Fartar vilanagem - Opinião sobre a morte do Infante D. Pedro
1. OPINIÃO “Fartar vilanagem”
Fernando J. Regateiro
Professor catedrático, Faculdade de Medicina,
Universidade de Coimbra
A 20 de Maio de 2012 completaram-se 563 anos na União Europeia nos proporcionou meios finan-
sobre a morte do Infante D. Pedro, na chamada ceiros, alimentámos a fantasia da riqueza e o
“batalha” de Alfarrobeira. “fartar vilanagem”!
Honremos a sua memória, de Exagerámos nas obras públi-
homem de Estado “justo e cas estatais e autárquicas
bem intencionado, protector
Em Alfarrobeira não houve (auto-estradas, estádios de
dos povos e dos municípios, uma batalha, “pois uma futebol e desproporciona-
incentivador do progresso nos das partes não vinha para dos pavilhões desportivos e
fins da Idade Média – defen- combater… e vinha só para piscinas) e nas facilidades
PÁG. sor dos mercadores, dos pes- dialogar…”. E foi nessa e incentivos irrazoáveis no
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cadores, dos mareantes, dos crédito bancário às famílias,
humildes, dos fracos e dos
altura que, D. Álvaro errámos na distribuição dos
oprimidos –, amante e agente Vaz de Almada, amigo do subsídios (uso indevido, ar-
da justiça, frontal inimigo do Infante D. Pedro, exclamou ranque de plantações, abate
feudalismo, clarividente crí- “vingar vilanagem, fartar de embarcações), e descurá-
tico dos passadismos balôfos, rapaziada”. O sentimento mos os sectores que assegu-
mafias e feudalismos serôdios ram a reserva estratégica de
que já então destruíam e asfi-
expresso, numa síntese um país soberano: a agricul-
xiavam Portugal”. lapidar, permaneceu no tura, as pescas e a indústria.
Nas palavras de Alfredo Pi- uso popular, como “fartar Não fizemos a reforma do Es-
nheiro Marques, em Alfarro- vilanagem”. tado gastador, obeso e omni-
beira não houve uma batalha, presente. Fomos titubeantes
“pois uma das partes não vi- e confusos na educação, sem
nha para combater… e vinha só para dialogar…”. definir finalidades claras do processo de ensino e
E foi nessa altura que, D. Álvaro Vaz de Alma- educação. Fomos seduzidos pelo relativismo dos
da, amigo do Infante D. Pedro, exclamou “vin- valores e perdemos em argúcia e sentido crítico,
gar vilanagem, fartar rapaziada”. O sentimento modelados por padrões de facilitismo e de falta
expresso, numa síntese lapidar, permaneceu no de honradez. Não fizemos a reforma que aproxi-
uso popular, como “fartar vilanagem”. me a política dos cidadãos. Deixámos esbulhar o
O Infante D. Pedro foi o inspirador político do seu erário público por PPP, BPN e salários obscenos
neto, D. João II, “aquele que veio a ser o maior dos gestores. Perdemos a justiça em emaranha-
governante de sempre da terra e da gente portu- dos processuais e garantismos.
guesa”, e que viria a ser vítima de um golpe de Bem precisamos de alguém que, como D. João II,
estado palaciano que levou à sua morte precoce, seja considerado, “dos seus povos mui querido,
em 1495, no Alvor, por envenenamento. e dos grandes mui temido”... “próprio e verda-
Estes modelos de governação valeram-nos, nos deiro coração da República”... “amor dos bons,
tempos mais recentes? dos maus terror e espanto”... e “pela lei e pela
Enquanto o processo de integração de Portugal grei”.
Combustíveis
Portugueses estão a deixar de usar o carro
» Sandra Afonso
gasolina a quebra chegou quase aos 10%.
Os portugueses estão a deixar o carro mais vezes em Em comparação com Março de 2011, o preço médio de
casa. O consumo de combustíveis continua em queda venda ao público subiu 8,5% na gasolina de 95 octanas
há já 11 meses consecutivos. e o gasóleo está 5,4% mais caro.
De acordo com a Direcção-geral de Energia e Geologia, De Fevereiro para Março deste ano, os preços também
em Março o consumo caiu mais de 7%, sendo que na subiram: 3,3% na gasolina e 1,9% no gasóleo.
r/com renascença comunicação multimédia, 2012