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Alimentação em Diálise
O que é uma alimentação saudável?
Entende-se por alimentação saudável aquela planejada com alimentos de todos os
tipos, de procedência conhecida, preferencialmente natural, preparada de forma a
preservar o valor nutritivo e os aspectos sensoriais. Os alimentos selecionados
devem ser aqueles que a família tem o hábito de comer, adequados em
quantidade e qualidade para suprir as necessidades nutricionais e calóricas.
Para pessoas que fazem diálise, isso é ainda mais importante, porque a correta
alimentação interfere no tratamento dialítico, mas essas pessoas precisam saber
que alguns cuidados devem ser tomados para que a saúde fique em dia.
Por que a dieta é tão importante para pessoas que fazem diálise?
Quando os rins não funcionam, substâncias como potássio, fósforo, uréia, sódio e
água vão se acumulando no sangue. A maior quantidade destas substâncias causa
problemas no corpo como fraqueza nas pernas, diminuição do crescimento,
palidez da pele, coceirano corpo todo, cansaço fácil, inchaço e diminuição da
urina.
A alimentação é responsável por fornecer estes nutrientes em quantidades
adequadas para manter um bom estado nutricional.
A diálise não tiratodas estas substâncias?
A diálise ajuda muito, mas não trabalha 24 horas por dia como o rim saudável.
Então, não dá para tirar todo o excesso desses nutrientes.
É necessário excluir alguns alimentos da minha alimentação?
Primeiro converse com o seu médico para saber como estão os seus exames de
sangue e depois fale com o nutricionista para receber uma orientação nutricional.
Então, como ter uma alimentação equilibrada?
Em primeiro lugar devemos conhecer a função dos alimentos e os nutrientes que,
se não controlados, podem fazer mal ao nosso corpo.
Por que a dieta é tão importante para pessoas que fazem diálise?
Quando os rins não funcionam, substâncias como potássio, fósforo, uréia, sódio e
água vão se acumulando no sangue. A maior quantidade destas substâncias causa
problemas no corpo como fraqueza nas pernas, diminuição do crescimento,
palidez da pele, coceirano corpo todo, cansaço fácil, inchaço e diminuição da
urina.
A alimentação é responsável por fornecer estes nutrientes em quantidades
adequadas para manter um bom estado nutricional.
A diálise não tiratodas estas substâncias?
A diálise ajuda muito, mas não trabalha 24 horas por dia como o rim saudável.
Então, não dá para tirar todo o excesso desses nutrientes.
É necessário excluir alguns alimentos da minha alimentação?
Primeiro converse com o seu médico para saber como estão os seus exames de
sangue e depois fale com o nutricionista para receber uma orientação nutricional.
Então, como ter uma alimentação equilibrada?
Em primeiro lugar devemos conhecer a função dos alimentos e os nutrientes que,
se não controlados, podem fazer mal ao nosso corpo.
Potássio
Qual a função do potássio para o nosso organismo?
O potássio é um elemento fundamental para o funcionamento dos músculos de
todo o nosso corpo, inclusive os do coração. É essencial também para as células
nervosas. Seu excesso, porém, pode trazer complicações sérias. Nos músculos,
causa fraqueza ou cãibras enquanto, no coração, enfraquece os batimentos ou até
provoca parada cardíaca. Por isso, mesmo para quem faz diálise, é importante
restringir a ingestão de alimentos ricos em potássio. Alguns exemplos que você
deve conhecer estão na próxima tabela.
Outros alimentos com elevada quantidade de potássio são frutas secas, tomate
seco, extrato de tomate, caldo de cana, frutas oleaginosas (amendoim, castanhas
etc.), chocolate, caldas de frutas e compotas e suco de frutas concentrados.
Existe alguma forma de diminuir a quantidade de potássio dos alimentos?
Existe sim. Veja agora algumas medidas e dicas para reduzir o potássio dos
alimentos.
O cozimento em água reduz 60% do potássio das frutas e legumes. Portanto,
deve-se proceder da seguinte maneira:
– Descasque as frutas ou vegetais
– Coloque em uma panela com bastante água e deixar ferver
– Escorra a água do cozimento
– Refogue como desejar
Atenção: A carambola, além de seu conteúdo de potássio, contém uma
substância tóxica ainda não identificada, que pode causar desde soluços até coma
e morte em pacientes com DRC. Portanto, esse alimento deve ser abolido da
alimentação desses pacientes.
Tabela de composição de alimentos do Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos.
*Alimentos que estão marcados podem ser retirados da alimentação de pacientes
que necessitem de controle da ingestão de fósforo sem que haja prejuízo
nutricional significativo. Os demais devem ser reduzidos com calma e nunca
excluídos, principalmente para pacientes em diálise.
O que é o fósforo e qual é sua função?
Assim como o cálcio, o fósforo é um mineral e os dois tem função de ajudar a
manter os ossos fortes e saudáveis.
O fósforo pode ser encontrado em vários alimentos que contêm também
cálcio?
Como seu corpo necessita de cálcio, mas não pode ter excesso de fósforo, é
preciso equilibrar com cuidado a dieta. Muitas vezes, não podem faltar
medicamentos. É o caso da vitamina D. Ela facilita o depósito de cálcio nos
ossos. Além disso, existem medicamentos que impedem a absorção de fósforo
nos intestinos, são chamados de quelantes de fósforo, são eles: carbonato de
cálcio, acetato de cálcio, hidróxido de alumínio e sevelamer.
E o excesso de fósforo pode causar algum problema?
