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Qual a importância da língua de Sinais no seu ambiente de trabalho?
É fato que a acessibilidade dos surdos ao mercado de trabalho tem sido proporcionada
por uma mudança, ainda que sutil, de mentalidade nas empresas, além da Lei de Cotas para
contratação de Deficientes nº 8.213 de 25 de julho de 1991. Entretanto, ainda perdura o
desafio de uma maior inclusão desse trabalhador surdo no seu ambiente de trabalho, pois
apenas a contratação não é suficiente para que se tenha a garantia de que ele possa
desempenhar suas funções na totalidade de sua capacidade. É justamente nesse cenário que a
língua de Sinais possui um valor inestimável quando se trata da inclusão do surdo no
ambiente de trabalho, assim como no relacionamento com seus colegas. Portanto, a
comunicação entre o surdo e os demais funcionários da empresa por meio do aprendizado de
LIBRAS possui grande significado no acolhimento e na interação com a equipe como um
todo, assim como nas funcionalidades do trabalho como integrador social. O artigo A inclusão
do surdo no mercado de trabalho de acordo com sua capacidade profissional, da Revista
Ensaios & Diálogos, acrescenta:
Nesse sentido, a contratação de pessoas com surdez deve ser vista como qualquer
outra, desde do que se espera do trabalhador, como a dedicação, o profissionalismo,
o compromisso com a missão e política da organização, ou seja, atributos
necessários para todo o empregado, pois o surdo não espera mais o assistencialismo,
mas, sim, oportunidade de mostrar sua potencialidade ao trabalhar e desenvolver
atividades, almejando crescimento pessoal, com igual oportunidade nas funções
oferecidas pelas empresas no processo de contratação. (2014, p 53).
Portanto, o conhecimento da língua de Sinais mostra-se fundamental para o
estabelecimento de uma comunicação justa entre o surdo e seus colegas de trabalho, assim
como a convivência na empresa e o desempenho no trabalho de acordo com suas capacidades
e possibilidades, que são tão importantes e necessárias ao mercado quanto às de um ouvinte.
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Relate a história de um surdo de seu convívio especificando as suas experiências em
diferentes esferas (familiar, social e/ou profissional) e discorra sobre fatos e ações.
Segundo o estudo de caso1 “a História de Léo”, a surdez de Léo foi identificada
tardiamente, por volta dos três ou quatro anos, em virtude de diferenças que familiares e
vizinhos percebiam no menino. O diagnóstico médico, no entanto, veio apenas aos 12 anos.
Segundo a mãe de Léo, existia uma grande dificuldade de locomoção por causa das condições
sociais, o que infelizmente acabou por prejudicar o desenvolvimento intelectual de seu filho,
na ausência de um acompanhamento médico adequado, fato que permanece presente na vida
de Léo.
Durante a adolescência, a mãe de Léo, Dona Maria, relata que o filho sentia ansiedade
e inquietação quando tentava interagir com outras pessoas, principalmente pela dificuldade
em se comunicar. Durante sua fase escolar, Léo sofreu com o preconceito de alguns
professores, que afirmavam que o garoto não iria ser capaz de aprender, sendo assim,
meramente tratado como deficiente (imaginando um defeito, um erro, uma incapacidade), em
vez de diferente (podendo obter os mesmos ensinamentos dos outros alunos, sob um método
adequado ao jeito de Léo perceber o mundo).
Léo acabou abandonando a escola, devido às frustrações sofridas no método de ensino
tradicional e não inclusivo. Atualmente, até existe uma melhor infraestrutura na cidade para
acolher os surdos, mas Dona Maria ainda assim teme pelo bem estar de seu filho, uma vez que
moram num vilarejo distante e Léo poderia ficar exposto de alguma forma, longe de casa.
Vivendo numa comunidade de pescadores, às vezes Léo participa das atividades de
pesca, segundo conta a mãe, ainda que exista uma grande dificuldade em conseguir um
emprego digno para seu filho. Hoje, mesmo com as dificuldades vivenciadas desde sempre,
como as barreiras sociais e falta de preparo e infraestrutura do ensino, Léo continua seguindo
com sua vida. Com namorada e planos para casar, vivendo no mesmo vilarejo de pescadores,
mostrando a comunidade que seu jeito diferente de sentir não o impossibilita de ser ele
mesmo e de ser feliz.
1
Para o presente trabalho de Produção Textual Individual, será tomado por base o artigo História de Vida de um
Jovem Portador de Surdez: Estudo de Caso, que apresenta “A História de Léo”. Tal escolha foi realizada em
virtude da ausência de um surdo no convívio do aluno.
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Esse estudo de caso revela a necessidade ativa de duas medidas preventivas de grande
impacto na vida de um surdo. A primeira deve cuidar logo do diagnóstico da surdez o mais
breve possível, sendo função de equipes de médicos da família (devidamente treinados) o
acompanhamento das crianças surdas, assim como a orientação da família. Assim é possível
que se façam os tratamentos na época adequada para que as crianças não tenham seu
desenvolvimento prejudicado, seja por negligência, seja por falta de infraestrutura.
A segunda medida refere-se especialmente a fase escolar. É de grande importância a
presença de professores capacitados ao ensino de LIBRAS, para que os alunos surdos se
sintam também membros plenos da sociedade, capazes de expressar suas ideias e suas
vontades. Levando em conta a atual tradição bilíngue no ensino para crianças surdas, o
aprendizado de LIBRAS é essencial para que o surdo possa ter acesso a oportunidades e a
possibilidades que pessoas como o Léo não puderam ter.
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Referências
DA SILVA, S. C.; DINIZ, M. A.; DE ARAÚJO, E. C. História de Vida de um Jovem
Portador de Surdez: Estudo de Caso. Disponível em:
<http://www.profala.com/arteducesp112.htm>. Acesso em: 17 abr. 2018.
EVANGELISTA, F. F. G.; DE SOUZA, T. F. C. A inclusão do surdo no mercado de trabalho
de acordo com sua capacidade profissional. Revista Ensaios & Diálogos, Rio Claro, nº 7, p.
49-57, jan.-dez. 2014. Disponível em:
<https://intranet.redeclaretiano.edu.br/download?caminho=/upload/cms/revista/sumarios/331.
pdf&arquivo=sumario5.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2018.