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Ligue o Som. Rolagem Manual de Slides Navio Carl Hoepcke Glória, Declínio e Morte  Walter Pacheco Jr. 2010 01.09.11   08:16 AM
O NAVIO CARL HOEPCKE ERA UM LINDO TRANSATLÂNTICO  FAZ PARTE DA HISTÓRIA DE FLORIANÓPOLIS - SC
O navio pertenceu a Empresa Nacional de Navegação Hoepcke “ENNH” fundada em 1865, por um imigrante alemão, em Desterro, atual Florianópolis, conforme historiamos nas partes: I  - “Carl Hoepcke uma rica trajetória de vida”  II - “Cia. Nacional de Navegação Hoepcke”.
O navio Carl Hoepcke ligou Santa Catarina ao resto do país, através da navegação de cabotagem e de transporte de passageiros, teve história glamurosa mas acabou seus dias como: Cargueiro  Navio boate  e  Navio fantasma.
Este trabalho é dedicado ao cabo máquina  - Álvaro Ventura das Neves, "Russinho", In Memoriam.
Construído em Hamburgo, na Alemanha, em 1926, o transatlântico Carl Hoepcke contava 62,40 metros de comprimento e 10,96 metros de largura e calado máximo de 12 pés (3,66 metros).  Cais Rita Maria em Florianópolis - Navio Carl Hoepcke atracando - Década de 1920
RECREIO /Hoepcke Os Destroços finais O Navio chegou a Florianópolis, vindo da Alemanha, numa manhã de domingo, após 27 dias de viagem, carregado com 898 toneladas de carvão, em julho de 1927, para integrar a frota da ENNH.  Foi batizado com uma garrafa de champanhe estourada em seu casco, por Ilse Weineck, então com 14 anos, neta do homenageado.  Fonte: Instituto Carl Hoepcke Navios da ENNH: Carl Hoepcke, Anna, Max e rebocador São Francisco, atracados no Trapiche Rita Maria.
RECREIO /Hoepcke Os Destroços finais As máquinas com potência de 12 mil HP moviam duas hélices para uma marcha de 12 milhas por hora, contava com equipamentos de radiotelegrafia, frigorífico com máquina para produzir gelo e aparelhos contra incêndio e para desinfecção. Navio Carl Hoepcke singrando
A Empresa   Nacional de Navegação Hoepcke tinha o Porto de Florianópolis como sua base principal e possuía neste, na Praia de Rita Maria,   seu cais de navios, seus trapiches, armazéns e um estaleiro o Arataca. Possuía 4 navios e muitas outras embarcações, mas o “Carl Hoepcke” era seu grande orgulho.
Navio Carl Hoepcke Tempos de Glória  ___________________  ___________________
O transatlântico Carl Hoepcke era um navio moderno, sofisticado e luxuoso para a época.  Acomodava  50 passageiros de primeira classe e 60 de segunda e contava com dois camarotes de luxo. Possuía dois salões: - Refeitório com mesas redondas e cadeiras giratórias  - “Fumadoiro” com divãs e poltronas de couro. No refeitório Um piano que ficava ao canto,  tocado pelo 1º telegrafista e pianista Cristaldo Araújo, animava as noites a bordo. Pratarias e louças finas  davam requinte  ao ambiente. Foto: Ricardo Mega
Pintura do artista catarinense José Cipriano da Silva O navio Carl Hoepcke propiciou, entre os anos de 1927 a 1960, a forma mais glamurosa de viajar e a união mais luxuosa  entre Florianópolis e o resto do Brasil.
