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Publicadoem 11/06/2013
* Especialista na estruturação e regulação de contratos da Administração Pública, sócio do Portugal
Ribeiro & Navarro Prado Advogados, Professor de Direito de Infraestrutura da FGV-Rio, autor de vários
livros e artigos sobre melhores práticas na estruturação de licitações e contratos com a Administração
Pública, inclusive o livro “Regime Diferenciado de Contrataçao: Licitação de Infraestrutura para Copa do
Mundo e Olimpíadas”, em coautoria com Lucas Navarro Prado e Mario Engler Pinto Junior, e publicado
pela Editora Atlas, em 2012.
Reformando o RDC – Regime Diferenciado de Contratação
Mauricio Portugal Ribeiro*
Ministrei algumas semanas atrás palestra no 8° Encontro de Logística e Transportes da FIESP,
cujo objetivo central era avaliar o RDC – Regime Diferenciado de Contratação em vista dos
diversos problemas que enfrentamos atualmente no mundo das contratações públicas
brasileiras.
Criado originalmente para as licitações relacionadas à Copa e Olimpíada, o RDC se tornou a
pedrade toque doGovernoFederal para atualizarascontrataçõespúblicas brasileiras.Primeiro,
pela emissãode medidasprovisórias que estendiam asua aplicaçãoa todasas obrasdo PACe
às contratações no setorde saúde e educação;depois, pela prática, cadavez mais comum, de
condicionar,formalmente ouinformalmente, astransferências de recursos doPACparaEstados
e Municípios à utilização pelas seus destinatários do RDC.
Dessaforma, oGovernoFederal está,de poucoempouco, substituindo aLei 8.666/93peloRDC.
Há 3pautasprincipaisque qualquerreformalegislativa sobre ascontrataçõespúblicasdeveria
atualmente atacar:
a) Redução de burocracia;
b) Aumento das oportunidades de competição;
c) Incentivo aoestabelecimento noseditais de linhas de corte paraque acompetiçãose
dê apenas entre os capazesde desempenharo objeto contratual,de modoa evitaros
problemas de descumprimento de contrato e falso cumprimento de contrato, tão
comuns por consequência da contratação de empresas, na prática, incapazes de
executar os contratos.
ORDCbuscouresolverosdoisprimeirostemasacimamencionados.Deixou,contudo, oterceiro
intocado.
Em relaçãoà reduçãode burocraciae aoaumento dasoportunidades de competição,pode-se
dizerque oRDCconsolidouumasérie de experiênciasque vinhamocorrendonoBrasil desde a
aprovação da Resolução n⁰ 65/98, da ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações,
experiências essas que foram disseminadas pelo país e se tornaram conhecidas nos mais
distantesrincõesapós aaprovaçãodaLei doPregão(Lei Federal n⁰10.520/02),que se inspirou,
em vários aspectos, naquela Resolução.
Entre outros, criou-se e se consolidou a inversão de fases nas licitações, a possibilidade do
saneamentode falhasformais dosdocumentosde habilitação,e, comisso,obteve-se,emvários
casos, a redução da burocracia e, portanto, dos prazos para o processamento de licitações.
Para aumentarasoportunidadesde competição,permitiu-se –aoladodomodotradicional de
julgamentode preçodaslicitações(realizaçãode proposta,emumaúnicarodadaeemenvelope
fechado, que o RDC chama de “proposta fechada”) – a realização de licitações com múltiplas
rodadas de lances (oque oRDC chamade propostaaberta, e é internacionalmente conhecido
como leilão inglês), combinado ou não com uma primeira rodada de envelopes fechados.
Além disso, com o objetivo de gerar propostas mais competitivas, permitiu-se o aumento da
assimetriade informaçõesdosparticipantesdalicitaçãoentre si e emrelaçãoao PoderPúblico,
pormeiodosigilodoorçamentodaspropostas,de modoaevitaroque, naliteraturaeconômica,
é chamado,muitasvezes,de “efeitoâncora”,istoé aconvergênciadospreçosdosparticipantes
da licitação na direção do preço-teto ou do preço de referência disponibilizado pelo Poder
Público. Essa assimetria de informação e de avaliação sobre o contrato tem o potencial de
beneficiar oPoderPúblico, namedidaem que amaior disparidade entre as propostas tende a
gerar pelo menos algumas propostas mais interessantes para o Poder Público.
