fazer amigos,
inspirando amizades profundas (...). A sua qualidade principal, entretanto, era sua fé profunda e
sincera. Parecia ser a fonte escondida de toda a sua vida exterior.4
Certamente nestas palavras pode ser achado o segredo da capacidade do Dr. John Dykes de imortalizar
bons hinos com sua música.
NICAEA, considerada a melhor melodia de Dykes, foi composta em 1861 para este hino trinitário de
Heber. Foi uma das sete com que ele contribuiu para o hinário de muita projeção, Hymns ancient and modern
(Hinos antigos e modernos). Depois que este hino recebeu a melodia de Dykes, tornou-se um dos mais
amados no mundo inteiro. O compositor escolheu este nome porque foi no Concílio de Nicéia, em 325 a.D.,
na Ásia Menor, que se estabeleceu a doutrina trinitária, rejeitando-se a heresia do arianismo.
1. TENNYSON. Alfred. Em: MCCUTCHAN, Robert Guy. Our Hymnody, 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937, p.17. [Lord Tennyson foi poeta laureado da
Inglaterra].
2. Bispo é um dos postos da Igreja Anglicana (Ver anotação 2 HCC 60).
3. Ibid.
4. OSBECK, Kenneth W. 101 hymn stories. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1982. p.79.
5. WELSH, R.E. e EDWARDS, F.G. Romance of psalter and hymnal. New York: James Pott & Co., 1889. p. 307.
4. Santo, santo, Pai bondoso
ESTE HINO, dirigido a cada pessoa da Trindade, enfatiza a santidade do Senhor e declara uma entrega
de coração e mente. É uma experiência de adoração e súplica que resulta do contemplar verdadeiramente a
santidade de Deus. Nunca deve ser cantado impensadamente. A leitura bíblica do versículo 3 em Isaías 6 é
um excelente trecho para usar juntamente com o hino. Aliás, a leitura dos versículos 1 a 8 do trecho é uma
ótima preparação para o hino.
O autor e compositor, James Lloyd (Jimmy) Owens), nascido em Clarksdale, Estado de Mississippi,
EUA, em 9 de dezembro de 1930, se lembra bem da sua avó, serva dedicada a Deus, que lhe encorajou a
decorar as Escrituras. Jimmy freqüentava igrejas batistas quando criança e adolescente, recebendo instrução
das Escrituras. Como jovem, Jimmy tocava trompete numa banda de jazz, viajando muito. Mas, aos 19 anos,
teve um despertamento espiritual e a deixou. Tinha a convicção de ser chamado para algum tipo de
ministério, mesmo não sabendo qual. Cooperando com uma igreja da Aliança Missionária Cristã em São
Francisco, Estado da Califórnia, durante os quatro anos que esteve na Marinha, Jimmy trabalhou no ministério
de música. Estudou nas Faculdades Millsaps e Southwestern.
Jimmy tem tido uma extensa carreira de composição e produção de discos. No seu musical cristão Show
me (Mostre-me), composto em colaboração com sua esposa Carol. Sua filha Jamie, de 15 anos, foi solista.
Em anos recentes, Jimmy e Carol têm participado em missões mundiais em cooperação com a Igreja do
Caminho, em Los Angeles, Estado da Califórnia, EUA.
A Comissão do Hinário para o culto cristão, com o desejo de usar o hino Holy, holy de Jimmy Owens,
incumbiu a Subcomissão de textos de encontrar a tradução mais adequada. Esta Subcomissão fez uma nova
e criteriosa tradução para o cântico, em 1990.
O nome HOLY HOLY, dado à melodia, provém do título original do hino.
6. Onipotente Rei
A AUTORIA deste hino ao Deus triúno é desconhecida. Por muitos anos foi atribuída a Charles Wesley.
Sabemos que o hino foi publicado pela primeira vez em uma das coletâneas de João Wesley. É um dos mais
conhecidos e cantados hinos à Trindade ao redor do mundo. Enfatiza a ação particular de cada pessoa da
Trindade na vida do cristão.
Primeiro, dirige-se a Cristo, nosso Rei, cujo amor nos inspira o louvor, como descrito em Apocalipse 19.16:
ele é “Rei dos reis e Senhor dos senhores”. Na estrofe 2, dirige-se ao poderoso Deus que pode “fazer brotar o
que se planta no coração”. Paulo expressa esta verdade em outras palavras em Filipenses 2.13: “Porque
Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”. Na estrofe 3, pede-
se ao Consolador, que “testifique da redenção (João 15.26-27), nos dê poder (Atos 1.8) e domine o coração”.
A estrofe 4 é uma doxologia, adorando ao trino Deus, que nos santifica, que nos levará à sua presença, e nos
dará glória para sempre! Amém.
Justus Henry Nelson, o tradutor, nascido em 18491 no Estado de Wisconsin, EUA, trabalhou
aproximadamente 45 anos na Amazônia. Seu preparo para este trabalho profícuo se deu na Faculdade de
Lawrence, no seu Estado natal, e na Faculdade de Teologia da Universidade de Boston, Massachusetts.
Apresentou-se para o trabalho missionário à Missão da Igreja Metodista Episcopal em 1879, e, enquanto
esperava poder viajar, preparou-se como enfermeiro e dentista para melhor poder atender às necessidades
do povo entre o qual serviria. Chegou com sua esposa em Belém, Pará, em 19 de junho de 1880.
Justus Nelson, que se desligou da sua missão e trabalhou independentemente a maior parte dos seus
anos no Brasil, fundou o periódico O apologista christão. Foi redator e escritor, escrevendo muitos artigos
apologéticos. Traduziu também muitos sermões de João Wesley. Escreveu artigos para O Bíblia e O christão,
como também enviou seus hinos e suas traduções para serem publicados em outras publicações evangélicas.
A sua ousadia provocou hostilidades e perseguições. Sua primeira escola foi completamente queimada.
Em 1892, passou três meses e meio na prisão. A febre amarela levou dois dos seus colegas de trabalho, seu
irmão João, e uma professora. Por pouco, não o levou também.
Nelson será lembrado como pioneiro nas áreas de implantação de igrejas, educação, trabalho social e
hinologia. Ele foi um dos grandes contribuidores para a hinódia evangélica brasileira, como autor e tradutor.2
Há nove hinos da sua lavra no Hinário para o culto cristão, entre os mais amados e cantados no país. O mais
conhecido é Saudai o nome de Jesus.
A melodia ITALIAN HYMN (Hino Italiano) foi usada pela primeira vez na Inglaterra, em 1769. Chama-se
“hino italiano” pelo fato de seu compositor ser desta nacionalidade.
Felice de Giardini nasceu em Turim, Itália, em 1716. Corista, violinista, concertista, professor, regente e
empresário, Giardini atuou na Itália e na Inglaterra. A Condessa de Huntington, grande incentivadora de
hinistas evangélicas na Inglaterra, comissionou-o a escrever melodias para hinos. Somente a melodia
ITALIAN HYMN ainda está em uso. Giardini viajou a Moscou, Rússia, onde faleceu em 1796.
1. Alguns autores não concordam com estas datas para Nelson, insistindo em 1851-1937. PAULA, Isidoro Lessa de. Early hymnody in brazilian baptist churches: Its
source and development. Fort Worth: School of Church Music, Southwestern Baptist Theological Seminary, 1985. p. 65.
2. PAULA, Ibid., p. 68.
8. A ti, ó Deus, fiel e bom Senhor
UMA EXPRESSÃO sincera do coração, é o hino original em português de Henry Maxwell Wright (ver
HCC 1), escrito em 1901. Grande e querido hino de adoração à Trindade, ocupou o lugar de primeiro hino do
Cantor cristão. É também o predileto do Brasil Batista e acha-se na maioria dos hinários brasileiros.
William Henry Monk (1823-1889) foi um organista de destaque em Igrejas de Londres. Foi regente de
vários corais e professor de música em instituições de renome na Inglaterra. Monk usou seu talento quase
que exclusivamente para o enriquecimento do culto congregacional. Foi redator musical responsável pelas
três primeiras edições do hinário Hymns ancient and modern (Hinos antigos e modernos), que se tornou um
dos compêndios que mais contribuiu para o canto congregacional até hoje.
Monk, que recebeu o Doutorado em música (honoris causa) na Universidade de Durham, Inglaterra, em
1882, produziu mais de cinqüenta melodias para hinos. No Hinário para o culto cristão há mais duas destas
majestosas melodias nos números 46 e 144.
A melodia EVENTIDE (Crepúsculo) é, talvez, a mais famosa das cinqüenta que William Henry Monk
publicou. Foi composta para o hino Fica ao meu lado, ó Deus, de Henry Francis Lyte (HCC 402), e é sugerida
como melodia alternativa para aquele hino no nosso hinário. Há duas versões sobre sua composição: Uma
afirma que enquanto Monk estava trabalhando na edição original de Hymns ancient and modern, e precisando
duma melodia para o hino de Lyte, ele saiu da reunião da comissão do hinário e a compôs, em dez minutos.
Entretanto, a sua viúva, mais tarde, recordava que a música foi escrita numa tarde, enquanto os dois olhavam
o pôr-do-sol, num tempo de grande tristeza nas suas vidas.
9. Louvamos-te, ó Deus
O PASTOR escocês, Dr. William Paton Mackay, escreveu este hino em 1863 e o revisou em 1867.
Baseou-o em dois textos:
no Salmo 85.6:
“Não tornarás a vivificar-nos, para que o teu povo se regozije em ti?”
e na oração de Habacuque:
“Aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos” (Habacuque 3.2).
A quarta estrofe, “Oh, vem nos encher de celeste fervor...” expressa a oração que Mackay queria realçar.
Entretanto, a forte expressão de louvor ao Deus triúno que permeia o hino todo o coloca no Hinário para o
culto cristão na seção DEUS TRIÚNO.
O estribilho
“Aleluia! Toda a glória
te rendemos, sem fim.
Aleluia! Tua graça
imploramos, Amém!”
vivifica a alma do crente, demonstrando a estreita relação entre o louvor e o aprofundamento espiritual.
William Paton Mackay nasceu na Escócia em 13 de maio de 1839. Formou-se na renomada
Universidade de Edimburgo, e praticou a medicina por alguns anos. Sentindo-se chamado para o ministério,
abandonou a medicina, foi ordenado, e em 1868 tornou-se pastor duma igreja presbiteriana.
O pr. Mackay gostava de escrever hinos. Louvamos-te, ó Deus é o mais conhecido dos dezessete hinos
com que ele contribuiu para o hinário Praise book (Livro de louvor), de 1872. Mackay faleceu vítima de um
acidente em 22 de agosto de 1885.
O hino de Mackay foi unido à música de John Jenkins Husband no hinário New praises of Jesus (Novos
louvores de Jesus), em 1867. Entretanto, foi composto em cerca de 1815, e tinha sido usado com outros
textos.
John Jenkins Husband nasceu em 1760 na cidade de Plymouth, na Inglaterra. Serviu na música da sua
igreja por alguns anos. Emigrou para os Estados Unidos da América do Norte em 1809, estabelecendo-se na
Filadélfia, Estado da Pensilvânia. Lá dirigiu uma escola de canto de música sacra e serviu na sua igreja até
falecer em 1825.
Husband compôs um bom número de melodias de hinos e antemas corais, e contribuiu com um novo
método de ensino de música para o livro Philadelphia harmony (Harmonia de Filadélfia), 1ª edição, de 1790.
O nome da melodia, REVIVE US AGAIN, (Aviva-nos de novo) refere-se ao título original do hino.
James Theodore Houston (1847-1929), que adaptou o hino para o português em 1881, foi missionário
presbiteriano da Junta de Nova Iorque. Aportou à Bahia em 17 de dezembro de 1874 servindo ali até 1877,
quando foi transferido para o Rio de Janeiro, onde exerceu o pastorado.
“Foi um dos redatores do periódico Imprensa evangélica, fundado pelo missionário pioneiro
presbiteriano Ashbel Green Simonton (1833-1867).”1
Estendeu, também, sua atuação ao Estado de São Paulo e outras áreas do país.
O missionário Houston voltou aos Estados Unidos em 1885, onde ficou por cinco anos. Em 1900 voltou a
um novo campo no Brasil, Florianópolis, SC, onde trabalhou por mais dois anos. Depois de completar 28 anos
de ministério voltou definitivamente à sua terra natal em 1902. Faleceu em Oakland, Estado da Califórnia, aos
82 anos de idade.
Houston, hinista de grande capacidade,
“foi o organizador da Nova collecção de hymnos sagrados, publicada no Rio de Janeiro em 1881”.2
Cooperou também com seu colega, o missionário John Boyle (1845-1892) na compilação do hinário
Hymnos evangélicos e cânticos sagrados, publicado em 1888. Vinte e quatro hinos escritos por ele foram
incluídos nesse hinário. Consequentemente, diversos dos seus hinos foram incluídos, em quase todos os
hinários evangélicos do Brasil. Seu hino original Dirijo a ti, Jesus, minha oração (379) e mais duas das suas
excelentes traduções: Oh, vinde, fiéis! (90), Vem, Senhor, do bem a fonte (288) aparecem no Hinário para o
culto cristão.
1. PAULA, Isidoro Lessa de. Early hymnody in brazilian baptist churches: Its sources and development. Fort Worth: School of Church Music, Southwestern Baptist
Theological Seminary, 1985. p. 62.
2. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961. p. 156.
10. Louvemos ao Senhor
ESTE HINO de gratidão ao Deus triúno, Nun danket alle Gott, (Agora, agradecemos todos ao Senhor) de
Martin Rinkart, pastor, teólogo e músico alemão, é chamado o Te Deum (ver HCC 1, anotação 5) alemão.
Escrito em 1636, é largamente usado, não somente nas igrejas, mas para expressar gratidão nacional em
muitos países. A primeira estrofe é uma expressão de agradecimento a Deus por suas bênçãos; a segunda é
um reconhecimento do seu cuidado e proteção; a estrofe final é uma doxologia, louvando o Pai, o Filho, e o
Espírito Santo.
O autor, Martin Rinkart (ou Rinckart), nasceu em Eilenburg, Alemanha, em 23 de abril de 1586. Formou-
se em música e teologia e exerceu os dois ministérios. Poeta e dramaturgo sacro, escreveu muitos volumes,
inclusive dramas que celebravam a Reforma, publicados em 1613, 1618 e 1625. Muitas das suas obras foram
perdidas. Isto não surpreende quando se lembra que:
A maior parte da vida profissional de Rinkart ocorreu durante os horrores da Guerra dos trinta anos.
Eilenburg (onde era pastor) tornou-se uma cidade de refúgio de todos os arredores, naturalmente
sofrendo pestilência e fome (....) Por muito tempo, Rinkart foi o único pastor da cidade. (....) Os seus
recursos foram estendidos ao máximo para tentar atender às necessidades do seu povo (....) teve
(durante aquele período) de fazer o culto fúnebre de um total de 4.480 pessoas.(....) Salvou a cidade
em duas ocasiões de forças inimigas.1
O pastor Rinkart faleceu em 8 de dezembro de 1649, um ano depois que a paz voltou à sua terra,
prematuramente envelhecido por seus sofrimentos. Uma placa memorial, erigida na sua cidade em 1886,
relembra o extraordinário ministério deste servo de Deus.
O pastor João Soares da Fonseca traduziu este hino do alemão em 1990, a pedido da Comissão
Coordenadora do Hinário para o culto cristão. Fonseca procurou ser o mais fiel possível ao original de Rinkart.
João Soares da Fonseca, como atuante membro da Subcomissão de Textos, traduziu dezenove hinos
para o Hinário para o culto cristão, escreveu uma estrofe para outro, e harmonizou ainda outro. Contribuiu
sempre com muita eficácia e criatividade na consideração de todos os textos. Bacharel pelo Seminário
Teológico Batista do Sul do Brasil, em 1976, foi consagrado ao ministério no mesmo ano, na Igreja Central de
Cachoeiras de Macacu, RJ, onde foi seminarista. Capixaba, nascido em Barra de São Francisco, em 15 de
maio de 1955, Fonseca voltou em seguida para o seu estado natal, pastoreando a Primeira Igreja Batista de
Vila Velha, ES, por cinco anos. Deixou esse pastorado para servir como missionário da Primeira Igreja Batista
de Vitória, no Iraque. Ficou lá dois anos. Trabalhava junto aos funcionários brasileiros da Empresa Mendes
Júnior que estava construindo uma estrada de ferro naquele país. O pastor Fonseca procurava oportunidades
para testemunhar também aos iraquianos, mesmo sabendo que isto era proibido pela lei daquele país
muçulmano. Ele usou esses anos para aprender árabe e aperfeiçoar-se no hebraico, língua que lecionou mais
tarde, no Seminário Teológico Batista do Espírito Santo.
Voltando ao Brasil, o pastor Fonseca assumiu o pastorado da Igreja da Praia de Suá, Vitória, ES, em
março de 1984. Foi também redator de O Batista Capixaba. De lá foi para a Primeira Igreja Batista de
Cascadura, Rio de Janeiro, RJ, em maio de 1986, permanecendo até 22 de abril de 2001. Assumiu, ainda em
1986, a função de redator auxiliar de O Jornal Batista, lugar que ocupou até 1988.
“Desde 6 de maio de 2001 pastoreia a Eastview Baptist Church (igreja bilíngüe de cultos em inglês e
português), na cidade de Ottawa, Canadá, auxiliado por sua esposa Peggy Smith Fonseca, com
quem contraíu nupcias em 1992. Peggy foi missionária da Junta de Richmond no Brasil designada
para o trabalho na União Feminina Batista do Brasil, onde foi líder das Sociedades de Crianças
(Amigos de missões) por 14 anos.”2
O pastor Fonseca é conhecedor do castelhano, inglês, alemão e francês, habilidade esta que usou com
afinco nas suas traduções para o Hinário para o culto cristão, dotando o hinário, assim, de um bom número
dos melhores hinos da hinódia internacional.
NUN DANKET (Agora agradecemos) recebeu o seu nome da primeira linha do hino de Rinkart, como é o
costume nos corais (hinos) alemães. Johann Crüger publicou a melodia em 1647 na sua coletânea Praxis
pietatis melica (A prática harmoniosa da piedade), 3ª edição. Felix Mendelssohn introduziu-a na sua obra
Festgesänge (Celebração), alterada e com harmonia a seis vozes. Sua obra foi apresentada, pela primeira
vez, em 1840, numa celebração do quarto centenário da invenção da imprensa. A harmonia no Hinário para o
culto cristão apresenta quatro das seis vozes.
Johann Crüger (1598-1662) nasceu na Prússia (hoje englobada pela Alemanha). Estudou teologia em
Wittenburg e tornou-se Kantor (solista e diretor de música) da Catedral Luterana de St. Nicholas, fundando o
seu coro famoso. Continuou ali até a sua morte, quarenta anos mais tarde. Crüger, um dos músicos mais
importantes da sua época, compôs muitas melodias para hinos e publicou muitas coletâneas. Publicou a
primeira edição de Praxis pietatis melica em 1644. Suas 44 edições sucessivas de 1644 a 1736 formaram a
coleção de hinos mais notável do século 17 e a fonte principal de música para a hinódia luterana daquele
período. Muitas das suas melodias estão em hinários e coletâneas corais do Brasil. O Hinário para o culto
cristão inclui outra linda melodia deste notável músico no número 315.
Felix Mendelssohn (Jacob Ludvig Felix Mendelssohn-Bartholdy) nasceu em Hamburg, Alemanha, em 3
de fevereiro de 1809, numa culta e abastada família judaica convertida ao cristianismo. O jovem Felix mostrou
os seus extraordinários talentos musicais em tenra idade: estreou como concertista ao piano aos nove anos;
aos doze, já tinha composto muitas obras, inclusive cinco sinfonias.
Outros dados sobre este gênio alemão são acessíveis em outras fontes. É importante realçar aqui as suas
mais notáveis obras sacras: os seus oratórios, Elias e São Paulo, traduzidos por Joan Larie Sutton e David
William Hodges, respectivamente (ver detalhes no HCC 25 e no HCC 1). Entre outras obras sacras de
Mendelssohn são: Tu és Petrus (Tu és Pedro, Op111), Lauda Sion (Louvai, Sião, Op 73), alguns Salmos para
coros, antemas corais, quartetos e duetos vocais, e a oração Verleih' uns frieden (Concede-nos paz), além de
diversos cânticos para solo e piano como Es ist bestimmt in Gottes rat (É, com certeza, do plano de Deus).
Outros hinos extraídos e adaptados das suas obras estão no HCC 96 e 351.
1. JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology, v.2, Dover Edition, New York: Dover Publications, 1957. p.962.
2. FONSECA, João Soares da. Dados atualizados pelo tradutor, por e-mail, à Magali Cunha em 19 de novembro de 2001.
13. Deus sábio, invisível, perfeito, imortal
ESTE BRILHANTE hino de adoração e louvor baseia-se em 1Timóteo 1.17,
“Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.”
Apareceu, pela primeira vez no hinário do autor, Hymns of Christ and christian life (Hinos de Cristo e a vida cristã),
em 1867. Desde que o compositor Gustav Holtz combinou-o, com poucas modificações, com a melodia ST. DENIO, no
hinário The english hymnal, (O hinário inglês) em 1906, seu uso se alastrou na Inglaterra e no mundo.
O seu autor, William Chalmers Smith, nasceu na cidade de Aberdeen, Escócia, em 5 de dezembro de 1824. Formou-
se na Universidade da sua cidade natal, e em Teologia em Newburg College, na famosa cidade universitária de
Edimburgo. Ordenado ao ministério da Igreja Livre da Escócia, serviu em vários pastorados por um total de 44 anos. Foi
moderador desta denominação em 1893.
De acordo com McCutchan, os hinos do Dr. Smith, um autor de mérito, “possuem tal riqueza de pensamento e vigor
de expressão que mais deles deviam receber atenção dos hinólogos”.1
João Wilson Faustini traduziu este hino em 1969 para o hinário bilíngüe Seja Louvado, preparado especialmente para
a Igreja Presbiteriana São Paulo de Newark, Estado de Nova Jersey, EUA. Foi publicado no Brasil, em São Paulo, capital
do Estado, em 1972.
João Faustini nasceu em lar cristão em Bariri, SP, em 20 de novembro de 1931. Desde cedo mostrou-se atraído pela
música. Estudou com sua irmã Martha Faustini, e aos dez anos já era organista da Igreja Presbiteriana de Pirajuí, SP. Aos
treze anos sentiu-se chamado para o ministério de Música Sacra, e desde então está intimamente ligado a esse setor da
obra de Deus.
Em 1948, Faustini ingressou no Instituto José Manoel da Conceição, na cidade de Jandira, SP. Naquele tempo Evelina
Harper, dedicada missionária e exímia musicista, era Diretora do Departamento de música. Com ela estudou regência
coral e, por seu intermédio, em 1951, recebeu uma bolsa de estudos que lhe permitiu cursar o Westminster Choir College,
em Princeton, Nova Jersey, EUA. Ali Faustini fez o Bacharel em Música.
Regressando ao Brasil em 1955, além de assumir o coro da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo,
Capital, foi convidado a substituir D. Evelina na direção do Departamento de Música do Instituto JMC. Seguindo o
caminho que Evelina Harper traçara, dirigiu o coro, preparou a Caravana Evangélica Musical, que se apresentava
anualmente em várias cidades do Brasil e organizou Seminários de música sacra dedicados aos regentes e organistas das
igrejas evangélicas.
Em 1964 Faustini regressou aos Estados Unidos, onde fez o mestrado em Música Sacra no Union Theological
Seminary em Nova Iorque. Serviu, durante o seu curso, como organista e regente na Igreja Presbiteriana São Paulo, em
Newark, Estado de Nova Jersey.
Nos anos seguintes, de novo na sua Pátria, o maestro Faustini continuou e acumulou muitos outros ministérios de
música: professor do Seminário Bíblico Palavra da Vida, do Seminário Presbiteriano Independente de São Paulo, das
Faculdades Metropolitanas Unidas e da Faculdade Santa Marcelina na mesma cidade. Brilhou como solista em concertos
promovidos pelo Coro e Orquestra de Câmera de São Paulo e pela Sociedade de Bach.