RECREIO /Hoepcke Os Destroços finais O “Carl Hoepcke” fazia a alegria da cidade quando atracava no cais Rita Maria, era recebido até com bandas de música. O trapiche ficava sempre lotado de pessoas que, se não iam acompanhar alguém partindo ou chegando, iam lá apenas para ver o navio e o entra e sai de passageiros.  Cais Rita Maria com saída de navio passageiros anos 1950.  Foto Theodoro
A chegada do navio no porto era sempre uma festa, as pessoas vestiam seus melhores trajes para receber os viajantes, tripulantes, encomendas e novidades. Até a cerveja por muitos foi conhecida porque a provaram a bordo do navio em viagem, ou então, no Porto da Rita Maria, onde atracado, recebia visitantes. As festas de chegadas e saídas do navio Carl Hoepcke foram eventos maravilhosos e marcantes para os florianopolitanos que a vivenciaram.
RECREIO /Hoepcke Os Destroços finais Pelo menos duas gerações de catarinenses viajaram e receberam amigos e parentes através das rotas da empresa. O “Carl Hoepcke” cumpria roteiros regulares pela costa brasileira, integrando a terra e a gente catarinense através de seus portos, conforme Reclame.
Quando partia em viagem o navio Carl Hoepcke, ao passar pela ponte Hercílio Luz, dava o seu último apito.  Levava passageiros e mercadorias, deixava saudades...  Ponte Hercílio Luz, com o navio Carl Hoepcke (Anos 30) em navegação. Pintura do artista catarinense José Cipriano da Silva
Cais Rita Maria anos de 1950 – Foto Theodoro  O “Carl Hoepcke” trazia jornais, novidades e esperanças.  Os personagens iam e vinham, junto com os produtos que movimentavam a economia e o comércio local.
Acidente com o “Carl Hoepcke” O navio, em setembro de 1939, quando seguia em direção ao Rio de janeiro bateu numa laje de pedra, nas costas da Armação da Piedade, em Santa Catarina, sofrendo sua primeira tragédia.  O acidente causou danos ao casco e inundou os porões. Nada aconteceu ao passageiros e à tripulação, mas o navio ficou encalhado no local.  As causas nunca foram esclarecidas, mas não faltaram especulações nos jornais da época.  Por se tratar do primeiro ano da Segunda Guerra Mundial, chegaram a supor que o navio teria sido torpedeado pelo cruzador inglês "Ajax", que navegava próximo à Ilha de Santa Catarina.
Rebocado pela “Lancha São Francisco” foi recuperado no estaleiro Arataca, ambos de propriedade da Cia. de Navegação Hoepcke.  Rapidamente voltou a ativa continuando sua trajetória de glamour.
Fonte: Instituto Carl Hoepcke Navio Carl Hoepcke, em primeiro plano, atracado no cais Rita Maria.  Um segundo acidente, dezessete anos após o primeiro e bem mais grave, colocaria ponto final nos tempos de glória da embarcação e daria início ao seu declínio.
Navio Carl Hoepcke Tempos de Declínio
Depois de transportar passageiros em viagens de luxo por quase trinta anos, o transatlântico Carl Hoepcke,  no início da tarde de 27 de Setembro de 1956,  vivenciou uma grande tragédia,  um incêndio irrompeu na casa de máquinas  e dominou o navio. A embarcação que tinha saído pela manhã do porto  de Santos e estava a cerca de 15 milhas deste,  contava 130 passageiros a bordo que,  em pânico, se jogavam ao mar.  Vários ficaram feridos e um morreu afogado,  um outro passageiro, que não sabia nadar, ficou 27 horas na água agarrado a um pedaço de madeira.
Segundo Wellington Martins, ex-marítimo da Companhia Hoepcke "Para apagar o fogo foi preciso afundar o navio e depois trazê-lo de volta, numa operação delicada e perigosa, mas que deu resultado”. Foi rebocado pelo vapor Anna, também  de propriedade da ENNH para Florianópolis. ANNA O fogo só foi debelado no dia seguinte.  O navio sinistrado foi salvo por uma arriscada, perigosa  e bem operada manobra efetuada pelos seus tripulantes. Estava abarrotado de farinha de mandioca e madeira,  parte da carga foi transferida para outra embarcação.
