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12/5/2017 A organização intraempreendedora: seis aspetos­chave
http://www.vidaeconomica.pt/print/190933 1/2
Intraempreendedorismo
A organização intraempreendedora: seis aspetos-chave
Contrariamente ao empreendedorismo, o intraempreendedorismo é um ato duplo, bidirecional, que implica
a ação/reação de duas entidades; os intraempreendedores não podem existir e desenvolver-se sem
empresas que os reconheçam com uma infraestrutura que os potencie e desenvolva.
Primeiro, o reconhecimento por parte da empresa, logo a infraestrutura (como conjunto de ações), depois, o
intraempreendedor (de forma proativa).
Na proatividade da empresa e nas infraestruturas criadas para o intraempreendedorismo radica um dos
principais problemas da prática: os sistemas organizacionais nos quais assentam, em muitos casos,
representam a antítese do necessário para o desenvolvimento da prática. Empreender desde dentro só é
possível sem uma autêntica revolução das estruturas da empresa, da relação com a pessoa que quer
exercitar a prática, do seu reconhecimento.
Potenciar o intraempreendedorismo significa reconhecer as pessoas, a sua energia e compromisso com a
empresa; significa reconhecer que são o principal motor de crescimento e de criação de riqueza; acima de
outros aspetos mais clássicos da competitividade explorados até ao momento.
Novas necessidades geram novas práticas e estas precisam de novas infraestruturas e relações. A questão é
clara:
Como devem evoluir as empresas que queiram desenvolver o intraempreendedorismo?
Como podem detetar, desenvolver e reter o talento intraempreendedor?
Como explorar de forma sustentada e proativa tal talento?
Vejamos, em continuação, alguns aspetos-chave a considerar no momento de estruturar uma empresa que
potencie e assuma o intraempreendedorismo, a sua razão de ser e a sua filosofia básica:
1 - Intraempreender... para satisfazer:
Uma organização intraempreendedora deve estar focada em satisfazer as necessidades profissionais
sofisticadas dos seus membros. Intraempreender não é um ato de necessidade, não é a reação direta a uma
carência.
Intraempreender é a consequência final, natural e evolutiva de uma carreira profissional, na qual o
profissional procura não só aspetos retributivos ou de “status”. São mais importantes os aspetos de
realização pessoal, sentido de pertença e propriedade, reconhecimento do trabalho, meritocracia e a
estruturação de um espaço “pessoal” dentro do âmbito laboral.
2 - Intraempreender... para desenvolver:
Intraempreender é uma ação a “longo prazo” e na maioria dos casos sem possibilidades de regresso ao ponto
de partida; é a semente de uma energia criativa e impulsionadora que deve desenvolver-se livremente e ao
máximo, dentro de um espaço corporativo e de acordo com o plano estratégico da empresa que o ampara.
Intraempreender é um ato de liberdade e de delimitação corporativa.
A organização que permite o intraempreendedorismo deve visualizar e aceitar as necessidades futuras que o
12/5/2017 A organização intraempreendedora: seis aspetos­chave
http://www.vidaeconomica.pt/print/190933 2/2
crescimento e desenvolvimento da ação podem trazer; inclusive a da própria matriz ou da relação com outras
empresas afetas à empresa. Se o desenvolvimento não flui e não potencia, o intraempreendedorismo morre.
3 - Intraempreender... para reconhecimento
Permitir o intraempreededorismo é, já por si, um ato de reconhecimento:
Reconhecemos o compromisso e o sentido de pertença à marca.
Reconhecemos um grau superior de especialidade, conhecimento e capacidade de gestão básicos para o
separar da empresa de origem.
Reconhecemos que quem intraempreende “é um dos nossos”, pertence ao círculo básico de pessoas que
fazem, que a empresa seja possível e se desenvolva; alguém a quem “passamos” o testemunho e a
corresponsabilidade, permitindo à empresa transcender as pessoas.
Tornamos todos estes reconhecimentos públicos como ato em si mesmo de reconhecimento da empresa.
4 - Intraempreender... para recompensar
Intraempreender é uma plataforma que permite recompensar as pessoas de um modo distinto do
convencional, baseando-se, na maioria dos casos, numa remuneração económica e na projeção dentro da
organização.
