1. Constelação Familiar
Uma Nova Visão Sistêmica na Família e na Sociedade
por Ana da Fonte
“A relação de amor começa com os pais e também termina com eles. Ela perfaz um círculo
completo. Se em algum lugar o círculo for interrompido, todo o seu ser permanecerá
intranquilo” Osho
O que são as Constelações Familiares?
As Constelações familiares constituem uma abordagem psicoterapêutica
inovadora, criada há 30 anos pelo alemão DR Bert Hellinger, na qual resgata
o tema da ancestralidade para trabalhar a cura de pessoas nas famílias. Os
cuidados terapêuticos com indivíduos que viveram o holocausto na Alemanha
ou então a convivência com os zulus na África, levaram-no a aprofundar o
conhecimento das leis que regem os sistemas humanos. Nos últimos anos o
método do Hellinger tem se expandido em vários países inclusive o Brasil. O
método é baseado na visão sistêmica fenomenológica que evidência a nossa
interconexão com tudo o que é vivo no planeta. Nesta perspectiva, os danos
que causamos à vida através de nossas rejeições e exclusões podem retornar
a nós mesmos e/ou a nossos descendentes como sofrimentos em formas de
doenças em diferentes planos, dos corpos físico, do mental e do emocional.
O método promove a identificação das ordens do amor, colocando em
evidência os profundos laços que unem a pessoa à sua família, sendo
incluídas aqui as gerações anteriores. Esses laços são tão poderosos que
quando membros de uma geração desaparecem deixando pendências com
seu sistema, ocorre de membros de gerações posteriores passarem a sentir
uma força invisível atuando sobre eles e são compelidos a encontrar uma
solução para aquelas pendências para não permanecerem prisioneiros de
acontecimentos que não são de fato responsáveis. Podemos perceber estes
fatos nos comportamentos estranhos de indivíduos que, de repente, aparecem
com sintomas de tristeza ou depressão e que não conseguem encontrar
uma razão específica para isso. Também é comum em pessoas com câncer,
artrose, e outras doenças cujos sintomas parecem ser herdados de gerações
anteriores da família. Quando se Identifica o reflexo do acontecido com
antepassados em nossa vida, podemos olhar para as soluções que nos tornam
livres para cumprir o próprio destino.
Como funciona a visão sistêmica nas Constelações?
Nós somos 50% nosso Pai e 50% nossa mãe. Se olharmos para o nosso
passado, nossos pais também são 50% pai e mãe e montando na árvore
genealógica de cada um vemos que o fenômeno da co-responsabilidade da
ancestralidade vai penetrando a cultura e a história. Podemos representar
o fato como uma grande colcha de retalhos com interferências positivas e
negativas de todos os nossos antepassados. Esta interferência pode nos
trazer prazer e bem-estar no caso positiva, mas pode nos trazer muitos
sintomas corporais, emocionais e psíquicos negativos, no caso do amor
ter sido interrompido, negado ou silenciado, em algum momento anterior.
Carregamos todas essas informações em nossa memória celular e por isso
2. nos sentimos tentado a repetir situações desfavoráveis que aconteceram no
passado. Se um bisavô nosso teve um filho não reconhecido, esta interrupção
pode estar atormentando-nos até hoje. Uma falta que pertencia a nosso
bisavô, foi repassada para nossos avós e posteriormente para nossos pais,
que continuam a nos repassar a falta de modo inconsciente. Hoje, podemos
estar querendo, também inconscientemente, compensar ou ser solidários
de alguma forma com os antepassados a partir de várias reações desde “ir
embora” da família, morrendo, ou repetindo a história do bisavô como, por
exemplo, tendo um filho “bastardo”, o que é um aviso de que algum filho não
foi reconhecido no passado. Outro exemplo é o caso de alcoolismo na família.
Muitas vezes concluímos apressadamente que é um “problema” do alcoólico
e neste movimento intensificamos a exclusão, aumentando o sintoma. Nas
constelações podemos perceber que a pessoa que está apresentando o
sintoma está assumindo algo por amor a família, chamando atenção dos outros
membros sobre a importância de se incluir alguém que foi excluído no passado.
Percebemos que enquanto esta pessoa do passado não for incluída é possível
que outros membros da família repitam este vício para fazer lembrar aquele
que foi esquecido.
O método nos ajudar a trazer as imagens internas de nossa família, o que
está oculto em relação ao passado - vivos e mortos - e que está inconsciente.
É possível constatar que atrás de atitudes que julgamos “mal” existe
também o Amor. E através de mudanças dessas imagens o constelado vai
introduzindo novas possibilidades, novas visões do acontecido. A transmissão
dos “problemas” ser transgeracional. Assim, o mesmo amor que é capaz
de criar sofrimento é o mesmo que traz consigo a sabedoria da solução –
desde que venha a se tornar consciente para a pessoa como observamos na
configuração de uma constelação familiar. Este método une a todos quando
percorre a linha do tempo e do espaço, mostrando que todos os emaranhados
que julgamos do passado estão acontecendo Aqui e Agora, estão acontecendo
dentro de cada um de nós, sendo nosso futuro também a experiência do que
está dentro de nós aqui e agora. Então com esta visão sistêmica ampliada
do sistema familiar podemos mudar para algo mais pleno e prazeroso nossa
percepção do futuro.
Este método é utilizado com sucesso não apenas para unidades familiares mas
igualmente nas organizações que, muitas vezes, reproduzem sintomas em
formas diversas, de conflitos, de falta de dinheiro entre outros; também tem uso
prático e eficaz na educação, na saúde e na restauração de uma cultura de
paz.