Reformado no Estaleiro Arataca, sofreu transformação de navio de passageiro para NAVIO CARGUEIRO, perdendo assim o glamour que encantava a população de Florianópolis.  “ Carl Hoepcke”, como CARGUEIRO, “descendo a carreira” do Estaleiro Arataca. Foto: Instituto Carl Hoepcke
Devido aos elevados custos com a permanente dragagem do canal de acesso pela baía norte e a priorização do sistema rodoviário ao marítimo, o Porto de Florianópolis, então um dos principais do Sul do Brasil, foi fechado em 1964. A Empresa Nacional de Navegação Hoepcke  foi desativada na ocasião e seu porto,  o de Rita Maria, foi fechado definitivamente.  A década de 60 representou o declínio da navegação em Santa Catarina e em todo o Brasil.
Cais Rita Maria  -1950 - Theodoro  1964 - TODOS OS NAVIOS DA CIA DE NAVEGAÇÃO HOEPCKE FORAM VENDIDOS. Encerrou-se, assim, a fase representativa da Florianópolis portuária.
Em 1973 o aterro, sepultou de vez, os sonhos de voltar a ver navios circulando pela baía sul.
O navio Carl Hoepcke, que mudou de nome e função, ao ser transformado em cargueiro após o incêndio,  foi vendido para um armador do norte do país. Foi visto maltratado, com muita ferrugem  e rebatizado Paissandu, segundo outras fontes Pacaembu, num porto do Norte. Tempos depois, o antigo cargueiro catarinense  foi revendido a empresários de São Paulo que o rebocaram até Santos, já que não possuía motores.
O navio foi reformado e convertido em um RESTAURANTE E BOATE FLUTUANTE  de nome RECREIO, “ foi atracado do lado de lá e lá ficou”.  Ancorado na Praia do Góes, com movimentação feita por rebocadores, tinha permissão para fundear a entrada da Barra.   Promovia festas e alegrava os santistas. “ Dos apartamentos mais altos nos prédios da Ponta da Praia dava pra ver as luzes e escutar o burburinho das pessoas no convés do navio Recreio”. O Navio Carl Hoepcke, agora Recreio, promoveu seu último evento festivo - Réveillon de 1971.
O mar revolto e fortes ventos, em um temporal,  arrebentaram as amarras que ligavam a embarcação ao cais  e fizeram o Recreio atravessar,  como um navio fantasma,  a boca do canal 6, vindo dar nas areias da Ponta da Praia  de Santos - SP.  Ponta da Praia de Santos JORNAL A TRIBUNA – 26/02/71 Assim, na madrugada de  26 de fevereiro de 1971,  o navio Carl Hoepcke,  transmutado no Recreio,  encalha  a 100 metros da avenida Bartolomeu Gusmão  e vira manchete de jornal.
HOEPCKE – BOATE RECREIO -  encalha na Ponta da Praia de Santos. “ O pior é que tinha gente da tripulação dentro do navio  que só foi desembarcar do lado de cá”. “ A cidade amanheceu sem entender o que havia acontecido”.
A embarcação branca e azul, pousada na praia de Santos, rapidamente transforma-se em atração para turistas e banhistas e alvo da curiosidade dos moradores da Baixada. RECREIO ENCALHADO - 1971
Recreio outra vista RECREIO ENCALHADO - 1971
As autoridades não o viam como atração, pois estavam diante de um abacaxi indigesto, com mais de 60 metros e não se sabe quantas toneladas de aço para serem removidas da areia.
Mas uma estranha e inexplicável demora, na indecisão no que fazer com o Recreio encalhado, fizeram com que ficasse naquela situação durante mais de 30 anos e o transformaram em  NAVIO FANTASMA. Recreio - A tristeza
Assim - o navio que fascinou os florianopolitanos em seus tempos de Carl Hoepcke, fez a alegria dos santistas como boate flutuante, ao passar do tempo, encalhado, foi perdendo o encanto,  deixou de ser atração virou um grande problema.