O excesso de fósforo no sangue pode causar sintomas desagradáveis como
coceiraintensa, dores ósseas, fragilidade dos ossos com possibilidades de
fraturas ou deformidades. Altos níveis de fósforo também estão relacionados com
arteriosclerose (enrijecimento das artérias), doença cardiovascular, acidentes
vasculares cerebrais, e má circulação.
O que é importante saber sobre os quelantes de fósforo?
Na natureza, o fósforo está presente em muitos alimentos, principalmente os
construtores de que falamos anteriormente. Por essa razão, fica impossível
eliminar totalmente o fósforo da dieta. Para ajudar na diminuição do excesso de
fósforo, os médicos prescrevem remédios chamados quelantes de cálcio.
Como agem os quelantes no nosso organismo?
No estômago e no intestino, esses quelantes se grudam com o fósforo dos
alimentos. Assim, o fósforo é eliminado nas fezes, junto com o quelante, sem ir
para o seu sangue.
E como devem ser tomados?
Os quelantes de fósforo devem ser tomados às refeições e aos lanches ou, no
máximo, até trinta minutos depois. Se ingeridos com o estômago vazio, não vão
ter muito efeito.
A dose é a mesma para todos os pacientes que fazem diálise?
Não. A dose do quelante varia muito. Depende da quantidade de fósforo na
refeição ou no lanche. De maneira geral, refeições maiores precisam de uma dose
maior. Seu nutricionista e seu médico podem identificar a quantidade de fósforo
em suas refeições e assim ajustar a dose.
IMPORTANTE: não se esqueça de levar o seu quelante quando comer fora.
E o cálcio? Deve também diminuir na sua dieta?
Como é comum o nível de cálcio baixar no seu sangue, ele não deve ser limitado
em sua dieta. Mas ai é que está a dificuldade. Cálcio e Fósforo são encontrados
nos mesmos alimentos. Se diminuir o fósforo na sua dieta, você também reduz o
cálcio. Por essa razão, deve tomar suplemento de cálcio na forma de comprimido
ou líquido. Assim, seus ossos continuam saudáveis.
Vitamina D
Por que a vitamina D é um nutriente importante no seu tratamento?
Porque ela ajuda o corpo a usar os alimentos consumidos. Facilita a absorção e o
uso de sais minerais como cálcio e fósforo, equilibrando a quantidade deles no
sangue. Por isso, deixa mais saudáveis os ossos dentes. Poucos alimentos são
fontes de vitamina D, entre eles: óleo de fígado de peixe e gorduras de peixes. O
leite e seus substitutos (iogurtes e queijos) são fortificados com essa vitamina. No
entanto, 90 a 95% das necessidades dessa vitamina podem ser atendidas por meio
da fotossíntese de vitamina D na pele. Porém, para ser usada, a vitamina D tem
que ser transformada em sua forma ativa que se chamacalcitriol.
E quem a transforma nessa forma ativa?
São os rins. Por isso, pacientes renais, não tem os rins fabricando calcitriol em
quantidade certa. Sem calcitriol suficiente, o cálcio e o fósforo perdem seu
equilíbrio. O resultado é coceira, dor nas juntas e problemas nos ossos e aumento
do PTH. O Calcitriol pode ser tomado como comprimido ou injetável
diretamente na linha de diálise (Calcijex®). Seu médico vai avisar quando você
deve tomar esse medicamento.
Ferro
Se eu comer alimentos ricos em ferro, a minha anemia acaba?
O ferro é um mineral necessário para a formação do sangue. Os alimentos fontes
de ferro são as carnes, os peixes, as aves e alguns vegetais, mas, no caso de
pacientes renais, a anemia não se deve ao baixo consumo de alimentos fontes de
ferro, mas sim porque os rins não fabricam a eritropoietina. Essa substância
estimula a produção do sangue. A falta dela causa a anemia. Pequenos volumes
de sangue são perdidos durante as sessões de hemodiálise. Isso reduz a
quantidade de sangue e de ferro. Por isso, mesmo recebendo eritropoietina
(Hemax®, Eprex®), você vai precisar de um suplemento de ferro (Sulfato
Ferroso) para não ter anemia.
Como devo tomar esses suplementos?
Aqui vai uma dica. Quando tomados via oral, os suplementos de ferro devem ser
ingeridos entre as refeições. É que o quelante de fósforo pode atrapalhar a
entrada do ferro no sangue. Também é importante não tomar os suplementos com
leite. Esse alimento atrapalha a absorção do ferro.
Sódio
Sódio é a mesma coisaque sal?
Muitas vezes as palavras “sal” e “sódio” são usadas como se fossem a mesma
coisa, mas não são.
O sódio está presente em muitos alimentos, sendo o sal de cozinha sua principal
fonte. Um exemplo de alimento que contém sódio é o leite. E nem por isso o leite
é salgado. Então, temos que prestar atenção não só no sal, mas também na
quantidade de sódio de outros alimentos.
Como saber se um alimento tem sódio se nem sempre ele é salgado?
Na maioria das vezes, ficamos sabendo do sódio lendo a tabela de informações
nutricionais presente no rótulo das embalagens.
Abaixo temos um exemplo de rótulo contendo informação nutricional do leite.
É possível diminuir o sódio da minha alimentação?
Sim, seguindo as dicas abaixo.
– Use pouco sal no preparo dos alimentos ou, se preferir, prepare tudo sem sal e
acrescente 1 g no almoço e 1 g no jantar (1 g = uma tampinha de caneta ou uma colher
de café rasa).
– Evite alimentos muito salgados como linguiça, salsicha, carne seca, azeitona, sopas
industrializadas e miojo.
