A coleção de 3 artigos, Intraempreendedorismo, aborda e contrasta os conceitos de empreendedorismo e intra empreendedorismo, aplicando-os à realidade atual das empresas e dos jovens profissionais, trazendo à luz os seus prós e contras, bem como demonstra a importância de um equilibrio entre as duas esferas, para um crescimento sustentável do tecido empresarial
Artigo de opinião (3 de 3) Intraempreendedorismo, por António Flores CEO da Loop Unique Companies, no jornal Vida Económica.
1. 12/5/2017 A organização intraempreendedora: seis aspetoschave
http://www.vidaeconomica.pt/print/190933 1/2
Intraempreendedorismo
A organização intraempreendedora: seis aspetos-chave
Contrariamente ao empreendedorismo, o intraempreendedorismo é um ato duplo, bidirecional, que implica
a ação/reação de duas entidades; os intraempreendedores não podem existir e desenvolver-se sem
empresas que os reconheçam com uma infraestrutura que os potencie e desenvolva.
Primeiro, o reconhecimento por parte da empresa, logo a infraestrutura (como conjunto de ações), depois, o
intraempreendedor (de forma proativa).
Na proatividade da empresa e nas infraestruturas criadas para o intraempreendedorismo radica um dos
principais problemas da prática: os sistemas organizacionais nos quais assentam, em muitos casos,
representam a antítese do necessário para o desenvolvimento da prática. Empreender desde dentro só é
possível sem uma autêntica revolução das estruturas da empresa, da relação com a pessoa que quer
exercitar a prática, do seu reconhecimento.
Potenciar o intraempreendedorismo significa reconhecer as pessoas, a sua energia e compromisso com a
empresa; significa reconhecer que são o principal motor de crescimento e de criação de riqueza; acima de
outros aspetos mais clássicos da competitividade explorados até ao momento.
Novas necessidades geram novas práticas e estas precisam de novas infraestruturas e relações. A questão é
clara:
Como devem evoluir as empresas que queiram desenvolver o intraempreendedorismo?
Como podem detetar, desenvolver e reter o talento intraempreendedor?
Como explorar de forma sustentada e proativa tal talento?
Vejamos, em continuação, alguns aspetos-chave a considerar no momento de estruturar uma empresa que
potencie e assuma o intraempreendedorismo, a sua razão de ser e a sua filosofia básica:
1 - Intraempreender... para satisfazer:
Uma organização intraempreendedora deve estar focada em satisfazer as necessidades profissionais
sofisticadas dos seus membros. Intraempreender não é um ato de necessidade, não é a reação direta a uma
carência.
Intraempreender é a consequência final, natural e evolutiva de uma carreira profissional, na qual o
profissional procura não só aspetos retributivos ou de “status”. São mais importantes os aspetos de
realização pessoal, sentido de pertença e propriedade, reconhecimento do trabalho, meritocracia e a
estruturação de um espaço “pessoal” dentro do âmbito laboral.
2 - Intraempreender... para desenvolver:
Intraempreender é uma ação a “longo prazo” e na maioria dos casos sem possibilidades de regresso ao ponto
de partida; é a semente de uma energia criativa e impulsionadora que deve desenvolver-se livremente e ao
máximo, dentro de um espaço corporativo e de acordo com o plano estratégico da empresa que o ampara.
Intraempreender é um ato de liberdade e de delimitação corporativa.
A organização que permite o intraempreendedorismo deve visualizar e aceitar as necessidades futuras que o
2. 12/5/2017 A organização intraempreendedora: seis aspetoschave
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crescimento e desenvolvimento da ação podem trazer; inclusive a da própria matriz ou da relação com outras
empresas afetas à empresa. Se o desenvolvimento não flui e não potencia, o intraempreendedorismo morre.
3 - Intraempreender... para reconhecimento
Permitir o intraempreededorismo é, já por si, um ato de reconhecimento:
Reconhecemos o compromisso e o sentido de pertença à marca.
Reconhecemos um grau superior de especialidade, conhecimento e capacidade de gestão básicos para o
separar da empresa de origem.
Reconhecemos que quem intraempreende “é um dos nossos”, pertence ao círculo básico de pessoas que
fazem, que a empresa seja possível e se desenvolva; alguém a quem “passamos” o testemunho e a
corresponsabilidade, permitindo à empresa transcender as pessoas.
Tornamos todos estes reconhecimentos públicos como ato em si mesmo de reconhecimento da empresa.
4 - Intraempreender... para recompensar
Intraempreender é uma plataforma que permite recompensar as pessoas de um modo distinto do
convencional, baseando-se, na maioria dos casos, numa remuneração económica e na projeção dentro da
organização.
Intraempreender permite-nos recompensar de forma natural e meritocrática como causa e efeito da riqueza
gerada. Quanto maior crescimento e mais conquistas, maior a recompensa e para tal não há nada melhor do
que recompensar com parte da propriedade da riqueza gerada.
Recompensamos com evolução profissional, permitindo ao profissional desenvolver-se em entornos novos e
desconhecidos que aportam à sua carreira uma visão transversal, holística e mais generalista; permitimos
que encerre o circulo da responsabilidade profissional.
5 - Intraempreender... para reter, fidelizar e criar sentido de pertença
O ato final de intraempreendedorismo é “o sentido de pertença”, o estado superior da fidelização e retenção
de talento.
O intraempreendedor está intimamente unido à causa fundacional da empresa; causa que não é unicamente
económica, é uma forma de entender e aportar filosofia à vida, de desenvolver a riqueza do entorno, de
evoluir a sociedade, etc. O intraempreendedor deve pertencer ao grupo de pessoas que faz com que tudo
seja possível.
6 - Intraempreender... para partilhar
Facilitar o intraempreendedorismo é um ato de partilhar:
Partilhamos propriedade e riqueza gerada.
Partilhamos responsabilidade e energia desenvolvedora.
Partilhamos reconhecimentos e fracassos.
E... finalmente: partilhas de espaços, momentos e vivências daqueles que têm a responsabilidade de fazer
com que as coisas aconteçam e sejam possíveis.
António Flores, CEO da Loop Unique Companies, 12/04/2017
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