O Navio Carl Hoepcke, como Recreio,  agoniza agora em seu “Leito de Morte”. Uma solução lógica seria tirar o navio encalhado com rebocadores,  até foi tentado, mas quem disse que ele saía, optou-se pelo desmonte na base do maçarico e estão nesta até hoje.
Navio Carl Hoepcke Tempos de Morte
“ Restos ressurgem das areias para assombrar santistas”.  Destroços finais – Exumação, do navio Carl Hoepcke O navio Recreio teve suas estruturas desmontadas e removidas do local, sobrando parte do casco e outras peças enterradas na areia, que dinâmica do ambiente marinho, em 1999, tratou de trazer a superfície.
Ficou um tempo esquecido pelos prefeitos e pela Marinha. O entulho enferrujado da velha embarcação,  de quando em quando, aflorando das areias. As ferragens retorcidas, com partes pontiagudas,  expostas pelo sobe-desce das marés, possibilitando riscos de acidentes aos banhistas e usuários da praia, determinavam reclamações freqüentes. Mas só janeiro de 2006, a prefeitura de Santos começou a remover os destroços. A realização dos serviços, condicionada à maré e a tempo bom, dificulta os trabalhos, sem prazo definitivo para acabar.
Em 14/01/2006, a Prefeitura  de Santos começou a retirada dos destroços do navio encalhado na Ponta da Praia. Os trabalhos estão a cargo da Secretaria do Meio Ambiente, Defesa Civil  e Terracom Engenharia Ltda.
O trabalho de remoção das ferragens acabou virando atração para turistas e moradores que passam pela região. A retirada de toda a embarcação é difícil de ser feita,  já que o casco está muito enterrado.  Segundo a Prefeitura de Santos os destro ç os, enterrados em grande profundidade, devem permanecer diante das dificuldades para sua remoção.    O processo de remoção consiste em três partes:  drenagem da área, escavações localizadas  e corte dos pedaços perigosos. Até  julho de 2006  cinco toneladas de destroços tinham sido retiradas.
Reduzidos a um amontoado de ferro retorcido e sem forma definida, os restos mortais do navio Carl Hoepcke, foram retalhados.  Em menos de 40 anos, o navio de luxo,  que tanto encantou os florianopolitanos, se transformou em sucata.  Foto: Carlos Marques Jornal Novo Milênio Santos/2006
O superintendente do Instituto Carl Hoepcke, em 2006, esteve no local, com a intenção de levar parte da embarcação para acervo do museu em Santa Catarina. O leme do “navio Carl Hoepcke”, só foi removido pela prefeitura de Santos em 29/08/2008, após meses de trabalho no corte da peça, que tem chapa espessa e pesada. A retirada dos restos do navio, de cerca de 60 metros de extensão, dependendo de condições climáticas  é lenta e trabalhosa.
A Secretaria do Meio Ambiente de Santos (SEMAM), em agosto de 2008, estimou que ainda existam partes da embarcação a quase dois metros de profundidade e afirmou que até então já foram removidas, além do leme,  cerca de 6 toneladas de destroços. O objetivo da SEMAM, em 2009, quarta etapa dos trabalhos, é retirar os destroços que estão a até 40 centímetros de profundidade, garantindo assim a segurança dos banhistas. .
QUEM FEZ A ALEGRIA,  TROUXE TANTAS EXPECTATIVAS, PARTICIPOU DA HISTÓRIA DE FLORIANÓPOLIS E SEUS HABITANTES,  FEZ A FESTA DE SANTISTAS,  DEVIDO AS INDECISÕES, EM 1971,  QUANTO AO SEU DESTINO, TRANSFORMA-SE, AGORA,  EM “LIXO AMEAÇADOR”.