Desde o tempo da sua atuação no Instituto JMC, Faustini se empenhou num ministério que ele via como muito
necessário, o de publicações de músicas evangélicas para coro. Publicou músicas corais da série Evelina Harper.
Acrescentou a estas as cinco valiosas coletâneas Os céus proclamam, que, além de suprirem historicamente importantes
músicas corais internacionais, incluíam músicas dele e de outros brasileiros.
Faustini não se esqueceu da necessidade de gravações de música de qualidade, cantada por bons coros. Lançou, entre
outros, os LPs Os céus proclamam, volumes I e II, com a Caravana Evangélica Musical e o Conjunto Vocal Faustini,
ambos sob a sua regência.
Em 1971, juntamente com seus irmãos Loyde e Zuinglio Faustini, publicou a coletânea Hinos contemporâneos e, em
1972, o famoso Seja louvado, hinário de 315 hinos em inglês e português. Nele participaram 45 autores e 16 compositores
evangélicos brasileiros. Além desses, foram incluídas músicas de sete compositores eruditos brasileiros. Faustini fez uma
valiosa contribuição a este hinário, não somente com suas músicas, mas também com suas traduções de quilate sob o
pseudônimo J. (de João) Costa (do nome da sua esposa Queila, também musicista de renome). Rolando de Nassau, no seu
artigo Um hinário com música brasileira, na revista Ultimato, elogia Faustini por sua “contribuição pioneira”2 à hinódia:
a inclusão do sabor único e distinto da música brasileira.
Publicou, em 1973, Música e adoração, livro que contribuiu significativamente na importante área do culto de
adoração, especialmente relacionado com música.
Nos anos seguintes Faustini contribuiu para o repertório evangélico com as coletâneas: Ecos de louvor I e V, Sempre
louvarei, Coros varonis, Florilégio coral, a cantata O reino divino, a Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo São
João, e músicas avulsas.
O pr. Faustini foi pastor da Igreja Presbiteriana Unida São Paulo, em Newark, Nova Jersey de 1982 a 1996. O seu
ministério bilíngüe abrange muitos brasileiros e portugueses longe de casa. Ele continua a servir no Brasil em seminários,
congressos, apresentações e publicações, vindo uma vez por ano no mês de agosto.
Em 1988, como participante dum debate em São Paulo, sobre Música, Louvor e Adoração na Igreja Evangélica do
Brasil, Faustini falou da importância de lembrar os
“poderes tremendos que a música tem. (....) A arte nunca deve ser usada com um fim em si mesma, mas é um
instrumento fundamental, a célula para se servir ao Senhor para o louvor”.3
O Brasil evangélico é abençoado continuamente, e Deus é glorificado na música que João Wilson Faustini tem
proporcionado a todos nós por mais de três décadas.
O Hinário para o culto cristão inclui 32 letras e traduções do maestro, e quatro músicas e harmonizações.
A melodia ST. DENIO, também chamada JOANNA, apareceu como melodia para um hino pela primeira vez na
coletânea Caniadau e Cyssegr (Cânticos sacros) em 1839, com o nome PALESTRINA. Baseou-se num antiga canção
galesa muito conhecida no século 19.
1. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody. 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937. p.93.
2. NASSAU, Rolando de. Um hinário com música brasileira. Ultimato, Ano X, n.103. p.13-14.
3. FAUSTINI, João Wilson. Em: Canto comum. Kerigma, Ano II, n.10. p.23.
14. Ao Deus de Abraão louvai
ESTE HINO baseia-se numa versão metrificada do Yigdal, doxologia dos treze artigos da fé hebraica,
atribuída a Daniel ben Judah Dayyan, que viveu no século 14.
Thomas Olivers, um pastor metodista itinerante galês, ouviu o Yigdal cantilado1 em hebraico em estilo
recitativo por um famoso diretor de canto, Meyer Lyon (chamado Leoni), numa sinagoga em Londres. Muito
impressionado, Olivers conseguiu a letra e adaptou-a, dando-lhe um “caráter cristão” em sua referência ao
Deus Triúno. A seu pedido, Lyon transcreveu a melodia. Olivers publicou o hino num panfleto com o título: Um
hino ao Deus de Abraão, em cerca de 1770, dando à melodia tradicional hebraica o nome de LEONI. Os
irmãos Wesley incluiram o hino no seu hinário Pocket hymn book (Hinário de bolso), em 1785. Outras versões
do Yigdal apareceram depois, sendo preferidas em outros hinários, mas o Hinário para o culto cristão inclui as
estrofes 1 a 4 do hino como adaptado por Olivers, com pequenas alterações.
Conta-se a história duma jovem judia que se batizou na fé cristã e, em conseqüência disso (como
Salomão Ginsburg) foi abandonada pela família. Foi acolhida no lar do pastor que a batizou, e lá pôde
expressar sua fé. Como se fosse para mostrar que, apesar de tudo, sua alegria no seu recentemente
descoberto Salvador era maior do que a perda de lar e família, ela cantou: “Ao Deus de Abraão louvai”.2
Robert Hawkey Moreton, tradutor deste hino para o português, nasceu em Buenos Aires, Argentina, no
dia 10 de janeiro de 1844, filho de imigrantes ingleses. A família voltou à sua pátria em 1861, onde Robert
começou a estudar medicina. Sentindo-se chamado para o ministério, deixou a medicina para se preparar na
Faculdade Teológica de Richmond, Estado de Virgínia (EUA). Depois de formar-se, trabalhou durante quatro
anos na Inglaterra.
Sendo aceito pela Sociedade Missionária Metodista Wesleyana após seu casamento em 1871, Moreton e
esposa foram para a cidade do Porto, Portugal, onde iniciaram um trabalho que duraria 54 anos. Organizou a
Igreja Evangélica Metodista do Porto e outras igrejas em outros locais. Durante anos foi superintendente do
trabalho metodista na Península Ibérica, trabalhando no ministério metodista até sua morte em 1917.
Moreton, um homem de muita capacidade e interesses variados, traduziu muito material para estudos
bíblicos para a língua portuguesa, além de livros e artigos apologéticos. Deixou uma imensa contribuição em
revisões bíblicas realizando conferências sobre história, viagens e ciências naturais, que conhecia
profundamente.” 3 Introduziu, também, o sistema de solfejo tônico em Portugal.
Robert Moreton preparou uma coleção de hinos em 1876. Escreveu numerosos hinos, trinta e seis dos
quais estão em Salmos e hinos e treze no Cantor cristão, 36ª edição. Entre eles há textos originais, traduções
e adaptações. O Hinário para o culto cristão inclui mais cinco das suas melhores traduções nos hinos 72, 96,
331, 347, 504.
1. Cantilhação: Canto religioso em estilo recitativo, especialmente no serviço judaico. Dicionario de música. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982. p.65.
2. PRICE, Carl F. One hundred and one hymn stories. Nashville, TN: Abingdon Press, 1966. p.1053.
3. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961. p.326.
15. Ó minha alma, a Deus bendize
ESTA PARÁFRASE jubilante do Salmo 103 de Henry Francis Lyte, publicada em 1834 na sua coletânea
Spirit of the psalms (Espírito dos salmos), é uma de mais de 280 paráfrases dos seus salmos individuais.
Foram escritas para a sua igreja no porto histórico de Brixham, cidade de pesca no Sul da Inglaterra, onde ele
serviu de 1823 até a sua morte em 1847. Esta poderosa expressão de louvor foi usada como processional no
casamento da Rainha Elisabeth II, a pedido dela, no centenário da morte de Lyte. No hino original havia cinco
estrofes de seis linhas. O Hinário para o culto cristão omite a estrofe 4.
O autor, Henry Francis Lyte, nascido na Escócia em primeiro de junho de 1793, ficou órfão ainda criança.
Nunca teve boa saúde. Com dificuldades conseguiu se formar na Faculdade Trinity em Dublin, Irlanda, em
1814. Foi ordenado ao ministério anglicano, servindo em diversas igrejas na Inglaterra. No ano de 1818, Lyte
passou por uma poderosa experiência espiritual que mudou sua vida e ministério. Assistindo à morte de um
colega de ministério, ele viu a paz no coração que o amigo teve na certeza da eficácia da expiação de Cristo
em seu lugar.
“Fui altamente afetado por isso tudo, e comecei a olhar a vida (....) por um prisma diferente; comecei
a estudar a minha Bíblia, e a pregar duma maneira diferente de antes.”1
Lyte, como foi descrito por um corista da sua igreja, teve
“a expressão de maior ternura, e a maneira mais simpática possível. Estávamos muito ligados a
ele.”2
Henry Francis Lyte publicou diversos volumes de poesias. As duas coletâneas de salmos de Lyte
caracterizam-se por sua beleza, ternura e tristeza. Seus textos de hinos são cantados mundialmente. O
Hinário para o culto cristão inclui três dos mais duradouros nos números 15, 199 e 402.
Lyte faleceu em Nice, na França, em 20 de novembro, de 1847, onde tinha ido em função de sua saúde
(sofria de tuberculose). Morreu apontando para cima e dizendo: “Paz! Júbilo!”3
João Wilson Faustini traduziu este hino em 1969 para uso no hinário bilingüe Seja louvado, que foi
publicado em São Paulo em 1972. (Ver dados biográficos do tradutor no HCC 13).
Mark Andrews que compôs o antema Lauda anima (Louva, ó alma) para a letra de Lyte em 1931, nasceu
em Gainsborough, Inglaterra, em 21 de março de 1875. Estudou música com John Thomas Ruck, de
Westminster Abbey. Mudando-se para os Estados Unidos, foi mestre-capela e organista em diversas igrejas
de Montclair, Estado de Nova Jersey. Membro ativo no American guild of organists (Grêmio Americano de
Organistas), Andrews compôs música para órgão, quartetos de cordas, cantatas, antemas corais e muitas
canções. Faleceu em 10 de dezembro de 1939.
LAUDA ANIMA (Andrews) foi o nome escolhido para esta melodia no Baptist hymnal (Hinário Batista) de
1975, por ser o título do antema de Andrews, publicado por G. Schirmer's, de Nova Iorque. O nome de
Andrews aparece ao lado para distinguí-la da melodia de Sir John Goss, que tem o mesmo nome.
1. JULIAN, John. A dictionary of hymnology, Dover Edition. New York: Dover Publications, Inc., vol.1, 1957. p.706.
2. JONES, F.A. Famous hymns and their authors. London: Hodder and Stoughton, 1903. p.13.
3. LYTE, Henry F. Em: THOMSON, R. W., ed. The Baptist hymn book companion, Revised Edition. London: Psalms and Hymns Trust, 1967. p.68.
17. Fonte és tu de toda bênção
ROBERT ROBINSON escreveu este hino para o festival de Pentecoste em 1758, para a igreja em Norwich,
Inglaterra, da qual era pastor. Estas linhas revelam uma profunda gratidão a Deus, que o salvou duma vida de
degradação. Na segunda estrofe Robinson faz referência a “Ebenezer”, alusão a 1 Samuel 7.12. Para que
haja clareza, o Hinário para o culto cristão, como outros hinários recentes, substituiu este termo por uma frase
que expressa seu sentido real. O texto foi publicado na coletânea de hinos, A collection of hymns, used by the
church of Christ in Angel Alley, Bishopgate (Uma coletânea de hinos, usada pela Igreja de Cristo em Angel
Alley, Bishopgate), em 1759.
Desde 1760 os hinários incluem somente três das quatro estrofes de Robinson.
(Ver mais informações sobre Robinson e este hino autobiográfico no HCC 288, onde há outra versão em
português e outra melodia).
Robert Robinson, nascido em Norfolk, Inglaterra, em 27 de setembro de 1735, ficou órfão quando criança
e, aos quatorze anos, foi aprendiz de barbeiro. Ali, caiu na influência de más companhias. Aos dezenove anos
começou a sustentar-se a si mesmo. Uma noite, em 1754, querendo saber algo do seu futuro, foi a uma
cigana. Essa estava bébada, mas, para mostrar como Deus pode usar qualquer pessoa ou ocasião que ele
quer para alcançar uma pessoa, esta cigana disse para Robinson:
“Você viverá para ver os seus netos”.1
Estas palavras ficaram gravadas no seu coraçao. Robinson meditou em que tipo de avô ele seria. Na sua
vida atual, não era um bom homem, faria um péssimo pai, e pior avô! Sabendo que o notável pregador,
George Whitefield, estava fazendo conferências na sua cidade, foi ouví-lo. Lá, ouviu um sermão sobre
arrependimento, sobre o texto de Mateus 3.7. Ficou muito impressionado e depois de três anos de lutas
espirituais fez a sua profissão de fé. Tornou-se pregador. Pastoreou algumas igrejas na sua terra natal, sendo
a última uma igreja batista onde ele serviu até a sua morte em 1790.
Robinson foi um homem extraordinário; embora lhe faltasse uma educação formal, tornou-se proeminente
como pregador, erudito e teólogo. Escreveu muitas obras teológicas e publicou A history of the Baptists (Uma
história dos Batistas), em 1790.
Justus Henry Nelson traduziu este hino de adoração e louvor em 1881. (Ver dados do tradutor no HCC 6)
A melodia NETTLETON faz parte (com o nome HALLELUJAH) da famosa coletânea de hinos The
repository of sacred music (O repositório de música sacra), 2ª parte, de John Wyeth, publicada em 1813. Esta
coletânea vendeu quase 200.000 cópias e continha hinos dos mais conhecidos hinistas da época nos Estados
Unidos. A melodia tem sido atribuída tanto a Wyeth como a Asahel Nettleton (daí, o nome da melodia), um
evangelista de renome do século 19, na Nova Inglaterra (Nordeste, EUA). Também sugeriu-se que um amigo
de Nettleton compôs a melodia e lhe deu o nome NETTLETON em sua homenagem. Não há base para
atribuí-la, com firmeza, a ninguém.
1. BONNER, Clint. A hymn is born. Nashville: Broadman Press, 1959, p.30.
18. Ó Santo de Israel
ESTE SINGELO hino de adoração a Deus-Pai é um hino brasileiro, de autoria do pastor Egydio Gióia. O
Hinário para o culto cristão inclui também uma tradução deste servo de Deus, feita juntamente com a
missionária pioneira Frances Adams Bagby (HCC 64).
Egydio Gióia, possuidor duma possante voz que lembrava a sua nacionalidade italiana, amava muito a
música, e sonhava ser um cantor profissional. Nasceu em 30 de outubro de 1896, na pequena cidade de
Casteluccio. Fez o curso primário na Itália, mas aos doze anos veio para o Brasil com um tio. No Rio de
Janeiro, estudou canto com uma professora formada na Itália. Estudou Ciências e Letras no Colégio Batista,
mas, como Bill Ichter nos conta,
“Deus não quis que o jovem italiano fosse cantor e sim, pregador do evangelho.”1
Assim, o jovem talentoso preparou-se para o ministério. Formou-se em teologia pelo Seminário Teológico
Batista do Sul do Brasil (STBSB), em 1930.
O pr. José dos Reis Pereira, em seu livro História dos Batistas no Brasil, 1882-1982, escreve sobre o
trabalho batista na década dos anos trinta:
Em Santa Catarina, Estado ainda pouco atingido pelos batistas, foi fundada a Primeira Igreja de
Florianópolis, pelo Pastor Egídio Gióia, trabalhando como missionário da Igreja Batista do Méier, no Rio de
Janeiro. Gióia permaneceu lá pouco tempo, mas a igreja ficou.2
O pr. Egydio ainda pastoreou quatro igrejas em três estados brasileiros e ensinou no Instituto Batista de
Bauru, SP.
A Casa Publicadora Batista publicou o seu livro Notas e comentários à harmonia dos evangelhos.
O inesquecível Arthur Lakschevitz, criador e compilador das coletâneas Coros sacros, no prefácio do
primeiro volume, agradeceu a Egydio “pela grande cooperação”3 prestada. Há hinos e paráfrases das
escrituras do pr. Gióia nestas coletâneas, (agora publicadas em um só volume), inclusive a muito cantada
paráfrase do Salmo 19, Os céus declaram a glória de Deus adornada com a música de Beethoven, talvez a
música mais cantada dos Coros sacros.
Enquanto esteve no Rio de Janeiro, Gióia foi regente do coro da Primeira Igreja Batista. Regeu também o
grande coro de 500 vozes no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, em 1954.
Autor de muitos hinos, o pr. Gióia contribuiu com vários destes para a edição revisada do Cantor cristão,
1958, da qual foram extraídos para o Hinário para o culto cristão este hino e sua tradução (HCC 64). Esta vida
longa (de 1896 a 1980) de serviço ao Mestre, ainda nos inspira por meio de seus hinos.
A Subcomissão de Música do HCC procurou uma nova melodia para o hino do pr. Gióia e encontrou-a
entre as obras de David Peacock, eminente músico contemporâneo inglês.
Nascido em Bradford, Inglaterra, em 1949, David Peacock formou-se nas áreas de música e educação.
Professor, ministro de música, diretor da divisão de música da rede de televisão da British Broadcasting
Company (1973-1974), compositor, arranjador, orquestrador e compilador de coletâneas de hinos, Peacock
está agora empenhado em estabelecer um curso universitário de música sacra. Membro da comissão do
hinário Hymns for today's church (Hinos para a igreja de hoje), um dos seus arranjos feitos para este hinário
se acha no hino 180 do HCC. A melodia usada para o hino Ó Santo de Israel chama-se PARKSTONE.
1. ICHTER, Bill H. Vultos da música evangélica. Rio de Janeiro: JUERP, 1967. p.23.
2. PEREIRA, José dos Reis. História dos batistas no Brasil - 1882-1982. 2ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1985, p.134. (O pr. Reis Pereira usa a soletração moderna
para o nome do autor, enquanto a regra para este livro é utilizar a soletração da sua época).
3. LAKSCHEVITZ, Arthur. Coros sacros, v.1, 8ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), Prefácio.
21. Tu és digno de louvor
NESTE PEQUENO cântico de adoração, escrito em 1987, o autor e compositor Hiram Simões Rollo Júnior
exalta os atributos do Senhor. Grandioso, poderoso, exaltado, glorioso, puro, justo, generoso, soberano: tudo
isto é o nosso Senhor. Aleluia! Ele realmente é digno de todo o nosso louvor! Este cântico deve ser o veículo
de sincera adoração da nossa parte. Deve nos levar além: à completa lealdade e submissão. Sem isso, não
estamos verdadeiramente adorando ao nosso Senhor. Sugere-se a leitura responsiva número 20, ou a leitura
dos atributos mencionados neste cântico pela congregação antes de cantá-lo.
Hiram colocou o nome PARKERS na melodia em homenagem ao casal missionário, Ronnie e Beth
Parker, que tiveram uma grande influência na sua vida como compositor.
Hiram Simões Rollo Júnior é paraense, nascido em 26 de março de 1961, no lar de Hiram Simões Rollo
e Célia Messias de Almeida Rollo, ambos diáconos batistas, tendo uma irmã caçula (Andréa). Após os
estudos básicos, Hiram fez o curso de teologia com habilitação em música sacra no Seminário Teológico
Batista Equatorial, em Belém. Desde o tempo de seus estudos no STBE o povo batista canta os seus hinos.
Depois de formar-se, Hiram foi Ministro de Música da Igreja Batista da Aldeota, em Fortaleza, CE. Fez o
curso de piano no Conservatório Alberto Nepomuceno e iniciou Licenciatura em música na Universidade
Estadual do Ceará. Encorajado pelos professores, continuou a compor. Os missionários Ronnie e Beth
Parker, além de encorajá-lo a compor, divulgaram suas músicas não somente no Nordeste, mas também em
outras regiões do Brasil e nos Estados Unidos. O fato de Hiram estar no Nordeste influenciou muito na
presença do espírito nordestino em vários de seus hinos.
Hiram Rollo Júnior ficou conhecido por meio de algumas das suas lindas músicas e bons artigos na revista
Louvor, em O Jornal Batista, e como membro da diretoria da Associação dos Músicos Batistas do Brasil
(AMBB). A sua mensagem na Convenção Batista Brasileira em Niterói, em janeiro de 1991, demonstrou sua
capacidade e suas profundas convicções quanto à música sacra. Comparando a tarefa de edificar os santos,
cantando a nossa fé, à construção de um prédio, Hiram realçou três considerações: a necessidade de um
alicerce sólido e seguro, a de unidade estrutural e a de funcionalidade. Baseando sua mensagem em
Colossenses 2.6-8 e 3.12-17, 23-24, advertiu os ouvintes de perigos inerentes em basear a música do culto
em outros fundamentos que não sejam a Palavra viva, Jesus Cristo, e a Palavra de Deus escrita.1
Retornou ao STBE em 1988, quando dirigiu o Departamento de Música e ensinou as disciplinas teoria
musical, harmonia, culto e louvor, ministério da música e história da arte. Foi também o ministro de música da
Primeira Igreja Batista do Pará de março de 1988 até julho de 1991.
Hiram iniciou no ministério e magistério de música ainda solteiro. Em janeiro de 1991, casou-se com
Dulcilene Rocha do Nascimento, também paraense, que atua na área de informática. Apesar de não ser
musicista, Lene (como Hiram carinhosamente a chama) tem sido um braço forte no apoio às atividades
musicais de seu esposo.
Em abril de 1992, Hiram começou uma nova etapa na sua vida. Mudou-se com sua esposa para o Rio de
Janeiro para assumir a Superintendência de Música da JUERP, permanecendo nesse cargo até 1996. Os
resultados foram evidentes, tanto na superintendência, como no mundo da música evangélica no Brasil.
Foi ministro de música da Igreja Batista em Itacuruçá, RJ, (1996-2000) e professor do Curso de Música
Sacra do STBSB (Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil) onde lecionou culto cristão e coros
graduados. Em agosto de 2000 Hiram e Lene foram para os Estados Unidos da América onde ele ingressou
no Curso de mestrado em música sacra no Southern Baptist Theological Seminary (Louisville, KY), cursando
dupla especialização na Escola de Música e Culto. Seus orientadores foram Dr. Mozelle Sherman (canto) e
Dr. Phillip Landgrave (composição). Neste período, como membro da Walnut Street Baptist Church, em
Louisville, KY, atuou principalmente no coro da igreja e coro de sinos.2 Assumiu o ministério de música desta
mesma igreja no dia 13 de junho de 2003, meses após sua graduação como Mestre.
Há um considerável repertório de traduções, textos e melodias de Hiram, publicados no Hinário para o
culto cristão, na revista Louvor, e outras fontes (inclusive Estados Unidos). Além disto, já compôs cantatas
para crianças, vozes mistas e arranjos para coros. O Hinário para o culto cristão traz dez de suas
contribuições como autor, tradutor e compositor. Hiram é considerado uma das luzes mais brilhantes entre os
jovens compositores batistas brasileiros.
1. Para um estudo mais completo desta imponente mensagem, ver ROLLO Jr., Hiram Simões. Para edificação dos santos, cantemos nossa fé. Mensagem proferida
em Niterói, perante a 72ª Assembléia da CBB, O Jornal Batista, ANO XCI, 17 de março, 1991.
2. ROLLO JR., Hiram Simões. Dados atualizados pelo autor, por e-mail, à Leila C. Gusmão dos Santos, em 7 de novembro de 2001.
22. Justo és, Senhor
ESTA METRIFICAÇÃO do Salmo 145.17-18 de João Gomes da Rocha, feita em 1888, é um dos salmos
mais lindos dos hinários brasileiros. Um dos prediletos do Brasil batista, é cantado com a melodia JUSTUS
DOMINUS, arranjo do Dr. Lowell Mason (1792-1872), ilustre músico e educador pioneiro dos Estados Unidos.
O nome latino da melodia reflete a mensagem do hino: “O Senhor é justo”.
É impossível mensurar a contribuição do autor João Gomes da Rocha à hinódia brasileira. (Ver dados
deste hinólogo pioneiro no HCC 2).
