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Dom Antônio Macedo Costa
3 FASES DA TRAJETÓRIA DO MAIOR
DEFENSOR DO ULTRAMONTANISMO
NO BRASIL IMPERIAL
Prof. Pedro Henrique C. de Medeiros
Se houve um personagem na
história do Império do Brasil
que melhor sintetizou as ações
e os dilemas da reforma
católica ultramontana foi o
bispo de Belém do Pará,
Dom Antônio de Macedo Costa
(1830-1891).
Famoso por ter sido condenado, ao lado de
dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira
(1844-1878), no processo da Questão
Religiosa, pelo Supremo Tribunal de
Justiça do Império, em 1874, a importância
de Macedo Costa ultrapassa esse episódio.
1ª. Sua formação europeia
Macedo Costa era baiano,
nascido em 1830, próximo de
Maragogipe. Aos 18 anos
ingressou no Seminário de
Santa Teresa, em Salvador.
Porém, com 22 anos, Macedo
Costa foi enviado para a Europa
para prosseguir seus estudos.
Aos 29, conquistou o título de
doutor em Direito Canônico pela
Academia Santo Apolinário, em
Roma.
Uma das questões mais importantes para
a efetivação da reforma ultramontana no
Brasil, que tinha como um de seus
objetivos afastar o clero da política, era a
reforma dos seminários católicos
brasileiros.
Esses seminários, desde a reforma
pombalina, em Portugal, no século XVIII,
ou estavam esvaziados, ou formavam um
clero que nutria uma visão muito
próxima de um servidor público estatal,
dentro daquilo que é designado como
regalismo.
Assim, a formação europeia e
particularmente romana de Macedo
Costa foi fundamental para empreender
a reforma do ensino eclesiástico católico,
no século XIX, no Brasil.
2ª. Sua atuação na imprensa
Assim que retorna para o Brasil, Macedo Costa
terá uma atuação significativa por meio da
imprensa e pela publicação de livros, como o
Pio IX, Pontífice e Rei, de 1860.
É notável o fato de Macedo Costa ter publicado
um livro com esse título antes da encíclica
Quanta Cura (1864) e do Concílio Vaticano I
(1870). Isso demonstra como Macedo Costa
estava afinado com o pensamento católico
antimodernista e centrista católica daquele
momento, totalmente ao contrário do que a
política regalista e liberal brasileira havia
proposto até aquele momento.
Deve ser destacado também que, logo após a
publicação dessa obra, d. Pedro II nomeia Macedo
Costa para a cadeira episcopal de Belém do Pará,
em 1861.
Já como bispo, publicou Catecismo sobre a Igreja
Católica, para uso do povo, em 1861.
Em 1863, deu seu apoio para o lançamento do
jornal A Estrela do Norte. Por meio desse jornal,
ele deu conhecimento aos brasileiros do conteúdo
da encíclica Quanta Cura com o Syllabus Errorum.
Em 1866, suas cartas pastorais passaram a ser
transcritas no jornal O Apóstolo, fazendo com que
suas ideias fossem divulgadas para um público
maior e mais próximo ao governo imperial, no Rio
de Janeiro.
3ª. Seu combate antiprotestante
As primeiras missivas pastorais e apologéticas de
Macedo Costa, assim que assumiu o ministério
episcopal, tiveram como alvo a presença
protestante em Belém do Pará.
O principal tema dessa apologética era contra as
Bíblias distribuídas principalmente pelo
ministério do missionário escocês Richard
Holden (1828-1886). A principal denúncia de
Macedo Costa era que essas Bíblias eram
falsificadas.
Conforme excerto tomado de David Gueiros Vieira:
“Em seguida, o bispo atacou o problema protestante. Na primeira
carta pastoral, o novo prelado já tinha feito alusão àquele quando
disse que a base da fé católica não era a Bíblia, como era o caso
‘com a Babel do Protestantismo’, mas era ‘uma autoridade viva, que
falava e ensinava, uma Igreja visível e sempre presente’. [...]
Assim, depois de debater por 12 páginas sobre o que considerava
serem falsificações da ‘Bíblia Protestante’, o bispo proibiu o seu
rebanho de comprá-la e de possuí-la em casa. Deveria ser destruída,
ordenou ao seu povo, ou guardada em tal lugar que não pudesse
‘fazer mal aos seus queridos’.”
Note que a retórica das Bíblias falsificadas e os debates pela
imprensa contra os adversários protestantes, dentre outros,
marcaram o modo como ocorreu a Reforma Católica no
Império do Brasil.
SANTIROCCHI, Ítalo. Questão de Consciência: Os
ultramontanos no Brasil e o regalismo do Segundo Reinado
(1840-1889). Belo Horizonte: Editora Fino Traço; São Luís:
EDUFMA, 2015.
MEDEIROS, Pedro H. C. de. Pelo Progresso da Sociedade: a
imprensa protestante no Rio de Janeiro imperial (1864-1873).
2014. Dissertação (Mestrado em História) UFRRJ.
VIEIRA, David Gueiros. O protestantismo, a maçonaria e a
questão religiosa no Brasil. Brasília: Editora Universidade de
Brasília, 1980.
