Este documento descreve uma pesquisa sobre como os jovens se percepcionam como leitores na era digital. A pesquisa será realizada com 10 jovens entre 15-24 anos e utilizará entrevistas, observação e grupos focais para analisar como esses jovens leem em meios digitais versus impressos.
1. Universidade do Minho
Metodologias da Investigação e Intervenção
Grupo de Trabalho: Catarina Cameselle e Leila Dias
TEMA
Comunicação e Educação na Era Digital
DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
De que forma os jovens se pececionam como leitores da era digital?
DELIMITAÇÃO DO TEMA
Esta pesquisa será realizada com cerca de 10 jovens com idades compreendidas
entre os 15 e os 24 anos.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este projeto levará em consideração o estudo de Lucia Santaella (2001), através
de seu livro “Navegar no Ciberespaço: perfil cognitivo do leitor imersivo”, onde a
mesma nos apresenta uma evolução das formas de leitura, desde o aparecimento do
livro até os tempos digitais, caracterizando esses tipos de leitores. A autora começa por
destacar o leitor contemplativo, passando pelo leitor movente, e finalizando no leitor
imersivo/digital.
Muitos foram os impactos causados pela evolução digital, sendo que levaremos
em conta essas mesmas mudanças para podermos compreender a forma de pensar e agir
dos jovens que nasceram na chamada “Era Digital”. Marc Prensky (2010) define as
pessoas que nasceram no final da década de oitenta, os atuais estudantes, como
“Nativos digitais” e chama a atenção para o facto de estes já nascerem imersos nas
tecnologias digitais, pois eles nasceram com um controle remoto na mão, video games,
mouse e agora os telemóveis. A tecnologia para eles é algo natural.
Ainda pensando sob esta ótica, autores como Wim Veen e Bem Vrakking
2. (datas?) acrescentam que as crianças demonstram uma capacidade de prestar atenção a
várias fontes de informação em simultâneo.
De forma a nos subtermos a informações sobre o impacto da vida digital e as
transformações do comportamento dos jovens, vamos eleger a leitura do livro “Os
Superficiais”, de Nicholas Carr (2012), onde o autor nos leva à reflexão sobre as
mudanças que a sociedade vem sofrendo perante o crescimento vertiginoso da internet.
No seu livro ele faz um retrospecto de várias mudanças que o nosso cérebro
passou devido às invenções tecnológicas, desde os mapas, passando pelo relógio, os
livros até aos computadores. Nessas referências, o autor deixa claro as implicações que
uma nova tecnologia tem sobre a nossa forma de pensar, ao trazer questionamentos de
como o computador e a internet têm um impacto crucial nas nossas vidas.
Em suma, o século XX e os primeiros anos do século XXI foram marcados pela
massificação do uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC) sendo que os
jovens, em todo o mundo, são a classe etária que mais utiliza os recursos tecnológicos.
Portugal tambem se mantem nessa estátistica e segundo um estudo do Observatório
Permanente da Juventude, “Os jovens e a internet” (2012), no nosso país em menos de
uma década a utilização das tecnologias de informação e comunicação (TIC) mais do
que duplicou, tornando-se quase generalizada (90%) nos portugueses entre os 16 e os 29
anos.
OPÇÕES METODOLÓGICAS
Para esta observação iremos nos pautar pela pesquisa qualitativa, que segundo os
autores Bogdan e Biklen:
“(...) enfatiza a descrição, a indução, a teoria fundamentada e o estudo das
percepções pessoais. São ricos em pormenores descritivos relativamente as
pessoas, locais e conversas, e de complexo tratamento estatístico. As
questões a investigar não se estabelecem mediante a operacionalização de
variáveis, sendo outros sim, formuladas com o objetivo de investigar
fenômenos em toda sua complexibilidade e em contexto natural” (BOGDAN
E BIKLEN, 1994, pag. 16).
3. É tarefa dos cientistas em ciências sociais “interpretar os significados e experiências dos
atores sociais, uma tarefa que apenas pode ser levada a cabo através da participação dos
indivíduos envolvidos” (Burguess,1997,p.86). Neste sentido, e para a realização deste
trabalho iremos recorrer a alguns métodos de investigação, nomeadamente, a entrevista,
o grupo focal, a análise documental e a observação participante, visto que desta forma
os investigadores têm acesso aos significados que os participantes atribuem às
situações.
As etapas que se seguirão durante a pesquisa são:
1. Reunião com os jovens, a fim de explicar a nossa pesquisa e intenções,
de forma a verificar quais destes jovens passam mais tempo a navegar na
internet. Esta verificação é de extrema importância para o nosso trabalho
já que queremos investigar como os jovens se comportam enquanto
leitores da era digital, e se identificam como tal.
2. Com as respostas sobre o acesso iremos selecionar os 10 jovens que mais
utilizam a internet e que ficam mais tempo à frente do ecrã do
computador.
3. Entrevista Individual – Conhecer o quotidiano da leitura entre os jovens
selecionados, a fim de compreender como é que os jovens se comportam
com a tecnologia livresca e digital. Neste momento, será realizada uma
entrevista individual para verificarmos como estes jovens acedem à
internet, com que frequência, quanto tempo permanecem e quais os sites
que visitam. Se os mesmos utilizam livros virtuais, leitores de livros (e-
reeder), de forma a perceber o seu acesso à cultura livresca, pois também
nos interessa saber se gostam de ler livros, ou se leem obrigatoriamente
livros selecionados pela escola, se os compram, ou requisitam na
biblioteca.
Neste sentido, interessa-nos saber como e em que situações envolvem a
leitura no dia a dia podendo ser pequenas práticas da vida pessoal ou nas
práticas escolares em sala de aula e como pensam ser possível fazer uso
de forma complementar entre leitura digital e leitura livresca física. Para
4. prosseguirmos com a nossa investigação temos que compreender a
realidade e o contexto social dos jovens que estamos em contacto.
4. Observação – Para podermos observar como os jovens se comportam
diante de uma leitura impressa e no ecrã do computador dividiremos a
nossa observação entre dois momentos:
Levaremos um jornal para cada um dos alunos e solicitaremos que o
mesmo escolha no jornal uma notícia que lhe interesse para depois poder
pesquisar mais informações sobre essa mesma notícia no motor de busca
da internet.
Em seguida pedimos aos jovens que se dirijam ao computador para
iniciarem as suas pesquisas. A partir deste momento, interessa-nos saber
como estes jovens se comportam em frente ao ecrã do computador diante
de um texto fragmentado e com hiperligações, se acedem aos links que os
levam a outras informações sobre a notícia que escolheram ou se os
mesmos leram o texto rapidamente para poder aceder às suas páginas
pessoais e jogos online.
5. Grupo focal– Com todos os participantes juntos gostaríamos de saber
como eles se sentiram enquanto leitores do impresso e do digital.
Interessa-nos saber se eles percebem a diferença entre as duas leituras, se
demonstram impaciência ao ler no jornal uma notícia do início ao fim, e
quantas notícias sobre o mesmo assunto encontraram. A mesma questão
sobre a leitura digital interessa-nos, assim, saber onde encontrar os textos
suplementares, os caminhos que percorreram para chegar onde queriam.
Torna-se importante compreender se as dificuldades ou certeza do grupo
se equivalem, se os processos indutivos da internet se refletem de uma
maneira uniforme, ou se cada participante desenvolve um processo de
cognição diferente diante do problema apresentado para eles.
6. Entrevista individual - Para finalizar a nossa investigação interessa-
nos reunir, novamente, com os participantes a fim de lhes apresentar,
individualmente, um vídeo intitulado de “Leitor imersivo”.
Esperaremos que o público-alvo nos apresente a sua visão
5. relativamente às transformações que as formas de leitura foram
sofrendo e qual o tipo de leitor acham ser mais parecido com o seu
perfil individual. É importante saber se eles conseguem expressar e
pensar em qual das formas de leitura se concentram mais, fazendo
várias atividades ao mesmo tempo ou uma de cada vez.
Em suma, e como forma de sustentar a dinâmica deste trabalho, será criado um
blog para ser utilizado como diário de pesquisa onde serão postadas as entrevistas
gravadas em áudio e vídeo, bem como fotos que possam registar todos os momentos.
Este diário servirá para reflexão sobre os factos acontecidos, trazendo sempre ao de
cima dados para a avaliação final e formas de refletir todas as práticas realizadas.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECKER, H.S., Geer, B., Huguess, E.C., e Strauss, A.l. (1961). Boys in white: Student culture
in Medical School. Chicago: University of Chicago Press.
BELL, Judith (1997). Como realizar um projecto de investigação. Lisboa: Gradiva.
BOGDAN, R ; BIKLEN, S (1994). Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto,
BURGUESS, Robert G. (1997). A Pesquisa de Terreno. Oeiras: Celta.
CARR, N. (2012) .Os superficiais- o que a internet está a fazer aos nossos cérebros. Lisboa:
Gradiva
PRENSKY, M. (2010) “Não me atrapalhe, mãe – eu estou aprendendo!” Como os videogames
estão preparando nossos filhos para o sucesso no século XXI – e como você pode ajudar!
Tradução de Lívia Bergo, São Paulo: Phorte.
QUIVY, Raymond & CAMPENHOUDT, Luc Van (1992). Manual de Investigação em
Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva.
SANTAELLA, L. (2004) Navega no ciberespaço - Perfil cognitivo do leitor imersivo. São
Paulo: Paulus.
VEEN, W.; VRAKKING B. (2009). Homo zappiens – educando na era digital.1.ed. Porto
Alegre: Artmed.
Devem uniformizar o modo de referenciação dos autores (por ex. só iniciais ou não) e dos
títulos dos livros (em maiúsculas ou não).
Webgrafia
http://www.opj.ics.ul.pt/index.php/abril-2012. Acesso em: 9 Nov. 2012.