Lowell Mason foi compositor e publicador prolífico. Compôs pelo menos 1.126 melodias originais e fez
quase quinhentos arranjos de hinos. Foi compilador ou colaborador de pelo menos oitenta coletâneas de
música sacra. Como educador, o Dr. Mason treinou muitos músicos profissionais e eclesiásticos, como
também professores de música das escolas públicas, nos Estados Unidos da América do Norte, por mais de
uma geração.
Mason nasceu em Medfield, Massachusetts, Estados Unidos da América, em 8 de julho de 1792. Aos
dezesseis anos já regia o coro da cidade e ensinando em escolas de canto mantidas pelas igrejas.
De 1812 a 1827, Mason trabalhou como bancário em Savannah, Estado de Georgia. Estudou harmonia e
composição com F.L. Abel e foi organista na Igreja Presbiteriana Independente. Publicou uma coletânea de
melodias para Salmos, com a orientação do seu professor.
Em 1827, Mason mudou-se para Boston, seu estado natal, onde serviu como presidente da Sociedade
Musical Handel e Haydn até o ano de 1832. Em Boston, Mason também regeu três coros e depois, por
quatorze anos, foi diretor de música da célebre Bowdoin Street Church. Seu coro ganhou fama pela qualidade
do canto. Mason também foi o pioneiro em classes de música para crianças.
O nome de Lowell Mason ficou nacionalmente conhecido através da sua coletânea Collection of church
music (Coletânea de música sacra), publicada em 1822, que durante os trinta anos seguintes vendeu mais de
50.000 cópias. Em 1829 publicou The juvenile psalmist (O salmista juvenil), uma iniciação à música sacra
para crianças. Wienandt e Young, dedicando diversas páginas a Mason, no livro, The anthem in England and
America, declararam:
“As publicações de Mason de música religiosa durante meio século são exemplos do melhor que a
América podia oferecer.”1
Depois de ir para a Europa para estudar a fundo o sistema de ensino de canto de Pestalozzi, Mason
estabeleceu a Academia de Música de Boston em 1833. Em 1838, com muita perseverança em face de
grandes dificuldades, ganhou a aprovação para o ensino de canto nas escolas públicas da cidade. Mason
usou estas escolas para
“preparação para tornar glorioso o louvor a Deus nas famílias e nas igrejas”2
Mason foi conferido o grau de Doutor em música (honoris causa) da Universidade de Nova Iorque, o
primeiro dado por uma universidade nos Estados Unidos. O hinólogo Robert McCutchan acha que
“Lowell Mason provavelmente fez mais para a música na América (do Norte) do que qualquer outro
indivíduo que o país já produziu.”3
O Hinário para o culto cristão inclui além desta, outras seis melodias ou arranjos deste importante
compositor nos números 127, 360, 399, 492, 540 e 563.
1. WEINANDT, Elwyn A. e YOUNG, Robert H. The anthem in England and America. New York: The Free Press, 1970. p.237.
2. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist Hymnal. Nashville: Broadmam Press, 1976. p.390.
3. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody, 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937. p.44.
23. Não a nós, Senhor
ESTE HINO é uma metrificação do Salmo 115 do pastor Guilherme Kerr Neto, feito em cooperação com o pastor
Nelson Marialva Bomilcar, que compôs a música. Bomilcar, então seminarista, muito inspirado nos seus estudos dos
salmos com o professor Paulo Mendes, na Faculdade Teológica Batista de São Paulo, foi desafiado pelo professor a
musicar os salmos que estavam estudando. Aceitou esse desafio, convidando o pastor Kerr a cooperar no
empreendimento.
Guilherme Kerr Neto escreve sobre a escolha deste Salmo em particular:
Esta canção nasceu em um momento de vida em que, apesar de muitas limitações e lutas, o nome da gente se
tornara conhecido Brasil afora, por força das músicas gravadas. Também tínhamos feito inúmeras viagens de
evangelização com a equipe dos Vencedores por Cristo, da qual, naquela época, fazíamos parte. É bem verdade
a Palavra de Deus quando diz que um homem é provado pelos louvores que recebe. Pensando nisso e apoiado
por exemplo tão significativo do Rei Davi foi que nasceu esta letra.1
O grupo Vencedores por Cristo gravou muitos destes salmos numa série de discos que se espalhou por todo o Brasil.
Não a nós, Senhor fez parte do primeiro disco, lançado em 1981.
Nas edições impressas do Hinário para o culto cristão foi grafada erradamente uma palavra na segunda linha da
segunda estrofe. Onde se lê “Onde está nosso Deus”, lê-se, “Onde está vosso Deus”, exatamente como encontra-se no
Salmo.
O pastor Guilherme Kerr Neto, muito conhecido no Brasil através das suas letras bíblicas e profundas, nasceu em
São Paulo em 30 de agosto de 1953 de uma família famosa na história das igrejas evangélicas, por seus pastores,
educadores e hinistas. Convertido em fevereiro de 1972 foi batizado pelo pastor Renato Cobra Castro, na Igreja Batista do
Morumbi. Sentindo a chamada ao ministério da Palavra, formou-se pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo.
Durante sete anos trabalhou com os Vencedores por Cristo, viajando, fazendo campanhas evangelísticas musicais,
escrevendo muitos hinos, gravando discos. Por cinco anos fez parte do colegiado de pastores da Igreja Batista do
Morumbi. Foi diretor artístico na área de publicações, música, rádio e TV do grupo Luz do caminho, sediado em
Campinas, SP. Pastoreou uma comunidade evangélica independente chamada Koinonia, na mesma cidade, e dirigiu
GKERR Produções. O pastor Guilherme começou a escrever hinos em 1972. O grupo Vencedores por Cristo publicou
muitas das suas produções a partir de 1975. Muitas delas também continuaram a ser gravadas e publicadas por GKERR
Produções e diversos outros discos e hinários. Sua contribuição à hinódia brasileira contemporânea é inestimável.
Falando sobre este ministério, o pastor Kerr Neto explica:
Na realidade não exerço o ministério da música e sim do ensino, por meio, principalmente, da música. Isso se
deu no contexto de trabalho com os Vencedores por Cristo, quando viajamos por dois anos quase consecutivos e
eu percebi a necessidade e a imensa abertura que as pessoas em geral, os jovens em particular, tinham para com
a música, como veículo de comunicação da poderosa mensagem do evangelho.2
O pastor Guilherme é casado com Sandra Elizabeth Kerr e o casal tem quatro filhos.
Pr. Kerr Neto tem no seu bojo de textos diversas cantatas como Vento livre, Eram doze e Histórias que Jesus contou.
O Hinário para o culto cristão inclui cinco das outras excelentes letras deste hinista nos números 80, 194, 321, 496 e 531.
Atualmente reside em Boca Raton, no sul da Flórida, EUA, onde é pastor da Brazilian Missionary Community Church
e gravou, também pela BMCC, o Cd Doce nome, ao vivo, nesta vibrante comunidade batista, no ano 2000.3
O compositor Nelson Marialva Bomilcar, hoje pastor e ministro de louvor da Igreja Evangélica Pró-Raízes, nasceu
em São Paulo, em 14 de novembro de 1955. Aceitou a Cristo em julho de 1972, sendo batizado na Igreja Batista
Paulistana, Capital, pelo pastor Cesar Thomé.
Bomilcar se aprimorou na música através de cursos de piano popular, violão clássico, contrabaixo, guitarra, canto,
composição e regência e produções musicais. Estudou teologia na Faculdade Teológica Batista de São Paulo.
Na área de educação, já ensinou Novo Testamento, discipulado, missões, música e louvor, música e cultura, música e
contextualização.
Bomilcar, além de músico profissional, é produtor musical. Desde 1975 tem publicado várias produções: músicas para
coros mistos, para crianças, para conjuntos e solistas. Várias das suas músicas foram gravadas (com a sua participação)
por Vencedores por Cristo, Grupo Semente e pela Igreja Batista do Morumbi, da qual foi pastor associado por diversos
anos.
O pastor Bomilcar é conhecido em todo Brasil como conferencista, especialmente na área de música sacra. Inclui no
bojo dos seus vários ministérios os de aconselhamento e evangelismo itinerante. Tem trabalhado na adoração e música
cristã nos últimos 30 anos, ministrando e pastoreando músicos, tendo produzido inúmeros cantores e grupos no Brasil.
Participou de Vencedores, Semente, IBMorumbi. É membro da Associação de Músicos Cristãos (AMC) do Brasil.
SALMO 115, o nome da melodia escolhido pelo compositor, é do título original do hino.
O arranjo do hino foi feito por Ralph Manuel para o HCC em 1990.
Ralph Manuel nasceu em 22 de julho de 1951, na cidade de Oklahoma, Estados Unidos da América, filho de um
diácono. Chamado para o ministério de música em 1971, serviu a Deus no Brasil como missionário da Junta de Richmond
de janeiro de 1980 a dezembro de 2003. De 1980 a 1988 atuou como Ministro de Música na Igreja Batista Imperial,
Recife, PE. Durante os 23 anos que aqui esteve, trabalhou como professor de teoria, piano e composição no Seminário
Teológico Batista do Norte do Brasil, por diversas ocasiões ministrou aulas no Curso de Mestrado do Seminário do Sul,
RJ, além de atuar como preletor e pianista acompanhador nos Congressos Nacionais e Estaduais dos músicos Batistas
brasileiros. Em janeiro de 2004, de volta à sua terra natal, Ralph foi empossado no ministério de música da Heritage
Baptist Church, em Anápolis, estado de Maryland, USA.
Manuel iniciou seus estudos de música aos 8 anos de idade. Bacharelou-se em Música na Universidade de Oklahoma,
EUA, com especialização em Piano. No Seminário Teológico Batista do Sudoeste em Fort Worth, Texas, fez o Mestrado
em Música Sacra, com especialização em educação musical de igreja e iniciou seus estudos de Doutorado em Filosofia
(Ph.D.), com especialização em Teoria Musical.
O prof. Ralph e Donna Manuel casaram-se em dezembro de 1972. Seus filhos são James (1986) e Melissa (1988).
Donna, formada em Educação Religiosa, serve a sua igreja no departamento de crianças e também como pianista.
Antes de chegar ao Brasil, Ralph já demonstrava sua habilidade de compositor. A Broadman Press publicou sua
coletânea para piano em 1979, e outra para solo vocal e piano em 1983. A JUERP publicou esta última em 1993, com o
título Cantai!.
Uma vez aqui chegando, Manuel assimilou a cultura musical brasileira a tal ponto que compôs vários hinos e músicas
para coro com características brasileiras. Suas excelentes composições e arranjos para coro, diversas das quais apareceram
nas coletâneas da série Coral sinfônico, na revista Louvor e em outras publicações da JUERP, são cantados em número
crescente pelos evangélicos nos quatro cantos do país. Como professor, pianista e compositor nos congressos da
Associação de Músicos Batistas do Brasil, e como componente nas equipes de música das assembléias da Convenção
Batista Brasileira, Ralph deu uma contribuição significativa para a música sacra brasileira. 4
Ralph é concertista de renome. Sua colega na Subcomissão de Música do HCC, Célia Câmara Reis (In memorian),
expressou o sentimento de muitos quando disse:
“para mim, ouvir Ralph tocar é como ouvir música do céu.” 5
We come before you, Lord (Chegamos diante de ti, Senhor), uma coletânea de solos para piano de Ralph foi publicada
por Beckenhorst Press, em 1994.
A Broadman Press publicou sua coletânea para piano em 1979 e outra para solo vocal e piano em 1983; esta também
publicada aqui no Brasil, pela JUERP, em 1993, com o título Cantai! Suas composições e arranjos para coro aparecem nas
coletâneas da série Coral sinfônico, na revista Louvor e em outras publicações da JUERP e AMBB, com destaque a
cantata A perfeição do amor.
Ralph continua a compor, e durante o período que aqui trabalhou produziu hinos para missões com seu parceiro Jilton
Moraes e músicas para coro. Da sua cantata A perfeição do amor a JUERP publicou antecipadamente os antemas corais
Deus é amor e Quem nos separará?. No ano de 1997 a AMBB publicou a cantata inteira.
Em dezembro de 2003, Ralph e sua família retornaram ao seu país de origem e, em janeiro de 2004, Ralph tomou
posse o ministério de música na Heritage Baptist Chruch, em Anapolis, Estado de Maryland, EUA. Foi ordenado na noite
de 25 de julho de 2004 como ministro de música na mesma igreja. 6
É impossível medir a contribuição de Ralph Manuel como membro incansável da Subcomissão de
Música e do Grupo Assessor de Leitura de Provas do Hinário para o culto cristão. O fato de o hinário
incluir, da sua lavra, treze músicas, sete arranjos e quatorze harmonizações, revela em parte a sua
capacidade e dedicação. Certamente “para tal tempo como este” Deus o mandou ao Brasil!
1. KERR NETO, Guilherme, Carta á autora em 22 de abril, 1992
2. KERR NETO, Guilherme, Carta a Clauber Ramos, da Associação Áurea de Jovens, Associação Batista Norte do Rio de Janeiro, em 5 de novembro de 1991.
3. SANTOS, Leila Christina Gusmão dos. Quem nos capacita é o Senhor, Louvor, Rio de Janeiro: JUERP, Ano 24, v.1, n.86, jan/fev/mar 2001, seção Hino do mês, p.15.
4. MORAES, Daniel Souto de. 20 anos nas “Terrae Brasilis”. Em: Louvor, Rio de Janeiro: JUERP, n.84, Ano 23, v.3, ,jul/ago/set., 2000., p.4
5. REIS, Célia Câmara, em conversa com a autora em Curitiba, em março de 1990
6. GUSMÃO, Leila. Notas e notícias, Novos ministérios, Louvor. Rio de Janeiro: JUERP, n.102, ANO 28, v.1, 1º trimestre de 2005, p.9.
25. Tu és fiel, Senhor
O PASTOR Arthur Francis White, pastor batista aposentado de 88 anos de vida estava acamado no
hospital. Sofrera uma queda muito brutal, que lhe fizera muito mal. Duas das suas quatro filhas revezavam-se
ao seu lado. Anne, sua querida esposa de 58 anos, estava doente em casa, sem condições de estar com ele.
(Havia de segui-lo ao lar celestial quatro meses mais tarde).
Numa hora quando sua filha Helen White Brock estava ao seu lado. o Pr. Arthur pediu: “Helen, cante
comigo, Tu és fiel, Senhor”. O pr. Arthur possuía uma linda e possante voz de tenor. Uma de suas maiores
alegrias era cantar o louvor de Cristo, a quem ele conhecera e amara desde menino, e servia fielmente há
longos anos.
Helen nunca foi solista, mas cantava um contralto muito afinado no coro, e, quando necessário, regia o
coro com eficiência, embora fosse mais uma instrumentista. Naquele momento, entretanto, começou o hino
que ambos amavam e conheciam de cor. O pastor, com a voz fraca, uniu-se a ela. Em alguns minutos, com a
voz falhando, o Pr. Arthur pediu: “Continue, Helen, não posso mais”. E assim Helen continuou a cantar este
grande hino, enquanto seu pai, olhos fechados, apreciava. De repente, Helen notou que seu pai, um sorriso
ainda nos lábios, parecia ter dormido. Percebeu que ele não estava mais ali. Partira para estar com seu fiel
Pai celeste.
Este hino continuou a ser o hino da família de Helen e Ursus Brock e de suas filhas, Margaret, Edith e
Mary. Foi escolhido por Ursus para fazer parte do seu próprio culto memorial, muitos anos mais tarde. Tem
sido o testemunho de Edith e Dewey Mulholland por mais de 40 anos de serviço missionário no Brasil, 23 no
Piauí, e o restante no Distrito Federal: Verdadeiramente, Deus é fiel!
O homem lia com cuidado as várias poesias que tinha diante de si. Elas lhe foram enviadas por um amigo,
para que ele, sentindo a devida inspiração, escrevesse músicas para acompanhá-las.
Uma das poesias logo chamou a sua atenção.
“Esta poesia tinha tal apelo, que orei com todo o fervor para que a minha melodia pudesse transmitir
a sua mensagem duma maneira digna.”1
A cena descrita transcorreu em 1923. O compositor era o Rev. William Marion Runyan, metodista
norteamericano. Sem dúvida, hoje podemos dizer: a música do compositor faz exatamente o que ele tão
ardentemente desejou.2
Runyan nasceu no dia 21 de janeiro de 1870, em Marion, Estado de Nova York. Tinha grande inclinação
para a música. Iniciou os seus estudos de música quando tinha cinco anos, e aos doze já servia como
organista da igreja. Quando tinha 14 anos, seu pai, que era pastor metodista, mudou-se, com a família, para o
Estado de Kansas.
Apesar do seu grande talento musical, Deus tinha outros planos para Runyan. Aos 21 anos de idade, foi
consagrado ao ministério pastoral. Serviu como pastor e evangelista entre os metodistas por 32 anos.
Por causa de um problema de surdez, Runyan deixou o pastorado em 1923, para assumir
responsabilidades na Universidade John Brown, trabalhando também como redator da revista Christian
workers' magazine (Revista do obreiro cristão) e como compilador de hinários.
De 1931 a 1944, ele serviu no Instituto Bíblico Moody, em Chicago. Foi nesse Instituto que o hino Tu és
fiel, Senhor, tornou-se muito conhecido, tornando-se um dos prediletos dos alunos daquela instituição.
Quando o Dr. Houghton, presidente da mesma, faleceu, o hino foi entoado por todos os presentes ao culto
fúnebre.
Em 1923, quando Thomas O. Chisholm enviou aquelas poesias a William Runyan, este, compositor de
quase 300 hinos, já havia feito umas 20 ou 25 músicas para acompanhar poesias de Chisholm, seu colega e
grande amigo.
Thomas Obediah Chisholm nasceu no Estado de Kentucky, no dia 29 de julho de 1866, em
circunstâncias humildes e teve de instruir-se por si mesmo. Apesar de só completar o curso primário por
esforço próprio, mais tarde se tornou professor. Com 21 anos já era o redator auxiliar do jornal local.
Com 27 anos, Chisholm se converteu durante uma série de conferências evangelísticas. Mais tarde, foi
consagrado ao ministério pela Igreja Metodista, mas o seu estado de saúde bastante precário proibiu que
desenvolvesse muitas atividades. Por esta razão, ele deixou o pastorado.
Chisholm escreveu um total de aproximadamente 1.200 poesias. Faleceu no Lar Metodista de Ocean
Grove, Estado de Nova Jersey, em 29 de fevereiro de 1960.
O hino Tu és fiel, Senhor foi publicado pela primeira vez em 1923, num hinário intitulado Songs of
salvation (Cânticos de salvação) da autoria de Runyan.
O nome da melodia, dado pela família de Runyan, é FAITHFULNESS (Fidelidade).
A tradução é uma colaboração de Joan Larie Sutton, Lydia Bueno e Hope Gordon Silva, as duas
últimas então professoras de português na Escola de Português e Orientação em Campinas, SP.
Quando o Hinário da Campanha Nacional de Evangelização foi publicado pela JUERP, em 1964, um dos
hinos “novos” que logo se tornou favorito foi o hino n.38, Tu és fiel, Senhor. Seguiu-se sua inclusão em Vinde,
cantai! (1980). Foi um dos hinos mais alistados como favorito na pesquisa feita pela Comissão do Hinário
para o culto cristão em todo o Brasil, para determinar quais fariam parte do novo hinário.
A tradutora, Joan Larie Sutton, habilidosa coordenadora da comissão que preparou o Hinário para o culto
cristão, é conhecida e amada em todo o Brasil. D. Joana (como ela é mais conhecida) é exímia violinista,
querida professora, compositora, autora, tradutora e criadora de um imenso patrimônio de música sacra no
Brasil.
Joan Larie Riffey nasceu em 26 de julho de 1930, em Louisville, Estado de Kentucky, EUA. Chegou ao
Brasil com os seus pais, John e Esther Riffey, operosos missionários da Junta de Richmond, em 1935. Como
diretor do Curso por Extensão do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, de 1938 a 1954, o Dr. Riffey
serviu em oito estados do Brasil. D. Esther trabalhou na igreja local, no Rio de Janeiro, no Curso de Obreiras
e como autora e compositora para o trabalho com crianças. Joana aceitou a Cristo nos joelhos de sua mãe,
vindo a se batizar aos dez anos. Os seus estudos de primeiro e segundo grau foram em colégios batistas, em
Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. Bem cedo revelou o seu talento musical. Desde os seis anos estudou
piano, adicionando, depois, o violino. Em seu sermão oficial no VI Congresso Nacional da Associação dos
Músicos Batistas do Brasil, realizado em Fortaleza, CE, D. Joana recordou a sua formação espiritual e
musical. Realçou as suas experiências nos corais da sua igreja e escola, as capelas, os cultos, os orfeões.
Sobretudo ela se lembrou dos hinos, que ajudaram a formar esta líder que mais tarde teria forte influência na
música sacra brasileira.
Indo aos Estados Unidos para continuar os estudos, como bolsista, Joana cursou Pedagogia do violino na
Universidade de Baylor, Estado de Texas, bacharelando-se em Letras (literatura inglesa e francesa) e Música
(teoria e violino), concluindo em 1951. Após o falecimento de seu primeiro esposo, Joana voltou aos estudos,
iniciando, em 1952, o Mestrado em Música Sacra no Seminário Teológico Batista do Sul, em sua cidade natal.
Durante o curso veio a conhecer John Boyd Sutton, com quem se casou em segundas núpcias. Deus deu três
filhos a este casal, John Edwin (1954), Laura (1957) e Cecília, que nasceu no Brasil em 1960. O Pr. Boyd e
Joana terminaram o Mestrado em Música Sacra em 1956, e, depois de três anos de trabalho na Primeira
Igreja Batista de Hendersonville, no Estado de Carolina do Norte, foram nomeados como missionários pela
Junta de Richmond, chegando ao Brasil em agosto de 1959. O casal começou a lecionar música no STBSB
em 1961. Em 1963, iniciaram o Curso de Música Sacra do Seminário, com o Pr. Boyd na direção. A
professora Joana lecionou em muitas áreas: composição, contraponto, forma e análise, órgão, violino, e
hinologia, sempre traduzindo músicas para os diversos coros e para o ensino de canto. Passaram mais de
vinte anos abençoados treinando pessoas que hoje estão espalhadas pelos quatro cantos do país e no
exterior, muitos em liderança da denominação. Este casal verdadeiramente tem dedicado toda a vida ao
ministério de música na Pátria Brasileira.
Do incansável trabalho e direção de D. Joana temos traduzidas grandes obras para o português: o
Messias, de Handel; Elias e Cristus, de Mendelssohn; Réquiem, de Brahms - o único que expressa a firme
esperança dos salvos - com um significado especial para a vida da tradutora; As sete últimas palavras de
Cristo, de Dubois; Glória, de Poulenc; e a Primeira Cantata do Oratório de Natal, de Johann Sebastian Bach.
Além do grande acervo de traduções de outras cantatas, antemas, hinos e solos, suas composições
abrangem todas as áreas de música sacra. Muito cantadas no Brasil foram suas cantatas E habitou entre nós
e O presente de Natal. Seus hinos, como O desafio (agora, no HCC 543, Eu aceito o desafio), Seguir a Cristo
não é sacrifício (HCC 480) e Com júbilo prossigamos (no HCC 613, Com alegria recordamos) ecoam nas
igrejas e nos corações em todo o Brasil.
Em março de 1983, o casal se transferiu para Porto Alegre, RS, onde o Pr. Boyd atuou como Diretor do
Departamento de Música da Convenção Batista do Rio Grande do Sul. D.Joana continuou seu trabalho como
tradutora e assessora de Música para a JUERP e a denominação.