Intraempreender permite-nos recompensar de forma natural e meritocrática como causa e efeito da riqueza
gerada. Quanto maior crescimento e mais conquistas, maior a recompensa e para tal não há nada melhor do
que recompensar com parte da propriedade da riqueza gerada.
Recompensamos com evolução profissional, permitindo ao profissional desenvolver-se em entornos novos e
desconhecidos que aportam à sua carreira uma visão transversal, holística e mais generalista; permitimos
que encerre o circulo da responsabilidade profissional.
5 - Intraempreender... para reter, fidelizar e criar sentido de pertença
O ato final de intraempreendedorismo é “o sentido de pertença”, o estado superior da fidelização e retenção
de talento.
O intraempreendedor está intimamente unido à causa fundacional da empresa; causa que não é unicamente
económica, é uma forma de entender e aportar filosofia à vida, de desenvolver a riqueza do entorno, de
evoluir a sociedade, etc. O intraempreendedor deve pertencer ao grupo de pessoas que faz com que tudo
seja possível.
6 - Intraempreender... para partilhar
Facilitar o intraempreendedorismo é um ato de partilhar:
Partilhamos propriedade e riqueza gerada.
Partilhamos responsabilidade e energia desenvolvedora.
Partilhamos reconhecimentos e fracassos.
E... finalmente: partilhas de espaços, momentos e vivências daqueles que têm a responsabilidade de fazer
com que as coisas aconteçam e sejam possíveis.
António Flores, CEO da Loop Unique Companies, 12/04/2017
 
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  • 2. 12/5/2017 A organização intraempreendedora: seis aspetos­chave http://www.vidaeconomica.pt/print/190933 2/2 crescimento e desenvolvimento da ação podem trazer; inclusive a da própria matriz ou da relação com outras empresas afetas à empresa. Se o desenvolvimento não flui e não potencia, o intraempreendedorismo morre. 3 - Intraempreender... para reconhecimento Permitir o intraempreededorismo é, já por si, um ato de reconhecimento: Reconhecemos o compromisso e o sentido de pertença à marca. Reconhecemos um grau superior de especialidade, conhecimento e capacidade de gestão básicos para o separar da empresa de origem. Reconhecemos que quem intraempreende “é um dos nossos”, pertence ao círculo básico de pessoas que fazem, que a empresa seja possível e se desenvolva; alguém a quem “passamos” o testemunho e a corresponsabilidade, permitindo à empresa transcender as pessoas. Tornamos todos estes reconhecimentos públicos como ato em si mesmo de reconhecimento da empresa. 4 - Intraempreender... para recompensar Intraempreender é uma plataforma que permite recompensar as pessoas de um modo distinto do convencional, baseando-se, na maioria dos casos, numa remuneração económica e na projeção dentro da organização. Intraempreender permite-nos recompensar de forma natural e meritocrática como causa e efeito da riqueza gerada. Quanto maior crescimento e mais conquistas, maior a recompensa e para tal não há nada melhor do que recompensar com parte da propriedade da riqueza gerada. Recompensamos com evolução profissional, permitindo ao profissional desenvolver-se em entornos novos e desconhecidos que aportam à sua carreira uma visão transversal, holística e mais generalista; permitimos que encerre o circulo da responsabilidade profissional. 5 - Intraempreender... para reter, fidelizar e criar sentido de pertença O ato final de intraempreendedorismo é “o sentido de pertença”, o estado superior da fidelização e retenção de talento. O intraempreendedor está intimamente unido à causa fundacional da empresa; causa que não é unicamente económica, é uma forma de entender e aportar filosofia à vida, de desenvolver a riqueza do entorno, de evoluir a sociedade, etc. O intraempreendedor deve pertencer ao grupo de pessoas que faz com que tudo seja possível. 6 - Intraempreender... para partilhar Facilitar o intraempreendedorismo é um ato de partilhar: Partilhamos propriedade e riqueza gerada. Partilhamos responsabilidade e energia desenvolvedora. Partilhamos reconhecimentos e fracassos. E... finalmente: partilhas de espaços, momentos e vivências daqueles que têm a responsabilidade de fazer com que as coisas aconteçam e sejam possíveis. António Flores, CEO da Loop Unique Companies, 12/04/2017   Consulte mais notícias em: www.vidaeconomica.pt