– Prefira margarina e manteiga sem sal.
– Diminua a quantidade de sal e temperos de suas receitas. Para não sentir muita
diferença no novo tempero, reduza aos poucos a quantidade de sal.
– Use alho, cebola, salsinha, açafrão, pimenta, cominho, manjericão, alecrim, sálvia,
orégano, louro, gergelim, cravo da índia, cebolinha, estragão, noz moscada, manjerona,
suco de limão, páprica, colorau, pimentão, tomilho ou vinagre.
Como devo diminuir o meu consumo de sódio, posso consumir o sal diet ou light?
Atenção! Muito cuidado com o consumo desses tipos de sal. Alguns deles são ricos em
potássio e nem sempre seu uso está indicado.
Por que quem faz diálise tem muito inchaço (edema) nos pés, nas pernas, no
abdômen ou na face?
Na insuficiência renal, não é possível eliminar o excesso de sódio do organismo e
manter o equilíbrio entre a quantidade de sódio e água no corpo. Isto faz com que a
água, que deveria ser eliminada na urina, fique retida. Assim aparece o inchaço
(edema). Em situações ainda mais graves, com a retenção de sódio e água no corpo,
acontece aumento de peso, piora da pressão arterial (hipertensão arterial), das funções
do coração (insuficiência cardíaca) e dos pulmões (edema pulmonar).
Água
A importância da água
A água é indispensável à vida e faz parte de 60% do nosso corpo. Isso quer dizer que
mais da metade do nosso organismo é água. Além de ajudar a manter certa a nossa
temperatura, ela ainda transporta os nutrientes. Está presente nas frutas, nos sucos, nos
refrigerantes, nas frutas aguadas (melão, abacaxi, melancia e outros), nas verduras e nos
legumes (tomate, pepino e outros).
Qual é a quantidade de líquidos que devo beber por dia?
Há uma conta fácil de se fazer: 500 mL + volume de urina em 24 horas. Por exemplo,
se o seu volume de urina for 300 mL em 24 horas, então você poderá beber 500 mL +
300 mL = 800 mL. Se você não urina mais, o seu limite é de 500 mL ao dia.
Lembre-se que líquidos não são apenas água, mas também o leite, os sucos, o chá, o
café, e todos os alimentos que têm, em sua composição, grande quantidade de água,
principalmente as frutas, as verduras e legumes.
Portanto, para controlar a sede:
– Evite alimentos com muito sal e muito doce, pois dão mais sede.
– Prefira bebidas e frutas geladas, elas promovem mais saciedade.
– Evite sopas e caldos, porque apresentam grande quantidade de líquidos.
– Defina, na quantidade recomendada de líquidos, o quanto será reservado para a
água. Coloque em uma garrafa para seu melhor controle.
Obedeça com rigor as restrições do volume de água e outros líquidos. Com isso, você só
te a ganhar.
Quando eu sentir muita sede, o que devo fazer?
– Faça bochechos com água ou molhe os lábios.
– Chupe pedrinhas de gelo (uma forma tem cerca de 250 mL), mas não se esqueça
de computar a quantidade de gelo ingerida na quantidade de líquidos permitida por
dia.
– Mastigue folhas de hortelã ou cidreira.
Peso
O que é peso intradialítico?
É o peso que você ganha entre uma sessão de hemodiálise e a outra (intervalo dialítico).
O que é o peso seco?
É o peso ideal com que você sai no final de uma sessão de hemodiálise. Com ele, deve
se sentir bem, sem inchaços, com a pressão arterial normal e com uma boa avaliação
cardiopulmonar.
Quais as consequências de se ganhar peso de uma sessão de hemodiálise para a
outra?
Hipertensão, inchaço, falta de ar, edema agudo de pulmão (água no pulmão) são as mais
graves. Durante a hemodiálise, podem ocorrer câimbras, hipertensão, náuseas, vômitos
e mal estra. Com o tempo, seu coração aumenta de tamanho, o que ocasiona cansaço
fácil, falta de ar aos mínimos esforços e incapacidade para realizar as atividades do dia a
dia.
Qual o aumento máximo de peso de uma sessão de hemodiálise para outra, sem
prejudicar seutratamento e sua saúde?
O ganho máximo de peso no intervalo interdialítico deve ser de 3% do peso seco. Para
calcular o ganho máximo de peso, faça a seguinte conta: multiplique o seu peso seco por
3 e divida o resultado por 100.
Exemplo: Se o seu peso seco for 60 Kg
Peso Máximo
Seu peso seco = 60 x 3 = 180
180 : 100 = 1,80
Seu ganho de peso máximo é = 1 Kg e 800g
Então, se o seu peso seco for 60 Kg, o seu ganho de peso de uma sessão de hemodiálise
para outra não pode passar de 1 Kg e 800g.
Como vimos até agora, muitos são os cuidados com alimentação que o paciente renal
deve ter. Todavia, mesmo diante de tantas restrições, algumas adaptações nas
preparações e receitas do dia a dia podem torna-las saborosas e saudáveis. Desta forma,
a alimentação não tem por que deixar de ser uma ocasião agradável.
Muitas pessoas pensam que, quando se prescreve uma “dieta”, é necessário ter uma
alimentação diferente, composta por “alimentos especiais” de custo elevado. O receio
de tantas mudanças faz com que elas não sigam as orientações dadas. Porém, isto é um
engano!
Siga estas dicas pata ter uma alimentação saudável:
 Escolhauma dietavariadacom alimentosde todososgruposda pirâmide.