Desde a fundação da Associação de Músicos Batistas do Brasil, Joana foi uma fonte de intensa produção
e inspiração, como membro da Junta Executiva, relatora da comissão que preparou o livreto Filosofia de
música sacra, publicado pela JUERP e, desde 1987, coordenadora do projeto que tornou possível a produção
do Hinário para o culto cristão, ao qual se dedicou quase que exclusivamente por vários anos. Nas palavras
do Pr. Joaquim de Paula Rosa:
Essa irmã soube, pela direção de Deus, descobrir os elementos nacionais e missionários, homens e
mulheres para se tornarem garimpeiros da inesgotável mina dos tesouros musicais. Ela soube reunir
os pendores, a formação técnica, a consagração pessoal de cada um, a perícia e a arte de todos,
para formar uma equipe singular, que se houve com maestria no presentear-nos com um Cântico
Novo.3
O Hinário para o culto cristão apresenta 45 contribuições da profª. Joana, oito letras, uma metrificação, 36
traduções e sete músicas. Em 1991, o ano que o Hinário para o culto cristão foi lançado, Joan Sutton foi
oradora oficial da Convenção Batista Brasileira, a primeira mulher escolhida para esta honra.
O casal Sutton, depois de 33 abençoados anos de ministério no Brasil, voltou à sua terra natal em outubro
de 1992 para a aposentadoria. Fixando-se em Hendersonville, Carolina do Norte, EUA, continua a servir ao
Senhor, tanto no seu novo lar, como em cooperação com seus companheiros do trabalho batista no Brasil.
Em julho de 1993, o Pr. Boyd tomou posse como Ministro de Música da Igreja Batista de Shaw Creek.
Lydia Cassano Bueno nasceu em Campinas, SP, em 9 de julho de 1916. Convertida em 5 de dezembro
de 1954, foi batizada na Igreja Presbiteriana Central da sua cidade natal. Formada na Escola Normal Carlos
Gomes, fez cursos em fonética e inglês na capital americana, Washington D.C. Começou a escrever hinos em
1964.
Hope Gordon Silva, filha dos operosos missionários presbiterianos, Dr. Donald e Helen Gary Gordon,
nasceu em 10 de maio de 1926 em Belavista, Peru. Formou-se na Faculdade Wellesley, no Estado de
Massachusetts, EUA, fez complementação pedagógica em Mogi das Cruzes, SP, e mestrado na PUC de São
Paulo. Autora e tradutora, publicou várias coletâneas. Algumas das suas produções foram publicadas também
na série Os Céus Proclamam e nas revistas Louvor Perene e O Evangelista. Escreveu fascículos para as
reuniões infantis da sua denominação. Hope é esposa do rev. João Silva, pastor da Segunda Igreja
Presbiteriana de Ermelino Matarazzo, São Paulo, Capital. O casal tem quatro filhos.
1. RUNYAN, William M. Em: REYNOLDS, William J. Companion to Baptist Hymnal. Nashville: Broadman Press, 1976. pp.80-81.
2. Adaptado de ICHTER, Bill H. Se os hinos falassem, v.III, 1ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1971. pp.78-79.
3. ROSA, Joaquim de Paula. Apresentação. Em: Hinário para o culto cristão. Rio de Janeiro: JUERP, 1990. p.vii
27. Cantemos os louvores
O SALMO NOVE,
“Uma letra empolgante para uma marcha triunfal, celebra uma vitória gloriosa na batalha”.1
Embora Davi estivesse muito exultante com o sucesso, não usou a ocasião para vangloriar-se; ao
contrário, rompeu em louvor, celebrando a pessoa e as obras de Deus. Davi percebia que, como Deus fazia a
sua obra por meio da sua vida e experiências pessoais, também age na história por meio de grandes atos de
redenção. Deus triunfará no fim, trazendo seu reino mundial de justiça.2
Como Daví, devemos “encher os seus átrios de louvor”. Nosso Deus, que em compaixão nos libertou e
nos purificou, estará conosco para sempre! Cantemos, então, “sem cessar!” Celebremos a inigualável
“bondade que Deus nos dispensou”; louvemos a quem “nos resgatou!”
Rodolfo Hasse (1890-1968), eminente nome na Igreja Evangélica Luterana do Brasil, foi o primeiro pastor
da Igreja da Paz, no Rio de Janeiro, cujo trabalho iniciou em 30 de janeiro de 1930.
O rev. Hasse foi o pioneiro do trabalho radiofônico evangélico no Brasil. Por meia hora, semanalmente, ele
difundiu a mensagem de Cristo pela Rádio Club do Brasil, trabalho este começado em 1929.
Membro da Comissão Sinodal de Hinologia e Liturgia, o rev. Hasse trabalhou no Hinário evangélico
luterano, em 1938, e suas subseqüentes edições em 1952 e 1956. No Hinário luterano, 1986, encontramos 63
hinos originais e 83 traduções da pena deste servo de Deus.
A contribuição do rev. Hasse à hinódia brasileira é imensurável. Ninguém mais que ele soube trazer a
herança hinística germânica para a língua portuguesa, tanto por suas traduções e seus hinos como por seu
trabalho incansável de apoio à nossa hinódia.
Esta melodia foi usada pela primeira vez em um hinário publicado em 1784 em Württemberg, Alemanha.
Levada à Inglaterra, foi incluída no hinário Hymns ancient and modern (Hinos antigos e modernos), edição de
1868. ELLACOMBE é nome de um vilarejo em Devonshire, na Inglaterra.
1. WYRTZEN, Don. A musician looks at the psalms. Grand Rapids MI: Zondervan Publishing House, 1988. p.30.
2. Ver Ibid.
29. Deus é amor
ESTE LINDO HINO, que testemunha do maravilhoso amor de Deus, fez parte da coletânea, Hymns
(Hinos) escrito por John Bowring (1792-1872).
O autor, inglês de ascendência puritana, teve de deixar os seus estudos com a idade de quatorze anos
para trabalhar com o seu pai. Viajou muito, e, antes de ter dezesseis anos, ganhou proficiência nos idiomas
alemão, holandês, espanhol, português e italiano. Bowring tornou-se um dos maiores lingüistas do mundo,
podendo conversar em cem idiomas e ler em duzentos. Atuou na publicação e na política. Nomeado
cavalheiro em 1854, foi membro do Parlamento, e, entre outros postos nas colônias da Grã-Bretanha,
Governador de Hong Kong. Bowring escreveu muitas poesias e publicou três coletâneas de hinos.
O tradutor deste hino sobre o amor de Deus, Salomão Luiz Ginsburg, “Pai do Cantor cristão”, traduziu-o
em 28 de abril de 1922, no Rio de Janeiro, RJ. Dedicou a sua versão ao casal amigo J.J. e Grace Bagby
Cowsert, missionários que tiveram quarenta anos de profícuo ministério no Brasil (1920-1940). Ginsburg
publicou o hino em O Jornal Batista (p.5), em 27 de julho de 1922.
Salomão Luiz Ginsburg, de origem judaica, filho de um rabino, nasceu próximo a Suwalki, Polônia, em 6
de agosto de 1867. Dos 6 aos 14 anos, viveu em Koenigsberg, Alemanha, na casa de um tio materno, onde
recebeu educação aprimorada. Quando voltou para casa, não concordou com a orientação paterna, pois este
queria que ele se tornasse rabino e se casasse com uma jovem de 12 anos. Resolveu fugir. Foi para Londres
e lá se converteu a Cristo. Começou a sofrer perseguições. Expulso da casa de outro tio com quem morava,
foi deserdado e considerado morto pela família.
Depois de vagar pelas ruas de Londres, Ginsburg foi convidado para o “Abrigo dos judeus convertidos”,
permanecendo ali por três anos. Manifestando o desejo de pregar, estudou mais três anos na Escola de
Treinamento Missionário Regions Beyond, em Londres. Teve grande alegria em compartilhar a sua fé, mesmo
em face da perseguição. Numa ocasião foi terrivelmente espancado e deixado como morto num barril de lixo.
Sentindo-se chamado para a obra missionária, Ginsburg foi convidado por Sarah Kalley para vir ao Brasil.
No caminho, passou seis meses em Portugal para estudar a língua: passagem encurtada pela sua publicação
de panfletos apologéticos que causaram furor em altos círculos eclesiásticos do país. Como Paulo em
Damasco, seus irmãos tiveram de mandá-lo fora do lugar antes que algo drástico acontecesse com ele (ver
HCC 577).
Chegando ao Rio de Janeiro em 1890, Salomão Ginsburg filiou-se à Igreja Evangélica Fluminense. Dirigia
uma congregação da igreja e se sustentava vendendo Bíblias. Em novembro de 1891, depois de estudar a
fundo o que a Bíblia dizia sobre o batismo, foi batizado por imersão na Primeira Igreja Batista da Bahia, por
Dr. Z.C. Taylor. Logo depois foi ordenado como pastor. Em 1892, foi comissionado missionário da Junta de
Richmond.
Ginsburg pastoreou a Primeira Igreja Batista do Recife, PE, a Primeira da Bahia, a Primeira de Campos e
a Primeira de Niterói, RJ, além de trabalhar em Mato Grosso e Goiás, sempre evangelizando, sempre
implantando igrejas. Por amor a Cristo, sofreu perseguições e prisões, mas nunca desfaleceu.
Ginsburg casou-se com Carrie Bishop, que fora instrumento na sua chamada missionária, mas, após 4
meses de casados, ela faleceu na Bahia, vítima de febre amarela. Em segundas núpcias, casou-se com
Emma Morton, missionária da Junta de Richmond. Tiveram sete filhos.
Salomão Ginsburg fundou o Seminário Teológico Batista do Norte, foi secretário-correspondente-
tesoureiro da Junta de Missões Nacionais e interessou-se pela evangelização dos índios. Colaborou com
vários jornais evangélicos e escreveu em periódicos seculares. Foi também colportor, vendendo Bíblias em
várias cidades do Brasil.
Nos trabalhos de evangelização ao ar livre Ginsburg usava um harmônio e seu grande talento musical.
Escreveu muitos hinos belos e espirituais. O primeiro hino que traduziu foi Chuvas de bênçãos, enquanto
esperava para desembarcar pela primeira vez no Brasil. Depois de mudar-se para Recife, PE, publicou, em
1891, um hinário com 16 hinos, que chamou de O Cantor christão. Nos anos seguintes, continuou a adicionar
hinos seus e de outros hinistas, até que, na 11ª edição, constavam 106 hinos de sua autoria. O pastor Manuel
Avelino de Souza o chamou de “O Davi dos batistas brasileiros” cujos hinos são
“verdadeiras mensagens do evangelho”, (....) exprimem santas e belas experiências cristãs, e (....)
estão profundamente arraigados na alma dos crentes.1
Depois de uma vida de extraordinário ministério, Ginsburg faleceu em 31 de março de 1927, em São
Paulo.2
O Hinário para o culto cristão inclui, entre originais e traduções, 30 contribuições de Ginsburg, um gigante
na obra de Deus no Brasil.
Descrevendo a composição desta singela melodia, Joan Larie Sutton fala:
Estávamos no final do trabalho de escolha de letras e melodias e não tínhamos melodia para este
grande hino. Foi durante as reuniões da Comissão do HCC que compus esta melodia, indicando, na
parte harmônica, que deveria terminar em acorde maior no final da quarta estrofe. Para minha
surpresa, a Subcomissão de Música gostou da melodia. Ralph a harmonizou, e a ela dei o nome
LARIE, que faz parte do meu próprio nome.3
(Ver dados da compositora no HCC 25 e do harmonizador, Ralph Manuel, no HCC 23).
1. SOUZA, Manuel Avelino. Em: GINSBURG, Salomão L. Um judeu errante no Brasil. Trad. SOUZA, Manuel Avelino de, 2ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora
Batista (JUERP), 1970. pp.248-249.
2. Está aqui uma biografia muito resumida desse intrépido mensageiro do evangelho. Em cada um dos 30 hinos do Hinário para o culto cristão, cuja letra foi escrita
ou traduzida por ele, a autora procura apresentar outras facetas da sua vida relevantes ao hino, como faz para outros hinistas. Recomenda-se sua leitura. Melhor, a
leitura da sua autobiografia será uma bênção inestimável e um desafio.
3. SUTTON, Joan Larie. Carta à autora em outubro de 1991.
30. A terra semeamos
ESTE HINO VIGOROSO é uma tradução do cântico dos lavradores produzido por Matthias Claudius. Foi
escrito em Hamburg, Alemanha, em 1782, descrevendo uma festa de gratidão pela ceifa, numa casa alemã
da roça.
Matthias Claudius (1740-1815) era uma pessoa muito simpática, cheia de alegria e brincadeiras. Amava
a natureza, como este hino revela. Tinha um lar muito feliz, embora muito pobre, com a sua amada esposa e
onze filhos. Pensou em entrar no ministério luterano, como o seu pai, mas foi desencorajado pelos “livres
pensadores” do seu tempo. Entrou na advocacia e no jornalismo, e chegou a uma posição de destaque.
Todavia, uma doença muito séria o fez voltar à sua primeira fé. Renunciou posição e salário. Usou a arte do
jornalismo para defender a fé do racionalismo com tal vigor que muitos dos seus antigos amigos o
abandonaram. Claudius não escreveu hinos em si, mas as suas poesias, cristãs em essência, eram populares
e de grande influência. Deixou oito volumes das suas obras.
Jane Montgomery Campbell (1817-1878) traduziu este hino de gratidão do alemão para o inglês em
1861, baseado nas estrofes 3, 5, 9, 10 e 13 das dezessete estrofes originais, publicando o hino no hinário
Garland of songs (Grinalda de hinos). Jane, filha de pastor, cantora e professora de canto, falando
fluentemente o alemão, traduziu um bom número de seus hinos para o inglês. Publicou também A handbook
for singers (Um manual para cantores).
Henry Maxwell Wright, dinâmico evangelista-cantor, o Moody-Sankey da língua portuguesa, com cerca
de duzentas letras e traduções, traduziu este hino do inglês para o português em 1898. (Ver dados do tradutor
no HCC 1).
Johann Abraham Peter Schulz (1747-1800), filho de um padeiro alemão, começou cedo na vida os seus
estudos na música. Aos quinze anos, mesmo sem recursos, foi a Berlim, onde o grande mestre Kirnberger lhe
ensinou gratuitamente. Viajou muito pela Europa. Mostrou a sua gratidão a Kirnberger por auxiliá-lo na
produção de dois livros sobre composição e arte.
Schulz ganhou fama, tornando-se Diretor do Teatro Francês em Berlim em 1776; Diretor de música do
Príncipe Henry da Prússia em 1780 e Diretor de música da corte do Rei da Dinamarca, em Copenhague em
1787. Voltou à Alemanha em 1796, onde faleceu em 1800. Schulz publicou coletâneas de canções sacras e
profanas. Escreveu óperas, oratórios, e música instrumental.
A melodia WIR PFLÜGEN (Nós aramos) apareceu na coletânea Lieder für volkschulen (Canções para
escolas públicas), em 1800, com algumas estrofes do hino A terra semeamos em alemão. Mais tarde, esta
melodia muito popular foi reconhecida como sendo de Schulz.
32. Ao Deus de amor e de imensa bondade
SALOMÃO Luiz Ginsburg escreveu este vibrante hino de gratidão e amor ao Pai em 21 de abril de 1898.
A feliz ocasião foi a dedicação do primeiro templo da Primeira Igreja Batista de Campos, RJ, em que ele
serviu. A cidade de Campos foi o centro do trabalho de Ginsburg no Estado do Rio de Janeiro na década de
noventa.
Ginsburg estabeleceu aí muitas congregações, uma tipografia, onde editou o primeiro número de As Boas
Novas, reeditou o Cantor cristão, sofreu perseguições, inclusive prisão por dez dias, e deu a idéia da criação
de uma Convenção Batista Nacional. Certamente Salomão sentiu em Campos as “maravilhas que o poder do
Senhor ia operando”. (Ver outros dados do “Pai do Cantor cristão” no HCC 29).
Ginsburg escolheu a melodia TRUEHEARTED (De coração verdadeiro), composta por George Coles
Stebbins em 1878 (para o hino do mesmo título, escrito por Frances Ridley Havergal) para expressar a alegria
e gratidão do seu coração. Stebbins a compôs durante uma conferência evangelística e foi publicada na
coletânea para quartetos masculinos, The male chorus (O coro masculino), em 1888.
George Coles Stebbins (1846-1947), nascido e criado no Estado de Nova Iorque, estudou música em
Buffalo e Rochester. Aos 23 anos, mudou-se para Chicago, onde associou-se a uma publicadora de música e
tornou-se o diretor de música da Primeira Igreja Batista. Neste período fez amizade com os músicos
evangélicos mais importantes da época - Root, Bliss, Palmer e Sankey.1
Depois de servir como diretor de música em duas outras grandes igrejas, no verão de 1876, Moody o
convenceu a se unir a ele na obra de evangelismo. Associou-se a Moody e outros evangelistas proeminentes
por 25 anos, viajando pelo mundo nas suas campanhas.
Além do seu ministério de regente congregacional, Stebbins compôs centenas de hinos, e cooperou na
compilação de numerosas coletâneas de gospel hymns (ver HCC 112), a 3ª a 6ª edições de Gospel hymns
(Hinos do evangelho), em colaboração com Sankey e McGranahan (ver HCC 150) sendo as mais notáveis. O
fato de o Cantor cristão incluir 29 das suas melodias é uma indicação da sua popularidade.
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Historia dos Hinos do Cantor Cristão

  • 1. 1. Oh, vinde adorar! NESTE COMOVENTE convite, Henry Maxwell Wright nos chama à adoração ao Deus Criador, exaltando- o através de expressões como: excelso, bom, soberano, luz e poder. Esse Deus se manifesta não apenas na criação, mas principalmente em seu Filho, Jesus Cristo, que é o ponto culminante da revelação (Hebreus 1.1,2). A David William Hodges, membro do Grupo de Trabalho de Textos do HCC, foi dada por Joan Larie Sutton, Coordenadora Geral, a tarefa de acrescentar uma terceira estrofe trinitária a este hino, em 1989. “O resultado, então, é um hino que começa e termina com a frase Oh, vinde adorar!, sendo assim um excelente hino número 1 do nosso Hinário para o culto cristão”.1 Henry Maxwell Wright nasceu em Lisboa, Portugal, em 7 de dezembro de 1849. De ascendência inglesa, mais tarde optou pela cidadania britânica. Associou-se aos Batistas Livres. Em visita à Inglaterra, durante as campanhas do evangelista Dwight L. Moody, Wright decidiu deixar a profissão de bem sucedido comerciante e, em outubro de 1875, passou a dedicar-se à evangelização. Durante os seus três anos de treinamento bíblico ensinou os meninos de rua numa escola noturna e pregou tanto na Inglaterra como na Escócia. Em 1878, achou que Deus o queria na China e, antes de partir, passou por Portugal. Lá, impressionado com a falta de obreiros, sentiu-se desafiado a trabalhar com os povos de língua portuguesa, o que fez por mais de 50 anos. Evangelizou extensivamente no Arquipélago dos Açores. Wright empreendeu quatro viagens ao Brasil, onde falava a grandes auditórios, percorrendo quase todo o país. Em sua segunda viagem foi preso como “inimigo da religião oficial”.2 Na terceira viagem, veio acompanhado de sua irmã Luiza Wright (evangelista e escritora de hinos). Contraiu impaludismo e voltou à Inglaterra para tratamento de saúde. Em 1897, já restabelecido, voltou a Portugal para continuar o seu ministério ali. Wright esteve duas vezes nos Estados Unidos, pregando aos povos de língua portuguesa ali residentes, e, na volta, pregou aos portugueses residentes nas Ilhas Bermudas. Em 1901, Wright casou-se com Ellen Della- force, filha de ingleses, e juntos construíram o salão evangélico da Associação Cristã de Moços (ACM) no Porto, inaugurado em 1905. A contribuição hinológica de Wright é muito significativa. Suas letras são de grande valor inspirativo. Ele possuía também uma bela voz e cantava solos em suas reuniões evangelísticas. Gostava de ensinar hinos e cânticos nestas ocasiões, que ele escolhia ou escrevia para reforçar a mensagem da noite. Wright foi autor ou tradutor de cerca de 200 hinos.3 Há uma coletânea chamada In Memoriam (Em Memória), editada por J.P. da Conceição e publicada no Porto, em 1932, que contém 185 hinos dele. Os seus hinos e cânticos aparecem em grande número na maior parte dos hinários evangélicos no Brasil. Na 36ª edição do Cantor cristão se encontram 61 hinos seus. No Hinário para o culto cristão, publicado 60 anos depois da sua morte, ainda há 29 das letras e traduções deste servo de Deus. “Cristão consagrado para quem a comunhão com Cristo era estado habitual”,4 Wright foi o Moody-Sankey do povo de língua portuguesa, alcançando milhares de almas com sua vida dedicada, sua poderosa pregação e sábio uso da música no seu ministério. Em 23 de janeiro de 1931, Wright faleceu no Porto. Entre os presentes ao seu sepultamento achava-se o nosso saudoso missionário Antônio Maurício, ainda jovem. Foram cantados os hinos Com tua mão segura bem a minha; Doce, doce lar e Rocha eterna, a pedido do próprio Wright antes de falecer. David William Hodges, autor da terceira estrofe, nasceu em Kansas City, Estado de Missouri, EUA, em 22 de dezembro de 1942. Criado em lar cristão, foi batizado aos nove anos, e começou a trabalhar na música da igreja. David começou a estudar canto, aos 16 anos, com a profª. Gladys Cranston. David casou-se em 4 de junho de 1966, com Ramona Gay Miller, que conhecera na universidade. O casal tem quatro filhos: Charles, Catherine, Elizabeth, e Robert, seu caçula brasileiro. Hodges adquiriu um treinamento aprimorado, com Bacharel e Mestrado em Artes (especialização em canto), na Faculdade Central do Estado de Missouri; Mestrado em Educação Religiosa, no Seminário Teológico Midwestern, também, no seu estado natal. No Seminário Teológico Southwestern, em Fort Worth, Estado de Texas, ainda fez dois anos em busca do Doutorado em Educação Religiosa. Ramona fez o Bacharel e o Mestrado em inglês. Começou seus estudos de piano ainda criança e é a acompanhadora predileta de seu marido, além de servir como organista da sua igreja. Foi no seminário que Deus tocou no coração do casal, chamando-o para o trabalho missionário. O casal apresentou-se à Junta de Richmond, e foi nomeado para o Brasil, chegando aqui em 31 de janeiro de 1980. O ministério de Hodges tem sido multifacetado e profícuo. No final dos seus estudos da língua portuguesa, já servia interinamente como Ministro de Música, na Igreja Batista da Liberdade, São Paulo, Capital, e em
  • 2. 1981 se tornou professor da Faculdade Teológica Batista da mesma cidade, ensinando e regendo corais com grande sensibilidade. Hodges, que ama as línguas, dedicou-se também à tradução, dando-nos assim um grande repertório antes desconhecido dos evangélicos. A maior obra traduzida por ele e apresentada pelo Coro da FTBSP sob a sua regência, foi o oratório São Paulo, de Mendelssohn. Ainda traduziu o Te Deum 5 (Nós te louvamos, ó Senhor), de G.F. Handel, para o Coro, no qual foi o tenor solista sob a regência do pr. Marcílio de Oliveira Filho. O pr. Marcílio, num artigo para O Jornal Batista, intitulado Ele segurou as cordas!, falou do grande ímpeto que o projeto Cantem, Batistas brasileiros! recebeu desse dedicado missionário, que se empenhou para que o projeto tivesse sustento de sua missão, e se prontificou a tomar o lugar de Marcílio à frente do Coro da Igreja Batista do Ipiranga e na FTBSP durante a ausência do casal Oliveira.6 Em 1987 a família Hodges se mudou para a cidade do Recife, PE, onde David assumiu o professorado de música sacra no Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil. Hodges serviu também na Igreja Batista do Forte, na cidade de Paulista, e na Igreja Batista da Capunga, na cidade de Recife, PE, como diretor interino de música. David é um tenor de voz pura e maviosa, sendo requisitado freqüentemente para solos e recitais por onde anda. Nas chamadas “férias” nos Estados Unidos, tem prazer em divulgar, com a sua família, a música sacra brasileira. No âmbito nacional, Hodges atuou incansavelmente no preparo do Hinário para o culto cristão, primeiramente, na pesquisa (computada com o auxílio do seu filho, Charles) dos hinos prediletos do povo batista em todo o Brasil. Hodges também preparou o livreto Sete hinos congregacionais para a Igreja de hoje, publicado pela JUERP em 1986. Ele continuou a dar de si eficientemente, sem medir esforços, ora na Subcomissão de Música, ora no GTT (Grupo de Trabalho de Textos, que trabalhava com os hinos mais problemáticos), ora no Grupo de Verificação de Dados, em cooperação com a Subcomissão de Documentação e Histórico, ora no preparo e computação dos índices. Sua capacidade de ver um problema com clareza e achar uma resposta certa foi de grande auxílio para todos os seus colegas. Quando perguntado pelo pr. Marcílio quais eram as suas maiores alegrias no Brasil, David respondeu: “o país e o povo em geral, a aceitação de todos, o desenvolvimento da denominação, o trabalho em geral, e principalmente, os grandes amigos brasileiros” 7 O Hinário para o culto cristão inclui 11 excelentes letras e traduções de Hodges, e 10 músicas, verdadeiras jóias que o povo aprenderá a amar. “Vamos todos cantar para o louvor e a glória de Deus”.8 Esta frase, ouvida dos lábios de William Knapp (1698-1768) em cada culto da sua igreja, caracterizou a sua vida. Knapp, descendente de alemães, nasceu no condado de Dorsetshire, Inglaterra, em 26 de setembro de 1698. Foi chamado “O salmista do campo”.9 Tornou-se organista, compositor e compilador de coleções de melodias. Serviu por 39 anos como precentor, uma função semelhante à de diretor de música, na Igreja de Saint James, em Poole, porto no seu condado natal no extremo sul do país. Knapp publicou duas coleções de salmos, antemas e hinos, em 1738 e 1753. Hoje cantamos somente a sua melodia WAREHAM, que faz parte da primeira coleção. Uma das características distintas dessa melodia é que, com duas pequenas exceções, ela se movimenta, do início ao fim, em graus conjuntos. 1. HODGES, David William. Carta à autora em 1991 2. ICHTER, Bill H. Vultos da música evangélica no Brasil. 1ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1967. p.90. 3. Os hinos de H.M. Wright apareceram muitas vezes nas difundidas revistas O Bíblia e O christão, na coletânea da Igreja Evangélica Fluminense: Nova collecção de hymnos evangélicos, em 1882, e também nos seus próprios hinários: Hymnos e coros (1890 ou 1891) e Hymnos em 1892. A coletânea In memoriam Henry Maxwell Wright, publicada por J.P. da Conceição em 1932, reunindo todo o seu acervo, incluía 151 hinos e 42 cânticos. Destas fontes foram difundidos para Salmos e Hinos, Cantor cristão, e todos os hinários evangélicos no Brasil. Ver BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961, p.233,234. 4. BRAGA, Ibid., p.233. 5. Te Deum (Te Deum Laudamos) (Nós te louvamos, ó Senhor), provém de um hino latino usado por muitas igrejas cristãs para expressar um momento supremo de júbilo. O texto latino tem música tradicional em cantochão, mas também foi musicado com acompanhamento orquestral (por diversos músicos eruditos, inclusive por Handel, em inglês). HORTA, Luiz Paulo, ed., Dicionário de música, trad. Álvaro Cabral, Rio de Janeiro: Zahar Editores, p.379. 6. OLIVEIRA FILHO, Marcílio de. Ele segurou as cordas! Rio de Janeiro: O Jornal Batista, 5 de julho de 1987, p.5. 7. Ibid. (grifo meu). 8. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist Hymnal. Nashville: Broadman Press, 1976. p.354. 9. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody. 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937. p.67.