O RDC, contudo,lamentavelmente não adotouqualquer medida paraprevenir ou remediar a
contratação de empresas que são incapazes de prestar o serviço e que, por isso, dão azo a
situações de descumprimento de contrato e/ou de falso cumprimento de contratos.
Ofenômeno daslicitaçõesvencidasporempresasque depoisse mostramincapazesdeexecutar
ocontratose tornouaindamaiscomumrecentemente exatamente pelaênfase,nosúltimos15
anos,nacriaçãode regrase nodesenvolvimentode umacultura de maximizaçãodacompetição
naslicitações, tuteladapelosórgãosde controle daAdministraçãoPública, emprejuízo,muitas
vezes, do estabelecimento de barreirasde entrada aptas avedar a participação naslicitações
dos incapazes de executar os contratos.
Em um contexto em que os órgãos de controle da Administração Pública desconfiam de
qualquerdispositivoque reduzaacompetiçãodaslicitações,oRDCdeveria,emprimeirolugar,
ter adotado um conjunto de princípios e regras que balizassem a distinção entre restrições à
competição necessárias para excluir os incapazes e restrições lesivas à concorrência.
Para isso, pelo menos em relação às licitações para objetos contratuais de maior porte ou
complexidade, seriaprecisoincentivararealização, pelos agentespúblicosresponsáveis pela
licitação,de mapeamentode mercado,que possacorrelacionaroobjetocontratual, aslinhasde
corte de cadalicitação, e os potenciais contratados.Esse mapeamentodo mercadopermitiria
também correlacionar o porte e expertise das empresas vis a vis o objeto contratual.
Essa atividade de mapeamento do mercado traz para o centro da modelagem das licitações a
discussão sobre operfil docontratado desejado em cadacaso pela AdministraçãoPúblicae da
efetividade daslinhasde corte a sereminseridasemcadaedital,sejacomo exigênciadetécnica
(qualificaçãoouproposta), qualificaçãoeconômico-financeira,oucondiçõesparaassinaturado
contrato (exigênciasde contrataçãode seguros,de garantiade cumprimentodocontratoetc.).
Trazerparaocentrodamodelagemdas nossaslicitações adiscussãosobre operfil desejadodo
contratado e da efetividade das linhasde corte permitiriaque oRDC contribuísse paracorrigir
em larga escala uma série de imperícias muito comuns nas nossas licitações. Apenas como
exemplo, é comum, nasnossas licitações aexigência de índicescontábeis produzidos a partir
das rubricas do balanço e das demonstrações financeiras dos participantes da licitação, em
situações em que é difícil ter clareza sobre a sua correspondência com a realidade. É comum
tambémque asregrassobre exigênciasde garantiasde propostae de cumprimentode contrato
deixemespaçosrelevantesparaaentregade garantiasaoPoderPúblico,que,naprática,sãode
questionável solvabilidade. Essasimperíciassãoreflexode umavisãoformalistadasexigências
mencionadas, semconexãocomo seuobjetivode selecionar empresascapazesde executaro
contrato.
Porfim, pararemediaroproblemadosdescumprimentose falsoscumprimentosde contratos,
seria preciso que o RDC facilitasse a extinção dos contratos por descumprimento pelo
contratado das suas obrigações principais e a aplicação de penalidades (particularmente
suspensão de direito de contratar e declaração de inidoneidade para contratar), permitindo,
inclusive, que tais penalidades alcançassem não só os contratados, mas também os seus
controladores.
A maior parte das sugestões acima poderiamser implantadas por mera inserção de regrasde
melhor qualidade nos editaisde licitação e contratos doRDC.E é possível que órgãospúblicos
que possuem corpo técnico de melhor qualidade caminhem nesse sentido.
Contudo,amudançaque se faznecessáriaparaque essasmelhoriasse difundampelopaíse se
tornem parte da nossa cultura de contratações, lamentavelmente, só será feita por meio de
mudança legal. Por isso, é preciso reformar o RDC.