 Dê preferênciaaosvegetaiscomofrutas,verdurase legumesnasquantidades
recomendadas.
 Fique atentoaomodode preparodosalimentosparagarantiada qualidade final e às
preparaçõesassadasoucozidasem água.
 Leiaos rótulosdosalimentosindustrializadosparasabero valornutritivodoque será
consumido.
 Modifique aospoucosseushábitosalimentares.
 Use as tabelasde alimentosdeste manual comosuasaliadas.Elasservemcomo
referênciaparaescolhade alimentosmaissaudáveise que auxiliamemseu
tratamento.
 Faça suas refeiçõestodososdias,emhoráriosregularese emquantidadesque saciem
sua fome.
 O ser humanoadorase alimentar,descobrirnovossaborese criarnovasreceitas.
Existe ummundolá foracheiode possibilidadese você ai provarsuas novas
descobertas.Pensenascores,sabores,combinaçõese façauma obra de arte com seu
estilopessoal.Você pode serumgourmetseletivoparapratosque protejamsuasaúde
renal
Texto retirado do Livro Perguntas e Respostas sobre Nutrição em Diálise
Dra. Carmen Tzanno Branco Martins e colaboradores
Nutrientes Fase Hemodiálise
CAPD (Diálise peritoneal
ambulatorial contínua)
Proteína (g/kg*/dia) > 50% de
alto valor biológico
Manutenção 1,2 1,3
Repleção 1,2 a 1,4 1,3 a 1,5
Energia (kcal/kg*/dia)**
Manutenção do peso 30 a 35 25 a 35
Repleção 35 a 50 35 a 50
Redução 20 a 30 20 a 25
Na fase dialítica, seguem as recomendações de
macronutrientes e energia1
:
*Peso ideal ou desejável ** Para pessoas em CAPD, a
recomendação já inclui a energia proveniente da glicose
absorvida Fonte: Adaptado de Kopple JD & Massry SG, 2004;
Mitch WE & Klahrs S., 2002; KNF-DOQI,
2000 apud Cuppari et. al., 2005 Estudos estimam que a
necessidade de proteína de pessoas em hemodiálise é de
cerca de 1,2g/kg/dia, a fim de promover balanço
nitrogenado neutro ou positivo na maioria dos pacientes
clinicamente estáveis1
. Pessoas em diálise peritoneal
ambulatorial contínua (CAPD) têm o fator adicional de maior
perda diária de proteínas, de forma que a prescrição de
1,3g/kg/dia de proteína diminui a possibilidade de balanço
nitrogenado negativo1
. Em ambos os casos, pelo menos 50%
das proteínas devem ser de alto valor biológico1
.
Especificamente em relação ao consumo de energia nessa
fase, pessoas em diálise estáveis em geral tem balanço
nitrogenado neutro quando consomem 35 kcal/kg/dia1
. Para
pessoas idosas, pode ser suficiente o consumo de 30
kcal/kg/dia1
. Para pessoas em CAPD, a energia estimada
proveniente da glicose absorvida do dialisado (cerca de 60%
do total da glicose infundida) deve ser subtraída do total
recomendado1
. Em relação ao consumo de potássio, a
restrição deve ser mais severa do que na fase não dialítica,
especialmente para os anúricos1
. Pacientes em CAPD
raramente apresentam hiperpotassemia1
. Para pacientes em
hemodiálise, a restrição de sódio é indicada não só para o
controle da pressão arterial, mas também para o controle da
ingestão de líquidos1
. A prescrição de líquidos baseia-se no
volume urinário residual de 24 horas acrescido de cerca de
500ml para as perdas insensíveis1
. Já a maioria das pessoas
em CAPD tem maior liberdade tanto na ingestão de sódio
Carboidrato (% energia) - 50 a 60 35 (oral)
Lipídio (% energia) - 30 a 35 30 a 35
como na de líquidos1
. Os procedimentos dialíticos são pouco
eficientes na remoção de fósforo, além de seu consumo ser
mais elevado pela maior necessidade de proteína nessa
fase1
. Dessa forma, o consumo desse nutriente deve ser
reduzido, podendo, inclusive, ser necessário o uso de
quelantes de fósforo1
. Por fim, ocorrem perdas de vitaminas
nos procedimentos dialíticos, principalmente as
hidrossolúveis (C e do complexo B) para o dialisado, sendo
na maior parte das vezes necessária sua suplementação1
. As
vitaminas lipossolúveis A, E e K não devem ser
suplementadas, a não ser que haja deficiência1
. A vitamina
D na sua forma ativa (calcitriol) deve ser prescrita
individualmente, de acordo com a condição osteometabólica
da pessoa1
. No acompanhamento de pessoas com
insuficiência renal, em que os usuários estão, em geral, em
acompanhamento em diferentes pontos de atenção das
Redes de Atenção à Saúde (RAS), é fundamental que a
Atenção Básica/ Atenção Primária em Saúde cumpra seu
papel de coordenadora do cuidado, elaborando,
acompanhando e gerindo projetos terapêuticos singulares,
bem como acompanhando e organizando o fluxo dos
usuários entre os pontos de atenção2
. Dessa forma, as
equipes de Atenção Básica têm o importante papel de buscar
a garantia da integralidade da atenção, da continuidade das
ações de saúde e da longitudinalidade do cuidado desses
usuários na RAS. O Núcleo de Apoio à Saúde da Família deve
oferecer suporte às equipes de referência pelo cuidado da
população nos territórios, buscando fortalece-las para o
desempenho dessas funções na Atenção Básica.
