1. Hipócrates está triste
Hipocrátes de Cós. segundo a tradição, o maior médico da Grécia Antiga.1
Fonte: http://www.google.com.br/imghp?hl=pt-BR&tab=wi
Lendo artigo de Lelê Teles, publicitário e ex-diretor de marketing da PMA, intitulado “Sobre
médicos, escravos e idiotas”, publicado no Jornal do Dia (28 de agosto de 2013, p. 4 – Opinião),
decidir expressar minha opinião a respeito do que é discutido.
O autor questiona o fato de que parte da imprensa associar a imagem de negro a escravidão.
Para tanto recorre a algumas falas publicadas na grande mídia nacional. A exemplo, cita a colunista
Eliane Cantanhêde, da Folha de São Paulo, que “disse que os médicos cubanos chegaram ao Brasil
em um avião negreiro, embora tenha chegado em avião de carreira”.
Outro exemplo de fala preconceituosa seria de Reinaldo Azevedo que teria dito que ―os
médicos cubanos são escravos voluntários do regime de Fidel‖.
O presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, Dr. João Batista Gomes,
“afirmou que mandaria a polícia prender os médicos cubanos que estivessem trabalhando no
estado, como faz com os charlatões e curandeiros”.
Fazendo uso das minhas palavras, como responder a algumas indagações que se colocam? Por
que sempre se associa a imagem da escravidão ao negro (ou afrodescendente)? A escravidão existe desde
a antiguidade. E naquela época, escravo não era sinônimo de negro. Poderia ser escravo por dívida ou
prisioneiro de guerra. Na Grécia e em Roma antiga, a mão de obra dominante era a escrava.
Nos séculos XV, XVI, a elite branca, cristã e capitalista europeia reinventa a escravidão.
Escravizou o gentio e posteriormente o negro africano. A burguesia europeia descobrirá que traficar
―gente‖, negro, era um bom negócio capitalista – dava lucro.
1
Segundo a tradição, Hipócrates deu à medicina o impulso rumo ao diagnóstico, prognóstico e tratamento em bases científicas.
Estabeleceu, além disso, um conjunto de normas de conduta que fundamenta até hoje a ética médica. Graças à Hipócrates —
ou aos escritos a ele atribuídos — a Medicina é hoje considerada uma Ciência e uma Arte. Seus ensinamentos quanto à
postura do médico podem ser resumidos no próprio "método hipocrático": rigorosa observação do doente, análise racional
dos fatos clínicos observados, escrupulosa correlação das causas e seus efeitos. http://greciantiga.org/arquivo.asp?num=0050.
Acessado em 28.08.2013.
2. Do inicio da nossa colonização a extinção da escravidão foram mais de três séculos de
escravidão e, com ela a construção cultural de preconceito e do racismo. Sempre associávamos o trabalho
manual ao trabalho escravo. Nossa elite branca não trabalhava.
As citas opiniões citadas pelo autor do artigo acima citado, nada mais do que expressam a
maneira de pensar um Brasil, construído sobre as bases de uma mentalidade preconceituosa.
O que temos a fazer? Lamentar profundamente a opinião desses pobres citados, meia dúzia de
gatos pingados, mas privilegiados, que teve acesso as ―academias‖ formadoras de opinião – as Faculdades
e Universidades que, na minha modesta opinião, não cumpriram sua principal missão – mudar a cabeça
desses jovens que passaram por elas e não mudaram a forma de pensar o Brasil.
Esquecem que a medicina cubana é referencia para os mais variados programas de saúde,
adotados inclusive pelas Nações Unidas.
Onde ficou o juramento ético que esses médicos prestaram ao se formar?
"Eu juro, por Apolo médico, por Esculápio, Hígia e Panacea, e tomo por testemunhas todos
os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se
segue:
- Estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e,
se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos;
ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem
compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino,
meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da
profissão, porém, só a estes.
- Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca
para causar dano ou mal a alguém.
- A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a
perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.
- Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
- Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos
práticos que disso cuidam.
- Em toda casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano
voluntário e de toda a sedução, sobretudo dos prazeres do amor, com as mulheres ou com
os homens livres ou escravizados.
- Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu
tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.
- Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e
da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou
infringir, o contrário aconteça." Juramento de Hipócrates (Fonte:
http://www.cremesp.org.br).
E ai?
Um abraço e até mais.