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Fonte: http://www.cebb.org.br/
O que é obudismo
A palavra “buda” significa aquele que despertou do sono da
ignorância, aquele que se iluminou, e “Sakyamuni” significa o sábio do clã
dos Sakya. Ele nasceu com o nome de Siddhartha Gautama, na Índia, e
viveu aproximadamente entre 563 e 483 a.C, Nepal. Um dia, ao sair do
palácio, Siddharta teve contato com o sofrimento e a miséria. Foi então que
resolveu isolar-se a fim de encontrar um método que pusesse fim ao
sofrimento humano. Abandonou a vida mundana. Sozinho, aos 35 anos de
idade, Siddhartha realizou sua própria natureza búdica e, conseqüentemente,
compreendeu o sofrimento, sua causa, sua extinção e o meio para extingui-lo.
Iluminado, passou a ser conhecido como Buda Sakyamuni e proferiu ensinamentos até os 80 anos,
quando morreu. A base de sua doutrina são as Quatro Nobres Verdades e o Nobre Caminho de Oito
Passos. O objetivo principal é escapar do sofrimento, cuja constatação é apontada na Primeira Nobre
Verdade. Na Quarta, o Buda afirma que há um caminho para a superação do sofrimento, que é explicado
no Nobre Caminho Óctuplo. Os ensinamentos básicos são evitar as ações não virtuosas, fazer o bem e
dominar a própria mente.
No século VI, foi a vez do Tibete conhecer a doutrina do Buda. Lá, floresceu de modo singular.
*1Foi somente a partir do século VII, no entanto, quando o Rei Trisong Deutsen convidou da Índia o
monge e erudito Shantarakshita e o Mestre Guru Padmasambava para construírem o Monastério de
Samye que o budismo firmemente se estabeleceu no país das neves.
Guru Padmasambava, o Guru Rinpoche é o mestre que levou o
Darma para o Tibete. Conhecido como “Senhor Nascido no Lótus” e “Precioso
Guru”, ele demonstrou incríveis habilidades espirituais para auxiliar os seres a
domarem suas mentes. No século VIII, em um Tibete majestoso, porém
turbulento, Padmasambava propagou o caminho de lucidez para que os
praticantes espirituais pudessem superar as emoções aflitivas, a delusão e a
desarmonia. Recitar a Prece de Sete Linhas é a melhor forma de invocar Guru
Rinpoche para que possamos repousar em sua presença, cultivar devoção por
ele e, assim, receber suas bênçãos.
*1
Fonte: http://kl.chagdud.org/budismotibetano/.
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Fonte: http://www.cebb.org.br/
Nas palavras de Dzogchen Ponlop Rinpoche*2: “Embora o Budismo possa ser praticado religiosamente, em
muitos sentidos, ele não é uma religião. Devido à sua ênfase no questionamento e no trabalho com a mente,
ele é de natureza espiritual. Contudo, por confiar na análise lógica e no raciocínio, bem como na
meditação, muitos professores budistas consideram o budismo uma ciência da mente e não uma religião.
Em cada sessão de meditação, obtemos conhecimentos sobre a mente através da observação, do
questionamento e da experimentação. Fazemos isso vez após vez e, gradualmente, desenvolvemos um
bom nível de compreensão de nossa mente” (....). Não importa como rotulemos os ensinamentos do Buda
— como religião ou como caminho espiritual —, o corpo de conhecimentos contido nas escrituras
budistas não foi planejado para substituir o nosso processo de questionamento. Ele é mais como um
laboratório de pesquisa bem equipado, onde podemos encontrar ferramentas de todos os tipos para
investigarmos a própria experiência”.
Os Três Giros da Roda do Darma
A grande variedade de ensinamentos e métodos transmitidos por Buda Shakiamuni foi categorizada
posteriormente como os “Três Giros da Roda do Darma”. “Darma” aqui é sinônimo de “ensinamentos do
Buda”. Esses três discursos deram origem às três principais escolas: Hinayana, Mahayana e Vajraianai.