Bibliografia Selecionada
1. Cuppari L, Avesani CM, Martini LA, Monte JCM. Doenças
renais. In: Cuppari L. Nutrição clínica no adulto. 2 ed.
Barueri: Manoli; 2005. p. 189-220.
2. BRASIL. Política Nacional de Atenção
Básica. Ministério da Saúde: Brasília,2012. Disponível
em:
<http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/p
nab.pdf>. Acesso em: 02 fev. 2016.

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Alimentação em Diálise.docx

  • 1. Alimentação em Diálise O que é uma alimentação saudável? Entende-se por alimentação saudável aquela planejada com alimentos de todos os tipos, de procedência conhecida, preferencialmente natural, preparada de forma a preservar o valor nutritivo e os aspectos sensoriais. Os alimentos selecionados devem ser aqueles que a família tem o hábito de comer, adequados em quantidade e qualidade para suprir as necessidades nutricionais e calóricas. Para pessoas que fazem diálise, isso é ainda mais importante, porque a correta alimentação interfere no tratamento dialítico, mas essas pessoas precisam saber que alguns cuidados devem ser tomados para que a saúde fique em dia. Por que a dieta é tão importante para pessoas que fazem diálise? Quando os rins não funcionam, substâncias como potássio, fósforo, uréia, sódio e água vão se acumulando no sangue. A maior quantidade destas substâncias causa problemas no corpo como fraqueza nas pernas, diminuição do crescimento, palidez da pele, coceirano corpo todo, cansaço fácil, inchaço e diminuição da urina. A alimentação é responsável por fornecer estes nutrientes em quantidades adequadas para manter um bom estado nutricional. A diálise não tiratodas estas substâncias? A diálise ajuda muito, mas não trabalha 24 horas por dia como o rim saudável. Então, não dá para tirar todo o excesso desses nutrientes. É necessário excluir alguns alimentos da minha alimentação? Primeiro converse com o seu médico para saber como estão os seus exames de sangue e depois fale com o nutricionista para receber uma orientação nutricional. Então, como ter uma alimentação equilibrada? Em primeiro lugar devemos conhecer a função dos alimentos e os nutrientes que, se não controlados, podem fazer mal ao nosso corpo. Por que a dieta é tão importante para pessoas que fazem diálise? Quando os rins não funcionam, substâncias como potássio, fósforo, uréia, sódio e água vão se acumulando no sangue. A maior quantidade destas substâncias causa
  • 2. problemas no corpo como fraqueza nas pernas, diminuição do crescimento, palidez da pele, coceirano corpo todo, cansaço fácil, inchaço e diminuição da urina. A alimentação é responsável por fornecer estes nutrientes em quantidades adequadas para manter um bom estado nutricional. A diálise não tiratodas estas substâncias? A diálise ajuda muito, mas não trabalha 24 horas por dia como o rim saudável. Então, não dá para tirar todo o excesso desses nutrientes. É necessário excluir alguns alimentos da minha alimentação? Primeiro converse com o seu médico para saber como estão os seus exames de sangue e depois fale com o nutricionista para receber uma orientação nutricional. Então, como ter uma alimentação equilibrada? Em primeiro lugar devemos conhecer a função dos alimentos e os nutrientes que, se não controlados, podem fazer mal ao nosso corpo. Potássio Qual a função do potássio para o nosso organismo? O potássio é um elemento fundamental para o funcionamento dos músculos de todo o nosso corpo, inclusive os do coração. É essencial também para as células nervosas. Seu excesso, porém, pode trazer complicações sérias. Nos músculos, causa fraqueza ou cãibras enquanto, no coração, enfraquece os batimentos ou até provoca parada cardíaca. Por isso, mesmo para quem faz diálise, é importante restringir a ingestão de alimentos ricos em potássio. Alguns exemplos que você deve conhecer estão na próxima tabela. Outros alimentos com elevada quantidade de potássio são frutas secas, tomate seco, extrato de tomate, caldo de cana, frutas oleaginosas (amendoim, castanhas etc.), chocolate, caldas de frutas e compotas e suco de frutas concentrados. Existe alguma forma de diminuir a quantidade de potássio dos alimentos? Existe sim. Veja agora algumas medidas e dicas para reduzir o potássio dos alimentos. O cozimento em água reduz 60% do potássio das frutas e legumes. Portanto, deve-se proceder da seguinte maneira: – Descasque as frutas ou vegetais
  • 3. – Coloque em uma panela com bastante água e deixar ferver – Escorra a água do cozimento – Refogue como desejar Atenção: A carambola, além de seu conteúdo de potássio, contém uma substância tóxica ainda não identificada, que pode causar desde soluços até coma e morte em pacientes com DRC. Portanto, esse alimento deve ser abolido da alimentação desses pacientes. Tabela de composição de alimentos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. *Alimentos que estão marcados podem ser retirados da alimentação de pacientes que necessitem de controle da ingestão de fósforo sem que haja prejuízo nutricional significativo. Os demais devem ser reduzidos com calma e nunca excluídos, principalmente para pacientes em diálise. O que é o fósforo e qual é sua função? Assim como o cálcio, o fósforo é um mineral e os dois tem função de ajudar a manter os ossos fortes e saudáveis. O fósforo pode ser encontrado em vários alimentos que contêm também cálcio? Como seu corpo necessita de cálcio, mas não pode ter excesso de fósforo, é preciso equilibrar com cuidado a dieta. Muitas vezes, não podem faltar medicamentos. É o caso da vitamina D. Ela facilita o depósito de cálcio nos ossos. Além disso, existem medicamentos que impedem a absorção de fósforo nos intestinos, são chamados de quelantes de fósforo, são eles: carbonato de cálcio, acetato de cálcio, hidróxido de alumínio e sevelamer. E o excesso de fósforo pode causar algum problema? O excesso de fósforo no sangue pode causar sintomas desagradáveis como coceiraintensa, dores ósseas, fragilidade dos ossos com possibilidades de fraturas ou deformidades. Altos níveis de fósforo também estão relacionados com
