1. - DOMINGO, 27 DE JANEIRO DE 2013
DOMINGO, 27 DE JANEIRO DE 2013 -
O perigo que
vem das nuvens
O Brasil é campeão mundial em raios, com 60
milhões de incidências anuais. Mais comuns no
verão, eles matam 130 pessoas a cada ano. Em
caso recente casal morreu em praia paulista
Rebeka Figueiredo
rebeka.figueiredo@folhauniversal.com.br
A
s temperaturas altas
e a maior umidade do
ar no verão são ide-
ais para passeios ao
ar livre e idas à praia. Mas é
também nesta época que as
tempestades se tornam mais
frequentes e a preocupação
com os raios aumenta.
O Brasil é campeão mundial
naincidênciadofenômeno:são
60 milhões de descargas elétri-
cas anualmente. Os raios pro-
vocam cerca de 130 mortes e
deixam 200 feridos por ano no
País, segundo o grupo de eletri-
cidadeatmosféricadoInstituto
Nacional de Pesquisas Espa-
ciais (Elat/Inpe).
No começo deste mês, um
casal de turistas morreu após
ser atingido por um raio en-
quanto caminhava na beira do
mar em uma praia de Bertioga,
no litoral norte de São Paulo.
Na Zona da Mata mineira, um
homem de 50 anos foi encon-
trado morto após receber uma
descarga elétrica enquanto se
abrigava da chuva embaixo de
uma árvore. Ele tinha saído
com amigos para pescar em
um rio quando foram surpre-
endidos por uma tempestade.
Já em Ourinhos, a 370 quilôme-
tros de São Paulo, um raio cau-
sou um incêndio de grandes
proporções em um reservató-
rio de etanol.
Alexandre Piantini, profes-
sor do Instituto de Eletrotécni-
ca e Energia da Universidade
de São Paulo (USP), recomenda
procurar um abrigo seguro ao
menor indício de tempestade.
“Quando as nuvens começam
a se formar, evite lugares aber-
tos e planos como praias e es-
tacionamentos, pois a pessoa
acaba sendo o ponto mais alto
daquela região e os raios ten-
dem a ser atraídos por ele. Não
fique perto de objetos isolados,
como árvores e torres, nem em
locais muito altos como o topo
de edifícios”, ensina (veja mais
dicas na página 9). Mesmo sem
atingir diretamente uma pes-
soa, a descarga elétrica pode
provocar ferimentos e até a
morte dos que estão perto do
local da ocorrência.
A intensidade média de um
raio é de 30 mil amperes, cerca
de mil vezes a intensidade de
um chuveiro elétrico, segundo o
Inpe.Alémdoriscodemorte,os
raios queimam equipamentos
e provocam o desligamento da
rede elétrica. “Instalamos para-
-raiosemlinhasdedistribuição,
subestações e transformadores
com o objetivo de evitar a falta
de energia”, explica Otávio Gri-
lo, diretor de Operações da AES
Eletropaulo, que distribui ener-
gia elétrica para 24 municípios
da Grande São Paulo.
Para compreender melhor os
raios, especialistas de várias
partes do mundo se reúnem há
mais de uma década na USP
, no
chamado Simpósio Internacio-
nal de Proteção Contra Descar-
gas Elétricas. “Estudamos as
características dos raios para
criar sistemas de proteção.
Hoje, por exemplo, as turbinas
eólicas para produção de ener-
gia acabam sendo alvo de raios,
já que são instaladas em áreas
planas e têm vários metros de
altura. Se um raio danifica uma
delas, o prejuízo é grande”, diz
Alexandre Piantini, que é coor-
denador do simpósio. E se enga-
na quem pensa que um raio não
cai duas vezes no mesmo lugar.
“Estruturas muito altas são fre-
quentemente atingidas por
raios. É por isso que uma torre
na Suíça que recebe mais de 100
descargas elétricas por ano é
usada para estudar raios”, com-
pleta o professor.
arte:
eder
santos
sobre
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fotolia
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