Uma breve introdução ao Budismo *3
por Lama Padma Samten
O budismo pode ser apresentado como um remédio. O próprio Buda ofereceu os ensinamentos
dessa forma. Quando o Buda era um príncipe, percebeu que todos os seres estavam submetidos a uma
doença geral. Essa doença tem um nome específico, mas não existe correspondente para essa palavra no
Ocidente. Lá no Oriente chamam essa doença de duka. Embora todos tenhamos essa doença, talvez não
percebamos sua existência. Essa doença é algo como alegria e sofrimento inseparáveis. Na visão budista
existe uma única palavra para esses dois conceitos, eles não podem ser separados.
Duka pode ser explicado de forma simples a partir do fato de que, quando temos alegrias, elas são
sempre, simultaneamente, sementes de sofrimento. Dizemos que esta é uma experiência cíclica — é como
uma roda girando entre as polaridades de estar bem e estar mal. Gostaríamos de encontrar o freio quando
estamos na região de felicidade, e gostaríamos de acelerar quando estamos tristes. Às vezes achamos que
*2
Livro: Dzogchen Ponlop Rinpoche (2015). Buda rebelde: na rota da liberdade.
*3 Trechos da palestra proferida pelo Lama Padma Santem no Centro de Estudos Budistas Bodisatva, no Caminho
do Meio, em Viamão, em 19/101999. Disponível: http://www.cebb.org.br/uma-breve-introducao-ao-budismo/.
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encontramos um controle de velocidade desse tipo, mas logo surgem problemas nessa tentativa de
controle. O primeiro exemplo que me surge é o de uma mãe que deseja ter um filho. Quando o bebê
nasce, primeiro ela pensa: “Que maravilha!” Depois ela percebe que tudo que acontece ao filho a perturba
intensamente. Na exata medida da intensidade daquela alegria, surge o sofrimento. E assim é com todas
as relações humanas. Para todas as características favoráveis que percebemos no mundo, existem
problemas correspondentes, exatamente no mesmo grau.
Todos os aspectos do budismo são propostos como remédios para esta doença. Assim, a partir
deste processo, se quisermos ver o que é o budismo de fato, não devemos pensar em épocas, pois a
experiência de duka não está limitada pelo tempo. O próprio Buda histórico, o Buda Sakyamuni, não foi o
primeiro Buda. Como ele mesmo relata, serviu e ouviu instruções de incontáveis Budas no passado. Ao
aprofundarmos o significado da palavra Buda, percebemos que os primeiros Budas surgem quando
surgem as complicações. O budismo não é algo messiânico, Buda não veio anunciar alguma coisa, ele
veio manifestar uma liberdade que a maior parte dos seres não vê. Na medida em que os Budas
periodicamente aparecem e dão ensinamentos é que surge o budismo. O budismo não é propriamente algo
que pertença à história humana. Algumas vezes as pessoas colocam os ensinamentos espirituais desta
forma: “Quem foi o fundador do budismo? Quando e onde surgiu o budismo? O budismo acredita em
reencarnação? Que tipo de preceitos morais são praticados pelo budista? Qual a diferença entre tal e tal
escolas budistas?” Esta análise do budismo em forma de questionário talvez não ajude muito. Colocamos
os ensinamentos budistas na forma de um remédio destinado a remover o sofrimento originado por duka,
quando isso acontece, atinge-se uma situação além de espaço e de tempo, de escrituras e profetas. Assim
se dá a liberação da existência cíclica.
O que é Buda? A natureza completamente liberta dos hábitos, dos condicionamentos grosseiros e
sutis. Buda não é o ser, não é uma pessoa. Buda é uma condição de libertação de todos esses impulsos. O
Buda também diz: “Não acreditem no que eu digo, testem por si próprios.” Ou seja, o que eu ensino não
precisa ser tomado como uma verdade a ser aceita. Escutem e testem à sua própria maneira.