  • 4. arteriosclerose (enrijecimento das artérias), doença cardiovascular, acidentes vasculares cerebrais, e má circulação. O que é importante saber sobre os quelantes de fósforo? Na natureza, o fósforo está presente em muitos alimentos, principalmente os construtores de que falamos anteriormente. Por essa razão, fica impossível eliminar totalmente o fósforo da dieta. Para ajudar na diminuição do excesso de fósforo, os médicos prescrevem remédios chamados quelantes de cálcio. Como agem os quelantes no nosso organismo? No estômago e no intestino, esses quelantes se grudam com o fósforo dos alimentos. Assim, o fósforo é eliminado nas fezes, junto com o quelante, sem ir para o seu sangue. E como devem ser tomados? Os quelantes de fósforo devem ser tomados às refeições e aos lanches ou, no máximo, até trinta minutos depois. Se ingeridos com o estômago vazio, não vão ter muito efeito. A dose é a mesma para todos os pacientes que fazem diálise? Não. A dose do quelante varia muito. Depende da quantidade de fósforo na refeição ou no lanche. De maneira geral, refeições maiores precisam de uma dose maior. Seu nutricionista e seu médico podem identificar a quantidade de fósforo em suas refeições e assim ajustar a dose. IMPORTANTE: não se esqueça de levar o seu quelante quando comer fora. E o cálcio? Deve também diminuir na sua dieta? Como é comum o nível de cálcio baixar no seu sangue, ele não deve ser limitado em sua dieta. Mas ai é que está a dificuldade. Cálcio e Fósforo são encontrados nos mesmos alimentos. Se diminuir o fósforo na sua dieta, você também reduz o cálcio. Por essa razão, deve tomar suplemento de cálcio na forma de comprimido ou líquido. Assim, seus ossos continuam saudáveis. Vitamina D
  • 5. Por que a vitamina D é um nutriente importante no seu tratamento? Porque ela ajuda o corpo a usar os alimentos consumidos. Facilita a absorção e o uso de sais minerais como cálcio e fósforo, equilibrando a quantidade deles no sangue. Por isso, deixa mais saudáveis os ossos dentes. Poucos alimentos são fontes de vitamina D, entre eles: óleo de fígado de peixe e gorduras de peixes. O leite e seus substitutos (iogurtes e queijos) são fortificados com essa vitamina. No entanto, 90 a 95% das necessidades dessa vitamina podem ser atendidas por meio da fotossíntese de vitamina D na pele. Porém, para ser usada, a vitamina D tem que ser transformada em sua forma ativa que se chamacalcitriol. E quem a transforma nessa forma ativa? São os rins. Por isso, pacientes renais, não tem os rins fabricando calcitriol em quantidade certa. Sem calcitriol suficiente, o cálcio e o fósforo perdem seu equilíbrio. O resultado é coceira, dor nas juntas e problemas nos ossos e aumento do PTH. O Calcitriol pode ser tomado como comprimido ou injetável diretamente na linha de diálise (Calcijex®). Seu médico vai avisar quando você deve tomar esse medicamento. Ferro Se eu comer alimentos ricos em ferro, a minha anemia acaba? O ferro é um mineral necessário para a formação do sangue. Os alimentos fontes de ferro são as carnes, os peixes, as aves e alguns vegetais, mas, no caso de pacientes renais, a anemia não se deve ao baixo consumo de alimentos fontes de ferro, mas sim porque os rins não fabricam a eritropoietina. Essa substância estimula a produção do sangue. A falta dela causa a anemia. Pequenos volumes de sangue são perdidos durante as sessões de hemodiálise. Isso reduz a quantidade de sangue e de ferro. Por isso, mesmo recebendo eritropoietina (Hemax®, Eprex®), você vai precisar de um suplemento de ferro (Sulfato Ferroso) para não ter anemia. Como devo tomar esses suplementos? Aqui vai uma dica. Quando tomados via oral, os suplementos de ferro devem ser ingeridos entre as refeições. É que o quelante de fósforo pode atrapalhar a entrada do ferro no sangue. Também é importante não tomar os suplementos com leite. Esse alimento atrapalha a absorção do ferro.
  • 6. Sódio Sódio é a mesma coisaque sal? Muitas vezes as palavras “sal” e “sódio” são usadas como se fossem a mesma coisa, mas não são. O sódio está presente em muitos alimentos, sendo o sal de cozinha sua principal fonte. Um exemplo de alimento que contém sódio é o leite. E nem por isso o leite é salgado. Então, temos que prestar atenção não só no sal, mas também na quantidade de sódio de outros alimentos. Como saber se um alimento tem sódio se nem sempre ele é salgado? Na maioria das vezes, ficamos sabendo do sódio lendo a tabela de informações nutricionais presente no rótulo das embalagens. Abaixo temos um exemplo de rótulo contendo informação nutricional do leite. É possível diminuir o sódio da minha alimentação? Sim, seguindo as dicas abaixo. – Use pouco sal no preparo dos alimentos ou, se preferir, prepare tudo sem sal e acrescente 1 g no almoço e 1 g no jantar (1 g = uma tampinha de caneta ou uma colher de café rasa). – Evite alimentos muito salgados como linguiça, salsicha, carne seca, azeitona, sopas industrializadas e miojo. – Prefira margarina e manteiga sem sal. – Diminua a quantidade de sal e temperos de suas receitas. Para não sentir muita diferença no novo tempero, reduza aos poucos a quantidade de sal.
