O documento discute o fenômeno da "Smart Mob" e como as tecnologias digitais permitem a organização de multidões inteligentes de forma descentralizada para promover a participação social. Ele explora exemplos históricos como o "Movimento Passe Livre" no Brasil e a "Primavera Árabe" que utilizaram redes sociais e dispositivos móveis para convocar e coordenar protestos de grande escala.
1. SMART MOB
LILIANE APARECIDA PELLEGRINI PEREIRA
Mestranda no Programa de Pós-Graduação da Faculdade Cásper Líbero
E-mail: liliane.pellegrini@gmail.com
https://independent.academia.edu/LilianePellegrini
23/11/2013
2. Smart Mob
•Fenômeno da Cibercultura:
Forma sociocultural característica da contemporaneidade, fortemente influenciada por tecnologias digitais e advinda da convergência entre a informática e telecomunicação.
•Rheingold: Multidões Inteligentes (2002)
Ações orquestradas por pessoas desconhecidas portadoras de dispositivos de comunicação e computação que facilitam o arranjo dessa interação.
•Peer - to - peer:
Comunicação entre pares.
•Dispositivos móveis:
Celular: 87% da população mundial tem acesso e no BR são 1,26 linhas para cada habitante.
3. Smart Mob
Multidão: Para Espinoza, representa o anseio de transformação social, termo que sugere atividade e cooperação em oposição à passividade e a dependência do poder instituído, características das massas.
Inteligente: características das tecnologias utilizadas, assim denominadas em virtude da combinação de recursos de computação e de comunicação em dispositivos portáteis conectados sem-fio à internet e outras redes colaborativas.
5. Mobilização na Cibercultura
A mobilização por meio de comunicação pessoal e panfletos (experiências tridimensionais e bidimensionais) foram ampliadas pela dimensionalidade nula (Flusser).
Ferramentas: SMS e Mídia Social.
O simples toque da ponta dos dedos em uma tela confirma a participação em um protesto ou a adesão a um movimento.
6. Go 2EDSA, Wear blck
•Mensagem de texto que mobilizou manifestantes em Manila, Filipinas, resultando na deposição do então Presidente Joseph Estrada.
•EDSA = Epifanio de los Santas Avenue.
•Manifestantes usando preto se reuniram em protesto no dia 20/01/2001.
•70 milhões de habitantes / 5 milhões de celulares.
7. Primavera Árabe
PRIMAVERA ÁRABE: conjunto de insurreições populares ocorridas, a partir de 2010, em países de cultura islâmica do Oriente Médio, norte da África e Turquia.
FACEBOOK: 9 em cada 10 tunisianos e egípcios usaram a plataforma para organizar ou disseminar manifestações - Dubai School of Government (2011).
TWITTER: # lideraram a lista Twitter, 2011
#Egypt - 1,4 milhão de mensagens enviadas
#Jan25 - início das manifestações no Cairo – com 1,2 milhão de postagens .
8. Movimento Passe Livre
Facebook: convocação da primeira manifestação no dia 06 de junho de 2013, reunindo seis mil pessoas. Viral: MALINI (2013) - efeito viral com 28 mil confirmações no evento do terceiro grande ato, três dias após. Mídias Sociais: GIARDELLI (2013)
• Facebook - engajar pessoas aos movimentos;
• Whatsapp - combinar local do encontro;
• Twitter - responsável por narrar em tempo real os acontecimentos; e
• Youtube - registro de imagens em vídeo da manifestação.
9. Auto-comunicação de massa
Castells
•Rede: Informação pode (potencialmente) alcançar audiência global.
•Mensagem gerada pelo usuário de forma auto-dirigida (endereços particulares) e auto-selecionada (quanto ao uso de fontes).
•Troca multimodal interativa de muitos para muitos sincrônica ou não.
•As três formas de comunicação (interpessoal, massa e auto-comunicação de massa) coexistem, interagem e complementam uma a outra.
Movimento Passe Livre - atuação complementar das 3 formas de comunicação:
• convocação pelo Facebook da primeira manifestação com repercussão negativa na mídia de massa (baderneiros);
• cobertura da mídia tradicional aumentou a visibilidade do movimento;
• narrativas em tempo real dos manifestantes (inclusive do grupo NINJA);
• perfil mais ativo no Twitter foi o @estadao, veículo de imprensa tradicional.
10. Conclusão
•Ao longo da história, os movimentos sociais são produtores de novos valores de transformação da sociedade, exercendo, muitas vezes, o papel de oposição ao poder institucionalizado e detentor de forças de coação. Em alguns casos, quando os valores institucionalizados são reproduzidos pelos veículos de comunicação de massa e empresas de mídia, atendendo interesses políticos e econômicos, a comunicação móvel peer-to-peer e a sociedade em rede proporcionam a autonomia de comunicação necessária para a organização e difusão do movimento.
•Ainda é prematuro avaliar seus impactos definitivos, mas é perceptível que o fenômeno Smart Mob assumiu papel relevante na cibercultura, atuando na intermediação entre as redes sociais e o espaço público e promovendo a participação social de forma igualitária e descentralizada.
11. liliane.pellegrini@gmail.com
It´s me!
Fotos do arquivo pessoal da autora quando atuou como líder estudantil, organizando passeatas na Av. Paulista - São Paulo e em Brasília.