O budismo inteiro pode ser resumido em três palavras. A primeira é Buda. A segunda é Darma, é
o ensinamento que surge na mente do Buda para beneficiar os seres. A terceira é Sanga. É um calor que
surge a partir do conjunto. Temos dificuldade de seguir o caminho da liberação sozinhos, mas quando
estamos juntos é mais fácil. Chamamos isso de Sanga.
As pessoas estão presas a ideologias, formas de compreensão, hábitos mentais, soluções aparentes,
prioridades invasivas que as impedem. Ajudar estes seres é o foco da maior parte dos ensinamentos dos
mestres. Se eles compreenderem a bondade, o amor e a compaixão, isto será maravilhoso. É como o Buda
disse: “Pratiquem a bondade, não criem sofrimento, dirijam a própria mente. Esta é a essência do
Budismo”.
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Fonte: http://www.cebb.org.br/
Sobre o Lama Padma Samten
O mestre budista Lama Padma Samten tem auxiliado inúmeras pessoas
em suas vidas e relações cotidianas, com ensinamentos que dialogam com as
mais diversas áreas do conhecimento. Físico, com bacharelado e mestrado pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Alfredo Aveline foi
professor de física de 1969 a 1994. Dedicou-se especialmente ao exame da
física quântica, teoria na qual encontrou afinidade com o pensamento budista.
No início dos anos 80, intensificou seu interesse pelo budismo e em 1986 fundou o Centro de
Estudos Budistas Bodisatva (CEBB). Em 1993, foi aceito como discípulo por Chagdud Tulku Rinpoche e
em 1996 foi ordenado lama, título que significa líder, sacerdote e professor. Em Viamão (RS), onde
reside, está situada a sede do Instituto Caminho do Meio – Centro de Estudos Budistas Bodisatva
(CEBB).
S. Ema. Chagdud Tulku Rinpoche*4
Sua Eminência Chagdud Tulku Rinpoche (1930-2002) nasceu no leste
do Tibete. Reconhecido aos 4 anos como um tulku (encarnação de um mestre
de meditação), recebeu treinamento rigoroso e aprofundou os seus estudos em
retiros extensos. Em 1959, ele escapou da ocupação comunista do Tibete e
viveu exilado em comunidades de refugiados na Índia e no Nepal até se
estabelecer nos Estados Unidos em 1979.
Em 1994, mudou-se para o Brasil, começou a construção do seu centro principal, Khadro Ling, no
Rio Grande do Sul. Ao viajar e ensinar constantemente, irradiando entusiasmo e compaixão, tornou-se o
lama do coração de centenas de alunos e foi uma inspiração profunda para milhares de outros.
i O termo “mahayana”, que começou a ser usado aproximadamente em 100 A.C, é um sinônimo para
“bodhisattvayana”, o caminho da busca da iluminação para o benefício de todos os seres (Fonte:
http://darma.info/budismo/escolas-budistas/). A escola Mahayana é toda lógica, estruturada, ligada à nossa vida
cotidiana, portanto, ela não tem nenhum aspecto místico. A abordagem Mahayana enfatiza especialmente as quatro
qualidades incomensuráveis: compaixão, amor, alegria, equanimidade; e as seis perfeições: generosidade,
moralidade, paz, energia constante, concentração e sabedoria. No ensinamento do Nobre Caminho Óctuplo também
não há nada místico. Em primeiro lugar vem a motivação e, a seguir, não trazer sofrimento aos seres com a mente,
não trazer sofrimento com a fala, não trazer sofrimento com o corpo, as qualidades incomensuráveis e as seis
perfeições, meditação em silêncio, perfeição da sabedoria – que é uma forma de olharmos todas as coisas através de
vacuidade e luminosidade; e, finalmente, temos a sabedoria yeshe, sabedoria que localiza aquilo que é incessante,
luminoso, sempre presente em qualquer experiência. Localizamos através de um processo direto, não há
propriamente lugar para as deidades nessa abordagem (Fonte: http://www.cebb.org.br/o-mahayana-e-os-
aspectos-misticos/).
*4
Fonte do texto: http://br.chagdud.org/s-ema-chagdud-tulku-rinpoche/.