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Reformando o RDC - Regime Diferenciado de Contratação

  • 1. Publicadoem 11/06/2013 * Especialista na estruturação e regulação de contratos da Administração Pública, sócio do Portugal Ribeiro & Navarro Prado Advogados, Professor de Direito de Infraestrutura da FGV-Rio, autor de vários livros e artigos sobre melhores práticas na estruturação de licitações e contratos com a Administração Pública, inclusive o livro “Regime Diferenciado de Contrataçao: Licitação de Infraestrutura para Copa do Mundo e Olimpíadas”, em coautoria com Lucas Navarro Prado e Mario Engler Pinto Junior, e publicado pela Editora Atlas, em 2012. Reformando o RDC – Regime Diferenciado de Contratação Mauricio Portugal Ribeiro* Ministrei algumas semanas atrás palestra no 8° Encontro de Logística e Transportes da FIESP, cujo objetivo central era avaliar o RDC – Regime Diferenciado de Contratação em vista dos diversos problemas que enfrentamos atualmente no mundo das contratações públicas brasileiras. Criado originalmente para as licitações relacionadas à Copa e Olimpíada, o RDC se tornou a pedrade toque doGovernoFederal para atualizarascontrataçõespúblicas brasileiras.Primeiro, pela emissãode medidasprovisórias que estendiam asua aplicaçãoa todasas obrasdo PACe às contratações no setorde saúde e educação;depois, pela prática, cadavez mais comum, de condicionar,formalmente ouinformalmente, astransferências de recursos doPACparaEstados e Municípios à utilização pelas seus destinatários do RDC. Dessaforma, oGovernoFederal está,de poucoempouco, substituindo aLei 8.666/93peloRDC. Há 3pautasprincipaisque qualquerreformalegislativa sobre ascontrataçõespúblicasdeveria atualmente atacar: a) Redução de burocracia; b) Aumento das oportunidades de competição; c) Incentivo aoestabelecimento noseditais de linhas de corte paraque acompetiçãose dê apenas entre os capazesde desempenharo objeto contratual,de modoa evitaros problemas de descumprimento de contrato e falso cumprimento de contrato, tão comuns por consequência da contratação de empresas, na prática, incapazes de executar os contratos. ORDCbuscouresolverosdoisprimeirostemasacimamencionados.Deixou,contudo, oterceiro intocado. Em relaçãoà reduçãode burocraciae aoaumento dasoportunidades de competição,pode-se dizerque oRDCconsolidouumasérie de experiênciasque vinhamocorrendonoBrasil desde a aprovação da Resolução n⁰ 65/98, da ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações,
  • 2. experiências essas que foram disseminadas pelo país e se tornaram conhecidas nos mais distantesrincõesapós aaprovaçãodaLei doPregão(Lei Federal n⁰10.520/02),que se inspirou, em vários aspectos, naquela Resolução. Entre outros, criou-se e se consolidou a inversão de fases nas licitações, a possibilidade do saneamentode falhasformais dosdocumentosde habilitação,e, comisso,obteve-se,emvários casos, a redução da burocracia e, portanto, dos prazos para o processamento de licitações. Para aumentarasoportunidadesde competição,permitiu-se –aoladodomodotradicional de julgamentode preçodaslicitações(realizaçãode proposta,emumaúnicarodadaeemenvelope fechado, que o RDC chama de “proposta fechada”) – a realização de licitações com múltiplas rodadas de lances (oque oRDC chamade propostaaberta, e é internacionalmente conhecido como leilão inglês), combinado ou não com uma primeira rodada de envelopes fechados. Além disso, com o objetivo de gerar propostas mais competitivas, permitiu-se o aumento da assimetriade informaçõesdosparticipantesdalicitaçãoentre si e emrelaçãoao PoderPúblico, pormeiodosigilodoorçamentodaspropostas,de modoaevitaroque, naliteraturaeconômica, é chamado,muitasvezes,de “efeitoâncora”,istoé aconvergênciadospreçosdosparticipantes da licitação na direção do preço-teto ou do preço de referência disponibilizado pelo Poder Público. Essa assimetria de informação e de avaliação sobre o contrato tem o