1. ‘’DINAMISMO É A PALAVRA DO
MOMENTO’’
HISTORIADOR LEANDRO KARNAL FALA SOBRE OS
DESAFIOS DO ATUAL MOMENTO POLÍTICO E
ECONÔMICO DO PAÍS.
ESTABILIDADE NÃO É MAIS UMA OPÇÃO PARA QUEM
QUER ACOMPANHAR A EVOLUÇÃO DOS
RELACIONAMENTOS.
2. ‘’DINAMISMO É A PALAVRA DO
MOMENTO’’
• Dono de análises polêmicas, mas profundas, o historiador Leandro
Karnal é uma das personalidades mais requisitadas do universo
acadêmico nacional atualmente. O especialista é uma das atrações
do 3º Congresso Internacional de Franchising ABF, que acontece em
abril, em São Paulo.
Em meio a uma das maiores crises políticas e econômicas dos
últimos anos, o especialista tem a missão de trazer uma mensagem
de esperança aos empresários.
Ao que se apegar em períodos de mau humor generalizado e, como
ele mesmo diz, contagiante? A felicidade não vem do governo e a
infelicidade do governo pode, sim,lhe atingir, mas o controle de
danos está um pouco mais ao seu alcance do que parece?Afirma.
• Karnal concedeu uma entrevista à Revista Franquia & Negócios ABF
falando sobre o atual período de transição 26 Revista Franquia &
Negócios ABF Abril e Maio de 2016.
3. LEANDRO KARNAL AFIRMA.
‘’ O QUE SOU ME FAZ MUDAR MEU
CONSUMO; A MUDANÇA NO MEU CONSUMO
PRODUZ NOVAS NECESSIDADES E PRODUTOS, E
ISSO ATUA SOBRE O QUE EU SOU ’’
4. ‘’DINAMISMO É A PALAVRA DO
MOMENTO’’
• Pelo qual o País passa e quais podem ser as possíveis saídas para um
futuro melhor. O Brasil vive atualmente um período de transição.
Como as relações humanas mudaram nos últimos tempos? Todos os
períodos são de transição e todos os seres humanos estão sempre em
mudança para outro ponto.
Em alguns momentos, como este, as transformações se aceleram e temos
mais dificuldade em localizar as referências.
Como uma geração não reconhece mais na outra os valores que a
guiaram, clamam como decadência o que é mudança.
Ler num tablet não é melhor ou pior do que ler em papel.
As relações humanas foram impactadas pelas mudanças na economia?
Sempre são e, pela
circularidade, impactam também a economia. Ou seja, comportamentos
sociais e economia pertencem a um círculo e não apenas a relações
diretas de causa/efeito.
5. ‘’DINAMISMO É A PALAVRA DO
MOMENTO’’
• O que sou me faz mudar meu consumo; a mudança no meu consumo
produz novas necessidades e produtos, e isso atua
sobre o que eu sou. Como as empresas devem se adaptar para entender
essa nova realidade? Dinamismo é a palavra do momento.
• A ideia de estabilidade ficou muito atacada. Assim, sobreviver hoje é
reinventar-se com muita frequência, ampliar foco, atuar em novos
campos, destacar-se, aprimorar e ter em mente o que será feito. É lugar
comum dizer que a crise é oportunidade de reinvenção, mas como
identificar essas janelas em meio ao pessimismo generalizado?
Pessimismo existe, mas sempre é usado por pessoas já derrotadas. O
pessimismo é um dado concreto e um senso de realidade, até saudável no
fundo. Porém, ele é apropriado por pessoas que desejam não fazer
algo. O que tem contribuído para a disseminação do mau humor na
sociedade? Tudo é contagioso socialmente, é difícil sair da manada.
Uma grande consciência ajuda a observar o que parece ser dominante, e
oferecer outra solução.
6. ‘’DINAMISMO É A PALAVRA DO
MOMENTO’’
• Redes sociais aumentaram o cinismo como estratégia: não acreditar em
nada parece ser uma boa defesa contra o fracasso. Funciona como o
adolescente que chega à festa entediado: assim, se ele for rejeitado, a dor
será menor. Mau humor e pessimismo são máscaras de defesa do
fracasso. Tédio pode ser a atitude prévia de quem tem medo de
fracassar.Assim, quando eu fracasso, uma parte minha fica satisfeita: eu já
sabia que isso não poderia dar certo. Existe uma exacerbação propositada
da gravidade do momento, na sua visão? Já houve crises mais graves.Se a
você assusta hoje uma inflação de 11% ao ano, lembro que o ultimo mês
do governo Sarney teve mais de 80% ao mês.
Destacar a crise é importante para tomar medidas adequadas, mas
geralmente é uma reflexão paralisante. Sim, exacerbar a crise atende a
diversos interesses políticos e a muitas questões psicológicas. Como a
polarização política tem influenciado o momento do País? O diálogo
político emburreceu muito.
7. ‘’DINAMISMO É A PALAVRA DO
MOMENTO’’
• Bipolaridade é grave distúrbio psiquiátrico. Nada ataca mais a
inteligência do que a falta de matizes e contradições. A
bipolarização responde a um meio geral pouco inteligente, há
poucas brigas que valem a pena no mundo. Escolha as suas, não
escolha todas que só entende questões maniqueístas. Mas, aqui
termina a possibilidade da metáfora; o bipolar
do consultório psiquiátrico é, geralmente, dotado de inteligência
acima da media. A discussão bipolar, socialmente, é dotada de
inteligência
bem abaixo da média. Essa situação tem gerado diversos episódios
de intolerância, seja física ou virtual. É possível combater isso? Há
um ciclo de polarização e, neste momento, pouca gente quer
escutar e todos querem falar.
8. ‘’DINAMISMO É A PALAVRA DO
MOMENTO’’
• Muitos têm boca, mas quase ninguém tem ouvido. É um
momento que vai piorar, para depois existir uma possível reação.
O problema é que o ódio é um grande argumento, especialmente
pelo poder anestésico que ele tem. Em quais fatores as pessoas
podem se apegar para ter esperança no atual cenário nacional? No
seu trabalho, na sua capacidade, na sua rede afetiva, que não são
independentes do todo social, mas não são inteiramente
dependentes. Mas, a solução não é o individualismo pequeno
burguês: vou me fechar no meu mundo.
Acho que está faltando cada um fazer o que deve ser feito, votar
bem, viver com quem interessa e
manifestar-se quando há um motivo muito relevante. Há poucas
brigas que valem a pena no mundo. Escolha as suas, não escolha
todas.
9. ‘’DINAMISMO É A PALAVRA DO
MOMENTO’’
• Sim, há problemas graves. Mas a pergunta incômoda: se o
presidente do País fosse Jesus Cristo, sua vida sexual,
familiar, seu equilíbrio
psicológico, sua satisfação com seu corpo, seus
amigos, sua inteligência, sua aparência e sua renda seriam
inteiramente satisfatórios? Acho que um inimigo público
funciona da seguinte forma: à medida em que eu odeio
uma personagem eu estou livre para não me olhar, nem ao
meu mundo. Isso isenta a personagem corrupta ou a
incompetência técnica de algum dirigente? Certamente
não, mas odiar parece isentar a mim de refletir sobre
minha ética ou sobre a dimensão trágica da minha
existência.
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