  • 3. 2. Santo! Santo! Santo! ESTE HINO tem sido chamado “o melhor hino já escrito, considerando sua pureza de linguagem, sua devoção, sua espiritualidade, e a dificuldade de tratar poeticamente um tema abstrato como esse.” 1 É cantado, domingo após domingo ao redor do mundo, quer em inglês, português, russo, chinês, e em centenas de outras línguas. Paráfrase de Apocalipse 4.8-11, o hino realça o canto contínuo de adoração dos quatro seres viventes: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, e que é, e que há de vir.” Reginald Heber (1783-1826) era filho de um abastado fazendeiro inglês no condado de Cheshire. Era uma pessoa por demais generosa, dando tudo o que ele tinha nos bolsos às pessoas necessitadas que encontrava. Quando ele viajava, sua mãe costumava costurar o seu dinheiro da passagem em sua roupa, para que ele não ficasse sem possibilidade de voltar para casa. Como jovem, Heber recebeu boa educação e durante os estudos tinha certa fama como poeta. Ordenado ao ministério anglicano, recusou boas posições na capital, voltando à sua região natal para servir numa pequena igreja. Embora os anglicanos cantassem mais os salmos, Heber ficou muito impressionado pelos hinos de John Newton e William Cowper (ver HCC 226). Interessou-se, especialmente, por hinos de boa qualidade que fossem apropriados para o ano eclesiástico, seguindo os temas bíblicos para cada domingo. Começou a publicar seus hinos em 1811, mas não conseguiu permissão para publicar a sua coleção, Hinos escritos e adotados ao serviço semanal do ano eclesiástico, feita com a colaboração de outros bons hinistas. Depois de 16 anos no pastorado, Heber aceitou o bispado de Calcutá 2, na Índia, dizendo que um pastor devia ser como um “soldado ou marinheiro, pronto a ir para qualquer serviço, tão remoto ou indesejável que fosse.” 3 Este campo enorme incluía não apenas a Índia, mas o então Ceilão (agora Sri Lanka), e Austrália. Heber se dedicou a este ministério com entusiasmo mas, depois de três anos de trabalho árduo, maltratado pelo clima severo, faleceu repentinamente. Ele tinha ido numa viagem de aproximadamente 1.800 quilômetros para a cidade de Trichinópoli, no extremo sul da Índia, para confirmar uma classe de 42 convertidos. O seu servo, achando que ele se demorava muito no banho, foi à sua procura, encontrando-o morto. Seu ministério, contudo, continuou pois a coleção dos seus hinos foi encontrada por sua mãe (depois da morte de Heber), na mala dele que a ela foi enviada. E foi a pedido dela que a Igreja Anglicana deu permissão para publicá-la em 1827, um ano após a sua morte. A obra de Reginald Heber ajudou a dissipar os preconceitos dos anglicanos contra os hinos e marcou uma nova era na hinologia inglesa. A importância dos seus hinos é resultado, em parte, da sua expressão literária e qualidade lírica. Mais importante ainda é o fato que as igrejas receberam dele hinos baseados no ensino bíblico de cada domingo, de acordo com o Evangelho ou a Epístola. Começaram a cantar o Novo Testamento! “Heber figura como um dos mais importantes hinistas ingleses do séc.19. Ao todo, escreveu 57 hinos. Todos ainda estão em uso, um tributo raro ao gênio deste escritor consagrado”.4 O tradutor do hino, João Gomes da Rocha, nasceu no Rio de Janeiro em 14 de março, de 1861, filho de Antônio Gomes da Rocha e D. Maria do Carmo, portugueses. Era filho adotivo do Dr. Robert Reid Kalley e Sarah Poulton Kalley, missionários pioneiros no Brasil. Estudou medicina em Londres. Foi médico missionário na Inglaterra, Madagascar e África. O Dr. Rocha aproveitou-se de uma viagem à América do Sul para visitar a família no Brasil e tornou-se membro da Igreja Evangélica Fluminense, fundada pelo casal Kalley. O Dr. Rocha, que estudara música na Escócia, cooperou ativamente com D. Sarah após o falecimento do seu esposo, no preparo de algumas edições de Salmos e Hinos, o primeiro hinário evangélico brasileiro. Depois da morte de D. Sarah, continuou a obra. Preparou várias edições do hinário até 1919, quando dotou de valiosos índices a quarta edição com música. Ele também produziu numerosos hinos, entre traduções, adaptações e trabalhos originais, 62 dos quais se encontram em Salmos e Hinos de 1975 e 15 no Cantor cristão de 1971. No Hinário para o culto cristão encontram-se 11 das suas letras, metrificações e traduções. O Dr. Rocha faleceu em 1947, na Escócia, onde morava, mas seu coração nunca saiu do Brasil, sua terra natal, e do ministério da hinódia aqui. O Dr. John Bacchus Dykes (1823-1876), nascido em Hull, Inglaterra, foi um compositor prolífico e espontâneo de melodias para hinos, considerados os melhores exemplos da época. Estas melodias
  • 4. conseguiram imortalizar os hinos para os quais foram compostas. Constavam em grande número em todos os hinários do povo de língua inglesa e influenciaram a música dos hinos ao redor do mundo. Outras duas das melhores dessas melodias estão no Hinário para o culto cristão, ST. AGNES (n.316) e VOX DELECTI (n.413). Dykes mostrou o seu talento desde menino, estudando, desde cedo, violino e piano. Aos 10 anos tornou- se organista na igreja do seu avô. Formou-se em Música em Cambridge em 1847 e foi ordenado ao ministério no ano seguinte. Depois de poucos anos no pastorado, foi escolhido como diretor de música da famosa Catedral de Durham, Inglaterra, onde serviu com muita distinção até a sua morte em 1876. Foi em Durham que Dykes recebeu o grau de Doutor em música (honoris causa). Sua filha fala de Dykes: A sua natureza era viva, sorridente e cheia de alegria e ele tinha a capacidade de fazer amigos, inspirando amizades profundas (...). A sua qualidade principal, entretanto, era sua fé profunda e sincera. Parecia ser a fonte escondida de toda a sua vida exterior.4 Certamente nestas palavras pode ser achado o segredo da capacidade do Dr. John Dykes de imortalizar bons hinos com sua música. NICAEA, considerada a melhor melodia de Dykes, foi composta em 1861 para este hino trinitário de Heber. Foi uma das sete com que ele contribuiu para o hinário de muita projeção, Hymns ancient and modern (Hinos antigos e modernos). Depois que este hino recebeu a melodia de Dykes, tornou-se um dos mais amados no mundo inteiro. O compositor escolheu este nome porque foi no Concílio de Nicéia, em 325 a.D., na Ásia Menor, que se estabeleceu a doutrina trinitária, rejeitando-se a heresia do arianismo. 1. TENNYSON. Alfred. Em: MCCUTCHAN, Robert Guy. Our Hymnody, 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937, p.17. [Lord Tennyson foi poeta laureado da Inglaterra]. 2. Bispo é um dos postos da Igreja Anglicana (Ver anotação 2 HCC 60). 3. Ibid. 4. OSBECK, Kenneth W. 101 hymn stories. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1982. p.79. 5. WELSH, R.E. e EDWARDS, F.G. Romance of psalter and hymnal. New York: James Pott & Co., 1889. p. 307. 4. Santo, santo, Pai bondoso ESTE HINO, dirigido a cada pessoa da Trindade, enfatiza a santidade do Senhor e declara uma entrega de coração e mente. É uma experiência de adoração e súplica que resulta do contemplar verdadeiramente a santidade de Deus. Nunca deve ser cantado impensadamente. A leitura bíblica do versículo 3 em Isaías 6 é um excelente trecho para usar juntamente com o hino. Aliás, a leitura dos versículos 1 a 8 do trecho é uma ótima preparação para o hino. O autor e compositor, James Lloyd (Jimmy) Owens), nascido em Clarksdale, Estado de Mississippi, EUA, em 9 de dezembro de 1930, se lembra bem da sua avó, serva dedicada a Deus, que lhe encorajou a decorar as Escrituras. Jimmy freqüentava igrejas batistas quando criança e adolescente, recebendo instrução das Escrituras. Como jovem, Jimmy tocava trompete numa banda de jazz, viajando muito. Mas, aos 19 anos, teve um despertamento espiritual e a deixou. Tinha a convicção de ser chamado para algum tipo de ministério, mesmo não sabendo qual. Cooperando com uma igreja da Aliança Missionária Cristã em São Francisco, Estado da Califórnia, durante os quatro anos que esteve na Marinha, Jimmy trabalhou no ministério de música. Estudou nas Faculdades Millsaps e Southwestern. Jimmy tem tido uma extensa carreira de composição e produção de discos. No seu musical cristão Show me (Mostre-me), composto em colaboração com sua esposa Carol. Sua filha Jamie, de 15 anos, foi solista. Em anos recentes, Jimmy e Carol têm participado em missões mundiais em cooperação com a Igreja do Caminho, em Los Angeles, Estado da Califórnia, EUA. A Comissão do Hinário para o culto cristão, com o desejo de usar o hino Holy, holy de Jimmy Owens, incumbiu a Subcomissão de textos de encontrar a tradução mais adequada. Esta Subcomissão fez uma nova e criteriosa tradução para o cântico, em 1990. O nome HOLY HOLY, dado à melodia, provém do título original do hino. 6. Onipotente Rei
  • 5. A AUTORIA deste hino ao Deus triúno é desconhecida. Por muitos anos foi atribuída a Charles Wesley. Sabemos que o hino foi publicado pela primeira vez em uma das coletâneas de João Wesley. É um dos mais conhecidos e cantados hinos à Trindade ao redor do mundo. Enfatiza a ação particular de cada pessoa da Trindade na vida do cristão. Primeiro, dirige-se a Cristo, nosso Rei, cujo amor nos inspira o louvor, como descrito em Apocalipse 19.16: ele é “Rei dos reis e Senhor dos senhores”. Na estrofe 2, dirige-se ao poderoso Deus que pode “fazer brotar o que se planta no coração”. Paulo expressa esta verdade em outras palavras em Filipenses 2.13: “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”. Na estrofe 3, pede- se ao Consolador, que “testifique da redenção (João 15.26-27), nos dê poder (Atos 1.8) e domine o coração”. A estrofe 4 é uma doxologia, adorando ao trino Deus, que nos santifica, que nos levará à sua presença, e nos dará glória para sempre! Amém. Justus Henry Nelson, o tradutor, nascido em 18491 no Estado de Wisconsin, EUA, trabalhou aproximadamente 45 anos na Amazônia. Seu preparo para este trabalho profícuo se deu na Faculdade de Lawrence, no seu Estado natal, e na Faculdade de Teologia da Universidade de Boston, Massachusetts. Apresentou-se para o trabalho missionário à Missão da Igreja Metodista Episcopal em 1879, e, enquanto esperava poder viajar, preparou-se como enfermeiro e dentista para melhor poder atender às necessidades do povo entre o qual serviria. Chegou com sua esposa em Belém, Pará, em 19 de junho de 1880. Justus Nelson, que se desligou da sua missão e trabalhou independentemente a maior parte dos seus anos no Brasil, fundou o periódico O apologista christão. Foi redator e escritor, escrevendo muitos artigos apologéticos. Traduziu também muitos sermões de João Wesley. Escreveu artigos para O Bíblia e O christão, como também enviou seus hinos e suas traduções para serem publicados em outras publicações evangélicas. A sua ousadia provocou hostilidades e perseguições. Sua primeira escola foi completamente queimada. Em 1892, passou três meses e meio na prisão. A febre amarela levou dois dos seus colegas de trabalho, seu irmão João, e uma professora. Por pouco, não o levou também. Nelson será lembrado como pioneiro nas áreas de implantação de igrejas, educação, trabalho social e hinologia. Ele foi um dos grandes contribuidores para a hinódia evangélica brasileira, como autor e tradutor.2 Há nove hinos da sua lavra no Hinário para o culto cristão, entre os mais amados e cantados no país. O mais conhecido é Saudai o nome de Jesus. A melodia ITALIAN HYMN (Hino Italiano) foi usada pela primeira vez na Inglaterra, em 1769. Chama-se “hino italiano” pelo fato de seu compositor ser desta nacionalidade. Felice de Giardini nasceu em Turim, Itália, em 1716. Corista, violinista, concertista, professor, regente e empresário, Giardini atuou na Itália e na Inglaterra. A Condessa de Huntington, grande incentivadora de hinistas evangélicas na Inglaterra, comissionou-o a escrever melodias para hinos. Somente a melodia ITALIAN HYMN ainda está em uso. Giardini viajou a Moscou, Rússia, onde faleceu em 1796. 1. Alguns autores não concordam com estas datas para Nelson, insistindo em 1851-1937. PAULA, Isidoro Lessa de. Early hymnody in brazilian baptist churches: Its source and development. Fort Worth: School of Church Music, Southwestern Baptist Theological Seminary, 1985. p. 65. 2. PAULA, Ibid., p. 68. 8. A ti, ó Deus, fiel e bom Senhor UMA EXPRESSÃO sincera do coração, é o hino original em português de Henry Maxwell Wright (ver HCC 1), escrito em 1901. Grande e querido hino de adoração à Trindade, ocupou o lugar de primeiro hino do Cantor cristão. É também o predileto do Brasil Batista e acha-se na maioria dos hinários brasileiros. William Henry Monk (1823-1889) foi um organista de destaque em Igrejas de Londres. Foi regente de vários corais e professor de música em instituições de renome na Inglaterra. Monk usou seu talento quase que exclusivamente para o enriquecimento do culto congregacional. Foi redator musical responsável pelas três primeiras edições do hinário Hymns ancient and modern (Hinos antigos e modernos), que se tornou um dos compêndios que mais contribuiu para o canto congregacional até hoje. Monk, que recebeu o Doutorado em música (honoris causa) na Universidade de Durham, Inglaterra, em 1882, produziu mais de cinqüenta melodias para hinos. No Hinário para o culto cristão há mais duas destas majestosas melodias nos números 46 e 144. A melodia EVENTIDE (Crepúsculo) é, talvez, a mais famosa das cinqüenta que William Henry Monk publicou. Foi composta para o hino Fica ao meu lado, ó Deus, de Henry Francis Lyte (HCC 402), e é sugerida como melodia alternativa para aquele hino no nosso hinário. Há duas versões sobre sua composição: Uma afirma que enquanto Monk estava trabalhando na edição original de Hymns ancient and modern, e precisando duma melodia para o hino de Lyte, ele saiu da reunião da comissão do hinário e a compôs, em dez minutos. Entretanto, a sua viúva, mais tarde, recordava que a música foi escrita numa tarde, enquanto os dois olhavam o pôr-do-sol, num tempo de grande tristeza nas suas vidas.
  • 6. 9. Louvamos-te, ó Deus O PASTOR escocês, Dr. William Paton Mackay, escreveu este hino em 1863 e o revisou em 1867. Baseou-o em dois textos: no Salmo 85.6: “Não tornarás a vivificar-nos, para que o teu povo se regozije em ti?” e na oração de Habacuque: “Aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos” (Habacuque 3.2). A quarta estrofe, “Oh, vem nos encher de celeste fervor...” expressa a oração que Mackay queria realçar. Entretanto, a forte expressão de louvor ao Deus triúno que permeia o hino todo o coloca no Hinário para o culto cristão na seção DEUS TRIÚNO. O estribilho “Aleluia! Toda a glória te rendemos, sem fim. Aleluia! Tua graça imploramos, Amém!” vivifica a alma do crente, demonstrando a estreita relação entre o louvor e o aprofundamento espiritual. William Paton Mackay nasceu na Escócia em 13 de maio de 1839. Formou-se na renomada Universidade de Edimburgo, e praticou a medicina por alguns anos. Sentindo-se chamado para o ministério, abandonou a medicina, foi ordenado, e em 1868 tornou-se pastor duma igreja presbiteriana. O pr. Mackay gostava de escrever hinos. Louvamos-te, ó Deus é o mais conhecido dos dezessete hinos com que ele contribuiu para o hinário Praise book (Livro de louvor), de 1872. Mackay faleceu vítima de um acidente em 22 de agosto de 1885. O hino de Mackay foi unido à música de John Jenkins Husband no hinário New praises of Jesus (Novos louvores de Jesus), em 1867. Entretanto, foi composto em cerca de 1815, e tinha sido usado com outros textos. John Jenkins Husband nasceu em 1760 na cidade de Plymouth, na Inglaterra. Serviu na música da sua igreja por alguns anos. Emigrou para os Estados Unidos da América do Norte em 1809, estabelecendo-se na Filadélfia, Estado da Pensilvânia. Lá dirigiu uma escola de canto de música sacra e serviu na sua igreja até falecer em 1825. Husband compôs um bom número de melodias de hinos e antemas corais, e contribuiu com um novo método de ensino de música para o livro Philadelphia harmony (Harmonia de Filadélfia), 1ª edição, de 1790. O nome da melodia, REVIVE US AGAIN, (Aviva-nos de novo) refere-se ao título original do hino. James Theodore Houston (1847-1929), que adaptou o hino para o português em 1881, foi missionário presbiteriano da Junta de Nova Iorque. Aportou à Bahia em 17 de dezembro de 1874 servindo ali até 1877, quando foi transferido para o Rio de Janeiro, onde exerceu o pastorado. “Foi um dos redatores do periódico Imprensa evangélica, fundado pelo missionário pioneiro presbiteriano Ashbel Green Simonton (1833-1867).”1 Estendeu, também, sua atuação ao Estado de São Paulo e outras áreas do país. O missionário Houston voltou aos Estados Unidos em 1885, onde ficou por cinco anos. Em 1900 voltou a um novo campo no Brasil, Florianópolis, SC, onde trabalhou por mais dois anos. Depois de completar 28 anos de ministério voltou definitivamente à sua terra natal em 1902. Faleceu em Oakland, Estado da Califórnia, aos 82 anos de idade. Houston, hinista de grande capacidade, “foi o organizador da Nova collecção de hymnos sagrados, publicada no Rio de Janeiro em 1881”.2 Cooperou também com seu colega, o missionário John Boyle (1845-1892) na compilação do hinário Hymnos evangélicos e cânticos sagrados, publicado em 1888. Vinte e quatro hinos escritos por ele foram incluídos nesse hinário. Consequentemente, diversos dos seus hinos foram incluídos, em quase todos os hinários evangélicos do Brasil. Seu hino original Dirijo a ti, Jesus, minha oração (379) e mais duas das suas excelentes traduções: Oh, vinde, fiéis! (90), Vem, Senhor, do bem a fonte (288) aparecem no Hinário para o culto cristão.