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Návio Carl Hopcke

  • 1. Ligue o Som. Rolagem Manual de Slides Navio Carl Hoepcke Glória, Declínio e Morte Walter Pacheco Jr. 2010 01.09.11 08:16 AM
  • 2. O NAVIO CARL HOEPCKE ERA UM LINDO TRANSATLÂNTICO FAZ PARTE DA HISTÓRIA DE FLORIANÓPOLIS - SC
  • 3. O navio pertenceu a Empresa Nacional de Navegação Hoepcke “ENNH” fundada em 1865, por um imigrante alemão, em Desterro, atual Florianópolis, conforme historiamos nas partes: I - “Carl Hoepcke uma rica trajetória de vida” II - “Cia. Nacional de Navegação Hoepcke”.
  • 4. O navio Carl Hoepcke ligou Santa Catarina ao resto do país, através da navegação de cabotagem e de transporte de passageiros, teve história glamurosa mas acabou seus dias como: Cargueiro Navio boate e Navio fantasma.
  • 5. Este trabalho é dedicado ao cabo máquina  - Álvaro Ventura das Neves, "Russinho", In Memoriam.
  • 6. Construído em Hamburgo, na Alemanha, em 1926, o transatlântico Carl Hoepcke contava 62,40 metros de comprimento e 10,96 metros de largura e calado máximo de 12 pés (3,66 metros). Cais Rita Maria em Florianópolis - Navio Carl Hoepcke atracando - Década de 1920
  • 7. RECREIO /Hoepcke Os Destroços finais O Navio chegou a Florianópolis, vindo da Alemanha, numa manhã de domingo, após 27 dias de viagem, carregado com 898 toneladas de carvão, em julho de 1927, para integrar a frota da ENNH. Foi batizado com uma garrafa de champanhe estourada em seu casco, por Ilse Weineck, então com 14 anos, neta do homenageado. Fonte: Instituto Carl Hoepcke Navios da ENNH: Carl Hoepcke, Anna, Max e rebocador São Francisco, atracados no Trapiche Rita Maria.
  • 8. RECREIO /Hoepcke Os Destroços finais As máquinas com potência de 12 mil HP moviam duas hélices para uma marcha de 12 milhas por hora, contava com equipamentos de radiotelegrafia, frigorífico com máquina para produzir gelo e aparelhos contra incêndio e para desinfecção. Navio Carl Hoepcke singrando
  • 9. A Empresa Nacional de Navegação Hoepcke tinha o Porto de Florianópolis como sua base principal e possuía neste, na Praia de Rita Maria, seu cais de navios, seus trapiches, armazéns e um estaleiro o Arataca. Possuía 4 navios e muitas outras embarcações, mas o “Carl Hoepcke” era seu grande orgulho.
  • 10. Navio Carl Hoepcke Tempos de Glória ___________________ ___________________
  • 11. O transatlântico Carl Hoepcke era um navio moderno, sofisticado e luxuoso para a época. Acomodava 50 passageiros de primeira classe e 60 de segunda e contava com dois camarotes de luxo. Possuía dois salões: - Refeitório com mesas redondas e cadeiras giratórias - “Fumadoiro” com divãs e poltronas de couro. No refeitório Um piano que ficava ao canto, tocado pelo 1º telegrafista e pianista Cristaldo Araújo, animava as noites a bordo. Pratarias e louças finas davam requinte ao ambiente. Foto: Ricardo Mega
  • 12. Pintura do artista catarinense José Cipriano da Silva O navio Carl Hoepcke propiciou, entre os anos de 1927 a 1960, a forma mais glamurosa de viajar e a união mais luxuosa entre Florianópolis e o resto do Brasil.