potencial de beneficiar oPoderPúblico, namedidaem que amaior disparidade entre as propostas tende a gerar pelo menos algumas propostas mais interessantes para o Poder Público. O RDC, contudo,lamentavelmente não adotouqualquer medida paraprevenir ou remediar a contratação de empresas que são incapazes de prestar o serviço e que, por isso, dão azo a situações de descumprimento de contrato e/ou de falso cumprimento de contratos. Ofenômeno daslicitaçõesvencidasporempresasque depoisse mostramincapazesdeexecutar ocontratose tornouaindamaiscomumrecentemente exatamente pelaênfase,nosúltimos15 anos,nacriaçãode regrase nodesenvolvimentode umacultura de maximizaçãodacompetição naslicitações, tuteladapelosórgãosde controle daAdministraçãoPública, emprejuízo,muitas vezes, do estabelecimento de barreirasde entrada aptas avedar a participação naslicitações dos incapazes de executar os contratos. Em um contexto em que os órgãos de controle da Administração Pública desconfiam de qualquerdispositivoque reduzaacompetiçãodaslicitações,oRDCdeveria,emprimeirolugar, ter adotado um conjunto de princípios e regras que balizassem a distinção entre restrições à competição necessárias para excluir os incapazes e restrições lesivas à concorrência. Para isso, pelo menos em relação às licitações para objetos contratuais de maior porte ou complexidade, seriaprecisoincentivararealização, pelos agentespúblicosresponsáveis pela licitação,de mapeamentode mercado,que possacorrelacionaroobjetocontratual, aslinhasde corte de cadalicitação, e os potenciais contratados.Esse mapeamentodo mercadopermitiria também correlacionar o porte e expertise das empresas vis a vis o objeto contratual. Essa atividade de mapeamento do mercado traz para o centro da modelagem das licitações a discussão sobre operfil docontratado desejado em cadacaso pela AdministraçãoPúblicae da efetividade daslinhasde corte a sereminseridasemcadaedital,sejacomo exigênciadetécnica
  • 3. (qualificaçãoouproposta), qualificaçãoeconômico-financeira,oucondiçõesparaassinaturado contrato (exigênciasde contrataçãode seguros,de garantiade cumprimentodocontratoetc.). Trazerparaocentrodamodelagemdas nossaslicitações adiscussãosobre operfil desejadodo contratado e da efetividade das linhasde corte permitiriaque oRDC contribuísse paracorrigir em larga escala uma série de imperícias muito comuns nas nossas licitações. Apenas como exemplo, é comum, nasnossas licitações aexigência de índicescontábeis produzidos a partir das rubricas do balanço e das demonstrações financeiras dos participantes da licitação, em situações em que é difícil ter clareza sobre a sua correspondência com a realidade. É comum tambémque asregrassobre exigênciasde garantiasde propostae de cumprimentode contrato deixemespaçosrelevantesparaaentregade garantiasaoPoderPúblico,que,naprática,sãode questionável solvabilidade. Essasimperíciassãoreflexode umavisãoformalistadasexigências mencionadas, semconexãocomo seuobjetivode selecionar empresascapazesde executaro contrato. Porfim, pararemediaroproblemadosdescumprimentose falsoscumprimentosde contratos, seria preciso que o RDC facilitasse a extinção dos contratos por descumprimento pelo contratado das suas obrigações principais e a aplicação de penalidades (particularmente suspensão de direito de contratar e declaração de inidoneidade para contratar), permitindo, inclusive, que tais penalidades alcançassem não só os contratados, mas também os seus controladores. A maior parte das sugestões acima poderiamser implantadas por mera inserção de regrasde melhor qualidade nos editaisde licitação e contratos doRDC.E é possível que órgãospúblicos que possuem corpo técnico de melhor qualidade caminhem nesse sentido. Contudo,amudançaque se faznecessáriaparaque essasmelhoriasse difundampelopaíse se tornem parte da nossa cultura de contratações, lamentavelmente, só será feita por meio de mudança legal. Por isso, é preciso reformar o RDC.