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Dom Antônio de Macedo Costa: 3 fases da trajetória do maior defensor do ultramontanismo no Brasil imperial

  • 1. Dom Antônio Macedo Costa 3 FASES DA TRAJETÓRIA DO MAIOR DEFENSOR DO ULTRAMONTANISMO NO BRASIL IMPERIAL Prof. Pedro Henrique C. de Medeiros
  • 2. Se houve um personagem na história do Império do Brasil que melhor sintetizou as ações e os dilemas da reforma católica ultramontana foi o bispo de Belém do Pará, Dom Antônio de Macedo Costa (1830-1891). Famoso por ter sido condenado, ao lado de dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira (1844-1878), no processo da Questão Religiosa, pelo Supremo Tribunal de Justiça do Império, em 1874, a importância de Macedo Costa ultrapassa esse episódio.
  • 3. 1ª. Sua formação europeia Macedo Costa era baiano, nascido em 1830, próximo de Maragogipe. Aos 18 anos ingressou no Seminário de Santa Teresa, em Salvador. Porém, com 22 anos, Macedo Costa foi enviado para a Europa para prosseguir seus estudos. Aos 29, conquistou o título de doutor em Direito Canônico pela Academia Santo Apolinário, em Roma.
  • 4. Uma das questões mais importantes para a efetivação da reforma ultramontana no Brasil, que tinha como um de seus objetivos afastar o clero da política, era a reforma dos seminários católicos brasileiros. Esses seminários, desde a reforma pombalina, em Portugal, no século XVIII, ou estavam esvaziados, ou formavam um clero que nutria uma visão muito próxima de um servidor público estatal, dentro daquilo que é designado como regalismo. Assim, a formação europeia e particularmente romana de Macedo Costa foi fundamental para empreender a reforma do ensino eclesiástico católico, no século XIX, no Brasil.
  • 5. 2ª. Sua atuação na imprensa Assim que retorna para o Brasil, Macedo Costa terá uma atuação significativa por meio da imprensa e pela publicação de livros, como o Pio IX, Pontífice e Rei, de 1860. É notável o fato de Macedo Costa ter publicado um livro com esse título antes da encíclica Quanta Cura (1864) e do Concílio Vaticano I (1870). Isso demonstra como Macedo Costa estava afinado com o pensamento católico antimodernista e centrista católica daquele momento, totalmente ao contrário do que a política regalista e liberal brasileira havia proposto até aquele momento.
  • 6. Deve ser destacado também que, logo após a publicação dessa obra, d. Pedro II nomeia Macedo Costa para a cadeira episcopal de Belém do Pará, em 1861. Já como bispo, publicou Catecismo sobre a Igreja Católica, para uso do povo, em 1861. Em 1863, deu seu apoio para o lançamento do jornal A Estrela do Norte. Por meio desse jornal, ele deu conhecimento aos brasileiros do conteúdo da encíclica Quanta Cura com o Syllabus Errorum. Em 1866, suas cartas pastorais passaram a ser transcritas no jornal O Apóstolo, fazendo com que suas ideias fossem divulgadas para um público maior e mais próximo ao governo imperial, no Rio de Janeiro.
  • 7. 3ª. Seu combate antiprotestante As primeiras missivas pastorais e apologéticas de Macedo Costa, assim que assumiu o ministério episcopal, tiveram como alvo a presença protestante em Belém do Pará. O principal tema dessa apologética era contra as Bíblias distribuídas principalmente pelo ministério do missionário escocês Richard Holden (1828-1886). A principal denúncia de Macedo Costa era que essas Bíblias eram falsificadas.
  • 8. Conforme excerto tomado de David Gueiros Vieira: “Em seguida, o bispo atacou o problema protestante. Na primeira carta pastoral, o novo prelado já tinha feito alusão àquele quando disse que a base da fé católica não era a Bíblia, como era o caso ‘com a Babel do Protestantismo’, mas era ‘uma autoridade viva, que falava e ensinava, uma Igreja visível e sempre presente’. [...] Assim, depois de debater por 12 páginas sobre o que considerava serem falsificações da ‘Bíblia Protestante’, o bispo proibiu o seu rebanho de comprá-la e de possuí-la em casa. Deveria ser destruída, ordenou ao seu povo, ou guardada em tal lugar que não pudesse ‘fazer mal aos seus queridos’.” Note que a retórica das Bíblias falsificadas e os debates pela imprensa contra os adversários protestantes, dentre outros, marcaram o modo como ocorreu a Reforma Católica no Império do Brasil.
  • 9. SANTIROCCHI, Ítalo. Questão de Consciência: Os ultramontanos no Brasil e o regalismo do Segundo Reinado (1840-1889). Belo Horizonte: Editora Fino Traço; São Luís: EDUFMA, 2015. MEDEIROS, Pedro H. C. de. Pelo Progresso da Sociedade: a imprensa protestante no Rio de Janeiro imperial (1864-1873). 2014. Dissertação (Mestrado em História) UFRRJ. VIEIRA, David Gueiros. O protestantismo, a maçonaria e a questão religiosa no Brasil. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1980. Bibliografia utilizada para este post