1. José Bonifácio de Andrada e Silva
• CRONOLOGIA:
1763: Nasce em Santos, capitania de São Paulo, em 13 de Junho, José
Bonifácio de Andrada e Silva, nome depois trocado para José Bonifácio. Filho
do Coronel
Bonifácio José Ribeiro de Andrada, comerciante e segunda maior fortuna de
Santos e de sua mulher, Maria Barbara da Silva.
1783: Matricula-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
1784: Matricula-se nas Faculdades de Filosofia e Matemática da mesma
Universidade.
1789: Ingressa na Academia das Ciências e Letras de Lisboa.
1790: Recebe financiamento do governo português para viajar pela Europa.
2. 1800: Retorna a Portugal em setembro.
1819: Recebe autorização do governo português para retornar ao Brasil.
1820: De março a abril, viaja, com seu irmão Martim Francisco, pelo
interior da província de São Paulo para realizar estudos mineralógicos.
Tem início aqui sua carreia política.
1822: Chefia a delegação paulista que em 18 de janeiro, entrega a D.
Pedro, representação do governo de São Paulo, instando o príncipe a
desobedecer às ordens das cortes de Lisboa e permanecer no Rio de Janeiro
1823: Em maio é instalada a Assembléia Geral Constituinte.
1824: Viaja para a Espanha.
1829: Retorna ao Brasil em julho.
1831: É indicado por D. Pedro II, que assumia o trono aos cinco anos de
idade, depois da abdicação de seu pai, em 7 de abril.
1838: Falece no dia 6 de abril, aos setenta e cinco anos de idade.
3. • Origem, estudos e pensamento para o
Brasil.
Santos, hoje e segunda cidade marítima brasileira, não passava, em fins do
século XVIII, de uma pequena vila colonial em declínio. Era sem dúvida, em toda
a capitania de São Paulo, um período de acentuada decadência cuja causa mais
próxima e direta estaria ao surto econômico da mineração, que atraíra homens e
cabedais para a região do ouro e das pedras preciosas.
Bonifácio José de Andrada, segunda fortuna da vila de Santos, lhe
permitia vida de relativa abastança, por ser homem muito ágil, desembaraçado e
inteligente. Bonifácio arredondou sua fortuna na decadente vila do litoral de São
Paulo, como mercador e ocupante de vários cargos e ofícios.
Casando-se com D. Maria Bárbara da Silva viu a casa povoada de dez
filhos, quatro mulheres e seis homens, dentre os quais, um nascido a 13 de junho
de 1763, e batizado com o nome de José Antonio, depois trocado pelo de José
Bonifácio, que tornar-se-ia tradicional na família. Sua infância terá sida parecida
com a dos demais meninos de sua vila natal, mas sob alguns aspectos muito
diferentes, pois desde logo, os dons de uma inteligência excepcional começaram a
manifestar-se, talvez com alguns dos traços dramáticos de inquietação, curiosidade
desiludida e melancolia, próprios de certos temperamentos precoces.
4. Em Santos, José Bonifácio não foi além da instrução primária. Para continuar
sua educação, teve de mudar-se para a cidade de São Paulo, onde não custou a
descobrir um estudante raro. Logo sentiu o prazer pela leitura.
Freqüentando biblioteca, teve sem demora a certeza de que nascera para as
atividades do espírito, para ser o que foi mais tarde, um homem de pensamento, um
sábio, transformado depois pela força das circunstâncias em guia político, em estadista,
em pai da sua pátria.
Em 1783, aos vinte anos de idade, Bonifácio afastava-se da acanhada cidade
colonial para estudar na Universidade de Coimbra, só retornando ao Brasil aos 56 anos.
Do pai, que morreria em1789, era uma despedida para sempre; da mãe, seria
uma separação de trinta e sete anos, pois viria encontrá-la nos derradeiros anos de vida,
ao voltar de sua longa estada na Europa.
Pisar em Lisboa era para José Bonifácio, pisar na Europa.
Logo já tivera notícia de que nesse outro continente, um vasto movimento de
reforma política e de renovação intelectual processava-se.
Encontrou o ensino universitário recentemente reformado, por iniciativa do
marquês de Pombal, onde visou a combater a preponderância jesuítica. Foi nessa
universidade, reformada pela paixão renovadora do marquês de Pombal, tipo completo
de díspota iluminado, que José Bonifácio fez os seus estudos superiores.
5. Abominando o despotismo e a intolerância, aliando o culto de liberdade ao
amor da natureza, José Bonifácio refletia no momento, as idéias dos livros que lia. Mas
não o fazia como um estudante qualquer, como um leitor sem espírito crítico. Não
aceitava o que lia, sem exame, sem debate, sem reflexão.
Ainda estudante cuidou de duas questões, talvez as mais importantes do Brasil
de então, por cuja solução se empenharia depois em uma pura perda: a civilização dos
índios e a abolição do tráfico e da escravidão dos negros.
No tocante aos índios, pensava que deviam ter liberdade, dando-se lhes terras
para cultivarem, ensinando-se lhes a língua portuguesa. Quanto aos escravos, queria a
extinção do comércio de carne humana e do regime do trabalho servil, preocupado com
a sua corruptora influência moral e social, com as suas injustiças e malefícios
José Bonifácio pretendia concretiza no Brasil o sonho de um país europeu na
América, embora isso não o impedisse de respeitar e incorporar as especificidades
locais. Nos seus diagnósticos e propostas, Bonifácio mescla seus conhecimentos da
realidade do país com uma formação teórica sólida, adquirida durante a longa estadia
no Velho Continente.
A extensão de seus conhecimentos e as influências que sofreu ficam claras nos
inúmeras escritores citados ou comentados em seus textos.
6. É embalado pela visão global do Império, do que o Brasil era apenas um
das partes, embora a mais importante, e pela perspectiva ilustrada de
modernização e desenvolvimento através do saber, que Bonifácio primeiro pensou
em sua terra natal. A visão nacionalista e política do problema só viriam mais
tarde, quando se viu envolvido nos conceitos da Independência.
Sua carreira política seria, no entanto bastante breve; iniciou-se em junho de 1821,
para encerrar-se dois anos depois, quando já contava com sessenta anos de idade.
As juntas provisórias, que passaram a governar as províncias, foram
organizadas pela elite colonial que aderia a Revolução Liberal do Porto.
Movimento liderado pela nascente burguesia lusitana contra o regime absolutista
de D. João VI, pretendia substituí-lo por uma monarquia constitucional, o que
agradava aos anseios liberais da elite colonial, incluindo Bonifácio, defensor
ardoso desse regime.
A partir de então, tornou-se rapidamente uma figura de importância
nacional.
Em janeiro de 1822, foi convidado por D. Pedro para integrar seu ministério,
tornando-se o mais importante ministro do então príncipe regente e um dos
principais articuladores da Independência, meses depois.
Nos dois anos em que esteve a frente dos principais acontecimentos
políticos, Bonifácio teve papel fundamental na articulação da Independência, da
construção de um Estado nacional e da conquista de um Império brasílico.
Bonifácio acalentou um projeto civilizador que tinha por fim último
viabilizar a nação em todos os sentidos: racial, cultural, legal e cívico.
7. • REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SILVA, A. B. J. Projetos para o Brasil. (S.E). (S.E). 212 p.
SOUSA, T. O. História dos Fundadores do Império do Brasil: José
Bonifácio. 1ª edição. R.J: Livraria José Olympio Editora, 1960. 353 p.