  • 13. RECREIO /Hoepcke Os Destroços finais O “Carl Hoepcke” fazia a alegria da cidade quando atracava no cais Rita Maria, era recebido até com bandas de música. O trapiche ficava sempre lotado de pessoas que, se não iam acompanhar alguém partindo ou chegando, iam lá apenas para ver o navio e o entra e sai de passageiros. Cais Rita Maria com saída de navio passageiros anos 1950. Foto Theodoro
  • 14. A chegada do navio no porto era sempre uma festa, as pessoas vestiam seus melhores trajes para receber os viajantes, tripulantes, encomendas e novidades. Até a cerveja por muitos foi conhecida porque a provaram a bordo do navio em viagem, ou então, no Porto da Rita Maria, onde atracado, recebia visitantes. As festas de chegadas e saídas do navio Carl Hoepcke foram eventos maravilhosos e marcantes para os florianopolitanos que a vivenciaram.
  • 15. RECREIO /Hoepcke Os Destroços finais Pelo menos duas gerações de catarinenses viajaram e receberam amigos e parentes através das rotas da empresa. O “Carl Hoepcke” cumpria roteiros regulares pela costa brasileira, integrando a terra e a gente catarinense através de seus portos, conforme Reclame.
  • 16. Quando partia em viagem o navio Carl Hoepcke, ao passar pela ponte Hercílio Luz, dava o seu último apito. Levava passageiros e mercadorias, deixava saudades... Ponte Hercílio Luz, com o navio Carl Hoepcke (Anos 30) em navegação. Pintura do artista catarinense José Cipriano da Silva
  • 17. Cais Rita Maria anos de 1950 – Foto Theodoro O “Carl Hoepcke” trazia jornais, novidades e esperanças. Os personagens iam e vinham, junto com os produtos que movimentavam a economia e o comércio local.
  • 18. Acidente com o “Carl Hoepcke” O navio, em setembro de 1939, quando seguia em direção ao Rio de janeiro bateu numa laje de pedra, nas costas da Armação da Piedade, em Santa Catarina, sofrendo sua primeira tragédia. O acidente causou danos ao casco e inundou os porões. Nada aconteceu ao passageiros e à tripulação, mas o navio ficou encalhado no local. As causas nunca foram esclarecidas, mas não faltaram especulações nos jornais da época. Por se tratar do primeiro ano da Segunda Guerra Mundial, chegaram a supor que o navio teria sido torpedeado pelo cruzador inglês "Ajax", que navegava próximo à Ilha de Santa Catarina.
  • 19. Rebocado pela “Lancha São Francisco” foi recuperado no estaleiro Arataca, ambos de propriedade da Cia. de Navegação Hoepcke. Rapidamente voltou a ativa continuando sua trajetória de glamour.
  • 20. Fonte: Instituto Carl Hoepcke Navio Carl Hoepcke, em primeiro plano, atracado no cais Rita Maria. Um segundo acidente, dezessete anos após o primeiro e bem mais grave, colocaria ponto final nos tempos de glória da embarcação e daria início ao seu declínio.
  • 21. Navio Carl Hoepcke Tempos de Declínio
  • 22. Depois de transportar passageiros em viagens de luxo por quase trinta anos, o transatlântico Carl Hoepcke, no início da tarde de 27 de Setembro de 1956, vivenciou uma grande tragédia, um incêndio irrompeu na casa de máquinas e dominou o navio. A embarcação que tinha saído pela manhã do porto de Santos e estava a cerca de 15 milhas deste, contava 130 passageiros a bordo que, em pânico, se jogavam ao mar. Vários ficaram feridos e um morreu afogado, um outro passageiro, que não sabia nadar, ficou 27 horas na água agarrado a um pedaço de madeira.
  • 23. Segundo Wellington Martins, ex-marítimo da Companhia Hoepcke "Para apagar o fogo foi preciso afundar o navio e depois trazê-lo de volta, numa operação delicada e perigosa, mas que deu resultado”. Foi rebocado pelo vapor Anna, também de propriedade da ENNH para Florianópolis. ANNA O fogo só foi debelado no dia seguinte. O navio sinistrado foi salvo por uma arriscada, perigosa e bem operada manobra efetuada pelos seus tripulantes. Estava abarrotado de farinha de mandioca e madeira, parte da carga foi transferida para outra embarcação.