  • 7. – Use alho, cebola, salsinha, açafrão, pimenta, cominho, manjericão, alecrim, sálvia, orégano, louro, gergelim, cravo da índia, cebolinha, estragão, noz moscada, manjerona, suco de limão, páprica, colorau, pimentão, tomilho ou vinagre. Como devo diminuir o meu consumo de sódio, posso consumir o sal diet ou light? Atenção! Muito cuidado com o consumo desses tipos de sal. Alguns deles são ricos em potássio e nem sempre seu uso está indicado. Por que quem faz diálise tem muito inchaço (edema) nos pés, nas pernas, no abdômen ou na face? Na insuficiência renal, não é possível eliminar o excesso de sódio do organismo e manter o equilíbrio entre a quantidade de sódio e água no corpo. Isto faz com que a água, que deveria ser eliminada na urina, fique retida. Assim aparece o inchaço (edema). Em situações ainda mais graves, com a retenção de sódio e água no corpo, acontece aumento de peso, piora da pressão arterial (hipertensão arterial), das funções do coração (insuficiência cardíaca) e dos pulmões (edema pulmonar). Água A importância da água A água é indispensável à vida e faz parte de 60% do nosso corpo. Isso quer dizer que mais da metade do nosso organismo é água. Além de ajudar a manter certa a nossa temperatura, ela ainda transporta os nutrientes. Está presente nas frutas, nos sucos, nos refrigerantes, nas frutas aguadas (melão, abacaxi, melancia e outros), nas verduras e nos legumes (tomate, pepino e outros). Qual é a quantidade de líquidos que devo beber por dia? Há uma conta fácil de se fazer: 500 mL + volume de urina em 24 horas. Por exemplo, se o seu volume de urina for 300 mL em 24 horas, então você poderá beber 500 mL + 300 mL = 800 mL. Se você não urina mais, o seu limite é de 500 mL ao dia. Lembre-se que líquidos não são apenas água, mas também o leite, os sucos, o chá, o café, e todos os alimentos que têm, em sua composição, grande quantidade de água, principalmente as frutas, as verduras e legumes.
  • 8. Portanto, para controlar a sede: – Evite alimentos com muito sal e muito doce, pois dão mais sede. – Prefira bebidas e frutas geladas, elas promovem mais saciedade. – Evite sopas e caldos, porque apresentam grande quantidade de líquidos. – Defina, na quantidade recomendada de líquidos, o quanto será reservado para a água. Coloque em uma garrafa para seu melhor controle. Obedeça com rigor as restrições do volume de água e outros líquidos. Com isso, você só te a ganhar. Quando eu sentir muita sede, o que devo fazer? – Faça bochechos com água ou molhe os lábios. – Chupe pedrinhas de gelo (uma forma tem cerca de 250 mL), mas não se esqueça de computar a quantidade de gelo ingerida na quantidade de líquidos permitida por dia. – Mastigue folhas de hortelã ou cidreira. Peso O que é peso intradialítico? É o peso que você ganha entre uma sessão de hemodiálise e a outra (intervalo dialítico). O que é o peso seco?
  • 9. É o peso ideal com que você sai no final de uma sessão de hemodiálise. Com ele, deve se sentir bem, sem inchaços, com a pressão arterial normal e com uma boa avaliação cardiopulmonar. Quais as consequências de se ganhar peso de uma sessão de hemodiálise para a outra? Hipertensão, inchaço, falta de ar, edema agudo de pulmão (água no pulmão) são as mais graves. Durante a hemodiálise, podem ocorrer câimbras, hipertensão, náuseas, vômitos e mal estra. Com o tempo, seu coração aumenta de tamanho, o que ocasiona cansaço fácil, falta de ar aos mínimos esforços e incapacidade para realizar as atividades do dia a dia. Qual o aumento máximo de peso de uma sessão de hemodiálise para outra, sem prejudicar seutratamento e sua saúde? O ganho máximo de peso no intervalo interdialítico deve ser de 3% do peso seco. Para calcular o ganho máximo de peso, faça a seguinte conta: multiplique o seu peso seco por 3 e divida o resultado por 100. Exemplo: Se o seu peso seco for 60 Kg Peso Máximo Seu peso seco = 60 x 3 = 180 180 : 100 = 1,80 Seu ganho de peso máximo é = 1 Kg e 800g Então, se o seu peso seco for 60 Kg, o seu ganho de peso de uma sessão de hemodiálise para outra não pode passar de 1 Kg e 800g. Como vimos até agora, muitos são os cuidados com alimentação que o paciente renal deve ter. Todavia, mesmo diante de tantas restrições, algumas adaptações nas preparações e receitas do dia a dia podem torna-las saborosas e saudáveis. Desta forma, a alimentação não tem por que deixar de ser uma ocasião agradável. Muitas pessoas pensam que, quando se prescreve uma “dieta”, é necessário ter uma alimentação diferente, composta por “alimentos especiais” de custo elevado. O receio