  • 7. 1. PAULA, Isidoro Lessa de. Early hymnody in brazilian baptist churches: Its sources and development. Fort Worth: School of Church Music, Southwestern Baptist Theological Seminary, 1985. p. 62. 2. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961. p. 156. 10. Louvemos ao Senhor ESTE HINO de gratidão ao Deus triúno, Nun danket alle Gott, (Agora, agradecemos todos ao Senhor) de Martin Rinkart, pastor, teólogo e músico alemão, é chamado o Te Deum (ver HCC 1, anotação 5) alemão. Escrito em 1636, é largamente usado, não somente nas igrejas, mas para expressar gratidão nacional em muitos países. A primeira estrofe é uma expressão de agradecimento a Deus por suas bênçãos; a segunda é um reconhecimento do seu cuidado e proteção; a estrofe final é uma doxologia, louvando o Pai, o Filho, e o Espírito Santo. O autor, Martin Rinkart (ou Rinckart), nasceu em Eilenburg, Alemanha, em 23 de abril de 1586. Formou- se em música e teologia e exerceu os dois ministérios. Poeta e dramaturgo sacro, escreveu muitos volumes, inclusive dramas que celebravam a Reforma, publicados em 1613, 1618 e 1625. Muitas das suas obras foram perdidas. Isto não surpreende quando se lembra que: A maior parte da vida profissional de Rinkart ocorreu durante os horrores da Guerra dos trinta anos. Eilenburg (onde era pastor) tornou-se uma cidade de refúgio de todos os arredores, naturalmente sofrendo pestilência e fome (....) Por muito tempo, Rinkart foi o único pastor da cidade. (....) Os seus recursos foram estendidos ao máximo para tentar atender às necessidades do seu povo (....) teve (durante aquele período) de fazer o culto fúnebre de um total de 4.480 pessoas.(....) Salvou a cidade em duas ocasiões de forças inimigas.1 O pastor Rinkart faleceu em 8 de dezembro de 1649, um ano depois que a paz voltou à sua terra, prematuramente envelhecido por seus sofrimentos. Uma placa memorial, erigida na sua cidade em 1886, relembra o extraordinário ministério deste servo de Deus. O pastor João Soares da Fonseca traduziu este hino do alemão em 1990, a pedido da Comissão Coordenadora do Hinário para o culto cristão. Fonseca procurou ser o mais fiel possível ao original de Rinkart. João Soares da Fonseca, como atuante membro da Subcomissão de Textos, traduziu dezenove hinos para o Hinário para o culto cristão, escreveu uma estrofe para outro, e harmonizou ainda outro. Contribuiu sempre com muita eficácia e criatividade na consideração de todos os textos. Bacharel pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, em 1976, foi consagrado ao ministério no mesmo ano, na Igreja Central de Cachoeiras de Macacu, RJ, onde foi seminarista. Capixaba, nascido em Barra de São Francisco, em 15 de maio de 1955, Fonseca voltou em seguida para o seu estado natal, pastoreando a Primeira Igreja Batista de Vila Velha, ES, por cinco anos. Deixou esse pastorado para servir como missionário da Primeira Igreja Batista de Vitória, no Iraque. Ficou lá dois anos. Trabalhava junto aos funcionários brasileiros da Empresa Mendes Júnior que estava construindo uma estrada de ferro naquele país. O pastor Fonseca procurava oportunidades para testemunhar também aos iraquianos, mesmo sabendo que isto era proibido pela lei daquele país muçulmano. Ele usou esses anos para aprender árabe e aperfeiçoar-se no hebraico, língua que lecionou mais tarde, no Seminário Teológico Batista do Espírito Santo. Voltando ao Brasil, o pastor Fonseca assumiu o pastorado da Igreja da Praia de Suá, Vitória, ES, em março de 1984. Foi também redator de O Batista Capixaba. De lá foi para a Primeira Igreja Batista de Cascadura, Rio de Janeiro, RJ, em maio de 1986, permanecendo até 22 de abril de 2001. Assumiu, ainda em 1986, a função de redator auxiliar de O Jornal Batista, lugar que ocupou até 1988. “Desde 6 de maio de 2001 pastoreia a Eastview Baptist Church (igreja bilíngüe de cultos em inglês e português), na cidade de Ottawa, Canadá, auxiliado por sua esposa Peggy Smith Fonseca, com quem contraíu nupcias em 1992. Peggy foi missionária da Junta de Richmond no Brasil designada para o trabalho na União Feminina Batista do Brasil, onde foi líder das Sociedades de Crianças (Amigos de missões) por 14 anos.”2 O pastor Fonseca é conhecedor do castelhano, inglês, alemão e francês, habilidade esta que usou com afinco nas suas traduções para o Hinário para o culto cristão, dotando o hinário, assim, de um bom número dos melhores hinos da hinódia internacional. NUN DANKET (Agora agradecemos) recebeu o seu nome da primeira linha do hino de Rinkart, como é o costume nos corais (hinos) alemães. Johann Crüger publicou a melodia em 1647 na sua coletânea Praxis pietatis melica (A prática harmoniosa da piedade), 3ª edição. Felix Mendelssohn introduziu-a na sua obra Festgesänge (Celebração), alterada e com harmonia a seis vozes. Sua obra foi apresentada, pela primeira vez, em 1840, numa celebração do quarto centenário da invenção da imprensa. A harmonia no Hinário para o culto cristão apresenta quatro das seis vozes. Johann Crüger (1598-1662) nasceu na Prússia (hoje englobada pela Alemanha). Estudou teologia em Wittenburg e tornou-se Kantor (solista e diretor de música) da Catedral Luterana de St. Nicholas, fundando o
  • 8. seu coro famoso. Continuou ali até a sua morte, quarenta anos mais tarde. Crüger, um dos músicos mais importantes da sua época, compôs muitas melodias para hinos e publicou muitas coletâneas. Publicou a primeira edição de Praxis pietatis melica em 1644. Suas 44 edições sucessivas de 1644 a 1736 formaram a coleção de hinos mais notável do século 17 e a fonte principal de música para a hinódia luterana daquele período. Muitas das suas melodias estão em hinários e coletâneas corais do Brasil. O Hinário para o culto cristão inclui outra linda melodia deste notável músico no número 315. Felix Mendelssohn (Jacob Ludvig Felix Mendelssohn-Bartholdy) nasceu em Hamburg, Alemanha, em 3 de fevereiro de 1809, numa culta e abastada família judaica convertida ao cristianismo. O jovem Felix mostrou os seus extraordinários talentos musicais em tenra idade: estreou como concertista ao piano aos nove anos; aos doze, já tinha composto muitas obras, inclusive cinco sinfonias. Outros dados sobre este gênio alemão são acessíveis em outras fontes. É importante realçar aqui as suas mais notáveis obras sacras: os seus oratórios, Elias e São Paulo, traduzidos por Joan Larie Sutton e David William Hodges, respectivamente (ver detalhes no HCC 25 e no HCC 1). Entre outras obras sacras de Mendelssohn são: Tu és Petrus (Tu és Pedro, Op111), Lauda Sion (Louvai, Sião, Op 73), alguns Salmos para coros, antemas corais, quartetos e duetos vocais, e a oração Verleih' uns frieden (Concede-nos paz), além de diversos cânticos para solo e piano como Es ist bestimmt in Gottes rat (É, com certeza, do plano de Deus). Outros hinos extraídos e adaptados das suas obras estão no HCC 96 e 351. 1. JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology, v.2, Dover Edition, New York: Dover Publications, 1957. p.962. 2. FONSECA, João Soares da. Dados atualizados pelo tradutor, por e-mail, à Magali Cunha em 19 de novembro de 2001. 13. Deus sábio, invisível, perfeito, imortal ESTE BRILHANTE hino de adoração e louvor baseia-se em 1Timóteo 1.17, “Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.” Apareceu, pela primeira vez no hinário do autor, Hymns of Christ and christian life (Hinos de Cristo e a vida cristã), em 1867. Desde que o compositor Gustav Holtz combinou-o, com poucas modificações, com a melodia ST. DENIO, no hinário The english hymnal, (O hinário inglês) em 1906, seu uso se alastrou na Inglaterra e no mundo. O seu autor, William Chalmers Smith, nasceu na cidade de Aberdeen, Escócia, em 5 de dezembro de 1824. Formou- se na Universidade da sua cidade natal, e em Teologia em Newburg College, na famosa cidade universitária de Edimburgo. Ordenado ao ministério da Igreja Livre da Escócia, serviu em vários pastorados por um total de 44 anos. Foi moderador desta denominação em 1893. De acordo com McCutchan, os hinos do Dr. Smith, um autor de mérito, “possuem tal riqueza de pensamento e vigor de expressão que mais deles deviam receber atenção dos hinólogos”.1 João Wilson Faustini traduziu este hino em 1969 para o hinário bilíngüe Seja Louvado, preparado especialmente para a Igreja Presbiteriana São Paulo de Newark, Estado de Nova Jersey, EUA. Foi publicado no Brasil, em São Paulo, capital do Estado, em 1972. João Faustini nasceu em lar cristão em Bariri, SP, em 20 de novembro de 1931. Desde cedo mostrou-se atraído pela música. Estudou com sua irmã Martha Faustini, e aos dez anos já era organista da Igreja Presbiteriana de Pirajuí, SP. Aos treze anos sentiu-se chamado para o ministério de Música Sacra, e desde então está intimamente ligado a esse setor da obra de Deus. Em 1948, Faustini ingressou no Instituto José Manoel da Conceição, na cidade de Jandira, SP. Naquele tempo Evelina Harper, dedicada missionária e exímia musicista, era Diretora do Departamento de música. Com ela estudou regência coral e, por seu intermédio, em 1951, recebeu uma bolsa de estudos que lhe permitiu cursar o Westminster Choir College, em Princeton, Nova Jersey, EUA. Ali Faustini fez o Bacharel em Música. Regressando ao Brasil em 1955, além de assumir o coro da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, Capital, foi convidado a substituir D. Evelina na direção do Departamento de Música do Instituto JMC. Seguindo o caminho que Evelina Harper traçara, dirigiu o coro, preparou a Caravana Evangélica Musical, que se apresentava anualmente em várias cidades do Brasil e organizou Seminários de música sacra dedicados aos regentes e organistas das igrejas evangélicas. Em 1964 Faustini regressou aos Estados Unidos, onde fez o mestrado em Música Sacra no Union Theological Seminary em Nova Iorque. Serviu, durante o seu curso, como organista e regente na Igreja Presbiteriana São Paulo, em Newark, Estado de Nova Jersey. Nos anos seguintes, de novo na sua Pátria, o maestro Faustini continuou e acumulou muitos outros ministérios de música: professor do Seminário Bíblico Palavra da Vida, do Seminário Presbiteriano Independente de São Paulo, das Faculdades Metropolitanas Unidas e da Faculdade Santa Marcelina na mesma cidade. Brilhou como solista em concertos promovidos pelo Coro e Orquestra de Câmera de São Paulo e pela Sociedade de Bach.
  • 9. Desde o tempo da sua atuação no Instituto JMC, Faustini se empenhou num ministério que ele via como muito necessário, o de publicações de músicas evangélicas para coro. Publicou músicas corais da série Evelina Harper. Acrescentou a estas as cinco valiosas coletâneas Os céus proclamam, que, além de suprirem historicamente importantes músicas corais internacionais, incluíam músicas dele e de outros brasileiros. Faustini não se esqueceu da necessidade de gravações de música de qualidade, cantada por bons coros. Lançou, entre outros, os LPs Os céus proclamam, volumes I e II, com a Caravana Evangélica Musical e o Conjunto Vocal Faustini, ambos sob a sua regência. Em 1971, juntamente com seus irmãos Loyde e Zuinglio Faustini, publicou a coletânea Hinos contemporâneos e, em 1972, o famoso Seja louvado, hinário de 315 hinos em inglês e português. Nele participaram 45 autores e 16 compositores evangélicos brasileiros. Além desses, foram incluídas músicas de sete compositores eruditos brasileiros. Faustini fez uma valiosa contribuição a este hinário, não somente com suas músicas, mas também com suas traduções de quilate sob o pseudônimo J. (de João) Costa (do nome da sua esposa Queila, também musicista de renome). Rolando de Nassau, no seu artigo Um hinário com música brasileira, na revista Ultimato, elogia Faustini por sua “contribuição pioneira”2 à hinódia: a inclusão do sabor único e distinto da música brasileira. Publicou, em 1973, Música e adoração, livro que contribuiu significativamente na importante área do culto de adoração, especialmente relacionado com música. Nos anos seguintes Faustini contribuiu para o repertório evangélico com as coletâneas: Ecos de louvor I e V, Sempre louvarei, Coros varonis, Florilégio coral, a cantata O reino divino, a Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João, e músicas avulsas. O pr. Faustini foi pastor da Igreja Presbiteriana Unida São Paulo, em Newark, Nova Jersey de 1982 a 1996. O seu ministério bilíngüe abrange muitos brasileiros e portugueses longe de casa. Ele continua a servir no Brasil em seminários, congressos, apresentações e publicações, vindo uma vez por ano no mês de agosto. Em 1988, como participante dum debate em São Paulo, sobre Música, Louvor e Adoração na Igreja Evangélica do Brasil, Faustini falou da importância de lembrar os “poderes tremendos que a música tem. (....) A arte nunca deve ser usada com um fim em si mesma, mas é um instrumento fundamental, a célula para se servir ao Senhor para o louvor”.3 O Brasil evangélico é abençoado continuamente, e Deus é glorificado na música que João Wilson Faustini tem proporcionado a todos nós por mais de três décadas. O Hinário para o culto cristão inclui 32 letras e traduções do maestro, e quatro músicas e harmonizações. A melodia ST. DENIO, também chamada JOANNA, apareceu como melodia para um hino pela primeira vez na coletânea Caniadau e Cyssegr (Cânticos sacros) em 1839, com o nome PALESTRINA. Baseou-se num antiga canção galesa muito conhecida no século 19. 1. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody. 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937. p.93. 2. NASSAU, Rolando de. Um hinário com música brasileira. Ultimato, Ano X, n.103. p.13-14. 3. FAUSTINI, João Wilson. Em: Canto comum. Kerigma, Ano II, n.10. p.23. 14. Ao Deus de Abraão louvai ESTE HINO baseia-se numa versão metrificada do Yigdal, doxologia dos treze artigos da fé hebraica, atribuída a Daniel ben Judah Dayyan, que viveu no século 14. Thomas Olivers, um pastor metodista itinerante galês, ouviu o Yigdal cantilado1 em hebraico em estilo recitativo por um famoso diretor de canto, Meyer Lyon (chamado Leoni), numa sinagoga em Londres. Muito impressionado, Olivers conseguiu a letra e adaptou-a, dando-lhe um “caráter cristão” em sua referência ao Deus Triúno. A seu pedido, Lyon transcreveu a melodia. Olivers publicou o hino num panfleto com o título: Um hino ao Deus de Abraão, em cerca de 1770, dando à melodia tradicional hebraica o nome de LEONI. Os irmãos Wesley incluiram o hino no seu hinário Pocket hymn book (Hinário de bolso), em 1785. Outras versões do Yigdal apareceram depois, sendo preferidas em outros hinários, mas o Hinário para o culto cristão inclui as estrofes 1 a 4 do hino como adaptado por Olivers, com pequenas alterações. Conta-se a história duma jovem judia que se batizou na fé cristã e, em conseqüência disso (como Salomão Ginsburg) foi abandonada pela família. Foi acolhida no lar do pastor que a batizou, e lá pôde expressar sua fé. Como se fosse para mostrar que, apesar de tudo, sua alegria no seu recentemente descoberto Salvador era maior do que a perda de lar e família, ela cantou: “Ao Deus de Abraão louvai”.2 Robert Hawkey Moreton, tradutor deste hino para o português, nasceu em Buenos Aires, Argentina, no dia 10 de janeiro de 1844, filho de imigrantes ingleses. A família voltou à sua pátria em 1861, onde Robert começou a estudar medicina. Sentindo-se chamado para o ministério, deixou a medicina para se preparar na Faculdade Teológica de Richmond, Estado de Virgínia (EUA). Depois de formar-se, trabalhou durante quatro anos na Inglaterra.
  • 10. Sendo aceito pela Sociedade Missionária Metodista Wesleyana após seu casamento em 1871, Moreton e esposa foram para a cidade do Porto, Portugal, onde iniciaram um trabalho que duraria 54 anos. Organizou a Igreja Evangélica Metodista do Porto e outras igrejas em outros locais. Durante anos foi superintendente do trabalho metodista na Península Ibérica, trabalhando no ministério metodista até sua morte em 1917. Moreton, um homem de muita capacidade e interesses variados, traduziu muito material para estudos bíblicos para a língua portuguesa, além de livros e artigos apologéticos. Deixou uma imensa contribuição em revisões bíblicas realizando conferências sobre história, viagens e ciências naturais, que conhecia profundamente.” 3 Introduziu, também, o sistema de solfejo tônico em Portugal. Robert Moreton preparou uma coleção de hinos em 1876. Escreveu numerosos hinos, trinta e seis dos quais estão em Salmos e hinos e treze no Cantor cristão, 36ª edição. Entre eles há textos originais, traduções e adaptações. O Hinário para o culto cristão inclui mais cinco das suas melhores traduções nos hinos 72, 96, 331, 347, 504. 1. Cantilhação: Canto religioso em estilo recitativo, especialmente no serviço judaico. Dicionario de música. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982. p.65. 2. PRICE, Carl F. One hundred and one hymn stories. Nashville, TN: Abingdon Press, 1966. p.1053. 3. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961. p.326. 15. Ó minha alma, a Deus bendize ESTA PARÁFRASE jubilante do Salmo 103 de Henry Francis Lyte, publicada em 1834 na sua coletânea Spirit of the psalms (Espírito dos salmos), é uma de mais de 280 paráfrases dos seus salmos individuais. Foram escritas para a sua igreja no porto histórico de Brixham, cidade de pesca no Sul da Inglaterra, onde ele serviu de 1823 até a sua morte em 1847. Esta poderosa expressão de louvor foi usada como processional no casamento da Rainha Elisabeth II, a pedido dela, no centenário da morte de Lyte. No hino original havia cinco estrofes de seis linhas. O Hinário para o culto cristão omite a estrofe 4. O autor, Henry Francis Lyte, nascido na Escócia em primeiro de junho de 1793, ficou órfão ainda criança. Nunca teve boa saúde. Com dificuldades conseguiu se formar na Faculdade Trinity em Dublin, Irlanda, em 1814. Foi ordenado ao ministério anglicano, servindo em diversas igrejas na Inglaterra. No ano de 1818, Lyte passou por uma poderosa experiência espiritual que mudou sua vida e ministério. Assistindo à morte de um colega de ministério, ele viu a paz no coração que o amigo teve na certeza da eficácia da expiação de Cristo em seu lugar. “Fui altamente afetado por isso tudo, e comecei a olhar a vida (....) por um prisma diferente; comecei a estudar a minha Bíblia, e a pregar duma maneira diferente de antes.”1 Lyte, como foi descrito por um corista da sua igreja, teve “a expressão de maior ternura, e a maneira mais simpática possível. Estávamos muito ligados a ele.”2 Henry Francis Lyte publicou diversos volumes de poesias. As duas coletâneas de salmos de Lyte caracterizam-se por sua beleza, ternura e tristeza. Seus textos de hinos são cantados mundialmente. O Hinário para o culto cristão inclui três dos mais duradouros nos números 15, 199 e 402. Lyte faleceu em Nice, na França, em 20 de novembro, de 1847, onde tinha ido em função de sua saúde (sofria de tuberculose). Morreu apontando para cima e dizendo: “Paz! Júbilo!”3 João Wilson Faustini traduziu este hino em 1969 para uso no hinário bilingüe Seja louvado, que foi publicado em São Paulo em 1972. (Ver dados biográficos do tradutor no HCC 13). Mark Andrews que compôs o antema Lauda anima (Louva, ó alma) para a letra de Lyte em 1931, nasceu em Gainsborough, Inglaterra, em 21 de março de 1875. Estudou música com John Thomas Ruck, de Westminster Abbey. Mudando-se para os Estados Unidos, foi mestre-capela e organista em diversas igrejas de Montclair, Estado de Nova Jersey. Membro ativo no American guild of organists (Grêmio Americano de Organistas), Andrews compôs música para órgão, quartetos de cordas, cantatas, antemas corais e muitas canções. Faleceu em 10 de dezembro de 1939. LAUDA ANIMA (Andrews) foi o nome escolhido para esta melodia no Baptist hymnal (Hinário Batista) de 1975, por ser o título do antema de Andrews, publicado por G. Schirmer's, de Nova Iorque. O nome de Andrews aparece ao lado para distinguí-la da melodia de Sir John Goss, que tem o mesmo nome. 1. JULIAN, John. A dictionary of hymnology, Dover Edition. New York: Dover Publications, Inc., vol.1, 1957. p.706. 2. JONES, F.A. Famous hymns and their authors. London: Hodder and Stoughton, 1903. p.13. 3. LYTE, Henry F. Em: THOMSON, R. W., ed. The Baptist hymn book companion, Revised Edition. London: Psalms and Hymns Trust, 1967. p.68.
  • 11. 17. Fonte és tu de toda bênção ROBERT ROBINSON escreveu este hino para o festival de Pentecoste em 1758, para a igreja em Norwich, Inglaterra, da qual era pastor. Estas linhas revelam uma profunda gratidão a Deus, que o salvou duma vida de degradação. Na segunda estrofe Robinson faz referência a “Ebenezer”, alusão a 1 Samuel 7.12. Para que haja clareza, o Hinário para o culto cristão, como outros hinários recentes, substituiu este termo por uma frase que expressa seu sentido real. O texto foi publicado na coletânea de hinos, A collection of hymns, used by the church of Christ in Angel Alley, Bishopgate (Uma coletânea de hinos, usada pela Igreja de Cristo em Angel Alley, Bishopgate), em 1759. Desde 1760 os hinários incluem somente três das quatro estrofes de Robinson. (Ver mais informações sobre Robinson e este hino autobiográfico no HCC 288, onde há outra versão em português e outra melodia). Robert Robinson, nascido em Norfolk, Inglaterra, em 27 de setembro de 1735, ficou órfão quando criança e, aos quatorze anos, foi aprendiz de barbeiro. Ali, caiu na influência de más companhias. Aos dezenove anos começou a sustentar-se a si mesmo. Uma noite, em 1754, querendo saber algo do seu futuro, foi a uma cigana. Essa estava bébada, mas, para mostrar como Deus pode usar qualquer pessoa ou ocasião que ele quer para alcançar uma pessoa, esta cigana disse para Robinson: “Você viverá para ver os seus netos”.1 Estas palavras ficaram gravadas no seu coraçao. Robinson meditou em que tipo de avô ele seria. Na sua vida atual, não era um bom homem, faria um péssimo pai, e pior avô! Sabendo que o notável pregador, George Whitefield, estava fazendo conferências na sua cidade, foi ouví-lo. Lá, ouviu um sermão sobre arrependimento, sobre o texto de Mateus 3.7. Ficou muito impressionado e depois de três anos de lutas espirituais fez a sua profissão de fé. Tornou-se pregador. Pastoreou algumas igrejas na sua terra natal, sendo a última uma igreja batista onde ele serviu até a sua morte em 1790. Robinson foi um homem extraordinário; embora lhe faltasse uma educação formal, tornou-se proeminente como pregador, erudito e teólogo. Escreveu muitas obras teológicas e publicou A history of the Baptists (Uma história dos Batistas), em 1790. Justus Henry Nelson traduziu este hino de adoração e louvor em 1881. (Ver dados do tradutor no HCC 6) A melodia NETTLETON faz parte (com o nome HALLELUJAH) da famosa coletânea de hinos The repository of sacred music (O repositório de música sacra), 2ª parte, de John Wyeth, publicada em 1813. Esta coletânea vendeu quase 200.000 cópias e continha hinos dos mais conhecidos hinistas da época nos Estados Unidos. A melodia tem sido atribuída tanto a Wyeth como a Asahel Nettleton (daí, o nome da melodia), um evangelista de renome do século 19, na Nova Inglaterra (Nordeste, EUA). Também sugeriu-se que um amigo de Nettleton compôs a melodia e lhe deu o nome NETTLETON em sua homenagem. Não há base para atribuí-la, com firmeza, a ninguém. 1. BONNER, Clint. A hymn is born. Nashville: Broadman Press, 1959, p.30. 18. Ó Santo de Israel ESTE SINGELO hino de adoração a Deus-Pai é um hino brasileiro, de autoria do pastor Egydio Gióia. O Hinário para o culto cristão inclui também uma tradução deste servo de Deus, feita juntamente com a missionária pioneira Frances Adams Bagby (HCC 64). Egydio Gióia, possuidor duma possante voz que lembrava a sua nacionalidade italiana, amava muito a música, e sonhava ser um cantor profissional. Nasceu em 30 de outubro de 1896, na pequena cidade de Casteluccio. Fez o curso primário na Itália, mas aos doze anos veio para o Brasil com um tio. No Rio de Janeiro, estudou canto com uma professora formada na Itália. Estudou Ciências e Letras no Colégio Batista, mas, como Bill Ichter nos conta, “Deus não quis que o jovem italiano fosse cantor e sim, pregador do evangelho.”1 Assim, o jovem talentoso preparou-se para o ministério. Formou-se em teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB), em 1930. O pr. José dos Reis Pereira, em seu livro História dos Batistas no Brasil, 1882-1982, escreve sobre o trabalho batista na década dos anos trinta:
  • 12. Em Santa Catarina, Estado ainda pouco atingido pelos batistas, foi fundada a Primeira Igreja de Florianópolis, pelo Pastor Egídio Gióia, trabalhando como missionário da Igreja Batista do Méier, no Rio de Janeiro. Gióia permaneceu lá pouco tempo, mas a igreja ficou.2 O pr. Egydio ainda pastoreou quatro igrejas em três estados brasileiros e ensinou no Instituto Batista de Bauru, SP. A Casa Publicadora Batista publicou o seu livro Notas e comentários à harmonia dos evangelhos. O inesquecível Arthur Lakschevitz, criador e compilador das coletâneas Coros sacros, no prefácio do primeiro volume, agradeceu a Egydio “pela grande cooperação”3 prestada. Há hinos e paráfrases das escrituras do pr. Gióia nestas coletâneas, (agora publicadas em um só volume), inclusive a muito cantada paráfrase do Salmo 19, Os céus declaram a glória de Deus adornada com a música de Beethoven, talvez a música mais cantada dos Coros sacros. Enquanto esteve no Rio de Janeiro, Gióia foi regente do coro da Primeira Igreja Batista. Regeu também o grande coro de 500 vozes no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, em 1954. Autor de muitos hinos, o pr. Gióia contribuiu com vários destes para a edição revisada do Cantor cristão, 1958, da qual foram extraídos para o Hinário para o culto cristão este hino e sua tradução (HCC 64). Esta vida longa (de 1896 a 1980) de serviço ao Mestre, ainda nos inspira por meio de seus hinos. A Subcomissão de Música do HCC procurou uma nova melodia para o hino do pr. Gióia e encontrou-a entre as obras de David Peacock, eminente músico contemporâneo inglês. Nascido em Bradford, Inglaterra, em 1949, David Peacock formou-se nas áreas de música e educação. Professor, ministro de música, diretor da divisão de música da rede de televisão da British Broadcasting Company (1973-1974), compositor, arranjador, orquestrador e compilador de coletâneas de hinos, Peacock está agora empenhado em estabelecer um curso universitário de música sacra. Membro da comissão do hinário Hymns for today's church (Hinos para a igreja de hoje), um dos seus arranjos feitos para este hinário se acha no hino 180 do HCC. A melodia usada para o hino Ó Santo de Israel chama-se PARKSTONE. 1. ICHTER, Bill H. Vultos da música evangélica. Rio de Janeiro: JUERP, 1967. p.23. 2. PEREIRA, José dos Reis. História dos batistas no Brasil - 1882-1982. 2ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1985, p.134. (O pr. Reis Pereira usa a soletração moderna para o nome do autor, enquanto a regra para este livro é utilizar a soletração da sua época). 3. LAKSCHEVITZ, Arthur. Coros sacros, v.1, 8ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), Prefácio. 21. Tu és digno de louvor NESTE PEQUENO cântico de adoração, escrito em 1987, o autor e compositor Hiram Simões Rollo Júnior exalta os atributos do Senhor. Grandioso, poderoso, exaltado, glorioso, puro, justo, generoso, soberano: tudo isto é o nosso Senhor. Aleluia! Ele realmente é digno de todo o nosso louvor! Este cântico deve ser o veículo de sincera adoração da nossa parte. Deve nos levar além: à completa lealdade e submissão. Sem isso, não estamos verdadeiramente adorando ao nosso Senhor. Sugere-se a leitura responsiva número 20, ou a leitura dos atributos mencionados neste cântico pela congregação antes de cantá-lo. Hiram colocou o nome PARKERS na melodia em homenagem ao casal missionário, Ronnie e Beth Parker, que tiveram uma grande influência na sua vida como compositor. Hiram Simões Rollo Júnior é paraense, nascido em 26 de março de 1961, no lar de Hiram Simões Rollo e Célia Messias de Almeida Rollo, ambos diáconos batistas, tendo uma irmã caçula (Andréa). Após os estudos básicos, Hiram fez o curso de teologia com habilitação em música sacra no Seminário Teológico Batista Equatorial, em Belém. Desde o tempo de seus estudos no STBE o povo batista canta os seus hinos. Depois de formar-se, Hiram foi Ministro de Música da Igreja Batista da Aldeota, em Fortaleza, CE. Fez o curso de piano no Conservatório Alberto Nepomuceno e iniciou Licenciatura em música na Universidade Estadual do Ceará. Encorajado pelos professores, continuou a compor. Os missionários Ronnie e Beth Parker, além de encorajá-lo a compor, divulgaram suas músicas não somente no Nordeste, mas também em outras regiões do Brasil e nos Estados Unidos. O fato de Hiram estar no Nordeste influenciou muito na presença do espírito nordestino em vários de seus hinos. Hiram Rollo Júnior ficou conhecido por meio de algumas das suas lindas músicas e bons artigos na revista Louvor, em O Jornal Batista, e como membro da diretoria da Associação dos Músicos Batistas do Brasil (AMBB). A sua mensagem na Convenção Batista Brasileira em Niterói, em janeiro de 1991, demonstrou sua capacidade e suas profundas convicções quanto à música sacra. Comparando a tarefa de edificar os santos, cantando a nossa fé, à construção de um prédio, Hiram realçou três considerações: a necessidade de um alicerce sólido e seguro, a de unidade estrutural e a de funcionalidade. Baseando sua mensagem em Colossenses 2.6-8 e 3.12-17, 23-24, advertiu os ouvintes de perigos inerentes em basear a música do culto em outros fundamentos que não sejam a Palavra viva, Jesus Cristo, e a Palavra de Deus escrita.1 Retornou ao STBE em 1988, quando dirigiu o Departamento de Música e ensinou as disciplinas teoria musical, harmonia, culto e louvor, ministério da música e história da arte. Foi também o ministro de música da Primeira Igreja Batista do Pará de março de 1988 até julho de 1991.