  • 24. Reformado no Estaleiro Arataca, sofreu transformação de navio de passageiro para NAVIO CARGUEIRO, perdendo assim o glamour que encantava a população de Florianópolis. “ Carl Hoepcke”, como CARGUEIRO, “descendo a carreira” do Estaleiro Arataca. Foto: Instituto Carl Hoepcke
  • 25. Devido aos elevados custos com a permanente dragagem do canal de acesso pela baía norte e a priorização do sistema rodoviário ao marítimo, o Porto de Florianópolis, então um dos principais do Sul do Brasil, foi fechado em 1964. A Empresa Nacional de Navegação Hoepcke foi desativada na ocasião e seu porto, o de Rita Maria, foi fechado definitivamente. A década de 60 representou o declínio da navegação em Santa Catarina e em todo o Brasil.
  • 26. Cais Rita Maria -1950 - Theodoro 1964 - TODOS OS NAVIOS DA CIA DE NAVEGAÇÃO HOEPCKE FORAM VENDIDOS. Encerrou-se, assim, a fase representativa da Florianópolis portuária.
  • 27. Em 1973 o aterro, sepultou de vez, os sonhos de voltar a ver navios circulando pela baía sul.
  • 28. O navio Carl Hoepcke, que mudou de nome e função, ao ser transformado em cargueiro após o incêndio, foi vendido para um armador do norte do país. Foi visto maltratado, com muita ferrugem e rebatizado Paissandu, segundo outras fontes Pacaembu, num porto do Norte. Tempos depois, o antigo cargueiro catarinense foi revendido a empresários de São Paulo que o rebocaram até Santos, já que não possuía motores.
  • 29. O navio foi reformado e convertido em um RESTAURANTE E BOATE FLUTUANTE de nome RECREIO, “ foi atracado do lado de lá e lá ficou”. Ancorado na Praia do Góes, com movimentação feita por rebocadores, tinha permissão para fundear a entrada da Barra. Promovia festas e alegrava os santistas. “ Dos apartamentos mais altos nos prédios da Ponta da Praia dava pra ver as luzes e escutar o burburinho das pessoas no convés do navio Recreio”. O Navio Carl Hoepcke, agora Recreio, promoveu seu último evento festivo - Réveillon de 1971.
  • 30. O mar revolto e fortes ventos, em um temporal, arrebentaram as amarras que ligavam a embarcação ao cais e fizeram o Recreio atravessar, como um navio fantasma, a boca do canal 6, vindo dar nas areias da Ponta da Praia de Santos - SP. Ponta da Praia de Santos JORNAL A TRIBUNA – 26/02/71 Assim, na madrugada de 26 de fevereiro de 1971, o navio Carl Hoepcke, transmutado no Recreio, encalha a 100 metros da avenida Bartolomeu Gusmão e vira manchete de jornal.
  • 31. HOEPCKE – BOATE RECREIO - encalha na Ponta da Praia de Santos. “ O pior é que tinha gente da tripulação dentro do navio que só foi desembarcar do lado de cá”. “ A cidade amanheceu sem entender o que havia acontecido”.
  • 32. A embarcação branca e azul, pousada na praia de Santos, rapidamente transforma-se em atração para turistas e banhistas e alvo da curiosidade dos moradores da Baixada. RECREIO ENCALHADO - 1971
  • 33. Recreio outra vista RECREIO ENCALHADO - 1971
  • 34. As autoridades não o viam como atração, pois estavam diante de um abacaxi indigesto, com mais de 60 metros e não se sabe quantas toneladas de aço para serem removidas da areia.
  • 35. Mas uma estranha e inexplicável demora, na indecisão no que fazer com o Recreio encalhado, fizeram com que ficasse naquela situação durante mais de 30 anos e o transformaram em NAVIO FANTASMA. Recreio - A tristeza
  • 36. Assim - o navio que fascinou os florianopolitanos em seus tempos de Carl Hoepcke, fez a alegria dos santistas como boate flutuante, ao passar do tempo, encalhado, foi perdendo o encanto, deixou de ser atração virou um grande problema.
