Este boletim discute a situação dos bancários no Brasil. Apesar dos altos lucros dos bancos privados, eles continuam demitindo funcionários e impondo metas abusivas. O documento defende uma greve forte dos bancários para conquistar melhorias nas condições de trabalho e salários.
1. Este é um boletim da Oposição Bancária – Rio Especial Bancos Privados
Fortalecer a greve para arrancar conquistas!
As mobilizações que se iniciaram em
junho mudaram o cenário político do país. A
classe trabalhadora junto à juventude saiu às
ruas para lutar pelo passe livre e por tantos
outros direitos retirados pelos governos e
pelos poderosos. Os governos estaduais,
municipais e federal, pressionados pelo clamor
das ruas e com a popularidade em queda
vertiginosa, foram obrigados a fazer pequenas
concessões como recuar do aumento da tarifa
dos transportes. Vivemos agora uma forte
greve da educação que se enfrenta contra os
desmandos dos governos municipal e estadual
e que tem reunido milhares de trabalhadores
nas ruas, em assembleia e passeatas.
O momento do país nos leva a enxergar
que com a nossa mobilização podemos
arrancar conquistas superiores às dos últimos
anos. Tanto na questão salarial, como nas
reivindicações de condições dignas e justas de
trabalho, como o fim imediato das demissões
e das metas.
A situação da categoria nos Bancos
Privados.
Os bancos continuam a ter uma
lucratividade estratosférica às custas da
exploração e do adoecimento dos
trabalhadores e com uma política de
demissões aliada à alta rotatividade, que
demite funcionários com melhores salários
para contratar novos bancários com o salário
bem inferior, isso quando o posto de trabalho
não é fechado.
O Banco Itaú é o banco que mais demite
trabalhadores no país. Desde a sua fusão com
o Unibanco, mais de 18.800 postos de
trabalho foram fechados. O Itaú lucrou, em
2012, R$ 13,594 bilhões e no primeiro
semestre de 2013 já anunciou lucro de mais
de R$ 7 bilhões. Esse altos lucros são
construídos a partir da sobrecarga de
trabalho, com a cobrança de metas
individualizadas e absurdas e com a
terceirização do trabalho através dos
correspondentes bancários. Essa política
perversa atinge os bancários e os clientes, o
que é demonstrado pelo ranking do Procon de
reclamações onde o Itaú aparece em primeiro
lugar entre as instituições financeiras.
No Santander o cenário não é diferente.
O Brasil responde por cerca de 26% da
lucratividade mundial do banco espanhol. Isso
se deve em grande parte às condições
precárias de trabalho, cobrança de metas,
inclusive individual para os caixas, e,
principalmente, com a política de demissões
em massa praticada pelo banco. Somente no
mês de dezembro de 2012 foram demitidos,
sem justa causa, mais de 1.150 bancários
pelo país. Como acontece em todos os outros
bancos, a sobrecarga de trabalho e o assédio
moral descarado contra os trabalhadores são
naturalizados pelos gestores do banco. São
comuns reuniões de cobrança, regadas a
assédio moral, fora do horário de expediente,
ligações, e-mails e mensagens de texto que
expõem e humilham os bancários.
O lucro de R$ 5,921 bilhões no 1º
semestre de 2013 foi recorde histórico no
Bradesco, aumentando quase 4% em relação
ao mesmo período de 2012. Isso não impediu
o banqueiro de eliminar da sua folha salarial
quase 1.500 bancários no mesmo período. A
despesa com provisões para devedores
duvidosos (PDD) foi de R$ 3,3 bilhões no
terceiro trimestre, tendo saltado 18,9% na
comparação com o mesmo período do ano
passado. Enquanto isso, o índice de
inadimplência acima de 90 dias ficou em
4,1%, tendo caído 0,1 ponto percentual na
comparação com o segundo trimestre. Assim,
o banco registra lucro menor e, distribuiu
menos dinheiro para os bancários no
pagamento da PLR, passando a perna na
categoria.
As investigações de lavagem de dinheiro
e o anúncio de que cortará 14 mil empregos
pelo mundo para economizar até US$ 3
bilhões e aumentar os dividendos para os
acionistas apavora os bancários do HSBC no
Brasil. E, como sempre, quem paga pela crise
do banco, sem nem sentir o cheiro do lucro,
são os trabalhadores.
2. Construir uma greve forte pela base
Apesar dessa nova conjuntura política do país e dos bancos, autorizados pelo governo
Dilma, estarem aprofundando seus ataques contra os bancários, a Contraf/CUT apresentou,
mais uma vez, para a categoria uma campanha salarial com uma pauta rebaixada e sem
grande mobilização.
Para romper com o roteiro das nossas campanhas salariais, que vemos se repetir todos
os anos, é necessária uma presença massiva dos bancários nas assembleias e nas atividades
da greve, discutindo os rumos da campanha e construindo uma greve forte, que reflita o
avanço da luta das ruas e a necessidade de se combater o ataque dos banqueiros. Somente
com a ampla participação dos bancários poderemos arrancar dos banqueiros o máximo de
conquistas e avançar verdadeiramente nas nossas pautas mais caras como a estabilidade no
emprego, o fim de todas as metas e do assédio moral, o fim dos correspondentes bancários e
de todas as terceirizações (Contra o PL 4330), PLR de 25% do lucro líquido distribuído de
forma linear, redução da jornada de trabalho sem redução dos salários, entre outras.
BRB apresenta proposta de índice! E a Fenaban? Por que não negocia?
Após 13 dias de greve, a Fenaban e o governo não marcaram nenhuma negociação com
os representantes da categoria. O único banco que marcou negociação foi o BRB, Banco
Regional de Brasília, apresentando uma proposta de índice de 7% e outros itens específicos.
A proposta foi considerada insuficiente e rejeitada pelo sindicato. Apesar disso, o fato de um
banco regional ter apresentado um índice maior que os 6,1% da Fenaban nos mostra que os
grandes bancos podem fazer o mesmo e ir muito além. Querem fazer a nossa greve se
arrastar para depois impor uma proposta rebaixada para ampliar cada vez mais seus lucros.
Devemos fortalecer a greve e cobrar da Fenaban e do governo federal sua responsabilidade
com os trabalhadores.
Quem somos:
O Movimento Nacional de Oposição
Bancária (MNOB) reúne bancários de
bancos públicos e privados que discordam
dos rumos que as direções dos sindicatos
ligados à Contraf/CUT têm dado às lutas
da categoria. Ele surgiu após as grandes
greves de 2003 e 2004, diante da
experiência com as traições daquelas
direções. De lá pra cá, a burocratização e
o governismo das direções cutistas se
aprofundou, deixando os interesses da
categoria em segundo plano, o que temos
visto repetidamente nas nossas
campanhas salariais. Por isso, a
construção de um movimento
independente dos banqueiros e do
governo, comprometido com as reais
necessidades da categoria torna-se cada
vez mais fundamental. Como essa
necessidade não é exclusiva da nossa
categoria, mas de toda a classe
trabalhadora, o MNOB participa da
construção da CSP-Conlutas, uma Central
Sindical e Popular independente dos
governos e patrões. Venha construir a
Oposição Bancária e a CSP-Conlutas
conosco!
Acompanhe as notícias da greve de um
ponto de vista diferente.
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