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Apocalipse Bancário

        Mais uma campanha salarial está acontecendo na história da categoria bancária, em
todo o Brasil. Aparentemente nada de novo. Os bancários buscando garantir seus direitos e
avançar em conquistas. Do outro lado, nossos patrões, algozes (não deveriam ser, mas...),
impondo toda a sua força política e econômica, para desorganizar os sindicatos, com
práticas antissidincais e tentando impedir nossos avanços relativos a aumento real de
salário, e trabalho digno, adequado aos padrões de civilidade e respeito a bancários, clientes
e usuários.
        Essa é a tônica que rege a luta dos bancários. Uma pauta justa que se atendida fosse
ou que se conquistada for, irá beneficiar não apenas os trabalhadores do ramo financeiro,
mas também, todos aqueles que de uma forma ou de outra usufruem dos serviços bancários,
quer sejam clientes ou não, uma vez que as melhorias nos salários e nas condições de
trabalho, implicam diretamente num melhor atendimento aos que necessitam dos serviços
bancários.
        Mas há algo especial nesta campanha salarial de 2010, além dos justos e altivos
desejos dos bancários. Logo todos diriam: _ As eleições. É, mas não só.
         Essa será a última campanha salarial dessa década, que também se esgota nesse
ano. Terminará esse ano a primeira década do novo milênio.
         Quem poderia imaginar que nos primórdios do século XXI, com todo o avanço da
ciência, da tecnologia, o setor da economia que mais lucra no Brasil, ainda trate seus
trabalhadores, com as marcas semi-escravagistas do feudalismo? Ou não é sim a relação
entre Banqueiros e Bancários?
        Temos hoje uma categoria doente, afrontada pelo medo, pelas metas abusivas, pelo
assédio moral, por um futuro incerto...O impressionante em tudo isso é que cada vez mais,
os bancos brasileiros, (quem diria?), se destacam internacionalmente pela rentabilidade e
solidez econômica.
        E assim caminham os bancos no Brasil, com os cofres abarrotados de dinheiro. Com
uma mão de obra, que recebe salários aquém da sua extraordinária qualificação e
responsabilidade.
        Esperava-se, portanto, não facilidades, no processo dialético capital/trabalho, neste
novo século, mas pelo menos, mais respeito e valorização aos bancários. O modelo de
banco que se tem hoje, é baseado no abuso das capacidades humanas.
        Os bancos oficiais que deveriam dar bons exemplos, ao contrário, copiam o padrão
dos bancos privados, aperfeiçoando os pacotes de maldades.
          A categoria bancária hoje vive a beira de um colapso, diante de tantas cobranças,
acumulo de responsabilidades, longas jornadas de trabalho e assédio moral.
        Foi importante começar a discussão com a Fenaban, logo por essas questões,
relativas a saúde dos bancários, metas, segurança, pois elas são as que mais afligem a
categoria.
        Há a necessidade de uma nova Ética na relação entre bancos, bancários e sociedade,
pois, se não houver mudanças, realmente algo acontecerá. Pois não é mais possível, que
esse modelo produtivo venha se sustentar, por mais tempo, até porque os bancários não vão
agüentar.
        Mas que a mudança chegue, não pela sucumbência dos bancários adoecidos, mas
por melhorias nas condições e relações de trabalho nos bancos.

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