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Uma tarde com a avó
Clarice
A maior flor
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José Saramago
Ilustração: João Caetano
Editora: Caminho
Texto adaptado
As histórias para
crianças devem ser
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muito simples…
Quem me dera
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histórias… José Saramago
Se eu tivesse aquelas
qualidades, poderia
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escreveram desde o
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… havia uma
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… sai o menino pelos
fundos do quintal, e, de
árvore em árvore, como
um pintassilgo, desce o
rio e depois por ele
abaixo….
Em certa altura,
chegou ao limite das
terras até onde se
aventurara sozinho.
Dali para diante
começava o “planeta
Marte”. Dali para
diante, para o nosso
menino, será só uma
pergunta: «Vou ou
não vou?» E foi.
O rio fazia um desvio grande,
afastava-se, e de rio ele estava já
um pouco farto, tanto que o via
desde que nascera. Resolveu
cortar a direito pelos campos,
entre extensos olivais, ladeando
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zumbia, e também um calor
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redonda como uma tigela
voltada.
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achegou, de cansado. E
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especial de história,
achou que tinha de salvar
a flor.
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fosse uma grande árvore
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debaixo da flor.
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começaram a afligir-se
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família e mais vizinhos à
busca do menino
perdido. E não o
acharam.
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lágrimas tantas, e era
quase sol-pôr quando
levantaram os olhos e
viram ao longe uma flor
enorme que ninguém se
lembrava que estivesse ali.
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subiram a colina e deram
com o menino adormecido.
Sobre ele, resguardando-o
do fresco da tarde, estava
uma grande pétala
perfumada…
Este menino foi levado
para casa, rodeado de
todo o respeito, como
obra de milagre.
Quando depois
passava pelas ruas, as
pessoas diziam que
ele saíra da aldeia
para ir fazer uma coisa
que era muito maior
do que o seu tamanho
e do que todos os
tamanhos.
FIM
Este era o conto que eu
queria contar. Tenho muita
pena de não saber escrever
histórias para crianças. Mas
ao menos ficaram sabendo
como a história seria, e
poderão contá-la doutra
maneira, com palavras mais
simples do que as minhas, e
talvez mais tarde venham a
saber escrever histórias para
crianças…
Quem sabe se um dia
virei a ler outra vez esta
história, escrita por ti
que me lês, mas muito
mais bonita?...
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  • 3.
  • 4.
  • 5.
  • 6.
  • 7.
  • 8. A maior flor do mundo José Saramago Ilustração: João Caetano Editora: Caminho Texto adaptado
  • 9. As histórias para crianças devem ser escritas com palavras muito simples… Quem me dera saber escrever essas histórias… José Saramago
  • 10. Se eu tivesse aquelas qualidades, poderia contar, com pormenores, uma linda história que um dia inventei… …seria a mais linda de todas as que se escreveram desde o tempo dos contos de fadas e princesas encantadas…
  • 12. … sai o menino pelos fundos do quintal, e, de árvore em árvore, como um pintassilgo, desce o rio e depois por ele abaixo….
  • 13. Em certa altura, chegou ao limite das terras até onde se aventurara sozinho. Dali para diante começava o “planeta Marte”. Dali para diante, para o nosso menino, será só uma pergunta: «Vou ou não vou?» E foi.
  • 14. O rio fazia um desvio grande, afastava-se, e de rio ele estava já um pouco farto, tanto que o via desde que nascera. Resolveu cortar a direito pelos campos, entre extensos olivais, ladeando misteriosas sebes cobertas de campainhas brancas, e outras vezes metendo pelos bosques de altas árvores onde havia clareiras macias sem rasto de gente ou bicho, e ao redor um silêncio que zumbia, e também um calor vegetal, um cheiro de caule fresco.
  • 15. Ó que feliz ia o menino! Andou, andou, foram rareando as árvores, e agora havia uma charneca rasa, de mato ralo e seco, e no meio dela uma inclinada colina redonda como uma tigela voltada. Deu-se o menino ao trabalho de subir a encosta, e quando chegou lá acima, que viu ele? Nem a sorte nem a morte, nem as tábuas do destino… Era só uma flor.
  • 16. Mas tão caída, tão murcha, que o menino se achegou, de cansado. E como este menino era especial de história, achou que tinha de salvar a flor. Mas que é da água? Ali, no alto, nem pinga. Cá por baixo, só no rio, e esse que longe estava!... Não importa.
  • 17. Desce o menino a montanha, atravessa o mundo todo, chega ao grande rio, com as mãos recolhe quanta de água lá cabia, volta o mundo atravessar, pelo monte se arrasta, três gotas que lá chegaram, bebeu-as a flor com sede. Vinte vezes cá e lá… Mas a flor aprumada já dava cheiro no ar, e como se fosse uma grande árvore deitava sombra no chão.
  • 18. O menino adormeceu debaixo da flor. Passaram as horas, e os pais, como é costume nestes casos, começaram a afligir-se muito. Saiu toda a família e mais vizinhos à busca do menino perdido. E não o acharam.
  • 19. Correram tudo, já em lágrimas tantas, e era quase sol-pôr quando levantaram os olhos e viram ao longe uma flor enorme que ninguém se lembrava que estivesse ali. Foram todos de carreira, subiram a colina e deram com o menino adormecido. Sobre ele, resguardando-o do fresco da tarde, estava uma grande pétala perfumada…
  • 20. Este menino foi levado para casa, rodeado de todo o respeito, como obra de milagre.
  • 21. Quando depois passava pelas ruas, as pessoas diziam que ele saíra da aldeia para ir fazer uma coisa que era muito maior do que o seu tamanho e do que todos os tamanhos.
  • 22. FIM
  • 23. Este era o conto que eu queria contar. Tenho muita pena de não saber escrever histórias para crianças. Mas ao menos ficaram sabendo como a história seria, e poderão contá-la doutra maneira, com palavras mais simples do que as minhas, e talvez mais tarde venham a saber escrever histórias para crianças…
  • 24. Quem sabe se um dia virei a ler outra vez esta história, escrita por ti que me lês, mas muito mais bonita?...
  • 25.
  • 26.
  • 27. FICHA TÉCNICA Banda sonora Edvard Grieg, Peer Gynt Sonorização Maria José Duarte Rodrigues Leitura José Antunes