1. ANALFABETISMO FUNCIONAL NO BRASIL
Beatriz Matos; Beatriz Linhares; Carolina Abreu; Lucas Assmar; Mariana Bandeira; Marília Nayê
grupo2sesig@gmail.com
OFTEC de Português – Verônica Damasceno
Resumo
O analfabetismo funcional está relacionado com a dificuldade, do indivíduo, de interpretar
textos de maneira que satisfaça as demandas do seu dia a dia e viabilize o seu desenvolvimento
pessoal e profissional. No Brasil, em 2012, cerca de 20% dos brasileiros entre 15 e 49 anos são
analfabetos funcionais, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf). Debater sobre o
assunto é fundamental para esclarecer suas causas e consequências.
Palavras-chave: Analfabetismo funcional no Brasil; Pierre Bourdieu.
Introdução
Entre o analfabetismo e o analfabetismo funcional existe uma grande diferença,
o primeiro consiste em não saber ler ou escrever, e o segundo em não saber interpretar
textos, apesar de saber ler e escrever. Estes dois conceitos são muito confundidos
gerando dados inconsistentes, por isso existe o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf)
que mensura o nível de alfabetismo da população brasileira entre 15 e 64 anos. De acordo com o
Inaf, apenas 8% dos brasileiros não têm restrições para ler ou escrever textos e resolver
problemas matemáticos.
O analfabetismo funcional torna – se um grande problema quando é evidenciado que
parte dos analfabetos funcionais pertence à classe média, incluindo parte dos estudantes
brasileiros do ensino superior, desfazendo o mito de que ele está somente ligado à baixa
escolaridade, o Instituto Paulo Montenegro sustenta que 4% dos que cursam ou cursaram uma
faculdade são analfabetos funcionais. No Brasil, conforme pesquisa feita pelo Instituto Pró-
Livro, 50% dos entrevistados declararam não ler livros por não conseguirem compreender seu
conteúdo, embora sejam tecnicamente alfabetizados.
Porém, a diferença do ensino em escolas públicas e privadas é marcante no processo de
aprendizagem do individuo partindo da ideia de que um ensino é superior ao outro.
Considerando que o ensino público tem um nível de qualidade educacional inferior ao privado,
para que os alunos das escolas públicas possam ter as mesmas oportunidades daqueles que
detêm mais capitais econômico e cultural, o Estado tem como dever constitucional garantir que
esses tenham acesso a uma educação de qualidade, equivalente ao que é oferecido pela rede
privada de ensino.
2. Dessa forma, a ideia exposta, pode ser relacionada com a teoria elaborada pelo o
sociólogo francês, Pierre Bourdieu, que desenvolve o conceito de capital cultural, meio de
dominação da classe com maior posse e controle do capital econômico que se utiliza da cultura
como meio de dominar as demais classes sociais. Esse conceito pode existir de três formas: o
estado incorporado, que controla a parte física do indivíduo, o estado objetivado, que se
configura como a posse de bens materiais e o institucionalizado, que atribui o reconhecimento
institucional do indivíduo. Esse último estado concede um valor convencional que permite
pessoas ingressarem a instituições de ensino mesmo não estando preparadas.
Citações
De fato, é perceptível que a classe social, o meio de convívio e as relações sociais
podem afetar o desenvolvimento crítico de um indivíduo. Bourdieu explicita este fato em seu
livro Os Três Estados do Capital Cultural e o Capital Social ,relatando como a família,
por exemplo, pode predeterminar o conhecimento cultural de uma pessoa e como isso
pode ser refletido no seu desempenho escolar.
“O capital cultural e o ethos, ao se combinarem, concorrem para definir
as condutas escolares e as atitudes diante da escola, que constituem o
princípio de eliminação diferencial das crianças das diferentes classes
sociais.”
(Bourdieu, Pierre, 1998, p. 50)
Considerações finais
O presente artigo tem como propósito validar que as porcentagens de analfabetismo
funcional estão elevadas a ponto de que se medidas não forem tomadas, teremos uma sociedade
totalmente analfabeta funcional, uma sociedade onde o cidadão não reivindicará seus direitos e
será totalmente alienada. O Ministério da Educação tem o dever de investir na qualidade do
ensino, além de incentivar os professores a proporcionar aos alunos aulas dinâmicas e atividades
extracurriculares que estimulem o raciocínio crítico dos alunos por meio, por exemplo, de jogos
que envolvam interpretação de texto, afim de estimular a leitura e compreensão, transformando
os estudantes em pessoas mais críticas.
Referências bibliográficas
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Tit. Orig.: Les héritiers: les étudiants et la culture. Português. - Outra ed. no mesmo
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2015- disponível em: <https://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/5077161>
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