  • 10. de tantas mudanças faz com que elas não sigam as orientações dadas. Porém, isto é um engano! Siga estas dicas pata ter uma alimentação saudável:  Escolhauma dietavariadacom alimentosde todososgruposda pirâmide.  Dê preferênciaaosvegetaiscomofrutas,verdurase legumesnasquantidades recomendadas.  Fique atentoaomodode preparodosalimentosparagarantiada qualidade final e às preparaçõesassadasoucozidasem água.  Leiaos rótulosdosalimentosindustrializadosparasabero valornutritivodoque será consumido.  Modifique aospoucosseushábitosalimentares.  Use as tabelasde alimentosdeste manual comosuasaliadas.Elasservemcomo referênciaparaescolhade alimentosmaissaudáveise que auxiliamemseu tratamento.  Faça suas refeiçõestodososdias,emhoráriosregularese emquantidadesque saciem sua fome.  O ser humanoadorase alimentar,descobrirnovossaborese criarnovasreceitas. Existe ummundolá foracheiode possibilidadese você ai provarsuas novas descobertas.Pensenascores,sabores,combinaçõese façauma obra de arte com seu estilopessoal.Você pode serumgourmetseletivoparapratosque protejamsuasaúde renal Texto retirado do Livro Perguntas e Respostas sobre Nutrição em Diálise Dra. Carmen Tzanno Branco Martins e colaboradores Nutrientes Fase Hemodiálise CAPD (Diálise peritoneal ambulatorial contínua) Proteína (g/kg*/dia) > 50% de alto valor biológico Manutenção 1,2 1,3 Repleção 1,2 a 1,4 1,3 a 1,5 Energia (kcal/kg*/dia)** Manutenção do peso 30 a 35 25 a 35 Repleção 35 a 50 35 a 50 Redução 20 a 30 20 a 25
  • 11. Na fase dialítica, seguem as recomendações de macronutrientes e energia1 : *Peso ideal ou desejável ** Para pessoas em CAPD, a recomendação já inclui a energia proveniente da glicose absorvida Fonte: Adaptado de Kopple JD & Massry SG, 2004; Mitch WE & Klahrs S., 2002; KNF-DOQI, 2000 apud Cuppari et. al., 2005 Estudos estimam que a necessidade de proteína de pessoas em hemodiálise é de cerca de 1,2g/kg/dia, a fim de promover balanço nitrogenado neutro ou positivo na maioria dos pacientes clinicamente estáveis1 . Pessoas em diálise peritoneal ambulatorial contínua (CAPD) têm o fator adicional de maior perda diária de proteínas, de forma que a prescrição de 1,3g/kg/dia de proteína diminui a possibilidade de balanço nitrogenado negativo1 . Em ambos os casos, pelo menos 50% das proteínas devem ser de alto valor biológico1 . Especificamente em relação ao consumo de energia nessa fase, pessoas em diálise estáveis em geral tem balanço nitrogenado neutro quando consomem 35 kcal/kg/dia1 . Para pessoas idosas, pode ser suficiente o consumo de 30 kcal/kg/dia1 . Para pessoas em CAPD, a energia estimada proveniente da glicose absorvida do dialisado (cerca de 60% do total da glicose infundida) deve ser subtraída do total recomendado1 . Em relação ao consumo de potássio, a restrição deve ser mais severa do que na fase não dialítica, especialmente para os anúricos1 . Pacientes em CAPD raramente apresentam hiperpotassemia1 . Para pacientes em hemodiálise, a restrição de sódio é indicada não só para o controle da pressão arterial, mas também para o controle da ingestão de líquidos1 . A prescrição de líquidos baseia-se no volume urinário residual de 24 horas acrescido de cerca de 500ml para as perdas insensíveis1 . Já a maioria das pessoas em CAPD tem maior liberdade tanto na ingestão de sódio Carboidrato (% energia) - 50 a 60 35 (oral) Lipídio (% energia) - 30 a 35 30 a 35
  • 12. como na de líquidos1 . Os procedimentos dialíticos são pouco eficientes na remoção de fósforo, além de seu consumo ser mais elevado pela maior necessidade de proteína nessa fase1 . Dessa forma, o consumo desse nutriente deve ser reduzido, podendo, inclusive, ser necessário o uso de quelantes de fósforo1 . Por fim, ocorrem perdas de vitaminas nos procedimentos dialíticos, principalmente as hidrossolúveis (C e do complexo B) para o dialisado, sendo na maior parte das vezes necessária sua suplementação1 . As vitaminas lipossolúveis A, E e K não devem ser suplementadas, a não ser que haja deficiência1 . A vitamina D na sua forma ativa (calcitriol) deve ser prescrita individualmente, de acordo com a condição osteometabólica da pessoa1 . No acompanhamento de pessoas com insuficiência renal, em que os usuários estão, em geral, em acompanhamento em diferentes pontos de atenção das Redes de Atenção à Saúde (RAS), é fundamental que a Atenção Básica/ Atenção Primária em Saúde cumpra seu papel de coordenadora do cuidado, elaborando, acompanhando e gerindo projetos terapêuticos singulares, bem como acompanhando e organizando o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção2 . Dessa forma, as equipes de Atenção Básica têm o importante papel de buscar a garantia da integralidade da atenção, da continuidade das ações de saúde e da longitudinalidade do cuidado desses usuários na RAS. O Núcleo de Apoio à Saúde da Família deve oferecer suporte às equipes de referência pelo cuidado da população nos territórios, buscando fortalece-las para o desempenho dessas funções na Atenção Básica. Bibliografia Selecionada 1. Cuppari L, Avesani CM, Martini LA, Monte JCM. Doenças renais. In: Cuppari L. Nutrição clínica no adulto. 2 ed. Barueri: Manoli; 2005. p. 189-220. 2. BRASIL. Política Nacional de Atenção Básica. Ministério da Saúde: Brasília,2012. Disponível em: