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A CONSTRUÇÃO DE UM MODELO DIDÁTICO DE BASE
SOCIORRETÓRICA PARA A CARTA DE RECLAMAÇÃO
Maria Ladjane Pereira (UPE/CAPES)
Antônia Maria Medeiros da Cruz(UPE/CAPES)
Apresentação
 Este trabalho pretende apresentar uma proposta de
modelo didático da carta de reclamação, com base
sociorretórica. Para isso, a pesquisa sugere a articulação
de duas correntes distintas, o Interacionismo
Sociodiscursivo e os Estudos Retóricos de Gênero.
Gênero enquanto ação social
 Trazer à discussão reflexões em torno dos gêneros,
situando-os como “artefatos culturais” (MILLER, 2009) é
partilhar da ideia de que não se pode limitar o conceito
de gênero a uma categoria linguística, e sim percebê-lo
enquanto forma de vida e de organização social.
 Bawarshi e Reiff (2013) apontam que os gêneros não
devem ser definidos apenas com base na junção de traços
substanciais e formais que apresentam em situações
recorrentes, mas pelas ações sociais que produzem.
 “os gêneros emergem nos processos sociais em que as
pessoas tentam compreender umas às outras
suficientemente bem para coordenar atividades e
compartilhar significados com vistas a seus propósitos
práticos” (Bazerman, p.32, 2011).
Encaminhamentos metodológicos
 Este estudo está inserido no interior de uma pesquisa
com 50 exemplares de textos de reclamação, coletados
do site Reclame Aqui. Nele, as pessoas podem registrar
suas reclamações – que serão objetos de análise nesta
pesquisa - além de poder consultar as recomendações de
certas empresas.
 A partir dessa análise, através das unidades retóricas
recorrentes nas reclamações, somada às contribuições do
ISD, é construído um modelo didático para o ensino da
carta de reclamação.
Sobre a apresentação de um modelo didático para
ensino do gênero
 (...) podemos dizer que os modelos didáticos
podem apresentar falhas ou lacunas, quando vistos
do ponto de vista de uma teoria de texto ou
discurso qualquer. Mas, na verdade, os
pesquisadores que se envolvem na sua construção
não estão preocupados em esperar a construção
científica ideal, pois têm uma preocupação social
imediata, que é a de trazer subsídios para o
trabalho docente e para a aprendizagem
 (MACHADO E CRISTÓVÃO, 2006, p. 557).
 Não há, neste trabalho, o propósito de apresentar um
modelo “perfeito” pois, espera-se que através dessa
proposta, novos modelos possam surgir, conforme as
possibilidades didáticas que venham a surgir.
 A elaboração desse modelo didático de gênero possibilita
vislumbrar a constituição do gênero, bem como, orientar
as atividades em torno da elaboração de textos desse
gênero.
Entendendo o modelo CARS
Nesse modelo, aparecem três movimentos, que
correspondem a:
(movimento 1) “estabelecer um território”
(movimento 2) “estabelecer um nicho”
(movimento 3) “ocupar o nicho”
(SWALES, 1990, p. 141).
 No interior desses movimentos, aparecem os passos que
são comuns que os autores utilizem, por exemplo, “alegar
centralidade”, “indicar uma lacuna”, explora também, além
dos padrões textuais, os elementos léxico-gramaticais.
Organização retórica das reclamações e a proposta
de um modelo
Movimentos e passos Qtd. %
Un 1 – Descrição da compra/aquisição de produto 50 100
Sub 1 - Dados do produto 49 98
Sub 2 – Identificação da empresa onde adquiriu 28 56
Sub 3 - Data da aquisição 28 56
Un 2 – Crítica ao serviço recebido 50 100
Sub 4 – Descrição da reclamação 43 86
Sub 5 – Como ocorreu o problema 28 56
Sub 6 - Tentativas para solucionar o problema 30 60
Sub 7 - Apresentação de protocolo 06 12
Un 3 – Solicitação de posicionamento da empresa/órgão 35 70
Sub 8 – Sugestão de providência 35 70
Sub 9 - Citação de lei para punição à empresa 06 12
Tabela 2: Proposta de modelo didático para a carta
de reclamação
Situação de produção
- A quem se dirige o texto? (que papel social tem o receptor?)
- Qual a linguagem mais adequada para redigir o texto?
- Qual a motivação para a reclamação?
Abertura do texto - Saudação inicial
Organização retórica da reclamação
- Un 1 – Descrição da compra/aquisição de produto;
- Sub 1: Dados do produto
- Sub 2: Identificação da empresa onde adquiriu
- Sub 3: Data da aquisição
- Un 2 – Crítica ao serviço recebido
- Sub 4: Descrição da reclamação
- Sub 5: Como ocorreu o problema
- Sub 6: Tentativas para solucionar o problema
- Sub 7: Apresentação de protocolo
- Un 3 – Solicitação de posicionamento da empresa/órgão
- Sub 8: Sugestão de providência
- Sub 9: Citação de lei para punição à empresa
Finalizando o texto - Saudação final
 Ao propor a produção de uma carta de reclamação na
escola, não basta apresentar sua estrutura formal, antes,
poderão ser apresentados os movimentos e passos que
podem/devem integrar o conteúdo desta carta, já que
constituem uma regularidade nas reclamações extraídas
de ambiente autêntico.
 Dessa maneira, não se está propondo um manual da boa
escrita, mas apresentando possibilidades de êxito diante
de uma situação de reclamação real, que pode ir além dos
objetivos escolares.
Considerações finais
 Esta pesquisa sinaliza para uma reflexão em torno dos
gêneros que não pode estar reduzida aos manuais da boa
escrita, ou ao que reza o livro didático, mas às
informações coletadas a partir do gênero em sua ação
social.
 O modelo construído é simples, pois não é coerente
apresentar um modelo complexo que não corresponda às
implicações reais do gênero. Assim, os alunos podem se
beneficiar com um ensino/aprendizagem dos gêneros em
contextos reais em busca do desenvolvimento
educacional e individual.

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Construção de modelo didático para carta de reclamação

  • 1. A CONSTRUÇÃO DE UM MODELO DIDÁTICO DE BASE SOCIORRETÓRICA PARA A CARTA DE RECLAMAÇÃO Maria Ladjane Pereira (UPE/CAPES) Antônia Maria Medeiros da Cruz(UPE/CAPES)
  • 2. Apresentação  Este trabalho pretende apresentar uma proposta de modelo didático da carta de reclamação, com base sociorretórica. Para isso, a pesquisa sugere a articulação de duas correntes distintas, o Interacionismo Sociodiscursivo e os Estudos Retóricos de Gênero.
  • 3. Gênero enquanto ação social  Trazer à discussão reflexões em torno dos gêneros, situando-os como “artefatos culturais” (MILLER, 2009) é partilhar da ideia de que não se pode limitar o conceito de gênero a uma categoria linguística, e sim percebê-lo enquanto forma de vida e de organização social.
  • 4.  Bawarshi e Reiff (2013) apontam que os gêneros não devem ser definidos apenas com base na junção de traços substanciais e formais que apresentam em situações recorrentes, mas pelas ações sociais que produzem.
  • 5.  “os gêneros emergem nos processos sociais em que as pessoas tentam compreender umas às outras suficientemente bem para coordenar atividades e compartilhar significados com vistas a seus propósitos práticos” (Bazerman, p.32, 2011).
  • 6. Encaminhamentos metodológicos  Este estudo está inserido no interior de uma pesquisa com 50 exemplares de textos de reclamação, coletados do site Reclame Aqui. Nele, as pessoas podem registrar suas reclamações – que serão objetos de análise nesta pesquisa - além de poder consultar as recomendações de certas empresas.
  • 7.  A partir dessa análise, através das unidades retóricas recorrentes nas reclamações, somada às contribuições do ISD, é construído um modelo didático para o ensino da carta de reclamação.
  • 8. Sobre a apresentação de um modelo didático para ensino do gênero  (...) podemos dizer que os modelos didáticos podem apresentar falhas ou lacunas, quando vistos do ponto de vista de uma teoria de texto ou discurso qualquer. Mas, na verdade, os pesquisadores que se envolvem na sua construção não estão preocupados em esperar a construção científica ideal, pois têm uma preocupação social imediata, que é a de trazer subsídios para o trabalho docente e para a aprendizagem  (MACHADO E CRISTÓVÃO, 2006, p. 557).
  • 9.  Não há, neste trabalho, o propósito de apresentar um modelo “perfeito” pois, espera-se que através dessa proposta, novos modelos possam surgir, conforme as possibilidades didáticas que venham a surgir.
  • 10.  A elaboração desse modelo didático de gênero possibilita vislumbrar a constituição do gênero, bem como, orientar as atividades em torno da elaboração de textos desse gênero.
  • 11. Entendendo o modelo CARS Nesse modelo, aparecem três movimentos, que correspondem a: (movimento 1) “estabelecer um território” (movimento 2) “estabelecer um nicho” (movimento 3) “ocupar o nicho” (SWALES, 1990, p. 141).
  • 12.  No interior desses movimentos, aparecem os passos que são comuns que os autores utilizem, por exemplo, “alegar centralidade”, “indicar uma lacuna”, explora também, além dos padrões textuais, os elementos léxico-gramaticais.
  • 13. Organização retórica das reclamações e a proposta de um modelo Movimentos e passos Qtd. % Un 1 – Descrição da compra/aquisição de produto 50 100 Sub 1 - Dados do produto 49 98 Sub 2 – Identificação da empresa onde adquiriu 28 56 Sub 3 - Data da aquisição 28 56 Un 2 – Crítica ao serviço recebido 50 100 Sub 4 – Descrição da reclamação 43 86 Sub 5 – Como ocorreu o problema 28 56 Sub 6 - Tentativas para solucionar o problema 30 60 Sub 7 - Apresentação de protocolo 06 12 Un 3 – Solicitação de posicionamento da empresa/órgão 35 70 Sub 8 – Sugestão de providência 35 70 Sub 9 - Citação de lei para punição à empresa 06 12
  • 14. Tabela 2: Proposta de modelo didático para a carta de reclamação Situação de produção - A quem se dirige o texto? (que papel social tem o receptor?) - Qual a linguagem mais adequada para redigir o texto? - Qual a motivação para a reclamação? Abertura do texto - Saudação inicial Organização retórica da reclamação - Un 1 – Descrição da compra/aquisição de produto; - Sub 1: Dados do produto - Sub 2: Identificação da empresa onde adquiriu - Sub 3: Data da aquisição - Un 2 – Crítica ao serviço recebido - Sub 4: Descrição da reclamação - Sub 5: Como ocorreu o problema - Sub 6: Tentativas para solucionar o problema - Sub 7: Apresentação de protocolo - Un 3 – Solicitação de posicionamento da empresa/órgão - Sub 8: Sugestão de providência - Sub 9: Citação de lei para punição à empresa Finalizando o texto - Saudação final
  • 15.  Ao propor a produção de uma carta de reclamação na escola, não basta apresentar sua estrutura formal, antes, poderão ser apresentados os movimentos e passos que podem/devem integrar o conteúdo desta carta, já que constituem uma regularidade nas reclamações extraídas de ambiente autêntico.
  • 16.  Dessa maneira, não se está propondo um manual da boa escrita, mas apresentando possibilidades de êxito diante de uma situação de reclamação real, que pode ir além dos objetivos escolares.
  • 17. Considerações finais  Esta pesquisa sinaliza para uma reflexão em torno dos gêneros que não pode estar reduzida aos manuais da boa escrita, ou ao que reza o livro didático, mas às informações coletadas a partir do gênero em sua ação social.
  • 18.  O modelo construído é simples, pois não é coerente apresentar um modelo complexo que não corresponda às implicações reais do gênero. Assim, os alunos podem se beneficiar com um ensino/aprendizagem dos gêneros em contextos reais em busca do desenvolvimento educacional e individual.