  • 13. Hiram iniciou no ministério e magistério de música ainda solteiro. Em janeiro de 1991, casou-se com Dulcilene Rocha do Nascimento, também paraense, que atua na área de informática. Apesar de não ser musicista, Lene (como Hiram carinhosamente a chama) tem sido um braço forte no apoio às atividades musicais de seu esposo. Em abril de 1992, Hiram começou uma nova etapa na sua vida. Mudou-se com sua esposa para o Rio de Janeiro para assumir a Superintendência de Música da JUERP, permanecendo nesse cargo até 1996. Os resultados foram evidentes, tanto na superintendência, como no mundo da música evangélica no Brasil. Foi ministro de música da Igreja Batista em Itacuruçá, RJ, (1996-2000) e professor do Curso de Música Sacra do STBSB (Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil) onde lecionou culto cristão e coros graduados. Em agosto de 2000 Hiram e Lene foram para os Estados Unidos da América onde ele ingressou no Curso de mestrado em música sacra no Southern Baptist Theological Seminary (Louisville, KY), cursando dupla especialização na Escola de Música e Culto. Seus orientadores foram Dr. Mozelle Sherman (canto) e Dr. Phillip Landgrave (composição). Neste período, como membro da Walnut Street Baptist Church, em Louisville, KY, atuou principalmente no coro da igreja e coro de sinos.2 Assumiu o ministério de música desta mesma igreja no dia 13 de junho de 2003, meses após sua graduação como Mestre. Há um considerável repertório de traduções, textos e melodias de Hiram, publicados no Hinário para o culto cristão, na revista Louvor, e outras fontes (inclusive Estados Unidos). Além disto, já compôs cantatas para crianças, vozes mistas e arranjos para coros. O Hinário para o culto cristão traz dez de suas contribuições como autor, tradutor e compositor. Hiram é considerado uma das luzes mais brilhantes entre os jovens compositores batistas brasileiros. 1. Para um estudo mais completo desta imponente mensagem, ver ROLLO Jr., Hiram Simões. Para edificação dos santos, cantemos nossa fé. Mensagem proferida em Niterói, perante a 72ª Assembléia da CBB, O Jornal Batista, ANO XCI, 17 de março, 1991. 2. ROLLO JR., Hiram Simões. Dados atualizados pelo autor, por e-mail, à Leila C. Gusmão dos Santos, em 7 de novembro de 2001. 22. Justo és, Senhor ESTA METRIFICAÇÃO do Salmo 145.17-18 de João Gomes da Rocha, feita em 1888, é um dos salmos mais lindos dos hinários brasileiros. Um dos prediletos do Brasil batista, é cantado com a melodia JUSTUS DOMINUS, arranjo do Dr. Lowell Mason (1792-1872), ilustre músico e educador pioneiro dos Estados Unidos. O nome latino da melodia reflete a mensagem do hino: “O Senhor é justo”. É impossível mensurar a contribuição do autor João Gomes da Rocha à hinódia brasileira. (Ver dados deste hinólogo pioneiro no HCC 2). Lowell Mason foi compositor e publicador prolífico. Compôs pelo menos 1.126 melodias originais e fez quase quinhentos arranjos de hinos. Foi compilador ou colaborador de pelo menos oitenta coletâneas de música sacra. Como educador, o Dr. Mason treinou muitos músicos profissionais e eclesiásticos, como também professores de música das escolas públicas, nos Estados Unidos da América do Norte, por mais de uma geração. Mason nasceu em Medfield, Massachusetts, Estados Unidos da América, em 8 de julho de 1792. Aos dezesseis anos já regia o coro da cidade e ensinando em escolas de canto mantidas pelas igrejas. De 1812 a 1827, Mason trabalhou como bancário em Savannah, Estado de Georgia. Estudou harmonia e composição com F.L. Abel e foi organista na Igreja Presbiteriana Independente. Publicou uma coletânea de melodias para Salmos, com a orientação do seu professor. Em 1827, Mason mudou-se para Boston, seu estado natal, onde serviu como presidente da Sociedade Musical Handel e Haydn até o ano de 1832. Em Boston, Mason também regeu três coros e depois, por quatorze anos, foi diretor de música da célebre Bowdoin Street Church. Seu coro ganhou fama pela qualidade do canto. Mason também foi o pioneiro em classes de música para crianças. O nome de Lowell Mason ficou nacionalmente conhecido através da sua coletânea Collection of church music (Coletânea de música sacra), publicada em 1822, que durante os trinta anos seguintes vendeu mais de 50.000 cópias. Em 1829 publicou The juvenile psalmist (O salmista juvenil), uma iniciação à música sacra para crianças. Wienandt e Young, dedicando diversas páginas a Mason, no livro, The anthem in England and America, declararam: “As publicações de Mason de música religiosa durante meio século são exemplos do melhor que a América podia oferecer.”1 Depois de ir para a Europa para estudar a fundo o sistema de ensino de canto de Pestalozzi, Mason estabeleceu a Academia de Música de Boston em 1833. Em 1838, com muita perseverança em face de grandes dificuldades, ganhou a aprovação para o ensino de canto nas escolas públicas da cidade. Mason usou estas escolas para
  • 14. “preparação para tornar glorioso o louvor a Deus nas famílias e nas igrejas”2 Mason foi conferido o grau de Doutor em música (honoris causa) da Universidade de Nova Iorque, o primeiro dado por uma universidade nos Estados Unidos. O hinólogo Robert McCutchan acha que “Lowell Mason provavelmente fez mais para a música na América (do Norte) do que qualquer outro indivíduo que o país já produziu.”3 O Hinário para o culto cristão inclui além desta, outras seis melodias ou arranjos deste importante compositor nos números 127, 360, 399, 492, 540 e 563. 1. WEINANDT, Elwyn A. e YOUNG, Robert H. The anthem in England and America. New York: The Free Press, 1970. p.237. 2. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist Hymnal. Nashville: Broadmam Press, 1976. p.390. 3. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody, 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937. p.44. 23. Não a nós, Senhor ESTE HINO é uma metrificação do Salmo 115 do pastor Guilherme Kerr Neto, feito em cooperação com o pastor Nelson Marialva Bomilcar, que compôs a música. Bomilcar, então seminarista, muito inspirado nos seus estudos dos salmos com o professor Paulo Mendes, na Faculdade Teológica Batista de São Paulo, foi desafiado pelo professor a musicar os salmos que estavam estudando. Aceitou esse desafio, convidando o pastor Kerr a cooperar no empreendimento. Guilherme Kerr Neto escreve sobre a escolha deste Salmo em particular: Esta canção nasceu em um momento de vida em que, apesar de muitas limitações e lutas, o nome da gente se tornara conhecido Brasil afora, por força das músicas gravadas. Também tínhamos feito inúmeras viagens de evangelização com a equipe dos Vencedores por Cristo, da qual, naquela época, fazíamos parte. É bem verdade a Palavra de Deus quando diz que um homem é provado pelos louvores que recebe. Pensando nisso e apoiado por exemplo tão significativo do Rei Davi foi que nasceu esta letra.1 O grupo Vencedores por Cristo gravou muitos destes salmos numa série de discos que se espalhou por todo o Brasil. Não a nós, Senhor fez parte do primeiro disco, lançado em 1981. Nas edições impressas do Hinário para o culto cristão foi grafada erradamente uma palavra na segunda linha da segunda estrofe. Onde se lê “Onde está nosso Deus”, lê-se, “Onde está vosso Deus”, exatamente como encontra-se no Salmo. O pastor Guilherme Kerr Neto, muito conhecido no Brasil através das suas letras bíblicas e profundas, nasceu em São Paulo em 30 de agosto de 1953 de uma família famosa na história das igrejas evangélicas, por seus pastores, educadores e hinistas. Convertido em fevereiro de 1972 foi batizado pelo pastor Renato Cobra Castro, na Igreja Batista do Morumbi. Sentindo a chamada ao ministério da Palavra, formou-se pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Durante sete anos trabalhou com os Vencedores por Cristo, viajando, fazendo campanhas evangelísticas musicais, escrevendo muitos hinos, gravando discos. Por cinco anos fez parte do colegiado de pastores da Igreja Batista do Morumbi. Foi diretor artístico na área de publicações, música, rádio e TV do grupo Luz do caminho, sediado em Campinas, SP. Pastoreou uma comunidade evangélica independente chamada Koinonia, na mesma cidade, e dirigiu GKERR Produções. O pastor Guilherme começou a escrever hinos em 1972. O grupo Vencedores por Cristo publicou muitas das suas produções a partir de 1975. Muitas delas também continuaram a ser gravadas e publicadas por GKERR Produções e diversos outros discos e hinários. Sua contribuição à hinódia brasileira contemporânea é inestimável. Falando sobre este ministério, o pastor Kerr Neto explica: Na realidade não exerço o ministério da música e sim do ensino, por meio, principalmente, da música. Isso se deu no contexto de trabalho com os Vencedores por Cristo, quando viajamos por dois anos quase consecutivos e eu percebi a necessidade e a imensa abertura que as pessoas em geral, os jovens em particular, tinham para com a música, como veículo de comunicação da poderosa mensagem do evangelho.2 O pastor Guilherme é casado com Sandra Elizabeth Kerr e o casal tem quatro filhos. Pr. Kerr Neto tem no seu bojo de textos diversas cantatas como Vento livre, Eram doze e Histórias que Jesus contou. O Hinário para o culto cristão inclui cinco das outras excelentes letras deste hinista nos números 80, 194, 321, 496 e 531. Atualmente reside em Boca Raton, no sul da Flórida, EUA, onde é pastor da Brazilian Missionary Community Church e gravou, também pela BMCC, o Cd Doce nome, ao vivo, nesta vibrante comunidade batista, no ano 2000.3 O compositor Nelson Marialva Bomilcar, hoje pastor e ministro de louvor da Igreja Evangélica Pró-Raízes, nasceu em São Paulo, em 14 de novembro de 1955. Aceitou a Cristo em julho de 1972, sendo batizado na Igreja Batista Paulistana, Capital, pelo pastor Cesar Thomé.
  • 15. Bomilcar se aprimorou na música através de cursos de piano popular, violão clássico, contrabaixo, guitarra, canto, composição e regência e produções musicais. Estudou teologia na Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Na área de educação, já ensinou Novo Testamento, discipulado, missões, música e louvor, música e cultura, música e contextualização. Bomilcar, além de músico profissional, é produtor musical. Desde 1975 tem publicado várias produções: músicas para coros mistos, para crianças, para conjuntos e solistas. Várias das suas músicas foram gravadas (com a sua participação) por Vencedores por Cristo, Grupo Semente e pela Igreja Batista do Morumbi, da qual foi pastor associado por diversos anos. O pastor Bomilcar é conhecido em todo Brasil como conferencista, especialmente na área de música sacra. Inclui no bojo dos seus vários ministérios os de aconselhamento e evangelismo itinerante. Tem trabalhado na adoração e música cristã nos últimos 30 anos, ministrando e pastoreando músicos, tendo produzido inúmeros cantores e grupos no Brasil. Participou de Vencedores, Semente, IBMorumbi. É membro da Associação de Músicos Cristãos (AMC) do Brasil. SALMO 115, o nome da melodia escolhido pelo compositor, é do título original do hino. O arranjo do hino foi feito por Ralph Manuel para o HCC em 1990. Ralph Manuel nasceu em 22 de julho de 1951, na cidade de Oklahoma, Estados Unidos da América, filho de um diácono. Chamado para o ministério de música em 1971, serviu a Deus no Brasil como missionário da Junta de Richmond de janeiro de 1980 a dezembro de 2003. De 1980 a 1988 atuou como Ministro de Música na Igreja Batista Imperial, Recife, PE. Durante os 23 anos que aqui esteve, trabalhou como professor de teoria, piano e composição no Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, por diversas ocasiões ministrou aulas no Curso de Mestrado do Seminário do Sul, RJ, além de atuar como preletor e pianista acompanhador nos Congressos Nacionais e Estaduais dos músicos Batistas brasileiros. Em janeiro de 2004, de volta à sua terra natal, Ralph foi empossado no ministério de música da Heritage Baptist Church, em Anápolis, estado de Maryland, USA. Manuel iniciou seus estudos de música aos 8 anos de idade. Bacharelou-se em Música na Universidade de Oklahoma, EUA, com especialização em Piano. No Seminário Teológico Batista do Sudoeste em Fort Worth, Texas, fez o Mestrado em Música Sacra, com especialização em educação musical de igreja e iniciou seus estudos de Doutorado em Filosofia (Ph.D.), com especialização em Teoria Musical. O prof. Ralph e Donna Manuel casaram-se em dezembro de 1972. Seus filhos são James (1986) e Melissa (1988). Donna, formada em Educação Religiosa, serve a sua igreja no departamento de crianças e também como pianista. Antes de chegar ao Brasil, Ralph já demonstrava sua habilidade de compositor. A Broadman Press publicou sua coletânea para piano em 1979, e outra para solo vocal e piano em 1983. A JUERP publicou esta última em 1993, com o título Cantai!. Uma vez aqui chegando, Manuel assimilou a cultura musical brasileira a tal ponto que compôs vários hinos e músicas para coro com características brasileiras. Suas excelentes composições e arranjos para coro, diversas das quais apareceram nas coletâneas da série Coral sinfônico, na revista Louvor e em outras publicações da JUERP, são cantados em número crescente pelos evangélicos nos quatro cantos do país. Como professor, pianista e compositor nos congressos da Associação de Músicos Batistas do Brasil, e como componente nas equipes de música das assembléias da Convenção Batista Brasileira, Ralph deu uma contribuição significativa para a música sacra brasileira. 4 Ralph é concertista de renome. Sua colega na Subcomissão de Música do HCC, Célia Câmara Reis (In memorian), expressou o sentimento de muitos quando disse: “para mim, ouvir Ralph tocar é como ouvir música do céu.” 5 We come before you, Lord (Chegamos diante de ti, Senhor), uma coletânea de solos para piano de Ralph foi publicada por Beckenhorst Press, em 1994. A Broadman Press publicou sua coletânea para piano em 1979 e outra para solo vocal e piano em 1983; esta também publicada aqui no Brasil, pela JUERP, em 1993, com o título Cantai! Suas composições e arranjos para coro aparecem nas coletâneas da série Coral sinfônico, na revista Louvor e em outras publicações da JUERP e AMBB, com destaque a cantata A perfeição do amor. Ralph continua a compor, e durante o período que aqui trabalhou produziu hinos para missões com seu parceiro Jilton Moraes e músicas para coro. Da sua cantata A perfeição do amor a JUERP publicou antecipadamente os antemas corais Deus é amor e Quem nos separará?. No ano de 1997 a AMBB publicou a cantata inteira. Em dezembro de 2003, Ralph e sua família retornaram ao seu país de origem e, em janeiro de 2004, Ralph tomou posse o ministério de música na Heritage Baptist Chruch, em Anapolis, Estado de Maryland, EUA. Foi ordenado na noite de 25 de julho de 2004 como ministro de música na mesma igreja. 6 É impossível medir a contribuição de Ralph Manuel como membro incansável da Subcomissão de Música e do Grupo Assessor de Leitura de Provas do Hinário para o culto cristão. O fato de o hinário incluir, da sua lavra, treze músicas, sete arranjos e quatorze harmonizações, revela em parte a sua capacidade e dedicação. Certamente “para tal tempo como este” Deus o mandou ao Brasil! 1. KERR NETO, Guilherme, Carta á autora em 22 de abril, 1992 2. KERR NETO, Guilherme, Carta a Clauber Ramos, da Associação Áurea de Jovens, Associação Batista Norte do Rio de Janeiro, em 5 de novembro de 1991. 3. SANTOS, Leila Christina Gusmão dos. Quem nos capacita é o Senhor, Louvor, Rio de Janeiro: JUERP, Ano 24, v.1, n.86, jan/fev/mar 2001, seção Hino do mês, p.15.
  • 16. 4. MORAES, Daniel Souto de. 20 anos nas “Terrae Brasilis”. Em: Louvor, Rio de Janeiro: JUERP, n.84, Ano 23, v.3, ,jul/ago/set., 2000., p.4 5. REIS, Célia Câmara, em conversa com a autora em Curitiba, em março de 1990 6. GUSMÃO, Leila. Notas e notícias, Novos ministérios, Louvor. Rio de Janeiro: JUERP, n.102, ANO 28, v.1, 1º trimestre de 2005, p.9. 25. Tu és fiel, Senhor O PASTOR Arthur Francis White, pastor batista aposentado de 88 anos de vida estava acamado no hospital. Sofrera uma queda muito brutal, que lhe fizera muito mal. Duas das suas quatro filhas revezavam-se ao seu lado. Anne, sua querida esposa de 58 anos, estava doente em casa, sem condições de estar com ele. (Havia de segui-lo ao lar celestial quatro meses mais tarde). Numa hora quando sua filha Helen White Brock estava ao seu lado. o Pr. Arthur pediu: “Helen, cante comigo, Tu és fiel, Senhor”. O pr. Arthur possuía uma linda e possante voz de tenor. Uma de suas maiores alegrias era cantar o louvor de Cristo, a quem ele conhecera e amara desde menino, e servia fielmente há longos anos. Helen nunca foi solista, mas cantava um contralto muito afinado no coro, e, quando necessário, regia o coro com eficiência, embora fosse mais uma instrumentista. Naquele momento, entretanto, começou o hino que ambos amavam e conheciam de cor. O pastor, com a voz fraca, uniu-se a ela. Em alguns minutos, com a voz falhando, o Pr. Arthur pediu: “Continue, Helen, não posso mais”. E assim Helen continuou a cantar este grande hino, enquanto seu pai, olhos fechados, apreciava. De repente, Helen notou que seu pai, um sorriso ainda nos lábios, parecia ter dormido. Percebeu que ele não estava mais ali. Partira para estar com seu fiel Pai celeste. Este hino continuou a ser o hino da família de Helen e Ursus Brock e de suas filhas, Margaret, Edith e Mary. Foi escolhido por Ursus para fazer parte do seu próprio culto memorial, muitos anos mais tarde. Tem sido o testemunho de Edith e Dewey Mulholland por mais de 40 anos de serviço missionário no Brasil, 23 no Piauí, e o restante no Distrito Federal: Verdadeiramente, Deus é fiel! O homem lia com cuidado as várias poesias que tinha diante de si. Elas lhe foram enviadas por um amigo, para que ele, sentindo a devida inspiração, escrevesse músicas para acompanhá-las. Uma das poesias logo chamou a sua atenção. “Esta poesia tinha tal apelo, que orei com todo o fervor para que a minha melodia pudesse transmitir a sua mensagem duma maneira digna.”1 A cena descrita transcorreu em 1923. O compositor era o Rev. William Marion Runyan, metodista norteamericano. Sem dúvida, hoje podemos dizer: a música do compositor faz exatamente o que ele tão ardentemente desejou.2 Runyan nasceu no dia 21 de janeiro de 1870, em Marion, Estado de Nova York. Tinha grande inclinação para a música. Iniciou os seus estudos de música quando tinha cinco anos, e aos doze já servia como organista da igreja. Quando tinha 14 anos, seu pai, que era pastor metodista, mudou-se, com a família, para o Estado de Kansas. Apesar do seu grande talento musical, Deus tinha outros planos para Runyan. Aos 21 anos de idade, foi consagrado ao ministério pastoral. Serviu como pastor e evangelista entre os metodistas por 32 anos. Por causa de um problema de surdez, Runyan deixou o pastorado em 1923, para assumir responsabilidades na Universidade John Brown, trabalhando também como redator da revista Christian workers' magazine (Revista do obreiro cristão) e como compilador de hinários. De 1931 a 1944, ele serviu no Instituto Bíblico Moody, em Chicago. Foi nesse Instituto que o hino Tu és fiel, Senhor, tornou-se muito conhecido, tornando-se um dos prediletos dos alunos daquela instituição. Quando o Dr. Houghton, presidente da mesma, faleceu, o hino foi entoado por todos os presentes ao culto fúnebre. Em 1923, quando Thomas O. Chisholm enviou aquelas poesias a William Runyan, este, compositor de quase 300 hinos, já havia feito umas 20 ou 25 músicas para acompanhar poesias de Chisholm, seu colega e grande amigo. Thomas Obediah Chisholm nasceu no Estado de Kentucky, no dia 29 de julho de 1866, em circunstâncias humildes e teve de instruir-se por si mesmo. Apesar de só completar o curso primário por esforço próprio, mais tarde se tornou professor. Com 21 anos já era o redator auxiliar do jornal local. Com 27 anos, Chisholm se converteu durante uma série de conferências evangelísticas. Mais tarde, foi consagrado ao ministério pela Igreja Metodista, mas o seu estado de saúde bastante precário proibiu que desenvolvesse muitas atividades. Por esta razão, ele deixou o pastorado. Chisholm escreveu um total de aproximadamente 1.200 poesias. Faleceu no Lar Metodista de Ocean Grove, Estado de Nova Jersey, em 29 de fevereiro de 1960. O hino Tu és fiel, Senhor foi publicado pela primeira vez em 1923, num hinário intitulado Songs of salvation (Cânticos de salvação) da autoria de Runyan. O nome da melodia, dado pela família de Runyan, é FAITHFULNESS (Fidelidade).