  • 37. O Navio Carl Hoepcke, como Recreio, agoniza agora em seu “Leito de Morte”. Uma solução lógica seria tirar o navio encalhado com rebocadores, até foi tentado, mas quem disse que ele saía, optou-se pelo desmonte na base do maçarico e estão nesta até hoje.
  • 38. Navio Carl Hoepcke Tempos de Morte
  • 39. “ Restos ressurgem das areias para assombrar santistas”. Destroços finais – Exumação, do navio Carl Hoepcke O navio Recreio teve suas estruturas desmontadas e removidas do local, sobrando parte do casco e outras peças enterradas na areia, que dinâmica do ambiente marinho, em 1999, tratou de trazer a superfície.
  • 40. Ficou um tempo esquecido pelos prefeitos e pela Marinha. O entulho enferrujado da velha embarcação, de quando em quando, aflorando das areias. As ferragens retorcidas, com partes pontiagudas, expostas pelo sobe-desce das marés, possibilitando riscos de acidentes aos banhistas e usuários da praia, determinavam reclamações freqüentes. Mas só janeiro de 2006, a prefeitura de Santos começou a remover os destroços. A realização dos serviços, condicionada à maré e a tempo bom, dificulta os trabalhos, sem prazo definitivo para acabar.
  • 41. Em 14/01/2006, a Prefeitura de Santos começou a retirada dos destroços do navio encalhado na Ponta da Praia. Os trabalhos estão a cargo da Secretaria do Meio Ambiente, Defesa Civil e Terracom Engenharia Ltda.
  • 42. O trabalho de remoção das ferragens acabou virando atração para turistas e moradores que passam pela região. A retirada de toda a embarcação é difícil de ser feita, já que o casco está muito enterrado. Segundo a Prefeitura de Santos os destro ç os, enterrados em grande profundidade, devem permanecer diante das dificuldades para sua remoção. O processo de remoção consiste em três partes: drenagem da área, escavações localizadas e corte dos pedaços perigosos. Até julho de 2006 cinco toneladas de destroços tinham sido retiradas.
  • 43. Reduzidos a um amontoado de ferro retorcido e sem forma definida, os restos mortais do navio Carl Hoepcke, foram retalhados. Em menos de 40 anos, o navio de luxo, que tanto encantou os florianopolitanos, se transformou em sucata. Foto: Carlos Marques Jornal Novo Milênio Santos/2006
  • 44. O superintendente do Instituto Carl Hoepcke, em 2006, esteve no local, com a intenção de levar parte da embarcação para acervo do museu em Santa Catarina. O leme do “navio Carl Hoepcke”, só foi removido pela prefeitura de Santos em 29/08/2008, após meses de trabalho no corte da peça, que tem chapa espessa e pesada. A retirada dos restos do navio, de cerca de 60 metros de extensão, dependendo de condições climáticas é lenta e trabalhosa.
  • 45. A Secretaria do Meio Ambiente de Santos (SEMAM), em agosto de 2008, estimou que ainda existam partes da embarcação a quase dois metros de profundidade e afirmou que até então já foram removidas, além do leme, cerca de 6 toneladas de destroços. O objetivo da SEMAM, em 2009, quarta etapa dos trabalhos, é retirar os destroços que estão a até 40 centímetros de profundidade, garantindo assim a segurança dos banhistas. .
  • 46. QUEM FEZ A ALEGRIA, TROUXE TANTAS EXPECTATIVAS, PARTICIPOU DA HISTÓRIA DE FLORIANÓPOLIS E SEUS HABITANTES, FEZ A FESTA DE SANTISTAS, DEVIDO AS INDECISÕES, EM 1971, QUANTO AO SEU DESTINO, TRANSFORMA-SE, AGORA, EM “LIXO AMEAÇADOR”.
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