  • 17. A tradução é uma colaboração de Joan Larie Sutton, Lydia Bueno e Hope Gordon Silva, as duas últimas então professoras de português na Escola de Português e Orientação em Campinas, SP. Quando o Hinário da Campanha Nacional de Evangelização foi publicado pela JUERP, em 1964, um dos hinos “novos” que logo se tornou favorito foi o hino n.38, Tu és fiel, Senhor. Seguiu-se sua inclusão em Vinde, cantai! (1980). Foi um dos hinos mais alistados como favorito na pesquisa feita pela Comissão do Hinário para o culto cristão em todo o Brasil, para determinar quais fariam parte do novo hinário. A tradutora, Joan Larie Sutton, habilidosa coordenadora da comissão que preparou o Hinário para o culto cristão, é conhecida e amada em todo o Brasil. D. Joana (como ela é mais conhecida) é exímia violinista, querida professora, compositora, autora, tradutora e criadora de um imenso patrimônio de música sacra no Brasil. Joan Larie Riffey nasceu em 26 de julho de 1930, em Louisville, Estado de Kentucky, EUA. Chegou ao Brasil com os seus pais, John e Esther Riffey, operosos missionários da Junta de Richmond, em 1935. Como diretor do Curso por Extensão do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, de 1938 a 1954, o Dr. Riffey serviu em oito estados do Brasil. D. Esther trabalhou na igreja local, no Rio de Janeiro, no Curso de Obreiras e como autora e compositora para o trabalho com crianças. Joana aceitou a Cristo nos joelhos de sua mãe, vindo a se batizar aos dez anos. Os seus estudos de primeiro e segundo grau foram em colégios batistas, em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. Bem cedo revelou o seu talento musical. Desde os seis anos estudou piano, adicionando, depois, o violino. Em seu sermão oficial no VI Congresso Nacional da Associação dos Músicos Batistas do Brasil, realizado em Fortaleza, CE, D. Joana recordou a sua formação espiritual e musical. Realçou as suas experiências nos corais da sua igreja e escola, as capelas, os cultos, os orfeões. Sobretudo ela se lembrou dos hinos, que ajudaram a formar esta líder que mais tarde teria forte influência na música sacra brasileira. Indo aos Estados Unidos para continuar os estudos, como bolsista, Joana cursou Pedagogia do violino na Universidade de Baylor, Estado de Texas, bacharelando-se em Letras (literatura inglesa e francesa) e Música (teoria e violino), concluindo em 1951. Após o falecimento de seu primeiro esposo, Joana voltou aos estudos, iniciando, em 1952, o Mestrado em Música Sacra no Seminário Teológico Batista do Sul, em sua cidade natal. Durante o curso veio a conhecer John Boyd Sutton, com quem se casou em segundas núpcias. Deus deu três filhos a este casal, John Edwin (1954), Laura (1957) e Cecília, que nasceu no Brasil em 1960. O Pr. Boyd e Joana terminaram o Mestrado em Música Sacra em 1956, e, depois de três anos de trabalho na Primeira Igreja Batista de Hendersonville, no Estado de Carolina do Norte, foram nomeados como missionários pela Junta de Richmond, chegando ao Brasil em agosto de 1959. O casal começou a lecionar música no STBSB em 1961. Em 1963, iniciaram o Curso de Música Sacra do Seminário, com o Pr. Boyd na direção. A professora Joana lecionou em muitas áreas: composição, contraponto, forma e análise, órgão, violino, e hinologia, sempre traduzindo músicas para os diversos coros e para o ensino de canto. Passaram mais de vinte anos abençoados treinando pessoas que hoje estão espalhadas pelos quatro cantos do país e no exterior, muitos em liderança da denominação. Este casal verdadeiramente tem dedicado toda a vida ao ministério de música na Pátria Brasileira. Do incansável trabalho e direção de D. Joana temos traduzidas grandes obras para o português: o Messias, de Handel; Elias e Cristus, de Mendelssohn; Réquiem, de Brahms - o único que expressa a firme esperança dos salvos - com um significado especial para a vida da tradutora; As sete últimas palavras de Cristo, de Dubois; Glória, de Poulenc; e a Primeira Cantata do Oratório de Natal, de Johann Sebastian Bach. Além do grande acervo de traduções de outras cantatas, antemas, hinos e solos, suas composições abrangem todas as áreas de música sacra. Muito cantadas no Brasil foram suas cantatas E habitou entre nós e O presente de Natal. Seus hinos, como O desafio (agora, no HCC 543, Eu aceito o desafio), Seguir a Cristo não é sacrifício (HCC 480) e Com júbilo prossigamos (no HCC 613, Com alegria recordamos) ecoam nas igrejas e nos corações em todo o Brasil. Em março de 1983, o casal se transferiu para Porto Alegre, RS, onde o Pr. Boyd atuou como Diretor do Departamento de Música da Convenção Batista do Rio Grande do Sul. D.Joana continuou seu trabalho como tradutora e assessora de Música para a JUERP e a denominação. Desde a fundação da Associação de Músicos Batistas do Brasil, Joana foi uma fonte de intensa produção e inspiração, como membro da Junta Executiva, relatora da comissão que preparou o livreto Filosofia de música sacra, publicado pela JUERP e, desde 1987, coordenadora do projeto que tornou possível a produção do Hinário para o culto cristão, ao qual se dedicou quase que exclusivamente por vários anos. Nas palavras do Pr. Joaquim de Paula Rosa: Essa irmã soube, pela direção de Deus, descobrir os elementos nacionais e missionários, homens e mulheres para se tornarem garimpeiros da inesgotável mina dos tesouros musicais. Ela soube reunir os pendores, a formação técnica, a consagração pessoal de cada um, a perícia e a arte de todos, para formar uma equipe singular, que se houve com maestria no presentear-nos com um Cântico Novo.3
  • 18. O Hinário para o culto cristão apresenta 45 contribuições da profª. Joana, oito letras, uma metrificação, 36 traduções e sete músicas. Em 1991, o ano que o Hinário para o culto cristão foi lançado, Joan Sutton foi oradora oficial da Convenção Batista Brasileira, a primeira mulher escolhida para esta honra. O casal Sutton, depois de 33 abençoados anos de ministério no Brasil, voltou à sua terra natal em outubro de 1992 para a aposentadoria. Fixando-se em Hendersonville, Carolina do Norte, EUA, continua a servir ao Senhor, tanto no seu novo lar, como em cooperação com seus companheiros do trabalho batista no Brasil. Em julho de 1993, o Pr. Boyd tomou posse como Ministro de Música da Igreja Batista de Shaw Creek. Lydia Cassano Bueno nasceu em Campinas, SP, em 9 de julho de 1916. Convertida em 5 de dezembro de 1954, foi batizada na Igreja Presbiteriana Central da sua cidade natal. Formada na Escola Normal Carlos Gomes, fez cursos em fonética e inglês na capital americana, Washington D.C. Começou a escrever hinos em 1964. Hope Gordon Silva, filha dos operosos missionários presbiterianos, Dr. Donald e Helen Gary Gordon, nasceu em 10 de maio de 1926 em Belavista, Peru. Formou-se na Faculdade Wellesley, no Estado de Massachusetts, EUA, fez complementação pedagógica em Mogi das Cruzes, SP, e mestrado na PUC de São Paulo. Autora e tradutora, publicou várias coletâneas. Algumas das suas produções foram publicadas também na série Os Céus Proclamam e nas revistas Louvor Perene e O Evangelista. Escreveu fascículos para as reuniões infantis da sua denominação. Hope é esposa do rev. João Silva, pastor da Segunda Igreja Presbiteriana de Ermelino Matarazzo, São Paulo, Capital. O casal tem quatro filhos. 1. RUNYAN, William M. Em: REYNOLDS, William J. Companion to Baptist Hymnal. Nashville: Broadman Press, 1976. pp.80-81. 2. Adaptado de ICHTER, Bill H. Se os hinos falassem, v.III, 1ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1971. pp.78-79. 3. ROSA, Joaquim de Paula. Apresentação. Em: Hinário para o culto cristão. Rio de Janeiro: JUERP, 1990. p.vii 27. Cantemos os louvores O SALMO NOVE, “Uma letra empolgante para uma marcha triunfal, celebra uma vitória gloriosa na batalha”.1 Embora Davi estivesse muito exultante com o sucesso, não usou a ocasião para vangloriar-se; ao contrário, rompeu em louvor, celebrando a pessoa e as obras de Deus. Davi percebia que, como Deus fazia a sua obra por meio da sua vida e experiências pessoais, também age na história por meio de grandes atos de redenção. Deus triunfará no fim, trazendo seu reino mundial de justiça.2 Como Daví, devemos “encher os seus átrios de louvor”. Nosso Deus, que em compaixão nos libertou e nos purificou, estará conosco para sempre! Cantemos, então, “sem cessar!” Celebremos a inigualável “bondade que Deus nos dispensou”; louvemos a quem “nos resgatou!” Rodolfo Hasse (1890-1968), eminente nome na Igreja Evangélica Luterana do Brasil, foi o primeiro pastor da Igreja da Paz, no Rio de Janeiro, cujo trabalho iniciou em 30 de janeiro de 1930. O rev. Hasse foi o pioneiro do trabalho radiofônico evangélico no Brasil. Por meia hora, semanalmente, ele difundiu a mensagem de Cristo pela Rádio Club do Brasil, trabalho este começado em 1929. Membro da Comissão Sinodal de Hinologia e Liturgia, o rev. Hasse trabalhou no Hinário evangélico luterano, em 1938, e suas subseqüentes edições em 1952 e 1956. No Hinário luterano, 1986, encontramos 63 hinos originais e 83 traduções da pena deste servo de Deus. A contribuição do rev. Hasse à hinódia brasileira é imensurável. Ninguém mais que ele soube trazer a herança hinística germânica para a língua portuguesa, tanto por suas traduções e seus hinos como por seu trabalho incansável de apoio à nossa hinódia. Esta melodia foi usada pela primeira vez em um hinário publicado em 1784 em Württemberg, Alemanha. Levada à Inglaterra, foi incluída no hinário Hymns ancient and modern (Hinos antigos e modernos), edição de 1868. ELLACOMBE é nome de um vilarejo em Devonshire, na Inglaterra. 1. WYRTZEN, Don. A musician looks at the psalms. Grand Rapids MI: Zondervan Publishing House, 1988. p.30. 2. Ver Ibid. 29. Deus é amor ESTE LINDO HINO, que testemunha do maravilhoso amor de Deus, fez parte da coletânea, Hymns (Hinos) escrito por John Bowring (1792-1872). O autor, inglês de ascendência puritana, teve de deixar os seus estudos com a idade de quatorze anos para trabalhar com o seu pai. Viajou muito, e, antes de ter dezesseis anos, ganhou proficiência nos idiomas alemão, holandês, espanhol, português e italiano. Bowring tornou-se um dos maiores lingüistas do mundo,
  • 19. podendo conversar em cem idiomas e ler em duzentos. Atuou na publicação e na política. Nomeado cavalheiro em 1854, foi membro do Parlamento, e, entre outros postos nas colônias da Grã-Bretanha, Governador de Hong Kong. Bowring escreveu muitas poesias e publicou três coletâneas de hinos. O tradutor deste hino sobre o amor de Deus, Salomão Luiz Ginsburg, “Pai do Cantor cristão”, traduziu-o em 28 de abril de 1922, no Rio de Janeiro, RJ. Dedicou a sua versão ao casal amigo J.J. e Grace Bagby Cowsert, missionários que tiveram quarenta anos de profícuo ministério no Brasil (1920-1940). Ginsburg publicou o hino em O Jornal Batista (p.5), em 27 de julho de 1922. Salomão Luiz Ginsburg, de origem judaica, filho de um rabino, nasceu próximo a Suwalki, Polônia, em 6 de agosto de 1867. Dos 6 aos 14 anos, viveu em Koenigsberg, Alemanha, na casa de um tio materno, onde recebeu educação aprimorada. Quando voltou para casa, não concordou com a orientação paterna, pois este queria que ele se tornasse rabino e se casasse com uma jovem de 12 anos. Resolveu fugir. Foi para Londres e lá se converteu a Cristo. Começou a sofrer perseguições. Expulso da casa de outro tio com quem morava, foi deserdado e considerado morto pela família. Depois de vagar pelas ruas de Londres, Ginsburg foi convidado para o “Abrigo dos judeus convertidos”, permanecendo ali por três anos. Manifestando o desejo de pregar, estudou mais três anos na Escola de Treinamento Missionário Regions Beyond, em Londres. Teve grande alegria em compartilhar a sua fé, mesmo em face da perseguição. Numa ocasião foi terrivelmente espancado e deixado como morto num barril de lixo. Sentindo-se chamado para a obra missionária, Ginsburg foi convidado por Sarah Kalley para vir ao Brasil. No caminho, passou seis meses em Portugal para estudar a língua: passagem encurtada pela sua publicação de panfletos apologéticos que causaram furor em altos círculos eclesiásticos do país. Como Paulo em Damasco, seus irmãos tiveram de mandá-lo fora do lugar antes que algo drástico acontecesse com ele (ver HCC 577). Chegando ao Rio de Janeiro em 1890, Salomão Ginsburg filiou-se à Igreja Evangélica Fluminense. Dirigia uma congregação da igreja e se sustentava vendendo Bíblias. Em novembro de 1891, depois de estudar a fundo o que a Bíblia dizia sobre o batismo, foi batizado por imersão na Primeira Igreja Batista da Bahia, por Dr. Z.C. Taylor. Logo depois foi ordenado como pastor. Em 1892, foi comissionado missionário da Junta de Richmond. Ginsburg pastoreou a Primeira Igreja Batista do Recife, PE, a Primeira da Bahia, a Primeira de Campos e a Primeira de Niterói, RJ, além de trabalhar em Mato Grosso e Goiás, sempre evangelizando, sempre implantando igrejas. Por amor a Cristo, sofreu perseguições e prisões, mas nunca desfaleceu. Ginsburg casou-se com Carrie Bishop, que fora instrumento na sua chamada missionária, mas, após 4 meses de casados, ela faleceu na Bahia, vítima de febre amarela. Em segundas núpcias, casou-se com Emma Morton, missionária da Junta de Richmond. Tiveram sete filhos. Salomão Ginsburg fundou o Seminário Teológico Batista do Norte, foi secretário-correspondente- tesoureiro da Junta de Missões Nacionais e interessou-se pela evangelização dos índios. Colaborou com vários jornais evangélicos e escreveu em periódicos seculares. Foi também colportor, vendendo Bíblias em várias cidades do Brasil. Nos trabalhos de evangelização ao ar livre Ginsburg usava um harmônio e seu grande talento musical. Escreveu muitos hinos belos e espirituais. O primeiro hino que traduziu foi Chuvas de bênçãos, enquanto esperava para desembarcar pela primeira vez no Brasil. Depois de mudar-se para Recife, PE, publicou, em 1891, um hinário com 16 hinos, que chamou de O Cantor christão. Nos anos seguintes, continuou a adicionar hinos seus e de outros hinistas, até que, na 11ª edição, constavam 106 hinos de sua autoria. O pastor Manuel Avelino de Souza o chamou de “O Davi dos batistas brasileiros” cujos hinos são “verdadeiras mensagens do evangelho”, (....) exprimem santas e belas experiências cristãs, e (....) estão profundamente arraigados na alma dos crentes.1 Depois de uma vida de extraordinário ministério, Ginsburg faleceu em 31 de março de 1927, em São Paulo.2 O Hinário para o culto cristão inclui, entre originais e traduções, 30 contribuições de Ginsburg, um gigante na obra de Deus no Brasil. Descrevendo a composição desta singela melodia, Joan Larie Sutton fala: Estávamos no final do trabalho de escolha de letras e melodias e não tínhamos melodia para este grande hino. Foi durante as reuniões da Comissão do HCC que compus esta melodia, indicando, na parte harmônica, que deveria terminar em acorde maior no final da quarta estrofe. Para minha surpresa, a Subcomissão de Música gostou da melodia. Ralph a harmonizou, e a ela dei o nome LARIE, que faz parte do meu próprio nome.3 (Ver dados da compositora no HCC 25 e do harmonizador, Ralph Manuel, no HCC 23). 1. SOUZA, Manuel Avelino. Em: GINSBURG, Salomão L. Um judeu errante no Brasil. Trad. SOUZA, Manuel Avelino de, 2ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), 1970. pp.248-249.
  • 20. 2. Está aqui uma biografia muito resumida desse intrépido mensageiro do evangelho. Em cada um dos 30 hinos do Hinário para o culto cristão, cuja letra foi escrita ou traduzida por ele, a autora procura apresentar outras facetas da sua vida relevantes ao hino, como faz para outros hinistas. Recomenda-se sua leitura. Melhor, a leitura da sua autobiografia será uma bênção inestimável e um desafio. 3. SUTTON, Joan Larie. Carta à autora em outubro de 1991. 30. A terra semeamos ESTE HINO VIGOROSO é uma tradução do cântico dos lavradores produzido por Matthias Claudius. Foi escrito em Hamburg, Alemanha, em 1782, descrevendo uma festa de gratidão pela ceifa, numa casa alemã da roça. Matthias Claudius (1740-1815) era uma pessoa muito simpática, cheia de alegria e brincadeiras. Amava a natureza, como este hino revela. Tinha um lar muito feliz, embora muito pobre, com a sua amada esposa e onze filhos. Pensou em entrar no ministério luterano, como o seu pai, mas foi desencorajado pelos “livres pensadores” do seu tempo. Entrou na advocacia e no jornalismo, e chegou a uma posição de destaque. Todavia, uma doença muito séria o fez voltar à sua primeira fé. Renunciou posição e salário. Usou a arte do jornalismo para defender a fé do racionalismo com tal vigor que muitos dos seus antigos amigos o abandonaram. Claudius não escreveu hinos em si, mas as suas poesias, cristãs em essência, eram populares e de grande influência. Deixou oito volumes das suas obras. Jane Montgomery Campbell (1817-1878) traduziu este hino de gratidão do alemão para o inglês em 1861, baseado nas estrofes 3, 5, 9, 10 e 13 das dezessete estrofes originais, publicando o hino no hinário Garland of songs (Grinalda de hinos). Jane, filha de pastor, cantora e professora de canto, falando fluentemente o alemão, traduziu um bom número de seus hinos para o inglês. Publicou também A handbook for singers (Um manual para cantores). Henry Maxwell Wright, dinâmico evangelista-cantor, o Moody-Sankey da língua portuguesa, com cerca de duzentas letras e traduções, traduziu este hino do inglês para o português em 1898. (Ver dados do tradutor no HCC 1). Johann Abraham Peter Schulz (1747-1800), filho de um padeiro alemão, começou cedo na vida os seus estudos na música. Aos quinze anos, mesmo sem recursos, foi a Berlim, onde o grande mestre Kirnberger lhe ensinou gratuitamente. Viajou muito pela Europa. Mostrou a sua gratidão a Kirnberger por auxiliá-lo na produção de dois livros sobre composição e arte. Schulz ganhou fama, tornando-se Diretor do Teatro Francês em Berlim em 1776; Diretor de música do Príncipe Henry da Prússia em 1780 e Diretor de música da corte do Rei da Dinamarca, em Copenhague em 1787. Voltou à Alemanha em 1796, onde faleceu em 1800. Schulz publicou coletâneas de canções sacras e profanas. Escreveu óperas, oratórios, e música instrumental. A melodia WIR PFLÜGEN (Nós aramos) apareceu na coletânea Lieder für volkschulen (Canções para escolas públicas), em 1800, com algumas estrofes do hino A terra semeamos em alemão. Mais tarde, esta melodia muito popular foi reconhecida como sendo de Schulz. 32. Ao Deus de amor e de imensa bondade SALOMÃO Luiz Ginsburg escreveu este vibrante hino de gratidão e amor ao Pai em 21 de abril de 1898. A feliz ocasião foi a dedicação do primeiro templo da Primeira Igreja Batista de Campos, RJ, em que ele serviu. A cidade de Campos foi o centro do trabalho de Ginsburg no Estado do Rio de Janeiro na década de noventa. Ginsburg estabeleceu aí muitas congregações, uma tipografia, onde editou o primeiro número de As Boas Novas, reeditou o Cantor cristão, sofreu perseguições, inclusive prisão por dez dias, e deu a idéia da criação de uma Convenção Batista Nacional. Certamente Salomão sentiu em Campos as “maravilhas que o poder do Senhor ia operando”. (Ver outros dados do “Pai do Cantor cristão” no HCC 29). Ginsburg escolheu a melodia TRUEHEARTED (De coração verdadeiro), composta por George Coles Stebbins em 1878 (para o hino do mesmo título, escrito por Frances Ridley Havergal) para expressar a alegria e gratidão do seu coração. Stebbins a compôs durante uma conferência evangelística e foi publicada na coletânea para quartetos masculinos, The male chorus (O coro masculino), em 1888. George Coles Stebbins (1846-1947), nascido e criado no Estado de Nova Iorque, estudou música em Buffalo e Rochester. Aos 23 anos, mudou-se para Chicago, onde associou-se a uma publicadora de música e tornou-se o diretor de música da Primeira Igreja Batista. Neste período fez amizade com os músicos evangélicos mais importantes da época - Root, Bliss, Palmer e Sankey.1 Depois de servir como diretor de música em duas outras grandes igrejas, no verão de 1876, Moody o convenceu a se unir a ele na obra de evangelismo. Associou-se a Moody e outros evangelistas proeminentes por 25 anos, viajando pelo mundo nas suas campanhas. Além do seu ministério de regente congregacional, Stebbins compôs centenas de hinos, e cooperou na compilação de numerosas coletâneas de gospel hymns (ver HCC 112), a 3ª a 6ª edições de Gospel hymns (Hinos do evangelho), em colaboração com Sankey e McGranahan (ver HCC 150) sendo as mais notáveis. O fato de o Cantor cristão incluir 29 das suas melodias é uma indicação da sua popularidade.